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HANNAH DA SILVA XAVIER

MARIANA ALMEIDA DE OLIVEIRA

SARA SILVA CABRAL

FAST FASHION: O CUSTO DA ACESSIBILIDADE

Projeto de Pesquisa apresentado como requisito


parcial à Disciplina de Metodologia Científica para
obtenção de nota do 1॰ período em Relações
Internacionais pela Faculdade La Salle Manaus.

Orientador: Prof. Jones Jones Godinho


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MANAUS
2022

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 6

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 8

4 CRONOGRAMA............................................................................................. 10

5 RECURSOS ................................................................................................... 10

REFERÊNCIAS................................................................................................. 11
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1 INTRODUÇÃO

O termo fast fashion surge no contexto dos anos 90 e vem revolucionando o


modelo de produção e o mercado da moda desde então. O conceito inovou a
maneira como a população consumia os itens de vestuário, através da
transformação das peças da alta costura para a fabricação em massa, de forma
rápida, constante e com o custo e qualidade inferiores aos originais. Outrossim, é
necessário ter ciência de que o meio surge como forma de suprir as necessidades
dos consumidores da época, pois grande parcela não tinha poder aquisitivo para
realizar a compra de marcas de grande renome, como, por exemplo, a Channel.
Entretanto, apesar de ser uma referência amplamente difundida nos dias
atuais, sua estrutura abre margem para inúmeras consequências na sociedade.
Exemplificando, a indústria da moda está classificada como 2° lugar no ranking de
fábricas que mais poluem, atrás somente do setor petrolífero. Ademais, há a
ocorrência de vários impactos sociais, causados por empresas encarregadas na
confecção e costura das roupas, que terceirizam sua produção e submetem seus
trabalhadores a condições subumanas de serviço. Em 2020, 178 mulheres foram
resgatadas de oficinas de costura clandestina, realizando trabalho análogo ao
escravo.
Logo, nasce o questionamento de será que vale a pena arriscar a saúde do
planeta e a proteção do trabalhador em favor da ampliação do acesso à
indumentárias? Como a acessibilidade oferecida pelo modelo afeta o meio
ambiental? E, principalmente, como viola o direito de diversos trabalhadores ao
redor do globo? Essas são algumas dúvidas que temos a intenção de solucionar no
decorrer de nossa pesquisa.
Apontar as implicações causadas pelo consumo em massa do setor de
vestuário, por meio da análise do contexto histórico e da cadeia de produção da
indústria, assim como, mensurar as sequelas que o modo de produção citado gera
no meio ambiente, e em especial, nas questões humanitárias. Além de demonstrar o
reflexo da indústria na sociedade.
Portanto, ao longo dos últimos anos, a comunidade internacional foi capaz de
coletar mais dados e pesquisas para sustentar denúncias acerca do uso
irresponsável do modelo fast fashion e como essa problemática pode afetar o
bem-estar da humanidade. Porém, a massificação da produção de peças para
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vestuário é uma questão pouco discutida nos meios acadêmicos e nas mídias
sociais - assim como a bagagem de malefícios que ela traz. A fim de atrair a devida
atenção para o tema, o presente trabalho reportará o fenômeno contextualizando o
seu meio de produção e seus efeitos colaterais, principalmente no que tange à
violação dos direitos humanos. Espera-se, dessa forma, disseminar o paradigma de
uma realidade ainda invisível e o real custo da acessibilidade para os consumidores
das tendências mundiais de moda.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O presente trabalho tem embasamento em revisão de artigos de pesquisa
científica e arquivos documentais para responder, argumentar e desenvolver o
problema proposto. No que se refere à contextualização histórica, Boechat e Moraes
(2021, p. 120) escrevem que a implementação do fast fashion no Brasil se deu em
um momento em que o país passava por uma estabilidade na economia, e que os
varejistas encontraram no modelo de produção de moda rápida uma oportunidade
viável para expandir o consumo da população e inovar dentro de um sistema que
lhes provesse aumento de vendas e crescimento no mercado. Dessa forma, o fast
fashion garantiria o caráter competitivo entre os negócios varejistas ao mesmo
tempo em que oferecia à população consumidora a chance de acompanhar as
tendências da moda. Por outro lado, apesar do alargamento da disponibilidade de
empregos acompanhando o nascimento das novas redes de varejo, “encontra-se o
consumo desenfreado, o alto índice de descartes de tecido e, como isso, a agressão
ao meio ambiente” (BOECHAT; MORAES, 2021, p. 121).

2.1 Moda, Meio Ambiente e Trabalho


A partir dessa constatação, observa-se que os impactos ambientais e sociais
são fortemente criticados em contrapartida ao consumo de fast fashion pela
sociedade, e que esse seria o custo a se pagar pela facilidade que se tem acesso
aos produtos de vestuário fabricados de forma massificada. Em primeiro lugar,
tem-se a grave situação que a onda de produção causa no meio natural. É possível
analisar que a demanda de bens naturais primários para a fabricação das peças de
vestuário excede o limite sustentável, que estabelecem um ciclo vicioso de uso e
descarte em um curto espaço de tempo e são direcionadas a aterros sanitários e
lixões a céu aberto. Além disso, dados comprovam que a indústria da moda utiliza
cerca de 93 bilhões de metros cúbicos de água por ano, causando uma dura
escassez e também poluindo rios e mares pelo processo de tintura e tratamento dos
tecidos (MACARTHUR, 2019 apud LAGASSI; PASSERI, 2019, p. 94). Para Lagassi
e Passeri, é indispensável a adoção de uma nova postura em relação ao ciclo de
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produção do consumo de moda, que deve inserir em seu planejamento maiores


cuidados para com o meio ambiente.
Já no que diz respeito ao trabalho e mão de obra envolvidos na cadeia de
produção da fast fashion, Germano e Nogueira (2018) dissertam sobre questões
voltadas aos direitos humanos internacionais. Os autores também defendem que
esse modelo de produção é um produto da necessidade de intensificação e
globalização do comércio, mas que questões inerentes à cadeia produtiva criada
pelo processo de terceirização adotado por grandes empresas multinacionais traz à
parcela trabalhadora na área prejuízos a sua dignidade. Nesse sentido, marcas
varejistas de vestuário tendem a procurar por mão de obra barata em países
subdesenvolvidos onde existe uma lacuna legislativa que não cubra efetivamente os
direitos trabalhistas desses trabalhadores. Seria nesse afastamento entre
empregador e empregado que reside o potencial violador de direitos humanos
presente no fast fashion, já que “o trabalhador fica cada vez mais distante da
empresa para a qual produz, e esta cada vez mais distante da responsabilização
pelos danos que causa” (GERMANO; NOGUEIRA, 2018, p. 257).
Pretende-se, portanto, a partir desses argumentos, elaborar uma pesquisa
que descreva não somente o conceito de fast fashion, mas também os problemas
causados pela massificação da indústria. Entende-se que esse é um problema em
escala global, uma vez que a cadeia de produção de roupas necessita de
exploração e extração de matéria prima e bens naturais em quantidade fora do
considerado sustentável e saudável para o meio ambiente. O processo de
industrialização na história da humanidade não apenas esgotou a capacidade
natural de bens, como também trouxe ao homem a obsessão pelo lucro e o
desprezo para com outros indivíduos da mesma espécie.
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos adotados nesta pesquisa foram: o método
utilizado foi o dialético; a abordagem do problema desenvolveu-se por meio de
pesquisas qualitativas; em relação aos objetivos são de caráter
explicativo-descritivo; e, por fim, a coleta de dados para fundamentação teórica
realizou-se através de pesquisas bibliográficas.
“O método dialético implica sempre em uma revisão e em uma reflexão crítica
e totalizante porque submete à análise toda interpretação pré-existente sobre o
objetivo de estudo” (LIMA; MIOTO, 2007, p. 40). Desta forma, por esse método foi
possível identificar os efeitos silenciosos da indústria fast fashion na sociedade.
Segundo Cláudia Dias, em Grupo focal: técnica de coleta de dados em
pesquisas qualitativas, “a pesquisa qualitativa caracteriza-se, principalmente, pela
ausência de medidas numéricas e análise estatísticas examinando aspectos mais
profundos e subjetivos do tema estudado”.Sendo assim, tornou-se viável analisar as
opiniões das pessoas sobre os problemas estudados, por meio do questionário,
instrumento de pesquisa escolhido para obtenção de resultados parciais a certa de
um dos objetivos específicos propostos, e, também, expor como os acontecimentos
se manifestam no meio social.
Quantos aos objetivos, a pesquisa explicativa-descritiva proporciona uma
visão abrangente dos fenômenos analisados, explorando seus porquês e detalhando
suas características e evolução. O questionário e a pesquisa bibliográfica foram os
instrumentos utilizados para o levantamento de dados durante o decorrer do projeto,
possibilitando uma compreensão mais abrangente possível dos objetivos
apresentados.
O questionário é uma técnica de coleta de informações necessárias para se
alcançar os objetivos estabelecidos no projeto. Foi aplicado com intuito de coletar
dados acerca dos reflexos que a indústria fast-fashion tem no seu público alvo e na
sociedade como um todo, com 12 perguntas, e por meio da plataforma Google
Forms, ficou disponível entre o período de 10 a 15 de junho de 2022 obtendo 66
respostas logo, esta foi nossa amostra.
A pesquisa bibliográfica está intrinsecamente ligada com a pesquisa
científica. A busca por teorias e estudos anteriores é essencial para construção da
capacidade crítica sobre o objeto de estudo, assim o pesquisador pode aprimorar
teorias pré-existentes e, também, reinventá-las por completo “[...] a partir do
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levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos


e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites” (FONSECA,
2002, p. 32).
Assim, esse artigo é uma pesquisa básica tendo como finalidade gerar
conhecimento para o constante avanço científico sobre o tema abordado, não tendo
em vista a busca de soluções práticas.
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4 CRONOGRAMA

Meses 2021
Atividade
4 5 6 7 8 9 10 11 12
Definição dos Instrumentos de Pesquisa x
Construção dos Instrumentos x
Aplicação das entrevistas
Aplicação de Questionário x
Elaboração de banco de dados x
Análise de dados x
Redação de resultados x x x x
Discussão de resultados x x x x
Preparação Artigo x x x x
Preparação Banner x x
Preparação Seminário x
Defesa e entrega final x

5 RECURSOS

Descrição do Item Qtd V. Unidade V. Total Fonte


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REFERÊNCIAS
SERRA, Giovanna.; BASTOS, Carla Maria A implementação do modelo fast fashion no Brasil.
Múltiplos Acessos, v. 5, n. 2, p. 118-131, 17 abr. 2021.

LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedimentos metodológicos na
construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Revista katálysis, v. 10, p. 37-45,
2007.

DIAS, Cláudia Augusto. Grupo focal: técnica de coleta de dados em pesquisas qualitativas.
Informação & Sociedade, v. 10, n. 2, 2000

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila Noções


básicas sobre metodologia científica. Prof. Mauricio B. Almeida,DTGI‐ECI/UFMG

DE OLIVEIRA, Carolina Passeri Rebouças; LAGASSI, Veronica. Fashion Law: uma análise sob a
ótica do desenvolvimento econômico sustentável. DIREITO, p. 92.

MATOS, Laura Germano; MATIAS, João Luis Nogueira. Multinacionais fast fashion e direitos
humanos: em busca de novos padrões de responsabilização. Revista de Direito Internacional,
Brasília, v.15, n. 2, 2018, p. 254-268.

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