O documento discute as origens das primeiras cidades no Egito e Mesopotâmia, argumentando que, apesar de serem regiões desfavoráveis à agricultura, a necessidade de obras hidráulicas complexas para controlar os rios e irrigar as terras levou ao desenvolvimento de estruturas sociais complexas e divisão de trabalho, resultando na urbanização.
O documento discute as origens das primeiras cidades no Egito e Mesopotâmia, argumentando que, apesar de serem regiões desfavoráveis à agricultura, a necessidade de obras hidráulicas complexas para controlar os rios e irrigar as terras levou ao desenvolvimento de estruturas sociais complexas e divisão de trabalho, resultando na urbanização.
O documento discute as origens das primeiras cidades no Egito e Mesopotâmia, argumentando que, apesar de serem regiões desfavoráveis à agricultura, a necessidade de obras hidráulicas complexas para controlar os rios e irrigar as terras levou ao desenvolvimento de estruturas sociais complexas e divisão de trabalho, resultando na urbanização.
Artigo publicado no jornal “Atibaia Notícias”, em 28 de setembro de 2002
A Revolução Urbana ocorreu após a Revolução Agrícola e atribui-se como
conseqüência natural uma da outra; porém, não ocorreu desta forma em todos os locais, pois outros fatores determinaram o desenvolvimento das cidades em localidades distintas. O que coincide é a região em que ambas ocorreram quase que simultaneamente: o Crescente Fértil (região dos rios Nilo no Egito, e Tigre e Eufrates na Mesopotâmia) – do Sul da Mesopotâmia e do Vale do Nilo. Apesar desse quadro, é um erro afirmar que a Revolução Urbana foi conseqüência inevitável da Revolução Agrícola, pois se assim fosse as primeiras cidades teriam se desenvolvido na região da Síria e da Palestina, onde as encostas das montanhas e os vales, aliados à condição de fertilidade da terra e as chuvas de inverno, compunham um quadro geográfico mais propício às práticas agrícolas. No entanto, as primeiras cidades surgiram no sul do Egito e da Mesopotâmia, onde o clima era desfavorável à agricultura e dependia-se de cheias inconstantes no Nilo, Tigre e Eufrates, para ter-se terra fértil. E não só isso, era preciso domar os mesmos rios para que as cheias não destruíssem as plantações já existentes bem como habitações marginais; foram então necessárias construções de diques e reservatórios para conter as cheias, obras de drenagem para secar os pântanos antes inabitáveis e canais de irrigação para levar água às regiões secas, onde as chuvas quase inexistiam durante o ano. Nas mesmas regiões as práticas pastoris era possíveis apenas ao norte, no Egito na região do Delta, próximo às montanhas, uma vez que as pastagens eram raras e predominava regiões desérticas. E por que as primeiras cidades desenvolveram-se justo em regiões desfavoráveis e dificultosas às práticas agrícolas? Platão afirmava que “a necessidade é a mãe das invenções”, e nesse contexto podemos concluir que a facilidade encontrada na prática agrícola na região da Síria e da Palestina fizeram com que os agricultores não tivessem dificuldades em organizar-se em pequenos grupos, cuja estrutura social fosse extremamente simples. Já no Egito e Mesopotâmia, como vimos, para gozar da fertilidade da terra propiciada pelos rios havia a necessidade de “domá-los”, demandando intenso e sistemático trabalho em obras hidráulicas de gigantesca envergadura, demandando a necessidade de estabelecimento de uma divisão do trabalho por atribuições e consequentemente criando hierarquias, o que obrigou o desenvolvimento de estruturas sociais complexas e levou ao início do fenômeno da urbanização, em conseqüência da reunião dos nomos (no Egito) e das tribos (na mesopotâmia) em torno das obras hidráulicas. Vimos portanto que muitas vezes na História as grandes conquistas advém das dificuldades encontradas pelo Homem no meio, as quais acabaram servindo de incentivo para sua superação.