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LUCIANO DE LIMA GONÇALVES

ESTRTUTURAÇÃO ANÁLISE E REPRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES


GEOGRÁFICAS NA ZONA DE FRONTEIRA

Rio de Janeiro
2015
LUCIANO DE LIMA GONÇALVES

ESTRTUTURAÇÃO ANÁLISE E REPRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES


GEOGRÁFICAS NA ZONA DE FRONTEIRA

Dissertação apresentada ao Departamento de Geografia


da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGGUFRJ)
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Geografia. Área de concentração:
Organização e gestão do território.

Orientadora: Professora Drª. Lia Osório Machado


Co-orientador: Professor. Dr. Paulo Márcio Leal de
Menezes

Rio de Janeiro
2015
LUCIANO DE LIMA GONÇALVES

ESTRTUTURAÇÃO ANÁLISE E REPRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES


GEOGRÁFICAS NA ZONA DE FRONTEIRA

Dissertação apresentada ao Departamento de Geografia


da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGGUFRJ)
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Geografia. Área de concentração:
Organização e gestão do território.

Aprovada em: 22/10/2015

BANCA EXAMINADORA
Agradecimentos

Agradeço a Professora Lia Osório Machado, pela generosidade de compartilhar seu


conhecimento ímpar sobre o tema da fronteira continental do Brasil.
Resumo:

Palavras-chave: Zona de fronteira brasileira; Sistemas de Informações Geográficas; Redes


geográficas
Abstract:

Keywords: Brazilian border zone; Geographic Information Systems; geographic networks


ÍNDICE DE TABELAS:

Tabela 1: Pólos de Articulação Urbana na Faixa de Fronteira.................................................... 47


Tabela 2: Extensão da linha de fronteira correspondente a cada município limítrofe no Arco
Norte ........................................................................................................................................... 50
Tabela 3: Destino Transportes Coletivos para Oiapoque ............................................................ 54
Tabela 4: Destino Transportes Coletivos Boa Vista ................................................................. .56
Tabela 5: Destino Aeroportos Boa Vista ................................................................................... .57
Tabela 6: Destino Transportes Coletivos para São Gabriel da cachoeira. ............................... ..59
Tabela 7: Destino Transportes Coletivos em Rio Branco (AC) ............................................... . 64
Tabela 8: Destino Aeroportos Rio Branco(AC). ........................................................................ 65
Tabela 9: Gravitacional Carga Rio Branco ................................................................................. 65
Tabela 10: Destino Transportes Coletivos Assis Brasil .............................................................. 67
Tabela 11: Destino Transportes Coletivos para Costa Marques ou Guajará-Mirim .................. 71
Tabela 12: Destino Aeroportos Costa Marques ......................................................................... 71
Tabela 13: Destino Transportes Coletivos Pimenteiras d’Oeste (RO) ....................................... 73
Tabela 14: Destino Transportes Coletivos Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) ................. 75
Tabela 15: Destino Aeroportos Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) .................................. 75
Tabela 16: Destino Transportes Coletivos Corumbá (MS) ........................................................ 78
Tabela 17: Destino Demais Temas Corumbá ............................................................................. 78
Tabela 18: Destino Transportes Coletivos Porto Murtinho ............................................. (MS) 80
Tabela 19: Destino Demais Temas Porto Murtinho (MS) ......................................................... 81
Tabela 20: Destino Transportes Coletivos Bela Vista (MT) ...................................................... 82
Tabela 21: Destino Demais Temas Bela Vista (MT) ................................................................ 82
Tabela 22: Extensão da Linha de Fronteira Correspondente à Cada Município Limítrofe no Arco
Sul .............................................................................................................................................. 84
Tabela 23: Destino Transportes Coletivos Bela Vista (MT) ...................................................... 86
Tabela 24: Destino Transportes Coletivos Marechal Cândido Rondon (PR) e Santa Helena (PR)
..................................................................................................................................................... 88
Tabela 25: Destino Transportes Coletivos Dionísio Cerqueira (SC) ......................................... 90
Tabela 26: Destino Transportes Coletivos Tiradentes do Sul (RS) ........................................... 92
Tabela 27: Destino Demais Temas Tiradentes do Sul (RS) ....................................................... 92
Tabela 28: Destino Transportes Coletivos Porto Mauá (RS) ..................................................... 94
Tabela 29: Destino Demais Temas Porto Mauá (RS) ................................................................ 96
Tabela 30: destino transportes coletivos - Porto Xavier (RS) e Porto Lucena (RS) .................. 96
Tabela 31: Destino Demais Temas - Porto Xavier (RS) e Porto Lucena (RS) .......................... 96
Tabela 32: Destino Transportes Coletivos – São Borja (RS) ..................................................... 98
Tabela 33: Destino Demais Temas – São Borja (RS) ................................................................ 98
Tabela 34: Destino Transportes Coletivos – Uruguaina (RS) .................................................. 100
Tabela 35: Destino Demais Temas – Uruguaina (RS) ............................................................. 100
ÍNDICE DE MAPAS E CARTOGRAMAS

Cartograma 1:Setores Urbanos (IBGE, 2010) na Zona de Fronteira em 2010 ........................... 34


Cartograma 2: Densidade Hidroviária Estimada na Zona de Fronteira ...................................... 37
Cartograma 3:Densidade Aeroviária Estimada na Zona de Fronteira ....................................... 39
Cartograma 4: Densidade Rodoviária na Zona de Fronteira ...................................................... 40
Cartograma 5: Densidade Estimada de Rotas Transfronteiriças ................................................ 41
Cartograma 6: Redes e Pólos De Articulação Urbanos Localizados na Zona de Fronteira e Suas
Respectivas Ligações com Pólos Fora Da Faixa em 2010 ......................................................... 46
Cartograma 7: Arcos e Regiões de Fronteira ............................................................................. 48
Cartograma 8: Municípios na Zona de Fronteira e Pólos de Articulação Urbana no Arco Norte
..................................................................................................................................................... 50
Cartograma 9: Centralidade de Manaus .................................................................................... 51
Cartograma 10: Zona de Fronteira no Extremo Leste da Fronteira - Oiapoque Guiana Francesa
..................................................................................................................................................... 53
Cartograma 11: Centralidade de Boa Vista ............................................................................... 55
Cartograma 12: Zona de Fronteira Arco Norte - zona tampão de São Gabriel da Cachoeira
(AM) .......................................................................................................................................... 58
Cartograma 13: Zona de Fronteira no Arco Norte –Tabatinga (AM) ....................................... 61
Cartograma 14: Centralidade de Rio Branco ............................................................................. 65
Cartograma 15: Zona de Fronteira - Assis Brasil ....................................................................... 67
Cartograma 16: Municípios na Zona de Fronteira e Pólos de Articulação Urbana no Arco
Central ........................................................................................................................................ 68
Cartograma 17: Zona de Fronteira Arco Central - Costa Marques (MT) .................................. 69
Cartograma 18: Zona de Fronteira Arco Central – Guajará-Mirim (RO) .................................. 71
Cartograma 19: Zona de Fronteira Arco Central - Pimenteiras do Oeste (RO) ......................... 73
Cartograma 20: Zona de Fronteira Arco Central - Pontes e Lacerda (MT) ............................... 75
Cartograma 21: Zona de Fronteira Arco Central - Costa Marques (MT) .................................. 76
Cartograma 22: Zona de Fronteira Arco Central - Corumbá (MS) ............................................ 78
Cartograma 23: Zona de Fronteira Arco Central - Porto Murtinho (MS) .................................. 80
Cartograma 24: Zona de Fronteira Arco Central - Bela Vista (MS) .......................................... 82
Cartograma 25: Municípios na Zona de Fronteira e Pólos de Articulação Urbana no Arco Sul84
Cartograma 26: Zona de Fronteira Arco Sul – Guaíra (PR) ...................................................... 85
Cartograma 27: Zona de Fronteira Arco Sul – Marechal Cândido Rondon (PR) e Santa Helena
(PR) ............................................................................................................................................ 86
Cartograma 28: Zona de Fronteira Arco Sul - Dionísio Cerqueira (SC) ................................... 88
Cartograma 29: Zona de Fronteira Arco Sul – Tiradentes do Sul (RS) ..................................... 90
Cartograma 30: Zona de Fronteira Arco Sul - Porto Mauá (RS) ............................................... 92
Cartograma 31: Zona de Fronteira Arco Sul - Porto Xavier (RS) e Porto Lucena (RS) ........... 94
Cartograma 32: Zona de Fronteira Arco Sul – São Borja .......................................................... 96
Cartograma 33: Zona de Fronteira Arco Sul - Uruguaiana ........................................................ 98
ÍNDICE DE IMAGENS:

Imagem1: Trecho de Interrupção Hidrográfica do Rio Uapes........................................ 63


Imagem 2: nódulo logístico boliviano identificado ao longo de trecho da rede
tranfronteiriça que se conecta com o território brasileiro ............................................... 75
ÍNDICE DE FIGURAS:

Figura 1: Representação diagramática simplificada do método proposto.......................... 24


Figura 2: Evolução de Carga e Passageiro Modal Aeroviário Boa Vista - Manaus 1972/2005 54
Figura 3: Evolução de Carga e Passageiro Modal Aeroviário Porto Belém - Manaus
1990/2005 ....................................................................................................................... 54
14

SUMÁRIO

1 Apresentação ............................................................................................................................. 3
2 Objetivos ................................................................................................................................... 6
4 Os Sistemas de Informações Geográficas e a noção abstrata de espaço ................................... 8
5 Questionamentos ..................................................................................................................... 12
6 Metodologia ............................................................................................................................ 12
6.1 Estruturação ......................................................................................................................... 14
6.1.1 Levantamento e coleta de dados (ou subsistema de aquisição) ......................................... 16
6.1.2 Das formas de tratamento ................................................................................................. 18
6.2 A análise espacial ................................................................................................................. 21
7 Representação ......................................................................................................................... 23
7.1 Zona de Fronteira, Zona de Fronteira e o espaço topológico ............................................... 24
7.1.2 A representação das densidades ......................................................................................... 28
7.1.3 As redes e a sua representação na Zona de Fronteira ........................................................ 33
7.1.4 As redes transfronteiriças ................................................................................................... 36
7.1.5 Arco Norte ......................................................................................................................... 44
7.1.5 Arco Central ...................................................................................................................... 56
7.1.5 Arco Sul ............................................................................................................................ 73
8 Conclusão ................................................................................................................................ 88
9 Referências .............................................................................................................................. 90
10 Anexo ................................................................................................................................... 107
15

1 Apresentação

O presente estudo aborda o papel dos Sistemas de Informações Geográficas e das


estruturas de dados na análise e representação do espaço da Zona de Fronteira. Tratase de uma
pesquisa aplicada à gestão e ao ordenamento territorial, onde se opera a transformação de um
conhecimento tácito sobre a Zona de Fronteira, disponível em diferentes estruturas de dados
espaciais e não espaciais, em informações geográficas concernentes à integração do território
brasileiro com os países vizinhos.

Não obstante, o trabalho lança um olhar geográfico sobre a “topologia da Zona de


Fronteira” e traz a reboque um tema que está ou deveria estar no cerne da produção
contemporânea da pesquisa em geografia, sobre a mudança no paradigma representacional do
espaço, que ainda não foi devidamente posto em discussão. Nesse sentido, o trabalho se
reporta a uma geografia de base, buscando a conformação do espaço qual “objeto
epistemologicamente operacional” (SANTOS, 1996 p. 48) nos ambientes computacionais,
ressaltando o papel do Sistema de Informação Geográfica na composição do método. Nessa
busca pela operacionalidade, o trabalho se volta para “categorias analíticas internas” à noção
de espaço1 (SANTOS, 1996 p.24) a fim de transcrevêlas ao ambiente computacional.

Conforme indicado no título, o trabalho se desenvolve em três etapas. Estruturação,


representação e análise são etapas interdependentes do método. A estruturação diz respeito
aos aspectos organizacionais estabelecidos no modelo conceitual, isto é, aquisição, tratamento
e análise exploratória de dados espaciais e não espaciais. Seu desfecho é a composição de
uma base de dados estruturados em um modulo de armazenamento temporário. Dados
estruturados são aqueles cujos tipos e formatos são previamente definidos e formatados, de
modo que possam fazer fluir o processo informativo.

A análise espacial é feita com base em diferentes procedimentos de consulta e


reclassificação que retroalimentam a base de dados com novos insumos. Essa etapa consiste
de um conjunto de processos encadeados de análise e retroalimentação da base de dados, onde
foram associadas diferentes técnicas de geoprocessamento, como os operadores espaciais
convencionais e os operadores espaciais de rede. No ambiente dos Sistemas de Informações

1 Para Santos, a paisagem, a configuração territorial, a divisão territorial do trabalho, o espaço


produzido ou produtivo, as rugosidades e as formasconteúdo são as principais categorias analíticas
(SANTOS, 1996 p.13).
16

Geográficas, esse processo deve ocorrer de maneira contínua, conformando uma práxis entre
classes diferentes, ou entre os componentes da mesma classe entre a forma e o conteúdo.

A análise se inicia com a conformação das classes de feições que irão representar os
principais componentes “topológicos” constituintes das zonas de fronteira. As áreas
formalmente delimitadas foram incluídas na análise à medida que se tornaram pertinentes.
Como suporte analítico, as densidades foram utilizadas para dar um apanhado geral das
articulações. Os tipos fronteiriços foram analisados a partir das formas de conectividade2.
Dentre os componentes caracterizadores da Zona de Fronteira destacamse as redes e as rotas
transfronteiriças possíveis, indicadas nos três arcos (central, norte e sul). Conforme o que foi
dito anteriormente, ao fim da etapa de análise as novas classes de feições são então reinseridas
na base de dados como novo insumo.

A terceira etapa diz respeito aos resultados. As classes, tomadas em conjunto, são
representativas da topologia da Zona de Fronteira, evidenciando aspetos do potencial de
integração do território. Isso se dá, notadamente, pela forma de representação das redes
transfronteiriças em conexão com a rede urbana brasileira, uma composição de
formasconteúdo.

No que diz respeito às fontes, o IBGE é a principal a referência de dados. Os dados


correspondem ao período que vai de 2007 a 2013. Além dos resultados do Censo
demográfico do Brasil de 2010, o IBGE disponibilizou muitos insumos resultantes de esforços
censitários, bem como de outros levantamentos. Entre esses, podemos destacar as bases
cartográficas digitais, os dados concernentes a rede urbana brasileira, sobretudo no que diz
respeito aos fluxos de pessoas e mercadorias (o que inclui meios de transporte, comércio e
gestão). A eles se somam dados do Banco de Informações e Cartogramas de Transportes do
Plano Nacional de Logística dos Transportes (BITPNLT) Ministério dos Transportes e da
ANAC.

A programação das atividades foi dividida em dois grupos, de acordo com as etapas
anteriormente referidas, definidas por semestre. O tempo foi estimado de acordo com as
demandas concomitantes, concernentes à abordagem do tema (com a composição do texto) e

2 Uma das referências para a escolha dos tipos foi a proposta do geógrafo francês Arnaud
CuisinierRaynal (2001), tipologia preconizada por Machado (2005), que fez algumas adaptações
necessárias ao caso brasileiro.
17

à implementação do sistema. As atividades foram executadas paralelamente, ao longo dos


anos previstos à conclusão do projeto.
18

2 Objetivos

O objetivo geral consiste no desenvolvimento de um modo de inferência espacial com


o uso do SIG. O trabalho propõe uma forma de transcrição da noção de espaço (e dos entes
analíticos correlatos) para o ambiente computacional, a fim de estruturar o uso dos Sistemas
de Informações Geográficas para os estudos sobre Limites e Fronteiras Internacionais na
América do Sul3. Nesse sentido, o trabalho busca ressaltar o papel do Sistema de Informação
Geográfica na composição do método, sobretudo no que diz respeito à conformação do
espaço qual “objeto epistemologicamente operacional” (SANTOS 1996 p. 48) nos ambientes
computacionais.

Objetivamente, a proposta se concentra na transformação de dados espaciais e não


espaciais, concernentes à Zona de Fronteira, em informações geográficas pertinentes à gestão
e ao ordenamento do território. Isso implica analisar as principais entidades e relações
conformadoras do território na Zona de Fronteira e sua representação no ambiente SIG. Nesse
sentido, se buscou relacionar as formas de conectividade e os fluxos de pessoas e
mercadorias, que tomados em conjunto podem expressar a permeabilidade potencial na Zona
de Fronteira brasileira. Em suma, o trabalho analisa a Zona de Fronteira pelo potencial de
integração com o território dos países vizinhos.

As redes transfronteiriças foram definidas, delimitadas e analisadas como extensão da


rede urbana brasileira, a partir das formas de conectividade, dos fluxos materiais urbanos
representados por meio dos grafos da rede urbana brasileira , das densidades e dos principais
recortes de limites formalmente estabelecidos.

3 Linha de pesquisa do Grupo Retis (igeoUFRJ).


19

3 Justificativa

A produção da informação geográfica acerca da Zona de Fronteira constitui um tema


de grande relevância, sendo indispensável ao conhecimento do território nacional. O tema
vem sendo abordado em algumas pesquisas, notadamente por trabalhos desenvolvidos no
Departamento de Geografia da UFRJ pelo grupo RETIS, com foco sobre a interação de
agentes que possuem padrões complexos de comportamento4 e das redes conformadas nesse
processo. Entretanto, apesar da riqueza de trabalhos produzidos, o tema se torna de difícil
abordagem à medida que essa dinâmica espacial envolve diversos elementos e fatores
relevantes, articulando um grande número de atores (sociais, políticos, frações ou diferentes
instâncias dos aparatos organizacionais) e outros elementos que interagem em diferentes
níveis de acesso e escalas (MACHADO, 2001). Desta maneira, o trabalho buscou uma
oportunidade para explorar as potencialidades do instrumental oferecido pelos Sistemas de
Informações Geográficas5.

O uso consagrado dos Sistemas de Informações Geográficas na conformação de bases


de dados geográficos (espaciais e não espaciais), associadas a estruturas topológicas, tem se
mostrado uma estratégia eficiente para a instrumentalização de muitas pesquisas aplicadas, no
âmbito de diferentes disciplinas. Na pesquisa e análise ambiental (gestão de risco,
desmatamento, levantamento de recursos hídricos, ferramentas de apoio à pesca e a
agricultura, etc.), o SIG é considerado indispensável embora cumpra, na maioria das vezes,
uma função secundária, a de apoio a outras ferramentas de geoprocessamento, sobretudo ao
sensoriamento remoto de base orbital. Em estudos aplicados no combate a epidemias (PINA
& SANTOS M. F, 2000), as análises têm sido estruturadas quase integralmente em ambiente
SIG, com uso de técnicas de estatística espacial e geoestatística como a krigagem, os
estimadores de densidade kernel e outros interpoladores. No âmbito da segurança pública no
estado do Rio de Janeiro, os Sistemas de Informações Geográficas vêm sendo cada vez mais
utilizados na análise das ocorrências de diferentes modalidades de delitos (SOARES &

4 Tratase da abordagem dos “sistemas complexos evolutivos”, sistemas humanos dinâmicos, que
podem ser afetados por escolhas individuais, coletivas e por políticas de intervenção e de controle
(MACHADO, 2003).
5O termo grifado corresponde a um dos objetivos compartilhados pelas linhas de pesquisas
desenvolvidas pelo grupo Retis. Disponível em:
http://www.retis.igeo.ufrj.br/index.php/conteudo/pesquisa/, acessado em 23/07/2013.
20

GONÇALVES, 2012). Essas análises se aplicam ao monitoramento, repressão, investigação e


prevenção de crimes6.

No estudo de sistemas espaciais complexos as potencialidades dos Sistemas de


Informações Geográficas ficam bem evidentes. Isto se dá, não apenas pela capacidade de
processar e analisar simultaneamente um volume cada vez maior de dados espaciais em
diferentes escalas, ou pelo ganho de agilidade e precisão na produção e acesso às informações
geográficas. A principal potencialidade dos Sistemas de Informações Geográficas reside na
operacionalização de conceitos espaciais. Além das funções de compor e recompor os meios
instrumentais de análise que constituem a centralidade do método o processamento das
informações espaciais poderá auxiliar no reconhecimento de prioridades no que diz respeito
ao direcionamento de políticas públicas, sobretudo no âmbito da segurança pública.

Na prática, o SIG enseja a integração de novas formas de incorporação,


armazenamento e análise de dados geográficos (espaciais e não espaciais), transformando
completamente a produção da informação geográfica, o que abre caminho para um novo
modo de inferência espacial. No Brasil, isso se dá mediante um incremento na produção de
dados, sobretudo a partir da primeira década do século XXI7, que aponta para a ampliação e
evolução do conhecimento sobre o território nacional.

No entanto, em âmbito específico, existem poucas referências de trabalhos baseados


em Sistemas de Informações Geográficas direcionados à análise espacial sobre a Zona de
Fronteira. Além dos grandes projetos de levantamento e controle (como RADAM, SIVAM e
os projetos do IBGE, sobretudo os esforços dos recenseamentos e contagens populacionais), a
produção de informações é pontual8 e/ou desconhecida.

6 Como em Circuits, Routes and Networks: Proposal of Spatial Analysis for Theft and Robbery of
Vehicle in the State of Rio de Janeiro (GONÇALVES e FERREIRA, 2015), onde foram analisados os
circuitos de deslocamentos de veículos roubados.
7 Como a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE); o Open Geoespatial Consortium (OGC)
e o projeto SISMAP/IBGE, cuja extensa produção que se encontra disponível em
ftp://geoftp.ibge.gov.br.
8 Recentemente, têm surgido algumas “soluções” de apoio a gestão da Zona de Fronteira, propostas
pelas empresas especializadas em geoprocessamento. Os produtos são rotulados como geotecnologias
aplicadas,8 que restringem a análise espacial a um jogo de simulação com combinações prédefinidas.
Por exemplo, o sistema INTELIGEO, um projeto da empresa Imagem (representante da plataforma
ESRI) para a Polícia Federal; o GEONETWORK, ligado ao SIPAM; o MOPS, do Ministério do
Desenvolvimento Social, entre outros.
21

4 Os Sistemas de Informações Geográficas e a noção abstrata de espaço

Em sentido amplo, é bastante aceito que os Sistemas de Informações Geográficas


sejam definidos como instrumentos de análise conjugada de dados espaciais e não espaciais
o que pode se dar dentro ou fora do ambiente digital. No entanto, antes de qualquer digressão
acerca das noções relacionadas aos Sistemas de Informações Geográficas e às estruturas de
dados espaciais, vale saber que, na prática, nos dias de hoje, tanto a viabilidade, quanto a
aplicabilidade desses sistemas dependem diretamente da conformação de classes de feições,
representadas e armazenadas em meio digital. Isso se torna factível apenas no final do século
XX, após a eclosão da revolução informacional (Lojkine, 1995).

O aperfeiçoamento dessas práticas no campo científicotecnológico fez com que as


formas representação e análise do espaço – e do território – tenham sido sensivelmente
modificadas (Machado, 1995; 2001), sobretudo a partir da década de 2000. Nesse período,
com a disseminação dos Sistemas de Informações Geográficas, a representação usual do
espaço geográfico evolui de formas cartográficas e estáticas (cartogramas e cartas
tradicionais), predominantes até a segunda metade do século XX, para a modelagem das
estruturas topológicas, dinâmicas e dotadas de uma forma (dados espaciais com referências
geométricas) integrada a um conteúdo (dados não espaciais9). Isso significou uma mudança
no paradigma representacional do espaço que enseja a discussão do presente trabalho.

Apesar disso, os problemas teóricos acerca da questão representacional do espaço são


muitos. Na realidade, há um esvaziamento do debate acerca das grandes mudanças na
produção da informação geográfica – já bastante disseminadas em muitos campos do
conhecimento. É como se a representação do espaço no ambiente computacional pudesse ser
resumida à expressão banal da tecnologia, passando ao largo das categorias analíticas internas
à noção de espaço que estão sendo representadas.

Em geral, as noções usuais acerca dos Sistemas de Informações Geográficas têm sido
apresentadas basicamente de três formas10. Na forma “clássica” ele é descrito como um
conjunto de funções computacionais para realizar geoprocessamento, uma outra forma é a que
encara o GIS como uma ferramenta que auxilia o entendimento do mundo e dá suporte a

9 Abrange diferentes tipos de dados alfanuméricos: textuais, numéricos, data, booleanos, etc.
10 D. Sui and M.F. Goodchild (2011) The convergence of GIS and social media: Challenges for
GIScience.International Journal of Geographical Information Science 25(11): 17371748. [516].
22

decisão. Mais recentemente, dadas as perspectivas do mercado ele aparece como uma forma
de “mídia” (Goodchild, 2011). Nessas três perspectivas, o SIG aparece como produto. Como
corolário há o legado de um campo teórico estéril acerca do tema, em detrimento da
construção de um campo epistemológico acerca do SIG na pesquisa geográfica, isto é, como
elemento do método.

Não obstante, há um a outra questão que parece ter sido omitida nesse debate, que diz
respeito à geografia. No que se refere aos Sistemas de Informações Geográficas, não basta
“oferecer estruturas de dados e algoritmos” (CÂMARA, 2004, p.29), que por si só não são
capazes de representar a grande diversidade de concepções do espaço. O principal foco dessa
problemática é a “redução dos conceitos de ‘cada disciplina’ a algoritmos e estruturas de
dados” (CÂMARA, 2004 p. 134). Essa ideia dominante parte da premissa de que todas as
informações produzidas no SIG resultam de funções matemáticas definidas em conjuntos de
algoritmos específicos.

Para Câmara (2004) é evidente que o espaço constitui “uma linguagem comum no uso
de Sistemas de Informações Geográficas em ‘qualquer’ campo disciplinar” (CÂMARA, 2004,
p.134.). No entanto, Câmara apresenta uma contradição em seus argumentos quando diz
inadvertidamente que a representação no SIG se dá sobre “conceitos de cada disciplina”
(idem). Na realidade, Para muitos autores (CÂMARA, 2004; ARONOF, 1996; HOMSBY
and ENGENHOFER, 2000; GOODCHILD, 2011) elas se resumem à “combinação de um
conjunto de dados de entrada através de uma função, produzindo um novo dado de saída”
(CÂMARA, 2004, p.94). Essa visão superficial acerca dos Sistemas de Informações
Geográficas impõe uma linguagem automática e programada, onde o foco é o algoritmo.

Cabe lembrar, primeiramente, que o termo “redução dos conceitos” (CÂMARA, idem)
é vago, pois todo objeto da pesquisa científica consiste em uma representação limitada da
realidade, uma vez que a coisa em si é incognoscível11, ou seja, toda inferência científica se dá
sobre uma forma de representação, algo que, ao mesmo tempo, coloca o objeto científico no
mundo e estabelece seus limites cognitivos.

11 Kant se refere ao numeno como a ontologia da coisa em si e ao fenômeno como os conjunto dos
aspectos apreensíveis e/ou explicáveis. KANT, IMMANUEL. Crítica da Razão Pura. Tradução de
Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Fundação Calouste Gulbenkian (5ª edição).
Lisboa, 2001).
23

Além disso, apesar do uso disseminado em pesquisas de diferentes disciplinas, a


relevância dos Sistemas de Informações Geográficas na composição do método mesmo no
âmbito da geografia permanece num estado rarefeito. Na maioria dos trabalhos, o SIG é
apresentado como subproduto cartográfico e seu uso se restringe ao “nível de aplicação"12 –
quase sempre executando tarefas técnicas triviais. Essas inconsistências derivam de uma visão
superficial que reduz os Sistemas de Informações Geográficas ao hardware e ao software que
os sustentam (CASTRO, 1999), ou seja, aplicativos de cartogramas, cuja função primordial
seria a simulação cartográfica.

De fato, o problema representacional no SIG se dá sobre uma concepção de espaço


abstrato (leia-se espaçotempo), de modo que “cada disciplina” deverá se limitar às suas
pertinências geográficas, pois só dessa maneira poderão tomar parte no SIG. Cabe reconhecer
que apenas conceitos e entes espaciais podem ser representados adequadamente em um SIG, e
que a geografia possui as condições inerentes para impor suas linguagens e conceitos à
estruturação desses ambientes computacionais.

Na realidade, para que essas tecnologias se tornem legítimas na pesquisa geográfica


devem, de antemão, ser submetidas às categorias analíticas espaciais. Sim, porque o SIG tem
como função primordial representar o eixo espaçotempo das coisas, isto é, a localização, a
forma a e o seu conteúdo, sistemas de ações humanas associados a sistemas de objetos.

Dentre os conceitos e noções usuais de espaço a “formaconteúdo” (idem, p.25) é a


“categoria analítica interna” que mais coaduna com escopo da abordagem, pois, se mostrou a
mais compatível com as representações funcionais no ambiente computacional dos Sistemas
de Informações Geográficas. Santos (1996), ressalta a importância dessa categoria e sugere
que a ontologia e o devir do espaço podem ser apreendidos pela “interminável sucessão de
formasconteúdo” (SANTOS, 1996 p.14). Essa ideia se associa à definição de espaço como
produto de um sistema de objetos e sistema de ações humanas, indissociáveis entre si em um
meio técnicoinformacional (SANTOS, 1996). Da conjugação dessas noções surge uma práxis
fundamental, que se mostrou de grande valia para a legitimação do uso dos Sistemas de
Informações Geográficas na definição do método de análise espacial. Desde o momento em
que a ação humana ocorre, “a forma, o objeto que a acolhe ganha outra significação provinda
desse encontro” (SANTOS, 1996 p.66). O mesmo ocorre com o evento consequente da ação

12 Refirome às “soluções”, aplicações orientadas para usuários específicos.


24

humana, que recebe novo significado por meio de sua relação de interseção e simultaneidade
com a referida entidade geográfica. Isso denota a premência da topologia na pesquisa
geográfica e coloca o SIG como elemento central no método de análise espacial. Na prática,
qualquer relacionamento (anacrônico ou sincrônico) possível entre feições, ou entre classes de
feições, irá resultar em uma nova [re]classificação.

As noções geográficas de rede e topologia são igualmente importantes, mas serão


abordadas mais adiante. Embora tratadas separadamente, estão intimamente ligadas, pois,
ambas dizem respeito a forma como os diferentes espaços se relacionam na área de estudo.

5 Questionamentos

A problemática apresentada nos capítulos anteriores suscita ao menos dois tipos de


questionamentos interdependentes. O primeiro questionamento é “essencial” e diz repeito à
maneira de representar a chamada “topologia da Zona de Fronteira” . Esse questionamento se
direciona ao processo de transcrição dos entes espaciais para o modelo, ou seja, a constituição
das classes de feição como formasconteúdo. A isso também se pode chamar de busca da
operacionalidade, da qual dependerá a eficácia do método. Nesse sentido, se buscou saber
qual a melhor forma de transcrever os entes analíticos espaciais para o ambiente
computacional sem que se descaracterizem as formas conceituais.
O segundo questionamento concerne à matéria da pesquisa aplicada. Além de indagar
sobre onde está a Zona de Fronteira,ou seja, qual é sua distribuição espacial nos três arcos, o
trabalho indagou acerca do potencial de integração, isto é, a maneira como a Zona de
Fronteira se conecta ao território dos países vizinhos e como ela se integra ao território
nacional via rede urbana.
25

6 Metodologia

É indispensável que “conceitos e instrumentos de análise apareçam dotados de


condições de coerência e de operacionalidade” (SANTOS, 1996, p.10). Essa tarefa, que
constitui a “centralidade do método” (idem), supõe o encontro de conceitos tirados da
realidade, fertilizados reciprocamente por sua associação obrigatória e tornados capazes de
utilização sobre a realidade em movimento. Isso equivale à coerência entre cada conceito e a
sua representação. Assim, se faz necessário estabelecer os critérios que contemplem as
principais nuances do processo de transcrição das categorias e dos entes analíticos geográficos
para o ambiente computacional, o que não se dá pela simples escolha de um modelo
inferencial melhor suportado pelos dados” (idem) .

Esse preceito irá nortear cada uma das três etapas, nas quais se divide o método
proposto. Na etapa estrutural, isso se reflete na escolha e na disposição dos atributos espaçais
e não espaciais, seus nomes, bem como na conformação dos tipos e das estruturas de dados
disponíveis em diferentes formatos de arquivos. Tais requisitos são verdadeiros reguladores
dos relacionamentos, sejam eles espaciais ou não. Na etapa analítica, os entes espaciais devem
ser analisados de acordo com sua correspondência categórica intrínseca. Por exemplo, as
feições de rede devem ser aferidas de acordo com o conceito de rede referido no escopo do
trabalho, ou seja, como um elemento representativo dos relacionamentos entre os demais
elementos, sendo um elemento crucial do método (DIAS, 1996). Na etapa de representação,
a ideia de forma conteúdo é preponderante, pois a informação final consiste de um conjunto
de elementos interdependentes em seus aspectos geométricos e alfanuméricos denominados
classes de feições, apreendidos a partir do acesso concomitante e interativo, visual e cognitivo
aos cartogramas e tabelas.

6.1 Estruturação

A estruturação consiste primeiramente da conformação de um modelo conceitual,


apresentando um “nível de representação”. Em seguida, a análise exploratória, que no escopo
desta pesquisa equivale ao levantamento de dados, se dá pela triagem, aquisição e inventário
de dados espaciais e não espaciais sobre a Zona de Fronteira, bem como pelo tratamento, que
inclui a validação topológica. O resultado será materializado em diferentes vetores que irá
26

compor um catálogo para reentrada no subsistema de aquisição (vide tabela de metadados em


anexo).

A figura 1 apresenta a proposta estrutural do projeto em diagramação simplificada,


ordenado de acordo com a sequência lógica dos componentes básicos de um SIG: entrada,
manejo, análise e a apresentação (BURROUG,1986, apud, XAVIER, 2001). Tratase da
conformação de um instrumento técnicotecnológico contendo uma base unificada de dados
espaciais e um sistema de análise espacial, voltados para a investigação de um sistema
espacialmente organizado.

Figura 1: Representação diagramática simplificada do método proposto

Do ponto de vista operacional, o projeto visa à construção de um sistema informativo


(geoinformacional) instituído para inferir em um “sistema complexo”, a Zona de Fronteira. O
sistema informativo é, ao mesmo tempo, o meio no qual o objeto se estrutura e o principal
recurso investigação. Essa forma de inferência terá como base um conjunto de processos
dinâmicos de análise e representação, cujo ente analítico primordial é a formaconteúdo.
27

Em seguida, a análise exploratória, que no escopo desta pesquisa equivale ao


levantamento de dados, se dá pela triagem, aquisição e inventário de dados espaciais e não
espaciais sobre a Zona de Fronteira, bem como pela criação de um catálogo para reentrada no
sistema (subsistema de aquisição).

A análise classificatória segue com a estruturação das classes de feições que irão
representar os principais componentes da topologia da Zona de Fronteira: as redes, as
densidades e áreas formalmente delimitadas, que concernem ao material (pessoas e
mercadorias) nos três arcos (central, norte e sul). Com a conclusão dessas etapas será
materializada, em conformidade com o modelo proposto, uma base unificada de dados
geográficos integrados em um sistema de análise espacial.

6.1.1 Levantamento e coleta de dados (ou subsistema de aquisição)

É importante dizer que os processos de coleta e de análise exploratória dos dados são,
no escopo deste trabalho, concomitantes e interdependentes. Os dados concernentes às redes
analisadas estão dispostos em diferentes escalas de mensuração – isso sem mencionar a
variação da escala geográfica entre as redes analisadas –, de modo que a análise da rede foi
dividida em duas etapas, que equivalem às análise das duas redes (rede transfronteiriça e rede
urbana brasileira). Na prática, isso está diretamente relacionado ao tipo e à estrutura dos dados
que compõem cada “classe de feição”. Assim, as estruturas e os tipos de dados deverão ser
conjugados e compatibilizados entre si, de modo que otimizem os recursos analíticos em cada
classe de feição.

Quanto às fontes, a maior parte dos dados pode ser obtida do acervo digital do IBGE,
cuja extensa produção se encontra disponível em ftp://geoftp.ibge.gov.br e
ftp://ftp.ibge.gov.br . O acervo tornou possível a pronta apresentação de uma base de dados
sólida, tanto do ponto de vista gráfico (vetorial) e cartográfico, concernentes a estrutura
topológica, quanto dos conteúdos alfanuméricos, o que permitiu a elaboração de muitos
insumos na forma de tabelas e malhas vetoriais digitais georreferenciadas (grafos de rede,
pontos de interesse e áreas delimitadas). Os dados disponíveis para a conformação dos grafos
de redes que cruzam o limite nacional (redes transfronteiriças) estão dispostos na escala
nominal de mensuração. O tipo de modal é a única variável comum disponível para todos os
registros. Os grafos representativos dos diferentes modais viários foram escolhidos a partir de
28

feições que se estendem para além do limite nacional do Brasil (hidrografia, rodovia, ferrovia,
aeródromos e caminhos carroçáveis).

Outra fonte importante fora o Banco de Informações e Cartogramas de Transportes do


Plano Nacional de Logística dos Transportes (BITPNLT) Ministério dos Transportes. Além
dessa base, foram utilizados dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(ANTAQ), da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), da INFRAERO e da Receita Federal do Brasil.

Para elaboração do tema de hidrovias, foram selecionados os rios da rede hidrográfica


da base cartográfica ao milionésimo do IBGE (BCIMIBGE) que são considerados pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) como hidrovias. O modal
hidroviário foi definido à partir da concatenação de diferentes feições de hidrografia
(hidrovia, hidrografia, HID_MASSA_DAGUA, entre outras) , onde foram definidos como
eixos de rota os trechos sem interrupção, cujo calado ultrapasse 30m de largura, ou com
tráfego conhecido. No Arco Norte o transporte por pequenas embarcações de passageiros e
cargas é de histórica importância. Além das hidrovias do Solimões/Amazonas e do Madeira,
essa região depende muito de outros rios navegáveis para a circulação intrarregional. Outras
hidrovias de extrema importância para o país são as hidrovias do TietêParaná e do Paraguai,
que possuem importante papel na circulação de produtos agrícolas no estado de São Paulo e
da Região Centrooeste.

O modal rodoviário foi definido a partir da malha rodovias11 do IBGE (2010), com
exceção da subclasse denominada vias em planejamento (não construídas ou parcialmente
construídas). Os eixos podem incluir rodovias mais movimentadas11 O tema Rodovias
corresponde a uma adaptação da base de dados do Banco de Informações e Cartogramas de
Transportes do Plano Nacional de Logística dos Transportes (BITPNLT) Ministério dos
Transportes. Foram incorporadas ao cartograma as rodovias classificadas como duplicadas;
em obras de duplicação; pavimentadas; em obras de pavimentação; implantadas; em obras de
implantação; e travessias em regiões mais dinâmicas economicamente e menos movimentadas
no caso de regiões menos dinâmicas. Assim, foram consideradas rodovias estruturantes do
território aquelas que conectam as metrópoles e capitais estaduais entre si; aquelas que fazem
a articulação das principais cidades do interior dos estados com suas respectivas capitais; as
que conectam grandes regiões; e as que estabelecem conexões internacionais.Os modais de
29

caminhos, definidos pelas respectivas malhas caminhos carroçáveis, foram incluídos na


análise como trechos intercalados utilizados geralmente como complemento de um percurso
maior realizado em um outro modal (hidroviário ou rodoviário), como no exemplo da imagem
2.

Os aeródromos foram selecionados dos municípios com voos regulares no ano de


2010, segundo a ANAC e classificados de acordo com a quantidade de passageiros no ano de
2010. Além disso, foram acrescentados os municípios com mais de 10 mil passageiros por
ano em vôos internacionais, segundo a INFRAERO (2010). O tema “outros aeródromos”,
obtido da seleção de aeródromos presentes na base do BITPNLT com atualização em 2010
também foi incorporado.

O tema Ferrovias corresponde, também, a uma adaptação da base do BITPNLT.


Foram incorporadas ao cartograma somente aquelas classificadas como ferrovias em tráfego e
consideradas as mais importantes por estarem em efetivo funcionamento. Além disso, foram
adicionados à camada alguns trechos de importantes ferrovias cujas obras foram concluídas
recentemente, como a Ferrovia NorteSul e a Ferronorte13.

Os dados alfanuméricos concernentes à rede urbana brasileira, disponíveis nas escalas


ordinal e de intervalo apresentam uma lógica origem/destino, representando diferentes
aspectos do relacionamento dos centros com suas áreas de influência, no que diz respeito aos
fluxos materiais. Os dados disponíveis em destino transportes coletivos (IBGE, 2007) se
19
referem ao regular de linhas que circulam à partir de diferentes modais. Somamse a esses
os dados de transporte aeroviário (Aeros, IBGE) carga e passageiros, atribuindo maior peso a
alguns trechos de rede. A partir do o índice de ligações dos municípios (IBGE, 2007) foi
possível agregar o peso da hierarquia da rede urbana brasileira. Os grafos, representativos do
fluxos, foram conformados seguindo essa lógica. Grande parte desses fluxos pode ser medida
direta ou indiretamente, permitindo um acompanhamento qualitativo e/ou quantitativo, a
partir de diferentes parâmetros.

Dessa maneira, no que concerne aos dados disponíveis, existe três situações distintas.
A primeira se aplica à rede transfronteiriça apresentando um conteúdo em escala nominal. A
segunda se refere ao regular de transportes, cujos conteúdos expressos em diferentes

13 Ano de referência 2010.


30

variáveis (vide tabela em anexo) permitem a mensuração nas escalas nominal (tipo de
transporte), ordinal (entre os municípios de origem/destino, frequência) e de intervalo
(número de viagens e o tempo expresso em dias, horas e minutos). A terceira se refere ao
índice de ligação entre os centros e expressa em escala ordinal (vide tabela de variáveis em
anexo) alguns aspectos da hierarquia da rede urbana brasileira.

6.1.2 Das formas de tratamento

Em termos de geoprocessamento, o dado, matéria prima da informação, é a referencia


primitiva de um fato ou evento com um referencial na superfície terrestre (localização),
registrada e armazenada em formato digital. A informação é o ganho de conhecimento
resultante da interpretação dos dados espaciais e não espaciais. A “agregação de valor” que se
dá aos dados espaciais no processo tratamento é o principal componente da produção da
informação geográfica.

Uma vez que o universo dos dados foi devidamente definido, adquirido e referenciado
em metadados, será iniciada uma etapa de tratamento (também registrada em metadados)
tanto no que diz respeito à forma (geométrica e cartográfica), quanto aos conteúdos
alfanuméricos (ou não gráficos). Tratase do processo de unificação e formatação dos dados
préexistentes para uma plataforma única, na qual os diferentes tipos de dados sejam
compatíveis.

As características geométricas dos atributos gráficos são definidas nos três tipos
básicos da topologia das formas vetoriais: os nós, os arcos e os polígonos. Nesse caso, os
atributos não espaciais e espaciais estão originalmente atrelados. Vale ressaltar que as
estruturas originalmente obtidas no formato raster, como os estimadores de densidade
(kernel), passam por um processo de vetorização, a partir do qual a feição poderá tomar parte
no processo de consulta/reatribuição/reclassificação (módulo de análise).

Quanto à forma, surge a necessidade de um conjunto de validações específicas


(cartográficas, topológicas, geográficas e de metadados) que deverão ser definidas
previamente no subsistema de aquisição (figura 1). Antes que os dados sejam devidamente
armazenados (no módulo de armazenamento e controle) os atributos de localização (posição
absoluta e relativa) prescindem de uma etapa de validação cartográfica. Os procedimentos
31

aplicados durante nesta etapa são: verificação e ajuste das feições existentes quanto ao datum ,
sistema de coordenadas e projeção a fim de evitar inconsistências por incompatibilidade ;
análise crítica dos atributos de coordenadas e do sistema de geocodificação por endereços ;
definição formal do processo de georreferenciamento das ocorrências: apontando os
procedimentos de plotagem e as técnicas aplicadas para o ajuste de precisão.

Não obstante, por se tratar de uma estrutura topológica, muitas das classes de feições
armazenadas em um SGDB possuem inconsistências que podem inviabilizar um importante
aspecto da recuperação de dados, as consultas espaciais. Nas estruturas topológicas as classes
de feição têm a capacidade de armazenar uma série de relações espaciais (adjacência,
continência, justaposição, sobreposição, etc.) entre seus componentes e de seus componentes
com os componentes de outras classes.

Vale ressaltar que inconsistências de natureza topológica podem impedir o uso de


muitos operadores espaciais, o que torna imprescindível a etapa de validação topológica.
Tratase de um conjunto de procedimentos de ajuste nos elementos gráficos responsáveis pela
recuperação dos atributos espaciais. Os procedimentos adotados dependem diretamente do
uso de operadores espaciais, bem como de alguns algoritmos de varredura vetorial: validação
de geometria que consiste na verificação e ajuste das formas (arco, nó, polígono e geometrias
híbridas ou compound). Os procedimentos consistem em operações espaciais que visam
detectar pequenas transposições, buracos, cruzamentos e outras deformidades geométricas.

Um tipo muito comum e grave de inconsistência pode ocorrer no ato de conversão de


arquivos. Nessa pesquisa, isso ocorreu em um caso durante as primeiras experimentações com
o software arcgis 10.3, que devido a afinidade com extensões do tipo *.dbf opera com
algumas restrições, como quanto ao nome dos atributos. Nesse caso específico, as classes
perderam toda a comparabilidade, bem como a orientação dos s. Nesse como em muitos
outros casos, a boa interoperabilidade entre as estruturas de dados e formatos de arquivo, bem
como a compatibilidade alfanumérica são fundamentais. A solução mais indicada é a
definição de uma estrutura de armazenamento provisório menos restritiva. Comparando tabela
com a figura é fácil notar o tipo de dificuldade criada pelo que podemos chamar de erro de
processamento.
32

6.2 Análise Espacial

Primeiramente, é preciso ter em mente que uma análise é sempre realizada sobre uma
representação, cujo resultado é uma nova representação a ser analisada. No escopo do
presente trabalho, análise espacial compreende um conjunto de procedimentos encadeados
que resultam na contínua reformulação geográfica, alfanumérica, geométrica e topológica em
um processo de retroalimentação positiva da base de dados. O resultado desse processo de
composição/recomposição e reatribuição/reclassificação das classes de feições por exemplo,
densidades, redes e outros recortes espaciais será novamente incorporado ao subsistema de
armazenamento como novo insumo (figura 1). Dentre as técnicas utilizadas, além do uso dos
operadores espaciais convencionais (junção, contingência, justaposição, interseção, entre
outros), destacamse os operadores espaciais de rede e os estimadores de densidade (kernel)

Teoricamente, “a análise espacial realizada no presente trabalho apresenta duas


vertentes principais, são elas: estatística espacial e geocomputação” (MENESES, 2003 p.53).
A primeira gera modelos matemáticos de distribuição e correlação, os quais incorporam
propriedades de significância e incerteza, resultantes da dimensão espacial. Já a
geocomputação usa técnicas de redes neurais, busca heurística e autômatos celulares para
explorar grandes bases de dados e gerar resultados empíricos (não exatos), com ampla
aplicabilidade prática. Dentre as técnicas da primeira vertente podemos destacar os
estimadores de densidade kernel utilizados na composição das classes de adensamento como
visto nos cartogramas. Foram aplicadas diferentes técnicas de análise espacial com o uso do
SIG.

As técnicas da segunda vertente, predominantes no presente trabalho, consistem em


procedimentos heurísticos de consulta e reclassificação com o uso de operadores espaciais e
operadores de análise de rede utilizando os grafos do IBGE dos modais ferroviário,
rodoviário, hidroviário, aeroviário e de caminhos (disponíveis no endereço eletrônico
anteriormente referido). As análises de conectividade buscam aferir das rotas
transfronteiriças, em conexão com os nós da rede urbana brasileira, o potencial de
interatividade (ou permeabilidade potencial) do território nacional, seja por atividades legais
ou por atividades ilícitas. Apesar da falta de condições de verificação de campo, será possível
por meios indiretos confirmar a efetividade e a relação das rotas analisadas com a rede urbana
brasileira.
33

Com a conjunção de diferentes malhas de grafos orientados foi possível, por meio de
operadores de rede14, estimar rotas de entrada (e saída) para o território nacional. isso implica
identificar as pertinências de uma topologia complexa (espaços e subespaços; densidades;
tipos de articulação), que “desafia a perspectiva geométrica usual das ordenações territoriais”
(MACHADO, 19951, 88p.).

O estudo combina a análise de aspectos qualitativos e quantitativos para aferir a


integração (ou permeabilidade potencial) da Zona de Fronteira com o território dos países
vizinhos. Para realizar a análise conjunta desses dois aspectos, se fez necessário
compatibilizar dados originalmente dispostos em diferentes escalas de mensuração. Por um
lado, em escala nominal, as tipologias utilizadas para as feições de Zona de Fronteira
representam a diversidade das redes. Nesse sentido, alguns padrões já conhecidos se fizeram
notórios, sobretudo no que diz respeito às formas de conectividade. Por outro lado, as
mensurações da frequência e magnitude de alguns fluxos de pessoas e mercadorias a partir
dos dados de transporte15 e fluxos de rede urbana da base REGIC (IBGE, 2013), dão uma
ideia mais acurada da intensidade de interação e da vazão dos vetores.

Os relacionamentos foram materializados por meio de operações espaciais e/ou não


espaciais. Procedimentos heurísticos foram adotados para apontar tanto à pertinência, quanto
às combinações entre as variáveis de tempo e espaço. Uma “heurística de disponibilidade”
afere sobre a frequência de dados segundo a facilidade com que similaridades vêm à mente
mediante concentração/atenção (Kahneman 2012, Parte 4). Já a “heurística de avaliabilidade”
se refere ao processo no qual as tomadas de decisão são feitas e mudam conforme as
“contingências”. Na prática, isto significa que a experiência adquirida com o manejo dos
dados (com ênfase na análise espacial) constitui um importante componente do método.

Como corolário, vale considerar que todas as feições (leiase formas) apresentam um
conteúdo relativo, de cujas variáveis revelam diferentes características, mensuráveis no que
diz respeito ao tempo e a magnitude das relações de troca material. Os principais resultados
derivam das análises referentes às relações da rede urbana brasileira com as conexões

14 A consiste na construção de grafos orientados, a partir da conjunção das malhas de transporte


(dataset). Com o uso do módulo network analisys, do software Arqgis 10.2, as rotas foram estimadas
como caminhos preferenciais em direção ao centro imediatamente adjacente, situado na faixa de
fronteira brasileira.
15 Obtidos das respectivas tabelas Destino Transportes Coletivos e Destino Demais Temas (IBGE,
2007), disponíveis em ftp://geoftp.ibge.gov.br , acessado em diferentes ocasiões, desde 2012.
34

possíveis de entrada (e saída) para o território nacional, assim como das densidades
pertinentes a esse processo.
35

7 Representação

Muito embora essa etapa se confunda com a apresentação dos resultados, é importante
destacar que os processos de análise propostos no item anterior são postos em prática à
medida que as formas de representação são construídas e finalizadas. Deste modo, os
processos de análise e representação são dinâmicos e interdependentes, de modo que se
sucedem intercaladamente.

Os conceitos e métodos propostos para representar os entes espaciais dependem dos


recursos presentes em um SIG para serem aplicados . Os cartogramas e tabelas aqui expostos ,
embora sejam parte do resultado das referidas análises, se limitam a uma representação
fragmentada e estática, pois não revela a correlação entre forma e conteúdo.

7.1 Zona de Fronteira, Zona de Fronteira e o Espaço topológico

Ao lado das cidades gêmeas há um conjunto de feições de interseção com os países


vizinhos, aos quais se aplica ao conceito de Zona de Fronteira. Essas redes de translado
constituem o principal objeto de estudo. Objetivamente, a área de estudo abrange o conjunto
de municípios brasileiros na Zona de Fronteira16, mas incluiu excepcionalmente elementos de
importância regional situados fora da faixa, que exercem função central no direcionamento
dos fluxos (é o caso de Manaus e sua influência no Arco Norte).

A dimensão territorial da Zona de Fronteira abrange aproximadamente 15 mil km de


extensão, abriga 6% da população brasileira e compreende 588 municípios, situados em 11
Estados cujas fronteiras internacionais os tornam vizinhos de 10 países. As unidades
políticoadministrativas do Brasil localizadas na Zona de Fronteira estão sujeitas a regras de
segurança nacional, como no tocante a obras públicas de engenharia civil, participação de
estrangeiros em propriedades rurais ou empresas nestas áreas, concessões de terras e serviços
e auxílio financeiro do governo federal; secundariamente, no tocante a gratificação especial de
localidade17. Vale dizer que os países fronteiriços ao Brasil também possuem regimes

16 Municípios brasileiros com área total ou parcialmente localizada na Faixa de Fronteira, que é a
faixa interna de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional. Tais
municípios constam em cadastro nacional (Cadastro de Municípios Localizados na Faixa de
Fronteira), onde foram classificados como: fronteiriço, parcial ou totalmente na faixa, referências da
sede a linha de fronteira e ao limite da faixa interna.
17 De acordo com a Lei nº 6.634, de 02/05/79, regulamentada pelo Decreto nº 85.064, de 26/08/80
36

específicos às suas respectivas fronteiras. Entretanto, ao menos até 2009, somente Bolívia e
Peru possuem Zona de Fronteira estabelecida em suas cartas magnas, ambas indicando uma
faixa de 50 km a partir de sua linha de fronteira.

A linha limítrofe, que possui cerca de 15000 km de comprimento, conformada a partir


de descritivos de do território brasileiro é comunmente apresentada em três grandes
segmentos, curiosamente denominados arcos de fronteira. No contexto do presente trabalho, o
termo ganha uma expressão potencializada pela deferência dada à noção de topologia. Em
uma estrutura topológica, semelhante a das classes de feições aqui utilizadas , um arco
representa a junção de dois nós que marcam , ao longo da linha conformada, a separação entre
duas áreas adjacentes, assinalando, por definição algum tipo de limite. No caso dos arcos de
fronteira, essas noções se misturam, isto é, os arcos de fronteira são duplamente topológicos.

Para Machado, apesar dos efeitos causados pelo limite formal do Estado, o conceito de
Zona de Fronteira aponta para “um espaço de interação, uma paisagem específica, com espaço
social transitivo, composto por diferenças oriundas da presença do limite internacional, e por
fluxos e interações transfronteiriças”. (MACHADO, 2004, p.5). Isso incorre na conformação
de uma topologia extremamente complexa, que “desafia a perspectiva geométrica usual das
ordenações territoriais” (MACHADO, 19951, 88p.). Nesses espaços, são articulados
"verticalmente", lugares, indivíduos, organizações, situados em níveis escalares distintos, e,
"horizontalmente", pontos do território, sem que sejam obedecidas as restrições de
contiguidade (Santos,1994; Machado,1995).

No que tange ao espaço topológico da Zona de Fronteira, devemos considerar


primeiramente que a noção de espaço topológico utilizada no presente trabalho deriva de um
conceito matemático básico da teoria dos conjuntos. Tratase da estrutura geométrica que
permite a formalização de conceitos tais como convergência, conexidade e continuidade. No
mundo real, os entes espaciais analíticos são híbridos de materialidade e relações sociais,
incorporando elementos geográficos aos elementos geométricos. No ambiente computacional
dos Sistemas de Informações Geográficas, a topologia pode ser definida pelo conjunto das
interações entre as classes de feições compostas de diferentes elementos geométricos, isto é,
dos três tipos básicos da topologia das formas vetoriais (arco, nó e polígono) e seus atributos
não gráficos associados. Ao mesmo tempo, ela é a representação de um sistema complexo,
composto de uma série de elementos que tornam inteligível toda a gama de interatividades
37

possíveis naquele recorte do território e que abrangem os âmbitos econômico, financeiro,


fiscal, diplomático, militar, e político (SANTOS, 1996, p.179).

O cartograma 1 apresenta um recorte inicial para a área de estudo constituído pelos


Municípios na Zona de Fronteira e suas respectivas áreas urbanas. Para os limites fronteiriços
dos países vizinhos, foram escolhidas as subdivisões distritais equivalentes em cada país aos
municípios brasileiros – situados na faixa de 150 km dos limites com o Brasil. As ligações
internas serão representadas pelas áreas hierarquicamente integradas à rede urbana brasileira
(ligações internas) via setores urbanos. Concordemente, as ligações externas serão
representadas pelas rotas transfronteiriças estimadas a partir dos diferentes modais de
transporte material (rodoviário, hidroviário, ferroviário, aeroviário).

O cartograma 2 apresenta um panorama dos Pólos de articulação urbana (tabela em


anexo: Pólos de articulação imediata; intermediária e ampliadas) localizados na Zona de
Fronteira e suas respectivas ligações com Pólos fora da faixa em 2010. A escolha dos Pólos
teve como critério, segundo dados do IBGE (2010), a existência e o volume de ligações (carga
e passageiros) em múltiplos modais de transporte (rodoviário, ferroviário, hidroviário e
aeroviário). A centralidade foi calculada pelo total dos fluxos aferidos das bases de Destino
Transporte Coletivo (IBGE,2007), Redes e Fluxos no Território (IBGE, 2010) , Ligações
Entre Centros de Gestão do Território, com os centros ordenados pela soma dos pontos
alcançados, definindose oito níveis de centralidade: máximo, muito forte, forte, forte para
médio, médio, médio para fraco, fraco e muito fraco conforme indicado nas tabelas em anexo.
38

Cartograma 1:Setores Urbanos (IBGE, 2010) na Zona de Fronteira em 2010

A confecção do cartograma 1 foi feita com base em operadores espaciais simples.


Primeiramente, foram recuperados os municípios da Zona de Fronteira por meio do operador
touch, ou seja, após a definição da faixa de 150 km foram extraídos da malha municipal do
39

IBGE (2010) os municípios subjacentes a ela. Quanto aos limites internacionais, foram
recuperadas as subdivisões dos países limítrofes que equivalem à divisão municipal que em
sua maioria eram denominadas províncias e departamentos18 e que estão à cerca de 150 km do
limite com o Brasil19. Em seguida foi recuperado o conjunto de setores urbanos brasileiros
contidos na Zona de Fronteira.

7.1.2 A representação das densidades

Para estabelecer uma visão panorâmica introdutória da área de estudo, e dos aspectos
mais relevantes do potencial de integração, apontando o foco para uma escala de detalhe, a
representação mais adequada dos eventos e das entidades é a dos seus principais
adensamentos. A noção de “densidade” foi escolhida para representar a abrangência , o grau e
do tipo de desenvolvimento econômico, ou de qualquer outra natureza, de modo a subsidiar a
delimitação das subregiões e estabelecer sua tipologia. A noção de densidade aponta para o
fato de que, entre outras coisas, o desenvolvimento se dá de forma desigual, tanto nos lugares
como entre os lugares. Cada lugar ou local pode abrigar outros tipos de densidade que não só
a econômicoprodutiva, como é o caso da densidade social, culturalsimbólica e étnica.

Este tema foi elaborado a partir da atribuição de valores às principais redes de


transporte, rodoviária, hidroviária e ferroviária, de acordo com a capacidade e o peso do
modal na rede brasileira. Nesse sentido, esta camada busca destacar quais áreas ou regiões do
território brasileiro são mais acessíveis por toda a rede de transportes implantada. A densidade
da rede de transportes permite compreender como estão distribuídas as rodovias, hidrovias e
ferrovias pelo país, evidenciando as áreas que possuem mais ou menos acesso à infraestrutura
logística.

Por meio da análise panorâmica das densidades é possível notar alguns “vazios
logísticos” onde a rede de transporte é mais escassa, como o interior do Nordeste; a região do
Pantanal, excetuandose a área de influência da hidrovia do Paraguai; e o interior da floresta
amazônica, à exceção do entorno das hidrovias SolimõesAmazonas e a do Madeira. Também
foi possível notar que, apesar da extensa linha de fronteira do Brasil com o Peru, a Bolívia e a

18 É importante dizer que em alguns países (como a Bolívia) a província é a subdivisão do


departamento, muito embora seja mais comum o contrário (como no caso argentino).
19 Vale ressaltar que esse valor foi arbitrado com base na definição brasileira para faixa, embora
saibamos que alguns países não possuem Faixa de Fronteira e em outro a faixa tem valores bem
diferente para essa definição. É o caso da Bolívia que aplica o valor de 50 km para sua delimiteção de
Faixa.
40

Colômbia, é na fronteira com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai – países que, junto ao


Brasil, compõem o Mercosul desde sua criação que as interações entre os países vizinhos são
mais dinâmicas (IBGE, 2014).

Quanto às técnicas, o algoritmo de kernel foi utilizado para estimar as densidades, a


partir da extensão dos grafos ou do número de pontos, como no caso dos aeródromos. A
técnica utiliza uma função de ponderação mais complexa que a média simples ou o inverso do
quadrado da distância. Essa classe de estimadores é descrita na literatura como kernel
estimators, ou estimadores de densidade não paramétricos. Seu objetivo é produzir superfícies
mais suaves, mais representativas de fenômenos naturais e socioeconômicos.
41

Cartograma 2: Densidade Hidroviária Estimada na Zona de Fronteira

O cartograma 2 apresenta a densidade estimada dos deslocamentos hidroviários.


Foram escolhidos os trechos com trafego conhecido (hidrovias) ou aquele com deslocamento
42

potencial definido a partir da espessura do curso d’água20. Os parâmetros de densidade foram


definidos com raio de 32 células e resolução espacial de 50 metros. Além disso, dentre os
trechos escolhidos, os nós de bifurcação receberam peso 2 enquanto que as hidrovias
receberam peso 3. A densidade aeroviária (cartograma 3) foi definida de maneira mais
simples, os aeródromos internacionais ganharam peso 2 e os demais receberam peso 1.

O cartograma 4 representa a densidade rodoviária na Zona de Fronteira. Nesse caso


foram atribuídos pesos proporcionais ao número de junções em cada nó. Por fim, a densidade
de rotas transfronteiriças possíveis foi aferida da conjunção das malhas viárias que cruzam o
limite internacional. Após a junção dos grafos disponíveis (IBGE, BCIM 2010, rodovias,
aeródromos, trechos) foi aplicado o algoritmo estimador de densidade kernel com pesos
distintos para cada um dos elementos gráficos referentes a cada modal de transporte. Além do
peso atribuído de acordo com o número de amarrações de cada nó, o número de modais, bem
como a interseções entre eles ganham peso proporcional na representação. Por exemplo, o
extremo sul do território brasileiro é de longe o mais adensado de rotas possíveis, pois, além
de comportar uma malha rodoviária muito densa, conta com a existência de múltiplos modais,
inclusive com ferrovias que fazem conhecidas rotas de translado.

20 Além da espessura dos cursos d’água os grafos hidrográficos do IBGE (BCIM, 2007)apontam os
trechos com interrupção. Foram escolhidos os trechos sem interrupção, cuja espessura fosse superior a
30 m.
43

Cartograma 3: Densidade Aeroviária Estimada na Zona de Fronteira


44

Cartograma4: Densidade Rodoviária na Zona de Fronteira


45

Cartograma5: Densidade Estimada de Rotas Transfronteiriças


46

7.1.3 As redes e a sua representação na Zona de Fronteira

Considerado conceitochave no escopo do presente trabalho, as redes são de


fundamental importância para a compreensão de todas as formas de interatividade espacial,
sendo imprescindível para criar uma noção geográfica de espaço topológico. No entanto,
antes de aceitarmos o termo rede como eminentemente geográfico, tal como está no
Dicionário da Geografia (Dictiònnaire de Ia Géographie, 1970, pp. 336368, apud SANTOS,
1996 p.174), dirigido por P. George, algumas considerações são indispensáveis.

Em primeiro lugar, vale lembrar que, de um modo geral, a despeito da imprecisão


provocada pelo caráter polissêmico que o vocábulo vem assumindo na história dos conceitos,
a noção de rede está relacionada ao conjunto de interações, espontâneas ou deliberadas, entre
os elementos de um determinado fenômeno natural ou social. Desta maneira, a rede se
aproxima da noção de sistema complexo21.

O termo rede foi introduzido no campo científico no início do século XIX, por
Lavoisier, no estudo das substâncias químicas (D.Parrochia, 1993, p. 21. Apud SANTOS ,
1996 ,p. 178). Nesse âmbito, o termo se refere às formas de interação e comunicação entre as
substâncias, tendo sido incorporado ao vocabulário da química clássica. Em âmbito
geográfico, ainda no século XIX, o termo é utilizado por SaintSimon (DIAS, 1995) como
metáfora organicista para o território. Ele comparou à necessidade de integração do território
francês a importância da circulação sanguínea na manutenção da vida dos tecidos (como a
descrita por Miguel de Servet no século XVI).

Nas ciências sociais o termo aparece com três usos possíveis (MARQUES, 2000, apud
DIAS, 2001, p.62): como metáfora; uso normativo e como método. O primeiro uso parte da
ideia de que os atores sociais estão sempre interconectados entre si. O segundo reside na
associação normativa e pragmática entre certos componentes de um processo. O melhor
exemplo é do sistema produtivo da indústria, onde diferentes unidades interagem remota e
simultaneamente – muitas vezes em diferentes países – na confecção de um mesmo produto.

21 A definição aparece em 1839 como “qualquer sistema complexo de interconexão” (originalmente


em referência ao transporte por rios, canais e ferrovias). Online etymology dictionary. Disponível em
www.etymonline.com
47

O terceiro uso possível considera a rede como método para descrever e analisar os padrões de
relação entre seus componentes22.

Para Santos, as redes podem ser definidas a partir de duas perspectivas distintas
(SANTOS, 1996). A primeira está relacionada às ciências da natureza, que considera
prioritariamente o aspecto material dos seus componentes. A segunda visão considera
predominantemente os aspectos sociais e políticos, nessa perspectiva a “rede constitui mera
abstração” (SANTOS, 1996. p.176). C. Raffestin (1980, pp. 148 167), apresenta em sua
geografia do poder uma visão das redes espaciais, onde considera os aspectos não materiais e
materiais como indissociáveis. Para C.Raffestin (1981, apud Machado, 1998, p.45), as redes
constituem um meio relativamente novo de produzir o território. Redes de diferentes tipos se
apresentam hoje como as principais formas de estruturação das bases produtiva e
sóciocultural. Ela está intimamente integrada a fenômenos socioespaciais, sobrejacentes em
diferentes escalas de abrangência, e não deve ser tratada isoladamente, possuindo íntimas
relações com o processo de urbanização, com a divisão territorial do trabalho.

As redes acrescentam uma topologia sobrejacente à topografia (P. Musso, 1994, p.


256, apud SANTOS, 1996 P.179). Produto de interações espaciais, a rede é o instrumento que
viabiliza a circulação e a comunicação, sendo componente fundamental na articulação e na
desarticulação territorial. N. Curien definiu rede como:

Toda infra-estruturar, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação,


que se inscreve sobre um território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de
acesso ou pontos terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de bifurcação ou de
comunicação" (CURIEN, 1988, p, 212, apud SANTOS, 1996. p. 176).

É importante ressaltar, que algumas formas de interação em rede independem do


deslocamento de pessoas e/ou mercadorias – como é o caso das atividades transacionais. Nos
circuitos financeiros, por exemplo, o monetário parte rumo aos centros de confluência (hubs
financeiros ou paraísos fiscais), em seguida se dilui em operações de capital. Assim, é sabido
que apenas pela observação das relações de adjacência, ou pelo conjunto de variáveis
endógenas que conformam o lugar, não é possível se obter entendimento suficientemente
abrangente sobre as formas de interações espaciais existentes na fronteira.

22 MARQUES. Eduardo, C. Estado e Redes Sociais. Rio de Janeiro: Revan; São Paulo, FAPESP.2000
p.350.
48

Em âmbito mais específico, sob uma perspectiva aplicada e geográfica, a diversidade


das redes pode ser apreendida através de uma classificação simples. Nesse sentido, Machado
(1998) classifica as redes como: “redes naturais (rede fluvial; rede de caminhos), redes
infraestruturais ou técnicas (transporte; comunicação), redes transacionais (poder econômico
político), redes informacionais (cognitivas)” (MACHADO, 1998, p.46). Seguindo esta noção,
a utilização das redes como instrumento heurístico se deve à representação da ação à
distância, que se associa, assim, à extensão territorial (MACHADO, 1998, p.42).
Considerando a noção apresentada por Machado (idem) foi possível estabelecer uma
definição mais simples para as redes transfronteiriças aqui consideradas. Os padrões de
conectividade foram estabelecidos com base em ...

7.1.4 As redes transfronteiriças

Como já foi dito, os fluxos fronteiriços e transfronteiriços (lícitos e ilícitos) consistem


não apenas de pessoas e mercadorias que afluem na rede urbana brasileira. No entanto, o
presente estudo tem como base as principais ligações de transportes regulares, em particular
as que se dirigem aos centros de gestão, bem como os principais destinos para obter produtos
e serviços (compras em geral, educação superior, aeroportos, serviços de saúde, aquisição de
insumos e destino dos produtos agropecuários). Nesse âmbito, conformamse circuitos ou
redes superpostos em diferentes níveis. Uma mesma área pode ser recoberta por uma
infinidade de redes, na qual cada uma delas desempenha um papel diferente segundo a
intensidade, a natureza e a contiguidade/não contiguidade espacial das relações. A posição
geográfica de proximidade ao país vizinho é um atributo que confere a muitas aglomerações
urbanas forte potencial para atuarem como nódulos articuladores de redes locais, regionais,
nacionais e transnacionais

Veltz (1996) chama territóriorede o espaço facilitado pelas redes de comunicações e


transportes, caracterizados pela linearização do crescimento. Sobre a conformação dessas
redes, vale ressaltar que, à medida que as transações transfronteiriças aumentam, também
aumentam as redes que conectam certas configurações de cidades. Nesse sentido, o
crescimento do P.I.B municipal (vide gráficos em anexo) se torna relevante para a
compreensão da formação “de geografias transfronteiriças específicas” que conectam certos
conjuntos de cidades. O resultado é o reescalonamento dos lugares estratégicos que articulam
o novo sistema (Machado, 2002) . Ainda segundo Veltz (1996), os Pólos e redes em
49

movimentos desenham uma geografia complexa e paradoxal, na qual a própria noção de


centro e periferia tornase menos pertinente e as relações em rede, de polo a polo,
conformando “malhas horizontais complexas de atividades e de lugares” descrevem essas
relações transfronteiriças melhor do que as hierarquias verticais tradicionais.

Conforme apresentado no subitem 6.4, tratase aqui da junção de ao menos duas redes,
cujos dados estão dispostos em diferentes escalas de mensuração. Por meio da conjugação
dessas duas redes é possível compreender alguns aspectos da permeabilidade potencial do
território nacional em relação aos países vizinhos. A primeira pode ser chamada de rede
transfronteiriça e consiste no conjunto das rotas estimadas a partir de técnicas de análise de
redes aplicadas sobre as malhas viárias dos diferentes modais de transporte 23. Ao atravessar o
limite territorial do Brasil, essa primeira rede se conecta imediatamente à rede urbana
brasileira, cuja atratividade será analisada a partir dos Pólos de articulação urbana (IBGE,
2010), situados em municípios da Zona de Fronteira (cartograma 2). Portanto, em relação às
ligações entre núcleos urbanos, cabe ressaltar que os dados estão agregados por par de
ligação, não importando, em termos vetoriais, o seu sentido. Este exercício de simetria
permite perceber as relações entre as cidades em uma perspectiva de bilateralidade
(IBGE,2014).

O cartograma 6 apresenta os Pólos de articulação urbana obtidos da conjunção dos


dados gravitacionais (passageiros e carga, IBGE, 2010), destino transporte coletivo, destino
demais temas , bem como do Índice de Ligações Entre as Cidades (Iden). A partir desses
últimos foram construídos os grafos representados no referido cartograma. A escolha dos
Pólos teve como critério a existência a regularidade e o volume24 , em múltiplos modais de
transporte (rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário).

23 É importante deixar claro, que por se tratar de rotas possíveis, a ideia de “terminações” abrange as
áreas até de 500 m do ultimo ponto de um determinado modal (ou o ponto, no caso do modal
aeroviário)
24 Os dados referentes aos s de carga e passageiros foram obtidos da base de ligações aéreas (IBGE ,
2010), os demais modais não possuem essas referências.
50

Cartograma 6: Redes e Pólos De Articulação Urbanos Localizados na Zona de Fronteira e


Suas Respectivas Ligações com Pólos Fora Da Faixa em 2010

O cartograma 6 apresenta os Pólos de articulação urbana obtidos da conjunção dos dados


gravitacionais (passageiros e carga, IBGE, 2010), destino transporte coletivo, destino demais
temas , bem como do Índice de Ligações Entre as Cidades
Cidades(Iden).
(Iden). A partir desses últimos
foram construídos os grafos representados no referido cartograma.
51

Tabela 1: Pólos de Articulação Urbana na Faixa de Fronteira


ARCO DE ZF UF NOME

ARCO NORTE RO Porto Velho


ARCO NORTE RO Vilhena
ARCO NORTE AC Cruzeiro do Sul
ARCO NORTE AC Rio Branco
ARCO NORTE AM Barcelos
ARCO NORTE AM Boca do Acre
ARCO NORTE AM Lábrea
ARCO NORTE AM São Gabriel da Cachoeira
ARCO NORTE AM São Paulo de Olivença
ARCO NORTE AM Tabatinga
ARCO NORTE RR Amajari
ARCO NORTE RR Boa Vista
ARCO NORTE PA Almeirim
ARCO NORTE PA Oriximiná
ARCO SUL PR Cascavel
ARCO SUL PR Foz do Iguaçu
ARCO SUL PR Francisco Beltrão
ARCO SUL PR Laranjeiras do Sul
ARCO SUL PR Marechal Cândido Rondon
ARCO SUL PR Palmas
ARCO SUL PR Pato Branco
ARCO SUL PR Toledo
ARCO SUL PR Umuarama
ARCO SUL SC Chapecó
ARCO SUL SC Concórdia
ARCO SUL SC Maravilha
ARCO SUL SC Pinhalzinho
ARCO SUL SC São Lourenço do Oeste
ARCO SUL SC São Miguel do Oeste
ARCO SUL SC Xanxerê
ARCO SUL RS Alegrete
ARCO SUL RS Bagé
ARCO SUL RS Caçapava do Sul
ARCO SUL RS Carazinho
ARCO SUL RS Cerro Largo
ARCO SUL RS Cruz Alta
ARCO SUL RS Erechim
ARCO SUL RS Frederico Westphalen
ARCO SUL RS Ibirubá
ARCO SUL RS Ijuí
ARCO SUL RS Palmeira das Missões
ARCO SUL RS Pelotas
ARCO SUL RS Rio Grande
ARCO SUL RS Santa Rosa
ARCO SUL RS Santiago
ARCO SUL RS Santo Ângelo
ARCO SUL RS Santo Augusto
ARCO SUL RS São Borja
ARCO SUL RS São Gabriel
ARCO SUL RS São Luiz Gonzaga
ARCO SUL RS Tenente Portela
ARCO SUL RS Três de Maio
ARCO SUL RS Três Passos
ARCO SUL RS Uruguaiana
ARCO CENTRAL MS Aquidauana
ARCO CENTRAL MS Bonito
ARCO CENTRAL MS Corumbá
ARCO CENTRAL MS Dourados
ARCO CENTRAL MS Mundo Novo
ARCO CENTRAL MS Naviraí
ARCO CENTRAL MS Ponta Porã
ARCO CENTRAL MT Araputanga
ARCO CENTRAL MT Cáceres
ARCO CENTRAL MT Mirassol d'Oeste
ARCO CENTRAL MT Pontes e Lacerda
ARCO CENTRAL MT Tangará da Serra
Fonte: IBGE (2010)

Por definição, os arcos de fronteira correspondem a um subconjunto imediato de


subregiões (IBGE, 2007) adjacentes aos países vizinhos. É importante mencionar, que apesar
da grande importância do conceito de região, ele nos pareceu uma alçada fora do escopo
dessa pesquisa, podendo ser incluído trabalhos ulteriores. Isso se deu, sobretudo pelo fato de
que as subregiões formalmente definidas no âmbito do IBGE podem ser conflitantes com o
próprio conceito de Zona de Fronteira, devido ao fato de terem como parâmetro um limite
preciso, regulado pelos limites territoriais do Brasil.
52

Cartograma7: Arcos e Regiões de Fronteira

Fonte/Elaboração: Grupo RETIS (mapa compilado)

As análises apresentadas nos itens a seguir buscam combinar as feições representativas


da permeabilidade potencial no Arco Central, Arco Norte e Arco Sul. Notese nos exemplos a
seguir, que ao aplicar um atributo de classe de interatividade ao conjunto de rotas, o
mapeamento adquire um novo grau de detalhe. No caminho inverso; a existência de múltiplas
conectividades poderá revelar ou indicar a existência de um tipo padrão. Apesar da grande
quantidade de informação presente nos cartogramas, é possível perceber que em ambos os
casos o material de entrada (ou saída) do território nacional percorre um caminho
preferencial em direção aos Pólos de articulação urbana. Vale ressaltar que essas redes
encontram um ambiente que favorece o estabelecimento de nódulos de articulação
transnacionais (vide imagem 1), particularmente nas cidades situadas na divisa internacional.
53

Como insumo complementar foram calculados os segmentos de linha de fronteira por


município lindeiro nos três arcos. Os valores foram obtidos de forma simples, após
discriminar as linhas limítrofes continentais do Brasil, foram calculados os comprimentos dos
trechos correspondentes a cada município limítrofe25.

7.1.5 Arco Norte

Arco Norte abrange 6 subregiões: Alto Solimões; Alto Juru;, Vale do Acre – Purus;
Parima Alto Rio Negro; Campos do Rio Branco e OiapoqueTumucumaque. O arco
compreende 38 municípios imediatamente adjacentes à 7 países (Bolívia, Peru, Colômbia,
Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa). A linha limítrofe correspondente ao Arco
Norte possui aproximadamente 8300 km, se incluirmos o litoral do estado Amapá.
De acordo com o Ministério da Integração Nacional (2004), A maior parte da linha de
fronteira nas subregiões do Arco Norte, pode ser classificada como zonatampão natural
(montanhas, florestas) e zonatampão indígena. o grande tamanho dos municípios no Arco
Norte (Amazônia) explica a mais alta proporção de municípios com sede fora da Faixa, assim
como a intensa subdivisão da malha municipal.

25 Os valosres são bastante generalizados, com precisão concernente às escalças de mapeamento


1:100000, (fonte:DSG). Eles foram obtidos automátivcamente por meio da ferramenta de cálculo de
distância do software Arcgis 10.2, com parâmetros de datum horizontal SIRGAS 2000
54

Cartograma 8: Municípios na Zona de Fronteira e Pólos de Articulação Urbana no Arco


Norte

Tabela 2: extensão da linha de fronteira correspondente


à cada município limítrofe no Arco Norte
Nome município Linha limítrofe (km)
Almeirim 123,1
Alto Alegre 149,1
Amajari 786,4
Assis Brasil 216,6
Atalaia do Norte 905,8
Barcelos 303,8
Benjamin Constant 36,9
Bonfim 247,8
Brasilâia 136,1
Capixaba 72,0
Caracaraí 101,0
Caroebe 98,2
Cruzeiro do Sul 70,6
Epitaciolândia 61,4
Feijó 166,2
Iracema 94,4
Japurá 343,2
Jordão 57,1
Laranjal do Jari 279,4
Mâncio Lima 137,5
Manoel Urbano 38,7
Marechal Thaumaturgo 225,0
Normandia 144,4
Óbidos 1,1
Oiapoque 468,7
Oriximiná 731,9
Pacaraima 181,8
Plácido de Castro 101,7
Porto Walter 51,5
Rodrigues Alves 55,3
Santa Isabel do Rio Negro 337,0
Santa Rosa do Purus 228,3
Santo Antônio do Içá 140,1
São Gabriel da Cachoeira 1045,5
Sena Madureira 31,7
Tabatinga 66,3
Uiramutã 367,3
Xapuri 75,1

Fonte:IBGE 2010
55

Cartograma 9: Centralidade de Manaus

Venezuela Guiana

Colômbia Guiana
Suriname Francesa

Peru

Bolívia

A centralidade de Manaus é aqui representada pela composição de grafos que


resultaram da união de diferentes bases de dados, concernentes à logística da rede urbana
brasileira. A união consistiu de uma fusão dos dados de transporte (estinos Transportes
Coletivos, IBGE 2007, atualizada para 2010) com os dados do regic, considerando todas as
classes de origem (rede regic
gic IBGE 2010), complementada pelas redes de transporte que dão
acesso ao extremo do território (redes transfronteiriças).

Ao observarmos o cartograma 8, é possível notar as funções central da capital


amazonense. Esses vetores estão interconectados a 10 aglomerados urbanos equivalentes aos
Pólos de articulação urbana (Cruzeiro do Sul, Rio Branco, Barcelos, Boca do Acre, Lábrea,
56

São Gabriel da Cachoeira, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Amajari e Boa Vista) dos 12
nesse recorte da Zona de Fronteira.

Vale ressaltar que Manaus, apesar de ter perdido a vinculação preferencial com as
demais capitais do Arco Norte (IBGE, 2014) para os centros nacionais como São Paulo e
Brasília , sobretudo a partir da década de 1990, a partir da metade da década de 2000, esse
quadro começa a apresentar alguns sinais de mudança, como se pode observar nos gráficos
abaixo.

Figura 2: Evolução de Carga e Passageiro Modal Aeroviário Boa Vista Manaus 1972/2005
Carga kg Numero de Passageiros

3000000 160000

140000
2500000
120000
2000000
100000

1500000 80000

60000
1000000
40000
500000
20000

0 0

CARGA_2010_KG
PASSAGEIROS_2010

Figura 3: Evolução de Carga e Passageiro Modal Aeroviário Porto Belém Manaus


1990/2005
Numero de
Carga kg Passageiros

8000000 200000

7000000 180000
160000
6000000
140000
5000000
120000
4000000 100000
80000
3000000
60000
2000000
40000
1000000
20000
0 0

CARGA_2010_KG
PASSAGEIROS_2010

A atração urbana exercida pelas outras capitais situadas no Arco Norte, Rio Branco e
Boa Vista é bem menos significativa. Manaus, mesmo estando fora da Zona de Fronteira, se
sobressai pelo conjunto de possíveis vetores de entrada (e saída) do território brasileiro em
sua esfera de atração no Arco Norte. Vale destacar, que os municípios de Almeirim e
Oriximiná possuem posições intermediária nessa conexão, devido à maior distância dos países
vizinhos e da menor relevância quanto as conexões com esses países. No entanto, se
57

considerarmos a importância central de Manaus nesse processo de integração, os referidos


municípios ganham importância relativa.

Cartograma10: Zona de Fronteira no Extremo Leste da Fronteira Oiapoque Guiana


Francesa

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

O cartograma 10 representa a permeabilidade potencial no extremo leste da Zona de


Fronteira na Subregião do Oiapoque–Tumucuma pelo município de Oiapoque (AP) com seus
7.842 habitantes (IBGE, 2010) e, mais ao sul do município do Oiapoque a partir de um setor
do distrito de Clevelândia do Norte. A região, como na maior parte do ArcoNorte, um tipo
zonatampão natural (montanhas, florestas) e zonatampão indígena.
58

Os setores urbanos do município de Oiapoque estão conectados SainGeorges de


l’Oyapock, na Guiana Francesa, distante apenas cerca de 4 km do centro de Oiapoque.
SainGeorges de l’Oyapock possui conexão rodoviária (pela Route de L’est) com áreas mais
desenvolvidas do país; e hidroviária Rivière Yaloupi e Rivière Gamopi com áreas remotas
mais próximas da fronteira sul com o Brasil.
Tabela3: Destino Transportes Coletivos para Oiapoque
Código
do Nome do Número
Código de
Nome município município de Tipo de Freqüência Minutos Horas Dias
município
de destino viagens
destino
Vitória do
150835 150140 Belém b 2 S 3
Xingu
Vitória do Senador José
150835 150780 b 2 D 30 1
Xingu Porfírio
Vitória do
150835 160030 Macapá b 2 S 6 1
Xingu
Serra do
160005 160030 Macapá r 1 D 4
Navio
160010 Amapá 160030 Macapá r 2 D 4
160010 Amapá 160020 Calçoene r 1 D 20 1
160010 Amapá 160050 Oiapoque r 1 D 4
160010 Amapá 160070 Tartarugalzinho r 1 D 1
Pedra Branca
160015 do 160005 Serra do Navio r 3 D 30
Acartogramarí
Pedra Branca
160015 do 160030 Macapá r 1 D 40 3
Acartogramarí
160020 Calçoene 160030 Macapá r 2 D 30 6
160020 Calçoene 160050 Oiapoque r 1 D 4
160021 Cutias 160030 Macapá r 2 D 30 2
Ferreira
160023 160030 Macapá r 3 D 2
Gomes
160025 Itaubal 160030 Macapá r 2 D 20 2
160040 Mazagão 160030 Macapá r 8 D 40 1
160040 Mazagão 160030 Macapá b 1 D 2
160053 Porto Grande 160030 Macapá r 3 D 2
160053 Porto Grande 160005 Serra do Navio r 2 D 2

Fonte:IBGE 2010

Vale ressaltar, que embora não se trate de uma área isolada do restante do território
brasileiro – haja vista a existência de uma malha rodoviária consolidada conectada ao
território vizinho , essa área possui uma integração bastante restrita com a rede urbana
brasileira. Em primeiro lugar, não há conexão com nenhum dos Pólos de articulação definidos
no âmbito do presente trabalho.
59

Cartograma11: Centralidade de Boa Vista

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


60

A Zona de Fronteiras no extremo norte de Roraima Subregião Campos do Rio Branco


(Subregião Cultural Campos do Rio Branco) foi ocupada por frentes agrícolas, notadamente
pela expansão da soja. No entanto, recentemente, essa área tem sido marcada pelo advento de
uma zona tampão que se deve a efetivação de terras indígenas que estiveram no centro de um
grande embate com agricultores da região, que teve recentemente um desfecho favorável aos
índios.

O cartograma 11 representa a conjugação das conexões no extremo norte do território


brasileiro. Ele revela a influencia de Boa Vista e o elevado grau de integração com os países
limítrofes. Isso se faz notar pela densidade das redes de transporte nos modais aeroviário e
rodoviário, apesar do potencial hidroviário ser nulo. malha rodoviária sendo a mais
desenvolvida do Arco Norte, se encontrando em bom estado de conservação. A malha tem
como principal eixo a rodovia asfaltada BR174, que liga Manaus a Boa Vista e segue em
direção à Venezuela (passando pela cidade de Pacaraima), onde se conecta à rede viária deste
país e à costa do Caribe. Uma bifurcação em Boa Vista estabelece um segundo eixo
rodoviário em direção ao Caribe (BR401), atravessando a Guiana.

Tabela4: Destino Transportes Coletivos Boa Vista


Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias

140002 Amajari 140010 Boa Vista r 3 d 10 2


140005 Alto Alegre 140010 Boa Vista r 4 d 20 1
140015 Bonfim 140010 Boa Vista r 4 d 40 1
140017 Cantá 140010 Boa Vista r 4 d 40
140020 Caracaraí 140010 Boa Vista r 3 d 30 2
140023 Caroebe 140010 Boa Vista r 2 d 9
140028 Iracema 140010 Boa Vista r 3 d 30 1
140030 Mucajaí 140010 Boa Vista r 3 d 40
140040 Normandia 140010 Boa Vista r 2 d 40 3
140045 Pacaraima 140010 Boa Vista r 4 d 20 3
140047 Rorainópolis 140010 Boa Vista r 3 d 30 5
140050 São João da Baliza 140010 Boa Vista r 2 d 7
140060 São Luiz 140010 Boa Vista r 2 d 6
140070 Uiramutã 140010 Boa Vista r 2 s 30 5

Fonte:IBGE 2007

O município de Uiramutã, com 8.375 habitantes (IBGE, 2010) é considerado centro


local (IBGE, Regic: Base de Dados_dos_Municípios, 2007). No entanto, ainda segundo o
IBGE (iden ), Uiramutã não exerce atração direta sobre nenhum outro. Dessa maneira,
61

embora haja o encontro entre os territórios do Brasil, Guiana e Venezuela, não se pode falar
de “tríplice fronteira”. Na realidade, as principais conexões do Brasil com esses países se dá
de forma isolada.

Na Venezuela, a Zona de Fronteira conecta o departamento de Gran Sabana ao


município de Paracaíma, com a orientação dos fluxos em direção à Amajarí e, por
conseguinte, à Boa Vista. A Zona de Fronteira com a Guiana possui maior permeabilidade
potencial. Ela se dá em três frentes. A primeira, mais ao norte é pouco intensa no que tange
aos fluxos, Ela se dá a partir da província de Kurukabaru, que se conecta com o distrito de
Urimatã. A segunda, também de baixa intensidade de fluxos, seguindo ao sul, se conforma na
conexão entre a província de Yacarinta e o município de Normandia. A terceira e mais efetiva
quanto aos fluxos é a que conecta os departamento de Ireng e St Ignatius ao município de
Bonfim. Essa área apresenta maior densidade de rodovias de ambos os lados e grande
números de aeródromos do lado brasileiro.

Tabela5: Destino Aeroportos Boa Vista


Código do destino

ligações de ordem
Nome do destino

Aeroportos
Código de
município

Nome

1a4

140002 Amajari 140010 Boa Vista 1


140005 Alto Alegre 140010 Boa Vista 1
140015 Bonfim 140010 Boa Vista 1
140017 Cantá 140010 Boa Vista 1
140020 Caracaraí 140010 Boa Vista 1
140023 Caroebe 140010 Boa Vista 1
140028 Iracema 140010 Boa Vista 1
140030 Mucajaí 140010 Boa Vista 1
140040 Normandia 140010 Boa Vista 1
140045 Pacaraima 140010 Boa Vista 1
140047 Rorainópolis 140010 Boa Vista 1
140050 São João da Baliza 140010 Boa Vista 1
140060 São Luiz 140010 Boa Vista 1
140070 Uiramutã 140010 Boa Vista 1

Fonte:IBGE 2007
62

Cartograma 12: Zona de Fronteira Arco Norte zona tampão de São Gabriel da Cachoeira
(AM)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

O cartograma 12 apresenta, na Subregião Parima–Alto Rio Negro (Subregião Cultural


Arco Indígena Parima–Pacaraima/RR e Subregião Cultural Arco Indígena Alto Rio
Negro/AM) São Gabriel da Cachoeira, no Arco Norte, que se conecta aos territórios
colombiano e venezuelano em diferentes pontos. Históticamente, a integração foi constituída
63

26.
por frentes Hoje, no entanto, a área apresenta diferentes recortes territoriais de regime
especial como terras indígenas, terras de uso militar, além de diferentes unidades de
conservação, como o Parque Nacional do Pico da Neblina. O termo “zonatampão” passa a ser
válido pelo fato de coibir movimentos migratórios nãoindígenas e de dar uma cobertura
institucional às áreas culturais indígenas, cuja mobilidade transfronteira espontânea é antiga e
bastante intensa.

Tabela 6: Destino Transportes Coletivos para São Gabriel da cachoeira


município de

município de

Número de

Freqüência
Código do
Código de
município

Nome do

Minutos
viagens
destino

destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
São Gabriel da
0040 Barcelos 130380 A 1 s 30 1
Cachoeira
Santa Isabel do Rio
130360 130040 Barcelos B 2 s 12
Negro
Santa Isabel do Rio
130360 130260 Manaus A 2 s 2
Negro
São Gabriel da
130040 Barcelos 130380 B 2 s 6 1
Cachoeira
Santa Isabel do Rio
130360 130260 Manaus B 2 s 2
Negro
Santa Isabel do Rio São Gabriel da
130360 130380 B 2 s 12
Negro Cachoeira
Santa Isabel do Rio
130360 130040 Barcelos A 1 s 1
Negro
Santa Isabel do Rio São Gabriel da
130360 130380 A 1 s 1
Negro Cachoeira
130370 Santo Antônio do Içá 130260 Manaus B 3 s 5
130370 Santo Antônio do Içá 130406 Tabatinga B 3 s 2
130370 Santo Antônio do Içá 130423 Tonantins B 3 s 8
São Gabriel da
130380 130260 Manaus A 4 s 30 2
Cachoeira
São Gabriel da
130380 130260 Manaus B 1 s 6 4
Cachoeira
São Gabriel da Santa Isabel do Rio
130380 130360 B 1 s 13
Cachoeira Negro
São Paulo de
130390 130260 Manaus B 3 s 6
Olivença
São Paulo de
130390 130406 Tabatinga B 3 s 12
Olivença

Fonte:IBGE 2007

O recurso hidroviário é imprescindível para efetivar os fluxos de pessoas e


mercadorias em São Gabriel da Cachoeira. Apesar de não haver conexão rodoviária, as
conexões concernentes aos transportes coletivos regulares são bastante efetivas e nos modais
hidrovário e aeroviário entre São Gabriel e os municípios de Santa Isabel , Barcelos e
Manaus como demonstra a tabela3.

26 “A frente indígena da área conhecida como “cabeça do cachorro”, na fronteira do município de São
Gabriel da Cachoeira/AM no Alto Rio Negro (Uaupés Caquetá) com a Colômbia conviveu com a
frente militar do lado brasileiro durante anos, mais tarde substituída pela “marca” indígena e unidade
de conservação natural do Alto Rio Negro. Os batalhões de fronteira permanecem na zona, e apesar da
grande base militar em São Gabriel, é a FUNAI o órgão governamental com maior penetração”
(MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL & Machado. Retis – UFRJ. Proposta de
Reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira: Bases de uma Política
Integrada de Desenvolvimento Regional para a Faixa de Fronteira, 2005 – Brasília).
64

O recorte analisado possui permeabilidade potencial potencial evidente, dada as


conexões com diferentes regiões da Colômbia, além de comportar uma tríplice fronteira
(Brasil, Colômbia e Venezuela). A rede transfronteiriça na zona tampão de São Gabriel da
Cachoeira foi definida em duas partes: pelo o conjunto das rotas Brasil/Colômbia (NO),
predominantemente hidroviárias (direção SE); e pela tríplice fronteira (NE do município de
São Gabriel da Cachoeira), com a combinação de trajetos nos modais rodoviário e hidroviário
intercalados ao longo da fronteira Colômbia/Venezuela (direção Norte/Sul). As duas partes se
fundem no aglomerado central (cidade) do município de São Gabriel da Cachoeira, a partir de
onde o de passageiros se integra a rede urbana brasileira e pode aferido dos dados dos grafos
de rede do IBGE.

Imagem1: Trecho de Interrupção Hidrográfica do Rio Uapes

Fonte: Google (2014)

A imagem acima aponta para a importância usual do rio Uapes na conexão de São
Gabriel com o território colombiano. A necessidade de transpor o obstáculo natural ao
deslocamento por via hidrográfica pode ser observada pelo caminho aberto, que possibilita
dar sequência ao deslocamento intercalado em direção a São Gabriel.
65

Cartograma 13: Zona de Fronteira no Arco Norte –Tabatinga (AM)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

Devido a sua grande relevância, notadamente aumentada pela nova configuração da


fronteira Brasil/Peru/Colômbia27, a Zona de Fronteira que abrange os municípios de
Tabatinga, com cerca de 52.300 (IBGE, 2010) habitantes e São Paulo de Olivença, com
31422 (idem),ambos na bacia do Rio Solimões, situada na Subregião Alto Solimões
(Subregião Cultural Alto Solimões), tem sido amplamente estudada. Gêmea de Letícia (capital
do Departamento do Amazonas, na Colômbia), historicamente desenvolvido de antigas

27 Dada pela exacerbação da luta do Estado colombiano contra as FARC e o tráfico de cocaína (Plan
Colombia) e pela efetivação das conexões rodoviárias com o Peru.
66

frentes, Tabatinga (AM) foi escolhido como lugar estratégico pelos portugueses (século
XVIII),
), no século XX voltou a ser considerada lugar estratégico pelo Governo Brasileiro,
apresenta hoje padrão sináptico, embora seja dotada de importante infraestrutura militar que
ocupa boa parte da área do município.

Cartograma 13: Centralidade de Rio Branco

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


67

Rio Branco é o polo natural da região e concentra maior mercado urbano regional. A
capital acreana absorve boa parte dos fluxos das zonas de fronteira de Cruzeiro do Sul,
Marechal Thaumaturgo, Guajará, Santa Rosa do Purus, Manoel Urbano, Rodrigues Alves,
Feijó, Assis Brasil, Basiléia e Epitaciolândia. A base produtiva subregional é também a mais
forte do Arco Norte.

Tabela 7: Destino Transportes Coletivos em Rio Branco (AC)


município de

município de

Número de

Freqüência
Código do
Código de
município

Nome do

Minutos
viagens
destino

destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
110033 Nova Mamoré 120040 Rio Branco r 1 d 5
120001 Acrelândia 120040 Rio Branco r 4 d 2
120005 Assis Brasil 120040 Rio Branco r 2 d 30 4
120013 Bujari 120040 Rio Branco r 13 d 40
120017 Capixaba 120040 Rio Branco r 3 d 30 1
120025 Epitaciolândia 120040 Rio Branco r 5 d 4
120030 Feijó 120040 Rio Branco a 1 d 50
120038 Plácido de Castro 120040 Rio Branco r 3 d 2
Santa Rosa do
120043 120040 Rio Branco a 2 s 45 1
Purus
120045 Senador Guiomard 120040 Rio Branco r 6 D 40
120070 Xapuri 120040 Rio Branco r 2 D 2
120080 Porto Acre 120040 Rio Branco r 5 D 30 1
130070 Boca do Acre 120040 Rio Branco r 2 D 4
130350 Pauini 120040 Rio Branco a 2 S 45 1
510343 Curvelândia 510720 Rio Branco r 2 D 40
510523 Lambari d'Oeste 510720 Rio Branco r 2 D 50
510775 Salto do Céu 510720 Rio Branco r 2 D 40

Fonte:IBGE 2007
68

Tabela 8: Destino Aeroportos Rio Branco(AC)

do destino

Aeroporto
s ligações
de ordem
Nome do
Código

destino
Nome

1a4
Acrelândia 120040 Rio Branco 1
Assis Brasil 120040 Rio Branco 1
Bujari 120040 Rio Branco 1
Capixaba 120040 Rio Branco 1
Epitaciolândia 120040 Rio Branco 1
Feijó 120040 Rio Branco 1
Jordão 120040 Rio Branco 2
Mâncio Lima 120040 Rio Branco
Manoel Urbano 120040 Rio Branco 1
Marechal Thaumaturgo 120040 Rio Branco
Plácido de Castro 120040 Rio Branco 1
Porto Walter 120040 Rio Branco 2
Rodrigues Alves 120040 Rio Branco
Santa Rosa do Purus 120040 Rio Branco 1
Senador Guiomard 120040 Rio Branco 1
Xapuri 120040 Rio Branco 1
Porto Acre 120040 Rio Branco 1
Boca do Acre 120040 Rio Branco 1
Pauini 120040 Rio Branco 1
Lambari d'Oeste 510720 Rio Branco
Salto do Céu 510720 Rio Branco

Fonte:IBGE 2010

Tabela 9: Gravitacional Carga Rio Branco


UF_ORI MN_ORI UF_DEST MN_DEST PASSAGEIROS_2010 CARGA_2010_KG

RIO
AC RO JIPARANÁ 168 0
BRANCO
RIO CRUZEIRO
AC AC 76229 285338
BRANCO DO SUL
BOCA DO RIO
AM AC 13 0
ACRE BRANCO
RIO
AM MANAUS AC 23740 131642
BRANCO
Fonte:IBGE 2010
69

Cartograma14: Zona de Fronteira Assis Brasil

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

Nas áreas apresentadas no cartograma 14 se destacam as “interações de tipo capilar em


Assis Brasil, cidadegêmea de Iñapari (Peru) e Bolpebra (Bolívia) e em Plácido de Castro (nas
proximidades de Rio Branco) , bem como os trechos de forte interação (sinapse) em Brasiléia
e Epitaciolândia, cidadesgêmeas de Cobija, capital do Departamento boliviano de Pando”.
Merece destaque o Anel Rodoviário do Corredor FronteiraNorte (BR364 em Rio Branco), e
70

trechos da rodovia que liga Assis Brasil a Brasiléia e Rio Branco a Cruzeiro do Sul. “A
construção da rodovia federal (BR317) entre Brasiléia e Assis Brasil (2002) na Subregião
Vale do AcrePurus, e o acordo bilateral (2004) para construir uma ponte ligando Assis Brasil
a Iñapari no Peru (tríplice fronteira Peru–Brasil–Bolívia) sugerem a intenção do governo
brasileiro em gradualmente estimular interações de tipo capilar e sináptico em segmentos da
fronteira acreana com o Peru”.

Tabela10: Destino Transportes Coletivos Assis Brasil

Número de

Freqüência
Código do
Código de

de destino

de destino
município

município

município
Nome do

Minutos
viagens
Nome

Horas
Tipo

Dias
120005 Assis Brasil 120010 Brasiléia r 3 d 30 2
120005 Assis Brasil 120040 Rio Branco r 2 d 30 4
120025 Epitaciolândia 120005 Assis Brasil r 1 d 30 1
120033 Mâncio Lima 120020 Cruzeiro do Sul r 5 d 2
120034 Manoel Urbano 120050 Sena Madureira b 2 s 24
120035 Marechal Thaumaturgo 120020 Cruzeiro do Sul a 2 s 45
120035 Marechal Thaumaturgo 120020 Cruzeiro do Sul b 2 s 2
120038 Plácido de Castro 120001 Acrelândia r 4 d 40
120038 Plácido de Castro 120040 Rio Branco r 3 d 2

Fonte:IBGE 2007

7.1.6 Arco Central

A Zona de Fronteira no Arco Central abrange a Zona de Fronteira nos estados de Mato
Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul, a partir das subregiões do MadeiraMamoré,
Fronteira do Guaporé, Chapada do Parecis, Alto Paraguai, Pantanal, Bodoquena, Dourados e
Cone Sul MatoGrossense. O Arco Central abrange 99 municípios. A linha limítrofe possui
km de extensão ao longo de 25 municípios (tabela?).
71

Cartograma 15: Municípios na Zona de Fronteira


e Pólos de Articulação Urbana no Arco Central

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

As interações transfronteiriças no Arco Central são fortemente marcadas pelo tráfico de


Cannabis Sativa e cocaína, procedentes, respectivamente, do Paraguai e da Bolívia, e pelo
contrabando de madeira em tora e soja na fronteira paraguaia, atraindo indivíduos de todas as
regiões do país. Isso induz grandemente o de material transfronteiriço, apontando para
alguns importantes aspectos da permeabilidade potencial.
72

Cartograma 16: Zona de Fronteira Arco Central – GuajaráMirim (RO)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

GuajaráMirim comporta uma Zona de Fronteira com a Bolívia no vale do Rio


Mamoré, sendo cidadegêmea com Puerto Guayaramerín (transformada em porto franco
boliviano). Situada em área antiga de povoamento vinculada à extração transfronteiriça da
borracha nativa (inicio do século XX), GuajaráMirim se tornou nas últimas décadas do século
importante ponto de passagem para o tráfico de pasta base de coca e de cocaína procedente da
Bolívia. Tratase de um importante “hub” que se destaca das demais zonas de fronteira no
73

ArcoCentral, tanto pela densidade, quanto pela diversidade dos modais de transporte. Do
ponto de vista hidrográfico, o transfronteiriço se dá a partir da bacia do rio Mamoré (Rio
Yata no lado boliviano), que se estende ao território boliviano, conectando várias províncias
situadas ao sul na fronteira com o Brasil. Do ponto de vista rodoviário, a principal conexão se
dá a partir da BR425, ligada as principais rodovias bolivianas da região. Vale destacar a
conexão ferroviária, que se dá a partir da estrada de ferro MadeiraMamoré, o que fortalece
bastante a influência da capital rondoniense na Zona de Fronteira.

Cartograma 17: Zona de Fronteira Arco Central Costa Marques (MT)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

A Zona de Fronteira próxima ao município de Costa Marques (RO) apresenta um tipo


de conectividade capilar pouco desenvolvida. O município com cerca de 14.000 habitantes
está na esfera de influência imediata de JiParaná, que se encontra fora da Zona de Fronteira.
Assim como outros municípios lindeiros nessa área do ArcoCentral, Costa Marques possui
74

imagem negativa associada ao tráfico. Os fluxos ocorrem a partir dos modais rodoviário, pelas
rodovias BR429 e RO478, com hidroviário a partir da bacia do Guaporé ( Río Baures, Río
Itonamas, Río Machupo).

Tabela 11: Destino Transportes Coletivos para Costa Marques ou GuajaráMirim

município de

município de

Número de

Freqüência
Código do
Código de
município

Nome do

Minutos
viagens
destino

destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
110008 Costa Marques 110020 Porto Velho r 3 d 22
São Miguel do
110008 Costa Marques 110032 r 3 d 6
Guaporé
110008 Costa Marques 110045 Buritis r 3 d 19
110008 Costa Marques 240810 Natal r 3 d 4
110008 Costa Marques 250400 Campina Grande r 3 d 5
110008 Costa Marques 110010 GuajaráMirim b 2 q 3
110008 Costa Marques 110010 GuajaráMirim r 1 d 24
Alvorada
110034 110008 Costa Marques r 3 d 7
d'Oeste
110033 Nova Mamoré 110010 GuajaráMirim r 4 d 40
Pimenteiras do
110146 110010 GuajaráMirim b 1 m 7
Oeste
Fonte:IBGE 2007

Tabela 12: Destino Aeroportos Costa Marques


ordem 1 a 4
Aeroportos
ligações de
Código do

Nome do
destino

destino
Nome

Costa Marques 110012 JiParaná 2


Costa Marques 110020 Porto Velho 1
Costa Marques 110028 Rolim de Moura
Costa Marques 110004 Cacoal

Fonte:IBGE 2007
75

Cartograma 18: Zona de Fronteira Arco Central Pimenteiras do Oeste (RO)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

O cartograma 18 trás um exemplo da permeabilidade potencial da Zona de Fronteira


no Arco Central, onde o território brasileiro se conecta, via rede urbana, a extensas áreas do
território boliviano. Essa área apresenta um tipo de conectividade capilar pouco
desenvolvido. Ligada a um elevado número de aeródromos, a malha rodoviária relativamente
rarefeita é complementada com trechos hidroviários intercalados. A partir de Pimenteiras do
Oeste, a rede se liga ao polo de articulação urbana de Vilhena (RO), um dos prováveis
núcleos logísticos do tráfico e do contrabando, estando entre os municípios que capitalizaram
de forma produtiva seus ganhos.
76

Tabela 13: Destino Transportes Coletivos Pimenteiras d’Oeste (RO)

município de

município de

Número de

Freqüência
Código do
Código de
município

Nome do

Minutos
viagens
destino

destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
110146 Pimenteiras do Oeste 110005 Cerejeiras r 1 d 40
110146 Pimenteiras do Oeste 110010 GuajaráMirim b 1 m 7

Fonte:IBGE 2007

Imagem 2: nódulo logístico boliviano identificado ao longo de trecho da rede


tranfronteiriça que se com o território brasileiro

Fonte: Geoeye (2014)

Essa rede encontra um ambiente que favorece o estabelecimento de nódulos de


articulação transnacionais, particularmente nas cidades situadas na divisa internacional. A
imagem 1 apresenta um hub ou nódulo logístico identificado no entroncamento de um
importante segmento hidroviário na bacia do Guaporé (Rio Paragua) com rodovia que cruza
vastas áreas do território boliviano, chegando a Santa Cruz de la Sierra.
77

Cartograma 19: Zona de Fronteira Arco Central Pontes e Lacerda (MT)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

O cartograma 19 apresenta a Zona de Fronteira que integra, a partir da rodovia MT


199, o município de Vila Bela da Santíssima Trindade, no Vale do Guaporé, apresenta um
tipo de conectividade capilar pouco desenvolvida, com que se liga ao departamento boliviano
de San Ignácio de Velasco, na Bolívia, de cujos possíveis fluxos seguem em direção ao polo
de Pontes de Lacerda. Essa área apresenta um tipo de conectividade capilar pouco
desenvolvido. Cortado pela BR174, Pontes e Lacerda é a única cidade de maior porte (mais de
25.000 habitantes) na área abrangida pelo cartograma.
78

Tabela 14: Destino Transportes Coletivos Vila Bela da Santíssima Trindade (MT)

município de

município de

Número de

Freqüência
Código do
Código de
município

Nome do

Minutos
viagens
destino

destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
Pontes e
510550 Vila Bela da Santíssima Trindade 510675 r 3 d 20 1
Lacerda
510550 Vila Bela da Santíssima Trindade 510250 Cáceres r 2 d 10 5
510550 Vila Bela da Santíssima Trindade 510340 Cuiabá r 2 d 20 7

Fonte:IBGE 2007

Tabela 15: Destino Aeroportos Vila Bela da Santíssima Trindade (MT)

ordem 1 a 4
Aeroportos
ligações de
Código do
Código de
município

Nome do
destino

destino
Nome

510550 Vila Bela da Santíssima Trindade 510675 Pontes e Lacerda


510550 Vila Bela da Santíssima Trindade 510340 Cuiabá 1
510550 Vila Bela da Santíssima Trindade 510250 Cáceres
Fonte:IBGE 2007

Cáceres está a 80 km de San Matias, zona franca boliviana, mal articulada às áreas mais
dinâmicas daquele país. Exceto pelo tráfico de pasta de coca e cocaína, as articulações
transfronteiriças não são significativas.
79

Cartograma 20: Zona de Fronteira Arco Central Costa Marques (MT)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


80

Cartograma 21: Zona de Fronteira Arco Central Corumbá (MS)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

A Zona de Fronteira de Corumbá , pode ser classificada como capilar, tendo seu já
consolidado pela existência de trabalhadores paraguaios e bolivianos dolado brasileiro. A
conectividade nessa área se dá em todos os modais. Além do número considerável de
aeródromos dos dois lados, há conexão pela via hidrográfica a partir do Río Jordan Soruco na
bacia do Paraguai, pela via ferroviária pela Ferrovia Nordeste, além de uma malha rodoviária
pouco densa (sem denominação no lado boliviano), vinculada à BR262, bem como às
rodovias estaduais MS307 e a MS228. Corumbá, cidadegêmea de AguirrePorto Suarez
81

(fronteira seca), que se conecta através de rodovia (implantada) à segunda maior cidade da
Bolívia, Santa Cruz de la Sierra, tem sido bastante estigmatizada “imagem de marca” pelo
tráfico de drogas historicamente consolidado nessa área.

Tabela 16: Destino Transportes Coletivos Corumbá (MS)

município de

município de

Número de

Freqüência
Código do
Código de
município

Nome do

Minutos
viagens
destino

destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
500070 Anastácio 500320 Corumbá r 9 d 30 4
500520 Ladário 500320 Corumbá r 72 d 15
500560 Miranda 500320 Corumbá r 10 d 30 3

Fonte:IBGE 2007

Tabela 17: Destino Demais Temas Corumbá

ordem 1 a 4
Aeroportos
ligações de
Código do
Código de
município

Nome do
destino

destino
Nome

500520 Ladário 500320 Corumbá 1


500560 Miranda 500320 Corumbá
Fonte:IBGE 2007

A Zona de Fronteira apresentada no cartograma 22 na Subregião Pantanal (Subregião


Cultural ChaquenhaPantaneira) conecta o território nacional em Porto Murtinho, à cidade
gêmea de Palma Chica (Paraguai). O município de Porto Murtinho possui cerca de 15372
habitantes (IBGE, 2010) e comporta um centro local.
82

Cartograma 22: Zona de Fronteira Arco Central Porto Murtinho (MS)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


83

Tabela 18: Destino Transportes Coletivos Porto Murtinho (MS)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
500690 Porto Murtinho 500210 Bela Vista r 1 d 3
500690 Porto Murtinho 500270 Campo Grande r 3 d 7
500690 Porto Murtinho 500280 Caracol r 1 d 30 1
500690 Porto Murtinho 500500 Jardim r 3 d 3
500690 Porto Murtinho 500660 Ponta Porã r 1 d 6
500280 Caracol 500690 Porto Murtinho r 3 s 45 1

Fonte:IBGE 2007

Tabela 19: Destino Demais Temas Porto Murtinho (MS)

ordem 1 a 4
Aeroportos
ligações de
Código do
Código de
município

Nome do
destino

destino
Nome

500690 Porto Murtinho 500210 Bela Vista


500690 Porto Murtinho 500220 Bonito
500690 Porto Murtinho 500270 Campo Grande 1
500690 Porto Murtinho 500370 Dourados
500690 Porto Murtinho 500410 Guia Lopes da Laguna
500690 Porto Murtinho 500500 Jardim
500690 Porto Murtinho 500660 Ponta Porã
500690 Porto Murtinho 355030 São Paulo 2

Fonte:IBGE 2010
84

Cartograma 23: Zona de Fronteira Arco Central Bela Vista (MS)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

O cartograma 23 apresenta a Zona de Fronteira em Bela Vista, cidade que se liga a por
meio de ponte à cidade gêmea de mesmo nome no território paraguaio e possui 23181
habitantes (IBGE, 2010). Segundo o IBGE (Regic, 2007), Bela Vista está na esfera de
influência do polo de articulação de Dourados, exercendo certa atração sobre Caracol (MS).
Apresar de comportar cidades gêmeas (Vila Bela/Villa Bela), cuja conectividade é, via de
regra, de tipo sináptico, essa área apresenta um tipo de conectividade capilar pouco
desenvolvido, com movimentos pendulares localizados. Os deslocamentos são orientados
pelas terminações rodoviárias das estradas BR 060, MS 384 e MS 472, bem como pelo
hidroviário na Bacia do Rio Apa, cujo principal trecho hidrográfico se dá pelo rio Arroyo.
85

Tabela 20: Destino Transportes Coletivos Bela Vista (MT)

Nome do município de
Código do município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
7

500090 Antônio João 500210 Bela Vista r 2 d 40 1


500215 Bodoquena 500210 Bela Vista r 1 d 30 4
500220 Bonito 500210 Bela Vista r 4 d 2
500280 Caracol 500210 Bela Vista r 2 d 45
Guia Lopes da
500410 500210 Bela Vista r 6 d 1
Laguna
500690 Porto Murtinho 500210 Bela Vista r 1 d 3

Fonte:IBGE 2007

Tabela 21: Destino Demais Temas Bela Vista (MT)

ordem 1 a 4
Aeroportos
ligações de
Código do
Código de
município

Nome do
destino

destino
Nome

500210 Bela Vista 500270 Campo Grande


500210 Bela Vista 500370 Dourados
500210 Bela Vista 500500 Jardim
500210 Bela Vista 500660 Ponta Porã 1

Fonte:IBGE 2010
86

7.1.5 Arco Sul

O Arco Sul compreende a Zona de Fronteira dos Estados do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, correspondente à área mais meridional do país. Sua diferenciação interna
exige a distinção de pelo menos três subregiões principais: o Portal do Paraná, no Noroeste
paranaense; os Vales Coloniais Sulinos, subdivididos em três segmentos, Sudoeste do Paraná,
Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul; e o segmento de fronteira da
Mesorregião Metade Sul do Rio Grande do Sul (segmento de fronteira conhecido
culturalmente como Campanha Gaúcha).
É importante ressaltar, que as áreas que ligam se ligam ao território uruguaio não
foram apresentadas no presente trabalho devido ao fato que as rotas rodoviárias de translado
são muito intensas e não seguem necessariamente à lógica origem/destino.

Cartograma 24: Municípios na Zona de Fronteira


e Pólos de Articulação Urbana no Arco Sul
87

Tabela 22: Extensão da Linha de Fronteira Correspondente


à Cada Município Limítrofe no Arco Sul
COMPRIMENTO
UF MUNICIPIO
(KM)
RS Rio Grande 59,08
PR Barracão 7,54
PR Bom Jesus do Sul 4,41
PR Capanema 40,68
PR Entre Rios do Oeste 3,69
PR Foz do Iguaçu 97,97
PR Guaíra 39,85
PR Itaipulândia 21,84
PR Marechal Cândido Rondon 19,55
PR Mercedes 6,85
PR Pato Bragado 7,83
PR Pérola d'Oeste 34,22
PR Planalto 22,82
PR Pranchita 31,92
PR Santa Helena 40,99
PR Santo Antônio do Sudoeste 19,26
PR São Miguel do Iguaçu 33,07
PR Serranópolis do Iguaçu 40,55
SC Bandeirante 24,92
SC Belmonte 13,84
SC Dioníio Cerqueira 27,2
SC Guaraciaba 17,81
SC Itapiranga 58,29
SC Paraío 40,63
SC Princesa 1,68
SC Santa Helena 8,63
SC São José do Cedro 24,3
SC Tunápolis 19,61
RS Aceguá 71,54
RS Alecrim 38,09
RS Arroio Grande 112,89
RS Bagé 43,15
RS Barra do Quaraí 134,92
RS Chuí 14,1
RS Crissiumal 11,29
RS Derrubadas 38,49
RS Dom Pedrito 54,06
RS Doutor Maurício Cardoso 41,01
RS Herval 23,53
RS Esperança do Sul 7,75
RS Garruchos 78,26
RS Itaqui 81,68
RS Jaguarão 122,96
RS Novo Machado 26,9
RS Pedras Altas 33,19
RS Pirapó 11,73
RS Porto Lucena 23,75
RS Porto Mauá 19,36
RS Porto Vera Cruz 16,95
RS Porto Xavier 33
RS Quaraí 83,84
RS Roque Gonzales 9,36
RS Santana do Livramento 278,47
RS Santa Vitória do Palmar 259,53
RS São Borja 114,19
RS São Nicolau 8,73
RS Tiradentes do Sul 25,97
RS Uruguaiana 155

Fonte:IBGE/DSG mapeamento municipal de 1:50000 e 1:100000 respectivamente. Datum


sigas 2000
88

Cartograma 25: Zona de Fronteira Arco Sul – Guaíra (PR)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

A Zona de Fronteira sobrejacente a Guaíra (PR), na Subregião Portal do Paraná


(Subregião Cultural Portal do Paraná), embora conectada à cidade Gêmea de Portal Del
Guairá (Paraguai), apresenta uma conectividade pouco expressiva, o que aponta para uma
permeabilidade potencial baixa. O município sofre certa atratividade do núcleo urbano de
Novo Mundo (MS) e se conecta, ao nordeste do Paraguai com pequenos núcleos urbanos,
Francisco Cabalero e La Paloma Del Espirito Santo, situados no departamento de General
Francisco Alvares.
89

Tabela 23: Destino Transportes Coletivos Bela Vista (MT)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
410880 Guaíra 500568 Mundo Novo r 14 d 30
410880 Guaíra 411520 Maringá r 11 d 50 1
410880 Guaíra 412810 Umuarama r 11 d 50 1
410880 Guaíra 411790 Palotina r 10 d 20 1
410880 Guaíra 500570 Naviraí r 10 d 50 2
Marechal Cândido
410880 Guaíra 411460 r 5 d 30 1
Rondon
Fonte:IBGE 2007

Cartograma 26: Zona de Fronteira Arco Sul – Foz do Iguaçu (PR)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

Foz do Iguaçu, situada na Subregião Vales Coloniais Sulinos (Região Cultural dos
Vales Coloniais), no segmento Sudoeste do Paraná, é, sem sombra de dúvida, o maior
90

município lindeiro do Brasil, apresentando o padrão sináptico dos mais desenvolvido dentre
os municípios situados ao longo da fronteira continental brasileira. Gêmea de Cidade del Este,
conectada pela famosa Ponte da Amizade, a zona de tríplice fronteira é a base da economia
regional nos três países que conecta (Brasil, Argentina e Paraguai). A farta literatura sobre
essa Zona de Fronteira dispensa uma análise mais aprofundada sobre as possíveis rotas de
translado.
Cartograma 27: Zona de Fronteira Arco Sul –
Marechal Cândido Rondon (PR) e Santa Helena (PR)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


91

O cartograma 25 apresenta a Zona de Fronteira no município lindeiro de Marechal


Cândido Rondon (PR) no Oeste Paraense, município lindeiro com a segunda maior população
da fronteira paranaense, atrás apenas de Foz do Iguaçu. O município faz suas conexões
rodoviárias a partir das rodovias BR – 163, que liga Marechal C. Rondon a Guaíra e Mato
Grosso do Sul ; PR – 239, que liga Marechal C. Rondon ao Lago de Itaipu; BR – 467, que
liga Marechal C. Rondon a Toledo e a capital Curitiba e PR – 491, que liga Marechal C.
Rondon a Nova Santa Rosa. Apesar da malha rodoviária relativamente densa a
permeabilidade potencial efetiva se dá por via hidroviária, pois a conectividade internacional
do município, que se dá a partir de San Alberto, seu vizinho paraguaio, só é possível através
da represa de Itaipú, um corpo d’água extremamente pujante, que enseja uma distância média
de 4 km entre os dois territórios. O mesmo vale para o município de Santa Helena (PR), que
assim como Marechal Cândido Rondon, possui distrito urbano lindeiro. Vale ressaltar que
ambos municípios brasileiro constituem rotas alternativas para o contrabando e tráfico de
drogas devido a grande área de interseção constituída pela represa o que torna o controle dos
fluxos extremamente difícil e oneroso.
Tabela24: Destino Transportes Coletivos
Marechal Cândido Rondon (PR) e Santa Helena (PR)
Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias

412350 Santa Helena 410690 Curitiba r 1 d 30 9


412350 Santa Helena 410830 Foz do Iguaçu r 2 d 30 2
412350 Santa Helena 411460 Marechal Cândido Rondon r 6 d 15 1
412350 Santa Helena 411580 Medianeira r 6 d 40 1
412350 Santa Helena 411605 Missal r 7 d 55
412350 Santa Helena 412770 Toledo r 5 d 2
410715 Diamante d'Oeste 412350 Santa Helena r 2 d 45
411605 Missal 412350 Santa Helena r 4 d 45
411745 Ouro Verde do Oeste 412350 Santa Helena r 5 d 20 1
411845 Pato Bragado 412350 Santa Helena r 8 d 35
São José das
412545 412350 Santa Helena r 5 d 1
Palmeiras
410753 Entre Rios do Oeste 411460 Marechal Cândido Rondon r 10 d 45
410880 Guaíra 411460 Marechal Cândido Rondon r 5 d 30 1
411095 Itaipulândia 411460 Marechal Cândido Rondon r 2 d 40 1
411535 Maripá 411460 Marechal Cândido Rondon r 3 d 45
411585 Mercedes 411460 Marechal Cândido Rondon r 6 d 20
411722 Nova Santa Rosa 411460 Marechal Cândido Rondon r 5 d 25
411845 Pato Bragado 411460 Marechal Cândido Rondon r 8 d 30
412085 Quatro Pontes 411460 Marechal Cândido Rondon r 22 d 15
412350 Santa Helena 411460 Marechal Cândido Rondon r 6 d 15 1
Santa Terezinha de
412405 411460 Marechal Cândido Rondon r 2 d 20 2
Itaipu
412575 São Pedro do Iguaçu 411460 Marechal Cândido Rondon r 2 d 20 1

Fonte:IBGE 2007
92

A tabela 24 demonstra a boa fluidez material dada pela frequência e regularidade dos
meios de transporte coletivos no modal rodoviário, o que torna essa Zona de Fronteira ainda
mais atrativa às atividades anteriormente referidas, devido a grande permeabilidade potencial.

Cartograma 28: Zona de Fronteira Arco Sul Dionísio Cerqueira (SC)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

O cartograma 26 apresenta a Zona de Fronteira a partir do município de Dionísio


Cerqueira (SC), que se integra diretamente aos departamentos argentinos de San Pedro,
93

General Manuel Belgrano, e indiretamente aos departamentos de Eldorado, Iguzu, Guarani e


Montecarlo, a partir de uma malha rodoviária consolidada que aflui para o município em daí
em direção ao polo de articulação de São Miguel do Oeste. Essa Zona de Fronteira apresenta
grande permeabilidade potencial com conectividade sináptica, com uma tríplice conurbação
Barracão (PR), Dionísio Cerqueira (SC) e Bernardo de Irigoyen (Argentina), em padrão
capilar consolidado e bem desenvolvido a partir do modal rodoviário.

Tabela25: Destino Transportes Coletivos Dionísio Cerqueira (SC)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
420500 Dionísio Cerqueira 420080 Anchieta r 1 d 1
420500 Dionísio Cerqueira 410480 Cascavel r 6 d 3
1
420500 Dionísio Cerqueira 420540 Florianópolis r 3 d
3
1
420500 Dionísio Cerqueira 410840 Francisco Beltrão r 3 d 1
5
4
420500 Dionísio Cerqueira 421670 São José do Cedro r 16 d
5
São Miguel do 4
420500 Dionísio Cerqueira 421720 r 16 d 1
Oeste 5
2
420660 Guarujá do Sul 420500 Dionísio Cerqueira r 11 d
5
1
421200 Palma Sola 420500 Dionísio Cerqueira r 3 d 1
0
421415 Princesa 420500 Dionísio Cerqueira r 1 d 2
4
421670 São José do Cedro 420500 Dionísio Cerqueira r 16 d
5
Fonte:IBGE 2007
94

Cartograma 29: Zona de Fronteira Arco Sul – Tiradentes do Sul (RS)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

O cartograma 27 é o primeiro de três cartogramas que representam um tipo peculiar de


Zona de Fronteira no Noroeste do Rio Grande do Sul. Tratase das zonas de fronteira de
Tiradentes do Sul (RS), Porto Mauá (RS) e Porto Xavier/Porto Lucena (RS), que apresentam
um tipo de conectividade capilar bastante desenvolvido, caracterizado por uma malha densa
de setores urbanos próximos aos limites internacionais, interconectados por um grande
95

número estradas. Vale ressaltar, no que diz respeito às rotas transfronteiriças, que além das
rodovias que cruzam os limites internacionais, há um grande potencial hidroviário, devido a
pujança da bacia do Rio Uruguai, o principal delimitador do território nacional em toda essa
região.

Tabela 26: Destino Transportes Coletivos Tiradentes do Sul (RS)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
432147 Tiradentes do Sul 432190 Três Passos r 2 d 30

Fonte:IBGE 2007

Tiradentes do Sul é um município lindeiro, pouco significativo no que diz respeito a


permeabilidade potencial da Zona de Fronteira, embora seja terminal da rodovia BR468. No
entanto, foi levado em consideração em função de conter o vetor de entrada (e saída) do
território nacional vinculado a Três Passos.

Tabela 27: Destino Demais Temas Tiradentes do Sul (RS)


Nº de Ligações
ordem 1 a 4
Aeroportos
ligações de
Código do

Nome do
destino

destino
Nome

Tiradentes do Sul 432190 Três Passos 4


Tiradentes do Sul 431020 Ijuí 4
Tiradentes do Sul 431490 Porto Alegre 1 4
Tiradentes do Sul 431410 Passo Fundo 1
Tiradentes do Sul 431690 Santa Maria 1
Tiradentes do Sul 432180 Três de Maio 1

Fonte:IBGE 2007
96

Cartograma 30: Zona de Fronteira Arco Sul Porto Mauá (RS)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


97

Tabela 28: Destino Transportes Coletivos Porto Mauá (RS)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
431505 Porto Mauá 431490 Porto Alegre r 1 d 45 10
431505 Porto Mauá 431720 Santa Rosa r 7 d 45 1
431505 Porto Mauá 432230 Tuparendi r 7 d 10 1

Fonte:IBGE 2007

Tabela 29: Destino Demais Temas Porto Mauá (RS)

Nº de Ligações
ordem 1 a 4
ligações de
Aeroportos
Código do

Nome do
destino

destino
Nome

Porto Mauá 431720 Santa Rosa 1 5


Porto Mauá 432230 Tuparendi 3
Porto Mauá 431020 Ijuí 1
Porto Mauá 432180 Três de Maio 1

Fonte:IBGE 2007

O cartograma 28 representa a permeabilidade potencial no Arco Sul , onde a rede


transfronteiriça conecta vários departamentos argentinos a diferentes municípios brasileiros,
em uma área densa de setores urbanos. Notese o grande número de conexões, com trechos
intercalados entre os modais hidroviário e rodoviário. Essa forma de conectividade apresenta
características semelhantes ao padrão capilar, um pouco diferente o das cidades gêmeas
adjacentes (sináptico).

As interações capilares podem, nesse caso, se dar somente no nível local, ou se dar
através de trocas difusas entre vizinhos fronteiriços com limitadas redes de comunicação.
Notase o Estado intervindo pouco, principalmente não patrocinando a construção de
infraestrutura de articulação transfronteira.
98

Cartograma 31: Zona de Fronteira Arco Sul Porto Xavier (RS) e Porto Lucena (RS)

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


99

Tabela 30: destino transportes coletivos Porto Xavier (RS) e Porto Lucena (RS)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
431500 Porto Lucena 430520 Cerro Largo r 2 d 2
431510 Porto Xavier 430520 Cerro Largo r 6 d 15 1
431500 Porto Lucena 431490 Porto Alegre r 1 d 11
431510 Porto Xavier 431490 Porto Alegre r 2 d 11
431500 Porto Lucena 431510 Porto Xavier r 4 d 40
431510 Porto Xavier 431690 Santa Maria r 1 d 7
431500 Porto Lucena 431720 Santa Rosa r 5 d 2
431510 Porto Xavier 431720 Santa Rosa r 3 d 30 2
431500 Porto Lucena 431750 Santo Ângelo r 1 d 3
431510 Porto Xavier 431750 Santo Ângelo r 5 d 30 2
São Luiz
431510 Porto Xavier 431890 r 1 d 2
Gonzaga
Fonte:IBGE 2007

Tabela 31: Destino Demais Temas Porto Xavier (RS) e Porto Lucena (RS)
Aeroportos
Código do Nº de
Nome Nome do destino ligações de
destino Ligações
ordem 1 a 4
Porto Lucena 431720 Santa Rosa 3
Porto Lucena 431790 Santo Cristo 3
Porto Lucena 431490 Porto Alegre 1 1
Porto Lucena 431510 Porto Xavier 2
São Paulo das
Porto Lucena 431930 2
Missões
Porto Lucena 431410 Passo Fundo 1
Porto Lucena 431507 Porto Vera Cruz 1
Porto Lucena 431690 Santa Maria 2
Porto Xavier 431750 Santo Ângelo 2 5
Porto Xavier 431720 Santa Rosa 3
Porto Xavier 430520 Cerro Largo 3
Porto Xavier 431490 Porto Alegre 1 2
Porto Xavier 431020 Ijuí 1
Porto Xavier 430610 Cruz Alta 1
Porto Xavier 431410 Passo Fundo 1
Porto Xavier 431630 Roque Gonzales 1
Porto Xavier 431690 Santa Maria 1
Fonte:IBGE 2007
100

Cartograma 32: Zona de Fronteira Arco Sul – São Borja

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)

Os cartogramas 32 e 33 apresentam dois tipos semelhantes de zonas de fronteira. Além


do padrão sináptico, as zonas de fronteira de São Borja e Uruguaiana possuem conexão
ferroviária, em ambos casos o transporte de passageiros se encontra desativado.
101

Tabela 32: Destino Transportes Coletivos – São Borja (RS)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
São
430865 Garruchos 431800 r 1 d 45 2
Borja
São
431055 Itacurubi 431800 r 1 d 30 2
Borja
São
431171 Maçambara 431800 r 1 d 2
Borja
São
431770 Santo Antônio das Missões 431800 r 7 d 25 1
Borja
São
432237 Unistalda 431800 r 5 d 50 1
Borja
Fonte:IBGE 2007

Tabela 33: Destino Demais Temas – São Borja (RS)

Nº de Ligações
de ordem 1 e 2
ordem 1 a 4
ligações de
Aeroportos
Código do

Nome do
destino

destino
Nome

Barra do Quaraí 431800 São Borja 1


Garruchos 431800 São Borja 3
Itacurubi 431800 São Borja 4
Maçambara 431800 São Borja 4
Santo Antônio das Missões 431800 São Borja 3
Unistalda 431800 São Borja 3

Fonte:IBGE 2007
102

Cartograma 33: Zona de Fronteira Arco Sul Uruguaiana

Fonte: IBGE/RETIS (UFRJ)


Gêmea de Paso de los Libres, Uruguaiana, na Subregião Fronteira da Metade Sul do
Rio Grande do Sul (Subregião Cultural Campanha Gaúcha) é o último núcleo urbano da
fronteira com a Argentina. Ele “possui expressivo potencial logístico e de integração com os
países vizinhos” (Ministério da Integração nacional, 2004 p.110). Segundo o Ministério da
Integração Nacional (2004), o município está entre os principais pontos de entrada e saída de
mercadorias (em termos do volume de cargas) da fronteira continental brasileira, com
destaque para a conectividade ferroviária. Vale ressaltar que sua articulação com Paso de los
Libres é ilustrativa alto grau de troca entre as populações fronteiriças, apresentando um
padrão sináptico dos mais desenvolvidos ao longo da fronteira continental brasileira.
103

Tabela 34: Destino Transportes Coletivos – Uruguaina (RS)

Nome do município de
Código do município
Código de município

Número de viagens

Freqüência
de destino

Minutos
destino
Nome

Horas
Tipo

Dias
Barra do
430187 432240 Uruguaiana r 5 d 15 1
Quaraí
Manoel
431175 432240 Uruguaiana r 2 d 30 3
Viana
431530 Quaraí 432240 Uruguaiana r 4 d 2

Fonte:IBGE 2007

Tabela 35: Destino Demais Temas – Uruguaina (RS)

Nº de Ligações
ordem 1 a 4
Aeroportos
ligações de
Código do

Nome do
destino

destino
Nome

Barra do Quaraí 432240 Uruguaiana 1 5


Maçambara 432240 Uruguaiana 1 5
Manoel Viana 432240 Uruguaiana 2
Quaraí 432240 Uruguaiana 3

Fonte:IBGE 2007

O cartograma 33 aponta para um potencial de conectividade elevado devido à


diversidade e boa distribuição de modais viários. Além do Terminal Rodoviário Alfandegado
de Uruguaiana28, a malha rodoviária relativamente densa e dos deslocamentos aeroviários
regulares, a existência de linhas ferroviárias ativas apontam para uma permeabilidade
potencial elevada. Apesar do expressivo potencial logístico, o núcleo urbano de Uruguaiana
possui número relativamente baixo de ligações em termos de destino transportes coletivos
(IBGE, 2007), como demonstram as tabelas 35 e 36, e de carga. Isso, no entanto, não pode ser
interpretado como fruto da prerrogativa do transporte de carga, em detrimento do
deslocamento de pessoas, pois os dados disponíveis. Uma forma mais segura de medir os
volumes de carga – que no entanto, foge ao escopo desse trabalho é a FOLHA DE
DESCARGA: documento emitido pela Concessionária do PSR/URA ou pela Permissionária
do PSF/URA, atestando a armazenagem ou o depósito de mercadorias no recinto alfandegado.

28 Pertence ao PSR/URA − Porto Seco Rodoviário de Uruguaiana,Construído pelo Ministério da


Fazenda nesse município, o terminal possui amplos pátios de estacionamento, áreas para transbordo de
mercadorias e de armazenagem coberta
104

8 Conclusão

Embora o capítulo anterior constitua a base dos resultados do presente trabalho – as


informações geográficas são o resultado propriamente dito dessa pesquisa –, para melhor
esboçarmos uma conclusão para o presente trabalho, algumas considerações são necessárias.

Quanto ao primeiro questionamento, a topologia da Zona de Fronteira foi representada de


modo bastante abrangente e se deu em diferentes escalas, para cada uma delas há uma
topologia específica. Na escala continental, o conjunto de territórios sulamericanos e suas
subdivisões formais. Em seguida, as principais densidades, que revelam importantes aspectos
do potencial de integração, apontam o foco para uma escala de detalhe.

No que se refere ao segundo questionamento, vale ressaltar que as zonas de fronteiras


aqui representadas tiveram como base algo que podemos chamar de “conectividade
circunstancial” entre o território continental brasileiro e o dos países vizinhos. Na realidade,
se trata de rotas possíveis, inferidas dos dados concernentes aos diferentes modais (rodoviário,
hidroviário, ferroviário, aeroviário e de caminhos) resultantes de levantamentos cartográficos
e/ou geodésicos e de permeabilidade potencial. De fato, muito embora houvesse muitas
evidências e circunstâncias que nos levassem a tal afirmação.

Por um lado, embora os resultados tenham sido apresentados na forma de cartogramas e


tabelas convencionais, eles constituem um legado de classes de feições resultantes das
análises aqui realizadas deixa um legado extremamente positivo, abrindo caminho para a
efetivação, a partir de verificação empírica posterior, dos resultados aqui inferidos. Por outro
lado, a inexistência quase total de dados concernentes aos fluxos de translado deixa um legado
negativo acerca dos trabalhos, que como esse buscam oferecer algum tipo de suporte à gestão
e ao ordenamento do território nas chamadas zonas de fronteira. Por isso, as verificações de
campo se tornaram imprescindíveis para que seja possível a efetivação dessas localidades
como zonas de fronteira, bem como da distribuição espacial da permeabilidade territorial do
Brasil. Isso ocorrendo da maneira esperada irá contribuir para a validação da forma de
inferência aqui preconizada.
105

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10 Anexo

Legenda

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