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Wilson Gomes
O tema da participação política, como todo mundo sabe, é um dos mais tradicionais
da agenda de pesquisa sobre a democracia. No mesmo diapasão, o conjunto de
temas que relacionam participação política civil e internet - ou, num quadro mais
amplo, participação, engajamento cívico e tecnologias para comunicações digitais
online - tem sido consideravelmente visitado nas últimas duas décadas. Falo de um
“conjunto de temas” porque, a rigor, trata-se de vários veios discursivos que, de um
modo ou de outro, implicam ou consideram frontalmente o problema da participação
política mediada por tecnologias digitais.
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A pesquisa que possibilita este artigo é financiada com fomento proveniente do CNPq, da CAPES e da FINEP.
O autor agradece as sugestões recebidas de Camilo Aggio, Rafael Sampaio, Graça Rossetto e Maria Paula
Almada.
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Assim, quem usa e-mail ou skype para fazer contatos políticos em vez de carta, fax
ou telefone simplesmente substituiu uma tecnologia por outra, digital, que lhe é
bastante similar, embora contenha vantagens adicionais típicas da tecnologia; do
mesmo modo que quem busca informação política em versões online de jornais da
indústria da informação, não faz muito mais do que trocar o papel por uma tela,
naturalmente com as perdas e ganhos que isso comporta. Por outro lado, quem
busca informações políticas em sites e portais já está lidando com um produto
desenhado exclusivamente para o ambiente online e quem se embrenha na
blogosfera para a mesma tarefa estará alguns graus bem mais distante do modelo
da leitura de jornais. De maneira semelhante, quem usa ferramentas de
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Sobre a retórica pró-participação que vem em ondas a cada novo meio, vide Spinelli, 2000.
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comunicação instantânea, como MSN ou Gtalk estará alguns graus mais distante do
modelo da troca de correspondência ou da conversa quotidiana. Estará ainda mais
distante deste modelo se emprega, para isso, o Twitter. Se passarmos ao nível mais
sofisticado das ferramentas, o quadro se repete: uma lista de discussão é algo típico
da internet, mas ainda guarda alguma analogia com a forma do debate
especializado; por sua vez, o emprego político de um site de relacionamento ou, de
forma mais genérica, de sites para redes sociais (social networking sites), é ainda
mais típico do universo digital, enquanto solicita determinadas habilidades, domínio
de ferramentas e disposição de espírito que são peculiares às pessoas que estão
constante e profundamente conectadas. Assim, uma coisa é a ação digital de quem
usa e-mails, lê jornais online e visita sites políticos, por exemplo, outra é aquela de
quem participa de fóruns, domina ferramentas para redes online, além daquelas
para conexão instantânea e para compartilhamento de vídeo e imagem, outra ainda
é a participação online daqueles que são capazes de dobrar e empregar quaisquer
ferramentas digitais para participar de iniciativas digitais com propósitos políticos.
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Além de perguntas específicas, que dependem das características do online, como aquela se a vigilância
eletrônica do governo afeta a participação política online (Krueger, 2005).
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Outros links dizem respeito, por exemplo, ao vínculo entre participação online, localização, exclusão
(Sylvester e McGlyn, 2010) ou entre participação online e as assimetrias de gênero (Fuller, 2004).
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Desta breve revisão dos temas e questões centrais do debate sobre participação
política e internet se depreende, portanto, que tal discussão é vibrante, fundamental
e está longe de se esgotar. Isso não obstante, têm sido deixadas de lado questões
de princípio que, em minha opinião, precisam ser chamadas ao centro da discussão.
O fato é que o debate sobre participação online é tributário daquele mais amplo e
tradicional sobre participação política. Por essa razão, tende a ser parte de um
debate mais largo e, na maior parte das vezes, restringe-se a questões relacionadas
à aplicação de argumentos e pressupostos melhor examinados e discutidos em
campos como a teoria política ou a teoria democrática. Por isso mesmo, a
preocupação com a participação política online acaba herdando automatismos
conceituais, vieses e lacunas do debate tradicional.
Acredito que uma dessas lacunas diz respeito ao problema das justificações da
importância da participação civil online. Em outras palavras: por que é assim tão
relevante, num quadro de teoria democrática, a participação e o engajamento
cívicos, em geral, e online, em particular?
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Um artigo recente (Wallace e Pichler, 2009) acrescenta – e examina –outro ângulo do repertório da demanda
por participação: a questão da felicidade.
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concede deliberativa e deliberadamente a Lei sob a qual vive, evitando, com isso,
viver sob qualquer outra potestade. Participar é um privilégio concedido ao démos
(historicamente, pela reforma de Clístenes) e um meio para se assegurar o
autogoverno civil.
Nos ambientes de esquerda, tende-se a pensar que sim. E mesmo fora da cultura
de esquerda, pode-se mostrar como a representação permitiu o surgimento ou a
manutenção, no seio da democracia, da instituição social que chamamos de
“sistema político” (campos e agentes profissionais encarregados da atividade,
crescentemente “profissionalizada”, da política). O sistema político contemporâneo
tende, como se sabe, a se desconectar da base civil da sociedade (da cidadania,
em suma), exceto pelo episódio eleitoral, quando os cidadãos entram com os votos
e o sistema político provê o pessoal especializado para ser votado e escolhido para
constituir a esfera da representação política. A excessiva autonomia do sistema
político traz consigo freqüente e crescentemente uma (ilegítima) autonomia da
esfera da decisão política, que controla a forma institucional da comunidade política,
que é o Estado, praticamente sem liame que a mantenha atada e submetida ao
controle daquele que desta comunidade deve ser o único soberano, o cidadão. Por
isso, tornou-se um hábito o argumento que sustenta, em sede teórica, que o
governo representativo tende a produzir um avanço colonizador, do sistema político,
sobre o território dos direitos de participação direta e efetiva do cidadão nos
negócios públicos; assim como faz parte da paisagem argumentativa crítica a
afirmação de que os estados liberais contemporâneos, por largos estratos, está fora
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A democracia digital
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http://petitions.number10.gov.uk/
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http://www.youngscot.org/
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http://forums.e-democracy.org/
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http://www.edemocracia.camara.gov.br/publico/
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http://www.transparencia.org.br/index.html
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http://contasabertas.uol.com.br/WebSite/
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1.b) Participação e influência civis. Têm alto teor democrático iniciativas digitais
destinadas a facilitar o estabelecimento de níveis importantes de influência, exercida
pelos cidadãos, sobre a decisão política no interior do Estado, sobre mecanismos e
processos por meio dos quais a decisão é tomada, sobre os agentes portadores da
função de tomar decisão pública, mormente da decisão legislativa e administrativa,
bem como sobre a implementação dessa decisão em normas, políticas e formas
equivalentes.
O que nos leva da questão dos meios, e dos requisitos e propósitos a que eles
atendem, à argumentação sobre as razões encontradas pelas pessoas para
empregá-los. Dito da maneira mais simples, a resposta à pergunta acima
mencionada soa assim: as pessoas participam de iniciativas quando as consideram
uma oportunidade adequada para atingir fins desejáveis. Meios precisam ser vistos
como oportunidades. Chamo oportunidades aquela conjunção de ocasiões e
circunstâncias em que meios podem produzir fins desejáveis de maneira que os
custos (a energia despendida, por exemplo) sejam largamente recompensados
pelos benefícios (recompensas decorrentes de se alcançar a finalidade da ação).
Não imagino, naturalmente, um sujeito autotransparente, capaz de dominar cálculos
aproximados ou impecáveis sobre os lucros da sua participação. Imagino, contudo,
que as pessoas, mesmo limitadas e visitadas por valores e interesses que
condiciona e possibilitam a sua decisão de participar, sejam capazes identificar e
determinar razões para a sua participação e que tais razões (que não precisam ser
realmente racionais) funcionam como motivações suficientes para a sua ação em
geral.
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Assim, faz parte do sistema de produção da democracia digital fazer com que
iniciativas (meios) sejam (vistas como) oportunidades vantajosas para os que dela
participem. Como isso é possível? Iniciativas precisam incluir cálculos de eficiência
ou efetividade. Uma iniciativa como um orçamento digital (vide Sampaio, 2009), por
exemplo, só se converte numa real oportunidade se, de fato, assegurar que os
resultados da participação produzam efeitos sobre o orçamento público e/ou sobre
políticas orçamentárias. Caso contrário, ela será, ao menos em parte, artimanha do
sistema político para legitimar as suas decisões jogando para o público.
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Emprego freqüentemente as expressões “a cidadania”, a “esfera civil”, “o cidadão” uma em lugar da outra.
Por trás do uso, há, certamente, um conceito. A cidadania, todos sabem, é um status, jurídico e social. O civis,
o cidadão é o ente que integra a comunidade política de forma plena e por direito. Emprego o adjetivo “civil”
para me referir a qualquer dimensão relacionada ao civis, como se costuma fazer em expressões como
“sociedade civil”. Indivíduos podem cumprir muitos papéis sociais, mas o seu status de cidadão é único e tem a
ver com o contrato que o liga à comunidade política – não há civis sem civitas, sem polis, sem res publica.
Pensado em seus papéis e funções os indivíduos podem ser considerados de muitos modos; pensado como
civil ou cidadão os indivíduos têm apenas o seu papel de concernido pelo contrato que o vincula à comunidade
política e, em comunidades democráticas, como soberano da res publica. A esfera civil, portanto, é o domínio
social dos indivíduos pensados enquanto cidadãos, membros plenos e de direito da comunidade política,
proprietários do Estado.
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Estas instâncias têm, em geral, escapado dos radares que detectam ameaças à
cidadania em virtude de uma peculiar taxonomia política, que, no passado, as
identificou como estruturas da sociedade civil organizada. Organizações da
sociedade civil. Antes, para alguns governos e muitos intelectuais, eles representam
a própria esfera civil, inclusive de maneira mais autêntica e moralmente justificada
do que os representantes provenientes dos sistemas políticos. Numa sociologia
conseqüente, contudo, não se vê exatamente em que consista a diferença entre as
instâncias de terceiro tipo e aquelas dos dois primeiros, enquanto em todas elas se
manifesta o mesmo princípio voltado para privilegiar o particular sobre o universal e
o interesse do grupo sobre o interesse civil ou republicano. Nem tampouco se
demonstra, por outro lado, porque a realização da agenda de uma dessas
corporações resultaria necessária e automaticamente em aumento do poder da
cidadania, pelo menos num sentido radicalmente diferente do que o faria, por
exemplo, a realização da agenda de uma igreja ou de uma corporação econômica.
Note-se, contudo, que aqui não afirmo que toda organização social é uma
corporação social, e, portanto, uma agência que concorre por influência política
sobre o Estado e a sociedade, na defesa de interesses particulares, em contraste
com o interesse geral. Há de haver instâncias sociais (portanto, coletivas) dedicadas
a sustentar, argumentar e defender o interesse cidadão, se não na forma da
representação, ao menos na forma da advocacia do interesse civil. Além disso, não
estou negando ou atacando a legitimidade política das corporações sociais como
agências políticas no quadro das democracias liberais, que admite e espera que as
forças socialmente dadas se engajem em lutas concorrenciais, naturalmente
segundo as regras do jogo. As corporações sociais, neste sentido, não são menos
legítimas que as outras agências concorrentes, provenientes do sistema político ou
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Em terceiro lugar, não se nega que corporações e esfera civil componham esta
dimensão da vida coletiva chamada sociedade. Que é uma circunstância da vida em
grupo, no qual o sujeito pode desempenhar vários papéis, inclusive o de membro de
uma corporação social. Mas é óbvio igualmente que os adjetivos social e civil não
coincidem, porque social indica os papéis na sociedade que o indivíduo pode
desempenhar, enquanto civil (cívico, cidadão, conforme a escolha) designa um
status na comunidade política. Também os membros do sistema político ou das
corporações da economia são cidadãos, mas enquanto agem como membros de
uma igreja ou seita, de um partido, de um lobby empresarial ou de um movimento
social com agenda particular desempenham um papel específico nas lutas
concorrenciais democráticas em defesa de interesses de uma parte da comunidade
política – suas agendas são, por definição, particulares. Por outro lado, outros
indivíduos assumem na sua relação com a política tão somente aqueles papéis (de
eleitores, p. ex.) decorrentes do seu status na comunidade política, do seu estado
de cidadão; de forma que, embora possam ser beneficiados por agendas
particulares quando nos diversos papéis que representam na vida (profissões,
gêneros, classes, localização...), são concernidos como cidadãos apenas quando
agendas gerais são representadas.
O que não se pode é acomodar vinhos novos em odres velhos. Velhas iniciativas
podem não ser eficazes para um novo tipo de sociabilidade. E modelos de
democracia que supõem e esperam participação massiva e constante e
engajamento intenso podem ser tão irrealistas quanto se programar iniciativas para
hippies numa sociedade de yuppies. Justamente por isso, a aposta da democracia
digital parece tão interessante, a saber, em função das fecundas possibilidades de
harmonização da cultura tecnológica ao cidadão contemporâneo. Este é um
cidadão, por exemplo, que adere mais facilmente iniciativas do primeiro tipo do que
alternativas do segundo tipo. E que, mesmo quando não emprega habitualmente
iniciativas de qualquer um dos tipos, quando deseja participar usa geralmente um
percurso que vai do primeiro ao segundo tipo.
Na verdade, “na internet” há muito ou pouca vida política, a depender dos métodos
de aferição adotados. Quando se fazem surveys de participação, isto é, sai-se por aí
perguntado às pessoas se elas buscam informação política na internet, se falam de
política em seus tweets, se vêem vídeos relacionados a política no Youtube etc.,
como faz, por exemplo, o Pew Center, sempre aparece uma intensa (e crescente)
vida política online. Mas quando se mede a participação num fórum de democracia
eletrônica, num orçamento digital, na emissão de petições etc. se registram índices
de participação demograficamente insignificantes no confronto com o volume da
população, salvo raras exceções. Isso quer dizer que apenas uma parte menor da
ação ou participação política se dá mediante iniciativas digitais, embora estas sejam
as formas mais densas e fecundas de empowerment civil, já que para tanto foram
projetadas.
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A vida política privada online das pessoas inclui, por conseguinte, mais ação do que
participação política. O que provavelmente deve nos fazer pensar em como
favorecer a que os indivíduos passem da ação em geral àquela forma de ação que é
a participação em iniciativas digitais. E aqui retornamos ao quadro inicial da
discussão sobre porque as pessoas se interessariam em empregar iniciativas
democraticamente relevantes de democracia digital. Tudo o que se pode fazer,
acredito, é criar meios de participação, oferecer oportunidades para que estes meios
possam ser usados e esperar que características incluídas nas oportunidades
(constrangimentos ou recompensas) sejam suficientes para motivar a participação.
E realmente não importa se tais iniciativas sejam oriundas do sistema político, do
Estado ou da sociedade. Um adequado encadeamento de meios, oportunidades e
motivos devem constituir a base na elaboração de qualquer iniciativa de democracia
digital realisticamente capaz de lidar com um indivíduo que, porque livre e capaz,
pode se recusar a tomar parte.
No mais, precisamos apenas que a nossa obsessão por participação civil não nos
leve a perder de vista algumas coisas essenciais:
c) que iniciativas e recursos digitais voltados para assegurar os requisitos para uma
vida democrática relevante, como liberdade e informação (controle cognitivo da
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