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SEMINÁRIO TEOLÓGICO NAZARENO DO BRASIL

DISCIPLINA: EDUCAÇÃO CRISTÃ


PROFESSOR: CLÁUDIO QUARESMA
DATA: 02/10/2022

ALUNA: LETIERY SOUZA VIEIRA

Resenha Crítica referente ao artigo “ Religião e Educação no Pensamento

de John Wesley (1703-1791)”

Quanto a visão social e educacional, John percebia um interesse com


relação a educação em várias comunidades moraríamos, especialmente em
Herrnhut, juntamente a tradição pietista. Ele tentou levar este modelo à Oxford,
e através dele fundou o Kingswood School, em 1748. Em uma região de
mineiros mais pobres, onde influenciou os sistemas de educação pública da
língua inglesa, de forma que seu método chegava por vias missionárias em
outros países. É importante enfatizar que a pedagogia de Wesley mostra como
ele aplica o seu método racionalista também na educação das crianças.
Em Kingswood, apenas crianças a partir dos seis anos de idade, mas
nenhuma era aceita após o décimo-segundo ano de vida, pois para Wesley a
esta idade elas já estavam corrompidas por valores mundanos. Para educar os
alunos ele propunha, além das regras mencionadas, que todos levantassem às
quatro horas da manhã, utilizando o tempo até a hora do sermão matutino (às
cinco) para leitura, meditação, canto e oração, o currículo combinava a
educação religiosa e secular, segundo o modelo de educação religiosa que
Wesley propusera em Instruction for Children, e com base numa série de
manuais que ele mesmo escreveu para o uso na escola .
Podemos concluir, baseados na tentativa de articulação entre
racionalidade e a emocionalidade religiosa proposta por Wesley, que ele via
uma tensão e também a continuidade entre a educação e a confessionalidade,
da mesma maneira como a via entre a educação infantil e a educação adulta.
Um exemplo disso se dá na sua luta contra o analfabetismo adulto, já que este
era um empecilho à vida cristã. Essa preocupação o motivou a fundar escolas,
pois a formação escolar era vista como parte da tarefa missionária, que
prepararia não só os clérigos, mas também os fiéis leigos para o exercício da
perfeição cristã. As exigências, muitas vezes estritas, colocadas por Wesley se
expandiram para além da iniciativa proposta em Kingswood, mas em um
círculo relativamente reduzido, pois a educação era controlada pelo governo
britânico, que não reconhecia a identidade metodista. Nesta última parte
queremos indicar que, na realidade, a passagem do tempo entre os séculos
XVIII e XXI fazem com que a proposta educacional metodista saia da condição
privativa e marginal para tornar-se algo mais público.

As necessidades da classe social à qual o Metodismo se dirigia, assim


como as doutrinas de santificação e da perfeição cristã, impeliram Wesley a se
ocupar da educação das crianças e o levaram a preocupar-se com a educação
dos adultos. A partir dessas premissas surgiram várias outras escolas: Culford
School, Edgehill College e etc.
As escolas trabalharam em perspectiva mais ecumênica ton Institute of
Higher Education, nos quais o caráter confessional metodista se preservava
como originalmente. Contudo, isso ocorreu em um novo contexto de
secularização da educação resultado do Iluminismo, no qual a dimensão
religiosa e confessional antes enfatizada por Wesley não poderia ser mais
imposta ao público. Diante dessa nova situação, as escolas funcionavam em
perspectiva mais ecumênica, incluindo outras tradições cristãs tradicionais
presentes na Inglaterra (como anglicana, católica, igrejas protestantes livres),
de tal forma que o trabalho confessional nessas escolas se subdividiu. As
transformações no número e no escopo das instituições metodistas de ensino
na Inglaterra também foram resultado do crescente papel do Estado na
provisão de serviços educacionais no século XX. As consultas iniciadas na
década de 1980 levaram a várias iniciativas, tanto públicas quanto privadas.
Na educação superior observa-se, em primeiro momento, a fusão e a
cooperação entre várias instituições. Essa integração se deu também devido
ao fato de a Igreja Metodista não dispor de recursos para mantê-lo sub sua
administração. Além disso, as instituições confessionais foram habilitadas a
receber recursos parciais do governo britânico. Exatamente estas últimas
experiências nos permitem concluir que, na Inglaterra, as instituições
metodistas de ensino puderam manter sua ênfase religiosa, missionária e
social, que se observa originalmente em Wesley, ao mesmo tempo em que
vêm ganhando reconhecimento público. Esse reconhecimento surgiu
recentemente, no marco de uma série de debates sobre educação pública e
privada na Inglaterra. 

Esses desdobramentos observados recentemente já nos direcionam a


uma conclusão. Vimos acima que o sistema educacional metodista proposto
por John Wesley se originou no século XVIII, passou por alterações nos
séculos XIX e XX, e ainda mantém uma certa presença no contexto da
Inglaterra, a despeito das transformações ocorridas em três séculos. Nesse
desenvolvimento, a tensão fundamental que se observa mais recentemente
habita entre a educação pública e a educação confessional. A pergunta, neste
ponto, é: como preservar o ensino religioso como algo público, se a fé e a
confessionalidade são vistas como algo puramente individual e privado?
A resposta a essa pergunta pode ser relevante não somente para
entender o desenvolvimento histórico do Metodismo na Inglaterra, mas também
para ser direcionada a outros contextos, onde se observam situações
semelhantes. Neste texto, sugerimos uma visão panorâmica, tratando de
enfatizar principalmente, a interação de Wesley com o contexto do Iluminismo e
as suas várias atividades seculares. Essa ênfase nos serve para mostrar a
importância de Wesley bem além dos interesses confessionais internos ao
Metodismo, permitindo-nos observar o impacto e a aplicação de suas idéias
nos âmbitos social, político, editorial, de saúde pública e, especialmente, na
educação.
É justamente nesta última área que vemos o impacto mais beneficente e
duradouro de seu trabalho aliado à herança religiosa metodista.
Primeiro, percebemos que na tradição metodista embrionária, diretamente
influenciada por Wesley, a ênfase na racionalidade contrastava com a
interioridade da dimensão espiritual, ao mesmo tempo em que a proposta de
uma ação pública e social estava em contraste com a dimensão da
confessionalidade metodista. Essa dupla tensão se faz presente no processo
de criação de escolas, que por sua vez aplicaram o método de John Wesley
nos séculos XVIII e XIX. Em segundo lugar, podemos ver como o próprio
Iluminismo e o processo de secularização inerente no mesmo levaram a uma
tensão complementar entre o público e o privado, a qual foi progressivamente
constituindo um novo desafio para a educação metodista nos séculos XIX e
XX.
 
Atualmente, à medida que o governo se retira progressivamente dessa
área e tenta devolver responsabilidades para o âmbito privado, a opinião
pública na Inglaterra busca resgatar o papel público da educação confessional.
Naturalmente, essas transformações têm a sua explicação na particularidade
do contexto inglês. 

CONCLUSÃO

A Igreja Anglicana é uma igreja nacional (Church of England) e esse


caráter trouxe possibilidades proveitosas para um compromisso único entre
instâncias vistas muitas vezes como incompatíveis. As idéias de John Wesley e
a educação metodista na Inglaterra conseguiram sobreviver nesses três
séculos, justamente por se caracterizar em como uma proposta de equilíbrio
em meio à constante tensão entre racionalidade científica e espiritualidade,
educação e confessionalidade, entre o público e o privado.
Quanto as medidas educacionais de Wesley, seus parâmetros e sua
linha de pensamento, assim como as formas de implantação e
desenvolvimento, a autora desta resenha concorda plenamente com os meios,
acreditando também, que foram de grande influência não só na Inglaterra mas
em todo o mundo, se tornando um modelo educacional, que na
contemporaneidade, ainda deixa assim traços de forma singela, que no
entanto, ainda é visível em pequenos pontos.

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