HEBRAICO

“UM POUCO DE HISTÓRIA”

unidade 1

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“UM POUCO DE HISTÓRIA”

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO À LÍNGUA HEBRAICA ..................................................................................................... 03

1.1.1 Introdução ........................................................................................................................................ 03

1.2 Breve Histórico da Língua .................................................................................................................... 06

1.3 O Estilo .................................................................................................................................................. 07

1.4 A Escrita Hebraica ................................................................................................................................ 08

1.5 O Alfabeto e a Pronúncia .................................................................................................................... 08

1.6 O Influência ........................................................................................................................................... 09

1.7 O Hebraico Hoje ................................................................................................................................... 10

1.8 O Alfabeto Hebraico a partir do Alfabeto Português ...................................................................... 12

REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 14

GLOSSÁRIO ................................................................................................................................................. 15

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“UM POUCO DE HISTÓRIA”
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Shalom!
Meu nome é Tarcisio.
Sou apaixonado pela Bíblia e pela língua
hebraica. Ser professor é minha missão e
minha vocação!
Aprenderemos muito neste semestre, estão
previstos:
✡ O alfabeto e suas peculiaridades;
✡ A história da língua;
✡ Vogais, semivogais, o estudo das sílabas,
flexão, artigo, conjunção, preposições;
✡ Pronomes, sufixos pronominais, o
construto e o absoluto;
✡ O verbo; o adjetivo, o comparativo, os
numerais, o vav consecutivo;
✡ O uso da Bíblia Hebraica e do dicionário;
✡ O uso da gramática e do Bible Work
Program (BWP);
✡ Tradução.
1.1 INTRODUÇÃO À LÍNGUA HEBRAICA
Você está a um passo de aprender a língua
original da Bíblia. A língua dos patriarcas,
matriarcas, profetas, profetisas, reis e
rainhas do antigo Israel.
O Hebraico bíblico é uma das línguas mais
simples e belas do mundo. Você há de
concordar comigo porque
1º o vocabulário bíblico não se altera;
2º o vocabulário é resumido. São apenas oito mil
palavras, contra mais de meio milhão da Língua
Portuguesa. Das oito mil palavras, duas mil apa-
recem uma única vez na Bíblia. Portanto, caem
para seis mil;
3º você não precisa memorizar as palavras.
Precisa saber usar os dicionários (eletrônico
e de papel);
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4º as letras hebraicas variam pouquíssimo na
pronúncia. O “s”, por exemplo, soa sempre
como “s” no início, no meio e no fim das
palavras;
5º a gramática é compacta. Veja o caso da
conjugação verbal. Em português você
poderia conjugar a primeira pessoa singular
do verbo “estudar”, com a ideia de passado,
nas seguintes terminações: estudei, estudava,
estudaria, estudara, se eu estudasse. Em
hebraico, há uma única terminação [ti] para
as cinco possibilidades acima referidas; e
6º a beleza da Língua Hebraica está no formato
e na mística das letras, na concretude das pala-
vras, na antiguidade do idioma, no contraste en-
tre o concreto e o simbólico,na riqueza e profun-
didade do texto sagrado.
Estudar hebraico fortalece a crença da gente
no ser humano e na providência divina. Por
que estou dizendo isso? Porque as histórias
do idioma hebraico, da superação humana
e da preservação do texto sagrado estão
intrinsecamente interligadas.
Conceito-chave: O Hebraico é a língua dos
patriarcas, matriarcas, profetas, profetisas,
reis e rainhas do antigo Israel.
1.1.1 Introdução
Nesta unidade você estuda a história da
Língua Hebraica, a importância dela para o
conhecimento e o aprofundamento bíblico,
as primeiras letras do alfabeto e as vogais a,
e, i, o.
A Disciplina Hebraico enfatiza a
instrumentalização do hebraico bíblico. Ao
final do curso, você terá estudado o alfabeto
hebraico e os principais temas da gramática
desse idioma incrível.
Com o texto hebraico, um bom dicionário,
um mecanismo de análise morfológica, um
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“UM POUCO DE HISTÓRIA”
pouco de cultura hebraica e boa vontade
a seu alcance, você ampliará muito seu
entendimento e a exposição da Palavra de
Deus.
A Língua Hebraica é fascinante, lógica, visual
e surpreendente. Tenho certeza de que você
conhece algumas palavras hebraicas, mesmo
que não tenha estudado ainda o idioma.
A palavra shalom (oi! olá! paz!) é bastante
popular no meio evangélico. Veja quais das
expressões abaixo você já leu ou ouviu:
a) Eli, eli, lama sabactani? [azavtani] (eli eli láma
azavtani? = Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?);
b) Shibolete (shbólet = espiga);
c) Ebenezer (éven ézer = pedra da ajuda);
d) Aba (ába = pai, papai);
e) Talita cumi (talíta qúmi = menina, levanta-te).
Além dos termos hebraicos/aramaicos,
acima mencionados, você conhece as
palavras portuguesas: amém (amen), aleluia
(halelúia), saco (sac), sábado (shabat), satã
(satã). Todas elas vieram do hebraico. Betel
(béit-el = casa de Deus) e quase todos os
nomes próprios das traduções da Bíblia
são palavras hebraicas com pronúncia
portuguesa/brasileira.
Os únicos textos da Bíblia Hebraica que
não estão em hebraico são: Jeremias 10:11;
Esdras 4:8 a 6:18; 7:12 a 16 e Daniel 2:4 a
7:28. Esses textos estão em aramaico, uma
língua irmã do hebraico.
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Na Bíblia Hebraica, aparecem também alguns
termos vindos do grego, do aramaico, do
sânscrito, do moabítico e de outros idiomas
antigos com os quais os hebreus/judeus,
escritores da Bíblia, tiveram contato.
Aqui, no entanto, nos ateremos ao estudo
do hebraico bíblico. Isso significa que se
você se interessar em falar hebraico, deve se
ingressar em um curso de hebraico moderno.
Pode e deve fazê-lo simultaneamente ao
estudo da disciplina Hebraico. Um curso
fortalecerá o outro.
Os nomes de Deus são um bom exemplo
de palavras hebraicas que talvez você já
conheça. Nada melhor do que começar o
estudo de novo idioma a partir daquilo que
já conhecemos.
Eis alguns nomes ou títulos hebraicos para dizer
quem Deus é: El-shaday [Deus todo-poderoso];
Adonay [Senhor]; Adonay rafá [o Senhor que
cura]; Adonay nissi [o Senhor, bandeira nossa].
Além dos vários títulos dados ao Senhor Deus,
Ele tem um nome próprio.
O alfabeto hebraico é constituído somente de
consoantes. Portanto, para lermos qualquer
palavra hebraica temos que conhecer a palavra
ou juntar adequadamente os sons consonantais
com os sons vocálicos que compõem tal
vocábulo. No caso do hebraico bíblico, você
não terá essa dificuldade, pois as consoantes
virão acompanhadas das devidas vogais ou
semivogais, criadas formalmente a partir do
século VIII d.C.
O exemplo que apresento agora ajudará na sua
compreensão do que acontece com o nome
próprio de Deus. Vamos supor que o nome TRCS
fosse hebraico e eu pedisse para você lê-lo. Há
pelo menos três questões fundamentais aqui:
a) O nome está sem vogais;
b) O nome está fora de contexto;
c) Se você o conhecesse, poderia lê-lo facilmente,
uma vez que a língua hebraica não
exige vogais para ser lida.
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“UM POUCO DE HISTÓRIA”
Apresento a você três possibilidades de leitura
do nome TRCS: pai, irmão, professor. Primeira
pronúncia, então, seria TaRiCS. Veja que houve
a junção das quatro consoantes com as vogais
da palavra pai. Com a pronúncia irmão teríamos
TiRaCoS. Com a pronúncia professor teríamos
ToReCoS. Você já deve ter percebido que se trata
do nome do seu atual professor de hebraico. As
vogais certas, na devida ordem, são aiio. Assim,
o nome seria lido TaRCiSio.
Sabemos, pelo hebraico, que seu nome possui
quatro consoantes. Daí ser conhecido como o
tetragrama sagrado. O que não sabemos mais
é a pronúncia do nome sagrado. Por temor a
Deus, os hebreus/judeus evitavam ao máximo
pronunciar o nome sagrado. Normalmente o
sumo sacerdote fazia isso uma vez ao ano quando
ia oferecer sacrifício por si e pelo povo. Devido
a isso, e ao fato do idioma hebraico entrar em
decadência como língua falada nacionalmente, a
pronúncia do nome de Deus desapareceu.
Com o nome próprio de Deus, JHVH, cuja
pronúncia certa desconhecemos, há também
três possibilidades de leitura: adonay [Senhor],
elohim [Deus] e hashem [o Nome]. Ao
juntarmos as vogais de adonay ao tetragrama
JHVH, temos: JeHoVaH. A letra e no lugar do a
acontece porque o primeiro a de adonay é uma
semivogal composta. Com a junção das vogais
de elohim teríamos JeHoViH e com a junção das
vogais de hashem, JaHVeH. Você pode observar
que estamos utilizando vogais e semivogais
portuguesas para ilustrar uma temática hebraica.
Em breve você dominará as vogais e semivogais
hebraicas.
O termo elohim, quando se refere a Deus, é
um plural majestático. Ele pode ser também
traduzido por: deus, deuses, anjos. É o primeiro
termo usado, no Gênesis, para o Criador. A
palavra elohim aparece mais de 2570 vezes na
Bíblia. (ARAUJO, 2010.)
O mais sagrado nome de Deus só era pronunciado,
uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote. Com
o declínio do hebraico, como língua falada, foi-
se perdendo a pronúncia do Nome. Os judeus
referiam-se ao Nome, toda vez que liam o texto
sagrado, como Adonay. Daí, os massoretas
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(criadores dos sinais vocálicos e semivocálicos)
utilizaram os sinais de Adonay para pontuarem o
Nome sagrado. Quando o Nome já vem seguido
de Adonay [acha-se pontuado com os sinais de
elohim. Devido à diversidade de pronúncias,
o nome de Deus pode ser encontrado, em
português, nos seguintes formatos: Iavé, Javé,
Iahweh, Jeová, Senhor, o Eterno, o Nome.
A forma jah [Ex.: Sl 68.4 (5)] ocorre cinquenta
vezes no Primeiro Testamento, e adonay 5321
vezes. A raiz de onde procederia a forma reduzida
do nome de Deus ou a forma ampliada indica
existência ou desenvolvimento. Tem a ver com
a antiga raiz hebraica do verbo ser/estar. A raiz
do verbo ser/estar, na sua forma antiga hawah,
ocorre apenas cinco vezes no texto hebraico [Ec.
11.3; Ne. 6.6; Gn. 27.29; Ec. 2.22; Is. 16.4].
Vivi uma experiência interessante em Israel,
quando voltei lá pela segunda vez após sete anos
depois de ter ali morado por um ano letivo. Ao
responder a algumas perguntas no aeroporto,
disse para a jovem policial que me entrevistava:
Baruch hashem, que significa graças a Deus. A
jovem não se conteve e começou a rir. Fiquei
curioso com a desconcertante risada. Ela então
me fez uma pergunta retórica: Você não é judeu
ortodoxo? É? A resposta estava na minha cara,
mas não estava na minha fala. Eu acabara de
utilizar uma das pronúncias possíveis para o
nome de Deus. Pronúncia utilizada pelos judeus
ortodoxos. Para evitar dizer Senhor ou Deus,
eles se referem ao nome de Deus como o Nome
[hashem].
A palavra hebraica “nome” significa: nome, fama,
reputação. Dizer o nome de alguém, no contexto
hebraico, era dizer a fama ou reputação que
aquela pessoa tinha. Em alguns textos do
Primeiro Testamento encontramos a expressão
“o Nome” atribuída ao Senhor Deus. Citamos
aqui apenas três desses textos: “Mas deveras
para isto te mantive, para mostrar o meu poder
em ti, e para que o meu nome seja anunciado em
toda a terra.” (Ex. 9:16); “Mas alegrem-se todos
os que confiam em ti; exultem eternamente,
porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os
que amam o teu nome.” (Sl. 5:11 - no TM v.12);
“Em ti confiarão os que conhecem o teu nome;
porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que
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te buscam.” (Sl. 9:10 - no TM v.11).
Há inúmeros exemplos bíblicos de como
o conhecimento do hebraico é útil para a
melhor compreensão do texto do Primeiro
Testamento.
1. Gênesis 4 verso 15
O SENHOR, porém, lhe disse: Assim,
qualquer que matar a Caim será
vingado sete vezes. E pôs o SENHOR
um sinal em Caim para que o não
ferisse de morte quem quer que o
encontrasse.
Nesse verso, há uma preposição hebraica
antes do nome Caim que significa para,
pertencente a, de. Portanto, a frase traduzida
por: “sinal em Caim” seria melhor traduzida
por “sinal para Caim”, isto é, o sinal dado
por Deus pertenceria a Caim, sem apontar,
necessariamente, para o fato de que seu
corpo estaria marcado de alguma forma.
2. Salmo 48:2 [3 TM]
Seu santo monte, belo e sobranceiro,
é a alegria de toda a terra;
o monte Sião, para os lados do Norte,
a cidade do grande Rei.
O nome Safon [tsafon] pode ser uma
referência ao monte de mesmo nome na
Síria, habitação do deus Baal. Enquanto Javé,
o Deus hebreu, habita o Sião [tsion], Baal
habita o Safon [tsafon]. Esta informação foi
possível após o achado do Épico de Baal. A
partir de então, o Salmo 48 ficou mais bem
entendido. O que era traduzido como: “para
os lados do norte” passou a ser entendido
como “para os lados do Safon”. O salmista
estaria comparado o monte do Deus hebreu
com o monte do deus cananeu.
3. Salmo 68:11 [12 TM]
O Senhor deu a palavra,
grande é a falange das mensageiras
das boas-novas.
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O salmista está falando de um grande
exército de mulheres. O termo hebraico
hambasrot é um plural feminino. A língua
hebraica nos ajuda aqui a perceber que o
texto se refere primordialmente ao gênero
feminino.
4. Provérbios 18:24
O homem que tem muitos amigos sai
perdendo;
mas há amigo mais chegado do que
um irmão. (RA-SBB).
Provérbios 18:24 é um paralelismo
antitético que contrasta o hebraico reim
(camaradas, companheiros, conhecidos,
amigos) com o hebraico ohev (uma pessoa
que ama, amigo).
1.2 BREVE HISTÓRICO DA LÍNGUA
O hebraico pertence ao grupo ocidental
dos idiomas semitas. A palavra semita
vem do nome do filho mais velho de Noé,
Sem. Conforme o Dicionário Aurélio, semita
também significa a família etnográfica que
compreende os hebreus, os assírios, os
arameus, os fenícios e os árabes.
O hebraico está relacionado com o idioma da
antiga Ugarite, capital de um reino vassalo
do norte da costa da Síria. O hebraico
pertence a uma família numerosa e ampla,
“denominada atualmente camito-semítica ou
afro-asiática”. Os termos mais importantes
das línguas camito-semíticas são os nomes
e o verbo. O núcleo da palavra é a raiz (
RABIN, 1973). Há, na Bíblia Hebraica, cerca
de oito mil vocábulos (raízes).
O termo “semíticas” refere-se ao nome
dado às línguas provenientes de Sem por
estudiosos europeus (séc. XVII), e camíticas,
nome dado às línguas provenientes de Cam
(Cão) por estudiosos europeus (séc. XIX).
Às línguas camíticas pertenceriam aos
seguintes idiomas: egípcio-copta, líbico-
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berbere, cuchítico (ou cuxítico, com o bedjo,
saho, afar, somali) e o tchadiano (tchádio);
e as línguas semíticas: acádio ou acadiano,
ugarítico, cananeu (fenício, moabita,
hebraico), aramaico e seus dialetos, árabe e
seus dialetos.
As línguas camito-semíticas eram/são faladas
desde as bordas oriental e meridional do
Mediterrâneo, Arábia e os países vizinhos, e a
maior parte da África do Norte. As primeiras
inscrições em língua camito-semítica
remontam há seis milênios. São encontradas
em inscrições egípcias hieroglíficas.
O acádico, o etíope, o canaanita, o aramaico,
o árabe, o egípcio antigo e o copta, o fenício,
o moabítico e o ugarítico são exemplos de
idiomas da família camito-semítica.
O hebraico antigo ou alfabeto fenício foi
a língua dos habitantes de Canaã. Pelos
recentes estudos, feitos em 400 cartas
(tábuas de argila) de Tell-El-Amarna, pode-
se afirmar que a língua hebraica, falada na
Palestina, nos séculos anteriores ao êxodo
do Egito, era do mesmo tipo que o hebraico,
ou melhor, “que ela possuía algumas
características encontradas apenas no
hebraico e no fenício”. As cartas de Tell-El-
Amarna, escritas em língua babilônica, foram
produzidas entre os séculos XIV e XIII a.C. na
Palestina, Síria e Fenícia (atual Líbano), ao
rei do Egito. As cartas foram encontradas
aproximadamente em 1890, no norte do
Egito.
O hebraico clássico é da época da unificação
da nação (cerca de 998-926 a.C.). Isso durou
400 anos, isto é, até a destruição de Jerusalém
em 586 a.C.
Alguns estudiosos acreditam que a língua
original dos israelitas era o amorreu. Isso
é pouco provável, porque o hebraico teria
nascido do contato entre dois mundos
linguísticos complexos, o proto-semítico e o
semítico (RABIN. 1973).
Após o exílio babilônico, grande parte dos
judeus assumiu outras línguas. Os judeus da
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Babilônia, por exemplo, falavam o aramaico,
os do Egito o grego (koinê), na Palestina, nas
regiões da Galileia e na planície costeira,
os judeus falavam o aramaico e o grego.
Somente na Judeia e em algumas regiões
um pouco mais ao sul que o hebraico falado
prevaleceu.
Nas guerras de 66-70 d.C. (destruição de
Jerusalém) e de Bar-Kohba (131-134 d.C.),
a Judeia foi arrasada e os judeus foram
proibidos de residirem ali. O remanescente
dos habitantes judeus, inclusive os sábios,
foram se estabelecer na planície costeira e
na Galileia. Com o passar do tempo, o som
do hebraico falado cessou e os imigrantes
aos poucos adotaram o aramaico. Tudo isso
levou ao fim o uso do hebraico como língua
falada na terra de Israel. O ano 200 d.C. foi
adotado como a data que marcou o fim da
utilização do hebraico como língua falada.
Aprofunde seus
conhecimentos: Jesus falava
aramaico, língua popular da
época (http://www.abiblia.org/
ver.php?id=5291).
1.3 O ESTILO
O hebraico tem um estilo bem próprio:
O vocabulário imaginativo do hebraico
é quase todo baseado nas coisas e ativi-
dades da vida diária... ele lança mão de
todas as figuras de linguagens comuns,
parábolas, símiles, metáforas, como por
exemplo, ‘estrela’ ou ‘leão’ em lugar de
HERÓI; ‘rocha’ em lugar de refúgio (DOU-
GLAS, 1983, p.935).
Em hebraico não há o futuro composto, só o
futuro simples. Nisso se assemelha ao inglês.
Você não diria em hebraico: vou estudar/aprender
hebraico bíblico. Você diz: estudarei//aprenderei
hebraico bíblico.
O verbo ser/estar é sempre oculto no tempo
presente, não aparecendo na escrita e nem
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“UM POUCO DE HISTÓRIA”
na fala. É como se não existisse, mas é
perfeitamente possível ser traduzido para a
nossa língua, porque tradução requer mais que
palavras. Requer ideias, contextos, sentidos
intercambiados, correspondência.
Ao traduzir um texto, levamos em conta, além
dos aspectos linguísticos, os aspectos culturais.
Por exemplo, você perguntaria, em hebraico, a
um colega:
– Má shlomrrá?
Traduzida literalmente, a pergunta ma shlomrrá
significa: Como está a tua paz? Contudo, a tradução
mais próxima do português seria: Como vai você?
Ao perguntar a uma colega: – bat kamá at? Você
estaria perguntando: – Quantos anos você tem?
Literalmente esta frase se traduz: – Você é filha
há quanto tempo?
1.4 A ESCRITA HEBRAICA
O hebraico, assim como o árabe, o aramaico, o
fenício e outras línguas semíticas, é escrito da
direita para a esquerda. As línguas latinas, por
exemplo, a cuja família pertence o português,
escreve-se da esquerda para a direita.
Faz-se um movimento inverso ao das línguas
semíticas. Um livro escrito totalmente em
hebraico, portanto, há de se começar pela
primeira página da direita, ou seja, pela última
página de um texto escrito em português,
espanhol, francês, italiano, romeno; inglês,
alemão.
Os caracteres hebraicos são bem distintos do
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português. Contudo, isso não inviabiliza o seu
estudo, pois o hebraico é também uma língua
alfabética. Cada consoante [letra] do alfabeto
hebraico tem uma representação conhecida
pelo(a) estudante de Língua Portuguesa. Não
queremos dizer com isso que o estudo das
línguas não alfabéticas seja inviabilizado. O que
estamos afirmando é que as línguas alfabéticas
facilitam o nosso acesso a essas línguas. Uma
vez dominado o alfabeto (consoantes), as vogais
e semivogais, você terá condições de pronunciar
qualquer palavra da Bíblia Hebraica (Texto
Massorético).
1.5 O ALFABETO E A PRONÚNCIA
O alfabeto hebraico, em uso nos manuscritos
existentes e nas Bíblias impressas, tem o
nome de ASHURIT, que significa Assírio. A
forma utilizada hoje em dia é emprestada do
aramaico, língua irmã do hebraico. A escrita
da época de Moisés, o primeiro escritor
bíblico, é bem diferente da escrita hebraica
atual. Esse formato será indicado em tempo
oportuno.
O alfabeto hebraico “é derivado de um
alfabeto antigo de 22 letras, de onde
se originou [sic] os alfabetos de línguas
modernas: o HEBRAICO, o FENÍCIO, o GREGO,
e o ROMANO” ( EBAN, 1982).
Os sinais vocálicos e semivocálicos vieram
a existir aproximadamente no ano 800 d.C.
estudiosos judeus gramáticos e linguistas
de nome massoretas [tradicionais] foram os
criadores não só dos sinais de vocalização
como também dos acentos, da pontuação
e de certas notas marginais. Os massoretas
viveram entre os séculos VI e X d.C.
Até mais ou menos o século VIII d.C., em
substituição às vogais que não existiam na
escrita, usavam-se consoantes vocálicas,
como: w (w) = /o/, /u/; y (y)= /i/, /e/; h (h)=
/a/ e, às vezes, /e/ e /o/. Entenda-se que os
sons vocálicos sempre existiram. Sem eles
seria praticamente impossível falar qualquer
idioma. O que não havia era a representação
escrita das vogais e semivogais. Contudo,
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como exposto acima, três das vinte e duas
consoantes do alfabeto ajudavam na leitura
vocálica dos textos.
A pronúncia mais comumente usada para
o hebraico bíblico é a Sefaradita ( judeu-
espanhóis = heb. sfaradim). Com exceção
de duas consoantes, os demais sons ou
ausência deles são todos encontrados no
espanhol.
Não se deve confundir pronúncia com
significado. Saber pronunciar um idioma
não é o mesmo que saber lê-lo ou traduzi-
lo. Tradução está ligada ao sentido das
palavras em um determinado contexto.
Pronúncia refere-se à capacidade de domínio
dos sons de uma determinada língua e a
relação desses sons com a língua materna
do aprendiz.
Em português, há uma consoante muda, o
“h”; em Hebraico, há duas consoantes mudas
no início e no meio de palavras, e uma
consoante muda no fim de palavras. Das
dezoito consoantes do alfabeto português,
somente o som /ge/ não se encontra no
alfabeto hebraico. As letras “g” e “j” soarão,
em hebraico, como “gue” e não como “ge”.
Há duas consoantes hebraicas que soam como
“rr”, no início, no meio e no fim de palavras. Há
ainda o som “ts” que não há na nossa língua.
Contudo, o som “ts” aparece em português nos
dois “zz” da palavra de origem italiana pizza. O jota
“j” é representado em hebraico pela consoante
inglesa “y”. A consoante “w” soará como “v” em
hebraico. Por fim, há o som “r” do espanhol, do
italiano ou do galês, um som semelhante ao “r”
encontrado na palavra portuguesa caridade.
À semelhança do fenício, aramaico, árabe e
etíope, o hebraico escreve-se da direita para
a esquerda. O alfabeto é composto só de
consoantes (vinte e duas ao todo). A leitura dos
sons vocálicos foi transmitida oralmente. Cada
nome das 22 consoantes significa algo. Ex.: Aleph
= boi; beit = casa etc. Só a partir dos Macabeus,
cada consoante passa a representar números.
As raízes verbais, de onde vêm os substantivos,
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têm geralmente três consoantes. O verbo ser/
estar (de onde, provavelmente, procede o Nome
de Deus) não é conjugado no tempo presente.
A pronúncia mais comumente usada para o
hebraico bíblico é a Sefaradita (judeu-espanhóis).
1.6 A INFLUÊNCIA
A Língua Hebraica influenciou grandemente
a literatura europeia. A partir do hebraico, os
judeus europeus criaram novos idiomas tais
como: o iídiche e o ladino. O iídiche é uma
mistura de idiomas, principalmente do hebraico
com o alemão. Os judeus, na Alemanha,
utilizaram os caracteres hebraicos para escrever
a Língua Alemã. Foi assim que nasceu o iídiche.
O ladino nasceu em um processo semelhante
ao do iídiche. Em vez da Alemanha, estava em
foco a Espanha medieval. Ambos os idiomas
são falados ainda hoje. O iídiche com um pouco
mais de expressão que o ladino é falado por uma
parcela da população idosa israelense e por um
grupo reduzido de judeus estrangeiros. Tanto o
iídiche quanto o ladino tende a desaparecer pelo
desuso.
O português tomou algumas palavras
emprestadas ao hebraico, por exemplo: sábado,
saco, satanás, jubileu, mirra, aleluia, amém,
páscoa. O hebraico, no entanto, parece mais
concreto que o português.
A Torah, a Septuaginta e o Talmude são
exemplos de textos universais produzidos
pelo povo hebreu-judeu, tendo como base
o hebraico-aramaico. Os Targumim também
podem ser incluídos nessa lista. [Targum é uma
interpretação/tradução do hebraico para o
aramaico].
Por ser um idioma consonantal, o
hebraico está aberto a uma infinidade de
possibilidades. O misticismo judaico, por
exemplo, é riquíssimo e se sustenta pela
variedade alfabética do hebraico com sua
representação numérica. A criação de novos
idiomas como o iídiche e o ladino se deu pela
expressividade do alfabeto hebraico e da
criatividade dos judeus.
9
 HEBRAICO - unidade 1
“UM POUCO DE HISTÓRIA”

A língua hebraica é um exemplo extraordinário deste idioma milenar e surpreendente.

de como um idioma pode ser reinventado. Além
disso, por meio do hebraico, os judeus foram
capazes de criar novos idiomas, como relatado
anteriormente. É evidente que o iídiche e o
ladino não nasceram da decisão de um povo em
criar novo idioma por puro prazer ou diversão.
Esses idiomas nasceram da criatividade e da
necessidade da comunicação particularizada,
cifrada, codificada e arranjada de modo a
proteger um povo em perseguição ou sob
constante suspeita. Tudo começou pelo arranjo
de dois ou mais idiomas. O processo começa por
uma brincadeira ou por uma necessidade e se
evolui caso seu criador dedique tempo ao tema e
divulgue a sua criação entre amigos e conhecidos
que também se interessem pela brincadeira e a
passem adiante.
O que queremos demonstrar é que o
hebraico é um idioma aberto à criatividade, ao
entretenimento, ao ócio.
A língua hebraica ficara, durante certo tempo,
como em linguagem da medicina, em estado
de coma. Em 1881, ressurge como língua viva,
saindo definitivamente do CTI linguístico. Em
1948, torna-se a língua oficial de Israel, no ano
de independência deste.
O jovem judeu lituano, Eliezer Ben-Yehuda,
foi quem proclamou o hebraico como língua
materna. Ele chegou à Palestina em 1881.
Itamar-Ben-Avi, filho de Eliezer Ben-Yehuda, foi
o primeiro menino moderno a ter o hebraico
como língua materna.
A estratégia de ressuscitação da língua hebraica
partiu da Bíblia, isto é, todas as palavras da Bíblia
que poderiam ser empregadas no hebraico
moderno foram utilizadas por Ben-Yehuda e sua
equipe.

O que os judeus medievais fizeram, em princípio,

foi tomar os idiomas [alemão e espanhol] de
onde viviam e, em vez de escreverem esses
idiomas da esquerda para a direita, passaram
a escrevê-los da direita para a esquerda, como
é o hebraico. Em lugar de usarem os caracteres
próprios dos idiomas em questão, utilizaram-se
dos caracteres hebraicos. Na medida em que
faziam isso, palavras dos dois idiomas foram
sendo mescladas e vocábulos de outros idiomas
foram sendo incorporados à brincadeira. Veja
que os judeus partiram das línguas dos países
onde viviam para o idioma de seus antepassados,
o hebraico, e criaram o iídiche e o ladino. Há
referências de criação de outros idiomas por
parte dos judeus. Contudo, o iídiche e o ladino
são os que permanecem até os nossos dias.

1.7 O HEBRAICO HOJE

A língua hebraica deixara de ser falada,

especialmente entre os anos 200 e 1880 d.C.
Contudo, é evidente que ela não perdera por
completo sua pulsação. Tanto é, que “[...]
dezenas de milhares de palavras foram criadas,
no período da diáspora [...]” (RABIN, 1973, p.13ss
) Os cânticos e as cerimônias festivas e religiosas
também contribuíram para a sobrevivência
Nesse processo de reconstrução de uma língua
milenar, como o hebraico, considerado por
alguns como o idioma de Deus, os linguistas
judeus tiveram que ser extremamente criativos.
Esses estudiosos tiveram que encarar diversos

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 HEBRAICO - unidade 1
“UM POUCO DE HISTÓRIA”
desafios. Por exemplo, os palavrões. A Bíblia
Hebraica, de onde o novo idioma nascia, não
contempla esse linguajar próprio dos idiomas
modernos. Os judeus, re-criadores do hebraico,
chegaram à conclusão de que não havia meios
de ignorar a realidade dos palavrões. Então,
decidiram tomá-los de empréstimo de uma
língua coirmã, o árabe. Contudo, a palavra
bíblica “prostituta” foi eleita como o palavrão
proveniente do Texto Sagrado.
A ressurreição do hebraico mereceria a alcunha
de milagre moderno da ciência e da dedicação
extrema de um visionário. A Bíblia foi uma forte
aliada da ciência nesse milagre.
Foi feita uma análise de textos de jornal e
ficou demonstrado que 60 a 70% das palavras
usadas nos noticiários comuns, em Israel, são
bíblicas. Uma pequena porcentagem é composta
de termos de origem medieval e inovações
modernas.
O hebraico atual possui cerca de 60.000 ou mais
vocábulos. A Bíblia emprega cerca de 8.000
palavras hebraicas diferentes (das quais 2.000
aparecem apenas uma vez no texto bíblico).
Certamente este não era o vocabulário completo
e disponível para o falante hebraico no período
bíblico. Esse vocabulário atingia, sem dúvida,
30.000 ou mais vocábulos... A pesquisa científica
demonstrou que, em qualquer língua, 1.000
palavras compõem aproximadamente 85% de
todo o material de um texto médio. Entre essas
1.000 palavras mais frequentes em hebraico,
800 são da época bíblica (ARAÚJO, 2010) .
O texto hebraico (a Bíblia Hebraica), escrito hoje
com vogais e semivogais, tem o nome de Texto
Massorético, em homenagem aos massoretas.
O rabino norte-americano Meir Matzliah Melamed
afirma que dos que frequentam a Sinagoga, os
que conhecem o LASHON HAQÓDESH (O Idioma
Sagrado) são na proporção de um para mil. Por
meio deste livro, você está dando um importante
passo para o conhecimento do lashon haqódesh.
(MELAMED, 1978) Não é preciso ser israelita,
judeu ou israelense para se conhecer o hebraico
bíblico. Independente de sua origem ou religião,
você está prestes a dominar o alfabeto, as vogais,
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semivogais e os principais temas gramaticais
hebraicos. Obviamente, o objetivo primordial
deste livro é que, no decorrer de seu estudo,
você tenha acesso à Bíblia Hebraica em hebraico.
Você terá condições de verificar por si mesmo e
compreender melhor certos textos bíblicos pelo
auxílio da língua original da Bíblia.
O hebraico merece a alcunha da mitológica
Fênix. Semelhante à Fênix, o hebraico ressurgiu
das cinzas.
O hebraico bíblico é marcadamente oral. É
poético-narrativo. A oralidade do hebraico bíblico
pode ser percebida claramente, pelo prodigioso
coloquialismo encontrado nos registros dos
textos bíblicos hebraicos:
1. A fórmula profética kô amar Adonay: Assim diz
o SENHOR, reflete a primazia da oralidade sobre
a escrita profética;
2. O shemá Israel “Ouve, Israel, o Senhor nosso
Deus é o único Senhor” enfatiza o verbo ouvir;
3. As inúmeras ocorrências do verbo “ouvir” nos
Provérbios e em todos os profetas, sem exceção
confirmam a oralidade da língua;
4. Uso de aliterações; uso de sons similares
de sílabas ou de palavras chaves. (Salmo 148:
2, 3), do refrão (Salmo 46), poemas acrósticos
(Salmo 25, 34, 36, 119, 145; Lamentações 1-4),
palíndromos (Levítico 24:20), uso de rimas em
“ah”, sons onomatopaicos.
A oralidade do hebraico bíblico percebe-se
também:
1. pelas rezas nas refeições sabáticas;
2. pelas leituras (pronúncia) da Torah nas
sinagogas;
3. pelos cânticos;
4. por agadot (narrações) sobre os mais
variados assuntos.
O hebraico tem um poder de representação
muito grande. A força denotativa de cada
consoante propicia conotações múltiplas quando
estas são agrupadas para formarem palavras. A
língua hebraica possibilitou a criação do iídish e
do ladino; do Séfer Yetzirá; da Cabala; do código
da Bíblia.
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 HEBRAICO - unidade 1
“UM POUCO DE HISTÓRIA”

Uma leitura cuidadosa de Eclesiastes, Cântico dos Cânticos ou de Gênesis 49 (em que alguns dos
filhos de Jacó são comparados a animais) ajuda-nos a perceber a força vocabular hebraica, tirada do
cotidiano. O jogo de palavras em algumas passagens também sugere concretude.

1.8 O ALFABETO HEBRAICO A PARTIR DO ALFABETO PORTUGUÊS

Na unidade 2, você conhecerá o alfabeto do hebraico para o português com seus formatos e
peculiaridades.

+ x z w h d g b )
T RR Z Y H D G B,V
c p ( s n m l k y
TS P,F S N M L K,RR Y
j v } { | t # r q
TS F N M K,RR T SH,S R Q

Estudar o alfabeto hebraico, a partir do português, tem algumas vantagens:

1. Você domina o alfabeto português;

2. Quase todos os sons das consoantes hebraicas são idênticos aos do português;
3. Você associa rápido uma língua com a outra;
4. Você acrescenta o estudo das vogais e semivogais ao estudo das consoantes hebraicas;
5. O estudo, em seguida, do alfabeto, do hebraico para o português, tornar-se-á praticamente
uma prazerosa revisão.

Antes da existência do alfabeto hebraico, havia os símbolos cuneiformes e hieroglíficos. A

criação do alfabeto foi um grande avanço para a leitura fluente.

Vamos então ao estudo do alfabeto hebraico via alfabeto português, acrescido de vogais e
semivogais.

A primeira letra do alfabeto português é a vogal “a”. Portanto, não corresponde a nenhuma
das vinte e duas consoantes do alfabeto hebraico. As vogais só foram criadas a partir do
século VIII d.C.

A letra “a”, em português, pode soar como “a”, em “palavra” ou como “ã”, em perdão ou “ã”
em cântico. O som “a” hebraico funciona semelhante ao português. A única diferença é que
o som “ã” acontecerá apenas diante da consoante “n”. Não há o encontro “ão” em hebraico.

Normalmente há duas formas de escrevermos as letras em português: maiúsculas e

minúsculas. Em hebraico todas as consoantes são minúsculas. Portanto, há uma única
forma para cada letra do alfabeto. As vogais, que não pertencem ao alfabeto, têm duas
formas na escrita: breves e longas. Vogais breves são usadas nas sílabas fechadas e vogais
longas, nas sílabas abertas. De modo geral, não há diferença na pronúncia, só na escrita.

A letra “a” é representada em hebraico, por um traço [a ] ou um pequeno “t” [f ].

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 HEBRAICO - unidade 1
“UM POUCO DE HISTÓRIA”
A letra “b” tem apenas um som em português,
como na palavra Babel. Em hebraico, o “b”
pode soar como “b” [ben = filho] ou como
“v” [av = pai]. O formato hebraico do “b” é o
seguinte: ( B. ) Sem o ponto dentro da letra
lê-se “v” [b]. A forma antiga do hebraico
chama-se hebraico paleolítico. A atual forma
das consoantes hebraicas vem da língua
aramaica.
A letra “c” muda de som conforme a posição
nas palavras ou com o acompanhamento
vocálico. Exemplos: casa, cesto, caça. Em
hebraico bíblico, há três letras que possuem
os sons do “c” português: ( K) com o mesmo
som do “c” na palavra casa e ( s ) ou ( & ) com
o som dos vocábulos cesto ou caça.
A letra “d” tem dois sons em português, como
nas palavras dom e dia, em uma pronúncia
mineira. Em hebraico, soa apenas como
um “d” duro, mesmo diante da vogal “i”. O
formato hebraico do “d” é: ( d).
A quinta letra do alfabeto português também
é uma vogal. Trata-se da letra “e”. A letra “e”.
É representada em hebraico por dois ou
três pontos [e ], colocados abaixo de qualquer
consoante. Por ser vogal, não faz parte do
alfabeto.
A letra “f” tem apenas um som em português,
como na palavra fé. O formato hebraico do
“f” é: ( p ). Se levar um ponto dentro, passa a
soar como “p” [P].
A letra “g” tem dois sons em português,
como nas palavras graça e gente. O formato
hebraico do “g” é: ( g ). Soará apenas como
“gu”, como na palavra guerra.
A letra “h” é muda em português, como na
palavra hoje. O formato hebraico do “h” é:
( h ). É muda no final de palavras. No início
e no meio soará como um “r” português de
início de palavras como no vocábulo “rei”.
A nona letra do alfabeto português também
é uma vogal. Trata-se da letra “i”. A letra “i”
é representada em hebraico, por um pingo
abaixo de qualquer consoante [i ]. Por ser
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vogal, não faz parte do alfabeto.
A letra “j” tem um único som em português,
como na palavra justiça. O mais próximo
do “j” é o “gu” [g]. Na prática, não há um
representante fonético para o som “j”
em hebraico. Existe sim a transliteração
ou representação não fonética para a
letra “y” hebraica. A maioria dos nomes
próprios hebraicos que começam por “y”
são transliterados por “j” em português.
Exemplo: Yehoshúa = Josué; Yrmia = Jeremias;
Yerushaláim = Jerusalém etc.
A letra “k” veio do inglês para o português.
Tem o mesmo som de “c” em casa. Exemplo:
karaokê. O “k” hebraico [K] também soará
como “c” em casa. Sem o ponto dentro, soará
como dois “rr” ou mais precisamente como o
“j” espanhol [Guadalajara] ou o “ch” alemão
em Bach.
A letra “l” tem mais de um som em português,
como nas palavras lei e Israel. O formato
hebraico do “l” é: ( l ). Mesmo no final de
palavras, o “l” soará como “l” e não como “u”,
como acontece em português.
A letra “m” tem mais de um som em
português, como nas palavras música e
amém. O formato hebraico do “m” é: ( m
). Mesmo no final de palavras soará como
“m” e não como “éin”, como acontece em
português.
A letra “n” tem mais de um som em português,
como nas palavras neve e sêmen. O formato
hebraico do “n” é: ( n ). Mesmo no final de
palavras soará como “n” e não como “éin”,
como acontece em português.
A décima quinta letra do alfabeto português
é uma vogal. Trata-se da letra “o”. A letra “o”
é representada em hebraico, por um pingo
acima de qualquer consoante [ o ]. Por ser
vogal, não faz parte do alfabeto.
A letra “p” tem apenas um som em português,
como na palavra pé. O formato hebraico do
“p” é: (P ). Sem o ponto dentro, passa a soar
como “f” [p].
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 HEBRAICO - unidade 1
“UM POUCO DE HISTÓRIA”
A letra “q” tem apenas um som em português,
como na palavra quente. O formato hebraico
do “q” é: ( q ).
A letra “r” tem mais de um som em português,
como nas palavras rei, raro, carro, pecador.
O formato hebraico do “r” é: (r ). Soa
como o “r” português do meio de palavras.
Foneticamente aproxima-se mais do “r”
espanhol, como em reina [rainha].
A letra “s” muda de som conforme a posição
nas palavras. Exemplos: sapo, casa assento.
Em hebraico há duas letras que possuem os
sons do “s” português: (s ) ou ( & ).
A letra “t” muda de som conforme a vogal
que a acompanha. Exemplos: templo, tio.
Em hebraico, há duas letras que possuem
os sons do “t” português, como na palavra
templo: ( + ) e ( t ). O som hebraico de um
“t” duro independe do acompanhamento da
vogal “i”.
A vigésima primeira letra do alfabeto
português é uma vogal. Trata-se da letra “u”.
A letra “u” é representada em hebraico por
três pingos perpendiculares [u ] abaixo de
qualquer consoante ou por um pingo dentro
da consoante “v” [U], a próxima consoante a
ser estudada.
As próximas cinco letras do alfabeto
português serão vistas na unidade 2, que
contemplará também o alfabeto hebraico do
hebraico para o português e as nuances de
cada consoante, exemplificadas no livro do
profeta Jonas em hebraico.
O Hebraico é a língua dos patriarcas,
matriarcas, profetas, profetisas, reis
e rainhas do antigo Israel.
A língua hebraica é essencial para o
aprofundamento no texto bíblico.
ASSISTA AOS VÍDEOS:
Hebraico Paleolítico (http://www.
youtube.com/watch?v=a2bCL-
z0nSYg).
14 nead.fbmg.edu.br / nead.tutoria@redebatista.edu.br / 3429-7256 ou 3429-7361
Música em iídiche (http://www.
youtube.com/watch?v=-pQeLapS-
cvo).
Os símbolos cuneiformes e hiero-
glíficos e a escrita hebraica (http://
www.youtube.com/watch?v=hZW-
7TVwZBlk).
APROFUNDE SEUS
CONHECIMENTOS:
O Alfabeto Hebraico (http://
www.hebraico.pro.br/q_
quadratico.asp).
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Tarcisio Caixeta de. Urim tumim:
introdução ao hebraico. Belo Horizonte:
Edição do autor, 2010.
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia.
Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1983, p.935.
EBAN, Abba. A história do povo de Israel. 4 ed.
Rio de Janeiro: Bloch,1982.
MELAMED, Meir Matzliah. Tefilat matzliah
(livro de orações). 4 ed. Rio de Janeiro:
Danúbio, 1978.
RABIN, Chaim. Pequena história da língua
hebraica. Tradução de Rifka Berezin. São
Paulo: Summus, 1973.
BIBLIOGRAFIAS:
BÁSICA:
ARAUJO, Tarcisio Caixeta de. Urim Tumim:
Introdução ao hebraico. Belo Horizonte:
Edição do Autor, 2010.
FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da
Bíblia Hebraica: introdução ao texto
massorético. São Paulo: Vida Nova, 2003.
KIRST, Nelson; KILPP, Nelson. Dicionário
hebraico-protuguês e aramaico-
português. São Leopoldo: Sinodal, 1987.
SILVA, Cássio Murilo da. Metodologia de
 HEBRAICO - unidade 1
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exegese bíblica. São Paulo: Paulinas, 2000.
COMPLEMENTAR:
BUNIN, Irving M. A ética do Sinai:
ensinamentos dos sábios do Talmud. São
Paulo: Séfer, 2004.
DAVIDSON, Benjamim. The analytical
Hebrew and Chaldee Lexicon.
Massachusetts: Hendrickson Publishers, Inc,
1997.
KAISER, Walter C.; SILVA, Moisés. Introdução
à hermenêutica bíblica. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002.
KAUTZSCH, E.; COWLEY, A. E. (Editores).
Gesenius, Hebrew grammar. Oxford:
Clarendon Press, 1980.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e
seus intérpretes: uma breve história de
interpretação. São Paulo: Cultura Cristã,
2004.
SUGERIDA:
DAVIDSON, Benjamin. The analytical Hebrew
and Chaldee lexicon. Grand Rapids, Michigan:
Zondervan, 1982.
DICIONÁRIO internacional de teologia do
Antigo Testamento. R. Laird Harris, Gleason
L. Archer Jr., Bruce K. Waltke. São Paulo: Vida
Nova, 1998.
HOLLENBRG, Budde. Gramática elementar
da língua hebraica. São Leopoldo: Sinodal,
1991.
KELLEY, Page. Hebraico bíblico: uma gramática
introdutória. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
GLOSSÁRIO:
Plural majestático: Há, em português, um plu-
ral chamado de “plural de modéstia”. Acontece
quando um pregador diz, por exemplo, “estamos
aqui nesta hora parar trazer uma reflexão da Pa-
lavra de Deus”. O plural majestático refere-se a
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Deus. Por Ele ser “imenso”, Ele utiliza “Nós” em
lugar de “Eu” para demonstrar a sua grandiosi-
dade.
Raiz: Refere-se aos verbos, de onde procedem
os substantivos. Trata-se do radical dos verbos.
Preposição: É uma palavra invariável que liga
dois elementos da oração, subordinando o se-
gundo ao primeiro. Em hebraico há preposições
de uma única consoante, e por isso, vêm ligadas
às palavras.
Paralelismo antitético: Paralelismo é uma es-
pécie de rima de pensamento. No caso do pa-
ralelismo antitético, o segundo verso poético é
antônimo do primeiro.
Língua alfabética: Refiro-me aos idiomas que
utilizam um alfabeto na comunicação escrita.
Língua não alfabética tem a ver com os hieró-
glifos, por exemplo, aqueles sinais da escrita de
antigas civilizações, tais como os egípcios, os hi-
titas, e os maias.
Refrão: Refrão é a parte do poema que se repe-
te, como no Salmo 46:7 “O SENHOR dos Exércitos
está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.”
Poemas acrósticos: São aqueles poemas que
usam as letras do alfabeto para começar cada
verso. O exemplo mais rico na Bíblia de poema
acróstico é o salmo 119.
Cuneiformes: Escrita desenvolvida pelos sumé-
rios, antigos babilônicos, feita com auxílio de ob-
jetos em formato de cunha.
Hieroglíficos: Língua não alfabética. Sinais
da escrita de antigas civilizações, tais como os
egípcios, os hititas, e os maias.
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