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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Estado do Paraná
Unidade Auditada: Secretaria de Saúde
Município/UF: Curitiba/PR
Relatório de Avaliação: 818886
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.
Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO Segundo dados do Ministério da Saúde no
REALIZADO Brasil, a prevalência da Doença Renal Crônica
(DRC) é de 10,46% na população adulta, sendo
PELA CGU? que no país existem aproximadamente 150 mil
doentes renais crônicos dependentes de
A ação de controle avaliou a
Terapia Renal Substitutiva (TRS), sendo 85%
prestação de serviços de
dos pacientes assistidos exclusivamente pelo
hemodiálise oferecidos no
Sistema Único de Saúde.
SUS por meio da Secretaria de
Saúde do Estado do Paraná O Ministério da Saúde por meio da Secretaria
com foco nos processos e de Saúde do Paraná realizou mais de 400 mil
procedimentos de sessões de diálise por ano, ao custo de 82
atendimento dos pacientes milhões de reais em 2019 e 84 milhões de reais
com a enfermidade e na em 2020.
verificação da Por se tratar de tema de grande relevância e
compatibilidade da materialidade no SUS este trabalho buscou
produtividade e pagamentos conhecer o panorama e a execução das
realizados às clínicas e terapias renais substitutivas no Estado do
hospitais nos exercícios de Paraná.
2019 e 2020 em relação à
quantidade de equipamentos
e número de pacientes.
QUAIS AS CONCLUSÕES
ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
AS RECOMENDAÇÕES QUE
DEVERÃO SER ADOTADAS?
As análises realizadas permitiram identificar:
- realização de procedimentos de hemodiálise
incompatível com a capacidade de
equipamentos disponíveis em três clínicas da
rede credenciada;
- não encaminhamento de pacientes em
terapia renal substitutiva para avaliação
quanto à aptidão para transplante; e,
- existência de fila de espera para consulta na
especialidade de nefrologia.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
QUADRO
Quadro 1 - Relação de estabelecimentos contratados pelo estado para serviço de nefrologia
FIGURAS
Figura 1 - Distribuição dos gastos no tratamento da DRC
Figura 2 - Mapeamento dos serviços de saúde de alta complexidade em Nefrologia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CONCLUSÃO 23
ANEXOS 25
Nos exercícios de 2019 e 2020 foram realizados gastos de mais de 167 milhões de reais em
pagamentos referentes a terapias renais substitutivas nos estabelecimentos contratados pelo
estado do Paraná, sem considerar os medicamentos e transplantes.
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS) no Brasil a prevalência da Doença Renal Crônica
(DRC) é de 10,46% na população adulta, sendo que no país, existem aproximadamente 150
mil doentes renais crônicos dependentes de Terapia Renal Substitutiva (TRS), sendo 85% dos
pacientes assistidos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (Brasil, 2017).
Quando a doença renal atingir determinado estágio de evolução, o paciente deverá ser
encaminhado a uma Unidade Especializada para acompanhamento multiprofissional e
terapias renais substitutivas (hemodiálise ou diálise peritoneal).
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No período de noventa dias, o paciente em TRS deve ser inscrito na lista para avaliação por
uma equipe de transplante, a fim de cadastrar seus dados para análise de compatibilidade
com doadores e confirmar ainda se o paciente tem condições clínicas para submeter-se a tal
procedimento.
Os gastos federais com tratamentos da DRC em 2017 alcançaram a marca de 4 bilhões de reais
no ano, sendo assim distribuídos:
Medicamentos
Especializados
24%
Transplante
6%
Terapia Renal
Substitutiva
70%
Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informações Ambulatoriais e Hospitalares /Sistema Único de Saúde. Disponível em
http://tabnet.datasus.gov.br/tabnet/tabnet.htm, 2017
A principal despesa no tratamento das DRC concentra-se nas terapias renais substitutivas, mas
as despesas com medicamentos especializados e transplantes também são consideráveis.
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5. Os pacientes em diálise têm sido encaminhados para a avaliação de transplante no
prazo de 90 dias do início da TRS?
6. O governo estadual gerencia a execução financeira de forma adequada?
Os exames foram realizados com utilização das técnicas de análise documental, tratamento e
análise dos dados.
Não foi possível consultar os prontuários dos pacientes com o objetivo de confirmar a real
execução dos procedimentos de hemodiálise por alegação de sigilo profissional, apresentado
por meio do Despacho DVOGS, datado de 23.06.21, página 457 do Protocolo 17.386.629-1:
§ 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que seja observado
o sigilo profissional.
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RESULTADOS DOS EXAMES
1. Realização de procedimentos de hemodiálise incompatível com a
capacidade de equipamentos disponíveis em três clínicas da rede
credenciada.
A hemodiálise é um processo no qual um equipamento limpa e filtra o sangue, fazendo o
trabalho que um rim doente não consegue fazer. Os pacientes que realizam o tratamento
dialítico precisam realizar entre 2 a 3 sessões semanais de hemodiálise, sendo que cada uma
das sessões dura entre 3 a 6 horas, dependendo do estado de saúde do paciente e da
tecnologia das máquinas.
Assim cada equipamento de hemodiálise pode realizar entre 2 a 4 sessões de tratamento por
dia. Na grande maioria das clínicas e hospitais os tratamentos são oferecidos de segunda à
sábado, ou seja, 6 dias por semana, ou aproximadamente 26 dias por mês.
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Atendi-
Equipa- Capacidade Capacidade
Estabelecimento de Saúde mentos % Ocupação
mentos Mês Ano
2020
2781883 Instituto do Rim 11 1.144 13.728 28.933 211%
2814625 Clínica Renal Iraty 24 2.496 29.952 12.744 43%
3004864 Clínica do Rim 22 2.288 27.456 9.667 35%
3823571 Clínica de Diálise
35 3.640 43.680 22.657 52%
Campo Largo
4056779 Renal Clínica 11 1.144 13.728 21.523 157%
6270980 Nefrocastro 17 1.768 21.216 12.854 61%
7672136 Davita Rolândia 40 4.160 49.920 16.008 32%
9003444 CDR Colombo 24 2.496 29.952 17.551 59%
Total 547 56.888 682.656 414.290 60,68%
Fonte: CNES/MS. Ref. Comp. 12/2020, em 25.02.2021
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A SESA firmou com as 20 clínicas prestadoras dos serviços de hemodiálise, contratos
padronizados, que preveem em sua Cláusula Quarta, item "i" dos contratos referentes à
prestação dos serviços de nefrologia, que os estabelecimentos contratados devem realizar a
avaliação dos pacientes em TRS, no máximo em 90 dias para verificar se preenchem os
requisitos para transplante.
Por meio de análise da síntese da produção da APAC dos estabelecimentos amostrados, CDR
Colombo, Clínica do Rim Paranavaí e Instituto do Rim Santo Antônio da Platina, extraídos do
SIA/SUS referentes ao mês de processamento julho/2020 pode-se constatar que os
estabelecimentos inserem os dados no sistema informando se o paciente está apto ou inapto
para o transplante, recusa o transplante ou N/A (não avaliado).
Segue abaixo demonstrativo da situação dos pacientes quanto à aptidão informados pelos
estabelecimentos amostrados:
Verificou-se que aproximadamente 42% dos pacientes das clínicas amostradas não foram
avaliados quanto à possibilidade de inscrição na fila de transplante. A informação N/A (não
avaliado), constante na ficha síntese da produção do APAC deveria ser utilizada apenas para
aqueles pacientes que iniciaram seus tratamentos a menos de 90 dias.
Em relação ao item N/A (não avaliado) a SESA informou por meio do Despacho nº 2.219/2021
no Protocolo: 17.386.629-1, que o Manual Operacional APAC, a opção N/A no formulário
preenchido pela clínica, significa que os pacientes estão no programa de TRS há menos de 90
dias, com possibilidade de recuperação parcial ou total da função nesse período.
Desta forma, conclui-se que as clínicas não têm cumprido o pactuado nos contratos de
prestação de serviços, quanto ao encaminhamento dos pacientes em tratamento para a
avaliação quanto à aptidão para transplante, o que vem a ser a única possibilidade de
recuperação do paciente e de sua saída do sistema de tratamento em hemodiálise.
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3. Fragilidades nas informações do sistema SIA/SUS quanto à
avaliação dos pacientes em diálise para encaminhamento à Central
de Transplantes.
A análise realizada procurou verificar a validade, correição e confiabilidade dos dados
inseridos no sistema SIA/SUS quanto à situação dos pacientes em relação à aptidão ou não
para a realização de transplante renal.
As clínicas são responsáveis pela inserção no sistema SIA/SUS das informações dos pacientes
em tratamento de hemodiálise, tendo a SESA que verificar a veracidade das informações
fornecidas pelas clínicas para o correto acompanhamento da execução da prestação dos
serviços de saúde.
Por meio de análise da síntese da produção da APAC dos estabelecimentos amostrados, CDR
Colombo, Clínica do Rim Paranavaí e Instituto do Rim Santo Antônio da Platina, extraídos do
SIA/SUS referentes ao mês de processamento julho/2020 pode-se constatar que os
estabelecimentos inserem os dados no sistema informando se o paciente está apto ou inapto
para o transplante, recusa o transplante ou N/A (não avaliado).
Ainda se nota que praticamente 68% dos pacientes do CDR São José dos Pinhais foram
considerados inaptos ao transplante renal, que somando-se ao 18% que se recusaram ao
transplante, totalizam aproximadamente 86% dos pacientes atendidos pela clínica que não
foram ou não seriam encaminhados para transplante. O percentual do CDR São José dos
Pinhais está em direção oposta aos percentuais dos outros dois estabelecimentos.
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Questionada quanto à elevada disparidade entre os índices encontrados, a SESA informou por
meio do Despacho nº 2219/2021, itens 6 e 7, folha 491 do Protocolo 17.386.629-1, o que
segue:
(...)
(...)
As informações constantes no sistema SIA/SUS sobre a situação dos pacientes deve refletir
com exatidão a informação integrante do prontuário individual de cada paciente.
Não foi possível ter acesso aos prontuários individuais dos pacientes submetidos a
tratamentos em clínicas de doenças renais. A SESA, por meio do Despacho nº 1353/2021
informou que os prontuários dos pacientes ficam sob guarda do médico assistente do
estabelecimento e que de acordo com o código de ética médica, capítulo X que trata de
documentos médicos, é vedado ao médico:
(...)
“Artigo 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado,
por escrito pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa.
(...)
Desta forma a SESA afirmou não possuir competência para solicitar os prontuários dos
pacientes às clínicas mencionadas e fornecê-las a outrem.
Mesmo sem acesso aos dados dos prontuários, a verificação de informações tão dispares
entre as clínicas demonstra a fragilidade nas informações inseridas no sistema SIA/SUS, que
são realizadas pelas clínicas prestadoras de serviços de hemodiálise e sobre as quais a SESA
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afirma que não possui controles capazes de confirmar a veracidade e a validade das
informações inseridas no sistema SIA/SUS.
A ausência de informações confiáveis quanto à situação dos pacientes, tanto no que se refere
à aptidão ao transplante, quanto às demais informações que constam na síntese da produção
da APAC dos estabelecimentos amostrados inserida no sistema SIA/SUS, pelas respectivas
clínicas, não permitem conhecer a real situação dos pacientes em tratamento renal nas
clínicas contratadas pela SESA e, nem mesmo, opinar sobre a correta gestão do programa de
tratamento em hemodiálise.
A existência de fila de espera para a consulta com o especialista em nefrologia pode ocasionar
demora no diagnóstico da doença renal. Por tratar-se de uma doença que, em seu estágio
inicial, não apresenta sintomas, a demora na descoberta da enfermidade pode ocorrer
quando o funcionamento dos rins já está comprometido e quando a realização de diálise ou
de transplante sejam as únicas alternativas de tratamento.
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abrangência do serviço de referência. Uma vez liberada a cota, o município
solicitante agenda seus pacientes da fila aguardando agendamento. O paciente será
avisado da data e hora para comparecimento através do município solicitante,
comparece à consulta no Estabelecimento de Saúde agendado. O Estabelecimento
de Saúde atende o paciente e registra seu comparecimento no Sistema de
Regulação. Se houver necessidade de retorno, o próprio estabelecimento pode já
deixar agendado no sistema a data de retorno do paciente.
Em pesquisa simples no Sistema de Regulação Estadual localizamos 2.915 pacientes
aguardando em fila para agendamento de consultas de nefrologia em todo o Estado.
Entretanto esse dado não é uma informação qualificada, pois alguns municípios não
observam situações de pacientes que foram colocados em mais de uma fila, sendo
que já foram atendidos em sua necessidade, porém permanecem nas filas sem
serem excluídos, gerando um acúmulo de nomes aguardando sem necessidade.
Trabalhamos insistentemente junto aos municípios para que de fato gerenciem as
filas e promovam a qualificação dos dados.
Entretanto não conseguimos atingir o mesmo nível de comprometimento nessa
função nos 399 municípios do Estado.
De acordo com relatório extraído do Sistema CARE – dos períodos de 2020 e 2021 houve 5.503
e 5.844 ofertas de consultas de nefrologia nos estabelecimentos contratados pela SESA,
respectivamente. Entretanto, esse quantitativo de consultas ofertadas não é suficiente para
reduzir a fila de espera que atingiu o número de 2.915 pacientes.
Não foi localizada norma específica que determine o tempo que o paciente possa esperar pela
consulta com o especialista, porém quanto mais rápida se der essa consulta com o
nefrologista, melhores as chances de tratamento e manutenção da qualidade de vida do
paciente. Ainda que não haja critérios objetivos, é premissa a busca constante pela melhoria
na prestação do serviço de saúde.
Para redução da fila de espera a SESA trabalha junto aos municípios para verificar a real
necessidade da consulta pelo especialista, priorizando os casos que indicam quais pacientes
devem ser encaminhados para ambulatório especializado e quais poderiam continuar o
manejo pela Atenção Primária à Saúde (APS). Esta ação regulatória possibilitará que os casos
sejam resolvidos na atenção primária à saúde, deixando apenas os casos que realmente
necessitam de consulta com o especialista, reduzindo assim a fila de espera.
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5. A rede credenciada para prestação de serviços de hemodiálise está
distribuída em todas as regiões do estado.
No Estado do Paraná, mais de 5 mil pacientes realizam procedimentos de diálises, desses, cerca de
3.400 pacientes são atendidos pela SESA/PR, numa rede credenciada contratada diretamente pelo
estado para atendimento aos pacientes do SUS.
É dever do estado possibilitar o acesso ao tratamento dialítico na rede credenciada por meio de clínicas
especializadas que devem estar distribuídas por todo estado, garantindo o acesso ao tratamento a
toda a população.
Este Plano Diretor de Regionalização reflete a situação atual da organização de serviços no estado do
Paraná e espelha a organização dos serviços de saúde que compõem o Sistema Único de Saúde (SUS)
no Paraná.
Segue abaixo figura com mapeamento dos serviços de saúde de alta complexidade em Nefrologia,
constante do PDR 2015.
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Fonte: Plano Diretor de Regionalização 2015
A oferta de tratamento de hemodiálise no estado atende toda demanda por meio da rede estadual ou
pelos municípios que atendem a saúde em média e alta complexidade. Pela rede estadual foram
contratados 20 estabelecimentos presentes em todas as regiões do estado.
Verificou-se que as entidades credenciadas estão distribuídas pelo estado e mais próximas da
população.
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CNES Nome CNPJ
6270980 Nefrocastro xxx074970001xx
2582295 Nefronor xxx737900001xx
4056779 Renal Clínica xxx847960001xx
2740001 Renalclin Clínica do Rim xxx060390001xx
Fonte: Secretaria Estadual de Saúde
Apesar da regionalização da saúde a SESA informa que por ser serviço de característica ímpar,
e de interesse de disponibilidade em todo o território paranaense, não há divisão de oferta
por regional de saúde, considerando ainda como agravante nesta situação, o número reduzido
de prestadores de serviços que se dispõem a executar tais procedimentos conforme condições
e valores aportados pelo Sistema Único de Saúde.
Desta forma, conclui-se que a rede credenciada para tratamento da hemodiálise atende as 22
regionais de saúde e está distribuída em todas as regiões do estado.
20
Quanto aos pagamentos às clínicas e hospitais, nos exercícios de 2019 e 2020, o estado pagou
com recursos do Fundo Estadual de Saúde (FES) mais de 166 milhões de reais relativos a
pagamentos com serviços prestados de diálise para atendimento a 4.774 pacientes.
Verificou-se que o Estado realiza os pagamentos baseados nas APACs encaminhadas pelas
clínicas que indicam o quantitativo de procedimentos de diálise realizados mês a mês.
Em relação aos pagamentos nos mesmos valores aos estabelecimentos de hemodiálise nos
meses de abril e maio de 2020 totalizando o valor de R$6.934.965,91 em cada mês e, também,
nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2020 totalizando o valor de R$ 7.259.321,82
em cada mês a SESA, por meio do Despacho DVOGS, datado de 05.07.21, página 465 do
Protocolo: 17.386.629-1, justificou o que segue:
(...)
21
(...)
22
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, foi constatado que a aplicação dos recursos federais na
contratação de clínicas para a prestação de serviços de hemodiálise oferecidos no SUS por
meio da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná apresenta fragilidades e exige providências
de regularização por parte dos gestores estaduais.
Em resposta às questões de auditoria que balizaram este trabalho a equipe chegou as
seguintes conclusões:
a) A rede credenciada atende a todas as regiões do estado e está distribuída de acordo com a
distribuição da população pelo estado?
A rede credenciada para tratamento da hemodiálise atende todas as regiões do estado e está
distribuída de acordo com a população.
b) Há credenciados ou regiões que possuem filas de espera para início do tratamento de
diálise?
Não se constatou regiões ou estabelecimentos com filas de espera para tratamento de
hemodiálise, porém, constatou-se a existência de filas para consultas na especialidade de
nefrologia.
Verificou-se a necessidade de aumentar a disponibilidade de agenda para consultas médicas
na especialidade de nefrologia em todo o estado, seja por meio de contratação de mais
médicos ou de clínicas particulares que atendem a esta especialidade, de forma a reduzir o
número de pacientes em fila de espera, bem como o tempo de espera pela consulta,
priorizando as regiões do Estado onde possa haver populações mais necessitadas nesta
especialidade.
c) O governo estadual regula e controla a execução dos procedimentos de diálise de forma
adequada?
O Estado, por meio das Regionais de Saúde, realiza a avaliação da necessidade de tratamento
dos pacientes, aprovando a realização dos procedimentos de diálise e autorizando a cobrança
dos serviços prestados. Desta forma, a SESA avalia e gerencia a execução dos procedimentos
de hemodiálise com auxílio das 22 regionais de saúde e dos seus médicos auditores.
Foi verificada a existência de pacientes em tratamento há mais de 90 dias e que ainda não
foram avaliados para transplantes, concluindo-se que as clínicas não têm cumprido o
pactuado nos contratos de prestação de serviços, impossibilitando o acesso dos pacientes à
avaliação e a inscrição na fila de transplante, o que poderia vir a ser a possibilidade de
recuperação e de saída do sistema de tratamento em hemodiálise
Ainda se constatou falhas na inserção dos dados da situação dos pacientes quanto à aptidão,
inaptidão ou recusa ao transplante no sistema SIA/SUS, o que dificulta a verificação da real
situação de tratamento e de aptidão ao transplante de cada paciente.
O governo do Estado implementou o Sistema CARE que auxilia nos controles de autorização e
pagamento de procedimentos de alta complexidade, o que auxilia as regionais de saúde no
controle e liberação dos procedimentos de hemodiálise facilitando o gerenciamento
financeiro adequado pelo Estado.
Entretanto foi verificado que três clínicas prestadoras de serviços de hemodiálise informaram
produção de sessões de hemodiálise superior à capacidade de execução de diálise que as
respectivas clínicas possuem.
24
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Achado nº 1
Assim, o setor DVOGS/CSSS/DGS, entrou em contato via telefone com as clínicas solicitando
às mesmas o quantitativo de máquinas existentes no mês de dezembro/20, tendo sido
encontrada as seguintes divergências:
Nº
Nº
CNES Estabelecimento de Saúde Equipamentos/informados
Equipamentos/CNES
pelas clínicas
25
no período, entre o prestador de serviço de Hemodiálise e a SESA-PR e não a quantidade de
procedimentos possíveis de acordo com o número de equipamentos instalados informados
no CNES.
Nº
capacidade Capacidade Atendimentos
CNES Estabelecimento de Saúde Equipamentos/ % Ocupação
/mês anual 2020
CNES
0013633 HOSPITAL ANGELINA CARON 43 4.472 53.664 26.304 49%
0019054 CDR 30 3.120 37.440 27.208 73%
2568810 CLINICA DE DOENCAS RENAIS DO VALE DO IGUACU EPP 19 1.976 23.712 11.884 50%
2576155 DAVITA 32 3.328 39.936 12.268 31%
2582082 INSTITUTO DO RIM 23 2.392 28.704 23.087 80%
2582295 NEFRONOR 27 2.808 33.696 20.236 60%
2590255 HOSPITAL DO RIM DE IVAIPORA 33 3.432 41.184 20.976 51%
2683148 INSTITUTO DO RIM DE PARANAGUA 27 2.808 33.696 16.247 48%
2686953 SANTA CASA DE MISERICORDIA DE PONTA GROSSA 40 4.160 49.920 26.438 53%
2740001 RENALCLIN CLINICA DO RIM* 30 3.120 37.440 29.164 78%
2741784 CLIRE 40 4.160 49.920 27.493 55%
2753707 CLINICA DO RIM PARANAVAI SC LTDA 36 3.744 44.928 31.048 69%
2781883 INSTITUTO DO RIM* 45 4.680 56.160 28.933 52%
2814625 CLINICA RENAL IRATY LTDA 24 2.496 29.952 12.744 43%
3004864 CLINICA DO RIM 22 2.288 27.456 9.667 35%
3823571 CLINICA DE DIALISE CAMPO LARGO LTDA 35 3.640 43.680 22.657 52%
4056779 RENAL CLINICA * 28 2.912 34.944 21.523 62%
6270980 NEFROCASTRO 17 1.768 21.216 12.854 61%
7672136 DAVITA ROLANDIA 40 4.160 49.920 16.008 32%
9003444 CDR COLOMBO 24 2.496 29.952 17.551 59%
TOTAL 615 63.960 767.520 414.290 54%
Fonte: CNES/MS ref. Competência 12/2020, em 03/03/2022
* para estas Clinicas, foi solicitada a correção do nº de equipamento de hemodialise no CNES
Dessa forma, a rede credenciada teria em conjunto 615 equipamentos de Hemodiálise, com
capacidade máxima de realizar 767.520 sessões de hemodiálise, com o número de
atendimentos realizados para o ano de 2020 de 414.290 sessões, o que representa 54% de
utilização da capacidade instalada em 2020 da rede credenciada.
Ainda que neste caso, segundo a SESA, trate-se apenas de erro cadastral verificado apenas
por meio de contatos telefônicos, cabe ao Estado verificar “in-loco” se as estruturas das
clínicas são compatíveis com os níveis de produtividade e qualidade pactuados. Não se trata
apenas da quantidade de equipamentos, mas também do número de profissionais da equipe
de médicos nefrologistas, enfermeiros e auxiliares, que tem impacto tanto na qualidade do
atendimento quanto na garantia da segurança da saúde dos pacientes em tratamento.
Achado nº 2
27
inscritos, pois enquanto órgão responsável por regular e fiscalizar as ações de transplantes,
não tem gerência sobre as unidades de diálise do Estado e sim sobre os Centros
Transplantadores. E especificamente, com relação a avaliação quanto a aptidão ou não do
paciente para ser submetido ao transplante, que tal avaliação somente pode ser realizada pela
clínica de diálise, caso se tratem de contra indicações absolutas ao transplante, enquanto
todos os demais casos devem ser avaliados por uma equipe transplantadora.
Assim sendo, cabe ao Estado verificar que as clínicas por ele contratadas estão encaminhando
os pacientes para a avaliação e inscrição na fila de transplante quando aptos.
Note-se que, conforme cita a SESA em sua resposta, há previsão contratual quanto a
“obrigatoriedade de avaliação dos pacientes em TRS – no máximo em 90 dias para verificar se
os mesmos preenchem os requisitos para transplante renal”, ou seja, as clínicas contratadas
ao não encaminharem os seus pacientes para a devida avaliação estão descumprindo o
contrato, o que deveria acarretar sanções previstas no próprio contrato e na legislação
específica.
Cabe ao Estado fazer cumprir o pactuado nos contratos, nos prazos devidos, devendo
sancionar o prestador de serviço quando houver o descumprimento contratual, ou apurar a
omissão do agente público fiscalizador do contrato, que não age para fazer cumprir o que foi
pactuado no termo contratual e está sendo pago pelo Estado.
Achado nº 3
“As Clínicas CDR São José dos Pinhais (CNES 0019054), Clínica do Rim de Paranavaí (CNES
2753707) e Instituto do Rim (CNES 2781883) escolhidas para a amostra, por terem uma
28
produção semelhante na competência julho/2020, porém, com disparidade na porcentagem
de pacientes que ainda não foram avaliados para transplantes.
2 - Realizar auditoria nas clínicas CDR São José dos Pinhais (CNES 0019054); Clínica do Rim de
Paranavaí (2753707); Instituto do Rim – Santo Antônio da Platina (2781883) para verificar nos
prontuários a situação de cada paciente em tratamento dialítico na competência julho/2020,
citado no relatório, quanto ao encaminhamento para avaliação de transplante renal no prazo
de 90 dias; comparar se as informações constantes do prontuário são as mesmas constantes
da APAC, entre outras ações que a equipe entender como necessária durante o processo de
auditoria. Para essa auditoria seriam necessários aproximadamente 4 meses.
Esclarecemos que a auditoria da SESA não possui competência para solicitar prontuários e
disponibilizá-los para terceiros, porém, possui competência para verificar os mesmos “in
loco”, em local apropriado dentro dos próprios estabelecimentos e divulgar os resultados da
análise garantindo o sigilo das informações pessoais dos pacientes conforme determina a
legislação.”
Achado nº 4
29
Manifestação da unidade auditada
Informa ainda que concorda com a necessidade de aumentar oferta cada vez mais, dando
vazão às filas de espera e que fará mais uma vez a verificação das conformidades com o
contratualizado pela SESA e o ofertado no Sistema de Regulação aplicando medidas de
regularização, como também a sugestão de aumento da programação físico-financeira
contratualizada em determinadas regiões de saúde onde possa haver as maiores filas.”
30