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Aula 02

AGU
(Advogado
da União)
Direito
Eleitoral
2023 (Pós-Edital)

Autor
Ricardo Torques 30 de Dezembro de 2022
Estratégia Carreira Jurídica
AGU (Advogado da União) Direito Eleitoral - Prof.: Ricardo Torques

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 7

Tipos Previstos na Legislação ............................................................................................................................. 7

1 - Conceitos Introdutórios ............................................................................................................................. 7

Tipo Objetivo .................................................................................................................................................................... 8

Tipo Subjetivo ................................................................................................................................................................... 8

Sujeito Passivo .................................................................................................................................................................. 9

Sujeito Ativo ..................................................................................................................................................................... 9

Classificação...................................................................................................................................................................... 9

Consumação ................................................................................................................................................................... 10

Tentativa ......................................................................................................................................................................... 11

2 - Código Eleitoral ....................................................................................................................................... 12

Inscrição Fraudulenta do Eleitor ..................................................................................................................................... 12

Induzimento à inscrição eleitoral fraudulenta ............................................................................................................... 13

Inscrição fraudulenta efetuada pelo juiz ........................................................................................................................ 15

Negativa ou retardamento de inscrição eleitoral ........................................................................................................... 15

Perturbação do alistamento ........................................................................................................................................... 16

Retenção indevida de título eleitoral ............................................................................................................................. 16

Desordem nos trabalhos eleitorais................................................................................................................................. 18

Impedimento ao exercício do sufrágio ........................................................................................................................... 19

Prisão ou detenção indevida de eleitor no período de votação..................................................................................... 19

Corrupção Eleitoral ......................................................................................................................................................... 20

Coação Eleitoral .............................................................................................................................................................. 23

Coação violenta de eleitores .......................................................................................................................................... 24

Concentração ilegal de eleitores .................................................................................................................................... 25

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Majoração de preços na eleição ..................................................................................................................................... 26

Ocultação ou recusa de fornecimento de bens e serviços nas eleições......................................................................... 27

Intervenção de autoridade estranha à mesa receptora ................................................................................................. 27

Inobservância da ordem de votação. ............................................................................................................................. 28

Fornecimento de cédula já assinada .............................................................................................................................. 29

Fornecimento de cédula em momento inoportuno ....................................................................................................... 30

Exercício irregular do voto.............................................................................................................................................. 30

Práticas irregulares na votação ...................................................................................................................................... 31

Voto fora da seção .......................................................................................................................................................... 32

Violação ou tentativa de violação ao sigilo do sufrágio ................................................................................................. 33

Omissão de expedição de boletim de apuração de urna ............................................................................................... 33

Omissão no recolhimento das cédulas apuradas da urna .............................................................................................. 34

Alteração de mapas ou boletins de apuração ou votação ............................................................................................. 35

Recusa à consignação de protestos em ato de eleição ou de apuração ........................................................................ 36

Violação ou tentativa de violação do sigilo de urna ....................................................................................................... 37

Contagem Indevida de Votos ......................................................................................................................................... 37

Subscrição múltipla de ficha para registro de partido.................................................................................................... 38

Múltipla filiação partidária ............................................................................................................................................. 39

Colheita Indevida de Apoio para Registro de Partido Político........................................................................................ 40

Divulgação de Fatos Inverídicos na Propaganda ............................................................................................................ 41

Calúnia Eleitoral .............................................................................................................................................................. 42

Difamação Eleitoral ........................................................................................................................................................ 44

Injúria Eleitoral ............................................................................................................................................................... 47

Denunciação caluniosa com finalidade eleitoral ............................................................................................................ 50

Inutilização, alteração ou perturbação de propaganda lícita ......................................................................................... 53

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Impedimento ao exercício da propaganda ..................................................................................................................... 54

Aliciamento comercial de eleitores ................................................................................................................................ 54

Realizar propaganda em língua estrangeira ................................................................................................................... 55

Participação em atividades partidárias por aqueles que não detêm direitos políticos ................................................. 56

Descumprimento de prioridade postal........................................................................................................................... 57

Destruição, supressão ou ocultação de material eleitoral ............................................................................................. 58

Fabricação, aquisição, fornecimento, subtração ou guarda indevida de material de uso exclusivo da Justiça Eleitoral
........................................................................................................................................................................................ 58

Retardamento das publicações eleitorais ...................................................................................................................... 59

Omissão da denúncia a cargo de representante do Ministério Público......................................................................... 60

Omissão da autoridade judiciária em representar contra o membro do Ministério Público ........................................ 61

Recusa ou abandono do serviço eleitoral....................................................................................................................... 62

Descumprimento dos deveres eleitorais ........................................................................................................................ 63

Utilização de serviço e de prédio público com propósito político partidário................................................................. 64

Desobediência eleitoral .................................................................................................................................................. 66

Falsificação ou alteração de documento público com fins eleitorais ............................................................................. 67

Falsificação ou alteração de documento particular ....................................................................................................... 68

Falsidade Ideológica Eleitoral ......................................................................................................................................... 68

Reconhecimento indevido de firma ou letra com finalidade eleitoral ........................................................................... 72

Uso de documento falso com finalidade eleitoral.......................................................................................................... 74

Obtenção de documento falso para fins eleitorais ........................................................................................................ 75

Apropriação de bens, recursos ou valores destinados ao Financiamento Eleitoral ....................................................... 75

3 - Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições)........................................................................................................ 77

Divulgação de pesquisa fraudulenta .............................................................................................................................. 77

Impedir fiscalização das pesquisas ................................................................................................................................. 78

Publicação de pesquisa irregular .................................................................................................................................... 78

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Uso proibido de alto-falante........................................................................................................................................... 78

Arregimentação de eleitor e propaganda de boca de urna ........................................................................................... 79

Divulgação de propaganda do dia da eleição ................................................................................................................. 79

Crime por propaganda ilícita no dia das eleições ........................................................................................................... 79

Uso, na propaganda eleitoral, de símbolos de órgãos do governo ................................................................................ 81

Recusa de entrega de boletim de urna eletrônica ......................................................................................................... 81

Obter acesso a sistema de dados eleitorais ................................................................................................................... 82

Destruir sistema de dados eleitorais .............................................................................................................................. 82

Dano a equipamento eletrônico eleitoral ...................................................................................................................... 82

Cerceamento ao direito de fiscalização .......................................................................................................................... 82

Retenção de título ou comprovante de alistamento eleitoral ....................................................................................... 83

4 - Lei Complementar nº 64/1990 (Lei de Inelegibilidade) ........................................................................... 83

Impugnação a registro de candidatura feita por má-fé.................................................................................................. 83

5 - Lei nº 6.091/1974 (Lei do Transporte em Zonas Rurais no dia das Eleições).......................................... 84

Descumprir o dever de informar a existência de veículos/embarcações nos órgãos públicos ...................................... 84

Desatender a requisição de veículos ou embarcações particulares............................................................................... 85

Fazer transporte e fornecer alimentação no período eleitoral, quando vedado pela lei .............................................. 85

Obstar a prestação dos serviços de transporte e alimentação prestados pela Justiça Eleitoral.................................... 86

Utilização indevida de veículos ou embarcações públicas em campanha ..................................................................... 87

6 - Lei nº 7.021/1982 .................................................................................................................................... 89

Destruição da relação de candidatos ............................................................................................................................. 89

Destaques da Legislação e da Jurisprudência .................................................................................................. 89

Resumo............................................................................................................................................................. 89

Considerações Finais ........................................................................................................................................ 98

Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 98

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Lista de Questões ........................................................................................................................................... 141

Gabarito.......................................................................................................................................................... 154

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CRIMES ELEITORAIS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os Crimes Eleitorais previstos em cinco diplomas:

• Código Eleitoral;
• Lei das Eleições;
• Lei de Inelegibilidade;
• Lei 6.091/74;
• Lei 7.021/82.

Esse assunto é recorrente em provas de concurso! Não deixe de estudar.

Boa aula.

TIPOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO


Em relação a esse assunto não temos outra alternativa a não ser sistematizar os tipos penais previstos na
legislação eleitoral. Notamos que as questões centram a cobrança no teor dos dispositivos penais, sem
maiores aprofundamentos. Desse modo, nosso estudo será dirigido a compreensão dos tipos. Como é uma
matéria cansativa e, em razão disso, nossa capacidade de absorção torna-se reduzida, sugere-se a revisão
desse assunto ao menos uma vez antes da prova.

Há, ainda, algumas questões que exigem posicionamento dos tribunais superiores, especialmente do TSE e
do STF. Em função disso, traremos os principais julgados relativos à matéria.

1 - CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
Antes de iniciarmos o estudo dos tipos penais-eleitorais previstos na legislação, vamos trazer de forma
objetiva alguns conceitos gerais de direito penal, tais como tipo objetivo, tipo subjetivo, consumação etc.
Esses conceitos são relevantes em razão da estrutura utilizada para análise dos tipos nesta aula.

É importante destacar, antes de iniciarmos, que esses conceitos são estudamos de forma pormenorizada em
Direito Penal. Não é nossa pretensão aqui analisar esses dispositivos com profundidade, mas apenas trazer
alguns conceitos gerais, para auxiliar na memorização das informações relativas à nossa aula.

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Tipo Objetivo

O tipo penal é o modelo genérico e abstrato da conduta criminosa, constitui um conjunto de elementos que
descrevem as informações previstas na lei penal. No tipo são descritas as formas possíveis de violação do
bem jurídico tutelado.

O tipo objetivo consiste no comportamento descrito no preceito da norma incriminadora, sem análise da
intenção do agente.

O tipo objetivo descreve a conduta, o objeto do crime e o respectivo resultado. Além disso, o tipo objetivo
poderá definir as circunstâncias externas do fato, bem como eventuais circunstâncias relativas ao agente.

Tipo Subjetivo

O tipo subjetivo, por sua vez, refere-se à atitude psíquica interna do agente, segundo cada tipo objetivo.
Constituem componentes da figura típica exigidos para a compreensão do significado do tipo praticado, por
intermédio de um juízo de valor.

Analisar o tipo subjetivo envolve o estudo do dolo. De acordo com a teoria finalista da ação, dolo é o
elemento subjetivo do tipo; é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo.

Teorias sobre o dolo

Existem três teorias a respeito do conteúdo do dolo:

a) Teoria da vontade, segundo a qual dolo é a vontade de praticar uma ação consciente, um fato que se
sabe contrário à lei.

Exige, para sua configuração, que quem realiza a ação tenha consciência de sua significação, e tenha vontade
de produzir o resultado.

b) Teoria da representação, segundo a qual dolo é a vontade de praticar a conduta, em que o agente prevê
a possibilidade de o resultado ocorrer, sem, entretanto, desejá-lo. É suficiente que o resultado seja previsto
pelo sujeito.

c) Teoria do assentimento (ou do consentimento), segundo a qual basta para o dolo basta a previsão ou
consciência do resultado, não exigindo que o sujeito queira produzi-lo. É suficiente o assentimento do
agente ao resultado.

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O Brasil adotou:

a teoria da vontade → para que exista dolo é preciso consciência e vontade de produzir o
resultado (dolo direto);
a teoria do assentimento - quando o agente aceita o risco de produzir o resultado (dolo
eventual).

Sujeito Passivo

O sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegido pela norma penal.

Deve-se mencionar que o Estado será sempre sujeito passivo, ao menos, no aspecto formal do bem jurídico,
dado o interesse jurídico em punir aquele que cometer delitos.

Contudo, a depender do tipo considerado, poderá ser sujeito passivo (material ou eventual) o titular do bem
jurídico diretamente lesado pela conduta do agente.

Sujeito Ativo

O sujeito ativo, por sua vez, será a pessoa que pratica a conduta descrita na norma penal incriminadora.

Classificação

A classificação dos crimes tem por objetivo facilitar a sistematização das várias espécies de crimes praticados.
Não vamos nos alongar aqui também. Veremos apenas as classificações mais importantes e citadas para a
classificação dos crimes eleitorais.

Desse modo veremos as seguintes classificações:

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próprio comum comissivo omissivo

material permanente formal de mera conduta

São os crimes que exigem sujeito especial ou qualificado para praticá-lo (servidores da
PRÓPRIO
Justiça Eleitoral, Juiz, membro do Ministério Público etc.).

COMUM São os crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa.

COMISSIVO São os crimes praticados por intermédio de uma ação.

OMISSIVO São os crimes cometidos por intermédio de uma abstenção.

São os crimes cujo tipo penal descreve uma conduta e um resultado material (ou
MATERIAL
naturalístico) e exige que ambos sejam verificados para efeito de consumação.

São aqueles em que o tipo penal descreve uma conduta e um resultado, necessitando
FORMAL apenas, para consumação, da conduta dirigida a um resultado, ou seja, o resultado
pode ocorrer mas não é necessário para a consumação do crime.

DE MERA São aqueles cujos tipos penas descrevem a conduta, sem fazer qualquer menção ao
CONDUTA resultado naturalístico. Neste caso, não é possível que haja resultado naturalístico.

São crimes que, embora sejam consumados em uma única conduta, a situação
PERMANENTE
antijurídica gerada se prolonga no tempo pelo período em que o agente desejar.

Consumação

O crime será consumado a partir do momento em que realizar todos os elementos do tipo penal. Será
considerando tentado o crime enquanto ainda não houver reunido todos os elementos e que, por
circunstâncias alheias ao agente, for interrompido.

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Tentativa

A tentativa constitui a realização incompleta da conduta típica. Em razão disso, ela não será punida como
crime autônomo. Segundo a doutrina, a tentativa constitui uma ampliação da tipicidade, por intermédio de
uma fórmula geral aplicada sobre o crime doloso.

REQUISITOS

por circunstâncias
início de
não consumação; alheias à vontade
execução;
do agente.

Finalizamos, assim, os conceitos gerais a que nos propomos. Agora vamos aprofundar a análise nos crimes
previstos na legislação eleitoral.

Há tipos penais previstos nas seguintes leis:

Código Eleitoral

Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997)

CRIMES PREVISTOS NA Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar nº


LEGISLAÇÃO ELEITORAL 64/1990)

Lei do Transporte Rural no dia das Eleições (Lei


nº 6.091/1974)

Lei nº 7.021/1982.

Como os editais normalmente mencionam expressamente apenas o Código Eleitoral daremos maior atenção
aos tipos penais do Código Eleitoral. De todo modo, citaremos os demais dispositivos, os quais vocês devem
ler.

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2 - CÓDIGO ELEITORAL

Inscrição Fraudulenta do Eleitor

O tipo penal-eleitoral vem previsto no art. 289, do CE, do seguinte modo:

Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:

Pena – reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Desse modo, vejamos:

INSCRIÇÃO FRAUDULENTA DO ELEITOR


TIPO OBJETIVO Inscrever fraudulentamente eleitor no cadastro eleitoral.
BEM JURÍDICO Higidez do cadastro eleitoral
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Pretenso eleitor. Crime de mão própria. Ato personalíssimo.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e de mera conduta.
Quanto ao momento de consumação, existe divergência na jurisprudência:
1ª corrente: basta a protocolização do Requerimento de Alistamento do Eleitor (RAE)
2ª corrente: é necessária a inscrição do eleitor no rol dos alistados, quando há,
CONSUMAÇÃO
efetivamente, o alistamento.
Prevalece o entendimento de que é necessária a inscrição do eleitor no rol dos alistados,
conforme a segunda correte.
É possível, quando há, por exemplo, o protocolo da RAE com tentativa de fraudar, contudo,
TENTATIVA
o juiz, ao analisar o pedido a indefere.
Reclusão: 5 anos
PENA e
Multa: 5 a 15 dias-multa

Ainda quanto ao tipo em análise devemos lembrar que a jurisprudência do TSE também considera incurso
no art. 289 quem realizar a transferência mediante fraude. Vejamos, nesse sentido, o Acórdão TSE nº
15.177/19981:

1
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 15177, Acórdão nº 15177 de 16/04/1998, Relator(a) Min. MAURÍCIO JOSÉ CORRÊA,
Publicação: DJ - Diário de Justiça, Data 22/05/1998, Página 72 RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 10, Tomo 1,
Página 241.

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RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS. TRANSGRESSAO A NORMA ELEITORAL: INDUZIMENTO.


INSCRICAO ELEITORAL: TRANSFERENCIA. TIPICIDADE: ART. 284 E 290, CE.

1- NAO SE CONHECE DE RECURSO ESPECIAL QUE NAO INDICA O PRECEITO LEGAL QUE REPUTA
VIOLADO OU A DIVERGENCIA DE JULGADOS.

2- INDUZIMENTO DE TERCEIROS PARA TRANSFERENCIA DE TÍTULO ELEITORAL, SOB PROMESSA


DE VANTAGENS. ART. 289 E 290, CE.

2.1- A JURISPRUDENCIA DA CORTE E NO SENTIDO DE QUE A EXPRESSAO "INSCRICAO", CONTIDA


NO ART. 290 DO CODIGO ELEITORAL, E GENERO DO QUAL A "TRANSFERENCIA" E ESPECIE.
TIPICIDADE DA CONDUTA.

2.2- A ACAO TIPICA DE INDUZIR CORRESPONDE A CARACTERIZACAO DE CRIME


UNISSUBSISTENTE, DE MODO QUE A PRÁTICA DESSA CONDUTA, POR SI SO, E CAPAZ DE
ACARRETAR A SUA CONSUMACAO, INDEPENDENTEMENTE DO FATO DE TER SIDO DEFERIDA A
INSCRICAO OU TRANSFERENCIA.

RECURSO ESPECIAL NAO CONHECIDO.

Induzimento à inscrição eleitoral fraudulenta

Vejamos o art. 290, do Código Eleitoral, que nos traz o tipo penal:

Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste Código:

Pena – reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

Assim, vejamos o quadro sinóptico:

INDUZIMENTO À INSCRIÇÃO ELEITORAL FRAUDULENTA


Induzir para que seja realizada a inscrição do eleitor com alguma fraude que infrinja o
TIPO OBJETIVO
dispositivo legal. Crime autônomo.
BEM JURÍDICO Veracidade do cadastro eleitoral
TIPO SUBJETIVO Dolo genérico, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e a pessoa de boa-fé que acredita que são verdadeiras as informações prestadas.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa pode cometer. Crime comum.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Trata-se de crime formal, para o qual basta o induzimento.
TENTATIVA Não admitida em regra.
Reclusão: até 2 anos
e
PENA
Multa: 15 a 30 dias-multa
Crime de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima é de 02 anos.

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Quanto a esse tipo, algumas informações jurisprudenciais são de suma importância.

1º. Segundo entendimento do TSE, exarado no Ac.-TSE nº 68/2005, induzir alguém abrange as condutas de
instigar, de incitar ou de auxiliar terceiro a alistar-se fraudulentamente, aproveitando-se de sua ingenuidade
ou de sua ignorância.

2º. O crime de falsidade ideológica eleitoral (art. 350, do CE) não é meio necessário nem fase normal de
preparação para a prática do delito de induzimento à inscrição eleitoral fraudulenta. Os crimes descritos são
autônomos e podem ser praticados sem que um dependa do outro, de acordo com a doutrina do TSE no
REspe nº 233102.

Recurso especial. Falsidade ideológica para fins eleitorais. Acórdão recorrido que aplicou o
princípio da consunção. Crime previsto no art. 350 do Código Eleitoral, absorvido pelo delito
tipificado no art. 290 do mesmo diploma legal: impossibilidade. O princípio da consunção tem
aplicação quando um crime é meio necessário ou fase normal de preparação ou de execução de
outro crime e nos casos de antefato ou pós-fato impuníveis, o que não ocorre nos autos. O tipo
incriminador descrito no art. 350 do Código Eleitoral trata de crime formal, que dispensa a
ocorrência de prejuízos efetivos, sendo suficiente a potencialidade lesiva da conduta. Afastada a
possibilidade de aplicação do princípio da consunção ao delito imputado ao réu, não há que se
falar em prescrição em abstrato da pretensão punitiva estatal. Recurso provido.

3º O tipo descrito neste artigo deve ser afastado quando houver o concurso de vontades entre o eleitor e o
suposto autor da conduta, conforme decisão do REspe nº 1983.

AÇÃO PENAL PÚBLICA - DIVISIBILIDADE. Ao contrário da ação penal privada, a ação penal pública
é divisível.

ELEITOR - INSCRIÇÃO. O tipo do artigo 290 do Código Eleitoral pressupõe o induzimento do


eleitor, ou seja, o fato de o agente, valendo-se da boa-fé, levá-lo à inscrição.

VOTO - OBTENÇÃO OU DAÇÃO - PRÁTICA CRIMINOSA. A teor do disposto no artigo 299 do Código
Eleitoral, pratica crime quem dá, oferece, promete, solicita ou recebe, para si ou para outrem,
dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. Em síntese, o tipo alcança não só aquele

2 Recurso Especial Eleitoral nº 23310, Acórdão de 18/08/2011, Relator(a) Min. CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, Publicação:

DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 06/09/2011, Página 70.

3
Recurso Especial Eleitoral nº 198, Acórdão de 26/02/2013, Relator(a) Min. MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO,
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 101, Data 31/5/2013, Página 48.

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que busca o voto ou a abstenção, mas também o que solicita ou recebe vantagem para a prática
do ato à margem da cidadania.

TESTEMUNHA - CORRÉU. O sistema processual exclui a possibilidade de ter-se como testemunha


copartícipe da prática criminosa, não conduzindo a divisibilidade da ação penal pública - o fato
de o Ministério Público haver acionado apenas alguns dos envolvidos - a transmudar os demais
em testemunhas.

Inscrição fraudulenta efetuada pelo juiz

Vejamos o tipo penal do art. 291, do CE:

Art. 291. Efetuar o Juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando:

Pena – reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Façamos a análise dos elementos do tipo.

INSCRIÇÃO FRAUDULENTA EFETUADA PELO JUIZ


TIPO OBJETIVO Realizar, o juiz, a inscrição fraudulenta do eleitor. Exige-se a violação da boa-fé.
BEM JURÍDICO Própria justiça eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o alistando, se de boa-fé
PASSIVO
SUJEITO ATIVO O juiz.
O presente tipo penal classifica-se como próprio (pois pode ser cometido somente pelo
CLASSIFICAÇÃO
juiz), comissivo e formal.
Ocorre com a realização da inscrição. É irrelevante o recebimento do título ou o exercício
CONSUMAÇÃO
do voto.
TENTATIVA Há controvérsia na doutrina quanto à possibilidade de tentativa.
Reclusão: até 5 anos
PENA e
Multa: 5 a 15 dias-multa

Negativa ou retardamento de inscrição eleitoral

O tipo vem previsto no art. 292, do Código Eleitoral:

Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição requerida:

Pena – pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Assim, vejamos:

NEGATIVA OU RETARDAMENTO DE INSCRIÇÃO ELEITORAL

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Negativa ou retardo por parte da autoridade judiciária, sem justificativa, da inscrição


TIPO OBJETIVO
requerida.
BEM JURÍDICO Cadastro eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o alistando.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO O juiz.
O presente tipo penal classifica-se como próprio (pois pode ser cometido somente pelo
CLASSIFICAÇÃO
juiz), comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Ocorre com a mera negativa ou com o retardamento da inscrição.
TENTATIVA Há controvérsia na doutrina quanto à possibilidade de tentativa.
PENA Multa: 30 a 60 dias-multa

Perturbação do alistamento

Trata-se do tipo previsto no art. 293, do CE.

Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento:

Pena – detenção de 15 dias a 6 meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Vejamos os elementos do tipo:

PERTURBAÇÃO DO ALISTAMENTO
TIPO OBJETIVO Ato de perturbar ou de impedir o alistamento eleitoral de qualquer forma.
BEM JURÍDICO Alistamento eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO Estado, aquele que teve seu alistamento perturbado ou impedido, e o servidor da justiça
PASSIVO eleitoral que foi perturbado ou impedido de realizar a inscrição eleitoral do alistando.
SUJEITO ATIVO Em tese pode ser realizado por qualquer pessoa, crime comum.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO A mera perturbação já consuma o tipo.
TENTATIVA É admitida tanto no caso de perturbação quanto de impedimento.
Detenção: 15 dias a 6 meses
PENA ou
Multa: 30 a 60 dias-multa

Retenção indevida de título eleitoral

O tipo penal-eleitoral vem disposto no art. 295 no seguinte sentido:

Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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A Lei 9.504 também disciplina a matéria em seu art. 91, parágrafo único.

Art. 91, parágrafo único: "a retenção de título eleitoral ou do comprovante do alistamento
eleitoral constitui crime, punível com detenção, de um a três meses, com a alternativa de
prestação de serviços à comunidade por igual período, e multa no valor de cinco mil a dez mil
Ufirs."

Vejamos o quadro abaixo:

RETENÇÃO INDEVIDA DE TÍTULO ELEITORAL


TIPO OBJETIVO Contra a vontade do eleitor, efetuar a retenção do título eleitoral.
BEM JURÍDICO Legítimo exercício do voto.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado e o eleitor que teve seu título retido.
PASSIVO
Trata-se de crime comum que pode ser atribuído a qualquer pessoa. Ressalta-se que há
SUJEITO ATIVO corrente doutrinária que alega que tal conduta delituosa somente pode ser cometida por
servidor da Justiça Eleitoral.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta.
Ocorre com a retenção indevida do título. Note que a retenção deve ser indevida. O
CONSUMAÇÃO
impedimento do voto não é necessário para a consumação do delito.
TENTATIVA Não é admitida pela doutrina, em geral.
Detenção: até 02 meses
ou
PENA Pena alternativa: pagamento de 30 a 60 dias multa
Lembre-se que, no caso de detenção, a pena mínima é de 15 dias.
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.

Vejamos uma questão sobre esse dispositivo:

(CESPE/TRE-MS - 2013) Com relação às normas eleitorais, julgue o item a seguir.

A retenção de título eleitoral é prevista como crime tanto pela Lei n.º 9.504/1997 quanto pelo Código
Eleitoral, sendo a referida lei mais rigorosa que o Código no tocante à fixação da pena máxima de
detenção.

Comentários

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A assertiva está correta. Vamos comparar o disposto nas leis mencionadas.

Lei n.º 9.504/97

Art. 91, Parágrafo único: A retenção de título eleitoral ou do comprovante de alistamento eleitoral
constitui crime, punível com detenção, de um a três meses, com a alternativa de prestação de serviços
à comunidade por igual período, e multa no valor de cinco mil a dez mil UFIR.

Código Eleitoral

Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:

Pena Detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias multa.

Assim, conclui-se que a Lei das Eleições aplica pena mais severa que o CE. Além disso, para o tipo
previsto na Lei das Eleições a vontade do eleitor é irrelevante, não alterando a incidência do crime.

Desordem nos trabalhos eleitorais

Trata-se do tipo previsto no art. 296, do CE, nos seguintes termos:

Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais:

Pena – detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Passemos à análise do tipo penal-eleitoral:

DESORDEM NOS TRABALHOS ELEITORAIS


TIPO OBJETIVO Promover desordem, de modo a prejudicar os trabalhos eleitorais.
BEM JURÍDICO Regularidade dos serviços eleitorais.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e as pessoas envolvidas nos serviços eleitorais.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material, uma vez que exige
CLASSIFICAÇÃO
que o resultado, qual seja a desordem que prejudique os serviços, de fato ocorra.
CONSUMAÇÃO O crime está consumado com a instauração da desordem que prejudique os serviços.
TENTATIVA Admissível.
Detenção: até 2 meses
e
PENA Multa: 60 a 90 dias-multa
Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias.
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.

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Impedimento ao exercício do sufrágio

Vejamos o tipo previsto no art. 297, do Código Eleitoral.

Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

Vejamos o quadro a seguir:

IMPEDIMENTO AO EXERCÍCIO DO SUFRÁGIO


TIPO OBJETIVO Atrapalhar ou impedir o exercício do sufrágio.
BEM JURÍDICO Liberdade de votar.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o eleitor.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material, se a conduta for de
CLASSIFICAÇÃO
impedir, e formal, se a conduta visar embaraçar o exercício do sufrágio.
CONSUMAÇÃO Com o efetivo impedimento ou com o mero embaraço.
Não é admissível, tendo em vista que a tentativa de impedir acarretaria no embaraço que
TENTATIVA
já é previsto no tipo.
Detenção: até 6 meses
e
PENA Multa: 60 a 100 dias-multa
Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias.
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.

Prisão ou detenção indevida de eleitor no período de votação

Vejamos o art. 298, do Código Eleitoral:

Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de Mesa Receptora, Fiscal, Delegado de partido ou
candidato, com violação do disposto no art. 236:

Pena – reclusão até quatro anos.

Vamos nos atentar para o que dispõe o art. 236, referenciado acima.

Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas
depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito
ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por
desrespeito a salvo-conduto.

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§ 1º Os membros das Mesas Receptoras e os Fiscais de partido, durante o exercício de suas


funções, não poderão ser, detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia
gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição.

§ 2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do Juiz


competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a
responsabilidade do coator.

Vamos analisar o tipo em sua integralidade:

PRISÃO OU DETENÇÃO INDEVIDA DE ELEITOR NO PERÍODO DE VOTAÇÃO


Efetuar a prisão ou a detenção de: eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado de
TIPO OBJETIVO partido ou candidato no período de 5 dias antes e 48 horas após o encerramento das
eleições.
BEM JURÍDICO Liberdade de votação.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e a pessoa presa ou detida.
PASSIVO
Há divergência na doutrina:
1º crime próprio – pois somente pode ser praticado pela polícia ou autoridade judiciária.
SUJEITO ATIVO
2º crime comum – pois não existe indicação de quem poderia efetuar a prisão ou detenção.
A 1ª corrente prevalece, pois o art. 236 menciona a autoridade.
O presente tipo penal classifica-se como comissivo e permanente, pois o crime se mantém
CLASSIFICAÇÃO
enquanto durar a prisão ou detenção.
CONSUMAÇÃO Ocorre com a prisão ou detenção.
TENTATIVA É admitida.
Reclusão: até 4 anos
PENA
Lembre-se que, no caso de reclusão, a pena mínima é de 1 ano.

Corrupção Eleitoral

Trata-se de um dos tipos mais importante e recorrente em provas de concurso. O tipo penal-eleitoral vem
previsto no art. 299, do CE.

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Façamos a análise completa do tipo:

CORRUPÇÃO ELEITORAL
Dar, oferecer, solicitar e até mesmo receber dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem
TIPO OBJETIVO
para obter ou dar voto ou abstenção.

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BEM JURÍDICO Livre exercício do voto ou abstenção do eleitor.


TIPO SUBJETIVO Dolo específico, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado, o eleitor e os demais candidatos.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e formal.
Não há necessidade de aceitação da vantagem, a mera incidência em uma das condutas
CONSUMAÇÃO
indicadas no tipo já é suficiente.
TENTATIVA Não é admitida.
Reclusão: até 4 anos
e
PENA
Multa: 5 a 15 dias-multa.
Lembre-se que, no caso de reclusão, a pena mínima é de 1 ano.

Primeiramente cabe destacar que a esse crime não se aplica o princípio da insignificância, segundo o qual
uma ação qualificada penalmente como crime é considerada irrelevante, uma vez que não causa qualquer
lesão à sociedade, ao ordenamento jurídico ou à própria vítima. Trata-se do entendimento exarado pelo TSE
no julgamento do AgR-AI nº 106724:

Agravo regimental em agravo de instrumento. Inviabilidade de reexame de fatos e provas na


instância extraordinária. Súmula 279 do Supremo Tribunal Federal. Inocorrência de prescrição.
Ausência dos requisitos exigidos para a aplicação do princípio da insignificância. Crime
continuado. Aplicabilidade do art. 71 do Código Penal. Dissídio jurisprudencial não configurado.
Similitude fática entre os julgados não verificada. Manutenção da decisão atacada. Agravo
regimental ao qual se nega provimento.

Portanto, lembrem-se:

NÃO se aplica ao caso de Corrupção


Princípio da Insignificância
eleitoral

Precisamos ainda tratar das peculiaridades do artigo na jurisprudência do TSE.

 “A regra segundo a qual o corréu não pode figurar, no processo em que o é, como testemunha há de ser
tomada de forma estrita, não cabendo partir para ficção jurídica, no que, envolvido na prática criminosa –
compra de votos, art. 299 do Código Eleitoral –, não veio a ser denunciado." Trata-se da decisão do TSE no
HC nº 78048. Veja que o artigo acima trata ao mesmo tempo da corrupção ativa (dar, oferecer e prometer)

4 Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 10672, Acórdão de 28/10/2010, Relator(a) Min. CÁRMEN LÚCIA ANTUNES

ROCHA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 226, Data 25/11/2010, Página 41.

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e passiva (solicitar ou receber), caso o corruptor passivo não tenha sido denunciado pelo MP, que não é
obrigado a denunciar todos os envolvidos (P. da Divisibilidade na Ação Penal Pública), poderá ser tomado
como testemunha.

 A configuração da corrupção eleitoral não exige pedido expresso de voto, mas sim a comprovação da
finalidade de obter ou de dar voto ou prometer abstenção. Isso é o que foi decidido no ED-REspe nº 58245,
do TSE.

 O art. 41-A, da Lei nº 9.504/1997, não alterou a disciplina da corrupção eleitoral e não implicou abolição
do crime de corrupção eleitoral aqui tipificado. Vejamos o julgamento do TSE no Ag nº 6.553:

A absolvição na representação por captação ilícita de sufrágio, na esfera cível-eleitoral, ainda que
acobertada pelo manto da coisa julgada, não obsta a persecutio criminis pela prática do tipo penal
descrito no art. 299, do Código Eleitoral.

 O TSE tem entendido que, para a configuração do crime de corrupção eleitoral é necessário o dolo
específico que exige o tipo penal, qual seja, a finalidade de obter ou dar voto ou prometer abstenção.

 De acordo com o Ag nº 8.905 do TSE, o crime de corrupção eleitoral é crime formal que não admite a
forma tentada, sendo o resultado mero exaurimento da conduta criminosa.

 O TSE entende que para a configuração do ilícito penal exige-se que o corruptor eleitoral passivo seja
pessoa que possa votar.

 O TSE decidiu no AgR-AI nº 58648 que, para a configuração do crime de corrupção eleitoral, a promessa
de vantagem deve estar vinculada à obtenção do voto de determinados eleitores, não podendo se confundir
com a realização de promessas de campanha. E no AgR-AI nº 3748 que a promessa de cargo a correligionário
em troca de voto não configura o delito previsto no art. 299 do CE.

O TSE5 seguindo o STF decidiu que o foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos acusados de
crimes praticados durante o exercício do cargo público e relacionados às funções desempenhadas.

Vejamos uma questão sobre esse artigo, que é o mais cobrado dessa aula:

5
Ac. TSE de 18.2.2020 no AgR-AI 48367:

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(FCC/TRE-PR - 2017) Fabrício, candidato a Senador, ofereceu pagar a faculdade de Direito da eleitora
Mirtes, em troca de seu voto. Mirtes, porém, não aceitou a proposta. De acordo com o Código
Eleitoral, Fabrício

a) cometeu crime eleitoral punível com reclusão de até 4 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

b) cometeu tentativa de corrupção eleitoral punível apenas com reclusão de até 2 anos.

c) cometeu crime eleitoral punível com detenção de até 4 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

d) não cometeu crime eleitoral, uma vez que a proposta não foi aceita por Mirtes.

e) cometeu tentativa de corrupção eleitoral punível com detenção de até 4 anos e pagamento de 5 a
15 dias-multa.

Comentários

Temos configurado no art. 299, do CE, a configuração do crime de corrupção eleitoral, na forma
prevista no art. 299, do CE:

“Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou
qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que
a oferta não seja aceita:

Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa”.

Logo, a alternativa A é a correta e gabarito da questão.

Coação Eleitoral

É o tipo previsto no art. 300, do CE, vejamos:

Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar
em determinado candidato ou partido:

Pena – detenção até 6 meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime


prevalecendo-se do cargo a pena é agravada.

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Segue quadro explicativo:

COAÇÃO ELEITORAL
Coagir alguém a votar, ou não, em determinado candidato, valendo-se, o servidor público,
TIPO OBJETIVO
de sua autoridade.
BEM JURÍDICO Liberdade de voto.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o eleitor que sofre a coação.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO O servidor Público, observe-se que pode ou não integrar a Justiça Eleitoral.
O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e formal, pois não é necessário
CLASSIFICAÇÃO
que haja o voto.
CONSUMAÇÃO Com a coação séria, capaz de provocar o constrangimento ao eleitor
Não é admitida, em regra, por tratar-se de crime formal. Contudo, parte da doutrina
TENTATIVA
entende ser possível a tentativa se utilizado o meio escrito.
Detenção: até 6 meses
e
PENA Multa: 60 a 100 dias-multa.
Se o agente é membro da Justiça Eleitoral a pena é agravada de 1/5 a 1/3 (causa especial
de aumento de pena).

Coação violenta de eleitores

De acordo com o art. 301, do CE, incide nesse tipo quem:

Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em
determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:

Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Desse modo:

COAÇÃO VIOLENTA DE ELEITORES


Coagir alguém a votar em determinado partido ou candidato com uso de violência ou grave
TIPO OBJETIVO
ameaça.
BEM JURÍDICO Liberdade de voto.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o eleitor que sofre a coação.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal, tendo em vista que
CLASSIFICAÇÃO
o próprio tipo informa que não é necessária a consecução do resultado.
CONSUMAÇÃO Com o uso da violência ou grave ameaça de modo a coagir o eleitor.
TENTATIVA É admissível.
PENA Reclusão: até 4 anos

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e
Multa: 5 a 15 dias-multa.

Cabe mencionar, ainda, o entendimento do TSE no AgR-REspe nº 51635986, no sentido de que não se exige
que o crime acima tenha sido praticado necessariamente durante o período eleitoral. Vejamos a ementa do
julgado:

Ação penal. Coação. Votação. Denúncia.

1. Para modificar o entendimento da Corte de origem - que considerou atendidos os requisitos


dos arts. 41 do Código de Processo Penal e 357, § 2º, do Código Eleitoral, em face da
demonstração de indícios de materialidade e autoria do delito previsto no art. 301 do Código
Eleitoral -, concluindo pelo recebimento de denúncia contra prefeito, seria necessário o reexame
do conjunto fático-probatório, o que é vedado em sede de recurso especial, a teor da Súmula nº
279 do Supremo Tribunal Federal.

2. O tipo do art. 301 do Código Eleitoral refere-se ao uso de violência ou grave ameaça para
coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins
visados não sejam conseguidos.

3. A circunstância de ausência de poder de gestão de programa social não afasta a eventual


configuração do delito do art. 301 do Código Eleitoral diante do fato alusivo à ameaça a eleitores
quanto à perda de benefício social, caso não votassem no candidato denunciado.

Agravo regimental não provido.

Concentração ilegal de eleitores

Vejamos o tipo expresso no art. 302, do Código Eleitoral.

Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício
do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma:

Pena – reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa.

Assim:

CONCENTRAÇÃO ILEGAL DE ELEITORES

6
Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 5163598, Acórdão de 17/02/2011, Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI
LEITE SOARES, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 11/04/2011, Página 37-38.

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Com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto, promover a concentração


TIPO OBJETIVO
de eleitores no dia da eleição.
BEM JURÍDICO Liberdade do exercício de voto.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado, o eleitor e os candidatos prejudicados.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Com a mera concentração com intuito criminoso.
TENTATIVA É admissível.
Reclusão: de 4 anos a 6 anos.
PENA e
Multa: 200 a 300 dias-multa.

Observe-se que a Lei nº 6.091/1974, em seu art. 11, III, revogou a parte final desse artigo, a qual previa
“inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo”, por considerar como crime tal prática,
dilatando o período de proibição de transporte de eleitores desde o dia anterior até o posterior à eleição.

De acordo com o julgamento do TSE no HC nº 70543, o crime de concentração ilegal de eleitores não alcança
o transporte de cidadãos no dia da realização de plebiscito.

Majoração de preços na eleição

O tipo vem previsto no art. 303, do CE.

Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais
como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria
eleitoral:

Pena – pagamento de 250 a 300 dias-multa.

Vamos analisar os elementos do tipo:

MAJORAÇÃO DE PREÇOS NA ELEIÇÃO


Majorar o preço de produtos e serviços necessários para que se possa realizar o pleito
TIPO OBJETIVO
eleitoral.
BEM JURÍDICO Relações de consumo de natureza eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO Estado, o eleitor (consumidor) e os candidatos ou partidos políticos eventualmente
PASSIVO prejudicados.
Qualquer pessoa que forneça os produtos ou serviços de transporte e de alimentação de
SUJEITO ATIVO
eleitores, impressão, publicidade e divulgação de material eleitoral.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta.
CONSUMAÇÃO Ocorre com o aumento propositado dos preços
TENTATIVA É admissível, embora de difícil ocorrência fática.

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PENA Multa: 250 a 300 dias-multa.

Ocultação ou recusa de fornecimento de bens e serviços nas eleições

Esse tipo pode ser observado da análise do art. 304, do CE.

Art. 304. Ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento,


normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder
exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato:

Pena – pagamento de 250 a 300 dias-multa.

Desse modo:

OCULTAÇÃO OU RECUSA DE FORNECIMENTO DE BENS E SERVIÇOS NAS ELEIÇÕES


O ato de ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar o fornecimento de bens ou serviços no
TIPO OBJETIVO
dia das eleições
BEM JURÍDICO Relações de consumo de natureza eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e os consumidores eventualmente prejudicados.
PASSIVO
Qualquer pessoa que forneça os produtos ou serviços de transporte e de alimentação.
SUJEITO ATIVO
Crime próprio.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e de mera conduta.
CONSUMAÇÃO Com a ocultação, sonegação ou recusa de fornecimento.
TENTATIVA É admissível, embora de difícil ocorrência fática.
PENA Multa: 250 a 300 dias-multa.

Intervenção de autoridade estranha à mesa receptora

Trata-se do tipo penal-eleitoral previsto no art. 305.

Art. 305. Intervir autoridade estranha à Mesa Receptora, salvo o Juiz Eleitoral, no seu
funcionamento sob qualquer pretexto:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Os elementos do tipo são os seguintes:

INTERVENÇÃO DE AUTORIDADE ESTRANHA À MESA RECEPTORA


Intervir no funcionamento da mesa receptora, autoridade estranha, salvo o juiz eleitoral. O
TIPO OBJETIVO
tipo exige intervenção, ou seja, deve atrapalhar os trabalhos.
BEM JURÍDICO Regularidade do processo de votação.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO

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SUJEITO
Estado e aqueles que integram a mesa receptora.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer autoridade, exceto o juiz eleitoral.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e de mera conduta.
CONSUMAÇÃO Com a mera intervenção da autoridade estranha.
TENTATIVA É admissível
Detenção: até 6 meses
e
PENA
Multa: 60 a 90 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Inobservância da ordem de votação.

Esse é o tipo exposto no art. 306, do Código Eleitoral.

Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar:

Pena – pagamento de 15 a 30 dias-multa.

A ordem a ser observada no dia da votação, tendo em vista certas prioridades, está prevista no art. 143, do
CE.

Art. 143. Às 8 (oito) horas, supridas as deficiências declarará o Presidente iniciados os trabalhos,
procedendo-se em seguida à votação, que começará pelos candidatos e eleitores presentes.

§ 1º Os membros da Mesa e os Fiscais de partido deverão votar no correr da votação, depois que
tiverem votado os eleitores que já se encontravam presentes no momento da abertura dos
trabalhos, ou no encerramento da votação.

§ 2º Observada a prioridade assegurada aos candidatos, têm preferência para votar o Juiz
Eleitoral da Zona, seus auxiliares de serviço, os eleitores de idade avançada, os enfermos e as
mulheres grávidas.

Outros casos de prioridades foram criados pelas Resolução nº 22.154/2006 e nº 22.712/2008 para:

a) promotores eleitorais;
b) policiais militares que estejam em serviço;
c) pessoas portadoras de necessidades especiais;
d) lactante.

Além disso, o estatuto do idoso prevê prioridade garantida aos maiores de 60 anos.

Passemos à análise do tipo:

INOBSERVÂNCIA DA ORDEM DE VOTAÇÃO

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TIPO OBJETIVO Deixar de observar a ordem em que os eleitores devem ser convocados a votar.
BEM JURÍDICO Salutar desenvolvimento dos trabalhos eleitorais.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e os eleitores que possuem prioridade de voto e forem preteridos.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Os mesários e o juiz eleitoral.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e de mera conduta.
Quanto por ordem do mesário ou do juiz o eleitor é colocado em ordem diversa daquela
CONSUMAÇÃO
em que deveria votar.
TENTATIVA É admissível.
PENA Multa: 15 a 30 dias-multa.

Fornecimento de cédula já assinada

Vejamos o tipo previsto no art. 307.

Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada:

Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Com o advento da votação eletrônica esse crime se tornou de pouca incidência, pelo fato de que, em caso
de falha da urna eletrônica, é possível a utilização da cédula. Nesse caso, então, o crime se torna
perfeitamente possível.

Façamos uma análise detalhada dos elementos do tipo:

FORNECIMENTO DE CÉDULA JÁ ASSINADA


TIPO OBJETIVO Fornecer ao eleitor cédula assinada ou marcada de alguma forma.
BEM JURÍDICO Higidez do processo de votação.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o eleitor que receber a cédula assinada.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Os integrantes da mesa receptora.
O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e formal, pois não é exigida a
CLASSIFICAÇÃO
fraude ao voto.
Com o recebimento da cédula em condições inadequadas. Sequer é necessário que o
CONSUMAÇÃO
eleitor deposite essa cédula na urna.
TENTATIVA É admissível.
Reclusão: até 5 anos.
PENA e
Multa: 5 a 15 dias-multa.

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Fornecimento de cédula em momento inoportuno

Pelas mesmas razões expostas no crime anterior, esse delito somente ocorrerá em caso de falha da urna
eletrônica e realização da votação por meio de cédulas de papel. Vejamos o tipo do art. 308.

Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega da
mesma ao eleitor:

Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Vamos desmembrar o tipo penal-eleitoral:

FORNECIMENTO DE CÉDULA EM MOMENTO INOPORTUNO


TIPO OBJETIVO Rubricar e fornecer a cédula em momento inoportuno
BEM JURÍDICO Higidez do processo de votação.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o eleitor que receba a cédula.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Os integrantes da mesa receptora.
O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e formal, pois não é exigido o
CLASSIFICAÇÃO
resultado do voto.
Com o recebimento da cédula em condições inadequadas. Sequer é necessário que o
CONSUMAÇÃO
eleitor deposite essa cédula na urna.
TENTATIVA É admissível.
Reclusão: até 5 anos.
PENA e
Multa: 60 a 90 dias-multa.

Exercício irregular do voto

Trata-se da disciplina do art. 309.

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:

Pena – reclusão até três anos.

EXERCÍCIO IRREGULAR DO VOTO


TIPO OBJETIVO Tentar votar, ou efetivamente votar, mais de uma vez no lugar de outro eleitor.
BEM JURÍDICO Higidez do processo de votação e Democracia.
TIPO SUBJETIVO Dolo.
SUJEITO
Estado, candidato ou o eleitor em lugar do qual foi realizado o voto.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO O eleitor ou qualquer pessoa.

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O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material, quando se tratar
CLASSIFICAÇÃO do voto efetivo, e de mera conduta, quando se tratar da tentativa de voto no lugar de
outrem.
CONSUMAÇÃO Com a tentativa de realizar o voto já se incide no crime.
Crime de atentado, pois o tipo criminaliza a figura da tentativa da mesma forma que o
TENTATIVA
crime consumado.
PENA Reclusão: até 3 anos.

(VUNESP/Câmara de São Roque - SP - 2019) Carlos, eleitor do município de São Roque, horas após
votar para o pleito municipal, voltou à seção eleitoral e tentou votar mais uma vez. Considerando o
disposto no Código Eleitoral, é correto afirmar que

a) Carlos não cometeu crime ao tentar votar novamente, mas ele teria infringido o Código Eleitoral se
tivesse tentado violar o sigilo do voto.

b) a conduta de Carlos somente se caracterizaria como crime caso estivesse concluída a votação.

c) a conduta de Carlos é atípica, mas ele teria cometido crime caso votasse no lugar de terceiro.

d) é condição para a punibilidade de Carlos a demonstração de seu conluio fraudulento com um dos
candidatos ao pleito municipal.

e) Carlos infringiu o Código Eleitoral, pois votar ou tentar votar mais de uma vez é crime sujeito à pena
de reclusão de até três anos.

Comentários

A questão trata do crime previsto no art. 309 do CE. É crime de atentado, neste tipo de crime a tentativa
é punida com o mesmo rigor do crime consumado. Portanto, a conduta de Carlos de tentar votar
novamente já permite a aplicação da penalidade de reclusão de até 3 anos.

Assim, o gabarito é a alternativa E.

Práticas irregulares na votação

O art. 310, do CE, dispõe o seguinte:

Art. 310. Praticar, ou permitir o membro da Mesa Receptora que seja praticada, qualquer
irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do art. 311:

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Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Veremos o que é abordado no art. 311 em seguida, no momento vamos focar no exame do presente
dispositivo legal.

PRÁTICAS IRREGULARES NA VOTAÇÃO


Praticar qualquer irregularidade que cause a anulação da votação ou, ao membro da mesa
TIPO OBJETIVO receptora, permitir que seja praticada irregularidade que determine a anulação da
votação.
BEM JURÍDICO Regularidade do processo eleitoral.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado e o eleitor em caso de anulação da votação.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Membros da mesa receptora.
O presente tipo penal classifica-se como próprio (de acordo com o entendimento
CLASSIFICAÇÃO majoritário), comissivo, na primeira parte (praticar), e omissivo, na segunda parte (permitir
que seja praticada), e material, pois exige-se que a votação seja anulada.
Diz-se que ocorre com a anulação dos votos, embora tal entendimento não seja totalmente
CONSUMAÇÃO
pacífico.
TENTATIVA É admissível
Detenção: até 6 meses
ou
PENA
Multa: 90 a 120 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Voto fora da seção

Agora sim vamos realizar o estudo do art. 311, que é excetuado no artigo acima.

Art. 311. Votar em Seção Eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressamente
previstos, e permitir, o Presidente da Mesa Receptora, que o voto seja admitido:

Pena – detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-


multa para o Presidente da Mesa.

Esse tipo é de difícil ocorrência em nosso sistema de votação atual, era o voto em separado, tendo em vista
os aspectos eletrônicos de votação. De qualquer modo, segue o desmembramento do artigo.

VOTO FORA DA SEÇÃO


Votar em seção eleitoral a qual não está inscrito. Além disso, o tipo objetivo prevê a
TIPO OBJETIVO
conduta do Presidente da mesa receptora em permitir o voto. são condutas autônomas.
BEM JURÍDICO Regularidade da votação.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.

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SUJEITO
Estado.
PASSIVO
O eleitor ao votar, crime próprio, e o Presidente da mesa ao permitir o voto, crime de mão
SUJEITO ATIVO
própria.
O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo, quanto ao eleitor e comissiva
CLASSIFICAÇÃO
por omissão quanto ao presidente de mesa, e material, pois exige-se o voto.
CONSUMAÇÃO Com a efetiva realização do voto.
TENTATIVA É admissível
Detenção: até 1 mês
ou
PENA
Multa: 5 a 15 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Violação ou tentativa de violação ao sigilo do sufrágio

O tipo objetivo previsto no art. 312 é extremamente direto, vejamos:

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:

Pena – detenção até dois anos.

VIOLAÇÃO OU TENTATIVA DE VIOLAÇÃO AO SIGILO DO SUFRÁGIO


TIPO OBJETIVO Violar o sigilo do voto ou tentar violar.
BEM JURÍDICO Liberdade eleitoral e exercício do voto.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
Qualquer pessoa, candidatos ou o eleitor cujo sigilo foi violado. Doutrinariamente se fala
SUJEITO ATIVO em violação contra a vontade do eleitor, pois se foi o próprio eleitor que violou o sigilo de
seu voto haverá conduta atípica. O crime é comum.
O presente tipo penal classifica-se como comissivo e material ao violar e de mera conduta
CLASSIFICAÇÃO
no caso de tentativa de violação.
CONSUMAÇÃO Ocorre com a mera tentativa de violação.
Crime de atentado. A tentativa é uma conduta criminalizada com a mesma intensidade do
TENTATIVA
crime consumado.
Detenção: até 02 anos.
PENA
Infração de menor potencial ofensivo.

Omissão de expedição de boletim de apuração de urna

Trata-se do previsto no art. 313, do Código Eleitoral.

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Art. 313. Deixar o Juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente
após a apuração de cada urna e antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e ainda
que dispensada a expedição pelos Fiscais, Delegados ou candidatos presentes:

Pena – pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Parágrafo único. Nas Seções Eleitorais em que a contagem for procedida pela Mesa Receptora
incorrerão na mesma pena o Presidente e os Mesários que não expedirem imediatamente o
respectivo boletim.

O parágrafo único trata-se de obrigação inclusa pelo art. 68, § 1º, da Lei 9.504.

Art. 68. O boletim de urna, segundo modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conterá
os nomes e os números dos candidatos nela votados.

§ 1º O Presidente da Mesa Receptora é obrigado a entregar cópia do boletim de urna aos partidos
e coligações concorrentes ao pleito cujos representantes o requeiram até uma hora após a
expedição.

Passemos ao exame da conduta criminalizada.

OMISSÃO DE EXPEDIÇÃO DE BOLETIM DE APURAÇÃO DE URNA


TIPO OBJETIVO Deixar de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de cada urna.
BEM JURÍDICO Regularidade no processo de apuração de votos.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
O Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Os membros das juntas, mesários ou o juiz eleitoral.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e de mera conduta.
Com o início de apuração de outra urna sem a emissão do boletim da urna anteriormente
CONSUMAÇÃO
apurada.
TENTATIVA Por ser crime omissivo não comporta tentativa.
PENA Multa: 90 a 120 dias-multa.

Omissão no recolhimento das cédulas apuradas da urna

Vejamos, agora, o art. 314.

Art. 314. Deixar o Juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva urna,
fechá-la e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada Seção e antes de passar à
subsequente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a providência pelos Fiscais,
Delegados ou candidatos presentes:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

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Parágrafo único. Nas Seções Eleitorais em que a contagem dos votos for procedida pela Mesa
Receptora incorrerão na mesma pena o Presidente e os Mesários que não fecharem e lacrarem
a urna após a contagem.

Assim:

OMISSÃO NO RECOLHIMENTO DAS CÉDULAS APURADAS DA URNA


Deixar de recolher as cédulas apuradas na urna, fechá-la e lacrá-la, assim que findar a
TIPO OBJETIVO
apuração.
BEM JURÍDICO Higidez no processo de apuração e resultado do pleito.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Os integrantes das Juntas, Mesas e o juiz eleitoral.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e de mera conduta.
CONSUMAÇÃO Ocorre com o ato omissivo.
TENTATIVA Não é admissível, tendo em vista que é crime omissivo.
Detenção: até 02 meses.
ou
PENA
Multa: 90 a 120 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Alteração de mapas ou boletins de apuração ou votação

O art. 315 disciplina o seguinte:

Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato
ou lançar nesses documentos votação que não corresponda às cédulas apuradas:

Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Cabe, ainda, trazer mais dois dispositivos legais. Vejamos o art. 15 da Lei nº 6.996.

Art. 15 - Incorrerá nas penas do art. 315 do Código Eleitoral quem, no processamento eletrônico
das cédulas, alterar resultados, qualquer que seja o método utilizado.

Também está relacionado ao dispositivo o art. 72, da Lei nº 9.504/97.

Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos:

I - obter acesso a sistema de tratamento automático de dados usado pelo serviço eleitoral, a fim
de alterar a apuração ou a contagem de votos;

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II - desenvolver ou introduzir comando, instrução, ou programa de computador capaz de destruir,


apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir dado, instrução ou programa ou provocar qualquer
outro resultado diverso do esperado em sistema de tratamento automático de dados usados
pelo serviço eleitoral;

III - causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na votação ou na totalização


de votos ou a suas partes.

Como sabemos, a apuração dos votos por meio de cédulas em papel é extremamente incomum no sistema
eletrônico e ocorre apenas em caso de falhas. Dessa forma, esse tipo penal também se torna pouco
corriqueiro. De todo o modo, vamos julgar o tipo.

ALTERAÇÃO DE MAPAS OU BOLETINS DE APURAÇÃO OU VOTAÇÃO


Alterar a votação obtida por qualquer candidato ou lançar votação que não corresponda
TIPO OBJETIVO
às cédulas apuradas nos mapas ou nos boletins de apuração.
BEM JURÍDICO Lisura do pleito eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo.
SUJEITO
Estado, candidato ou o eleitor que não teve seu voto apurado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, muito embora caiba à Junta Eleitoral totalizar os votos. Crime comum.
O presente tipo penal classifica-se como comissivo e material. Observe-se que parte da
CLASSIFICAÇÃO
doutrina classifica como crime formal.
CONSUMAÇÃO Ocorre com a efetiva alteração dos dados incorretos.
TENTATIVA É admitida (não é unânime)
Reclusão: até 5 anos.
PENA e
Multa: 5 a 15 dias multa.

Recusa à consignação de protestos em ato de eleição ou de apuração

Vejamos o art. 316.

Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos
devidamente formulados ou deixar de remetê-los à instância superior:

Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Vejamos, ainda, de forma relacionada e sem excluir o tipo previsto acima, o art. 70, da Lei das Eleições.

Art. 70. O Presidente de Junta Eleitoral que deixar de receber ou de mencionar em ata os
protestos recebidos, ou ainda, impedir o exercício de fiscalização, pelos partidos ou coligações,
deverá ser imediatamente afastado, além de responder pelos crimes previstos na Lei nº 4.737,
de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.

Assim:

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RECUSA À CONSIGNAÇÃO DE PROTESTOS EM ATO DE ELEIÇÃO OU DE APURAÇÃO


Deixar de receber ou de mencionar os protestos ou deixar de remetê-los à instância
TIPO OBJETIVO
superior.
BEM JURÍDICO Direito de fiscalização.
TIPO SUBJETIVO Dolo.
SUJEITO
Estado e aquele que formulou o protesto.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Mesários, integrantes da Junta Eleitoral ou Juiz Eleitoral.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e de mera conduta.
Ocorre com o não recebimento ou falta de menção dos protestos ou, ainda, com a falta
CONSUMAÇÃO
de envio dos protestos à instância superior.
TENTATIVA Não é admitida por ser crime omissivo.
Reclusão: até 5 anos.
PENA e
Multa: 5 a 15 dias multa.

Violação ou tentativa de violação do sigilo de urna

Trata-se do tipo penal-eleitoral disposto no art. 317, do CE.

Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros:

Pena – reclusão de três a cinco anos.

Assim:

VIOLAÇÃO DO SIGILO DE URNA


Violar o sigilo de urna eletrônica ou dos invólucros. Abrange, também, o tipo objetivo e a
TIPO OBJETIVO
tentativa de violação do sigilo da urna ou invólucros.
BEM JURÍDICO Sigilo do voto e integridade do conteúdo das urnas.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta.
CONSUMAÇÃO A consumação ocorre com a tentativa ou com a violação efetiva do sigilo da urna.
TENTATIVA É admitida.
Reclusão: 3 a 5 anos.
PENA
Multa: não há

Contagem Indevida de Votos

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 318, do CE:

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Art. 318. Efetuar a Mesa Receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor
houver votado sob impugnação (art. 190):

Pena – detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Trata-se de um tipo penal pouco utilizado tendo em vista o processamento eletrônico de votos. Contudo,
como poderá ser utilizado excepcionalmente – com em casos em que a votação se dê por cédulas – devemos
analisá-lo.

Assim:

CONTAGEM INDEVIDA DE VOTOS


Efetuar, a mesa receptora, a contagem dos votos da urna quando houver qualquer voto
TIPO OBJETIVO
sob impugnação.
BEM JURÍDICO Tutela a integridade do serviço eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Os integrantes da mesa receptora.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e de mera conduta.
Se consuma com o início da contagem dos votos quando qualquer eleitor tiver votado sob
CONSUMAÇÃO impugnação. Elide-se a tipificação caso a contagem do voto impugnado seja feita em
separado.
TENTATIVA É admitida (não é unânime)
Detenção: até 1 mês.
PENA ou
Multa: 30 a 60 dias-multa.

Subscrição múltipla de ficha para registro de partido

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 319, do CE:

Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos:

Pena – detenção até um mês ou pagamento de 10 a 30 dias-multa.

Primeiramente, por “ficha de registro” devemos ler a assinatura nas listas para apoiamento mínimo. O
apoiamento mínimo é uma das condições para a criação de partidos políticos. Assim, ao se criar um partido
político é necessária a colheita de centenas de milhares de assinaturas com a indicação dos respectivos
títulos eleitorais para que seja demonstrado o caráter nacional do partido político.

Assim:

SUBSCRIÇÃO MÚLTIPLA DE LISTAS DE APOIAMENTO MÍNIMO


TIPO OBJETIVO Assinar por duas vezes ou mais a lista de apoiamento mínimo.

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BEM JURÍDICO Representação democrática.


TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado e demais partidos políticos.
PASSIVO
Há uma divergência doutrinária.
1ª corrente: afirma que se trata de crime comum e, em razão disso, poderá ser cometido
por qualquer eleitor.
SUJEITO ATIVO
2ª corrente: afirma que se trata de crime próprio uma vez que não poderá ser cometido
por qualquer pessoa, mas pelo eleitor.
Não há um posicionamento que prevaleça.
O presente tipo penal classifica-se como comum ou próprio (segundo as correntes acima),
CLASSIFICAÇÃO
comissivo e de mera conduta.
Consuma-se o tipo penal com o ato de inscrever a segunda filiação na Justiça Eleitoral. De
acordo com a doutrina, no dia seguinte, caso o eleitor não retire seu apoio ao partido
CONSUMAÇÃO anterior, restaria configurado o delito. Contudo, a jurisprudência entende que somente
restará configurado o tipo penal quando houver comunicação pelo partido político da lista
de apoiamento à Justiça Eleitoral.
TENTATIVA Não é admitida a tentativa.
Multa: 10 a 20 dias-multa.
PENA Lembre-se que, no caso de detenção, a pena mínima é de 15 dias.
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.

Múltipla filiação partidária

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 320, do CE:

Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos:

Pena – pagamento de 10 a 20 dias-multa.

Esse tipo possui relação com a previsão do art. 22, § único, da Lei nº 9.096/1995 (Lei dos Partidos Político),
que estabelece o dever que o eleitor possui de informar à Justiça Eleitoral a nova filiação. Se não o fizer, terá
cancelada a filiação mais antiga, não sendo mais realizada a apuração da responsabilidade penal em razão
do tipo penal que estamos estudando.

Parágrafo único. Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente,


devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.

Assim:

MÚLTIPLA FILIAÇÃO PARTIDÁRIA


TIPO OBJETIVO Inscrever filiado simultaneamente em dois ou em mais partidos políticos.
BEM JURÍDICO Autenticidade das filiações partidárias e organização dos partidos políticos.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.

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SUJEITO
Estado e demais partidos políticos.
PASSIVO
Há uma divergência doutrinária.
1ª corrente: afirma que se trata de crime comum e, em razão disso, poderá ser cometido
por qualquer eleitor.
SUJEITO ATIVO
2ª corrente: afirma que se trata de crime próprio uma vez que não poderá ser cometido
por qualquer pessoa, mas pelo eleitor.
Não há um posicionamento que prevaleça.
O presente tipo penal classifica-se como comum ou próprio (segundo as correntes acima),
CLASSIFICAÇÃO
comissivo e de mera conduta.
CONSUMAÇÃO Haverá a consumação com a assinatura da ficha. Crime instantâneo.
TENTATIVA Não é admitida.
Detenção: até 1 mês.
ou
PENA Multa: 10 – 30 dias-multa.
Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias.
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.

Colheita Indevida de Apoio para Registro de Partido Político

Vimos um pouco mais acima que o eleitor que assina duas vezes a lista de apoiamento mínimo incorre no
tipo penal do art. 319, do CE. Aqui é o inverso. Vejamos o que dispõe o art. 321, do CE:

Art. 321. Colher assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 20 a 40 dias-multa.

COLHEITA INDEVIDA DE APOIO PARA REGISTRO DE PARTIDO POLÍTICO


TIPO OBJETIVO Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido.
BEM JURÍDICO Organização dos partidos políticos.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e os demais partidos políticos.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, pois se trata de crime comum.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e formal.
Ocorrerá a consumação com a mera colheita da assinatura do eleitor, ainda que não se
CONSUMAÇÃO
venha utilizar a ficha para registro do partido político no TSE.
TENTATIVA É admitida (divergente)
Detenção: até dois meses.
ou
PENA Multa: 20 a 40 dias-multa.
Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias.
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.

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Divulgação de Fatos Inverídicos na Propaganda

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 322, do CE. Fique atento a este crime pois ele sofreu recente
modificação pela Lei 14.192/2021.

Art. 323. Divulgar, na propaganda eleitoral ou durante período de campanha eleitoral, fatos que
sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer influência perante o
eleitorado:

Pena – detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem produz, oferece ou vende vídeo com conteúdo inverídico
acerca de partidos ou candidatos.

§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até metade se o crime:

I – é cometido por meio da imprensa, rádio ou televisão, ou por meio da internet ou de rede
social, ou é transmitido em tempo real;

II – envolve menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia.

DIVULGAÇÃO DE FATOS INVERÍDICOS NA PROPAGANDA


Divulgar na propaganda eleitoral ou durante o período de campanha fatos que sabe
TIPO OBJETIVO inverídicos em relação a partidos políticos ou a candidatos, que sejam capazes de exercer
influência na decisão do eleitor.
BEM JURÍDICO Veracidade das informações contidas nas propagandas eleitorais.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado, eleitores, candidatos ofendidos e partidos políticos.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa, pois se trata de crime comum.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Ocorrerá com a consumação com a divulgação da propaganda.
TENTATIVA É admitida.
Detenção: 2 meses a 1 ano.
ou
Multa: 120 a 150 dias-multa.
Ao contrário do padrão dos tipos penais, nesse caso foi fixada a pena mínima.
PENA
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.
Ademais, a pena será agravada se o crime for cometido pela imprensa, rádio ou televisão
ou por meio de internet ou se envolver menosprezo ou discriminação à mulher, à cor, raça
ou etnia.

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O TSE7 não exige que os fatos tenham potencial para definir a eleição basta que seja capaz de exercer
influência perante o eleitorado.

Para finalizar, é importante ressaltar que o TSE entende que somente propaganda paga veiculada em
confronto com o dispositivo acima é capaz de gerar a tipificação penal. Nesse sentido, vejamos a ementa do
AgR-REspe nº 35.977/20098:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. CRIME ELEITORAL. ART. 323 DO CÓDIGO
ELEITORAL. ATIPICIDADE. DIVULGAÇÃO. OPINIÃO. CANDIDATO. IMPRENSA ESCRITA.
PROPAGANDA. NÃO CONFIGURAÇÃO.

1. O art. 323 do Código Eleitoral refere-se à divulgação de fatos inverídicos na propaganda,


conceito que deve ser interpretado restritivamente, em razão do princípio da reserva legal.

2. O art. 20, § 3º, da Resolução TSE nº 22.718/2008 estabelece que Não caracterizará propaganda
eleitoral a divulgação de opinião favorável a candidato, a partido político ou a coligação pela
imprensa escrita, desde que não seja matéria paga, mas os abusos e os excessos, assim como as
demais formas de uso indevido dos meios de comunicação, serão apurados e punidos nos termos
do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90.

3. Na espécie, os textos jornalísticos publicados na imprensa escrita não eram matérias pagas,
razão pela qual ainda que tivessem eventualmente divulgado opiniões sobre candidatos não
podem ser caracterizados como propaganda eleitoral, impedindo, por consequência, a
tipificação do crime previsto no art. 323 do Código Eleitoral.

4. Agravo regimental não provido.

Calúnia Eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 324, do CE:

Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-
lhe falsamente fato definido como crime:

Pena – detenção de seis meses a dois anos e pagamento de 10 a 40 dias-multa.

7
Ac.-TSE, de 25.6.2015, no AgR-RMS nº 10404

8
Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 35977, Acórdão de 15/10/2009, Relator(a) Min. FELIX FISCHER,
Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 7/12/2009, Página 15 RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume
20, Tomo 4, Data 15/10/2009, Página 301

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§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:

I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido, não foi condenado por
sentença irrecorrível;

II – se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.

Vejamos, inicialmente, o conceito apresentado pelos professores Rodrigo Martiniano e Ayres Lins9:

A calúnia eleitoral consiste na imputação falsa a alguém de um fato definido como crime, quer
seja ele eleitoral ou não, na propaganda ou visando esta.

Na mesma pena incorre aquele que divulga a informação sabendo de sua falsidade. A calúnia eleitoral
assemelha-se, portanto, à difamação, pois imputa falsamente ao ofendido um fato desonroso com status de
crime. Desse modo, podemos concluir que a imputação praticada deve ser falsa, de modo que, se o fato for
verdadeiro, não há que se falar em crime. Desse modo, a exceção da verdade é o instrumento que poderá
se valer o acusado para evitar a imputação. Ainda assim, é importante memorizarmos as hipóteses em que
a exceção da verdade não será admitida nos termos do §2º do dispositivo estudado.

NÃO SE ADMITE A EXCEÇÃO DA VERDADE

• se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado
por sentença irrecorrível;
• se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
• se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.

9 LINS, Ayres. e MARTINIANO, Rodrigo. Direito Eleitoral Descomplicado, p. 782.

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Além disso, conforme ensina a doutrina não é necessário que o fato seja dirigido a candidato, desde seja
veiculado em propaganda eleitoral ou visar à propaganda.

Antes de analisarmos o nosso quadro, atente-se:

TAMBÉM INCORRE EM CALÚNIA


ELEITORAL AQUELE QUE, SABENDO SER
FALSA A IMPUTAÇÃO, A PROPALAR OU A
DIVULGAR.

Assim:

CALÚNIA ELEITORAL
Caluniar alguém na propaganda eleitoral imputando falsamente fato definido como
TIPO OBJETIVO
crime.
BEM JURÍDICO Honra objetiva do indivíduo.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO PASSIVO Estado e o ofendido.
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a divulgação da propaganda e com o conhecimento por terceiros.
TENTATIVA É admitida, exceto pela forma verbal.
Detenção: 6 meses a 2 anos.
ou
Multa: 10 a 40 dias-multa.
Está previsto, ainda, causa de aumento de pena (1/3), quando cometido contra:
PENA 1. Presidente da República;
2. Chefe de Governo Estrangeiro;
3. Funcionário público em razão de suas funções;
4. Na presença de várias pessoas;
5. Utilizando-se de meios que facilitem a divulgação da ofensa.

Difamação Eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 325, do CE:

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Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-
lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 30 dias-multa.

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e


a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Assim:

DIFAMAÇÃO ELEITORAL
Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe
TIPO OBJETIVO
fato ofensivo a sua reputação.
BEM JURÍDICO Honra objetiva do indivíduo.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o ofendido.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
Consuma-se o delito com a divulgação da informação difamatória na propaganda visando
CONSUMAÇÃO
à propaganda eleitoral, desde que chegue ao conhecimento de terceiros.
TENTATIVA É admitida, exceto se realizada de forma verbal.
Detenção: de 3 meses a 1 ano.
e
Multa: 5 a 30 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.
Está previsto, ainda, causa de aumento de pena (1/3), quando cometido contra:
PENA
1. Presidente da República;
2. Chefe de Governo Estrangeiro;
3. Contra funcionário público em razão de suas funções;
4. Na presença de várias pessoas;
5. Utilizando-se de meios que facilite a divulgação da ofensa.

Conforme dissemos, a conduta não precisa ser praticada contra candidato, deverá apenas ser veiculada com
finalidade de propaganda eleitoral. Nesse sentido, vejamos o HC nº 187.635/2010 10, pelo qual firmou a
desnecessidade de que a ofensa seja praticada contra candidato para a tipificação do crime previsto neste
artigo.

10
Habeas Corpus nº 187635, Acórdão de 14/12/2010, Relator(a) Min. ALDIR GUIMARÃES PASSARINHO JUNIOR, Publicação:
DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 033, Data 16/02/2011, Página 44-45.

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HABEAS CORPUS. CRIME ARTS. 325 E 326 DO CÓDIGO ELEITORAL. OFENSA VEICULADA NA
PROPAGANDA ELEITORAL. TIPICIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL.

1. Para a tipificação dos crimes de difamação e injúria eleitorais, previstos nos arts. 325 e 326 do
Código Eleitoral, não é preciso que a ofensa seja praticada contra candidato, uma vez que a
norma descreve as condutas de difamar e injuriar alguém, sem especificar nenhuma qualidade
especial quanto ao ofendido.

2. O que define a natureza eleitoral desses ilícitos é o fato de a ofensa ser perpetrada na
propaganda eleitoral ou visar a fins de propaganda.

3. Na espécie, as ofensas foram veiculadas na propaganda eleitoral por rádio, o que determina
a competência da Justiça Eleitoral para apurar a prática dos delitos tipificados nos arts. 325 e 326
do Código Eleitoral.

4. Ordem denegada.

Mesmo entendimento foi firmado no HC nº 114080/2011, segundo o qual a incursão na difamação eleitoral
relaciona-se ao contexto eleitoral em que ela é veiculada, não possuindo relação com o sujeito da conduta.

Vejamos também a Ementa do RHC nº 761.681/201111, segundo a qual o deferimento do direito de resposta
e a interrupção da divulgação da ofensa não evitam a apuração do tipo ora estudados, caso haja difamação
ou divulgação de fatos inverídicos na propaganda eleitoral:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ARTS. 323 E 325 DO CÓDIGO ELEITORAL.


DIFAMAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE FATOS INVERÍDICOS NA PROPAGANDA ELEITORAL.
TRANCAMENTO AÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE.

1. O deferimento do direito de resposta e a interrupção da divulgação da ofensa não elidem a


ocorrência dos crimes de difamação e de divulgação de fatos inverídicos na propaganda eleitoral,
tendo em vista a independência entre as instâncias eleitoral e penal.

2. Para verificar a alegação dos impetrantes de que não houve dolo de difamar, injuriar ou
caluniar, mas tão somente de narrar ou criticar, seria imprescindível minuciosa análise da prova
dos autos, providência incabível na estreita via do habeas corpus, marcado por cognição sumária
e rito célere.

3. Na espécie, não é possível verificar, de logo, a existência de nenhuma das hipóteses que
autorizam o trancamento da ação penal, pois não está presente causa de extinção da

11
Recurso em Habeas Corpus nº 761681, Acórdão de 17/05/2011, Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação:
DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 01/07/2011, Página 92.

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punibilidade e a denúncia descreve fato que, em tese, configura crime eleitoral, apontando prova
da materialidade do ilícito e indícios de autoria.

4. Recurso desprovido.

Injúria Eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 326, do CE:

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-
lhe a dignidade ou o decoro:

Pena – detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Perdão judicial, ou seja, o juiz deixará de aplicar a pena se o próprio ofendido provocou a injúria ou quando
o ofendido responde de forma imediata a uma ofensa injuriosa.

§ 1º O Juiz pode deixar de aplicar a pena:

I – se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

Injúria Real, não atingem necessariamente a integridade física do ofendido.

§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio empregado,
se considerem aviltantes:

Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas
correspondentes à violência prevista no Código Penal.

Qual a diferença entre injúria, calúnia e difamação?

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envolve xingamentos, indicação de defeitos e


INJÚRIA deméritos da pessoa relacionados NÃO a
fatos específicos

indicação da prática de um ou mais crimes


CALÚNIA específicos, individualizados, que, em tese,
não foram praticados pelo ofendido.

há a divulgação de fato desonroso


DIFAMAÇÃO específico, que pode ser identificado no
tempo e no espaço.

Assim:

INJÚRIA ELEITORAL
Injuriar alguém em propaganda político-eleitoral ou visando à propaganda eleitoral, com
TIPO OBJETIVO
ofensa à dignidade ou ao decoro.
BEM JURÍDICO Honra subjetiva do indivíduo.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o ofendido.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
Consuma-se o delito com a divulgação na propaganda ou visando à propaganda eleitoral,
CONSUMAÇÃO
chegando ao conhecimento da vítima.
TENTATIVA É admitida, exceto se realizada de forma verbal.
Detenção: de até 6 meses
OU
Multa: 30 a 60 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.
Se consistir em violência ou vias de fato: Detenção de três meses a um ano E multa de 5
a 20 dias-multa, além das penas correspondentes à violência prevista no Código Penal.
PENA
Está previsto, ainda, causa de aumento de pena (1/3), quando cometido contra:
6. Presidente da República;
7. Chefe de Governo Estrangeiro;
8. Funcionário público em razão de suas funções;
9. Na presença de várias pessoas;
10. Utilizando-se de meios que facilitem a divulgação da ofensa.

Ademais, é possível a caracterização da injúria eleitoral de acordo com o art. 326 §2º, do CE. Esse dispositivo
se aplica sempre que, além da injúria eleitoral, houver também ofensa física.

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Para finalizar, é importante destacar que o TSE entende desnecessário que a ofensa seja praticada contra
candidato para a tipificação do crime de injúria eleitoral. Vejamos, a título ilustrativo, a ementa do HC nº
187.635/201012.

HABEAS CORPUS. CRIME ARTS. 325 E 326 DO CÓDIGO ELEITORAL. OFENSA VEICULADA NA
PROPAGANDA ELEITORAL. TIPICIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL.

1. Para a tipificação dos crimes de difamação e injúria eleitorais, previstos nos arts. 325 e 326 do
Código Eleitoral, não é preciso que a ofensa seja praticada contra candidato, uma vez que a
norma descreve as condutas de difamar e injuriar alguém, sem especificar nenhuma qualidade
especial quanto ao ofendido.

2. O que define a natureza eleitoral desses ilícitos é o fato de a ofensa ser perpetrada na
propaganda eleitoral ou visar a fins de propaganda.

3. Na espécie, as ofensas foram veiculadas na propaganda eleitoral por rádio, o que determina
a competência da Justiça Eleitoral para apurar a prática dos delitos tipificados nos arts. 325 e 326
do Código Eleitoral.

4. Ordem denegada.

Antes de seguirmos, façamos uma observação. Os últimos três tipos penais (calúnia eleitoral, difamação
eleitoral e injúria eleitoral) possuem uma causa de aumento de pena?

A fundamentação dessa causa de aumento consta do art. 327, do CE que recebeu mais dois incisos com a Lei
14.192/2021. Vejamos:

Art. 327. As penas cominadas nos arts. 324, 325 e 326, aumentam-se de um terço, se qualquer
dos crimes é cometido:

I – contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

II – contra funcionário público, em razão de suas funções;

III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa.

IV – com menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia;

12
Habeas Corpus nº 187635, Acórdão de 14/12/2010, Relator(a) Min. ALDIR GUIMARÃES PASSARINHO JUNIOR, Publicação:
DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 033, Data 16/02/2011, Página 44-45.

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V – por meio da internet ou de rede social ou com transmissão em tempo real

Desse modo, para a nossa prova devemos lembrar:

Presidente da República;

Chefe de Governo Estrangeiro;

Funcionário público em razão de suas


calúnia eleitoral, funções;
difamação eleitoral e
injúria eleitoral Na presença de várias pessoas;
CAUSA DE AUMENTO DE
PENA (1/3), QUANDO
COMETIDO CONTRA Utilizando-se de meios que facilitem a
divulgação da ofensa.

Com menosprezo ou discriminação à


condição de mulher ou à sua cor, raça ou
etnia

por meio da internet ou de rede social ou


com transmissão em tempo real.

Sigamos!

Denunciação caluniosa com finalidade eleitoral

Fique atento ao crime previsto no Art. 326-A pois ele foi recentemente acrescido pelo art. 2º da Lei nº
13.834/2019.

Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação
administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a
prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

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§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve do anonimato ou de nome suposto.

§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

§ 3º Incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente da inocência do
denunciado e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por qualquer meio ou forma, o ato ou
o fato que lhe foi falsamente atribuído.

O STF no ano de 2021 julgando a ADI 6225 entendeu que não há conflito da pena abstrata prevista no §3º
deste artigo e os princípios da proporcionalidade, da individualização da pena e da liberdade de manifestação
do pensamento.

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA COM FINALIDADE ELEITORAL


Dar causa a investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito
TIPO OBJETIVO civil ou ação de improbidade administrativa em face de alguém que sabe ser inocente, com
finalidade eleitoral, pela prática de crime ou ato infracional.
BEM JURÍDICO Administração da justiça e a honra da vítima.
TIPO Dolo, não havendo modalidade culposa. É necessário que haja o conhecimento da
SUBJETIVO inocência da pessoa. Exige-se, ainda, dolo específico que é a finalidade eleitoral.
SUJEITO
Estado e o ofendido a quem se atribuiu falsamente o delito.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. Crime comum.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e formal.
Consuma-se o delito quando a autoridade inicia a investigação policial, o processo judicial,
CONSUMAÇÃO
a investigação administrativa, o inquérito civil ou ação de improbidade administrativa.
TENTATIVA É admitida.
Reclusão: de 2 até 8 anos
E
Multa
PENA
1. Anonimato - Causa de aumento de pena de 1/6.
2. Denunciação caluniosa privilegiada - imputação de contravenção penal -
Diminuição da pena pela metade.

Violência política contra a mulher

Fique atento ao crime previsto no Art. 326-A pois ele foi recentemente acrescido pelo art. 2º da Lei nº
14.192/2021.

Art. 326-B. Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata
a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação
à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a
sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo.

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço), se o crime é cometido contra mulher:

I – gestante;

II – maior de 60 (sessenta) anos;

III – com deficiência.

VIOLÊNCIA POLÍTICA CONTRA A MULHER


Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata a
cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou
TIPO OBJETIVO
discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir
ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo.
BEM JURÍDICO Lisura das eleições, higidez do processo eleitoral e regularidade do exercício do mandato.
TIPO Dolo, não havendo modalidade culposa. É necessário um elemento subjetivo especial de
SUBJETIVO impedir ou dificultar sua campanha ou desempenho do mandato
SUJEITO
Deve ser uma candidata ou detentora de mandato eletivo – crime próprio
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. Crime comum.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e formal.
Consuma-se o delito com a conduta do ato de assediar, constranger, humilhar, perseguir
CONSUMAÇÃO
ou ameaçar.
TENTATIVA É admitida.
Reclusão: de 1 até 4 anos
E
Multa
PENA Causa de aumento de pena de 1/3.
1. Gestante
2. Maior de 60 anos
3. Com deficiência.

(IBFC/TRE-PA - 2020) A Lei nº 13.834/2019 introduziu no Código Eleitoral nova modalidade de crime,
previsto no artigo 326-A. Leia abaixo o inteiro teor do referido dispositivo legal:

"Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação
administrativa, de _____, atribuindo a alguém a prática de ______ de que o sabe inocente, com
finalidade eleitoral:

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Pena - _____, de ______, e multa.

§1º A pena é ______, se o agente se serve do anonimato ou de nome suposto.

§2º A pena é _____, se a imputação é _____.

§3º Incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente da inocência do
denunciado e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por qualquer meio ou forma, o ato ou fato
que lhe foi falsamente atribuído."

Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas.

a) inquérito civil ou ação de improbidade administrativa / crime ou ato infracional / detenção / 06 (seis)
meses a um ano / aumentada de um sexto a dois terços / diminuída de um sexto / culposa

b) inquérito policial ou civil / crime / detenção / 06 (seis) meses a um ano / aumentada de um sexto a
dois terços / atenuada / culposa

c) inquérito policial ou civil / crime / reclusão / 2 (dois) a 4 (quatro) anos / aumentada de dois terços /
atenuada / de prática de contravenção

d) inquérito civil ou ação de improbidade administrativa / crime ou ato infracional / reclusão / 2 (dois)
a 8 (oito) anos / aumentada de sexta parte / diminuída de metade / de prática de contravenção

Comentários

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Veja que bastava o conhecimento da literalidade
do artigo 326-A para acertar a questão.

Inutilização, alteração ou perturbação de propaganda lícita

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 331, do CE:

Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado:

Pena – detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Assim:

INUTILIZAÇÃO, ALTERAÇÃO OU PERTURBAÇÃO DE PROPAGANDA LÍCITA


TIPO OBJETIVO Inutilização, alteração ou perturbação de propaganda lícita.
BEM JURÍDICO Igualdade e equilíbrio na propaganda.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado, candidato, partido ou coligação prejudicados.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.

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CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material.


CONSUMAÇÃO Consuma-se com a prática de quaisquer dos verbos previstos no tipo objetivo.
TENTATIVA É admitida.
Detenção: até 6 meses.
ou
PENA Multa: 90 a 120 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.
Lembre-se que, no caso de detenção, a pena mínima é de 15 dias.

Impedimento ao exercício da propaganda

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 332, do CE:

Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Assim:

IMPEDIMENTO AO EXERCÍCIO DA PROPAGANDA


TIPO OBJETIVO Impedir o exercício de propaganda.
BEM JURÍDICO Liberdade de propaganda.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado, candidato, partido ou coligação prejudicados.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material.
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a prática de quaisquer dos verbos previstos no tipo objetivo.
TENTATIVA É admitida.
Detenção: até 6 meses.
e
PENA
Multa: 30 a 60 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Aliciamento comercial de eleitores

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 334, do CE:

Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e


sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores:

Pena – detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for candidato.

Assim:

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ALICIAMENTO COMERCIAL DE ELEITORES


Utilizar organização comercial, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para a
TIPO OBJETIVO
propaganda ou aliciamento.
BEM JURÍDICO Igualdade na propaganda.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado, candidato, partido ou coligação prejudicados.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material.
Consuma-se o tipo penal quando houver a utilização de organização comercial para os fins
CONSUMAÇÃO
descritos no tipo.
TENTATIVA É admitida.
Detenção: de 6 meses a 1 ano.
e
Cassação do registro, se o condenado for candidato.
PENA
Infração de menor potencial ofensivo.
Tem correlação direta com a captação ilícita de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei
9.504/97

Realizar propaganda em língua estrangeira

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 335, do CE:

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:

Pena – detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo importa a apreensão e
perda do material utilizado na propaganda.

Assim:

REALIZAR PROPAGANDA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA


TIPO OBJETIVO Fazer propaganda em língua estrangeira.
BEM JURÍDICO Soberania nacional.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado e, se for o caso, aquele eleitor que não conhece o idioma estrangeiro.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material.
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a divulgação da propaganda em língua estrangeira.
TENTATIVA É admitida, exceto pela forma verbal.
Detenção: 3 a 6 meses.
PENA
e

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Multa: 30 a 60 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Participação em atividades partidárias por aqueles que não detêm direitos políticos

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 337, do CE:

Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo dos seus direitos políticos,
de atividades partidárias, inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou
abertos:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emissoras de rádio ou televisão
que autorizar transmissões de que participem os mencionados neste artigo, bem como o diretor
de jornal que lhes divulgar os pronunciamentos.

O TSE decidiu que este artigo não foi recepcionado pela constituição federal de 1988. Veja abaixo excerto da
decisão e em seguida um quadro do tipo penal apenas para conhecimento do aluno.

RECURSOS ESPECIAIS. ART. 337 DO CÓDIGO ELEITORAL. INCOMPATIBILIDADE COM OS


PRECEITOS INSCULPIDOS NOS ARTS. 5º, IV, VI e VIII, E 220 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, QUE
ASSEGURAM A LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO E A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA. NÃO
RECEPÇÃO. RECURSOS PROVIDOS PARA AFASTAR A CONDENAÇÃO.

1. O art. 337 do Código Eleitoral, que descreve como crime a participação em atividades político-
partidárias, inclusive comícios e atos de propaganda, daquele que estiver com os direitos
políticos suspensos, não guarda sintonia com os arts. 5º, IV, VI e VIII, e 220 da Carta da
República, que garantem ao indivíduo a livre expressão do pensamento e a liberdade de
consciência, ainda que o exercício de tais garantias sofra limitações em razão de outras, também
resguardadas pela Constituição Federal.

2. O disposto na referida norma penal implica a restrição de um direito fundamental garantido


pela Constituição, sem que haja, em contraposição, bem ou valor jurídico atingido pela conduta
supostamente delituosa.

3. O comportamento descrito na aludida norma de natureza penal não consiste na prática de um


direito político passível de suspensão, mas sim no exercício de um direito fundamental que se
insere na órbita da liberdade individual albergada pela Lei Maior.

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4. Recursos especiais providos.13

Assim:

PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES PARTIDÁRIAS POR AQUELES QUE NÃO DETÊM DIREITOS POLÍTICOS
Participação de estrangeiros ou de pessoas com restrição aos direitos políticos em
TIPO OBJETIVO
atividades partidárias.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta.
Consuma-se com a participação em alguma atividade partidária, ainda que não seja no
CONSUMAÇÃO
período eleitoral.
TENTATIVA É admitida por meio escrito.
Detenção: até 6 meses.
e
Multa: 90 a 120 dias-multa.
Lembre-se que, no caso de detenção, a pena mínima é de 15 dias.
PENA
Infração de menor potencial ofensivo.
Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emissoras de rádio ou de televisão que
autorizar transmissões de que participem os mencionados nesse artigo, bem como o
diretor de jornal que divulgar os pronunciamentos.

Descumprimento de prioridade postal

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 338, do CE:

Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade prevista no art. 239:

Pena – pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Assim:

DESCUMPRIMENTO DE PRIORIDADE POSTAL


Não garantir o funcionário de empresa postal a prioridade concedida aos partidos políticos
TIPO OBJETIVO
para a remessa de propaganda nos 60 dias que antecedem o pleito.
BEM JURÍDICO Isonomia da propaganda política eleitoral.

13
RESPE - Recurso Especial Eleitoral nº 36173, Min. Rel. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, DJE 30/09/2015.

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TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.


SUJEITO
Estado e os candidatos partidos políticos prejudicados.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Funcionário de empresa postal.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e de mera conduta.
A consumação do delito ocorre com o descumprimento do dever legal de assegurar a
CONSUMAÇÃO
prioridade nos 60 dias que antecedem o pleito eleitoral.
TENTATIVA Não é admitida.
PENA Multa: 30 a 60 dias-multa.

Destruição, supressão ou ocultação de material eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 339, do CE:

Art. 339. Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos à eleição:

Pena – reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime


prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.

Assim:

DESTRUIÇÃO, SUPRESSÃO OU OCULTAÇÃO DE MATERIAL ELEITORAL


TIPO OBJETIVO Destruir, suprimir ou ocultar urna ou documento eleitorais.
BEM JURÍDICO Direito público subjetivo do voto.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e de mera conduta.
Consuma-se o delito com a efetivação do prejuízo à eleição em razão da prática
CONSUMAÇÃO
perpetrada.
TENTATIVA É admitida.
Reclusão: 2 a 6 anos
e
PENA Multa: 5 a 15 dias-multa.
A penalidade será agravada caso seja praticada por membro ou funcionário da Justiça
Eleitoral, o qual pratica o ato prevalecendo-se do cargo.

Fabricação, aquisição, fornecimento, subtração ou guarda indevidos de material de uso


exclusivo da Justiça Eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 340, do CE:

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Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, subtrair ou
guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral:

Pena – reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 dias-multa.

Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime


prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.

Assim:

FABRICAÇÃO, AQUISIÇÃO, FORNECIMENTO, SUBTRAÇÃO OU GUARDA INDEVIDA DE MATERIAL DE USO


EXCLUSIVO DA JUSTIÇA ELEITORAL
TIPO OBJETIVO Fabricar, adquirir, fornecer, subtrair ou guardar materiais da Justiça Eleitoral.
BEM JURÍDICO Bens da Justiça Eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa. Crime comum.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comissivo e de mera conduta.
Trata-se de crime de perigo, para o qual é suficiente a realização de uma, ou mais, das
CONSUMAÇÃO
condutas descritas no tipo para fins de consumação.
TENTATIVA É admitida.
Reclusão: até 3 anos
e
PENA
Multa: 3 a 15 dias-multa.
Se o agente for integrante da Justiça Eleitoral, a penalidade será agravada entre 1/5 e 1/3.

Retardamento das publicações eleitorais

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 341, do CE:

Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou qualquer outro funcionário de órgão
oficial federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações da Justiça Eleitoral:

Pena – detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Assim:

RETARDAMENTO DAS PUBLICAÇÕES ELEITORAIS


Retardar a publicação ou não publicar as decisões, as citações ou as intimações da Justiça
TIPO OBJETIVO
Eleitoral.
BEM JURÍDICO Regularidade dos serviços eleitorais. Celeridade do processo eleitoral.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO

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SUJEITO
Estado e aquele que for prejudicado pelo atraso na publicação.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Servidor público responsável pela publicação.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Consuma-se o delito com o mero atraso na publicação ou com a não publicação.
TENTATIVA Não é admitida.
Detenção: até 1 mês
ou
PENA Multa: 30 a 60 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.
Lembrem-se que, no caso de detenção, a pena mínima será sempre de 15 dias.

Omissão da denúncia a cargo de representante do Ministério Público

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 342, do CE:

Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de
promover a execução de sentença condenatória:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

É preciso tomar cuidado com o entendimento jurisprudencial do TSE que prevê a possibilidade de o
Ministério Público deixar de apresentar denúncia contra alguns autores baseando-se no Princípio da
Divisibilidade aplicado as Ações Penais Públicas. Veja abaixo parte da decisão:

AÇÃO PENAL PÚBLICA - DIVISIBILIDADE. O titular da ação penal pública - o Ministério Público -
pode deixar de acionar certos envolvidos, como ocorre no tipo corrupção do artigo 299 do
Código Eleitoral quanto ao eleitor, geralmente de baixa escolaridade e menos afortunado, que
teria recebido benefício para votar em determinado candidato.

14

Assim:

OMISSÃO DA DENÚNCIA A CARGO DE REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO


TIPO OBJETIVO Não apresentar denúncia ou deixar de promover a execução de sentença.
BEM JURÍDICO Serviços eleitorais.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO

14
HABEAS CORPUS N° 780-48.2011.6.00.0000, Min. Rel. Marco Aurélio, Tribuna Pleno, Publicado em
sessão 18/08/2011.

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SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO O representante do Ministério Público. Crime próprio. Ato personalíssimo.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como omissivo e de mera conduta.
CONSUMAÇÃO Em regra, a consumação ocorre quando o prazo para a apresentação da denúncia expira.
TENTATIVA Não é admitida.
Detenção: até 2 meses
ou
PENA Multa: 60 a 90 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.
Lembrem-se que no caso de detenção a pena mínima será sempre de 15 dias.

Omissão da autoridade judiciária em representar contra o membro do Ministério Público

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 343, do CE:

Art. 343. Não cumprir o Juiz o disposto no § 3º do art. 357:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Vejamos, inicialmente, o que prevê o dispositivo referido no caput:

§ 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra
ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.

Notem que se trata da atitude que a autoridade judiciária deve tomar diante da verificação da incidência no
crime disposto no art. 342, do CE.

Assim:

OMISSÃO DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA EM REPRESENTAR CONTRA O MEMBRO DO MINISTÉRIO


PÚBLICO
Deixar de representar contra o membro do Ministério Público que não apresentou a
TIPO OBJETIVO
denúncia no prazo.
BEM JURÍDICO Serviços da Justiça Eleitoral.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
O Juiz que deixou que deixou de realizar a representação contra o membro do Ministério
SUJEITO ATIVO
Público. Crime próprio. Ato personalíssimo.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como omissivo e de mera conduta.
Consuma-se o crime quando o juiz deixa de cumprir o seu dever legal no tempo indicado.
CONSUMAÇÃO Devemos atentar, ainda, para o §5º, do art. 357, do CE, que dispõe: “§ 5º Qualquer eleitor
poderá provocar a representação contra o órgão do Ministério Público se o Juiz, no prazo

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de 10 (dez) dias, não agir de ofício”. Ou seja, o juiz tem o prazo de 10 dias para representar
contra o Ministério Público.
TENTATIVA Não é admitida.
Detenção: até 2 meses
ou
PENA Multa: 60 a 90 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.
Lembrem-se que no caso de detenção a pena mínima será sempre de 15 dias.

Recusa ou abandono do serviço eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 344, do CE:

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Atentem-se para a jurisprudência do TSE, segundo a qual o não comparecimento de mesário no dia da
votação não configura o crime ora estudado, pois é prevista punição administrativa no art. 124, do CE, o qual
não contém ressalva quanto à possibilidade de cumulação com sanção de natureza penal.

Veja a ementa do julgamento do HC 638:

HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. CRIME PREVISTO NO ART. 344 DO


CÓDIGO ELEITORAL. NÃO COMPARECIMENTO DO MESÁRIO CONVOCADO. MODALIDADE
ESPECIAL DO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. PREVISÃO DE SANÇÃO ADMINISTRATIVA. ART. 124 DO
CÓDIGO ELEITORAL. AUSÊNCIA DE RESSALVA DE CUMULAÇÃO COM SANÇÃO PENAL. ORDEM
CONCEDIDA.

1. O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido, nos casos em que a decisão condenatória
transitou em julgado, a excepcionalidade de manejo do habeas corpus, quando se busca o exame
de nulidade ou de questão de direito, que independe da análise do conjunto fático-probatório.
Precedentes.

2. O não comparecimento de mesário no dia da votação não configura o crime estabelecido no


art. 344 do CE, pois prevista punição administrativa no art. 124 do referido diploma, o qual não
contém ressalva quanto à possibilidade de cumulação com sanção de natureza penal.

3. Ordem concedida15.

15
HABEAS CORPUS N° 638, Min. Rel. Marcelo Ribeiro, Tribunal Pleno, DJE 21/05/2009.

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Assim:

RECUSA OU ABANDONO DO SERVIÇO ELEITORAL


TIPO OBJETIVO Sem justa causa, recursar ou abandonar o serviço eleitoral.
BEM JURÍDICO Serviços eleitorais durante a votação.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Aqueles que estejam à serviço da Justiça Eleitoral
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e formal.
Consuma-se o crime com a recusa ou com o abandono do serviço eleitoral.
CONSUMAÇÃO
Não é necessário qualquer prejuízo ao serviço eleitoral para a consumação do crime.
TENTATIVA Não é admitida.
Detenção: até 2 meses
ou
PENA Multa: 90 a 120 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.
Lembrem-se que no caso de detenção a pena mínima será sempre de 15 dias.

Descumprimento dos deveres eleitorais

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 345, do CE:

Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário dos órgãos da Justiça
Eleitoral, nos prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a infração não estiver sujeita
a outra penalidade:

Pena – pagamento de 30 a 90 dias-multa.

Assim:

DESCUMPRIMENTO DOS DEVERES ELEITORAIS


Não cumprir, nos prazos legais, os deveres impostos pelo CE, se a infração não estiver
TIPO OBJETIVO
sujeita a outra penalidade.
BEM JURÍDICO Serviços processuais e cartorários da Justiça eleitoral.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
Qualquer membro integrante da Justiça Eleitoral, definidos no art. 283:

SUJEITO ATIVO Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da
Justiça Eleitoral:

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I – os Magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam


presidindo Juntas Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função
por designação de Tribunal Eleitoral;

II – os cidadãos que temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral;

III – os cidadãos que hajam sido nomeados para as Mesas Receptoras ou Juntas
Apuradoras;

IV – os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.

§ 1º Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos


indicados no presente artigo, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função


em entidade paraestatal ou em sociedade de economia mista.
O presente tipo penal classifica-se como próprio, omissivo e formal.
CLASSIFICAÇÃO
Devemos estar atentos para o caráter subsidiário do tipo.
O delito consuma-se com o fim do prazo previsto para que o integrante da Justiça Eleitoral
CONSUMAÇÃO
cumpra o seu dever funcional.
TENTATIVA Não é admitida.
PENA Multa: 30 a 90 dias-multa.

Utilização de serviço e de prédio público com propósito político partidário

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 346, do CE:

Art. 346. Violar o disposto no art. 377:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os servidores que


prestarem serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa à
infração.

Vejamos, inicialmente, o que prevê o dispositivo do art. 377:

Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia, fundação do
Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo Poder Público,
ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências, não poderá
ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político.

Parágrafo único. O disposto neste artigo será tornado efetivo, a qualquer tempo, pelo órgão
competente da Justiça Eleitoral, conforme o âmbito nacional, regional ou municipal do órgão

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infrator, mediante representação fundamentada de autoridade pública, representante partidário


ou de qualquer eleitor.

Cuidado!!!!

A própria legislação eleitoral traz exceções:

➢ Art. 51 da Lei dos partidos políticos:

Art. 51. É assegurado ao partido político com estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral o
direito à utilização gratuita de escolas públicas ou Casas Legislativas para a realização de suas
reuniões ou convenções, responsabilizando-se pelos danos porventura causados com a
realização do evento.

➢ Art. 8º §2º da Lei das eleições:

§ 2º Para a realização das convenções de escolha de candidatos, os partidos políticos poderão


usar gratuitamente prédios públicos, responsabilizando-se por danos causados com a realização
do evento.

(MPE-SC/MPE-SC- 2019) Julgue o item:

Dispõe a Lei n. 4.737/1965 que o serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal,
autarquia, fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada
pelo poder público, ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências
não poderá ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político. A violação deste
disposto não incorre na prática de crime eleitoral.

Comentários

A afirmativa está incorreta. Veja que a questão trouxe o texto do artigo 377 do CE porém sua previsão
como crime está no artigo 346 do CE.

Art. 346. Violar o disposto no art. 377:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os servidores que prestarem
serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa à infração.

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Assim:

UTILIZAÇÃO DE SERVIÇO E DE PRÉDIO PÚBLICO COM PROPÓSITO POLÍTICO PARTIDÁRIO


TIPO OBJETIVO Permitir que prédio pertencente ao serviço público seja utilizado em favor do candidato.
BEM JURÍDICO Probidade administrativa eleitoral.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
São três hipóteses:
1. Autoridade responsável pela cessão do prédio público.
SUJEITO ATIVO
2. Servidores que prestarem serviços.
3. Candidatos que derem causa à infração.
O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo (embora seja possível a prática
CLASSIFICAÇÃO de crime por omissão quando não se faz nada para a ocupação irregular do prédio público)
e formal.
CONSUMAÇÃO O crime se consuma com conduta de permitir o uso.
TENTATIVA É admitida.
Detenção: até 6 meses
e
PENA
Multa: 30 a 60 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Desobediência eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 347, do CE:

Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da


Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução:

Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 10 a 20 dias-multa.

Assim:

DESOBEDIÊNCIA ELEITORAL
Recusar o cumprimento ou a obediência a diligências, a ordens ou a instruções da Justiça
TIPO OBJETIVO
Eleitoral ou opor-lhes embargo.
BEM JURÍDICO Autoridade da Justiça Eleitoral e Administração Pública Eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, omissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Consuma-se com a mera recusa.
TENTATIVA Não é admitido tentativa.

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Detenção: de 3 meses a 1 ano.


e
PENA
Multa: 10 a 20 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

É importante destacar que, de acordo com a reiterada jurisprudência do TSE 16, é necessário, para
configuração do crime, que tenha havido ordem judicial, direta e individualizada, expedida ao agente.

Falsificação ou alteração de documento público com fins eleitorais

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 348, do CE:

Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro, para fins eleitorais:

Pena – reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

§ 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é


agravada.

§ 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o emanado de entidade


paraestatal, inclusive fundação do Estado.

Assim:

FALSIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO COM FINS ELEITORAIS


Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento verdadeiro,
TIPO OBJETIVO
para fins eleitorais.
BEM JURÍDICO Fé pública eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO Estado. Eventualmente poderá ser sujeito passivo o candidato que tenha sido prejudicado
PASSIVO com o uso do documento.
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
O delito consuma-se com a expedição do documento falso, sendo desnecessária a efetiva
CONSUMAÇÃO
utilização do documento conforme entende a maioria da doutrina.
TENTATIVA É admitido tentativa.
Reclusão: de 2 a seis anos.
PENA e
Multa: 15 a 30 dias-multa.

16 Conforme acórdãos nºs 240/1994, 11.650/1994, 245/1995 e HC nº 579/2007, todos do TSE.

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Devemos atentar para o fato de que se o crime for praticado por funcionário público a
pena será agravada.

Finalmente, o § 2º trata do documento público equiparado, segundo o qual serão considerados públicos
todos aqueles emanados por entidade paraestatal, inclusive fundação do Estado.

Falsificação ou alteração de documento particular

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 349, do CE:

Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro, para fins eleitorais:

Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa.

Assim:

FALSIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR


TIPO OBJETIVO Falsificar, no todo ou em parte, documento particular.
BEM JURÍDICO Fé pública eleitoral.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO Estado. Eventualmente poderá ser sujeito passivo o candidato que tenha sido prejudicado
PASSIVO com o uso do documento.
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
O delito consuma-se com a expedição do documento falso, sendo desnecessária a efetiva
CONSUMAÇÃO
utilização do documento conforme entende a maioria da doutrina.
TENTATIVA É admitido tentativa.
Reclusão: até 5 anos.
e
PENA
Multa: 3 a 10 dias-multa.
Infração de menor potencial ofensivo.

Falsidade Ideológica Eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 350, do CE:

Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:

Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e


reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa, se o documento é particular.

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Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário público e comete o crime


prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de assentamentos de registro civil,
a pena é agravada.

Assim:

FALSIDADE IDEOLÓGICA ELEITORAL


Omitir, em documento, declaração que dele deveria constar ou nele inserir ou fazer inserir
TIPO OBJETIVO
declaração falsa ou diversa da que deveria estar escrita com fins eleitorais
BEM JURÍDICO Fé pública eleitoral.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO Estado. Eventualmente poderá ser sujeito passivo o candidato que tenha sido prejudicado
PASSIVO com o uso do documento.
Qualquer pessoa. Quando se tratar de declaração falsa terá de ser praticado pelo próprio
eleitor de acordo com a jurisprudência do TSE.
SUJEITO ATIVO Ademais, ainda segundo a Corte Eleitoral a forma incriminadora “fazer inserir”, prevista
neste artigo, admite a realização por terceira pessoa – autor intelectual da falsidade
ideológica (REspe nº 35.486/2011).
O presente tipo penal classifica-se como comum, omissivo (na conduta de omitir) e
CLASSIFICAÇÃO
comissivo (na conduta de inserir ou de fazer inserir informações) e formal.
CONSUMAÇÃO Consuma-se o delito com a expedição do documento falso.
É admitida tentativa na hipótese de início de elaboração de documento, mas interrupção
TENTATIVA
antes de finalizá-lo.
 Se o documento for público → Reclusão: até 5 anos e Multa: 5 a 15 dias-multa.
PENA
 Se o documento for privado → Reclusão: até 3 anos e Multa: 3 a 10 dias-multa.

Destaque-se que, segundo jurisprudência do TSE, eventuais omissões em declaração de bens para fins de
registro de candidatura não configuram a hipótese típica versada nesse artigo. Vejamos a ementa do AgR-
REspe nº 36.417/201017:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. HABEAS CORPUS. CRIME DO ART. 350 DO
CE. FALSIDADE IDEOLÓGICA. DECLARAÇÃO DE BENS. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE
POTENCIAL LESIVO AOS BENS JURÍDICOS TUTELADOS PELA NORMA PENAL ELEITORAL. NÃO
PROVIMENTO.

1. Segundo a orientação das Cortes Superiores, a caracterização do delito de falsidade ideológica


exige que o documento no qual conste a informação falsa tenha sido "preparado para provar,

17
Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 36417, Acórdão de 18/03/2010, Relator(a) Min. FELIX FISCHER,
Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 14/4/2010, Página 54/55 RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume
21, Tomo 2, Data 18/3/2010, Página 374.

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por seu conteúdo, um fato juridicamente relevante", de modo que o fato de estarem as
afirmações nele constantes submetidas à posterior averiguação afasta a possibilidade de ocorrer
a falsidade intelectual (STF, RHC 43396, 1ª Turma, Rel. Min. Evandro Lins, DJ 15.2.1967, STF, HC
85976, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ 24.2.2006).

2. Se o documento não tem força para provar, por si só, a afirmação nele constante - como ocorre
na hipótese da declaração de bens oferecida por ocasião do pedido de registro de candidatura -
não há lesão à fé pública, não havendo, assim, lesão ao bem jurídico tutelado, que impele ao
reconhecimento de atipicidade da conduta descrita na inicial acusatória.

3. Ademais, ainda que se pudesse considerar a declaração de bens apresentada por ocasião do
registro de candidatura à Justiça Eleitoral prova suficiente das informações nele constantes,
haveria de ser afastada a ocorrência de potencial lesividade ao bem jurídico especificamente
tutelado pelo art. 350 do Código Eleitoral, qual seja, a fé pública e a autenticidade dos
documentos relacionados ao processo eleitoral, dado serem as informações constantes em tal
título irrelevantes para o processo eleitoral em si (REspe 12.799/SP, Rel. Min. Eduardo Alckmin,
DJ de 19.9.97)

4. Agravo regimental não provido.

Vamos ver de forma suscinta algumas importantes jurisprudências sobre este crime:

Ac.-TSE, de 22.10.2020, no AgR-REspEl nº Tratando-se de crime formal, que não exige


060216566 e, de 7.12.2011, no HC nº resultado naturalístico, a potencialidade
154094: lesiva caracteriza-se pelo risco ou pela
ameaça à fé pública, a qual se traduz na
confiança, lisura e veracidade das
informações prestadas nas eleições.
STF, segunda turma, j. 06.03.2018, Pet. A mera desaprovação das contas pela Corte Eleitoral não
7354/DF tipifica, por si só, o crime do art. 350 do Código Eleitoral. O
tipo penal em questão exige a alteração da verdade sobre
fato juridicamente relevante e o dolo de omitir, em
documento público ou particular, declaração que dele
deveria constar ou de nele inserir ou fazer inserir declaração
falsa ou diversa da que deveria ser escrita, para fins eleitorais
Ac.-TSE, de 4.8.2011, no REspe nº 3548 A forma incriminadora fazer inserir admite a realização por
terceira pessoa – autor intelectual da falsidade ideológica.
Ac.-TSE, de 5.12.2019, no AgR-AI nº 65548 Para que a conduta amolde-se à previsão típica contida neste
artigo, “é necessário comprovar o elemento subjetivo, ou
seja, que a omissão foi dolosa e teve a finalidade específica
de alterar a verdade sobre fato relevante para fins
eleitorais”.
Ac.-STF, de 10.4.2018, no AgR-Pet nº 6.986 Doações eleitorais por meio de caixa dois podem constituir
crime eleitoral de falsidade ideológica.
Ac.-TSE, de 4.8.2015, no REspe nº 41861 É equivocada a afirmação de que nenhuma omissão de
informações ou inserção de informações inverídicas em

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prestação de contas tem aptidão para configurar o delito em


análise, por ser cronologicamente posterior às eleições.
Ac.-TSE, de 6.11.2014, no REspe nº A prática consubstanciada na falsidade de documento no
3845587 âmbito de prestação de contas possui finalidade eleitoral e
relevância jurídica, pois tem o condão de atingir o bem
jurídico tutelado pela norma, que é a fé pública eleitoral.
Ac.-TSE, de 1º.8.2014, no AgR-REspe nº Caracteriza-se o delito quando do documento constar
105191 informação falsa preparada para provar, por seu conteúdo,
fato juridicamente relevante.
Ac.-TSE, de 7.12.2011, no HC nº 154094 O tipo previsto neste artigo é crime formal, sendo
irrelevante a existência de resultado naturalístico, bastando
que o documento falso tenha potencialidade lesiva.
Ac.-TSE, de 18.8.2011, no REspe nº 23310 O tipo previsto neste artigo não é meio necessário nem fase
normal de preparação para a prática do delito tipificado no
art. 290 deste código; são crimes autônomos que podem ser
praticados sem que um dependa do outro.

(FCC/TJ-MS - 2020) Em relação ao crime de falsidade ideológica eleitoral, definido no Código


Eleitoral,

a) a desaprovação das contas pela Justiça Eleitoral tipifica, por si só, o crime em questão, eis que, nesse
caso, é possível presumir que determinadas despesas foram omitidas na prestação de contas.

b) trata-se de crime material, que depende, para a sua consumação, de resultado danoso naturalístico.

c) eventual falsidade cometida em processo de prestação de contas, por ser posterior à data das
eleições, impossibilita a configuração desse crime, eis que tal elemento cronológico não se
compatibiliza com a finalidade eleitoral da conduta.

d) de acordo com o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, não é meio necessário, tampouco
fase normal de preparação, para a prática do crime de induzimento à inscrição fraudulenta de eleitor,
igualmente tipificado no Código Eleitoral.

e) a demonstração da potencialidade lesiva da conduta não é necessária para a caracterização do


crime, mas, se tal potencialidade estiver presente, incidirá causa de aumento de pena.

Comentários

Questão com base na jurisprudência dos tribunais superiores.

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A alternativa A está incorreta. Não basta a desaprovação das contas. Para que se configure o crime do
art. 350 do CE é preciso que haja alteração da verdade e o dolo.

A alternativa B está incorreta. Trata-se de crime formal, não depende de produção de resultado
naturalístico para sua consumação.

A alternativa C está incorreta. Como vimos na jurisprudência citada a eventual falsidade cometida em
processo de prestação de contas, mesmo posterior à data das eleições, possibilita a configuração desse
crime.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A falsidade ideológica eleitoral não é o meio
necessário, nem fase normal de preparação, para a prática do crime de induzimento à inscrição
fraudulenta de eleitor, tipificado no art. 290 do Código Eleitoral.

A alternativa E está incorreta. É necessária a demonstração da potencialidade lesiva da conduta de


acordo com o entendimento do TSE.

Antes de seguirmos, devemos destacar que o art. 351, do CE, trata dos equiparados a documento, aplicável
aos seguintes tipos:

1. Falsificação ou alteração de documento público com fins eleitorais.


2. Falsificação ou alteração de documento particular com fins eleitorais.
3. Falsidade ideológica eleitoral.

Vejamos o dispositivo:

Art. 351. Equipara-se a documento (348, 349 e 350), para os efeitos penais, a fotografia, o filme
cinematográfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore declaração ou imagem
destinada à prova de fato juridicamente relevante.

Sigamos!

Reconhecimento indevido de firma ou letra com finalidade eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 352, do CE:

Art. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da função pública, firma ou letra que o não
seja, para fins eleitorais: Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa se o
documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento
é particular.

Assim:

RECONHECIMENTO INDEVIDO DE FIRMA OU LETRA COM FINALIDADE ELEITORAL


TIPO OBJETIVO Reconhecer como verdadeira firma ou letra que não o seja tendo em vista fins eleitorais.

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BEM JURÍDICO Tutela a falsidade ideológica eleitoral.


TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado e eventual prejudicado com a falsidade da firma reconhecida.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Os notários.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO O delito consuma-se com o atestado de reconhecimento de firma.
TENTATIVA É admitido tentativa.
 Se o documento for público → Reclusão: até 5 anos e Multa: 5 a 15 dias-multa.
PENA
 Se o documento for privado → Reclusão: até 3 anos e Multa: 3 a 10 dias-multa.

(FCC/TJ-MS - 2020) Levando em conta as disposições penais constantes do Código Eleitoral, assinale
a alternativa correta.

a) Quando não há indicação do grau mínimo de pena imputada ao crime eleitoral, entende-se que será
ele de 30 dias para detenção e 06 meses para reclusão.

b) O crime de violar o sigilo do voto inadmite tentativa.

c) O crime de injúria, previsto no Código Eleitoral, é de ação penal privada.

d) O crime de reconhecer, como verdadeira, firma ou letra que não o seja, é próprio de funcionário
público.

e) Os crimes de injúria, difamação e calúnia, previstos no Código Eleitoral, são punidos de forma
aumentada, quando praticados em detrimento de Prefeitos e Governadores.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Segundo o artigo 284 do CE Quando não há indicação do grau mínimo
de pena imputada ao crime eleitoral, entende-se que será ele de 15 dias (e não de 30 dias) para
detenção e de um ano (e não de seis meses) para reclusão.

A alternativa B está incorreta. Trata-se de crime de atentado. Cabe tentativa que será punida com a
mesma intensidade do crime consumado.

A alternativa C está incorreta. Segundo o artigo 355 todas as infrações previstas no Código Eleitoral
são de Ação Pública.

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A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O crime previsto no artigo 352 do CE é crime
próprio, pois só pode ser cometido por aqueles funcionários públicos que têm competência para
reconhecer firma ou letra.

A alternativa E está incorreta. Segundo o artigo 327 do CE as penas são aumentadas quando o crime é
cometido contra:

I – contra o presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

II – contra funcionário público, em razão de suas funções;

III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa.

Não estão incluídos os prefeitos e governadores.

Uso de documento falso com finalidade eleitoral

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 353, do CE:

Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados, a que se referem os
arts. 348 a 352:

Pena – a cominada à falsificação ou à alteração.

Assim:

USO DE DOCUMENTO FALSO COM FINALIDADE ELEITORAL


TIPO OBJETIVO Fazer uso de documento falsificado ou alterado.

BEM JURÍDICO Fé pública eleitoral.


TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO PASSIVO Estado e eventual prejudicado com o uso do documento.

SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.


CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.

CONSUMAÇÃO Basta o uso para a consumação do delito.


TENTATIVA Não é admitida a tentativa.

PENA Cominada à falsificação ou à alteração.

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Obtenção de documento falso para fins eleitorais

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 354, do CE:

Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, documento público ou particular, material ou
ideologicamente falso para fins eleitorais:

Pena – a cominada à falsificação ou à alteração.

Assim:

OBTENÇÃO DE DOCUMENTO FALSO PARA FINS ELEITORAIS


TIPO OBJETIVO Obter documento falso para fins eleitorais para o uso próprio ou de outro.
BEM JURÍDICO Fé pública eleitoral.
TIPO
Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUBJETIVO
SUJEITO
Estado e eventual prejudicado com a falsificação.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Para a consumação basta a posse do documento.
TENTATIVA É admitida a tentativa.
PENA Cominada à falsificação ou à alteração.

Apropriação de bens, recursos ou valores destinados ao Financiamento Eleitoral

Vejamos o art. 354-A:

Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha, ou quem de fato


exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, em
proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Esse é um dispositivo novo e muito relevante, pois foi incluso no Código Eleitoral pela Lei nº 13.488/2017!

Comete crime eleitoral o candidato, ou administrador financeiro, que se apropriar de bens, recursos ou
valores destinados ao financiamento eleitoral. A utilização dos recursos, seja em razão de doação seja aquele
destinado pelo FEFC, devem ser utilizados estritamente para a campanha, sob pena de reclusão de dois a
seis anos e multa. Inclusive recursos do próprio candidato destinados à campanha eleitoral não podem ser
utilizados em proveio próprio ou alheio.

Façamos a análise do tipo penal:

APROPRIAÇÃO DE BENS, RECURSOS OU VALORES DESTINADOS AO FINANCIAMENTO ELEITORAL

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Apropriar-se de bens, recursos ou valores destinados ao Financiamento Eleitoral em


TIPO OBJETIVO
proveito próprio ou alheio.
BEM JURÍDICO Estado democrático de direito.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Candidato, administrador financeiro de campanha, ou quem exerça essa função de fato.
CLASSIFICAÇÃO O presente tipo penal classifica-se como próprio, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO Para a consumação é necessária a apropriação.
TENTATIVA Não é admitida a tentativa.
PENA Reclusão de 2 a 6 anos e multa.

(VUNESP/Câmara de Mauá-SP - 2019) A respeito dos crimes eleitorais, previstos no Código Eleitoral,
assinale a alternativa correta.

a) O crime de falsificar, no todo ou em parte, documento público ou alterar documento público


verdadeiro, para fins eleitorais (art. 348 do Código Eleitoral), é crime comum, podendo ser praticado
por qualquer pessoa.

b) O crime de apropriação de recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral (art. 354-A) é


crime próprio do candidato, só podendo por ele ser praticado.

c) O crime de reconhecer como verdadeira firma ou letra que não o seja, para fins eleitoras (art. 352
do Código Eleitoral), é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

d) O crime de violação de sigilo de voto (art. 312 do Código Eleitoral) não se consuma se a violação é
apenas tentada.

e) Dar dinheiro ou qualquer outra vantagem a eleitor, para obtenção de voto, é crime eleitoral (art.
299 do Código Eleitoral), mas a mera proposta, não aceita, não é punível.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A conduta do art. 348 do CE pode ser praticada
por qualquer pessoa, portanto é crime comum.

A alternativa B está incorreta. O crime previsto no art. 354-A do CE de fato é crime próprio, porém sua
conduta não está restrita apenas ao candidato podendo ser cometida também pelo administrador
financeiro da campanha ou quem de fato exerça essa função.

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A alternativa C está incorreta. Como já vimos em questão anterior apenas o funcionário público
competente para realizar o reconhecimento de firma ou letra poderá cometer a infração, logo trata-se
de crime próprio.

A alternativa D está incorreta. O crime descrito no art. 312 do CE é considerado crime de atentado, ou
seja, pune a tentativa e a consumação da mesma forma, portanto basta a tentativa para que a
penalidade seja aplicada.

A alternativa E está incorreta. Trata-se de crime formal, ou seja, não exige o resultado naturalístico
para que ocorra a consumação. A mera proposta já torna o crime consumado e punível.

Finalizamos, assim, a esquematização de todos os tipos previstos no CE. Cumpre analisar, ainda, os tipos
penais previstos nas demais leis eleitorais. Existem tipificações penais na Lei das Eleições, na Lei de
Inelegibilidades, na Lei do Transporte em Zonas Rurais no Dia das Eleições e na Lei nº 7.021/1982, que trata
da inviolabilidade da urna eletrônica.

Em relação a tais leis, não há necessidade de maior aprofundamento. Do mesmo modo, é fundamental
conhecer os tipos penais eleitorais previstos. Em face disso, citaremos os dispositivos e destacaremos as
informações centrais que você deve levar para a prova. A maioria desses dispositivos já foram analisados ao
longo do curso.

Vamos lá!

3 - LEI Nº 9.504/1997 (LEI DAS ELEIÇÕES)

Divulgação de pesquisa fraudulenta

O crime de divulgação de pesquisa fraudulenta é tipificado em razão da divulgação de pesquisas eleitorais


sem a divulgação das informações constantes do art. 33, da Lei das Eleições.

Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições
ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar,
junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:

I - quem contratou a pesquisa;

II - valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;

III - metodologia e período de realização da pesquisa;

IV - plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área
física de realização do trabalho a ser executado, intervalo de confiança e margem de erro;

V - sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do


trabalho de campo;

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VI - questionário completo aplicado ou a ser aplicado;

VII - nome de quem pagou pela realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal.

§ 3º A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este artigo
sujeita os responsáveis a multa no valor de cinquenta mil a cem mil UFIR.

§ 4º A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses
a um ano e multa no valor de cinquenta mil a cem mil Ufirs.

Impedir fiscalização das pesquisas

Correlato ao tipo acima, prevê, ainda, o art. 34, §2º, da Lei das Eleições que aquele que dificultar a fiscalização
dos partidos políticos às pesquisas eleitorais incorre em crime eleitoral.

Vejamos:

§ 2º O não-cumprimento do disposto neste artigo ou qualquer ato que vise a retardar, impedir
ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos constitui crime, punível com detenção, de seis
meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo,
e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR.

Publicação de pesquisa irregular

Do mesmo modo, se ficar comprovada a veiculação de pesquisa eleitoral irregular também temos a incursão
em crime, nos termos do §3º, do art. 34, da Lei das Eleições.

§ 3º A comprovação de irregularidade nos dados publicados sujeita os responsáveis às penas


mencionadas no parágrafo anterior, sem prejuízo da obrigatoriedade da veiculação dos dados
corretos no mesmo espaço, local, horário, página, caracteres e outros elementos de destaque,
de acordo com o veículo usado.

Uso proibido de alto-falante

Outro crime trazido na Lei das Eleições vem estabelecido no art. 39, segundo o qual constitui crime eleitoral
a utilização de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata.

Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou
fechado, não depende de licença da polícia.

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com
a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de
cinco mil a quinze mil UFIR:

I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;

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Arregimentação de eleitor e propaganda de boca de urna

Trata-se no art. 39, § 5º, já citados acima, mas da conduta prevista no inciso II.

II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna;

Portanto, constitui crime eleitoral a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna.

Lembre-se que é permitida a manifestação individual e silenciosa do eleitor.

Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa da preferência
do eleitor por partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de
bandeiras, broches, dísticos e adesivos.

Divulgação de propaganda do dia da eleição

Esse tipo penal-eleitoral é tratado no art. 39, § 5º, inciso III.

III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.

Portanto, constitui crime eleitoral a divulgação, no dia das eleições, de propaganda partidária ou política.

Crime por propaganda ilícita no dia das eleições

No dia das eleições a propaganda eleitoral é vedada. Apenas manifestações silenciosas e individuais são
admissíveis. Em razão disso, algumas condutas são penalmente puníveis como o uso de alto-falantes e
amplificadores, a arregimentação de eleitores, a boca de urna etc.

A Lei nº 13.488/2017 acrescentou o inc. IV do §5º do art. 39, da Lei das Eleições, trazendo mais uma conduta
penal:

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com
a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de
cinco mil a quinze mil UFIR: (...)

IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplicações de


internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em funcionamento as
aplicações e os conteúdos publicados anteriormente. (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017).

De acordo com o dispositivo, constitui crime a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de


novas publicações na internet no dia das eleições. Quem praticar o crime fica sujeito às seguintes sanções:

 detenção de seis meses a um ano;

 prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período; e

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 multa no valor de 15.000 UFIRs.

Para a prova:

Detenção de seis meses a


um ano; ou
a publicação de novos
É CRIME

conteúdos ou o Prestação de serviços à


impulsionamento de É PUNÍVEL COM comunidade pelo mesmo
conteúdos na internet no período; e
dia das eleições
Multa no valor de 15.000
UFIRs

Vejamos uma questão que cobrou o art. 39, da LE:

(FCC/AL-PE - 2014) Não constitui crime eleitoral, no dia da eleição,

a) a propaganda de boca de urna.

b) a arregimentação de eleitor.

c) o uso de autofalantes e amplificadores de som.

d) a promoção de comício ou carreata.

e) a manifestação individual e silenciosa de eleitor revelada pelo uso de broches e adesivos.

Comentários

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Não constitui crime eleitoral, no dia da eleição, a manifestação individual e silenciosa de eleitor
revelada pelo uso de broches e adesivos. Vejamos o art. 39-A, da Lei nº 9.504/97.

“Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa da preferência do
eleitor por partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras,
broches, dísticos e adesivos”.

O art. 39, §5º, menciona em quais hipóteses constituem crimes, puníveis com detenção e multa.

“§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a
alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil
a quinze mil UFIR:

I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;

II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna.

III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos”.

Portanto, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

Uso, na propaganda eleitoral, de símbolos de órgãos do governo

O presente tipo penal vem estabelecido no art. 40:

Art. 40. O uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou


semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou sociedade de economia
mista constitui crime, punível com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de
prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de dez mil a vinte
mil UFIR.

Constitui crime eleitoral a utilização, nos atos de propaganda eleitoral, de símbolos, de frases ou de
imagens associadas a órgão de governo.

Recusa de entrega de boletim de urna eletrônica

Já mencionamos esse disposto ao tratar da recusa de entrega da cédula de votação. De qualquer modo,
vejamos novamente a letra de lei.

Art. 68. O boletim de urna, segundo modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, conterá
os nomes e os números dos candidatos nela votados.

§ 1º O Presidente da Mesa Receptora é obrigado a entregar cópia do boletim de urna aos


partidos e coligações concorrentes ao pleito cujos representantes o requeiram até uma hora
após a expedição.

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§ 2º O descumprimento do disposto no parágrafo anterior constitui crime, punível com


detenção, de um a três meses, com a alternativa de prestação de serviço à comunidade pelo
mesmo período, e multa no valor de um mil a cinco mil UFIR.

Trata-se, portanto, de um tipo penal específico, aplicável aos Presidente da Mesa Receptora, o qual é
obrigado a entregar cópia do boletim de urna aos partidos e às coligações.

Obter acesso a sistema de dados eleitorais

Também constitui crime, previsto na Lei das Eleições, a obtenção de acesso ao sistema de dados eleitorais
com a finalidade de alterar a apuração ou a contagem dos votos. Vejamos:

Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos:

I - obter acesso a sistema de tratamento automático de dados usado pelo serviço eleitoral, a fim
de alterar a apuração ou a contagem de votos;

Destruir sistema de dados eleitorais

De acordo com o inc. II do art. 72 é crime o desenvolvimento de tecnologia em informática com vistas a
provocar resultado diverso do esperado em sistema de tratamento automático de dados pelo serviço
eleitoral.

Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos:

II - desenvolver ou introduzir comando, instrução, ou programa de computador capaz de destruir,


apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir dado, instrução ou programa ou provocar qualquer
outro resultado diverso do esperado em sistema de tratamento automático de dados usados
pelo serviço eleitoral;

Dano a equipamento eletrônico eleitoral

Constitui crime eleitoral causar dano física a equipamento utilizado para a votação ou para a apuração dos
votos, conforme dispõe o art. 72, III, da Lei das Eleições.

Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de cinco a dez anos:

III - causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na votação ou na totalização


de votos ou a suas partes.

Cerceamento ao direito de fiscalização

O art. 87, da Lei das Eleições, estabelece uma série de garantias aos fiscais, aos delegados e aos partidos
políticos. Prevê o dispositivo que os fiscais e delegados podem permanecer próximos da mesa receptora,

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bem como poderão acompanhar os trabalhos de apuração das eleições. Quem violar essas regras será
responsabilizado por crime eleitoral.

Vejamos:

Art. 87. Na apuração, será garantido aos fiscais e delegados dos partidos e coligações o direito
de observar diretamente, a distância não superior a um metro da mesa, a abertura da urna, a
abertura e a contagem das cédulas e o preenchimento do boletim.

§ 1º O não-atendimento ao disposto no caput enseja a impugnação do resultado da urna, desde


que apresentada antes da divulgação do boletim.

§ 2º Ao final da transcrição dos resultados apurados no boletim, o Presidente da Junta Eleitoral


é obrigado a entregar cópia deste aos partidos e coligações concorrentes ao pleito cujos
representantes o requeiram até uma hora após sua expedição.

§ 3º Para os fins do disposto no parágrafo anterior, cada partido ou coligação poderá credenciar
até três fiscais perante a Junta Eleitoral, funcionando um de cada vez.

§ 4º O descumprimento de qualquer das disposições deste artigo constitui crime, punível com
detenção de um a três meses, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo
mesmo período e multa, no valor de um mil a cinco mil UFIR.

Retenção de título ou comprovante de alistamento eleitoral

Por fim, o art. 91, da Lei das Eleições, tipifica como crime eleitoral a retenção do título de forma indevida no
período de 150 antes da data do pleito.

Art. 91. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro
dos cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição.

Parágrafo único. A retenção de título eleitoral ou do comprovante de alistamento eleitoral


constitui crime, punível com detenção, de um a três meses, com a alternativa de prestação de
serviços à comunidade por igual período, e multa no valor de cinco mil a dez mil UFIR.

4 - LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990 (LEI DE INELEGIBILIDADE)

Impugnação a registro de candidatura feita por má-fé

Em relação à Lei de Inelegibilidades, constitui crime eleitoral o manejo de ações eleitorais, como a AIJE e a
AIRC, de forma temerária ou com manifesta má-fé.

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Art. 25. Constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade, ou a impugnação de registro de


candidato feito por interferência do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade,
deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé:

Pena: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de 20 (vinte) a 50 (cinquenta) vezes o
valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN) e, no caso de sua extinção, de título público que o
substitua.

5 - LEI Nº 6.091/1974 (LEI DO TRANSPORTE EM ZONAS RURAIS NO


DIA DAS ELEIÇÕES)

Descumprir o dever de informar a existência de veículos/embarcações nos órgãos públicos

O art. 11, §1º, da Lei do Transporte em Zonas Rurais no dia das Eleições, tipifica como crime a conduta, que
poderá ser praticada pelos responsáveis por órgãos públicos em informar os veículos que possuem e que
possam ser utilizados para transporte regular de eleitores.

Art. 11. Constitui crime eleitoral:

I - descumprir, o responsável por órgão, repartição ou unidade do serviço público, o dever


imposto no art. 3º, ou prestar, informação inexata que vise a elidir, total ou parcialmente, a
contribuição de que ele trata:

Pena - detenção de quinze dias a seis meses e pagamento de 60 a 100 dias - multa;

Vejamos o que dispõe o art. 3º.

Art. 3º Até cinquenta dias antes da data do pleito, os responsáveis por todas as repartições,
órgãos e unidades do serviço público federal, estadual e municipal oficiarão à Justiça Eleitoral,
informando o número, a espécie e lotação dos veículos e embarcações de sua propriedade, e
justificando, se for o caso, a ocorrência da exceção prevista no parágrafo 1º do art. 1º desta Lei.

§ 1º Os veículos e embarcações à disposição da Justiça Eleitoral deverão, mediante comunicação


expressa de seus proprietários, estar em condições de ser utilizados, pelo menos, vinte e quatro
horas antes das eleições e circularão exibindo de modo bem visível, dístico em letras garrafais,
com a frase: "A serviço da Justiça Eleitoral."

§ 2º A Justiça Eleitoral, à vista das informações recebidas, planejará a execução do serviço de


transporte de eleitores e requisitará aos responsáveis pelas repartições, órgãos ou unidades, até
trinta dias antes do pleito, os veículos e embarcações necessários.

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Desatender a requisição de veículos ou embarcações particulares

Também constitui crime eleitoral atender às requisições de veículos para serem utilizados no transporte
regular de eleitores da zona rural. Vejamos:

Art. 11. Constitui crime eleitoral:

II - desatender à requisição de que trata o art. 2º:

Pena - pagamento de 200 a 300 dias-multa, além da apreensão do veículo para o fim previsto;

Vejamos qual é a disciplina disposta no art. 2º.

Art. 2º Se a utilização de veículos pertencentes às entidades previstas no art. 1º não for suficiente
para atender ao disposto nesta Lei, a Justiça Eleitoral requisitará veículos e embarcações a
particulares, de preferência os de aluguel.

Parágrafo único. Os serviços requisitados serão pagos, até trinta dias depois do pleito, a preços
que correspondam aos critérios da localidade. A despesa correrá por conta do Fundo Partidário.

Fazer transporte e fornecer alimentação no período eleitoral, quando vedado pela lei

A Lei do Transporte em Zona Rural no dia das Eleições delimita as hipóteses em que o transporte será
considerado regular. São elas:

✓ transportes a serviço da Justiça Eleitoral;


✓ transportes coletivos regulares (por exemplo, linhas de ônibus);
✓ uso de veículo próprio e de aluguel regular (por exemplo, táxi).

Se violadas tais regras, prevê o art. 11, III, que a conduta será considerada crime eleitoral.

Art. 11. Constitui crime eleitoral:

III - descumprir a proibição dos artigos 5º, 8º e 10º;

Pena - reclusão de quatro a seis anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa (art. 302 do Código
Eleitoral);

Vejamos o que estabelece os artigos citados:

Art. 5º Nenhum veículo ou embarcação poderá fazer transporte de eleitores desde o dia anterior
até o posterior à eleição, salvo:

I - a serviço da Justiça Eleitoral;

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II - coletivos de linhas regulares e não fretados;

III - de uso individual do proprietário, para o exercício do próprio voto e dos membros da sua
família;

IV - o serviço normal, sem finalidade eleitoral, de veículos de aluguel não atingidos pela
requisição de que trata o art. 2º.

Art. 8º Somente a Justiça Eleitoral poderá, quando imprescindível, em face da absoluta carência
de recursos de eleitores da zona rural, fornecer-lhes refeições, correndo, nesta hipótese, as
despesas por conta do Fundo Partidário.

Art. 10. É vedado aos candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa, o fornecimento de
transporte ou refeições aos eleitores da zona urbana.

Obstar a prestação dos serviços de transporte e alimentação prestados pela Justiça Eleitoral

Constitui crime impedir o transporte dos eleitores conforme disciplina abaixo:

IV - obstar, por qualquer forma, a prestação dos serviços previstos nos arts. 4º e 8º desta Lei,
atribuídos à Justiça Eleitoral:

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos;

Vejamos o que prevê o art. 4º, pois o art. 8º já foi citado logo acima.

Art. 4º Quinze dias antes do pleito, a Justiça Eleitoral divulgará, pelo órgão competente, o quadro
geral de percursos e horários programados para o transporte de eleitores, dele fornecendo
cópias aos partidos políticos.

§ 1º O transporte de eleitores somente será feito dentro dos limites territoriais do respectivo
município e quando das zonas rurais para as mesas receptoras distar pelo menos dois
quilômetros.

§ 2º Os partidos políticos, os candidatos, ou eleitores em número de vinte, pelo menos, poderão


oferecer reclamações em três dias contados da divulgação do quadro.

§ 3º As reclamações serão apreciadas nos três dias subsequentes, delas cabendo recurso sem
efeito suspensivo.

§ 4º Decididas as reclamações, a Justiça Eleitoral divulgará, pelos meios disponíveis, o quadro


definitivo.

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Utilização indevida de veículos ou embarcações públicas em campanha

Por fim, ainda quanto à Lei do Transporte em Zona Rural no dia das Eleições é previsto como crime a
utilização de bens públicos, especialmente veículos, com finalidade eleitoral.

V - utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos 90 (noventa) dias que antecedem o pleito,
veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Territórios, Municípios e respectivas
autarquias e sociedades de economia mista:

Pena - cancelamento do registro do candidato ou de seu diploma, se já houver sido proclamado


eleito.

Vejamos uma questão sobre os crimes dessa lei:

(VUNESP/MPSP - 2015) No dia do pleito eleitoral, por vezes, verifica-se o fornecimento, a


contratação ou o oferecimento gratuito de transporte a eleitores, sendo correto afirmar que

a) é permitido, após a Constituição Federal de 1988, com fundamento na liberdade de locomoção.

b) é permitido ao partido político a contratação ou o oferecimento de transporte a eleitores que


residam em municípios limítrofes, somente da zona rural para a área urbana.

c) é irregularidade eleitoral, inclusive capitulada como crime eleitoral, respondendo pelo crime quem
fornece o transporte.

d) é permitido ao partido político a contratação ou o oferecimento de transporte a eleitores que


residam dentro do próprio município, inclusive da zona rural para a área urbana, sendo vedado entre
municípios diferentes com a contratação de ônibus.

e) é permitido ao partido político a contratação ou o oferecimento de transporte a eleitores que


residam fora da zona eleitoral.

Comentários

A presente questão envolve o conhecimento da Lei nº 6.091/1974, que disciplina o fornecimento


gratuito de transporte, em dias de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais.

A alternativa A está incorreta, pois a lei data de 1974 e, desde àquela época, franqueava o transporte
de eleitores.

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As alternativas B, D e E estão incorretas, pois contraria o art. 10 da Lei. Tal transporte somente poderá
ser o ofertado nos termos da Lei, com custeio e fornecimento estatal.

“Art. 10. É VEDADO aos candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa, o fornecimento de
transporte ou refeições aos eleitores da zona urbana”.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Se for contatada que houve intuito eleitoral no
que diz respeito ao transporte e alimentação de eleitores das zonas rurais afastadas, o art. 11 é claro
em tipificar tais como crime eleitoral.

“Art. 11. Constitui crime eleitoral:

I – descumprir, o responsável por órgão, repartição ou unidade do serviço público, o dever imposto no
art. 3º, ou prestar informação inexata que vise a elidir, total ou parcialmente, a contribuição de que ele
trata:

Pena – detenção de quinze dias a seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa;

II – desatender à requisição de que trata o art. 2º:

Pena – pagamento de 200 a 300 dias-multa, além da apreensão do veículo para o fim previsto;

III – descumprir a proibição dos artigos 5º, 8º e 10:

Pena – reclusão de quatro a seis anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa (art. 302 do Código
Eleitoral);

IV – obstar, por qualquer forma, a prestação dos serviços previstos nos arts. 4º e 8º desta Lei, atribuídos
à Justiça Eleitoral:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos;

V – utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos 90 (noventa) dias que antecedem o pleito, veículos
e embarcações pertencentes à União, Estados, Territórios, Municípios e respectivas autarquias e
sociedades de economia mista:

Pena – cancelamento do registro do candidato ou de seu diploma, se já houver sido proclamado eleito.

Parágrafo único. O responsável, pela guarda do veículo ou da embarcação, será punido com a pena de
detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e pagamento de 60 (sessenta) a 100 (cem) dias-multa”.

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6 - LEI Nº 7.021/1982

Destruição da relação de candidatos

Essa lei fixa o modelo de cédula oficial utilizada nas urnas. Raramente terá, portanto, aplicabilidade prática,
uma vez que a votação manual constitui exceção. De todo modo, a lei trata também da relação de eleitores,
que é disponibilizada nos locais de votação. Essa relação permanece aplicável às eleições realizadas por
intermédio do processamento eletrônico de votos. Assim, destruir, suprimir ou danificar tal relação constitui
crime nos termos do art. 5º abaixo citado:

Art. 5º Constitui crime eleitoral destruir, suprimir ou, de qualquer modo, danificar relação de
candidatos afixada na cabina indevassável.

Pena - detenção, até seis meses, e pagamento de sessenta a cem dias-multa.

Finalizamos, assim, a parte teórica.

DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA


Excepcionalmente nessa aula, não teremos legislação destacada, pois fazemos esse destaque no resumo.

RESUMO
CRIMES ELEITORAIS

 OBSERVAÇÃO INICIAL

Não vamos reproduzir todos os tipos penais estudados. Nosso intuito será destacar o cerne de cada conduta que gera
crime eleitoral.

 REGRAS GERAIS

 Tipo Objetivo: O tipo objetivo consiste no comportamento descrito no preceito da norma incriminadora, sem
análise da intenção do agente.

 Tipo Subjetivo: O tipo subjetivo, por sua vez, refere-se à atitude psíquica interna do agente, segundo cada tipo
objetivo.

 Sujeito Passivo: O sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegido pela norma penal.

 Sujeito Ativo: O sujeito ativo, por sua vez, será a pessoa que pratica a conduta descrita na norma penal
incriminadora.

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 Classificação

São os crimes que exigem sujeito especial ou qualificado para praticá-lo (servidores da Justiça
PRÓPRIO
Eleitoral, Juiz, membro do Ministério Público etc.).
COMUM São os crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa.
COMISSIVO São os crimes praticados por intermédio de uma ação.
OMISSIVO São os crimes cometidos por intermédio de uma abstenção.
São os crimes cujo tipo penal descreve uma conduta e um resultado material (ou naturalístico)
MATERIAL
e exige ambos sejam verificados para efeito de consumação.
São aqueles em que o tipo penal descreve uma conduta e um resultado, necessitando apenas,
FORMAL
para consumação, da conduta dirigida a um resultado.
DE MERA São aqueles cujos tipos penas descrevem a conduta, sem fazer qualquer menção ao resultado
CONDUTA naturalístico.
São crimes que, embora sejam consumados em uma única conduta, a situação antijurídica
PERMANENTE
gerada se prolonga no tempo pelo tempo que o agente desejar.

 Consumação: momento que realizar todos os elementos do tipo penal.

 Tentativa: incompleta da conduta típica.

 CÓDIGO ELEITORAL

Inscrição Fraudulenta do Eleitor

Tipo
Inscrever fraudulentamente eleitor no cadastro eleitoral.
Objetivo

Induzimento à inscrição eleitoral fraudulenta

Tipo Objetivo Induzir para que seja realizada a inscrição do eleitor com alguma fraude que infrinja dispositivo legal.

Inscrição fraudulenta efetuada pelo juiz

Tipo
Realizar, o juiz, a inscrição fraudulenta do eleitor.
Objetivo

Negativa ou retardamento de inscrição eleitoral

Tipo Objetivo Negativa ou retardo por parte da autoridade judiciária, sem justificativa, da inscrição requerida.

Perturbação do alistamento

Tipo Objetivo Ato de perturbar ou impedir o alistamento eleitoral de qualquer forma.

Retenção indevida de título eleitoral

Tipo Objetivo Contra a vontade do eleitor, efetuar a retenção do título eleitoral.

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Desordem nos trabalhos eleitorais

Tipo Objetivo Promover desordem, de modo a prejudicar os trabalhos eleitorais.

Impedimento ao exercício do sufrágio

Tipo Objetivo Atrapalhar ou impedir o exercício do sufrágio.

Prisão ou detenção indevida de eleitor no período de votação

Tipo Efetuar a prisão ou detenção de: eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou
Objetivo candidato no período de 5 dias antes e 48 horas após o encerramento das eleições.

Corrupção Eleitoral

Tipo Dar, oferecer, solicitar e até mesmo receber dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem para
Objetivo obter ou dar voto ou abstenção.

Coação Eleitoral

Tipo Coagir alguém a votar ou não em determinado candidato, valendo-se, o servidor público, de sua
Objetivo autoridade.

Coação violenta de eleitores

Tipo Objetivo Coagir alguém a votar em determinado partido ou candidato com uso de violência ou grave ameaça.

Concentração ilegal de eleitores

Tipo Com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto, promover a concentração de
Objetivo eleitores no dia da eleição.

Majoração de preços na eleição

Tipo Objetivo Majorar o preço de produtos e serviços necessários para que se possa realizar o pleito eleitora.

Ocultação ou recusa de fornecimento de bens e serviços nas eleições

Tipo O ato de ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar o fornecimento de bens ou serviços no dia das
Objetivo eleições

Intervenção de autoridade estranha à mesa receptora

Tipo Objetivo Intervir no funcionamento da mesa receptora, autoridade estranha, salvo o juiz eleitoral.

Inobservância da ordem de votação.

Tipo Objetivo Deixar de observar a ordem em que os eleitores devem ser convocados a votar.

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Fornecimento de cédula já assinada

Tipo Objetivo Fornecer ao eleitor cédula assinada ou marcada de alguma forma.

Fornecimento de cédula em momento inoportuno

Tipo
Rubricar e fornecer a cédula em momento inoportuno
Objetivo

Exercício irregular do voto

Tipo Objetivo Tentar votar, ou efetivamente votar, mais de uma vez no lugar de outro eleitor.

Práticas irregulares na votação

Tipo Praticar qualquer irregularidade que cause a anulação da votação ou ao membro da mesa receptora
Objetivo praticada.

Voto fora da seção

Tipo Votar em seção eleitoral a qual não está inscrito. Além disso, o tipo objetivo prevê a conduta do
Objetivo Presidente da mesa receptora em permitir o voto.

Violação ou tentativa de violação ao sigilo do sufrágio

Tipo
Violar o sigilo do voto ou tentar violar.
Objetivo

Omissão de expedição de boletim de apuração de urna

Tipo Objetivo Deixar de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de cada urna.

Omissão no recolhimento das cédulas apuradas da urna

Tipo Objetivo Deixar de recolher as cédulas apuradas na urna, fechá-la e lacrá-la, assim, que findar a apuração.

Alteração de mapas ou boletins de apuração ou votação

Tipo Alterar a votação obtida por qualquer candidato ou lançar votação que não corresponda às cédulas
Objetivo apuradas nos mapas ou boletins de apuração.

Recusa à consignação de protestos em ato de eleição ou de apuração

Tipo Objetivo Deixar de receber ou mencionar os protestos ou deixar de remetê-los à instância superior.

Violação ou tentativa de violação do sigilo de urna

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Tipo Violar o sigilo de urna eletrônica ou dos invólucros. Abrange, também, o tipo objetivo, a tentativa
Objetivo de violação do sigilo da urna ou invólucros.

Contagem Indevida de Votos

Tipo Objetivo Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando houver votado com impugnação.

Subscrição múltipla de ficha para registro de partido

Tipo Assinar por duas vezes ou mais a lista de apoiamento mínimo.


Objetivo

Múltipla filiação partidária

Tipo Objetivo Inscrever filiado simultaneamente em dois ou mais partidos políticos.

Colheita Indevida de Apoio para Registro de Partido Político

Tipo Objetivo Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido.

Divulgação de Fatos Inverídicos na Propaganda

Tipo Divulgar na propaganda eleitoral fatos que sabe inverídicos em relação a partidos políticos ou
Objetivo candidatos, que sejam capazes de exercer influência na decisão do eleitor.

Calúnia Eleitoral

Tipo Objetivo Caluniar alguém na propaganda eleitoral imputando falsamente fato definido como crime.

Difamação Eleitoral

Tipo Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato
Objetivo ofensivo a sua reputação.

Injúria Eleitoral

Tipo Injuriar alguém em propaganda político-eleitoral ou visando à propaganda eleitoral, com ofensa à
Objetivo dignidade ou decoro.

Inutilização, alteração ou perturbação de propaganda lícita

Tipo
Inutilização, alteração ou perturbação de propaganda lícita.
Objetivo

Impedimento ao exercício da propaganda

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Tipo
Impedir o exercício de propaganda.
Objetivo

Aliciamento comercial de eleitores

Tipo Utilizar organização comercial, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para a propaganda
Objetivo ou aliciamento.

Realizar propaganda em língua estrangeira

Tipo
Fazer propaganda em língua estrangeira.
Objetivo

Participação em atividades partidárias por aqueles que não detêm direitos políticos

Tipo Participação de estrangeiros ou de pessoas com restrição aos direitos políticos em atividades
Objetivo partidárias.

Descumprimento de prioridade postal

Tipo Não garantir o funcionário de empresa postal a prioridade concedida aos partidos políticos para a
Objetivo remessa de propaganda nos 60 dias que antecedem o pleito.

Fabricação, aquisição, fornecimento, subtração ou guarda indevida de material de uso exclusivo da Justiça Eleitoral

Tipo Objetivo Fabricar, adquirir, fornecer, subtrair ou guardar materiais da Justiça Eleitoral.

Destruição, supressão ou ocultação de material eleitoral

Tipo
Destruir, suprimir ou ocultar urna ou documento eleitorais.
Objetivo

Retardamento das publicações eleitorais

Tipo Objetivo Retardar a publicação ou não publicar as decisões, citações ou intimações da Justiça Eleitoral.

Omissão da denúncia a cargo de representante do Ministério Público

Tipo Objetivo Não apresentar denúncia ou deixar de promover a execução de sentença.

Omissão da autoridade judiciária em representar contra o membro do Ministério Público

Tipo Objetivo Deixar de representar com membro do Ministério Público que não apresentou a denúncia no prazo.

Recusa ou abandono do serviço eleitoral

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Tipo
Sem justa causa, recursar ou abandonar o serviço eleitoral.
Objetivo

Descumprimento dos deveres eleitorais

Tipo Não cumprir nos prazos legais os deveres impostos pelo CE, se a infração não estiver sujeita a outra
Objetivo penalidade.

Utilização de serviço e prédio público com propósito político partidário

Tipo Objetivo Permitir que prédio pertencente ao serviço público seja utilizado em favor do candidato.

Desobediência eleitoral

Tipo Recusar o cumprimento ou obediência a diligências, a ordens ou a instruções da Justiça Eleitoral ou


Objetivo opor-lhes embargo.

Falsificação ou alteração de documento público com fins eleitorais

Tipo Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento verdadeiro, para fins
Objetivo eleitorais.

Falsificação ou alteração de documento particular

Tipo
Falsificar, no todo ou em parte, documento particular.
Objetivo

Falsidade Ideológica Eleitoral

Tipo Omitir de documento declaração que dele deveria constar ou nele inserir ou fazer inserir declaração
Objetivo falsa ou diversa da que deveria estar escrita com fins eleitorais

Reconhecimento indevido de firma ou letra com finalidade eleitoral

Tipo Objetivo Reconhecer como verdadeira firma ou letra que não o seja tendo em vista fins eleitorais.

Uso de documento falso com finalidade eleitoral

Tipo
Fazer uso de documento falsificado ou alterado.
Objetivo

Obtenção de documento falso para fins eleitorais

Tipo Objetivo Obter documento falso para fins eleitorais para o uso próprio ou de outro.

Apropriação de Bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral

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Tipo Apropriar-se de bens, recursos ou valores destinados ao Financiamento Eleitoral em proveito


Objetivo próprio ou alheio.

Violência política contra a mulher

Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata a cargo
Tipo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação à condição
Objetivo de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha
eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo.

 LEI Nº 9.504/1997 (LEI DAS ELEIÇÕES)

Divulgação de pesquisa fraudulenta

 O crime de divulgação de pesquisa fraudulenta é tipificado em razão da divulgação de pesquisas eleitorais sem a
divulgação das informações constantes do art. 33 da Lei das Eleições.

Impedir fiscalização das pesquisas

 Aquele que dificultar a fiscalização dos partidos políticos às pesquisas eleitorais incorre em crime eleitoral.

Publicação de pesquisa irregular

 Se ficar comprovada a veiculação de pesquisa eleitoral irregular também temos a incursão em crime, nos termos do
§3º do art. 34 da Lei das Eleições.

Uso proibido de alto-falante

 Constitui crime eleitoral a utilização de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou


carreata.

Arregimentação de eleitor e propaganda de boca de urna

 Constitui crime eleitoral a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna.

Divulgação de propaganda do dia da eleição

 Constitui crime eleitoral a divulgação, no dia das eleições, de propaganda partidária ou política.

Uso, na propaganda eleitoral, de símbolos de órgãos do governo

 Constitui crime eleitoral a utilização, nos atos de propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens associadas
a órgão de governo.

Recusa de entrega de boletim de urna eletrônica

 Trata-se de um tipo penal específico, aplicável aos Presidente da Mesa Receptora, o qual é obrigado a entregar
cópia do boletim de urna aos partidos e coligações, sob pena de crime eleitoral.

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Obter acesso a sistema de dados eleitorais

 Constitui crime previsto na Lei das Eleições, a obtenção de acesso ao sistema de dados eleitoral com a finalidade de
alterar a apuração ou a contagem dos votos.

Destruir sistema de dados eleitorais

 É crime o desenvolvimento de tecnologia em informática com vistas a provocar resultado diverso do esperado em
sistema de tratamento automático de dados pelo serviço eleitoral.

Dano a equipamento eletrônico eleitoral

 Constitui crime eleitoral causar dano físico a equipamento utilizado para a votação ou para a apuração dos votos.

Cerceamento ao direito de fiscalização

 Os fiscais e delegados podem permanecer próximos da mesa receptora, bem como poderão acompanhar os
trabalhos de apuração das eleições. Quem violar essas regras será responsabilizado por crime eleitoral.

Retenção de título ou comprovante de alistamento eleitoral

 A Lei das Eleições tipifica como crime eleitoral a retenção do título de forma indevida no período de 150 antes da
data do pleito.

 LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990 (LEI DE INELEGIBILIDADE)

Impugnação a registro de candidatura feita por má-fé

 Constitui crime eleitoral o manejo de ações eleitorais, como a AIJE e a AIRC, de forma temerária ou com manifesta
má-fé.

 LEI Nº 6.091/1974 (LEI DO TRANSPORTE EM ZONAS RURAIS NO DIA DAS ELEIÇÕES)

Descumprir o dever de informar a existência de veículos/embarcações nos órgãos públicos

 A Lei do Transporte em Zonas Rurais no dia das Eleições tipifica como crime a conduta, que poderá ser praticada
pelos responsáveis por órgãos públicos em informar os veículos que possuem e que possam ser utilizados para
transporte regular de eleitores.

Desatender a requisição de veículos ou embarcações particulares

 Constitui crime eleitoral ao atender às requisições de veículos para serem utilizamos no transporte regular de
eleitores da zona rural.

Fazer transporte e fornecer alimentação no período eleitoral, quando vedado pela lei

A Lei dos Transporte em Zona Rural no dia das Eleições delimita as hipóteses em que o transporte será considerado
regular. São elas:

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✓ transportes a serviço da Justiça Eleitoral


✓ transportes coletivos regulares (por exemplo, linhas de ônibus)
✓ uso de veículo próprio e de aluguel regular (por exemplo, táxi)

Se violadas tais regras, a conduta será considerada crime eleitoral.

Obstar a prestação dos serviços de transporte e alimentação prestados pela Justiça Eleitoral

 Constitui crime impedir o transporte dos eleitores.

Utilização indevida de veículos ou embarcações públicas em campanha

 É previsto como crime a utilização de bens públicos, especialmente veículos, com finalidade eleitoral.

 LEI Nº 7.021/1982

Destruição da relação de candidatos

 A Lei nº 7.021/1982 trata da relação de eleitores, que é disponibilizada nos locais de votação. Essa relação
permanece aplicável às eleições realizada por intermédio do processamento eletrônico de votos. Assim, destruir,
suprimir ou danificar tal relação constitui crime.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final de mais uma aula.

No próximo encontro estudaremos a lei de Fornecimento gratuito de transporte, em dias de eleição, a


eleitores residentes nas zonas rurais.

Até lá!

Ricardo Torques

rst.estrategia@gmail.com

@eleitoralparaconcurso

QUESTÕES COMENTADAS
MAGISTRATURA

1. (FGV/TJ-AP - 2022) Crimes eleitorais podem ser definidos como ilícitos penais que maculam o
processo democrático de alternância no poder, a liberdade do voto secreto e a própria cidadania. Condutas

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vedadas constituem ilícitos civil-eleitorais que se caracterizam por situações que podem denotar o uso
abusivo de poder político ou de autoridade com finalidade eleitoral.
Com base no exposto, é correto afirmar que:
A) para a caracterização do crime eleitoral, basta o resultado naturalístico da conduta, independentemente
da produção de dano ou perigo de dano à ordem jurídica eleitoral;
B) as condutas vedadas têm como destinatários agentes públicos e se submetem aos princípios da tipicidade
e da legalidade estrita;
C) o crime de uso de símbolos governamentais se consuma com o uso na propaganda de símbolos nacionais,
estaduais ou municipais;
D) a caracterização da prática de conduta vedada de divulgação de propaganda institucional no período não
permitido pela Justiça Eleitoral exige a demonstração do caráter eleitoreiro da publicidade;
E) não se admite a apuração concomitante de prática de abuso de poder político e econômico e de prática
de conduta vedada através de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE).

Comentários

A alternativa A está incorreta. Existem diversos crimes eleitorais que não exigem o resultado naturalístico
por serem crimes formais.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Lembre-se que as condutas vedadas estão previstas
no art. 73 da Lei 9.504/97, ou seja, estão tipicamente previstas em lei.

A alternativa C está incorreta. A alternativa está tratando do crime previsto no art. 40 da Lei das Eleições.
Existe uma importante decisão do TSE18 afirmando que não há vedação para o uso, na propaganda eleitoral,
dos símbolos nacionais, estaduais e municipais (bandeira, hino, cores), sendo punível a utilização indevida
nos termos da legislação de regência.

A alternativa D está incorreta. Para o TSE não há necessidade de se demonstrar o intuito eleitoral, basta o
agente público descumprir o art. 73 VI b da Lei das Eleições para configurar a prática vedada.

A alternativa E está incorreta. O TSE entende ser possível. veja excerto da decisão do TSE:

Há muito é assente nesta Corte Superior o entendimento de que ‘não há óbice a que haja
cumulação de pedidos na AIJE, apurando–se concomitantemente a prática de abuso de poder e
a infração ao art. 73 da Lei nº 9.504/97, seguindo–se o rito do art. 22 da LC nº 64/90’ [...]” (Ac.
de 6.5.2021 no RO-El nº 060038425, rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)

18
Res.-TSE nº 22268/2006:

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2. (VUNESP/TJ-SP - 2021) Ao ingressar em um local de votação e tentar votar em nome de outra


pessoa, o agente é impedido pelo mesário em serviço e, em razão disso, contra ele, efetua disparos com
arma de fogo, dando causa à sua morte. Considerando que o artigo 78 do CPP, ao estabelecer regras de
competência, prevê, em seu inciso IV, que, “no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
esta”, e diante da ocorrência conjunta de um crime eleitoral e um crime doloso contra a vida, é correto
afirmar que,
A) atingindo bens tutelados de forma diferenciada, não se vê a conexão necessária à manutenção da
unicidade do processo.
B) ocorrendo crime eleitoral conexo com crime doloso contra a vida, o julgamento deverá ser cindido,
cabendo a cada tribunal julgar o crime de sua competência.
C) nos termos da lei processual, deve prevalecer a unicidade do processo, competindo o julgamento à Justiça
Eleitoral.
D) ante a ocorrência de crime mais grave, afrontoso à tutela do bem maior, a vida, deve prevalecer a
unicidade do processo, competindo o julgamento ao Tribunal do Júri.

Comentários

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Como regra caberá a Justiça Eleitoral o julgamento de
crimes comuns conexos a crimes eleitorais, porém o TSE entende que há uma exceção que é o crime de
competência do Tribunal do Juri. Quando o crime doloso contra a vida é interligado a crime de competência
da Justiça Especial teremos separação de processos. Aplica-se para a Justiça Eleitoral e para a Justiça Militar.
3. (FCC/TJ-PE - 2015) É tipo penal eleitoral cuja pena cominada restringe-se à pena privativa de
liberdade, sem cominação de multa:
a) efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob
impugnação.
b) subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos.
c) alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato ou lançar nesses
documentos votação que não corresponda às cédulas apuradas.
d) não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos devidamente formulados
ou deixar de remetê-los à instância superior.
e) violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros.

Comentários

O art. 317, do CE, prevê que a pena de reclusão é de três a cinco anos para quem violar ou tentar violar o
sigilo da urna ou dos invólucros.

Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros.

Pena - reclusão de três a cinco anos.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

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4. (FCC/TJ-MS - 2010) Considere as afirmações abaixo.


I. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem.
II. Violar ou tentar violar o sigilo do voto.
III. Deixar o juiz de representar contra o órgão do Ministério Público que não oferecer a denúncia no prazo
legal, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.
IV. Violar a proibição de utilizar o serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia,
fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo poder público,
ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências, para beneficiar partido
ou organização de caráter político.
São crimes eleitorais aqueles constantes das afirmações
a) I, II, III e IV.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) II e IV, apenas.

Comentários

Vejamos cada um dos itens:

O item I está correto, conforme art. 309 do CE

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:

Pena - reclusão até três anos.

O item II está correto conforme se extrai do art. 312, do CE:

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:

Pena – detenção até dois anos.

O item III está correto em razão do que dispõe o art. 357, §3º, do CE:

§ 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra
ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.

O item IV está correto em razão do que dispõe o art. 377 do CE:

Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia, fundação do
Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo poder público,

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ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências não poderá
ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político.

Logo, a alternativa A é a correta e gabarito da questão.

5. (CESPE/TJBA - 2019) A respeito dos crimes eleitorais e do processo penal eleitoral, julgue os itens a
seguir.
I – No crime de calúnia eleitoral, a prova da verdade do fato é admitida ainda que, sendo o fato imputado
objeto de ação penal privada, o ofendido tenha sido condenado por sentença recorrível.
II – A transação penal e a suspensão condicional do processo não são admitidas no processo penal eleitoral.
III – Constitui crime a contratação, direta ou indireta, de grupo de pessoas com a finalidade de emitir
mensagens ou comentários na Internet para ofender a honra de candidato, partido ou coligação.
IV – De acordo com o Código Eleitoral, os TREs e o TSE possuem competência para julgar habeas corpus,
quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a
impetração.
Assinale a opção correta.
a) Estão certos apenas os itens I e II.
b) Estão certos apenas os itens I e IV.
c) Estão certos apenas os itens II e III.
d) Estão certos apenas os itens III e IV.
e) Todos os itens estão certos.

Comentários

Vejamos os itens individualmente:

Nos termos do art. 324, §2º, inciso I, do Código Eleitoral, a prova da verdade do fato imputado não exclui o
crime de calúnia se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido foi condenado por
sentença recorrível. Deste modo, o item I está incorreto.

O item II está incorreto, pois, de acordo com a jurisprudência do TSE, a transação penal e a suspensão
condicional do processo são admitidas no processo penal eleitoral, salvo nos casos de crime que conta com
sistema punitivo especial. Cite-se, neste sentido: Respe 25137 e CC 37595.

O item III está certo, pois a conduta descrita está tipificada no art. 57-H, §1º, da Lei 9.504/97.

Por fim, o item IV está correto, pois encontra-se de acordo com a redação do arts. 22, I, “e” e 29, I, “e”, do
Código Eleitoral.

Assim, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

6. (CESPE/TJ-DF - 2014) Assinale a opção correta no que diz respeito a crimes eleitorais.

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a) É da justiça eleitoral a competência para o julgamento de crime comum conexo a crime eleitoral.
b) O foro especial por prerrogativa da função aplica-se a ex- prefeito acusado da prática de crime eleitoral.
c) Aplicam-se aos crimes eleitorais praticados por meio da imprensa, do rádio ou da televisão a disciplina do
CP e das leis penais extravagantes.
d) Para a tipificação do crime de corrupção eleitoral, exige-se que o eleitor venda seu voto.
e) Para a tipificação da captação ilícita de sufrágio, nome técnico da compra de voto, exige-se que a oferta
do bem ao eleitor seja feita diretamente pelo candidato.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Os crimes comuns que sejam conexos a crimes
eleitorais deverão ser julgados pela Justiça Eleitoral.

A alternativa B está incorreta. O foro por prerrogativa de função decorre do próprio exercício da função,
dessa forma, não se aplica a prefeito que não mais exerce tal função.

A alternativa C está incorreta, pois o art. 288, do CE, é expresso em sentido contrário.

Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio ou da televisão,
aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as remissões a outra lei nele contempladas.

A alternativa D está incorreta, com base no art. 299.

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
AINDA QUE A OFERTA NÃO SEJA ACEITA:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

A alternativa E está incorreta, pois para a configuração do crime entende-se que ela poderá ser feita por
qualquer pessoa. A penalidade será aplicada contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a
pessoa, com o fim de obter-lhe o voto, não impondo qualquer limita em relação ao candidato propriamente.
Veja que o caput do art. 299, do CE, não fala que o tipo penal eleitoral é próprio ou deve ser praticado por
determinada pessoa em específico.

7. (VUNESP/TJ-RJ - 2016) Considere a seguinte situação hipotética. Candidato a Deputado Estadual do


Rio de Janeiro, Joaquim está fazendo sua campanha nas ruas da Capital e para diante de uma casa em
obras, para abordar a pessoa que está lá trabalhando, para falar de suas propostas e pedir seu voto.
Antônio, o proprietário do imóvel, que lá está trabalhando, diz para Joaquim que votaria nele, caso ele lhe
fornecesse 5 (cinco) sacos de cimento. No dia seguinte, preposto de Joaquim entrega os sacos de cimento
solicitados, sendo os fatos presenciados por vizinho de Antônio, que comunica o ocorrido ao juízo eleitoral,
o que acarreta a instauração de inquérito. No curso do inquérito, apura-se que Antônio possui condenação
criminal transitada em julgado e atualmente encontra-se em período de prova de sursis.
A respeito de tais fatos, é correto afirmar que

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a) o tipo penal previsto no Código Eleitoral, conhecido como corrupção eleitoral, prevê como condutas típicas
prometer ou oferecer, para outrem, dinheiro ou qualquer outra vantagem para obter voto, sendo, portanto,
atípica a conduta de Joaquim, que apenas entregou o que foi solicitado por Antônio.
b) Joaquim e Antônio cometeram o crime de corrupção eleitoral, que para sua tipificação necessita que
estejam presentes as modalidades ativa e passiva, ou seja, de que haja oferta e a correspondente aceitação
de vantagem econômica, com bilateralidade.
c) o fato não pode ser considerado crime, pois a entrega foi realizada por pessoa outra que não Joaquim, o
candidato, sendo que a corrupção ativa eleitoral não pode ser praticada por qualquer pessoa, ou seja, a
conduta de entrega da vantagem não pode ser praticada por uma pessoa que possui interesses em ver um
candidato ser eleito.
d) a conduta de Joaquim configura ilícito penal, pois a corrupção eleitoral ativa independe da corrupção
eleitoral passiva, bastando para a caracterização do crime a conduta típica de dar vantagem,
independentemente até mesmo da aceitação da vantagem pelo sujeito passivo, no caso, Antônio.
e) se exige, para a configuração do ilícito penal, que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta a votar e
como Antônio está com os direitos políticos suspensos, em razão de condenação criminal transitada em
julgado, não havendo que se falar em violação à liberdade do voto, motivo pelo qual a conduta de Joaquim
é atípica.

Comentários

De acordo com o art. 299, do CE, comete corrupção eleitoral aquele que dá, oferece, promete, solicita ou
recebe, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para
conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita.

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

Dessa forma, para a configuração do ilícito penal, exige-se que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta
a votar. E, como Antônio estava com os direitos políticos suspensos, em razão de condenação criminal
transitada em julgado, não há que se falar em violação à liberdade do voto, motivo pelo qual a conduta de
Joaquim é atípica.

Assim, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão.

8. (CONSULPLAN/TJ-MG - 2018) Sobre os crimes eleitorais, assinale a alternativa INCORRETA.


a) O crime de inscrição fraudulenta de eleitor não comporta cometimento por coautoria.
b) O erro de tipo, uma vez configurado, acarreta sempre a atipicidade da conduta imputada.
c) O pedido explícito de voto é requisito para a configuração do crime de corrupção eleitoral ativa.
d) O crime de falsidade ideológica eleitoral pode ser cometido mediante inserção de informação falsa em
prestação de contas de campanha ou omissão de informação que dela deveria constar.

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Comentários

A alternativa A está correta. Diz respeito a um crime de mão própria, que só pode ser praticado pelo eleitor,
de modo que não é admissível a coautoria.

A alternativa B está correta. O erro de tipo ocorre quando o agente acredita estar cometendo uma conduta
lícita, por desconhecimento, quando está cometendo uma conduta ilícita. Ele exclui apenas o dolo e não a
tipicidade.

A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão. Não há tal previsão no Código Eleitoral. Vejamos o
que dispõe o art. 299:

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

A alternativa D está correta, conforme prevê o art. 350, do CE:

Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e


reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.

9. (CONSULPLAN/TJ-MG - 2018) Avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.


I. “Para efeitos penais do Código Eleitoral, não são membros nem funcionários da Justiça Eleitoral aqueles
por esta requisitados.”
PORQUE
II. “O julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhe foram conexos, assim como nos recursos e na
execução que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei supletiva ou subsidiária, o Código de Processo
Penal.”
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
A) A segunda afirmativa é falsa e a primeira verdadeira.
B) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
C) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
D) As duas afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.

Comentários

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Essa questão teve o seu gabarito alterado. Inicialmente a banca considerou como correta a alternativa D.
Mas dado o erro flagrante na assertiva I, ela modificou a resposta da questão, considerando como correta a
alternativa B. Vejamos:

A assertiva I, como vimos, está incorreta. De acordo com o art. 283, do CE:

Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral:

(...)

IV – os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.

A assertiva II, por outro lado, está correta. De acordo com o art. 364, do CE:

Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos,
assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei
subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal.

Disso, como já apontado no enunciado, podemos extrair que o nosso gabarito é, de fato, a alternativa B, “A
primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira”.

PROMOTOR

10. (CESPE/CEBRASPE/MPE-TO - 2022) Considerando o disposto na Lei nº 14.192/2021 sobre crimes


eleitorais, julgue os itens a seguir.
I As penas por caluniar, difamar ou injuriar alguém na propaganda eleitoral aumentam de um terço à metade
se qualquer desses crimes é cometido com menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
II Para os fins da caracterização do crime de assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por
qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, considera-se, além do
menosprezo ou da discriminação à sua condição de mulher, o menosprezo ou a discriminação à sua cor, sua
raça ou sua etnia.
III Considera-se causa de aumento de pena para os crimes definidos na referida lei o fato de o crime ser
cometido contra gestante, idosa ou mulher com deficiência.
Assinale a opção correta.
A) Apenas o item I está certo.
B) Apenas o item II está certo.
C) Apenas os itens I e III estão certos.
D) Apenas os itens II e III estão certos.
E) Todos os itens estão certos.

Comentários

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O Item I está correto. Trata-se do novo inciso IV do art. 327 do Código eleitoral. Fique atento aos incisos IV
e V vez que eles foram acrescentados pela Lei 14.192/2021.

Art. 327. As penas cominadas nos arts. 324, 325 e 326 aumentam-se de 1/3 (um terço) até
metade, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa.

IV - com menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia;

V - por meio da internet ou de rede social ou com transmissão em tempo real.

O Item II está correto. Trata-se do novo art. 326-B que trouxe um novo tipo penal ao Código Eleitoral. Veja
abaixo o texto legal:

Art. 326-B. Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata
a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação
à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a
sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo.

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

O Item III está correto. É o texto do parágrafo único do art. 326-B que trouxe a previsão de causa de aumento
de pena para o novo crime de violência política contra a mulher:

Art. 326-B (...)

Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço), se o crime é cometido contra mulher:

I – gestante;

II – maior de 60 (sessenta) anos;

III – com deficiência.

Assim a alternativa E está correto e é o gabarito da questão.


11. (MPE-PR/MPE-PR - 2021) Sobre normas eleitorais e procedimentos e processos de natureza
eleitoral, assinale a alternativa incorreta:
A) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação de impugnação de mandato eletivo, ação de
impugnação de registro de candidatura, recurso contra expedição de diploma e ação de investigação judicial
eleitoral.

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B) De acordo com a Lei Complementar 064/90 (Lei de Inelegibilidades), os que forem condenados, em
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso
do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, por crimes culposos, por crimes definidos na Lei
9.099/95 como de menor potencial ofensivo e por crimes de ação penal privada, não sofrem restrições à
elegibilidade.
C) No dia das eleições, constitui crime, por exemplo, a propaganda de boca de urna, e constituem infrações
administrativas, por exemplo, o uso de alto-falantes e amplificadores de som.
D) A Lei 9.504/97 (Lei das Eleições), veda totalmente a propaganda eleitoral mediante outdoors e a utilização
de showmício e de eventos assemelhados para promoção de candidatos.
E) As arguições de inelegibilidade de candidatos aos cargos de Deputado Estadual, Deputado Federal,
Governador de Estado e Senador, por exemplo, devem ser feitas perante os Tribunais Regionais Eleitorais.

Comentários

A alternativa A está correta. Realmente o Ministério Público é legitimado para todas estas ações eleitorais.

A alternativa B está correta. Trata-se do §4º do art. 1º da Lei 64/90:

Art. 1º São inelegíveis:

I – para qualquer cargo:

e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
da pena, pelos crimes:

§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste artigo não se aplica aos crimes
culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação
penal privada.

A alternativa C está incorreta. O uso de alto-falantes e amplificadores de som também configuram crime
eleitoral previsto no art. 39 §5º I da Lei 9.504/97:

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com
a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de
cinco mil a quinze mil Ufirs:

V. nota ao art. 105, § 2º, desta lei sobre a Unidade Fiscal de Referência (Ufir).

I – o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;

A alternativa D está correta. Os parágrafos 7º e 8º do art. 39 da Lei 9.504/97 vedam a realização de


showmício e outdoors.

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§ 7º É proibida a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção de


candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de
animar comício e reunião eleitoral.

§ 8 É vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors, inclusive eletrônicos, sujeitando-se a


empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da
propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$
15.000,00 (quinze mil reais).

A alternativa E está correta, neste caso a competência será do TRE pelos cargos envolvidos na eleição.
12. (MPE-PR/MPE-PR - 2021) Sobre crimes eleitorais, assinale a alternativa correta:
A) O crime de falsificação de documento público, para fins eleitorais (Código Eleitoral, art. 348), é de ação
penal pública incondicionada, mas o crime de difamação de funcionário público no exercício de suas funções,
na propaganda eleitoral (Código Eleitoral, art. 325), é de ação penal pública condicionada à representação.
B) Os crimes eleitorais, em sua maioria, estão previstos no Código Eleitoral (Lei 4.737/65), havendo previsão
de outros crimes eleitorais em legislação especial, como a Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) e a Lei
Complementar 064/90 (Lei de Inelegibilidades).
C) Os crimes eleitorais, por sua natureza, não admitem os institutos despenalizadores da transação penal e
da suspensão condicional do processo, previstos na Lei 9.099/95, e não admitem proposta de acordo de não
persecução penal, previsto no art. 28-A do Código de Processo Penal.
D) Dentre os crimes eleitorais previstos no Código Eleitoral (Lei 4.737/65), há modalidades de tipos dolosos
de ação, de tipos dolosos de omissão de ação e de tipos culposos.
E) No Código Eleitoral (Lei 4.737/65), dentre outros crimes, há previsão de crimes praticados exclusivamente
por servidores da Justiça Eleitoral e de crimes praticados exclusivamente por membros do Ministério Público,
não havendo, entretanto, previsão de crimes praticados exclusivamente por Magistrados.

Comentários

A alternativa A está incorreta. No âmbito dos crimes eleitorais, segundo previsão do art. 355 do Código
Eleitoral, todas as infrações serão de ação penal pública.

Art. 355. As infrações penais definidas neste código são de ação pública.

A alternativa B está correta. Como vimos em aula há sim tipos penais nas leis citadas.

A alternativa C está incorreta. Os institutos despenalizadores podem sim ser aplicados no âmbito eleitoral.
Veja abaixo uma decisão que comprova este entendimento:

1. Denúncia sem que o Ministério Público faça a proposta de aplicação de medida


despenalizadora prevista na Lei 9.099/95. 2. Argüição oportuna. Nulidade do processo a partir da
denúncia, inclusive para que a acusação ofereça a proposta ou fundamente as razões de não
fazê-lo. […] (TSE, Ac. de 17.9.2008 no HC nº 599, rel. Min. Fernando Gonçalves.)

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A alternativa D está incorreta. Não há previsão de crimes culposos no Código Eleitoral.


A alternativa E está incorreta. O art. 291 do Código Penal é um tipo penal exclusivo para o Magistrado. Veja
o texto:

Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando.

Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

13. (FMP/MPE-AM - 2015) Em relação à infração de captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei nº
9.504/97), é correto afirmar que
a) a representação pela prática da conduta pode ser proposta antes do pedido de registro da candidatura.
b) a representação só pode ser proposta após o pedido de registro da candidatura, mas referir-se a fatos
praticados antes do pedido de registro.
c) a representação pode buscar a cassação do registro, mas não do diploma, uma vez que para este há o
Recurso Contra a Expedição de Diploma.
d) para sua caracterização é necessário que haja pedido explícito de votos e que a conduta seja levada a
efeito pelo próprio candidato.
e) como tutela à liberdade de voto, à vontade do eleitor, não se exige, para sua configuração, que o fato
imputado cause desequilíbrio nas eleições.

Comentários

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. O TSE não exige a aferição da potencialidade do fato
para desequilibrar as eleições:

Ac.-TSE, de 8.10.2009, no RO nº 2.373; de 17.4.2008, no REspe nº 27.104 e, de 1º.3.2007, no


REspe nº 26.118: “Para incidência da sanção prevista neste dispositivo, não se exige a aferição
da potencialidade do fato para desequilibrar o pleito.”

A alternativa A está incorreta. O caput do art. 41-A prevê que a representação só pode ser proposta desde
o registro da candidatura (e não antes disso) e até o dia da eleição: “Ressalvado o disposto no art. 26 e seus
incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou
entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa
de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art.
22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.”

A alternativa B está incorreta. Como visto na transcrição e destaque acima, a representação poderá ser
proposta desde o dia do registro da candidatura até o dia da eleição.

A alternativa C está incorreta. A representação pode gerar a cassação do registro ou do diploma. Nos termos
do caput do art. 41-A da Lei das Eleições: “Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação
de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de

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obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde
o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufir, e
cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº
64, de 18 de maio de 1990.”

A alternativa D está incorreta. O pedido explícito de votos é desnecessário, como dispõe o art. 41-A, §1º da
Lei nº 9.504/97: “Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos,
bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.”

14. (FCC/MPE-AP - 2012) A respeito dos crimes eleitorais, considere as afirmações abaixo.
I. Constitui crime eleitoral oferecer dinheiro a eleitor para abster-se de votar, mesmo que a oferta não seja
aceita.
II. O crime de injúria na propaganda eleitoral admite a exceção da verdade se o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
III. Constitui crime eleitoral fazer propaganda pela imprensa escrita em língua estrangeira.
IV. Constitui crime eleitoral, deixar o órgão do Ministério Público de promover a execução de sentença
condenatória.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II.
b) I e II.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

Comentários

O item I está correto. Vejamos o que dispõe o art. 299, do CE:

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita.

Pena: reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

O item II está incorreto, pois o crime de injúria na propaganda eleitoral NÃO admite a exceção da verdade
em nenhuma hipótese.

O item III está correto. Vejamos o que dispõe o art. 335 do CE:

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira.

Pena: detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo importa na apreensão e
perda do material utilizado na propaganda.

O item IV está correto. Vejamos o art. 342, do CE:

Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de
promover a execução de sentença condenatória.

Pena: detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Logo, a alternativa E é a correta e gabarito da questão.

15. (CESPE/MPE-AC - 2014) Diva, prefeita candidata à reeleição, foi denunciada por ter difamado e
injuriado Helen, candidata opositora, durante a propaganda eleitoral gratuita veiculada na mídia, tendo-
lhe imputado fato ofensivo à sua reputação de servidora pública.
Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz das disposições constitucionais e da
legislação eleitoral.
a) O juiz pode deixar de aplicar pena caso Helen, de forma reprovável, tenha provocado diretamente os
crimes, assim como no caso de retorção imediata que consista em outros crimes da mesma espécie.
b) Se o promotor de justiça eleitoral promover o arquivamento, o juiz poderá encaminhar os autos ao
procurador regional eleitoral, que deverá designar outro promotor para oferecer a denúncia.
c) Se a denúncia for recebida por juiz eleitoral, Diva poderá invocar, em seu favor, como matéria de defesa,
a incompetência do juízo, tese que tem sido acolhida pela justiça eleitoral, ao fundamento de que crime
cometido por prefeito deve ser julgado pelo tribunal de justiça.
d) A exceção da verdade é admitida para ambos os fatos, na medida em que Helen é servidora pública e a
ofensa foi relativa ao exercício das funções de agente público.
e) Verificadas as infrações penais, o MP tem prazo de dez dias para oferecer denúncia, independentemente
de representação, uma vez que os crimes eleitorais são de ação pública.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a pena deixará de ser aplicada, pois só se aplica ao crime de injúria, e não
ao de difamação. Vejamos o art. 326:

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-
lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

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II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

A alternativa B está incorreta. De acordo com os §§ 1º e 2º, do art. 357, se o MP requerer o arquivamento
do processo, o juiz poderá comunicar o Procurador Regional, o qual poderá oferecer a denúncia, designar
outro Promotor ou, ainda, insistir pelo arquivamento do feito. O erro da questão está em dizer que o juiz
deverá, obrigatoriamente, designar outro Promotor. Na verdade, o juiz somente comunica o Procurador
Regional que tomará, dentre as medidas citadas, aquela que entender cabível.

§ 1º Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o


arquivamento da comunicação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa da comunicação ao Procurador Regional, e este oferecerá a denúncia, designará
outro Promotor para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará
o juiz obrigado a atender.

§ 2º A denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a


qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

A alternativa C está incorreta, uma vez que se trata de crime eleitoral e deve ser julgado pela Justiça Eleitoral.

A alternativa D está incorreta, uma vez que a exceção da verdade atinge somente a difamação, e não a
injúria. Vejamos o art. 325, do CE.

Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-
lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa.

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se ofendido é funcionário público e a


ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Como vimos, a ação penal eleitoral é ação pública e o
prazo de 10 dias para o MP oferecer denúncia está presente no art. 357, do CE.

Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo
de 10 (dez) dias.

16. (CESPE/MPE-PI - 2012) No que diz respeito aos crimes e ao processo penal eleitoral, assinale a
opção correta.
a) Incide em crime o candidato que recusa obediência a determinação judicial de observância às regras de
propaganda eleitoral, ainda que dirigida exclusivamente a partidos e coligações.
b) No âmbito da justiça eleitoral, cabe ação penal privada subsidiária, mas é inadmissível ação penal pública
condicionada à representação do ofendido, em razão do interesse público ínsito à matéria eleitoral.

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c) O não comparecimento de mesário no dia da votação configura o crime, previsto no Código Eleitoral, de
recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa.
d) Aquele que apenas auxilia terceiro a se alistar fraudulentamente, ainda que se aproveitando da
ingenuidade ou da ignorância deste, não comete o crime, previsto no Código Eleitoral, de induzir alguém a
se inscrever como eleitor.
e) Para a tipificação do crime de divulgar, na propaganda eleitoral, fatos sabidamente inverídicos em relação
a candidato e capazes de influenciar o eleitorado, não há necessidade de os textos imputados como
inverídicos serem frutos de matéria paga.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O crime de desobediência em matéria eleitoral está previsto no art. 347, do
CE, vejamos:

Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da


Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução:

Pena detenção de três meses a um ano e pagamento de 10 a 20 dias multa.

Observe-se que a jurisprudência determinou que, para a configuração do crime, deve haver ordem judicial
direta e individualizada ao agente. Assim dispõe o entendimento do TSE, no HC n° 579.

Assim, se a ordem judicial referente à propaganda eleitoral for dirigida a partidos ou a coligação não poderá
ser criminalizada a conduta do candidato, uma vez que a ordem judicial não lhe foi dirigida.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, de acordo com o entendimento do TSE no AC- TSE nº
21.295/2003. Vejamos a ementa:

Ação penal privada subsidiária. Apuração. Crime eleitoral.

1. Conforme decidido pelo Tribunal no julgamento do Recurso Especial nº 21.295, a queixa-crime


em ação penal privada subsidiária somente pode ser aceita caso o representante do Ministério
Público não tenha oferecido denúncia, requerido diligências ou solicitado o arquivamento de
inquérito policial, no prazo legal.

2. Dada a notícia de eventual delito, o Ministério Público requereu diligências objetivando a


colheita de mais elementos necessários à elucidação dos fatos, não se evidenciando, portanto,
inércia apta a ensejar a possibilidade de propositura de ação privada supletiva.

Embargos de declaração recebidos como agravo regimental e não provido.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 344, do Código Eleitoral.

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:

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Pena detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias multa.

Trata-se, mais uma vez, de entendimento jurisprudencial. De acordo com entendimento do TSE no HC n°
638:

o não comparecimento de mesário no dia da votação não configura o crime estabelecido no art.
344 do CE, pois prevista punição administrativa no art. 124 do referido diploma, o qual não
contém ressalva quanto à possibilidade de cumulação com sanção de natureza penal.

A alternativa D está incorreta, pois tal tipo está previsto no art. 290, do Código Eleitoral.

Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste Código:

Pena – reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

Aqui temos que mencionar o acórdão do TSE n° 68/2005 que nos trouxe o seguinte entendimento:

induzir alguém abrange as condutas de instigar, incitar ou auxiliar terceiro a alistar-se


fraudulentamente, aproveitando-se de sua ingenuidade ou de sua ignorância.

A alternativa E está incorreta, pelo que prescreve o art. 323, do Código Eleitoral.

Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou
candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:

Pena – detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

O TSE realizou a interpretação de tal dispositivo no AgRREspe n° 35.977 e entendeu pela necessidade de que
os textos imputados como inverídicos sejam fruto de matéria paga para tipificação do delito.

17. (CESPE/MPE-RR - 2017) O crime eleitoral


a) é de ação penal pública incondicionada, cabendo ação penal privada subsidiária da pública no caso de
inércia do MP.
b) caracteriza-se como crime de responsabilidade ou crime comum, conforme o autor da infração esteja ou
não exercendo mandato eletivo.
c) pode dar causa a persecução penal contra pessoa jurídica.
d) praticado por juiz de TRE será julgado originariamente pelo TSE.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Conforme prevê o art. 355, do Código Eleitoral, os
delitos eleitorais são crimes de ação penal pública incondicionada. Desse modo, cabe ao Ministério Público
Eleitoral a iniciativa da ação penal em relação a todos eles.

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A alternativa B está incorreta. O crime eleitoral não se confunde com crime de responsabilidade.

A alternativa C está incorreta. O crime eleitoral não pode dar causa a persecução penal contra pessoa
jurídica. A única possibilidade autorizada pela Constituição para punição da pessoa jurídica é por crime
ambiental.

A alternativa D está incorreta. De acordo com a Constituição e o Código Eleitoral, os crimes eleitorais
praticados pelo Presidente da República, por senador ou por deputado federal são julgados perante o STF.
Enquanto, os governadores dos estados são julgados pelo STJ, conforme entendimento do Tribunal Superior
Eleitoral, por ter o crime eleitoral a natureza de crime comum.

18. (CEFETBAHIA/MPE-BA - 2018) Os crimes contra a honra, previstos no Código Eleitoral (Lei nº
4.737/65), com a característica da especialidade, afastando a incidência da lei penal comum,
a) podem ser praticados em qualquer das fases do processo eleitoral.
b) têm sujeito passivo especial, isto é, apenas quem seja candidato a cargo eletivo, a partir do registro da
candidatura.
c) dependem do oferecimento de queixa crime, ou de representação, sujeitando a ação penal sempre à
iniciativa da vítima.
d) são sempre de ação penal pública, incondicionada, por iniciativa exclusiva do Ministério Público Eleitoral.
e) não comportam a exceção da verdade do fato imputado, diferentemente do que sucede na previsão da
lei penal comum.

Comentários

O art. 355, do Código Eleitoral, estabelece que as infrações penais definidas são de ação pública. Portanto, a
alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

19. (CEFETBAHIA/MPE-BA - 2018) O crime de corrupção eleitoral, tipificado no art. 299 do Código
Eleitoral (diferente dos crimes de corrupção previstos nos arts. 317 e 333 do Código Penal),
a) somente contempla a chamada corrupção ativa, por parte de quem deseja alcançar a vantagem eleitoral.
b) abrange, a um só tempo, mas com pena diferenciada entre uma e outra, tanto a corrupção ativa quanto
a corrupção passiva.
c) exige sempre sujeito ativo especial, seja a corrupção ativa ou passiva.
d) contém pena idêntica, na estrutura única do tipo, para as formas ativa e passiva de corrupção eleitoral.
e) é tipo penal que exige apenas o dolo genérico, pois a execução da conduta não se vincula a um fim especial
de agir.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o tipo penal também prevê a corrupção passiva, pois inclui as condutas
de dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber.

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A alternativa B está incorreta, pois não há pena diferenciada para a corrupção ativa ou passiva.

A alternativa C está incorreta, pois não é exigido sujeito ativo especial. A conduta pode ser para si ou para
outrem.

Vejamos o que dispõe o art. 299, do Código Eleitoral:

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

Gabarito, portanto, alternativa D.

20. (MPE-PR/MPE-PR - 2016) Assinale a alternativa correta:


a) O não comparecimento de mesário no dia da votação, desprovido de prévia justificativa, não configura o
crime previsto no art. 344 do Código Eleitoral - “Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa.
Pena: detenção de até dois meses ou o pagamento de 90 a 120 dias-multa”;
b) No dia da eleição, o eleitor que comparece, sozinho, ao local de votação usando broche com a inscrição
de nome e número de candidato incide no crime previsto no artigo 39, § 5º, inciso III, da Lei n. 9504/1997 -
“Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de
prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:
(…) III – a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.”;
c) Todos os crimes eleitorais procedem-se mediante ação penal pública, exceto os crimes de calúnia, 6
difamação e injúria na propaganda eleitoral, previstos nos artigos 324, 325 e 326, respectivamente, do
Código Eleitoral;
d) O crime previsto no artigo 299 do Código Eleitoral - “Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si
ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de
cinco a quinze dias-multa.” - é considerado pela doutrina como crime de mão própria;
e) Se o autor da conduta típica descrita no artigo 299 do Código Eleitoral - “Dar, oferecer, prometer, solicitar
ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e
para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. Pena – reclusão até quatro anos
e pagamento de cinco a quinze dias-multa.” for candidato, não responderá criminalmente, mas apenas pela
captação ilícita de sufrágio, prevista no art. 41-A da Lei n. 9.504/97, que pode conduzir à cassação do registro
ou diploma do candidato e aplicação de multa.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Segundo o TSE, o não comparecimento de mesário
no dia da votação não configura o crime estabelecido neste artigo. Vejamos o art. 344, do CE:

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:

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Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

A alternativa B está incorreta. Conforme entendimento do TSE, a declaração indireta de voto, desprovida de
qualquer forma de convencimento, de pressão ou de tentativa de persuasão, não constitui crime eleitoral.

A alternativa C está incorreta. No Código Eleitoral não há exceções aos crimes de ação penal pública.

A alternativa D está incorreta. O crime previsto no art. 299, do CE, não é considerado pela doutrina como
crime de mão própria, pois os delitos de mão própria, embora passíveis de serem cometidos por qualquer
pessoa, não são praticados por intermédio de outrem.

A alternativa E está incorreta. Se o corruptor for candidato a cargo eletivo, responderá por dois processos,
um na esfera penal, referente ao crime de corrupção, e outro na esfera eleitoral, relacionado à captação
ilícita de sufrágio.

21. (FMP Concursos/MPE-AM - 2015) Considere as seguintes alternativas sobre crimes eleitorais:
I – É incabível ação penal privada subsidiária no âmbito da Justiça Eleitoral.
II – Prefeito Municipal acusado da prática de crime eleitoral é julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
III – A contratação e o fornecimento de transporte para comparecimento em comício configura o crime de
transporte irregular de eleitores previsto na Lei nº 6.091/74.
IV – O crime de corrupção eleitoral (art. 299 do Cód. Eleitoral), na sua modalidade ativa, pode ser praticado
por pessoa que não seja candidato.
Quais das assertivas acima estão corretas?
a) Apenas a I e II.
b) Apenas a II e III.
c) Apenas a II e IV.
d) Apenas a I, III e IV.
e) Apenas a II, III e IV.

Comentários

Vamos analisar cada um dos itens.

O item I está incorreto. O Código Eleitoral fala que a ação será pública, remetendo à ação incondicionada.
Contudo, por força do que dispõe o art. 5º, LIX, da CF, temos que admitir a ação privada em face dos crimes
de ação pública, se essa não for intentada. Observo que esse é um entendimento doutrinário e
jurisprudencial, não previsto no CE.

O item II está correto. Nos crimes eleitorais, o Prefeito Municipal é processado e julgado no Tribunal Regional
Eleitoral.

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O item III está incorreto. Não há na legislação eleitoral nenhuma proibição ao transporte de eleitores para
comícios. À proibição somente quanto ao transporte no dia das eleições, conforme prevê a Lei nº 6091/74.

O item IV está correto. O crime de corrupção eleitoral pode ser praticado por qualquer pessoa, candidato ou
não, desde que atue em benefício da candidatura de alguém. Se o corruptor for candidato a cargo eletivo,
responderá por dois processos, um na esfera penal, referente ao crime de corrupção, e outro na esfera
eleitoral, relacionado à captação ilícita de sufrágio.

Assim, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

22. (MPE-SC - 2016) Julgue:


O Código Eleitoral prevê como crime a conduta de caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins
de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. A exceção da verdade, nestes casos,
somente se admite se o ofendido é funcionário público e o fato imputado é relativo ao exercício de suas
funções.

Comentários

A assertiva está incorreta.

O CE prevê como crime eleitoral a conduta de caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou com objetivo de
propaganda na hipótese de imputar falsamente a alguém algum fato definido como crime eleitoral. É isso
que vem estabelecido no art. 324, caput, do CE.

A prova da verdade, pelo §1º desse dispositivo será admitida, e, nesse caso, exclui o crime praticado. Note
que a assertiva falar que a prova será admitida apenas quando o ofendido for funcionário público no exercício
das funções, o que está incorreto.

Contudo, não será admitida tal prova em três situações. Veja:

§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido, não foi condenado por
sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.

Na realidade, a questão peca ao afirmar ao confundir a redação dos arts. 324 com o 325. No caso do art. 324,
que tratamos acima, a prova da verdade será aceita em regra, com três exceções nas quais não poderá ser
utilizada.

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Agora, no caso do art. 325 – que trata do crime de difamação na propaganda eleitoral – a exceção da verdade
somente se admite se o ofendido for funcionário público e a ofensa for relativa ao exercício das suas funções.
Veja:

Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-
lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa.

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se ofendido é funcionário público e a


ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

De todo modo, incorreta a assertiva.

23. (MPE-SC - 2013) ANALISE CADA UM DOS ENUNCIADOS DAS QUESTÕES ABAIXO E ASSINALE
“CERTO" (C) OU "ERRADA" (E)
No crime eleitoral de injúria (art. 326 do Código Eleitoral), a retorsão imediata do ofendido à agressão verbal
do ofensor, caracterizadora de outra injúria, é hipótese de perdão judicial.

Comentários

A assertiva está correta. O crime de injúria eleitoral prevê a possibilidade de perdão judicial que nada mais
é do que a extinção da punibilidade condicionada a discricionariedade do juiz de, nos casos previstos em lei,
deixar de aplicar a pena. Vejamos o que prevê o art. 326.

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-
lhe a dignidade ou o decoro:

Pena – detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

§ 1º O Juiz pode deixar de aplicar a pena:

I – se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

DELEGADO

24. (CESPE/PC-GO - 2016) Em determinada eleição municipal,


• Luciano tentou votar mais de uma vez;
• ao fazer propaganda eleitoral, Márcio injuriou Carmem, ofendendo-lhe a dignidade;
• Tatiane tentou violar o sigilo de uma urna.
Nessas situações hipotéticas, à luz da Lei n.º 4.737/1965,

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a) Tatiane poderá ter a pena reduzida em razão da tentativa.


b) Márcio, necessariamente, terá a pena aplicada pelo juiz, ainda que tenha agido em caso de retorsão
imediata que consista em outra injúria.
c) Luciano, Márcio e Tatiane responderão por crime de ação pública.
d) Márcio responderá por crime de ação privada.
e) Luciano poderá ter a pena reduzida em razão da tentativa.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Tatiane terá detenção de até dois anos, por tentar violar o sigilo de voto.
Observe que o crime já envolve a tentativa. Vejamos o art. 312, do CE.

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:

Pena - detenção até dois anos.

A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 326, §1º, o juiz pode deixar de aplicar a pena a Márcio.

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-
lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, com base no art. 355.

Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.

A alternativa D está incorreta. Márcio responderá em ação pública.

A alternativa E está incorreta. Luciano pegará reclusão de até três anos, por tentar votar mais de uma vez.

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:

Pena - reclusão até três anos.

25. (VUNESP/PC-BA - 2018) A respeito das disposições penais do Código Eleitoral, assinale a alternativa
correta.
A) Constitui crime dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou
qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, desde que a
oferta seja aceita.

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B) Constitui crime rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega desta ao
eleitor.
C) Constitui crime diminuir os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais como
transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral.
D) Constitui crime observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar.
E) Constitui contravenção penal perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Vejamos o que dispõe o art. 299, do CE:

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 308, do Código Eleitoral:

Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega da
mesma ao eleitor.

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

A alternativa C está incorreta, pois contraria o disposto no art. 303, do CE:

Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais
como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria
eleitoral.

Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.

A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 306, do Código Eleitoral, constitui crime não observar a
ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar.

A alternativa E está incorreta. É crime, e não contravenção, perturbar ou impedir de qualquer forma o
alistamento.

26. (VUNESP/PC-SP - 2018) Considere o seguinte caso hipotético: “X”, administrador financeiro da
campanha de “Y” à Prefeitura Municipal, apropria-se de recursos ou valores destinados ao financiamento
eleitoral, em proveito próprio.
É correto afirmar que “X”
A) não cometeu crime eleitoral, pois sua conduta tipifica crime previsto no Código Penal.

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B) cometeu um crime eleitoral apenado com reclusão e de ação penal pública.


C) não cometeu qualquer crime, pois exerce a função de administrador financeiro, cabendo apenas
responsabilidade civil.
D) cometeu um crime eleitoral apenado com detenção e de ação penal pública.
E) cometeu um crime eleitoral apenado com detenção e de ação penal privada.

Comentários

Vejamos o que estabelece o art. 354-A, do Código Eleitoral:

Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha, ou quem


de fato exerça essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento
eleitoral, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Dessa forma, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

As alternativas A e C estão incorretas, pois “X” cometeu crime eleitoral previsto no art. 354-A, do Código
Eleitoral.

A alternativa D está incorreta, pois o crime é apenado com reclusão, e não com detenção.

A alternativa E está incorreta, visto que se trata de ação penal pública, tendo em vista que o direito violado
é de interesse público.

27. (UEG/PC-GO - 2018) Os crimes eleitorais cometidos por juízes eleitorais serão processados e
julgados
a) por juiz eleitoral de outra zona eleitoral.
b) pelo Tribunal Superior Eleitoral, após instrução realizada pela Corregedoria Regional Eleitoral à qual esteja
vinculado o magistrado processado.
c) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado em que o magistrado processado exerce a sua jurisdição.
d) pelo Tribunal de Justiça, se o juiz eleitoral processado for Juiz de Direito, e pelo Tribunal Regional Federal,
se o juiz eleitoral processado for Juiz Federal.
e) pelo Conselho Nacional de Justiça, cabendo recurso ao Supremo Tribunal Federal.

Comentários

Questão que aborda o assunto competência, em especial, competência penal (crime comum vs. crime
eleitoral). Os crimes eleitorais cometidos por juízes eleitorais serão processados e julgados pelo Tribunal
Regional Eleitoral do Estado em que o magistrado processado exerce a sua jurisdição (alternativa C). Isso,
por conta de entendimento do STJ de que os crimes eleitorais são espécies de crime comum, por conta de

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ressalva constitucional expressa (art. 96, III) e por conta da letra recepcionada do Código Eleitoral (art. 29, I,
“d”). Vejamos:

CRFB

Art. 96. Compete privativamente:

III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como
os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral.

Código Eleitoral

Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais:

I - processar e julgar originariamente:

d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais;

Devemos lembrar que, por outro lado, não foi recepcionado o art. 22, I, “d”, do CE, que conferia ao TSE a
competência para processar e julgar os crimes eleitorais e conexos cometidos pelos Membros do próprio
TSE e dos TRE’s. Vamos conferir:

Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:

I - Processar e julgar originariamente:

d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juízes
e pelos juízes dos Tribunais Regionais;

Conforme abordado em aula, o STJ considerou que o crime eleitoral seria uma espécie de crime comum,
raciocínio que levou à conclusão de que o disposto no art. 22, I, “d”, do CE, teria dado lugar ao disposto nos
arts. 102, I, “c”, da CF, e 105, I, “a”, também da CF. Vejamos:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,


cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente;

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

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I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante
tribunais;

Assim, sistematizando:

Crime COMUM x Crime ELEITORAL

Crime comum cometido por membro do TSE => julgado pelo STF (art. 102, I, c, CF)

Crime eleitoral cometido por membro do TSE => julgado pelo STF (art. 22, I, d, CE; art. 102, I, c, CF)

Crime comum cometido por membro do TRE => julgado pelo STJ (art. 105, I, a, CF)

DeCrime
todo eleitoral
o exposto,cometido por membro
a alternativa do TREe =>
C é a correta é ojulgado
gabaritopelo STJ (art. 22, I, d, CE; art. 105, I, a, CF)
da questão.

Crime(ACAFE/PC-SC
28. comum cometido pelos
- 2014) SãoJuízes Eleitoraiscrimes
considerados => julgado pelo TJdentre
eleitorais, (art. 96, III, CF)exceto:
outros,
a)Crime
Majorar os preços
eleitoral de utilidades
cometido e serviços
pelos Juízes necessários
Eleitorais à pelo
=> julgado realização de 29,
TRE (art. eleições, tais como transporte e
I, d, CE)
alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral.
b)Crime eleitoral
Valer-se e conexos
o servidor cometido
público por pessoa para
da sua autoridade comum => julgado
coagir alguémpelo Juizou
a votar Eleitoral (art.em
não votar 35,determinado
II)
candidato ou partido.
“O CRIME ELEITORAL É ESPÉCIE DE CRIME COMUM!”
c) Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento.
d) Usar camisas, bonés, broches ou dísticos que revelem a manifestação da preferência do eleitor por partido
político, coligação ou candidato.
e) Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira.

Comentários

Vejamos cada uma das alternativas.

A alternativa A está correta, pois corresponde ao art. 303, do CE:

Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais
como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria
eleitoral.

Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.

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A alternativa B está correta, pois corresponde ao art. 300 do CE:

Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar
em determinado candidato ou partido:

Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

A alternativa C está correta, pois corresponde ao art. 293, do CE:

Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento:

Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

A alternativa D está incorreta e é o gabarito da questão, não havendo previsão de crime eleitoral semelhante
a este.

A alternativa E está correta, pois corresponde ao art. 335, do CE:

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:

Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

QUESTÕES CONCURSOS

Devido ao número reduzido de questões de Carreiras Jurídicas nessa aula, trouxemos uma bateria extra
de concursos.

29. (FCC/CLDF - 2018) Na propaganda gratuita na televisão, um candidato a deputado distrital difamou
um jornalista, que não é candidato a nenhum cargo, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Foi
deferido o direito de resposta. Nesse caso,
(A) o autor da ofensa pode opor a exceção da verdade.
(B) o deferimento do direito de resposta excluiu a ocorrência do delito de difamação.
(C) o fato constitui crime eleitoral punido com detenção e multa.
(D) somente se procede mediante queixa, por tratar-se de crime de ação exclusivamente privada.
(E) não há crime eleitoral, porque a ofensa foi praticada contra pessoa que não é candidato.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Na difamação, que é o caso em tela, a exceção da verdade é exceção e só se
opera se o ofendido for funcionário público e a ofensa for relativa ao exercício das suas funções (art. 325,
parágrafo único, do Código Eleitoral).

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A alternativa B está incorreta. O entendimento é o de que, no CE, “o deferimento do direito de resposta e a


interrupção da divulgação da ofensa não excluem a ocorrência dos crimes de difamação e de divulgação de
fatos inverídicos na propaganda eleitoral” (Ac.-TSE, de 17.5.2011, no RHC n. 761681).

A alternativa C está correta, uma vez que o fato constitui, sim, crime eleitoral (segundo o TSE: (Ac.-TSE, de
14.12.2010, no HC n. 187635) “[há] desnecessidade de que a ofensa seja praticada contra candidato para a
tipificação do crime previsto neste artigo”) e ele é punido com pena de detenção e multa (art. 325, CE).

Lembrando que: (i) na calúnia, haverá detenção E multa (art. 324, CE), (ii) na difamação, haverá detenção E
multa (art. 325, CE), e (iii) na injúria, haverá detenção OU multa (art. 326, CE).

A alternativa D está incorreta, uma vez que, conforme o art. 355, todas as infrações penais definidas no CE
são de ação pública.

E a alternativa E está incorreta, uma vez que, como já dito, é desnecessário que a ofensa seja direcionada a
candidato para que o crime se configure (comentário da alternativa C).

30. (FCC/TRE-SP - 2017) Sobre os crimes eleitorais, é correto afirmar que o


a) crime de recusar ou abandonar serviço eleitoral exige a comprovação do prejuízo concreto causado aos
serviços eleitorais e dolo de causar este prejuízo.
b) crime de violação de sigilo do voto somente pode ser praticado por funcionário da Justiça Eleitoral.
c) crime de retardar a publicação de atos da Justiça Eleitoral comporta a figura culposa.
d) desatendimento, por particular, de requisição de veículos para transporte de eleitores da zona rural
mesmo quando inexistam veículos de aluguel para requisição, constitui infração eleitoral, sem a tipificação
criminal.
e) crime de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio configura-se mesmo quando não haja prejuízo ao
eleitor impedido de votar.

Comentários

Questão de complexidade alta, que envolve os tipos penais eleitorais.

A alternativa A está incorreta, pois não é necessário qualquer prejuízo ao serviço eleitoral para a
consumação do crime. Não é necessário qualquer prejuízo ao serviço eleitoral para a consumação do crime.

Trata-se de tipo penal-eleitoral previsto no art. 344, do CE:

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

A alternativa B está igualmente incorreta, pois conforme classificação que apresentamos em aula, o crime
de violação de sigilo do voto é comum e pode ser praticado por qualquer pessoa.

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Confira:

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:

Pena – detenção até dois anos.

A alternativa C está incorreta, pois conforme abordado no quadro de aula, trata-se de crime eleitoral que
não admite modalidade culposa.

Veja:

Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou qualquer outro funcionário de órgão
oficial federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações da Justiça Eleitoral:

Pena – detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

A alternativa D também está incorreta. De acordo com Lei 6.091/1974 também constitui crime eleitoral
atender às requisições de veículos para serem utilizados no transporte regular de eleitores da zona rural.
Vejamos:

Art. 11. Constitui crime eleitoral:

II - desatender à requisição de que trata o art. 2º:

Pena - pagamento de 200 a 300 dias-multa, além da apreensão do veículo para o fim previsto;

Vejamos qual é a disciplina disposta no art. 2º.

Art. 2º Se a utilização de veículos pertencentes às entidades previstas no art. 1º não for suficiente
para atender ao disposto nesta Lei, a Justiça Eleitoral requisitará veículos e embarcações a
particulares, DE PREFERÊNCIA OS DE ALUGUEL.

Parágrafo único. Os serviços requisitados serão pagos, até trinta dias depois do pleito, a preços
que correspondam aos critérios da localidade. A despesa correrá por conta do Fundo Partidário.

Conforme acima declinado, o desatendimento, por particular, de requisição de veículos para transporte de
eleitores da zona rural mesmo quando inexistam veículos de aluguel para requisição, é crime eleitoral.

Por fim, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o tipo previsto no art. 297, do Código
Eleitoral.

Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

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Vejamos o quadro de aula:

IMPEDIMENTO AO EXERCÍCIO DO SUFRÁGIO


TIPO OBJETIVO Atrapalhar ou impedir o exercício do sufrágio.
TIPO SUBJETIVO Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO
Estado e o eleitor.
PASSIVO
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa.
O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e material, se a conduta for de
CLASSIFICAÇÃO
impedir, e formal, se a conduta visar embaraçar o exercício do sufrágio.
CONSUMAÇÃO Com o efetivo impedimento ou com o mero embaraço.
Não é admissível, tendo em vista que a tentativa de impedir acarretaria no embaraço que
TENTATIVA
já é previsto no tipo.
Detenção: até 6 meses
e
PENA Multa: 60 a 100 dias-multa
Lembre-se que no caso de detenção a pena mínima é de 15 dias.
Trata-se de delito de menor potencial ofensivo.

Veja, de acordo com o quadro acima não há tentativa, não sendo necessário efetivamente impedir o
exercício do sufrágio para caracterização do delito. Assim, correta a alternativa ao mencionar que o crime se
configura mesmo quando não haja prejuízo ao eleitor impedido de votar. Se não foi impedido, foi, ao menos
embaraçado.

31. (FCC/Câmara Municipal de São Paulo-SP - 2014) No dia da eleição, a propaganda de boca de urna
a) só é proibida se realizada por grupo de pessoas.
b) é proibida e constitui crime, de acordo com a legislação em vigor.
c) só é proibida se realizada de forma acintosa e inconveniente
d) é permitida, desde que a cem metros dos locais de votação.
e) é permitida, desde que a duzentos metros do local de votação.

Comentários

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, tendo em vista o art. 39, § 5º, inciso II. Observe que a
propaganda boca de urna é expressamente apontada como conduta típica na Lei das Eleições.

Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou
fechado, não depende de licença da polícia.

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com
a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de
cinco mil a quinze mil UFIR:

I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;

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II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna;

III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.

32. (FCC/TRE-SE - 2015) Tício abandonou o serviço eleitoral sem justa causa. A conduta de Tício
(A) não é crime, nem sujeita o infrator à multa administrativa.
(B) não é crime, mas sujeita o infrator à multa administrativa.
(C) é crime eleitoral punido com reclusão.
(D) é crime eleitoral punido com detenção ou multa.
(E) é crime eleitoral punido apenas com prestação de serviços à comunidade.

Comentários

Abandonar o serviço eleitoral configura o crime previsto do art. 344, do CE.

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:

Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Com base no que prescreve o dispositivo acima, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

33. (FCC/TRE-AP - 2015) Pedro, candidato a Prefeito Municipal, sabendo que Paulo era simpatizante de
seu adversário no pleito eleitoral, ofereceu-lhe dinheiro para conseguir a sua abstenção, mas a oferta não
foi aceita por Paulo. A conduta de Pedro é
(A) simples irregularidade na campanha eleitoral, passível de multa.
(B) penalmente irrelevante, pois não visava obter o voto do eleitor para si.
(C) crime eleitoral punido com reclusão e multa.
(D) crime eleitoral punido com detenção.
(E) penalmente irrelevante, porque a oferta não foi aceita.

Comentários

A conduta praticada por Pedro constitui o crime eleitoral enquadrado no artigo 299, do CE.

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

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Cabe mencionar, ainda, que a julgado do TSE19, no sentido de que o crime resta qualificado mesmo que a
pessoa não aceite a oferta.

VOTO - OBTENÇÃO OU DAÇÃO - PRÁTICA CRIMINOSA. A teor do disposto no artigo 299 do Código
Eleitoral, pratica crime quem dá, oferece, promete, solicita ou recebe, para si ou para outrem,
dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. Em síntese, o tipo alcança não só aquele
que busca o voto ou a abstenção, mas também o que solicita ou recebe vantagem para a prática
do ato à margem da cidadania.

Portanto, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

34. (FCC/TRE-AP - 2015) José, Governador do Estado, valendo-se de seu cargo e da sua autoridade,
intervém no funcionamento da Mesa Receptora, a pretexto de alterar o processo de votação para torná-
lo mais ágil. A conduta de José é
(A) legítima, porque objetivava agilizar o processo eleitoral.
(B) legítima, tendo em conta o cargo por ele exercido.
(C) mera infração administrativa, sujeita à pena de multa.
(D) crime eleitoral punido com detenção e multa.
(E) legítima, se não houver emprego de violência física ou moral.

Comentários

A questão descreve um efetivo crime eleitoral, previsto no art. 305, do CE.

Art. 305. Intervir autoridade estranha à Mesa Receptora, salvo o Juiz Eleitoral, no seu
funcionamento sob qualquer pretexto:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Assim, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

35. (FCC/TRE-AP - 2015) É punido com pena de detenção o crime eleitoral de


(A) votar ou tentar votar mais de uma vez.
(B) violar ou tentar violar o sigilo do voto.

19
Recurso Especial Eleitoral nº 198, Acórdão de 26/02/2013, Relator(a) Min. MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO,
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 101, Data 31/5/2013, Página 48.

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(C) votar ou tentar votar em lugar de outrem.


(D) violar ou tentar violar o sigilo da urna.
(E) inscrever-se fraudulentamente eleitor.

Comentários

Dentre os crimes citados acima, apenas aquele mencionado na alternativa B é punível com detenção,
conforme art. 312, do CE.

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:

Pena - detenção até dois anos.

As alternativas A e C trazem o crime do art. 309.

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:

Pena - reclusão até três anos.

A alternativa D menciona o crime do art. 317.

Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros.

Pena - reclusão de três a cinco anos.

A alternativa E traz o crime do art. 289.

Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:

Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco a 15 dias-multa.

Assim, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

36. (FCC/TRE-PB - 2015) Segundo o Art. 349 do Código Eleitoral: Falsificar, no todo ou em parte,
documento particular ou alterar documento particular verdadeiro, para fins eleitorais. Pena – reclusão até
5 anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa.
Como o tipo legal não especifica, o mínimo da pena de reclusão que poderá ser imposta será de
(A) 6 meses.
(B) 1 mês.
(C) 1 dia.
(D) 15 dias.
(E) 1 ano.

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Comentários

Para responder à questão devemos conhecer o art. 284, do CE:

Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de quinze
dias para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão.

Logo, a alternativa E é a correta e gabarito da questão.

37. (FCC/TRE-PB - 2015) As infrações penais descritas no Código Eleitoral


(A) são de ação pública.
(B) são sempre punidas com pena de reclusão e multa.
(C) podem ser punidas pelo Juiz Eleitoral, independentemente de denúncia do Ministério Público Eleitoral.
(D) são de ação pública somente quando se tratar de direito disponível.
(E) só podem ser punidas se houver representação do candidato ou do partido prejudicado.

Comentários

Questão tranquila! De acordo com o CE, no art. 355:

Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.

Apenas isso é o suficiente para responder à questão, contudo, cumpre observar que, em aula, trouxemos a
seguinte distinção, plenamente aceita pela doutrina e jurisprudência:

REGRA Ação Penal Pública

AÇÃO PENAL

SE NÃO INTENTADA NO Ação Penal Subsidiária da


PRAZO LEGAL Pública.

Portanto, a alternativa A é a correta e gabarito da questão.

38. (FCC/TRE-PB - 2015) No tocante às Disposições Penais previstas no Código Eleitoral, considere:
I. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral os cidadãos que
temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral.

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II. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos, e capazes de
exercerem influência perante o eleitorado, é conduta tipificada no Código Eleitoral como crime eleitoral,
sujeito seu infrator a pena de detenção de 2 meses a 1 ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.
III. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum, deve o juiz fixá-lo
entre 1/5 e 1/3, guardados os limites da pena cominada ao crime.
Está correto o que se afirma em
(A) I e II, apenas
(B) I e III, apenas.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.

Comentários

Vejamos cada um dos itens.

O item I está correto em razão do que prevê o art. 283, II, do CE:

Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral:

II - Os cidadãos que temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral.

O item II está correto em razão do que prevê o art. 323 do CE:

Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou
candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado: Pena - detenção de dois
meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

O item III está correto em razão do que prevê o art. 285 do CE:

Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o
"quantum", deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena
cominada ao crime.

Portanto, a alternativa E é a correta e gabarito da questão.

39. (FCC/TRE-AM - 2013) NÃO constitui crime eleitoral:


a) reter título eleitoral contra a vontade do eleitor.
b) permitir o Presidente da Mesa Receptora que o eleitor vote sem estar de posse de seu título eleitoral.
c) tentar violar o sigilo do voto.
d) votar em lugar de outrem.

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e) tentar votar mais de uma vez.

Comentários

A alternativa A constitui crime:

Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

A alternativa B não encontra tipificação penal correspondente na legislação penal e, portanto, é o gabarito
da questão.

A alternativa C constitui crime:

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:

Pena – detenção até dois anos.

A alternativa D constitui crime:

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:

Pena – reclusão até três anos.

A alternativa E constitui crime:

Art. 311. Votar em Seção Eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressamente
previstos, e permitir, o Presidente da Mesa Receptora, que o voto seja admitido:

Pena – detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-


multa para o Presidente da Mesa.

40. (FCC/TRE-PR - 2012) A respeito dos crimes eleitorais, considere:


I. Abandonar o serviço eleitoral, mesmo por justa causa.
II. Oferecer dinheiro para conseguir abstenção, ainda que a oferta não seja aceita.
III. Usar de grave ameaça para coagir alguém a votar em determinado partido, ainda que os fins visados não
sejam conseguidos.
IV. Intervir o Juiz Eleitoral no funcionamento da Mesa Receptora.
Constituem crimes eleitorais as condutas descritas APENAS em
a) I e IV.
b) II e III.

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c) II e IV.
d) III e IV.
e) I, II e III.

Comentários

Vejamos cada um dos itens.

O item I está incorreto. Ao invés de “mesmo sem justa causa”, exige-se para a configuração do crime a justa
causa. Vejamos o art. 344, do CE:

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:

Pena – detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

O item II está correto, pois coadunam com o art. 299, do CE:

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

O item III está correto, pois conforme o art. 301 do CE:

Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em
determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:

Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

O item IV está incorreto, pois o tipo excetua o Juiz Eleitoral. Notem a redação do art. 305, do CE:

Art. 305. Intervir autoridade estranha à Mesa Receptora, salvo o Juiz Eleitoral, no seu
funcionamento sob qualquer pretexto:

Pena – detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Logo, a alternativa B é a correta e gabarito da questão.

41. (FCC/TRE-PE - 2011) NÃO constitui crime eleitoral:


a) fornecer qualquer candidato transporte aos eleitores da zona urbana no dia da eleição.
b) fornecer o particular refeições a eleitores da zona rural no dia da eleição.
c) desatender à requisição de veículos e embarcações particulares pela Justiça Eleitoral, para o transporte
gratuito de eleitores em zonas rurais, em dias de eleição, nos casos previstos em lei.

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d) fornecer qualquer pessoa refeições aos eleitores da zona urbana no dia da eleição.
e) deixar o eleitor de votar e não se justificar perante o Juiz Eleitoral até sessenta dias após a realização da
eleição.

Comentários

Essa questão envolve o art. 11, da Lei nº 6.091/1974:

Art. 11- Constitui crime eleitoral:

I- descumprir, o responsável por órgão, repartição ou unidade do serviço público, o dever


imposto no Art. 3 (informar a frota de veículos à JE), ou prestar informação inexata que vise a
elidir, total ou parcialmente, a contribuição de que ele trata:

II - desatender à requisição de que trata o Art. 2 (disponibilização de veículos solicitados pela JE):

III- descumprir a proibição dos artigos 5, 8 e 10 (fornecimento de transportes e/ou refeições a


eleitores):

IV- obstar, por qualquer forma, a prestação dos serviços previstos nos artigos 4 (publicação do
quadro de horários dos transportes fornecidos pela JE) e 8 desta Lei, atribuídos à Justiça Eleitoral:

V- utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos 90 (noventa) dias que antecedem o pleito,
veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Territórios, Municípios e respectivas
autarquias e sociedades de economia mista:

Logo, a alternativa E não consta dos incisos e é o gabarito da questão. Todas as demais alternativas constam
no rol de crimes da Lei nº 6.091/1974.

42. (FCC/TRE-AP - 2015) NÃO é crime eleitoral


a) impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio.
b) prender eleitor em flagrante delito no dia da eleição.
c) reter título eleitoral contra a vontade do eleitor.
d) fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira.
e) inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado.

Comentários

Vejamos cada uma das alternativas.

A alternativa A está incorreta, pois a conduta constitui o crime previsto no art. 297, do CE:

Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:

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Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

A alternativa B é a correta e gabarito da questão, pois “prender eleitor em flagrante delito no dia da eleição”
não é um crime eleitoral. Devemos lembrar que a prisão entre os 5 dias que antecedem o pleito e 48 horas
após deve observar o art. 236 caput e §1º, do CE:

Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas
depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito
ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por
desrespeito a salvo-conduto.

§ 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas


funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia
gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição.

A alternativa C está incorreta, pois a conduta constitui o crime previsto no art. 295 do CE:

Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:

Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

A alternativa D está incorreta, pois a conduta constitui o crime previsto no art. 335 do CE:

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:

Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Finalmente, a alternativa E está, também, incorreta, em razão do que prevê o art. 331 do CE:

Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado:

Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

43. (FCC/TRE-AL - 2010) Dentre os crimes a seguir relacionados, previstos no Código Eleitoral, o que
prevê pena máxima privativa de liberdade mais grave é aquele em que
a) o juiz efetua fraudulentamente a inscrição de alistando.
b) há uso de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato
ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos.
c) oferece-se dinheiro ou qualquer outra vantagem para obter voto, ainda que a oferta não seja aceita.
d) impede-se ou embaraça-se o exercício do sufrágio.
e) induz-se alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo do Código Eleitoral.

Comentários

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 Alternativa A:

Art. 291. Efetuar o Juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando:

Pena – reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

 Alternativa B:

Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em
determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

 Alternativa C:

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva,
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

 Alternativa D:

Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:

Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

 Alternativa E:

Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste Código.

Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

Logo, a alternativa A é a correta e o gabarito da questão.

44. (FCC/TRE-GO - 2011) Julgue o item a seguir.


De acordo com a Lei no 6.091/74, utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos noventa dias que
antecedem o pleito, veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Municípios e respectivas
autarquias e sociedades de economia mista, acarreta o cancelamento do registro do candidato ou de seu
diploma, se já houver sido proclamado eleito.

Comentários

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A assertiva está correta. De acordo com o art. 11, V, da Lei n.º 6.091/74, que fixa regras para o fornecimento
gratuito de transporte, em dias de eleição, a situação descrita constitui crime, cuja pena é o cancelamento
do registro do candidato ou de seu diploma, se já eleito. Vejamos o dispositivo:

Art. 11. Constitui crime eleitoral:

V - utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos 90 (noventa) dias que antecedem o pleito,
veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Territórios, Municípios e respectivas
autarquias e sociedades de economia mista:

Pena - cancelamento do registro do candidato ou de seu diploma, se já houver sido proclamado


eleito.

45. (FCC/TRE-RO - 2013) Gilson, candidato a Prefeito Municipal, chamou seu adversário Lindomar de
ladrão de casaca, sem indicar fatos que justifiquem essa ofensa. Nesse caso, Gilson responderá pelo crime
eleitoral de
a) injúria.
b) divulgação de calúnia.
c) divulgação de fato inverídico.
d) calúnia.
e) difamação.

Comentários

Nesse caso, Gilson responderá pelo crime eleitoral de injúria. Trata-se do crime previsto no art. 326, do
Código Eleitoral.

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-
lhe a dignidade ou o decoro:

Pena – detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

§ 1º O Juiz pode deixar de aplicar a pena:

I – se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio empregado,
se considerem aviltantes:

Pena – detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas
correspondentes à violência prevista no Código Penal.

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Portanto, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

LISTA DE QUESTÕES
MAGISTRATURA

1. (FGV/TJ-AP - 2022) Crimes eleitorais podem ser definidos como ilícitos penais que maculam o
processo democrático de alternância no poder, a liberdade do voto secreto e a própria cidadania. Condutas
vedadas constituem ilícitos civil-eleitorais que se caracterizam por situações que podem denotar o uso
abusivo de poder político ou de autoridade com finalidade eleitoral.
Com base no exposto, é correto afirmar que:
A) para a caracterização do crime eleitoral, basta o resultado naturalístico da conduta, independentemente
da produção de dano ou perigo de dano à ordem jurídica eleitoral;
B) as condutas vedadas têm como destinatários agentes públicos e se submetem aos princípios da tipicidade
e da legalidade estrita;
C) o crime de uso de símbolos governamentais se consuma com o uso na propaganda de símbolos nacionais,
estaduais ou municipais;
D) a caracterização da prática de conduta vedada de divulgação de propaganda institucional no período não
permitido pela Justiça Eleitoral exige a demonstração do caráter eleitoreiro da publicidade;
E) não se admite a apuração concomitante de prática de abuso de poder político e econômico e de prática
de conduta vedada através de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE).
2. (VUNESP/TJ-SP - 2021) Ao ingressar em um local de votação e tentar votar em nome de outra
pessoa, o agente é impedido pelo mesário em serviço e, em razão disso, contra ele, efetua disparos com
arma de fogo, dando causa à sua morte. Considerando que o artigo 78 do CPP, ao estabelecer regras de
competência, prevê, em seu inciso IV, que, “no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
esta”, e diante da ocorrência conjunta de um crime eleitoral e um crime doloso contra a vida, é correto
afirmar que,
A) atingindo bens tutelados de forma diferenciada, não se vê a conexão necessária à manutenção da
unicidade do processo.
B) ocorrendo crime eleitoral conexo com crime doloso contra a vida, o julgamento deverá ser cindido,
cabendo a cada tribunal julgar o crime de sua competência.
C) nos termos da lei processual, deve prevalecer a unicidade do processo, competindo o julgamento à Justiça
Eleitoral.
D) ante a ocorrência de crime mais grave, afrontoso à tutela do bem maior, a vida, deve prevalecer a
unicidade do processo, competindo o julgamento ao Tribunal do Júri.
3. (FCC/TJ-PE - 2015) É tipo penal eleitoral cuja pena cominada restringe-se à pena privativa de
liberdade, sem cominação de multa:
a) efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob
impugnação.

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b) subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos.


c) alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato ou lançar nesses
documentos votação que não corresponda às cédulas apuradas.
d) não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos devidamente formulados
ou deixar de remetê-los à instância superior.
e) violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros.
4. (FCC/TJ-MS - 2010) Considere as afirmações abaixo.
I. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem.
II. Violar ou tentar violar o sigilo do voto.
III. Deixar o juiz de representar contra o órgão do Ministério Público que não oferecer a denúncia no prazo
legal, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.
IV. Violar a proibição de utilizar o serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia,
fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo poder público,
ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências, para beneficiar partido
ou organização de caráter político.
São crimes eleitorais aqueles constantes das afirmações
a) I, II, III e IV.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) II e IV, apenas.
5. (CESPE/TJBA - 2019) A respeito dos crimes eleitorais e do processo penal eleitoral, julgue os itens a
seguir.
I – No crime de calúnia eleitoral, a prova da verdade do fato é admitida ainda que, sendo o fato imputado
objeto de ação penal privada, o ofendido tenha sido condenado por sentença recorrível.
II – A transação penal e a suspensão condicional do processo não são admitidas no processo penal eleitoral.
III – Constitui crime a contratação, direta ou indireta, de grupo de pessoas com a finalidade de emitir
mensagens ou comentários na Internet para ofender a honra de candidato, partido ou coligação.
IV – De acordo com o Código Eleitoral, os TREs e o TSE possuem competência para julgar habeas corpus,
quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a
impetração.
Assinale a opção correta.
a) Estão certos apenas os itens I e II.
b) Estão certos apenas os itens I e IV.
c) Estão certos apenas os itens II e III.
d) Estão certos apenas os itens III e IV.

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e) Todos os itens estão certos.


6. (CESPE/TJ-DF - 2014) Assinale a opção correta no que diz respeito a crimes eleitorais.
a) É da justiça eleitoral a competência para o julgamento de crime comum conexo a crime eleitoral.
b) O foro especial por prerrogativa da função aplica-se a ex- prefeito acusado da prática de crime eleitoral.
c) Aplicam-se aos crimes eleitorais praticados por meio da imprensa, do rádio ou da televisão a disciplina do
CP e das leis penais extravagantes.
d) Para a tipificação do crime de corrupção eleitoral, exige-se que o eleitor venda seu voto.
e) Para a tipificação da captação ilícita de sufrágio, nome técnico da compra de voto, exige-se que a oferta
do bem ao eleitor seja feita diretamente pelo candidato.
7. (VUNESP/TJ-RJ - 2016) Considere a seguinte situação hipotética. Candidato a Deputado Estadual do
Rio de Janeiro, Joaquim está fazendo sua campanha nas ruas da Capital e para diante de uma casa em
obras, para abordar a pessoa que está lá trabalhando, para falar de suas propostas e pedir seu voto.
Antônio, o proprietário do imóvel, que lá está trabalhando, diz para Joaquim que votaria nele, caso ele lhe
fornecesse 5 (cinco) sacos de cimento. No dia seguinte, preposto de Joaquim entrega os sacos de cimento
solicitados, sendo os fatos presenciados por vizinho de Antônio, que comunica o ocorrido ao juízo eleitoral,
o que acarreta a instauração de inquérito. No curso do inquérito, apura-se que Antônio possui condenação
criminal transitada em julgado e atualmente encontra-se em período de prova de sursis.
A respeito de tais fatos, é correto afirmar que
a) o tipo penal previsto no Código Eleitoral, conhecido como corrupção eleitoral, prevê como condutas típicas
prometer ou oferecer, para outrem, dinheiro ou qualquer outra vantagem para obter voto, sendo, portanto,
atípica a conduta de Joaquim, que apenas entregou o que foi solicitado por Antônio.
b) Joaquim e Antônio cometeram o crime de corrupção eleitoral, que para sua tipificação necessita que
estejam presentes as modalidades ativa e passiva, ou seja, de que haja oferta e a correspondente aceitação
de vantagem econômica, com bilateralidade.
c) o fato não pode ser considerado crime, pois a entrega foi realizada por pessoa outra que não Joaquim, o
candidato, sendo que a corrupção ativa eleitoral não pode ser praticada por qualquer pessoa, ou seja, a
conduta de entrega da vantagem não pode ser praticada por uma pessoa que possui interesses em ver um
candidato ser eleito.
d) a conduta de Joaquim configura ilícito penal, pois a corrupção eleitoral ativa independe da corrupção
eleitoral passiva, bastando para a caracterização do crime a conduta típica de dar vantagem,
independentemente até mesmo da aceitação da vantagem pelo sujeito passivo, no caso, Antônio.
e) se exige, para a configuração do ilícito penal, que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta a votar e
como Antônio está com os direitos políticos suspensos, em razão de condenação criminal transitada em
julgado, não havendo que se falar em violação à liberdade do voto, motivo pelo qual a conduta de Joaquim
é atípica.
8. (CONSULPLAN/TJ-MG - 2018) Sobre os crimes eleitorais, assinale a alternativa INCORRETA.
a) O crime de inscrição fraudulenta de eleitor não comporta cometimento por coautoria.
b) O erro de tipo, uma vez configurado, acarreta sempre a atipicidade da conduta imputada.
c) O pedido explícito de voto é requisito para a configuração do crime de corrupção eleitoral ativa.

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d) O crime de falsidade ideológica eleitoral pode ser cometido mediante inserção de informação falsa em
prestação de contas de campanha ou omissão de informação que dela deveria constar.
9. (CONSULPLAN/TJ-MG - 2018) Avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
I. “Para efeitos penais do Código Eleitoral, não são membros nem funcionários da Justiça Eleitoral aqueles
por esta requisitados.”
PORQUE
II. “O julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhe foram conexos, assim como nos recursos e na
execução que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei supletiva ou subsidiária, o Código de Processo
Penal.”
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
A) A segunda afirmativa é falsa e a primeira verdadeira.
B) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
C) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
D) As duas afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.

PROMOTOR

10. (CESPE/CEBRASPE/MPE-TO - 2022) Considerando o disposto na Lei nº 14.192/2021 sobre crimes


eleitorais, julgue os itens a seguir.
I As penas por caluniar, difamar ou injuriar alguém na propaganda eleitoral aumentam de um terço à metade
se qualquer desses crimes é cometido com menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
II Para os fins da caracterização do crime de assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por
qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, considera-se, além do
menosprezo ou da discriminação à sua condição de mulher, o menosprezo ou a discriminação à sua cor, sua
raça ou sua etnia.
III Considera-se causa de aumento de pena para os crimes definidos na referida lei o fato de o crime ser
cometido contra gestante, idosa ou mulher com deficiência.
Assinale a opção correta.
A) Apenas o item I está certo.
B) Apenas o item II está certo.
C) Apenas os itens I e III estão certos.
D) Apenas os itens II e III estão certos.
E) Todos os itens estão certos.
11. (MPE-PR/MPE-PR - 2021) Sobre normas eleitorais e procedimentos e processos de natureza
eleitoral, assinale a alternativa incorreta:

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A) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação de impugnação de mandato eletivo, ação de
impugnação de registro de candidatura, recurso contra expedição de diploma e ação de investigação judicial
eleitoral.
B) De acordo com a Lei Complementar 064/90 (Lei de Inelegibilidades), os que forem condenados, em
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso
do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, por crimes culposos, por crimes definidos na Lei
9.099/95 como de menor potencial ofensivo e por crimes de ação penal privada, não sofrem restrições à
elegibilidade.
C) No dia das eleições, constitui crime, por exemplo, a propaganda de boca de urna, e constituem infrações
administrativas, por exemplo, o uso de alto-falantes e amplificadores de som.
D) A Lei 9.504/97 (Lei das Eleições), veda totalmente a propaganda eleitoral mediante outdoors e a utilização
de showmício e de eventos assemelhados para promoção de candidatos.
E) As arguições de inelegibilidade de candidatos aos cargos de Deputado Estadual, Deputado Federal,
Governador de Estado e Senador, por exemplo, devem ser feitas perante os Tribunais Regionais Eleitorais.
12. (MPE-PR/MPE-PR - 2021) Sobre crimes eleitorais, assinale a alternativa correta:
A) O crime de falsificação de documento público, para fins eleitorais (Código Eleitoral, art. 348), é de ação
penal pública incondicionada, mas o crime de difamação de funcionário público no exercício de suas funções,
na propaganda eleitoral (Código Eleitoral, art. 325), é de ação penal pública condicionada à representação.
B) Os crimes eleitorais, em sua maioria, estão previstos no Código Eleitoral (Lei 4.737/65), havendo previsão
de outros crimes eleitorais em legislação especial, como a Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) e a Lei
Complementar 064/90 (Lei de Inelegibilidades).
C) Os crimes eleitorais, por sua natureza, não admitem os institutos despenalizadores da transação penal e
da suspensão condicional do processo, previstos na Lei 9.099/95, e não admitem proposta de acordo de não
persecução penal, previsto no art. 28-A do Código de Processo Penal.
D) Dentre os crimes eleitorais previstos no Código Eleitoral (Lei 4.737/65), há modalidades de tipos dolosos
de ação, de tipos dolosos de omissão de ação e de tipos culposos.
E) No Código Eleitoral (Lei 4.737/65), dentre outros crimes, há previsão de crimes praticados exclusivamente
por servidores da Justiça Eleitoral e de crimes praticados exclusivamente por membros do Ministério Público,
não havendo, entretanto, previsão de crimes praticados exclusivamente por Magistrados.
13. (FMP/MPE-AM - 2015) Em relação à infração de captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei nº
9.504/97), é correto afirmar que
a) a representação pela prática da conduta pode ser proposta antes do pedido de registro da candidatura.
b) a representação só pode ser proposta após o pedido de registro da candidatura, mas referir-se a fatos
praticados antes do pedido de registro.
c) a representação pode buscar a cassação do registro, mas não do diploma, uma vez que para este há o
Recurso Contra a Expedição de Diploma.
d) para sua caracterização é necessário que haja pedido explícito de votos e que a conduta seja levada a
efeito pelo próprio candidato.

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e) como tutela à liberdade de voto, à vontade do eleitor, não se exige, para sua configuração, que o fato
imputado cause desequilíbrio nas eleições.
14. (FCC/MPE-AP - 2012) A respeito dos crimes eleitorais, considere as afirmações abaixo.
I. Constitui crime eleitoral oferecer dinheiro a eleitor para abster-se de votar, mesmo que a oferta não seja
aceita.
II. O crime de injúria na propaganda eleitoral admite a exceção da verdade se o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
III. Constitui crime eleitoral fazer propaganda pela imprensa escrita em língua estrangeira.
IV. Constitui crime eleitoral, deixar o órgão do Ministério Público de promover a execução de sentença
condenatória.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II.
b) I e II.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.
15. (CESPE/MPE-AC - 2014) Diva, prefeita candidata à reeleição, foi denunciada por ter difamado e
injuriado Helen, candidata opositora, durante a propaganda eleitoral gratuita veiculada na mídia, tendo-
lhe imputado fato ofensivo à sua reputação de servidora pública.
Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz das disposições constitucionais e da
legislação eleitoral.
a) O juiz pode deixar de aplicar pena caso Helen, de forma reprovável, tenha provocado diretamente os
crimes, assim como no caso de retorsão imediata que consista em outros crimes da mesma espécie.
b) Se o promotor de justiça eleitoral promover o arquivamento, o juiz poderá encaminhar os autos ao
procurador regional eleitoral, que deverá designar outro promotor para oferecer a denúncia.
c) Se a denúncia for recebida por juiz eleitoral, Diva poderá invocar, em seu favor, como matéria de defesa,
a incompetência do juízo, tese que tem sido acolhida pela justiça eleitoral, ao fundamento de que crime
cometido por prefeito deve ser julgado pelo tribunal de justiça.
d) A exceção da verdade é admitida para ambos os fatos, na medida em que Helen é servidora pública e a
ofensa foi relativa ao exercício das funções de agente público.
e) Verificadas as infrações penais, o MP tem prazo de dez dias para oferecer denúncia, independentemente
de representação, uma vez que os crimes eleitorais são de ação pública.
16. (CESPE/MPE-PI - 2012) No que diz respeito aos crimes e ao processo penal eleitoral, assinale a
opção correta.
a) Incide em crime o candidato que recusa obediência a determinação judicial de observância às regras de
propaganda eleitoral, ainda que dirigida exclusivamente a partidos e coligações.

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b) No âmbito da justiça eleitoral, cabe ação penal privada subsidiária, mas é inadmissível ação penal pública
condicionada à representação do ofendido, em razão do interesse público ínsito à matéria eleitoral.
c) O não comparecimento de mesário no dia da votação configura o crime, previsto no Código Eleitoral, de
recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa.
d) Aquele que apenas auxilia terceiro a se alistar fraudulentamente, ainda que se aproveitando da
ingenuidade ou da ignorância deste, não comete o crime, previsto no Código Eleitoral, de induzir alguém a
se inscrever como eleitor.
e) Para a tipificação do crime de divulgar, na propaganda eleitoral, fatos sabidamente inverídicos em relação
a candidato e capazes de influenciar o eleitorado, não há necessidade de os textos imputados como
inverídicos serem frutos de matéria paga.
17. (CESPE/MPE-RR - 2017) O crime eleitoral
a) é de ação penal pública incondicionada, cabendo ação penal privada subsidiária da pública no caso de
inércia do MP.
b) caracteriza-se como crime de responsabilidade ou crime comum, conforme o autor da infração esteja ou
não exercendo mandato eletivo.
c) pode dar causa a persecução penal contra pessoa jurídica.
d) praticado por juiz de TRE será julgado originariamente pelo TSE.
18. (CEFETBAHIA/MPE-BA - 2018) Os crimes contra a honra, previstos no Código Eleitoral (Lei nº
4.737/65), com a característica da especialidade, afastando a incidência da lei penal comum,
a) podem ser praticados em qualquer das fases do processo eleitoral.
b) têm sujeito passivo especial, isto é, apenas quem seja candidato a cargo eletivo, a partir do registro da
candidatura.
c) dependem do oferecimento de queixa crime, ou de representação, sujeitando a ação penal sempre à
iniciativa da vítima.
d) são sempre de ação penal pública, incondicionada, por iniciativa exclusiva do Ministério Público Eleitoral.
e) não comportam a exceção da verdade do fato imputado, diferentemente do que sucede na previsão da
lei penal comum.
19. (CEFETBAHIA/MPE-BA - 2018) O crime de corrupção eleitoral, tipificado no art. 299 do Código
Eleitoral (diferente dos crimes de corrupção previstos nos arts. 317 e 333 do Código Penal),
a) somente contempla a chamada corrupção ativa, por parte de quem deseja alcançar a vantagem eleitoral.
b) abrange, a um só tempo, mas com pena diferenciada entre uma e outra, tanto a corrupção ativa quanto
a corrupção passiva.
c) exige sempre sujeito ativo especial, seja a corrupção ativa ou passiva.
d) contém pena idêntica, na estrutura única do tipo, para as formas ativa e passiva de corrupção eleitoral.
e) é tipo penal que exige apenas o dolo genérico, pois a execução da conduta não se vincula a um fim especial
de agir.
20. (MPE-PR/MPE-PR - 2016) Assinale a alternativa correta:

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a) O não comparecimento de mesário no dia da votação, desprovido de prévia justificativa, não configura o
crime previsto no art. 344 do Código Eleitoral - “Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa.
Pena: detenção de até dois meses ou o pagamento de 90 a 120 dias-multa”;
b) No dia da eleição, o eleitor que comparece, sozinho, ao local de votação usando broche com a inscrição
de nome e número de candidato incide no crime previsto no artigo 39, § 5º, inciso III, da Lei n. 9504/1997 -
“Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de
prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:
(…) III – a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.”;
c) Todos os crimes eleitorais procedem-se mediante ação penal pública, exceto os crimes de calúnia, 6
difamação e injúria na propaganda eleitoral, previstos nos artigos 324, 325 e 326, respectivamente, do
Código Eleitoral;
d) O crime previsto no artigo 299 do Código Eleitoral - “Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si
ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de
cinco a quinze dias-multa.” - é considerado pela doutrina como crime de mão própria;
e) Se o autor da conduta típica descrita no artigo 299 do Código Eleitoral - “Dar, oferecer, prometer, solicitar
ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e
para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. Pena – reclusão até quatro anos
e pagamento de cinco a quinze dias-multa.” for candidato, não responderá criminalmente, mas apenas pela
captação ilícita de sufrágio, prevista no art. 41-A da Lei n. 9.504/97, que pode conduzir à cassação do registro
ou diploma do candidato e aplicação de multa.
21. (FMP Concursos/MPE-AM - 2015) Considere as seguintes alternativas sobre crimes eleitorais:
I – É incabível ação penal privada subsidiária no âmbito da Justiça Eleitoral.
II – Prefeito Municipal acusado da prática de crime eleitoral é julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
III – A contratação e o fornecimento de transporte para comparecimento em comício configura o crime de
transporte irregular de eleitores previsto na Lei nº 6.091/74.
IV – O crime de corrupção eleitoral (art. 299 do Cód. Eleitoral), na sua modalidade ativa, pode ser praticado
por pessoa que não seja candidato.
Quais das assertivas acima estão corretas?
a) Apenas a I e II.
b) Apenas a II e III.
c) Apenas a II e IV.
d) Apenas a I, III e IV.
e) Apenas a II, III e IV.
22. (MPE-SC - 2016) Julgue:
O Código Eleitoral prevê como crime a conduta de caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins
de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. A exceção da verdade, nestes casos,
somente se admite se o ofendido é funcionário público e o fato imputado é relativo ao exercício de suas
funções.

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23. (MPE-SC - 2013) ANALISE CADA UM DOS ENUNCIADOS DAS QUESTÕES ABAIXO E ASSINALE
“CERTO" (C) OU "ERRADA" (E)
No crime eleitoral de injúria (art. 326 do Código Eleitoral), a retorsão imediata do ofendido à agressão verbal
do ofensor, caracterizadora de outra injúria, é hipótese de perdão judicial.

DELEGADO

24. (CESPE/PC-GO - 2016) Em determinada eleição municipal,


• Luciano tentou votar mais de uma vez;
• ao fazer propaganda eleitoral, Márcio injuriou Carmem, ofendendo-lhe a dignidade;
• Tatiane tentou violar o sigilo de uma urna.
Nessas situações hipotéticas, à luz da Lei n.º 4.737/1965,
a) Tatiane poderá ter a pena reduzida em razão da tentativa.
b) Márcio, necessariamente, terá a pena aplicada pelo juiz, ainda que tenha agido em caso de retorsão
imediata que consista em outra injúria.
c) Luciano, Márcio e Tatiane responderão por crime de ação pública.
d) Márcio responderá por crime de ação privada.
e) Luciano poderá ter a pena reduzida em razão da tentativa.
25. (VUNESP/PC-BA - 2018) A respeito das disposições penais do Código Eleitoral, assinale a alternativa
correta.
A) Constitui crime dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou
qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, desde que a
oferta seja aceita.
B) Constitui crime rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega desta ao
eleitor.
C) Constitui crime diminuir os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais como
transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral.
D) Constitui crime observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar.
E) Constitui contravenção penal perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento.
26. (VUNESP/PC-SP - 2018) Considere o seguinte caso hipotético: “X”, administrador financeiro da
campanha de “Y” à Prefeitura Municipal, apropria-se de recursos ou valores destinados ao financiamento
eleitoral, em proveito próprio.
É correto afirmar que “X”
A) não cometeu crime eleitoral, pois sua conduta tipifica crime previsto no Código Penal.
B) cometeu um crime eleitoral apenado com reclusão e de ação penal pública.
C) não cometeu qualquer crime, pois exerce a função de administrador financeiro, cabendo apenas
responsabilidade civil.

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D) cometeu um crime eleitoral apenado com detenção e de ação penal pública.


E) cometeu um crime eleitoral apenado com detenção e de ação penal privada.
27. (UEG/PC-GO - 2018) Os crimes eleitorais cometidos por juízes eleitorais serão processados e
julgados
a) por juiz eleitoral de outra zona eleitoral.
b) pelo Tribunal Superior Eleitoral, após instrução realizada pela Corregedoria Regional Eleitoral à qual esteja
vinculado o magistrado processado.
c) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado em que o magistrado processado exerce a sua jurisdição.
d) pelo Tribunal de Justiça, se o juiz eleitoral processado for Juiz de Direito, e pelo Tribunal Regional Federal,
se o juiz eleitoral processado for Juiz Federal.
e) pelo Conselho Nacional de Justiça, cabendo recurso ao Supremo Tribunal Federal.
28. (ACAFE/PC-SC - 2014) São considerados crimes eleitorais, dentre outros, exceto:
a) Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais como transporte e
alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral.
b) Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado
candidato ou partido.
c) Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento.
d) Usar camisas, bonés, broches ou dísticos que revelem a manifestação da preferência do eleitor por partido
político, coligação ou candidato.
e) Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira.

QUESTÕES CONCURSOS

29. (FCC/CLDF - 2018) Na propaganda gratuita na televisão, um candidato a deputado distrital difamou
um jornalista, que não é candidato a nenhum cargo, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Foi
deferido o direito de resposta. Nesse caso,
(A) o autor da ofensa pode opor a exceção da verdade.
(B) o deferimento do direito de resposta excluiu a ocorrência do delito de difamação.
(C) o fato constitui crime eleitoral punido com detenção e multa.
(D) somente se procede mediante queixa, por tratar-se de crime de ação exclusivamente privada.
(E) não há crime eleitoral, porque a ofensa foi praticada contra pessoa que não é candidato.
30. (FCC/TRE-SP - 2017) Sobre os crimes eleitorais, é correto afirmar que o
a) crime de recusar ou abandonar serviço eleitoral exige a comprovação do prejuízo concreto causado aos
serviços eleitorais e dolo de causar este prejuízo.
b) crime de violação de sigilo do voto somente pode ser praticado por funcionário da Justiça Eleitoral.
c) crime de retardar a publicação de atos da Justiça Eleitoral comporta a figura culposa.

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d) desatendimento, por particular, de requisição de veículos para transporte de eleitores da zona rural
mesmo quando inexistam veículos de aluguel para requisição, constitui infração eleitoral, sem a tipificação
criminal.
e) crime de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio configura-se mesmo quando não haja prejuízo ao
eleitor impedido de votar.
31. (FCC/Câmara Municipal de São Paulo-SP - 2014) No dia da eleição, a propaganda de boca de urna
a) só é proibida se realizada por grupo de pessoas.
b) é proibida e constitui crime, de acordo com a legislação em vigor.
c) só é proibida se realizada de forma acintosa e inconveniente
d) é permitida, desde que a cem metros dos locais de votação.
e) é permitida, desde que a duzentos metros do local de votação.
32. (FCC/TRE-SE - 2015) Tício abandonou o serviço eleitoral sem justa causa. A conduta de Tício
(A) não é crime, nem sujeita o infrator à multa administrativa.
(B) não é crime, mas sujeita o infrator à multa administrativa.
(C) é crime eleitoral punido com reclusão.
(D) é crime eleitoral punido com detenção ou multa.
(E) é crime eleitoral punido apenas com prestação de serviços à comunidade.
33. (FCC/TRE-AP - 2015) Pedro, candidato a Prefeito Municipal, sabendo que Paulo era simpatizante
de seu adversário no pleito eleitoral, ofereceu-lhe dinheiro para conseguir a sua abstenção, mas a oferta
não foi aceita por Paulo. A conduta de Pedro é
(A) simples irregularidade na campanha eleitoral, passível de multa.
(B) penalmente irrelevante, pois não visava obter o voto do eleitor para si.
(C) crime eleitoral punido com reclusão e multa.
(D) crime eleitoral punido com detenção.
(E) penalmente irrelevante, porque a oferta não foi aceita.
34. (FCC/TRE-AP - 2015) José, Governador do Estado, valendo-se de seu cargo e da sua autoridade,
intervém no funcionamento da Mesa Receptora, a pretexto de alterar o processo de votação para torná-
lo mais ágil. A conduta de José é
(A) legítima, porque objetivava agilizar o processo eleitoral.
(B) legítima, tendo em conta o cargo por ele exercido.
(C) mera infração administrativa, sujeita à pena de multa.
(D) crime eleitoral punido com detenção e multa.
(E) legítima, se não houver emprego de violência física ou moral.
35. (FCC/TRE-AP - 2015) É punido com pena de detenção o crime eleitoral de
(A) votar ou tentar votar mais de uma vez.

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(B) violar ou tentar violar o sigilo do voto.


(C) votar ou tentar votar em lugar de outrem.
(D) violar ou tentar violar o sigilo da urna.
(E) inscrever-se fraudulentamente eleitor.
36. (FCC/TRE-PB - 2015) Segundo o Art. 349 do Código Eleitoral: Falsificar, no todo ou em parte,
documento particular ou alterar documento particular verdadeiro, para fins eleitorais. Pena – reclusão até
5 anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa.
Como o tipo legal não especifica, o mínimo da pena de reclusão que poderá ser imposta será de
(A) 6 meses.
(B) 1 mês.
(C) 1 dia.
(D) 15 dias.
(E) 1 ano.
37. (FCC/TRE-PB - 2015) As infrações penais descritas no Código Eleitoral
(A) são de ação pública.
(B) são sempre punidas com pena de reclusão e multa.
(C) podem ser punidas pelo Juiz Eleitoral, independentemente de denúncia do Ministério Público Eleitoral.
(D) são de ação pública somente quando se tratar de direito disponível.
(E) só podem ser punidas se houver representação do candidato ou do partido prejudicado.
38. (FCC/TRE-PB - 2015) No tocante às Disposições Penais previstas no Código Eleitoral, considere:
I. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral os cidadãos que
temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral.
II. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos, e capazes de
exercerem influência perante o eleitorado, é conduta tipificada no Código Eleitoral como crime eleitoral,
sujeito seu infrator a pena de detenção de 2 meses a 1 ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.
III. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum, deve o juiz fixá-lo
entre 1/5 e 1/3, guardados os limites da pena cominada ao crime.
Está correto o que se afirma em
(A) I e II, apenas
(B) I e III, apenas.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
39. (FCC/TRE-AM - 2013) NÃO constitui crime eleitoral:

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a) reter título eleitoral contra a vontade do eleitor.


b) permitir o Presidente da Mesa Receptora que o eleitor vote sem estar de posse de seu título eleitoral.
c) tentar violar o sigilo do voto.
d) votar em lugar de outrem.
e) tentar votar mais de uma vez.
40. (FCC/TRE-PR - 2012) A respeito dos crimes eleitorais, considere:
I. Abandonar o serviço eleitoral, mesmo por justa causa.
II. Oferecer dinheiro para conseguir abstenção, ainda que a oferta não seja aceita.
III. Usar de grave ameaça para coagir alguém a votar em determinado partido, ainda que os fins visados não
sejam conseguidos.
IV. Intervir o Juiz Eleitoral no funcionamento da Mesa Receptora.
Constituem crimes eleitorais as condutas descritas APENAS em
a) I e IV.
b) II e III.
c) II e IV.
d) III e IV.
e) I, II e III.
41. (FCC/TRE-PE - 2011) NÃO constitui crime eleitoral:
a) fornecer qualquer candidato transporte aos eleitores da zona urbana no dia da eleição.
b) fornecer o particular refeições a eleitores da zona rural no dia da eleição.
c) desatender à requisição de veículos e embarcações particulares pela Justiça Eleitoral, para o transporte
gratuito de eleitores em zonas rurais, em dias de eleição, nos casos previstos em lei.
d) fornecer qualquer pessoa refeições aos eleitores da zona urbana no dia da eleição.
e) deixar o eleitor de votar e não se justificar perante o Juiz Eleitoral até sessenta dias após a realização da
eleição.
42. (FCC/TRE-AP - 2015) NÃO é crime eleitoral
a) impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio.
b) prender eleitor em flagrante delito no dia da eleição.
c) reter título eleitoral contra a vontade do eleitor.
d) fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira.
e) inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado.
43. (FCC/TRE-AL - 2010) Dentre os crimes a seguir relacionados, previstos no Código Eleitoral, o que
prevê pena máxima privativa de liberdade mais grave é aquele em que
a) o juiz efetua fraudulentamente a inscrição de alistando.

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b) há uso de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato
ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos.
c) oferece-se dinheiro ou qualquer outra vantagem para obter voto, ainda que a oferta não seja aceita.
d) impede-se ou embaraça-se o exercício do sufrágio.
e) induz-se alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo do Código Eleitoral.
44. (FCC/TRE-GO - 2011) Julgue o item a seguir.
De acordo com a Lei no 6.091/74, utilizar em campanha eleitoral, no decurso dos noventa dias que
antecedem o pleito, veículos e embarcações pertencentes à União, Estados, Municípios e respectivas
autarquias e sociedades de economia mista, acarreta o cancelamento do registro do candidato ou de seu
diploma, se já houver sido proclamado eleito.
45. (FCC/TRE-RO - 2013) Gilson, candidato a Prefeito Municipal, chamou seu adversário Lindomar de
ladrão de casaca, sem indicar fatos que justifiquem essa ofensa. Nesse caso, Gilson responderá pelo crime
eleitoral de
a) injúria.
b) divulgação de calúnia.
c) divulgação de fato inverídico.
d) calúnia.
e) difamação.

GABARITO
MAGISTRATURA

1. B
2. B
3. E
4. A
5. D
6. A
7. E
8. C
9. B

PROMOTOR

10. E
11. C
12. B
13. E
14. E

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15. E
16. B
17. A
18. D
19. D
20. A
21. C
22. INCORRETA
23. CORRETA

DELEGADO

24. C
25. B
26. B
27. C
28. D

QUESTÕES CONCURSOS

29. C
30. E
31. B
32. D
33. C
34. D
35. B
36. E
37. A
38. E
39. B
40. B
41. E
42. B
43. A
44. CORRETA
45. A

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