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Título do Curso

Fontes abertas
O uso de fontes abertas na fiscalização
das eleições e dos recursos públicos
Investigar é antes de tudo
conhecer os meios e as formas!
Fausto Arantes Porto
Sumário

MÓDULO 1 – FONTES ABERTAS E ATUAÇÃO ELEITORAL: INELEGIBILIDADES ............. 6


1.1 Fontes abertas ................................................................................................................. 6
1.2 Ministério Público Eleitoral ........................................................................................... 7
1.3 Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise ..................................................................... 10
1.3.1 Sisconta Eleitoral ......................................................................................................... 11
1.3.1.1 Ficha suja (inelegibilidades) ........................................................................................ 12
1.3.1.1.1 Relatório de Conhecimento Ficha Suja ........................................................................ 12
1.3.1.1.2 Necessidade de diligências complementares ............................................................... 14
1.3.2 Fontes abertas de inelegibilidades................................................................................ 14
1.3.2.1 Condenações criminais ................................................................................................ 15
1.3.2.2 Condenações na esfera eleitoral ................................................................................... 17
1.3.2.3 Condenações por improbidade administrativa ............................................................. 18
1.3.2.4 Militares declarados indignos do oficialato ou com ele incompatíveis ....................... 20
1.3.2.5 Contas irregulares de administradores públicos........................................................... 21
1.3.2.6 Exclusão do quadro profissional por infração ética ..................................................... 23
1.3.2.7 Servidores públicos demitidos ..................................................................................... 26
1.3.2.8 Dirigentes de instituições financeiras em liquidação extrajudicial .............................. 27
1.3.2.9 Infrações político-administrativas ................................................................................ 31
MÓDULO 2 – FONTES ABERTAS E ATUAÇÃO ELEITORAL: CONTAS ELEITORAIS ......... 33
2.1 Contas eleitorais ........................................................................................................... 33
2.2 Sisconta Eleitoral – “Conta Suja” ................................................................................ 34
2.2.1 Tipologias (indícios de irregularidades)....................................................................... 34
2.2.2 Relatório de Conhecimento Conta Suja ....................................................................... 35
2.2.3 Necessidade de diligências complementares ............................................................... 37
2.3 Fontes abertas ............................................................................................................... 37
2.3.1 Contas eleitorais ........................................................................................................... 37
2.3.1.1 Retificação de contas ................................................................................................... 38
2.3.1.2 Regularização de contas julgadas não prestadas .......................................................... 40
2.3.1.3 Doadores ...................................................................................................................... 41
2.3.1.4 Doadores originários .................................................................................................... 42
2.3.1.5 Doações financeiras ..................................................................................................... 43
2.3.1.6 Montante doado............................................................................................................ 44
2.3.1.7 Fornecedores ................................................................................................................ 45
2.3.2 Dados cadastrais de pessoas jurídicas .......................................................................... 46
2.3.3 Cadastro Único ............................................................................................................. 48
2.3.4 Benefícios sociais ......................................................................................................... 48
2.3.5 Seguro-Desemprego ..................................................................................................... 50
2.3.6 Óbitos ........................................................................................................................... 51
2.3.7 Filiação partidária ........................................................................................................ 51
2.3.8 Participação em órgãos partidários .............................................................................. 53
MÓDULO 3 – COLETA DE DADOS EM AMBIENTES ON-LINE ............................................... 55
3.1 Introdução .................................................................................................................... 55
3.2 Definições .................................................................................................................... 57
3.3 Coleta de vestígios digitais em websites ...................................................................... 57
3.3.1 URL (Uniform Resource Locator) ............................................................................... 58
3.3.1.1 URL encurtado ............................................................................................................. 59
3.3.1.2 Verificação de segurança em URL ............................................................................... 61
3.3.2 Propriedade de domínio de um website ....................................................................... 62
3.3.3 Conteúdo não disponível.............................................................................................. 63
3.3.3.1 Google Cache ............................................................................................................... 63
3.3.3.2 WayBack machine ........................................................................................................ 64
3.3.4 Coleta propriamente dita .............................................................................................. 65
3.3.4.1 Captura de tela salva em formato PDF ........................................................................ 65
3.3.4.2 Gravação de tela em arquivo de vídeo ......................................................................... 66
3.3.4.3 Cópia da estrutura do site ............................................................................................. 67
3.3.4.4 Salvar página como ...................................................................................................... 68
3.4 Coleta de vestígios digitais em redes sociais ............................................................... 69
3.4.1 Perfil investigativo ....................................................................................................... 69
3.4.2 Localização de ID ........................................................................................................ 70
3.4.3 URL em redes sociais................................................................................................... 71
3.4.4 Coleta propriamente dita .............................................................................................. 72
3.4.5 Geração de hash ........................................................................................................... 73
3.4.6 Armazenamento ........................................................................................................... 75
3.4.7 Preservação e requisição de dados ............................................................................... 75
MÓDULO 4 - PESQUISAS ORÇAMENTÁRIAS: PAINÉIS DE INFORMAÇÕES
GOVERNAMENTAIS....................................................................................................................... 77
4.1 Introdução .................................................................................................................... 77
4.2 Emendas parlamentares ao orçamento da União ......................................................... 78
4.3 Termos de Execução Descentralizada .......................................................................... 79
4.4 Transferências de recursos ........................................................................................... 80
4.4.1. Transferências constitucionais ..................................................................................... 81
4.4.2. Transferências especiais ............................................................................................... 83
4.4.3. Transferência fundo a fundo ........................................................................................ 84
4.4.4. Transferências voluntárias ........................................................................................... 85
4.5 Licitações (processos de compras) ............................................................................... 87
4.6 Contratos administrativos ............................................................................................ 89
4.7 Obras públicas .............................................................................................................. 89
4.8 Nota de empenho e ordem bancária ............................................................................. 91
4.9 Nota Fiscal Eletrônica .................................................................................................. 92
4.10 Aplicação mínima de recursos em saúde ..................................................................... 93
4.11 Aplicação mínima de recursos em educação ............................................................... 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................... 96
FONTES COMPLEMENTARES ...................................................................................................... 96
CONTEUDISTA ................................................................................................................................ 97
MINICURRÍCULO ........................................................................................................................... 97
MÓDULO 1 – FONTES ABERTAS E ATUAÇÃO ELEITORAL:
INELEGIBILIDADES

1.1 Fontes abertas

Para dar início ao nosso curso vamos discorrer brevemente sobre o conceito de
fontes abertas e o seu valor para fins de instrução probatória.
BARRETO, WENDT e CASELLI (2017. p. 4-5) definem fontes abertas como
qualquer dado ou conhecimento que interesse ao profissional de inteligência ou de
investigação para a produção de conhecimentos e/ou provas admitidas em direito, cujo
conteúdo não possui qualquer restrição de acesso, podendo ser encontrado em diversos
meios de comunicação, em especial na internet.

Figura 1 - Fontes abertas

Fonte: https://br.freepik.com/

No caso das fontes fechadas, o conteúdo somente está acessível após o


cumprimento de certos requisitos, a exemplo do Cadastro de Clientes do Sistema
Financeiro Nacional (CCS), que exige o credenciamento do usuário por parte do
administrador e/ou detentor dos dados, ou das informações protegidas por sigilo (dados
telefônicos, bancários, fiscais, etc.), cujo acesso necessita de autorização judicial.
No contexto da Justiça Eleitoral, em que os prazos processuais são exíguos,
exigindo-se celeridade nas instruções, as fontes abertas são de grande valia diante da
variedade de informações de domínio público disponíveis e acessíveis de forma rápida e
eficiente.

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A título de exemplo, podemos citar uma Ação de Impugnação ao Registro de
Candidatura (AIRC) em que o Ministério Público Eleitoral tem prazo de até cinco dias
após a publicação do registro do candidato para impugnar tal candidatura (artigo 3º, LC
64/90).
Suponha que haja indícios de que determinado candidato, profissional de
contabilidade, tenha sido excluído do exercício da profissão por decisão do conselho de
classe, o que incorreria numa hipótese de inelegibilidade. Nesse caso, enquanto o tempo
de resposta a um ofício encaminhado ao Conselho Regional de Contabilidade poderia
frustrar a atuação ministerial, uma simples consulta ao site do conselho de classe já
atenderia a referida demanda.
Importante ressaltar que as informações obtidas em fontes abertas não excluem
eventual necessidade de validação ou complementação por uma fonte de conteúdo
fechado, sendo que dados extraídos de sítios de domínio do Poder Público (.gov, .leg,
.jus, .mp) possuem maior grau de confiança do que aqueles extraídos das demais fontes
abertas.
Se você é um entusiasta do tema, confira as fontes complementares
recomendadas neste curso.

Vídeo de apresentação do Módulo 1


(Vídeo FAER Modulo1_1.mp4)

1.2 Ministério Público Eleitoral

Compreendidas as noções sobre fontes abertas, apresentaremos neste tópico a


atuação do Ministério Público na seara eleitoral, sua organização e competência.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) não tem estrutura própria, sendo composto
por membros do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual. O
procurador-geral da República exerce a função de procurador-geral Eleitoral perante o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e indica membros para também atuarem no TSE
(subprocuradores) e nos Tribunais Regionais Eleitorais (procuradores regionais eleitorais,
que chefiam o Ministério Público Eleitoral nos estados). Os promotores eleitorais são
promotores de Justiça (membros do Ministério Público Estadual) que exercem as funções
por delegação do MPF.

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Quadro 1 - Estrutura e jurisdição do MPE

Fonte: http://www.mpf.mp.br/pge/institucional/estrutura-do-mpe

Como defensor do regime democrático, o Ministério Público tem legitimidade


para intervir no processo eleitoral, atuando em todas as fases: inscrição dos eleitores,
convenções partidárias, registro de candidaturas, campanhas, propaganda eleitoral,
votação, prestações de contas e diplomação dos eleitos.
A intervenção do MP também ocorre em todas as instâncias do Judiciário, em
qualquer época (havendo ou não eleição), podendo atuar como parte (propondo ações ou
recorrendo de decisões judiciais) ou como fiscal da lei (oferecendo parecer em ações
ajuizadas por terceiros).
Nas eleições municipais atuam os promotores eleitorais. Nas eleições gerais, os
procuradores regionais eleitorais são responsáveis pelas ações contra candidatos a
governador, deputado federal e estadual/distrital e a senador, pois o julgamento cabe ao
Tribunal Regional Eleitoral. Também atuam nos recursos contra as decisões dos juízes de
primeiro grau. Quando se trata de candidato à Presidência da República, a competência
para julgar é do Tribunal Superior Eleitoral, e para propor ação, portanto, do procurador-
geral Eleitoral.
Oliveira (2021, pp. 58-59), na obra “Por Dentro do MPF: conceitos, estrutura e
atribuições”, cita exemplos da atuação do MPE:

Ação de Investigação Judicial Eleitoral (art. 22 da LC nº 64/1990).


Tem por objetivo apurar denúncias de atos que configurem abuso de
poder econômico e/ou político no período que vai do deferimento do

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registro de candidatura até a eleição (atos praticados, portanto, durante
a campanha eleitoral). Se for julgada após as eleições, cópia da AIJE
deve ser enviada ao Ministério Público para a propositura do Recurso
contra Diplomação ou da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo.

Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (art. 14, § 10, da


Constituição). A AIME visa à cassação de mandato; por isso, tem de ser
proposta em até 15 dias contados da diplomação. Ou seja, o candidato
já está eleito, mas existem provas de que ele praticou abuso de poder
econômico, corrupção ou fraude durante o processo eleitoral, o que teria
viciado o seu mandato, obrigando à cassação.

Recurso contra Diplomação (art. 262, inciso I, do Código Eleitoral).


É uma espécie de ação eleitoral que visa anular o resultado de um pleito,
porque há prova de que determinados atos viciaram esse resultado,
tornando-o ilegítimo. O Código Eleitoral prevê as hipóteses específicas
de cabimento do Recurso contra a Diplomação (por exemplo, a
interpretação equivocada da lei quanto à aplicação do sistema de
representação proporcional; o erro de direito ou de fato na apuração
final quanto à determinação do quociente eleitoral ou partidário,
contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua contemplação
sob determinada legenda).

Representações e reclamações. São denúncias de irregularidade que


chegam ao conhecimento da Justiça Eleitoral. As mais comuns são as
representações por propaganda eleitoral irregular previstas pela Lei nº
9.504/1997, além das novas proibições introduzidas nessa lei após sua
edição (em especial pelos arts. 30-A e 41-A, que tratam,
respectivamente, da captação ou uso ilícito de recursos financeiros para
fins eleitorais e da captação ilícita de sufrágio).

Impugnações. As impugnações constituem espécie de contestação a


atos administrativos ou judiciais praticados pelas autoridades durante o
processo eleitoral. Ex.: o Código prevê prazo de cinco dias para
impugnação dos pedidos de 2ª via de título de eleitor (art. 52, § 2º); da
mesma forma, é previsto prazo de 10 dias para impugnação aos pedidos
de transferência de domicílio eleitoral (art. 57); outra hipótese é a
impugnação por violação de urna, que deve ser apresentada à Junta
Eleitoral antes da sua “abertura”. No entanto, é bom atentar para o fato
de que a lei eleitoral utiliza o termo “impugnar” numa outra hipótese de
natureza jurídica completamente diversa. Trata-se da ação de
impugnação a registro de candidatura (instrumento utilizado para
impedir que uma pessoa se candidate a cargo eletivo, porque não
apresentou determinados documentos que comprovam sua habilitação,
ou porque sua situação jurídico-eleitoral não satisfaz às exigências
legais. Por exemplo, um candidato a prefeito que é inelegível em razão
de parentesco de primeiro grau com o antecessor).

Recursos eleitorais. São recursos contra decisão da Justiça Eleitoral.


Por exemplo, o juiz defere inscrição de eleitor contra a qual se opõe o
promotor Eleitoral: o MP poderá recorrer dessa decisão. Outra hipótese:
o Ministério Público representou contra um partido político por
propaganda eleitoral irregular e o juiz julgou-a improcedente: o MP
recorrerá ao TRE.

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Ações penais eleitorais. São as ações que buscam a punição e a
responsabilização daqueles que praticaram crimes eleitorais. A compra
de votos é o crime eleitoral mais conhecido, mas inúmeras outras
condutas configuram crime, apesar de comumente serem vistas apenas
como meras irregularidades: inscrição eleitoral fraudulenta; transporte
irregular de eleitores no dia da votação; violar ou tentar violar o sigilo
da urna; caluniar, difamar ou injuriar por meio da propaganda eleitoral;
realizar propaganda eleitoral em locais não permitidos, etc. Importante
salientar que, também na área eleitoral, os crimes são de ação penal
pública, ou seja, somente o Ministério Público está autorizado a
oferecer denúncia por crime eleitoral.

1.3 Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise

A Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise da Procuradoria-Geral da República


(Sppea/PGR) é a unidade orgânica de direção e coordenação nacional das atividades de
perícia, pesquisa e análise no âmbito do Ministério Público Federal. Em conjunto com as
Unidades de Pesquisa e Análise Descentralizadas, a Sppea/PGR possui a atribuição de
auxiliar, técnica e operacionalmente, as atividades institucionais do Ministério Público
Federal, incluindo a atuação eleitoral.
Por meio da realização de perícias, do desenvolvimento de sistemas, do
levantamento de informações e do processamento e da análise de dados, a Sppea/PGR
subsidia as apurações, os procedimentos e os processos que estão sob responsabilidade
do Ministério Público Eleitoral.
Dentre as atividades desenvolvidas pela Sppea/PGR no apoio à função eleitoral,
destacam-se:
a) Desenvolvimento e manutenção do Sistema de Investigação de Candidaturas e de
Contas Eleitorais (Sisconta Eleitoral) – sistema de recepção e processamento de
dados que auxilia os membros do Ministério Público Eleitoral na identificação de
candidatos inelegíveis, de possíveis irregularidades na arrecadação ou nos gastos
de campanha eleitoral e de doações irregulares realizadas no financiamento de
campanhas;
b) Coleta de vestígios digitais – serviço de pesquisa e coleta de vestígios digitais sem
suporte físico visível existentes em sites da web, portais da web, redes sociais ou
aplicativos de mensageria, com foco nas fake news eleitorais e propagandas elei-
torais irregulares;

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c) Exame de prestação de contas eleitorais – serviço pericial que tem por objetivo
verificar se as prestações de contas eleitorais estão adequadas sob os pontos de
vista contábil e financeiro;
d) Levantamento de informações eleitorais – coleta de dados realizada por pesquisa-
dor da Sppea ou das Unidades de Pesquisa e Análise Descentralizadas em diversos
bancos de dados e sistemas à disposição do MPF;
e) Assessoramento técnico nas investigações eleitorais - atividades de análise reali-
zadas pela Sppea ou pelas Asspad’s/Sepad’s, compreendendo o assessoramento
no apoio às investigações eleitorais que envolvam o processamento e a análise de
dados e informações, notadamente em investigações especiais que demandem
exame técnico de dados bancários, fiscais, telefônicos e/ou telemáticos, além de
outros elementos de prova existentes nos autos, levando sempre em consideração
o contexto investigativo.

Neste curso vamos abordar o Sisconta Eleitoral e como as fontes abertas podem
complementar ou validar os Relatórios de Conhecimentos (RCon’s) emitidos pelo
sistema, além de apresentarmos boas práticas de pesquisa e captura de dados na internet.

1.3.1 Sisconta Eleitoral

O Sisconta Eleitoral é um sistema desenvolvido pelo Ministério Público Federal


para otimizar a análise e o cruzamento de dados relevantes na atuação dos membros do
Ministério Público Eleitoral, sendo organizado em três módulos internos de uso exclusivo
de membros e servidores da função eleitoral: “Ficha suja”, “Conta suja” e “Doação
irregular”.

O Sisconta possui um módulo de acesso externo para a inserção de


dados pelos próprios órgãos detentores das informações a serem
inseridas no módulo “Ficha suja”, porém, tal módulo não será tratado
aqui por fugir do escopo do curso.

Cada módulo possui particularidades em seu funcionamento, mas de modo geral


o sistema recebe informações de diversas fontes que são cruzadas com os dados dos
candidatos, prestadores de serviços e doadores de campanhas eleitorais, gerando

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Relatórios de Conhecimento (RCon’s) que subsidiarão a atuação dos membros do
Ministério Público Eleitoral.

1.3.1.1 Ficha suja (inelegibilidades)

O modulo “Ficha suja” do Sisconta Eleitoral tem por objetivo identificar


candidatos potencialmente inelegíveis com base nos dados enviados majoritariamente
pelos órgãos detentores de informações das causas de inelegibilidade ou condições de
elegibilidade previstas na legislação eleitoral, como Tribunais de Justiça, Casas
Legislativas, Governos dos Estados e Municípios, órgãos do Ministério Público,
Conselhos de Classe e Tribunais de Contas (Instrução de Serviço SPPEA n° 10, de 31 de
maio de 2021).

Figura 2 - Inelegível

Fonte: http://www.mpf.mp.br/

1.3.1.1.1 Relatório de Conhecimento Ficha Suja

O Relatório de Conhecimento (RCon) do módulo “Ficha suja” é gerado, a cada


eleição, a partir do cruzamento de dados daqueles que se apresentaram como candidatos
no pleito e das potenciais inelegibilidades que constam no banco de dados do Sisconta.
Isso significa que os RCon’s Ficha Suja são gerados após o fim do período de
candidaturas, oportunidade na qual o Tribunal Superior Eleitoral remete à Procuradoria-
Geral da República os dados constantes do Sistema de Divulgação de Candidaturas e de
Prestação de Contas Eleitorais (DivulgaCandContas).

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Para as eleições gerais de 2022, o calendário eleitoral estabelecido pela
Resolução TSE nº 23.674/2021 determinou que, entre 20 de julho e 5 de agosto, é
permitida a realização de convenções partidárias para deliberar sobre coligações e
escolher candidatos à presidência da República e aos governos de Estado, bem como aos
cargos de senador, deputado federal, estadual e distrital. Partidos, federações e coligações
têm até 15 de agosto para solicitar o registro de candidatura dos escolhidos.

Calendário eleitoral (Eleições 2022)


https://www.tse.jus.br/legislacao/compilada/res/2021/resolucao-no-23-674-de-16-de-
dezembro-de-2021

O RCon Ficha Suja apresenta um quadro com resumo das informações de cada
ocorrência, tal como registradas pelos órgãos externos. Ao final do RCon há uma parte
com anexos, que contempla todos os dados informados pelos órgãos externos relativos às
ocorrências, incluindo observações e dados complementares.

Figura 3 - Relatório de Conhecimento Ficha Suja

Fonte: Sisconta Eleitoral (Print editado pelo autor)

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Legenda de acessibilidade: Ilustração de um Relatório de Conhecimento Ficha Suja emitido pelo
Sisconta Eleitoral com destaque para o quadro de ocorrências.

A partir da análise dos RCon’s Ficha Suja os membros do Ministério Público


Eleitoral poderão ajuizar Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIRC).

1.3.1.1.2 Necessidade de diligências complementares

Apesar dos esforços empreendidos pelo Ministério Público Eleitoral na coleta


nacional das informações relativas às causas de inelegibilidade, pode haver situações de
inelegibilidades não captadas pelo Sisconta Eleitoral, pois não há previsão legislativa que
obrigue os órgãos e entidades a enviarem essas informações.
Além disso, como as informações são lançadas diretamente pelos órgãos
externos sem qualquer validação do conteúdo pelo sistema, eventuais equívocos podem
ocorrer, razão pela qual compete ao usuário checar os dados.
Ou seja, o fato de um RCon Ficha Suja demonstrar possível causa de
inelegibilidade em relação a um candidato não implica, necessariamente, na
inelegibilidade desse candidato. Da mesma forma, a ausência de informações sobre
potenciais inelegibilidades não significa que o candidato é elegível.
Portanto, a existência ou a falta de ocorrências de inelegibilidades no Sisconta
Eleitoral não impede que outras diligências sejam realizadas com vistas a corroborar
situações de inelegibilidade informadas ou identificar ocorrências eventualmente não
relatadas.

1.3.2 Fontes abertas de inelegibilidades

A Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar n° 64/90), com as significativas


alterações promovidas pela Lei da Ficha Limpa, estabeleceu critérios de inelegibilidade
com base na vida pregressa do candidato (condenações criminais ou por improbidade
administrativa, penalidades aplicadas por Tribunais de Contas, Conselhos de Classe
Profissional, etc.).
Conforme veremos adiante, a maioria dessas informações estão disponíveis na
internet, contudo, as fontes são diversificadas, exigindo-se que o pesquisador fique atento

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aos principais dados que podem subsidiar a autoridade ministerial na aferição de eventual
inelegibilidade do candidato, quais sejam:
a) Identificação do órgão julgador: instância/órgão/entidade administrativa ou judi-
cial responsável pela condenação ou penalidade aplicada;
b) Número do processo administrativo ou judicial: dado relevante nas situações em
que houver necessidade de obter maiores detalhes acerca da condenação ou pena-
lidade aplicada;
c) Data de condenação/julgamento ou do trânsito em julgado: parâmetro utilizado
para calcular o prazo de inelegibilidade.

Eventuais penalidades aplicadas no âmbito administrativo, a exemplo


de demissão de servidor público via Procedimento Administrativo
Disciplinar (PAD), podem ser revistas na via judicial. Nesse sentido, é
prudente verificar a existência de decisões judiciais que revisem a
penalidade administrativa.

1.3.2.1 Condenações criminais

De acordo com a alínea “e”, inciso I, artigo 1º, da LC 64/90, estão impedidos de
concorrerem a qualquer cargo eletivo os cidadãos condenados em decisão judicial
transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado pelos seguintes crimes:

1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o


patrimônio público;
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de
capitais e os previstos na lei que regula a falência;
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda
do cargo ou à inabilitação para o exercício da função pública;
6. de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores;
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,
terrorismo e hediondos;
8. de redução à condição análoga de escravo;
9. contra a vida e a dignidade sexual; e
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.
[...]
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste artigo não se
aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor
potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada. (Incluído
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

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A inelegibilidade passa a valer desde a condenação até oito anos após seu
cumprimento. Com exceção da Justiça do Trabalho, as consultas processuais feitas nos
portais dos demais ramos do Poder Judiciário poderão trazer os dados de eventuais
condenações de candidatos pelos crimes indicados nos itens da alínea “e”, inciso I, art.
1º, da LC 64/90.
Embora cada tribunal possua regras distintas de consultas, em geral é permitida
a busca de processos por CPF ou nome do condenado/investigado.
Além disso, é comum que no detalhamento dos processos conste a classe
processual, o assunto/tema e as movimentações, fornecendo assim elementos mínimos
para delimitar o crime imputado e a situação processual.

Figura 4 – Consulta processual TJSP

Fonte: https://esaj.tjsp.jus.br/cpopg/open.do (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: Tela com o resultado da consulta a processos da 1ª instância do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) com destaques no assunto do processo, nome
do réu e o trânsito em julgado.

A listagem dos sites dos tribunais do Poder Judiciário pode ser encontrada no
Conselho Nacional de Justiça por meio do link https://www.cnj.jus.br/poder-
judiciario/tribunais/.

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No caso da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar da União, a consulta
processual realizada nos respectivos tribunais superiores engloba os
processos tramitados nos demais graus de jurisdição.

1.3.2.2 Condenações na esfera eleitoral

Conforme a Lei da Ficha Limpa, ficam inelegíveis pelo prazo de oito anos
aqueles que tenham contra si representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral em
decisão transitada em julgado ou dada por órgão colegiado em processo relativo a abuso
de poder econômico ou político.
Em regra, tais condenações ocorrem no âmbito de Ação de Investigação Judicial
Eleitoral (AIJE) e Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), uma vez que ambas
são utilizadas como instrumentos de controle para coibir o poder econômico e o abuso de
poder que possa comprometer a legitimidade de uma eleição.
Outra hipótese de inelegibilidade decorrente de condenação na Justiça Eleitoral
se refere as que decorrem de representações eleitorais por captação ilícita de sufrágio,
captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou conduta vedada aos agentes
públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma (art.
1º, I, j, da LC 64/90).
Por fim, há a previsão de inelegibilidade no caso de condenação de doador
pessoa física por conta de doação eleitoral tida por ilegal, a exemplo das doações acima
do limite legal nos termos do art. 23 da Lei nº 9.504/1997.
Por se tratar de condenações processadas no âmbito eleitoral, tais informações
podem ser obtidas nos seguintes portais:
https://consultaunificadapje.tse.jus.br/#/public/inicial/index
https://www.tse.jus.br/servicos-judiciais/processos/acompanhamento-processual-push

Um dado importante na verificação deste tipo de inelegibilidade é a data


das eleições em que foram cometidos eventuais ilícitos, uma vez que
serve de parâmetro para a contagem dos prazos de inelegibilidade
(Súmulas nºs 19 e 69 do TSE)

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1.3.2.3 Condenações por improbidade administrativa

O Cadastro Nacional de Condenados por Ato de Improbidade Administrativa e


por Ato que Implique Inelegibilidade (CNCIAI) contém informações sobre condenações
de entidades jurídicas ou pessoas físicas por ato de improbidade administrativa e por ato
que implique inelegibilidade.
O sistema tem espaço destinado à consulta pública que pode ser feita pelo
número do processo, pelo nome ou número do CPF/CNPJ da parte.
https://www.cnj.jus.br/improbidade_adm/consultar_processo.php
https://www.cnj.jus.br/improbidade_adm/consultar_requerido.php

18
Figura 5 - CNCIAI

Fonte: https://www.cnj.jus.br/improbidade_adm/consultar_requerido.php (Print editado pelo


autor)
Legenda de acessibilidade: Tela com o resultado da consulta ao CNCIAI, destacando as
informações do trânsito em julgado e o indicador de inelegibilidade.

No campo “Informações sobre a condenação” constam os dados do


trânsito em julgado e se o réu está inelegível.

19
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nem todas as condenações
constantes do cadastro implicam inelegibilidade. Para que os condenados sejam
declarados inelegíveis é preciso que o juiz responsável pela condenação tenha aplicado a
pena de suspensão dos direitos políticos do réu. Nesse caso, a Justiça Eleitoral poderá
declarar o condenado inelegível no momento de registro da candidatura ou quando
provocada.

1.3.2.4 Militares declarados indignos do oficialato ou com ele incompatíveis

De acordo com a alínea “f”, inciso I, art. 1º, da LC 64/90, são inelegíveis por
oito anos os cidadãos que forem declarados indignos do oficialato ou com eles
incompatíveis. Por sua vez, o art. 142, parágrafo 3º, inciso VI, da Constituição Federal de
1988 estabelece que “o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do
oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente,
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra”.
Nos casos de crimes militares, os membros das Forças Armadas são processados
e julgados perante a Justiça Militar da União, enquanto policiais e bombeiros militares
são julgados pela Justiça Comum ou pela Justiça Militar Estadual, onde houver.
Atualmente apenas os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul possuem
tribunais militares.
Sendo assim, caso o candidato pesquisado seja ou tenha sido um militar,
eventuais sanções de indigno ao oficialato ou com ele incompatível poderão ser
consultadas nos seguintes portais:
https://processos.stm.jus.br/
https://consulta.tjmmg.jus.br/#/simplificada
https://www.tjmrs.jus.br/processos/consulta-processual
https://ww2.tjmsp.jus.br/p_processos.htm

À exceção dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do


Sul, a pesquisa por sanções de indigno ao oficialato ou com ele
incompatível, aplicadas a policiais e bombeiros militares, ocorrerá
perante os Tribunais de Justiça.

20
1.3.2.5 Contas irregulares de administradores públicos

A inelegibilidade prevista art. 1º, I, g, da LC 64/90 alcança qualquer candidato


que, no exercício de cargos ou funções públicas, tenha contas rejeitadas “por
irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por
decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada
pelo Poder Judiciário (...)”.
O conceito de contas alcança tanto as contas de gestão ou contas de governo
anuais de chefe de Poder Executivo como também as demais contas comuns dos
ordenadores de despesas, relacionadas ao exercício de cargos ou funções públicas.
São órgãos competentes para o julgamento das contas:
i. Presidente da República: Congresso Nacional (art. 49, IX, CF)
ii. Governador do Estado: Assembleia Legislativa (art. 25, CF)
iii. Prefeito Municipal:
a. julgamento pela Câmara de Vereadores, com o auxílio do Tribunal de Con-
tas cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão de 2/3
dos vereadores na forma do art. 31, §2º, CF.
b. julgamento pelo Tribunal de Contas: i) convênio (TSE - REspe nº 4682/PI
– j. 29.06.2016); ii) Consórcio Público (TSE – REspe nº 17751/SP – j. 09.
03.2017); iii) repasse de verbas estaduais (ou federais) a fundos munici-
pais, tais como o FMAS, FUNDEB e FMS (TSE – RO 0600839-
61.2018/MA, j. 20.11.2018); iv) quando o seu parecer de rejeição das con-
tas não for afastado pelo quórum de 2/3 do Poder Legislativo;
iv. Demais administradores públicos: Tribunal de Contas.
No caso dos chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governador e
Prefeito), as informações sobre o julgamento de suas contas devem ser divulgadas nos
portais do respectivo poder legislativo.
Em relação às contas dos demais administradores públicos, a consulta deve ser
feita nas páginas de consulta processual do Tribunal de Contas competente. Em regra, a
consulta pode ser feita por CPF ou nome do pesquisado.

21
Figura 6 – Consulta Processual TCE/RJ

Fonte: https://www.tcerj.tc.br/consulta-processo/Processo
Legenda de acessibilidade: Tela do sistema de consulta processual do Tribunal de Contas do
Estado do Rio de Janeiro.

Caso seja possível, é recomendável informar o link com o resultado da


consulta ou do processo de prestação de contas para que a autoridade
ministerial verifique diretamente maiores detalhes.

Oportuno ressaltar que a maioria dos Tribunais de Contas já divulgam lista ou


consulta específica dos responsáveis (gestores públicos) com contas julgadas irregulares
para fins eleitorais.

➢ Tribunal de Contas da União

https://contasirregulares.tcu.gov.br/
https://www.tse.jus.br/eleicoes/gestores-com-contas-irregulares

➢ Tribunais de Contas do Estado

https://www.tceto.tc.br/sistemas/acd-lista-de-gestores-com-contas-julgadas-
irregulares
https://www.tcerj.tc.br/contas-irregulares/#/home
https://www.tcees.tc.br/portal-da-transparencia/consultas/lista-de-
responsaveis/contas-irregulares/
https://www.tce.ce.gov.br/jurisdicionado/contas-irregulares

22
https://www2.tc.df.gov.br/controle-externo/responsaveis-por-contas-
irregulares/
https://servicos.tce.am.gov.br/portalServicos/pages/processo/contas_irregulares
.jsf
https://www.tce.pe.gov.br/internet/index.php/gestores-publicos
https://tce.pb.gov.br/arquivos/contas-julgadas-tre-0920.pdf
http://www.tce.ms.gov.br/portal-
services/files/arquivo/nome/15048/d48e6e5079d35df26199ff950da09273.pdf
https://portal.tce.go.gov.br/contas-irregulares
https://www.tce.pa.gov.br/portalservicos/Aplicacao/PaginasExternas/RelacaoC
ontaIrregular.pdf

➢ Tribunais de Contas dos Municípios

https://www.tcmgo.tc.br/contaseleicoes/
https://etcm.tcm.rj.gov.br/CertidaoNegativa/RelacaoPorContasJulgadasIrregula
res

Quando a certidão negativa em nome de determinado candidato não


puder ser emitida automaticamente nos sites dos Tribunais de Contas,
tal fato aponta para a existência de irregularidades em nome do
candidato.

1.3.2.6 Exclusão do quadro profissional por infração ética

Candidatos cuja profissão seja regulamentada por lei ficam inelegíveis se forem
excluídos da atividade profissional pelos conselhos de classe em decorrência de infração
ético-profissional, salvo se o ato tiver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário (art.
1º, I, m, da LC 64/90).
Segue abaixo lista de profissões regulamentadas com os respectivos conselhos
de classe.

23
Quadro 2 - Conselhos profissionais

Profissional Conselho

Administradores Conselho Federal de Administração (CFA) e conselhos regionais (CRA)

Ordem dos Advogados do Brasil Nacional (OAB) e Ordem dos Advogados


Advogados
do Brasil Seccional (OAB)

Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e conselhos


Arquitetos e urbanistas
regionais (CAU/UF)

Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e conselhos regionais


Assistentes sociais
(CRESS)

Bibliotecários Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e conselhos regionais (CRB)

Biólogos Conselho Federal de Biologia (CFBIO) e conselhos regionais (CRBIO)

Biomédicos Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) e conselhos regionais (CRBM)

Contabilistas Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e conselhos regionais (CRC)

Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) e conselhos


Corretores de imóveis
regionais (CRECI)

Conselho Federal de Economia (COFECON) e conselhos regionais


Economistas
(CORECON)

Conselho Federal de Economistas Domésticos (CFED) e conselhos


Economistas domésticos
regionais (CRED)

Educadores e Conselho Federal de Educadores e Pedagogos (CFEP) e conselhos


Pedagogos regionais (CREP)

Profissional de Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e conselhos regionais


Educação Física (CREF)

Enfermeiros e Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e conselhos regionais


obstetrizes (COREN)

Engenheiros e agrônom Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e conselhos


os regionais (CREA)

Estatísticos Conselho Federal de Estatística (CONFE) e conselhos regionais (CONRE)

Farmacêuticos Conselho Federal de Farmácia (CFF) e conselhos regionais (CRF)

Fisioterapeutas e terape Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e


utas ocupacionais conselhos regionais (CREFITO)

Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) e conselhos regionais


Fonoaudiólogos
(CREFONO)

Médicos Conselho Federal de Medicina (CFM) e conselhos regionais (CRM)

Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e conselhos regionais


Médicos veterinários
(CRMV)

24
Profissional Conselho

Conselho Federal de Museologia (COFEM) e conselhos regionais


Museólogos
(COREM)

Músicos Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) e Conselhos Regionais

Nutricionistas Conselho Federal de Nutrição (CFN) e conselhos regionais (CRN)

Odontólogos Conselho Federal de Odontologia (CFO) e conselhos regionais (CRO)

Conselho Federal de Psicologia do Brasil (CFP) e conselhos


Psicólogos
regionais (CRP)

Químicos Conselho Federal de Química (CFQ) e conselhos regionais (CRQ)

Conselho Federal de Relações Públicas (CONFERP) e conselhos regionais


Relações-públicas
(CONRERP)

Representantes Conselho Federal dos Representantes Comerciais (CONFERE) e


comerciais conselhos regionais (CORE)

Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) e conselhos


Técnico em radiologia
regionais (CRTR)

Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) e conselhos regionais


Técnicos industriais
(CRT)

Conselho Federal dos Técnicos Agrícolas (CFTA) e conselhos regionais


Técnicos Agrícolas
(CRTA)
Fonte: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/atribuicoes-e-funcoes-dos-conselhos/
(Editado pelo autor)

Em regra, os portais dos conselhos federais mantêm cadastro nacional de seus


profissionais registrados, no qual é possível obter a situação do registro profissional
mediante consulta por nome, Número de Registro Profissional ou CPF.

Figura 7 - Cadastro Nacional de Médicos

Fonte: https://portal.cfm.org.br/busca-medicos/ (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: Tela do sistema de consulta ao Cadastro Nacional dos Médicos com
destaque para a situação do registro do profissional como “cassado” perante o Conselho Federal
de Medicina (CFM).

25
Seguem alguns portais de consulta a cadastros de profissionais:
https://portal.cfm.org.br/busca-medicos/ (médicos)
https://cna.oab.org.br/ (advogados)
https://gproc.oabgo.org.br/pgs/consultamembroconselho.aspx (advogados registrados no
Estado do Goiás)
https://acheumarquiteto.caubr.gov.br/ (arquitetos)
https://corporativo.sitag.org.br/app/view/sight/externo?form=PesquisarProfissionalEmpr
esa (técnicos agrícolas)

1.3.2.7 Servidores públicos demitidos

Dentre as inúmeras informações disponibilizadas em portais de transparência do


Poder Público, nos interessam aquelas relativas a servidores punidos com demissão,
destituição ou cassação de aposentadoria, tendo em vista a hipótese de inelegibilidade
insculpida no art. 1º, inciso I, alínea o, do Estatuto das Inelegibilidades (LC nº 64/90).
Na esfera federal, podemos consultar o Cadastro de Expulsões da Administração
Federal (CEAF), que contém os dados dos servidores civis do Poder Executivo Federal e
da Câmara dos Deputados punidos com demissão, destituição ou cassação de
aposentadoria.

Figura 8 - Cadastro de Expulsões da Administração Federal

Fonte: https://www.portaltransparencia.gov.br/sancoes/ceaf?ordenarPor=nome&direcao=asc

26
Legenda de acessibilidade: Tela do sistema de consulta ao CEAF perante o Portal de
Transparência do Governo Federal.

Outro exemplo de disponibilização desses dados são os portais de transparência


do Estado do Pernambuco e do Distrito Federal:
http://www.transparencia.df.gov.br/#/servidores/expulsoes
http://web.transparencia.pe.gov.br/fiscalizacao-e-controle/servidores-expulsos/

Para consultar outros portais de transparência, acesse o link


https://mbt.cgu.gov.br/publico/transparencia-por-localidade.
No caso de demissão do servidor público em processo administrativo disciplinar,
recomenda-se também a pesquisa nos portais das controladorias públicas e diários
oficiais. Se for demissão em processo judicial, as pesquisas poderão ser realizadas nas
consultas processuais perante a Justiça Comum competente.

A inelegibilidade aplicada a magistrados e membros do Ministério


Público punidos com aposentadoria compulsória, perda de cargo por
sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária
durante o trâmite de processo administrativo disciplinar está prevista no
art. 1º, inciso “I”, alínea “q’, da LC n 64/90.
Nesse caso, as consultas podem ser efetuadas tanto no Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) ou Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), quanto nos órgãos de lotação (Tribunais e Ministérios
Públicos).

1.3.2.8 Dirigentes de instituições financeiras em liquidação extrajudicial

O Banco Central do Brasil (Bacen), no desempenho de sua missão institucional


de assegurar que o sistema financeiro seja sólido e eficiente, tem o poder de intervir nas
instituições sob sua jurisdição por meio da decretação de regimes de resolução.
Dentre os regimes de resolução determinados pelo Bacen, a liquidação
extrajudicial é destinada a interromper o funcionamento de uma instituição e promover
sua retirada, de forma organizada, do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

27
Para fins de verificação da hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, i, da
LC 64/90, nos interessa identificar quem são os ocupantes de cargo ou função de direção,
administração ou representação em estabelecimentos de crédito ou de financiamento que
tenham sido ou estejam sendo objeto de regime de liquidação extrajudicial nos doze
meses anteriores à decretação desse regime.
As pessoas físicas alcançadas por essa inelegibilidade podem ser consultadas por
CPF quando da emissão de certidão disponibilizada no seguinte link:
https://www3.bcb.gov.br/nadaconsta/emitirCertidaoRegesp.

Figura 9 - Certidão negativa Bacen

Fonte: https://www3.bcb.gov.br/nadaconsta/emitirCertidaoRegesp
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra a tela de emissão da Certidão Negativa de Exercício
de Administração em Instituição em Liquidação Extrajudicial perante o Bacen.

Caso o resultado da pesquisa informe que a certidão negativa não pode ser
emitida pela internet, há indícios de que o pesquisado ocupa ou ocupou cargo ou função
de direção, administração ou representação perante instituição sob o regime de liquidação
extrajudicial nos doze meses anteriores à decretação desse regime.
Para confirmar essa hipótese, é necessário efetuar a busca de normas do Banco
Central (https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/buscanormas), utilizando como
parâmetro de pesquisa o CPF ou nome do pesquisado.

28
Atos Normativos relacionados a liquidação extrajudicial de instituições
financeiras fiscalizadas pelo Bacen:
Ato do Presidente – expediente utilizado para a decretação de
liquidação extrajudicial (art. 12, inciso XV, alínea “a”, do Regimento
Interno, anexo à Portaria nº 84.287, de 27 de fevereiro de 2015);
Comunicado – Expediente utilizado para comunicar a
indisponibilidade de bens de administradores (diretores e membros do
conselho de administração) que tenham estado no exercício das funções
nos doze meses anteriores ao ato que decretou a liquidação
extrajudicial. (artigo 36 da Lei 6.024/74 c/c Art. 94-B, Inciso XI do
Regimento Interno, anexo à Portaria nº 84.287, de 27 de fevereiro de
2015)

Para fins do disposto no art. 1º, I, i, da LC 64/90, o


Banco Central entende como estabelecimento de
crédito ou de financiamento, na esfera de sua supervisão, as seguintes espécies de
instituição: banco comercial; banco múltiplo; banco de desenvolvimento; banco de
investimento; cooperativa de crédito; sociedade de crédito, financiamento e investimento;
sociedade de crédito imobiliário; sociedade de arrendamento mercantil; associação de
poupança e empréstimo; sociedade de crédito ao microempreendedor e à empresa de
pequeno porte e caixa econômica estadual.

Em relação aos dados de ocupantes de cargo ou função de direção, administração


ou representação em estabelecimentos de seguro que tenham sido ou estejam sendo
objeto de regime de liquidação extrajudicial nos doze meses anteriores à decretação desse
regime, devemos consultar a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que é o
órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência
privada aberta, capitalização e resseguro.
No exercício do poder de fiscalização, a Susep pode determinar o regime
especial de liquidação extrajudicial a uma seguradora, interrompendo o seu
funcionamento e promovendo sua retirada, de forma organizada, do Sistema Nacional de
Seguros, Capitalização, Resseguros e Previdência Complementar Aberta.

29
As sociedades seguradoras sob o regime de liquidação extrajudicial podem ser
consultadas no seguinte endereço: http://www.susep.gov.br/menu/informacoes-ao-
publico/mercado-supervisonado/entidades-em-regime-especial.

Figura 10 – Regimes especiais - Susep

Fonte: http://www.susep.gov.br/menu/informacoes-ao-publico/mercado-
supervisonado/entidades-em-regime-especial
Legenda de acessibilidade: Tela do site da Susep contendo a opção de pesquisa de empresas
submetidas a regimes especiais, incluindo a liquidação extrajudicial.

Contudo, diferentemente do portal do Bacen, o site da Susep não disponibiliza


de forma organizada e centralizada os dados dos dirigentes das sociedades seguradoras
sob regime de liquidação extrajudicial. Sendo assim, recomenda-se fazer o rastreamento
societário das instituições identificadas na consulta acima para obter a lista das pessoas
potencialmente inelegíveis.
Para obter o quadro societário de uma empresa em fonte aberta, podemos acessar
os serviços on-line da Receita Federal por meio link
https://servicos.receita.fazenda.gov.br/servicos/cnpjreva/cnpjreva_solicitacao.asp.
Outra forma de identificar as pessoas alcançadas por esta inelegibilidade é a
busca dos comunicados de indisponibilidade dos bens dos administradores, os
controladores e os membros de conselhos estatutários das seguradoras em Liquidação
Extrajudicial no Diário Oficial da União (Resolução Cnsp nº 395, de 11 de dezembro de
2020, art. 88, parágrafo único).

30
1.3.2.9 Infrações político-administrativas

Infrações político-administrativas cometidas por membros do Poder Executivo


e Legislativo, tais como os crimes de responsabilidade ou a quebra de decoro parlamentar,
são processadas e julgadas nas casas legislativas, as quais podem decretar a perda de
mandato eletivo.
Nesse sentido, os portais legislativos são fontes de informação das hipóteses de
inelegibilidade relacionadas a membros do Poder Executivo e Legislativo que tiveram
mandato cassado por infração política ou que renunciaram para evitar processo de
cassação política (alíneas “b”, “c” e “k”, inciso I, art. 1º, da LC 64/90).
Embora não haja uma ferramenta específica de consulta aos dados de cassação
ou renúncia de mandato eletivo, alguns portais legislativos fornecem informações do
mandato do parlamentar, onde é possível identificar renúncias ou perda de mandato.

Figura 11 – Perfil do mandato de senador

Fonte: https://www25.senado.leg.br/web/senadores/senador/-/perfil/3360 (editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: Tela do site do Senado Federal contendo informações do ex-
parlamentar, Delcídio do Amaral, com destaque para a perda de seu mandato.

31
Outra possibilidade é a pesquisa de atos normativos utilizados para decretação
ou declaração de perda de mandato, tais como as resoluções e os decretos legislativos.

Figura 12 – Pesquisa de decretos legislativos – Município de Pirassununga/SP

Fonte: https://leis.camarapirassununga.sp.gov.br/busca_decretos.php
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra o resultado da consulta aos decretos legislativos da
Câmara Municipal de Pirassununga/SP pelo termo “dimas”, destacando-se a cassação do mandato
do Prefeito Municipal de Pirassununga, Milton Dimas Tadeu Urban.

O prazo de inelegibilidade decorrente de renúncias ou perda de mandato


corresponde ao período remanescente do mandato cassado ou renunciado mais oito anos.
Portanto, é relevante identificar o período da legislatura do mandato cassado ou
renunciado para aferir o alcance temporal da inelegibilidade.

Vídeo de finalização do Módulo 1


(Vídeo FAER Modulo1_2.mp4)

32
MÓDULO 2 – FONTES ABERTAS E ATUAÇÃO ELEITORAL:
CONTAS ELEITORAIS

2.1 Contas eleitorais

Enquanto no Modulo 1 deste curso abordamos questões relacionadas a


inelegibilidades de candidatos apuradas quando do registro da candidatura, neste módulo
passaremos a um momento posterior do processo eleitoral: a arrecadação e os gastos de
recursos por partidos políticos e candidatos em campanha eleitoral e a prestação de contas
à Justiça Eleitoral.
Para as eleições de 2022, partidos políticos e candidatos poderão arrecadar
recursos para custear as despesas de campanhas, devendo prestar contas nos termos da
Resolução TSE nº 23.607/2019, alterada pela Resolução TSE nº 23.665/2021.
Em resumo, as regras definidas pelo Tribunal Superior Eleitoral têm como
objetivo principal conferir transparência e lisura ao processo eleitoral. Conforme veremos
adiante, os dados sobre o financiamento das campanhas eleitorais são inteiramente
divulgados na internet, onde todos possam saber quanto, de onde veio e como foram
aplicados os recursos arrecadados na campanha.

Figura 13 – Arrecadação e gastos de recursos

Fonte: https://br.freepik.com

33
Os recursos arrecadados por partido político fora do período eleitoral
são regulados por resolução específica que trata das prestações de
contas anuais dos partidos políticos, a Resolução TSE nº 23.604/2019.

Vídeo de apresentação do Módulo 2


(Vídeo FAER Modulo2_1.mp4)

2.2 Sisconta Eleitoral – “Conta Suja”

No campo das contas eleitorais, o Sisconta possui o módulo “Conta suja”, que
consolida informações relativas aos recursos arrecadados e às despesas realizadas em
campanhas eleitorais, efetuando o cruzamento dessas informações com outros dados em
poder de órgãos de controle. O objetivo é evidenciar prestadores de contas (candidatos e
partidos) com supostas irregularidades no financiamento da campanha eleitoral, a partir
de tipologias previamente definidas.

2.2.1 Tipologias (indícios de irregularidades)

Nas eleições gerais de 2016, com o objetivo de identificar indícios de


irregularidades no financiamento das campanhas eleitorais, foi criado o Núcleo de
Inteligência da Justiça Eleitoral, formado por representantes do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), Tribunal de Contas da União (TCU), Receita Federal do Brasil (RFB),
Policia Federal (PF), Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF),
Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria-Geral da União (CGU). À época,
foram definidas 16 tipologias que apontavam para indícios de situações irregulares nas
prestações de contas dos candidatos e partidos.
Nas últimas eleições, em razão de alterações na legislação, na jurisprudência e
de estudos feitos pelo Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral, foram consideradas dez
tipologias, a saber:
a) Fornecedor com poucos empregados;
b) Fornecedor cujos sócios ou representantes e seus familiares são recebedores do
Bolsa Família;
c) Fornecedor constituído recentemente e com sócio filiado a partido político;
d) Doador recebendo Bolsa Família;

34
e) Doador cuja renda seja incompatível com o valor doado;
f) Doador potencialmente desempregado;
g) Doador presente no Sistema de Controle de Óbitos – SISOBI;
h) Fornecedor sem registro ativo na Junta Comercial ou na RFB;
i) Fornecedor cujos sócios têm relação de parentesco com candidato ou seu vice;
j) Concentração de doadores de uma mesma empresa a determinado candidato.

2.2.2 Relatório de Conhecimento Conta Suja

Os Relatórios de Conhecimento (RCon’s) Conta Suja são gerados após a


apresentação das prestações de contas, parcial e final, pelos candidatos e partidos políticos
à Justiça Eleitoral.
Nas eleições gerais de 2022, partidos e candidatos têm entre 9 e 12 de setembro
para apresentarem a prestação de contas parcial da campanha, com registro de
movimentação financeira ou estimável em dinheiro ocorrida desde o início da campanha
até o dia 8 de setembro. A respectiva documentação será divulgada pelo TSE na internet
no dia 15 de setembro. O prazo limite para apresentação da prestação de contas final
referente ao primeiro turno das eleições é dia 1º de novembro e, daqueles que participarem
do segundo turno, dia 19 de novembro (Resolução TSE nº 23.674/2021).
O RCon Conta Suja apresenta um quadro com as ocorrências por tipologia
(supostas irregularidades no financiamento da campanha eleitoral), contendo as
informações extraídas das bases dados utilizadas na apuração daquele indício.

35
Figura 14 - Relatório de Conhecimento Conta Suja

Fonte: Sisconta Eleitoral (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: Ilustração de um Relatório de Conhecimento Conta Suja emitido pelo
Sisconta Eleitoral com destaque para as ocorrências e tipologias.

As ocorrências listadas no RCon Conta Suja podem subsidiar a propositura de


representação por captação e gastos ilícitos de recursos eleitorais (art. 30-A da Lei nº
9.504/1997), de ação de investigação judicial eleitoral (art. 22 da Lei Complementar no
64/90), de ação de impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10, da Constituição Federal)
e, sob a ótica penal, a investigação de possível falsidade ideológica eleitoral e apropriação

36
de valores destinados ao financiamento eleitoral, em proveito próprio ou alheio (arts. 350
e 354-A do Código Eleitoral), por ação direta do candidato ou por interposta pessoa.
Assim como no modulo Ficha Suja, os Rcon’s Conta Suja não dispensam a
realização de diligências complementares.

2.2.3 Necessidade de diligências complementares

Como os RCon’s Conta Suja são produzidos logo após o fim do prazo para
apresentação das prestações de contas parciais e finais, eventuais retificações de
prestações de contas (Art. 71 da Resolução TSE nº 23.607/2019) ou regularizações de
contas julgadas como não prestadas (§ 2º, Art. 80, da Resolução TSE nº 23.607/2019)
podem alterar os resultados dos cruzamentos efetuados no Sisconta Eleitoral.
Além disso, como as tipologias decorrem de um cruzamento amplo de dados,
alguns apontamentos podem ser irrelevantes para o caso concreto.
Sendo assim, ao ter acesso aos RCon’s Conta Suja, é recomendável que se faça
a devida avaliação, realizando as diligências que julgar necessárias para a confirmação
das constatações ou para o levantamento de outras ocorrências eventualmente não
detectadas pelo Sisconta.

2.3 Fontes abertas

2.3.1 Contas eleitorais

As contas de campanha de candidatos e partidos políticos, assim como os


registros de candidaturas, estão disponibilizadas no Sistema de Divulgação de
Candidaturas e Contas Eleitorais (DivulgaCandContas)
(https://divulgacandcontas.tse.jus.br/).
Por meio do DivulgaCandContas é possível verificar os gastos realizados e os
recursos financeiros e/ou estimáveis em dinheiro arrecadados para financiamento da
campanha eleitoral, identificando doadores e fornecedores declarados por candidatos e
partidos políticos.

37
Figura 15 – DivulgaCandContas/TSE

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/
Legenda de acessibilidade: Homepage do Sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas
Eleitorais (DivulgaCandContas) referente às eleições de 2018.

O DivulgaCandContas possibilita diversos caminhos para se encontrar


a mesma informação, contudo, trataremos neste curso sobre como obter
informações sobre pessoas físicas e jurídicas, tendo como foco os
prestadores de contas (candidatos e partidos) e os dados úteis às
tipologias definidas no Sisconta Eleitoral.

2.3.1.1 Retificação de contas

Segundo a Resolução TSE nº 23.607/2019, a retificação de prestação de contas


somente é permitida nas seguintes hipóteses: cumprimento de diligências que implicam
a alteração das peças inicialmente apresentadas; ou, voluntariamente, na ocorrência de
erro material detectado antes do pronunciamento técnico da Justiça Eleitoral.

38
Como eventuais retificações nas prestações de contas podem alterar os
resultados dos cruzamentos efetuados no Sisconta Eleitoral, é necessário, ao ter acesso a
um Relatório de Conhecimento Conta Suja, verificar se o candidato ou partido político
retificou suas contas após a data de geração do referido RCon.
Todas as informações de prestação de contas enviadas pelos candidatos e
partidos políticos à Justiça Eleitoral, bem como o histórico das entregas, incluindo as
retificações realizadas ao longo do processo eleitoral, estão disponíveis para consulta no
DivulgaCandContas, no Portal do TSE.
Vamos supor que estejamos diante do Rcon Conta Suja de um candidato. Para
verificar se houve alteração das contas após a data de geração do referido RCon, devemos
acessar o DivulgaCandContas e escolher o pleito eleitoral e depois navegar pela área de
“Consultas por regiões brasileiras”, clicando sobre a Região/UF e sobre o cargo a que o
candidato concorreu.

Figura 16 – DivulgaCandContas – Lista de candidatos

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/ (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: Ilustração do processo de localização dos dados das prestações de
contas dos candidatos ao cargo de Governador do Distrito Federal nas eleições de 2018.

Depois, basta clicar sobre o campo correspondente ao “nome na urna” utilizado


pelo pesquisado para ser direcionado à página do candidato, onde você deverá acessar o
“Histórico de entregas”.

39
Figura 17 – DivulgaCandContas – Histórico de contas

Fonte:https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2018/2022802018/DF/70000625
516/historico
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra o histórico de contas apresentadas pelo candidato
Alberto Fraga à Justiça Eleitoral, nas eleições de 2018.

Pronto! Aqui você poderá consultar se alguma das prestações de contas foi
retificada e a respectiva data de entrega perante a Justiça Eleitoral, podendo, no caso de
prestação de contas final, imprimir o recibo de entrega.

2.3.1.2 Regularização de contas julgadas não prestadas

Embora seja obrigação de qualquer partido ou candidato prestar contas da


campanha eleitoral, há situações em que as contas não são apresentadas. Nesse casos, o
partido ou candidato terá suas contas julgadas não prestadas. No entanto, isso não impede
que o partido ou candidato busque regularizar a situação perante a Justiça Eleitoral, com
o propósito de suspender eventuais sanções aplicadas (Resolução TSE nº 23.607/2019,
art. 80, § 1º).
Por se tratar de contas apresentadas de forma intempestiva, tais informações não
são alcançadas pelo Sisconta Eleitoral, cujos cruzamentos são realizados logo após o
prazo limite de apresentação das contas. Sendo assim, torna-se necessária a realização de
diligências para averiguar eventuais irregularidades nessas contas.
Para verificar se um candidato ou partido apresentou contas após serem julgadas
não prestadas, você deve acessar o Sistema de Informações de Contas (SICO) pelo

40
https://sico-consulta-web.tse.jus.br/sico-consulta-web/home.jsf, que permite acompanhar
de forma centralizada os resultados dos julgamentos das contas eleitorais e partidárias.

Figura 18 - Sistema de Informações de Contas

Fonte: https://sico-consulta-web.tse.jus.br/sico-consulta-web/home.jsf
Legenda de acessibilidade: Tela de consulta ao Sistema de Informações de Contas (SICO) da
Justiça Eleitoral, contendo os parâmetros de pesquisa disponíveis.

Na tela de consulta, basta efetuar a pesquisa pelo nome do pesquisado,


selecionando no campo “Situação” a opção “Julgada”, no campo “Julgamentos” a opção
“Conta não prestada”, e no campo “Regularização” a opção “Regularizada”, além de
outros parâmetros que julgar necessários.

2.3.1.3 Doadores

Para consultar os doadores de determinada campanha, você deve clicar no item


“Receitas” constante na página inicial do candidato ou partido político perante o
DivulgaCandContas.
Na aba “Receitas” os doadores estão organizados em duas listagens: uma com o
valor total por doador e ordenado por valor (ranking) ou nome (ordem alfabética); outra
contendo a lista completa com os detalhes de cada doação.

41
Figura 19 - DivulgaCandContas – Receitas

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/ (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: A imagem mostra as opções de visualização dos doadores de
determinada campanha, cujas contas estão divulgadas no DivulgaCandContas.

Doações efetuadas por intermédio de terceiros (partido político, outro


candidato ou entidade arrecadadora de recursos, no caso das “vaquinhas
virtuais”) não são alcançadas pelos cruzamentos efetuados pelo
Sisconta Eleitoral.

2.3.1.4 Doadores originários

Quando um candidato recebe uma doação arrecadada por intermédio de terceiros


permitidos pela legislação (partido político, outro candidato ou entidade arrecadadora de
recursos, no caso das “vaquinhas virtuais”), os efetivos doadores pessoas físicas estarão
identificados no campo “doador originário”, enquanto que no campo “doador” constará
o CNPJ do terceiro arrecadador.
Nesses casos, como a figura do doador originário ainda não é captada nos
cruzamentos efetuados pelo Sisconta Eleitoral, pode ser necessário o levantamento desses
dados.
Para tanto, o DivulgaCandContas, na página do candidato, apresenta as doações
aglutinadas por CNPJ do terceiro arrecadador, sendo possível conhecer os doadores
originários ao clicar sobre o terceiro arrecadador presente no “ranking de doadores” ou
escolher entre as opções “Mostrar a lista completa” ou “exportar os dados em csv”.

42
Figura 20 - DivulgaCandContas – Doadores originários

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/ (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: A imagem mostra o processo de detalhamento dos doadores
originários que aparecem de forma aglutinada no CNPJ da entidade arrecadadora de doações na
modalidade “Financiamento coletivo”.

2.3.1.5 Doações financeiras

Nas tipologias em que se apuram indícios de falta de capacidade econômica do


doador, somente são consideradas as doações financeiras (doações em espécie realizadas
por meio de transações bancárias) feitas por pessoas físicas.
Sendo assim, ao selecionar a opção “Mostrar a lista completa” das receitas
arrecadadas pelo candidato ou partido, você deve considerar somente as doações cujo
campo “Espécie do recurso” seja diferente de “Estimado” e o campo “Fonte do recurso”
esteja preenchido com a expressão “Outros recursos”.

43
Figura 21 - DivulgaCandContas – Doações financeiras

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/ (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: A imagem mostra as doações de determinado candidato com destaques
para os campos “Espécie do recurso” e “Fonte do recurso”.

2.3.1.6 Montante doado

Para fins da tipologia destinada a apurar se eventual doador não possui renda
compatível com o valor doado, é necessário levantar o montante doado pela pessoa física,
a título de doação financeira, independentemente dos beneficiários das doações
(candidatos e partidos).
A referida consulta está disponível na área de “Consulta individuais/Contas
eleitorais” do DilvulgaCandContas, podendo ser realizada por nome completo ou parcial
ou por número do CPF/CNPJ.

Figura 22 - DivulgaCandContas – Consulta doadores

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/ (Print editado pelo autor)


Descrição da imagem: Recorte de duas telas do DivulgaCandContas demonstrando o caminho
para acesso à consulta do valor total por doador.

44
As doações estão divididas em dois grupos: financeira (doações em espécie
normalmente feita por meio de transações bancárias) e estimada (bens e serviços doados
ou cedidos gratuitamente ao candidato ou partido), indicando a quantidade e o valor. Para
listar os beneficiários das doações, basta clicar em “detalhar”.

Figura 23 - DivulgaCandContas – Doador e beneficiários

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/ (Print editado pelo autor)


Descrição da imagem: Tela de detalhamento das doações feitas por Wilson Pickler, que indica
14 doações no valor total de R$ 1.239.000,00 a oito beneficiários nas eleições de 2018.

2.3.1.7 Fornecedores

As tipologias relacionadas aos prestadores de serviços da campanha objetivam


identificar indícios de falta de capacidade operacional do fornecedor ou suspeitas de
desvio dos recursos arrecadados.
Para consultar os fornecedores de determinada campanha, você deve clicar no
item “Despesas” da página inicial do candidato ou partido político perante o
DivulgaCandContas. Os fornecedores são organizados em duas listagens: uma com o
valor gasto por fornecedor e ordenado por montante gasto (ranking) ou nome (ordem
alfabética); outra contendo a lista completa com os detalhes de cada gasto.

45
Figura 24 - DivulgaCandContas – Despesas

Fonte: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/ (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: A imagem mostra as opções de visualização dos fornecedores de
determinada campanha, cujas contas estão divulgadas no DivulgaCandContas.

Despesas com encargos financeiros; taxas bancárias e/ou operações de


cartão de crédito; encargos sociais; multas eleitorais; impostos,
contribuições e taxas não são consideradas nos cruzamentos do
Sisconta.

2.3.2 Dados cadastrais de pessoas jurídicas

Os dados cadastrais de empresas auxiliam na detecção de eventuais


irregularidades no fornecimento de bens e serviços às campanhas eleitorais. Dentre os
principais dados disponíveis em fontes abertas, podemos citar:
a) Data da abertura da empresa;
b) Situação cadastral;
c) Sócios e representantes.
Todos esses dados podem ser obtidos em órgãos fazendários (Secretaria Especial
da Receita Federal do Brasil, Secretarias de Fazenda Estadual e Municipal) ou órgãos de
registros públicos de pessoas jurídicas (juntas comerciais, cartórios, etc).

46
No caso da Receita Federal, os dados podem ser consultados por CNPJ no link
http://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/cnpjreva/cnpjreva_solicitacao.asp. No
resultado da consulta, clique na opção “Consultar QSA” para obter os dados dos atuais
sócios e administradores.

Figura 25 – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

Fonte: http://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/cnpjreva/cnpjreva_solicitacao.asp (Print


editado pelo autor)
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra a emissão de comprovante de inscrição e de situação
cadastral de empresa perante a Receita Federal e o detalhamento do respectivo quadro societário.

Não deixe de verificar a situação cadastral em outros órgãos fazendá-


rios de registros de atos empresariais e de fiscalização da atividade eco-
nômica exercida pela empresa investigada.

Por exemplo, caso estejamos investigando um fornecedor cuja atividade é a


revenda de combustível no Estado de São Paulo, podemos fazer buscas nos seguintes
sites:
https://www.cadesp.fazenda.sp.gov.br/(S(v3lbcl10sbsdqo4ai2ixkctl))/Pages/Cadastro/C
onsultas/ConsultaPublica/ConsultaPublica.aspx (Secretaria da Fazenda e Planejamento
do Estado de São Paulo);
https://dfe-portal.svrs.rs.gov.br/Nfe/Ccc (Cadastro Centralizado de Contribuintes das
Secretarias de Fazenda dos Estados e Distrito Federal);

47
https://www.jucesponline.sp.gov.br/Default.aspx (Junta Comercial do Estado de São
Paulo);
https://cpl.anp.gov.br/anp-cpl-web/public/simp/consulta-postos/consulta.xhtml (Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

2.3.3 Cadastro Único

O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) é o


instrumento de identificação e caracterização socioeconômica das famílias de baixa renda
para seleção de beneficiários e integração dessas pessoas a programas sociais do governo.
Atualmente, podem se inscrever no CadÚnico as famílias que possuem renda
mensal por pessoa de até meio salário mínimo. Famílias acima dessa renda podem se
cadastrar, desde que estejam vinculadas a algum programa ou benefício que utilize o
Cadastro Único em suas concessões (Decreto nº 11.016, de 29 de março de 2022).
Sendo assim, registros ativos no CadÚnico de eventuais doadores ou sócios de
pessoas jurídicas contratadas por candidatos e partidos na campanha eleitoral podem
indicar a ausência de capacidade econômica do doador ou de capacidade operacional do
fornecedor, levando em conta sempre o valor doado ou contratado.
A depender dos dados já conhecidos do pesquisado, você poderá consultar as
informações do CadÚnico por meio dos seguintes links:
a) Consulta por CPF e data de nascimento: https://cadunico.dataprev.gov.br/#/consul-
taCpf - informa se o pesquisado possui registro no CadÚnico;
b) Consulta por nome completo, data de nascimento, nome da mãe e local de cadastro
do pesquisado: https://cadunico.dataprev.gov.br/#/consultaSimples - informa os in-
tegrantes do núcleo familiar, a data de cadastramento e da última atualização, a faixa
de renda familiar total e per capita, entre outros dados.

2.3.4 Benefícios sociais

Benefícios sociais são recursos financeiros transferidos diretamente do Poder


Público para o cidadão que participa de programas sociais específicos. Embora cada
iniciativa possua regras específicas que precisam ser atendidas para que o valor seja
concedido, invariavelmente são destinados a famílias e pessoas em situação de
vulnerabilidade social, pobreza ou extrema pobreza.

48
Sendo assim, o fato de beneficiários desses programas sociais constarem como
doadores ou sócios de pessoas jurídicas contratadas por campanha eleitoral levanta
suspeitas sobre a regularidade das contas do candidato ou partido político.
No caso dos benefícios sociais administrados pelo Governo Federal,
informações dos beneficiários do Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família), do Benefício de
Prestação Continuada, do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, da Garantia-
Safra e do Seguro-Defeso podem ser consultadas no Portal da Transparência.
As consultas podem ser feitas por nome, CPF ou o Número de Identificação
Social do pesquisado.

Figura 26 - Portal da Transparência do Governo Federal – Garantia-Safra

Fonte: https://www.portaltransparencia.gov.br/
Legenda de acessibilidade: Consulta do benefício Garantia-Safra no Portal da Transparência do
Governo Federal, utilizando-se como filtro o Número de Identificação Social (NIS)
1.042.506.663-8.

Outros programas sociais instituídos pelos demais entes


governamentais também são fontes de dados para a validação das
tipologias que avaliam a capacidade econômica do doador ou a
capacidade operacional do fornecedor.

49
2.3.5 Seguro-Desemprego

O Seguro-Desemprego é um dos benefícios da Seguridade Social e tem a


finalidade de garantir assistência financeira temporária a trabalhadores formais que foram
demitidos involuntariamente (sem justa causa) e que não possuem renda própria
suficiente para sua manutenção e a de sua família, além de outros critérios estabelecidos
na Lei nº 7.998/1990.
No exercício de 2022, o valor desse seguro varia entre R$ 1.212,00 (um salário
mínimo) e R$ 2.106,08, sendo pago de três a cinco parcelas, dependendo do tempo
trabalhado.
O Portal da Transparência do Seguro-Desemprego disponibiliza as informações
detalhadas sobre os benefícios concedidos, oferecendo consultas por beneficiário
identificado pelo CPF, PIS ou nome.

Figura 27 – Seguro-Desemprego

Fonte:https://transparencia.sd.mte.gov.br/bgsdtransparencia/pages/consultaPorBeneficiario.xhtml
Legenda de acessibilidade: Tela de consulta do Seguro-Desemprego de trabalhador formal por
CPF, ano de requerimento de 2022.

Pelas características desse benefício, entende-se que há indícios da falta de


capacidade econômica dos doadores eleitorais que são beneficiários do Seguro-
Desemprego.

50
Tanto os dados do Seguro-Desemprego como os dados dos benefícios
sociais eventualmente recebidos por doador de campanha eleitoral
podem ser utilizados para verificar se houve excesso de doação por
parte do doador. Nesse caso, como são doadores potencialmente
desempregados ou enquadrados como de baixa-renda, utiliza-se o valor
de 10% do limite de isenção do imposto de renda para fins de apoio à
atuação do Ministério Público, prevista no § 10, art. 27, da Resolução
TSE Nº 23.607/2019.

2.3.6 Óbitos

Doações eleitorais em nome de pessoas registradas em cadastros de óbitos


apontam para indícios de irregularidades, inclusive de lavagem de dinheiro. Embora para
fazer esse batimento o Sisconta utilize a base de dados do Sistema Informatizado de
Controle de Óbitos (Sisobi), fonte de conteúdo fechada, podemos encontrar algumas
iniciativas de disponibilização desses dados em fontes abertas, tais como:
https://www.falecidosnobrasil.org.br/ (Cadastro Nacional de Falecidos - CNF Brasil)
https://servicos.sorocaba.sp.gov.br/consulta-sepultados/ (Consulta de Sepultados do
Município de Sorocaba/SP)
http://www4.tjrj.jus.br/Portal-Extrajudicial/CNO/ (Consulta de Nascimento e Óbito do
Estado do Rio de Janeiro)
https://www.tjba.jus.br/registrocivil/consultaPublica/search (Consulta Pública de
Registro Civil no Estado da Bahia)

2.3.7 Filiação partidária

A filiação partidária é o ato por meio do qual um eleitor aceita e adota o programa
de um partido, sendo necessária para quem deseja participar ativamente da vida política
concorrendo a um cargo eletivo ou simplesmente manifestando sua ideologia.
Importante destacar que a filiação é realizada diretamente perante cada partido
que, posteriormente, comunica à Justiça Eleitoral, que por sua vez publica a lista de
filiados de cada partido político.

51
Embora recentemente o TSE tenha restringido o acesso aos dados de filiados sob
o argumento de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)1, ainda é possível
consultar se determinada pessoa é ou foi filiada a um partido político por meio da emissão
de certidão no Sistema de Filiação Partidária (Filia), disponível em https://filia-
consulta.tse.jus.br/#/principal/certidao-gerar.

Figura 28 – Sistema de Filiação Partidária

Fonte: https://filia-consulta.tse.jus.br/#/principal/certidao-gerar
Legenda de acessibilidade: Tela de consulta do Sistema de Filiação Partidária com os campos de
preenchimento obrigatório para emissão de certidão de filiação.

A depender da situação do pesquisado, a certidão apresentará as seguintes


observações:
a) Não está filiado a partido político - título de eleitor não possui registro de
filiação ou o registro de filiação está como “cancelado” ou “excluído”;
b) Está regularmente filiado - título de eleitor possui registro de filiação com
situação “regular” em um único diretório partidário;

1
https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2021/Agosto/tse-limita-divulgacao-de-dados-sobre-filia-
dos-politicos-em-atendimento-a-lgpd

52
c) Está filiado embora não conste registro na última relação oficial entregue
pelo partido - título de eleitor possui registro de filiação com situação “regular” em um
único diretório partidário, porém o filiado não se encontra na última relação oficial
entregue pelo partido;
d) Consta com pendência de cancelamento - título de eleitor possui registro
de filiação com situação “desfiliado”. Essa situação ocorre quando o cidadão pediu a
desfiliação no partido, mas não comunicou à Justiça Eleitoral;
e) Consta na situação sub judice - título de eleitor envolvido em duplicidade
de filiação partidária.

Caso queira saber a situação atual e pretérita de filiações de um


investigado, você deve escolher a opção “Histórico” no campo “Tipo
certidão” do Sistema de Filiação Partidária.

Para fins de apuração de indícios de irregularidades nas contas eleitorais, dados


sobre filiações partidárias são úteis para verificar se sócios de empresas contratadas na
campanha eleitoral são regularmente filiados a algum partido político, uma vez que esta
vinculação ou proximidade entre contratantes e contratados pode facilitar o cometimento
de ilícitos, tais como a simulação de prestação de serviços, desvio de recursos do fundo
partidário, etc.
Embora o Sisconta sinalize essa tipologia, a ocorrência só será inserida no
Relatório de Conhecimento se for cumulativa com outros indícios de irregularidades nas
contas de determinada candidatura.

Caso esteja diante uma ocorrência dessa natureza, recomenda-se


verificar o nível de proximidade entre o partido político a que o sócio
esteja filiado e a legenda partidária do candidato, inclusive por meio de
coligações ou federações.

2.3.8 Participação em órgãos partidários

Os partidos políticos são organizados em órgãos denominados diretórios


partidários, os quais, de acordo com a abrangência de atuação, são classificados em:
nacional, estadual, regional (DF), municipal ou zonal (DF).

53
Conforme dispõe a Resolução TSE nº 23.571/2018, os órgãos de direção
partidárias devem comunicar à Justiça Eleitoral a constituição e a composição de seus
órgãos de direção.
Para fins de gerenciamento e publicidade dessas informações, a Justiça Eleitoral
utiliza o Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP), cujo módulo de
consulta pública encontra-se disponível no link https://sgip3.tse.jus.br/sgip3-
consulta/#!/orgao-partidario/participa-orgao-partidario.
Para consultar a participação do eleitor em órgão partidário, basta inserir o nome
e o número do título de eleitor e o CPF do investigado.

Figura 29 – Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias

Fonte: https://filia-consulta.tse.jus.br/#/principal/certidao-gerar
Legenda de acessibilidade: Tela de consulta da participação de pessoas físicas em órgãos
partidários, tendo como parâmetro de pesquisa nome completo, título de eleitor e CPF.

As suspeitas de irregularidades que recaem sobre os gastos eleitorais efetuados


com fornecedores que tenham sócios filiados a partidos políticos aplicam-se também na
situação das despesas pagas a empresas em que um ou mais sócios integram os órgãos de
direção de partidos políticos. Contudo, nesse caso, a maior proximidade existente nas
relações entre contratante e contratado confere certa robustez aos indícios.

Vídeo de finalização do Módulo 2


(Vídeo FAER Modulo 2_2.mp4)

54
MÓDULO 3 – COLETA DE DADOS EM AMBIENTES ON-LINE

3.1 Introdução

O uso massivo de dispositivos eletrônicos e sua conexão com a rede mundial de


computadores fez com que muitas ações da sociedade civil migrassem para ambientes
virtuais, como é o caso das propagandas eleitorais que, antes restritas a ambientes físicos
(comícios, carreatas, etc.) ou meios de comunicação tradicionais (rádio, televisão, etc.),
hoje são veiculadas preponderantemente em redes sociais on-line, blogs e sites em geral.

Figura 30 – Internet e suas conexões

Fonte: https://br.freepik.com/
Ao mesmo tempo em que a diversificação dos meios se demonstrou benéfica
para que a propaganda alcançasse outras camadas do eleitorado brasileiro, houve
crescente divulgação de informações infundadas e sem qualquer tipo de fonte verificável,
tais como as fake news, e desinformações em geral, principalmente nas plataformas
digitais.
Segundo Dourado (2020), nas eleições de 2018 o uso de notícias falsas criadas
e disseminadas por usuários nas redes sociais ou pelos próprios candidatos dominaram o
cenário eleitoral brasileiro, sendo usadas até mesmo como estratégia política.
Diante do quadro fático, as autoridades públicas se movimentaram para
aprimorar normas e técnicas de enfrentamento a esses ilícitos.
A internet possui ambiente volátil, em que registros podem ser facilmente
adulterados, além do fato de postagens e publicações serem excluídas e apagadas a

55
qualquer momento. Sendo assim, é relevante que a busca e a coleta de vestígios na internet
sejam feitas de forma tempestiva e adequada, visando subsidiar ações de combate a
ilícitos cometidos na internet.
Para as eleições de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio da
Resolução Nº 23.671/2021, introduziu uma série de regras para as propagandas eleitorais,
em especial àquelas veiculadas em redes sociais, sites e blogs.
No âmbito do Ministério Público Federal, a Secretaria de Perícia, Pesquisa e
Análise (Sppea) tem emitido diversas orientações e instruções a serem observadas na
coleta e preservação da integridade dos vestígios digitais.

De acordo com a Instrução de Serviço SPPEA nº 41/2021, a coleta de


vestígios digitais sem suporte físico visível, na qual se inserem os sites,
blogs e redes sociais on-line, consiste, em regra, em serviço pericial e,
portanto, é desempenhada pela Assessoria Nacional de Perícia em
Tecnologia da Informação e Comunicação – ANPTIC.

Contudo, no âmbito eleitoral, conforme Instrução de Serviço SPPEA n.º


10/2022, as coletas poderão ser executadas diretamente pelas Unidades Descentralizadas
de Pesquisa e Análise por meio do Verifact (https://www.verifact.com.br), solução
tecnológica destinada a garantir a coleta segura e efetiva de conteúdos de redes sociais,
websites e aplicativos de mensagens, com a devida preservação dos metadados
necessários à validação da prova eletrônica.
Sendo assim, as ferramentas apresentadas neste módulo não têm condão
regulamentar, mas tão somente objetivam demonstrar boas práticas de coleta de indícios
na internet. Essas ferramentas podem ser especialmente aplicadas nas situações em que
os canais expostos nos parágrafos anteriores estiverem indisponíveis e for necessária a
rápida execução da coleta do vestígio por parte do agente público.

Vídeo de apresentação do Módulo 3


(Vídeo FAER Modulo 3_1.mp4)

56
3.2 Definições

Iniciaremos com conceitos básicos de termos amplamente difundidos nos


documentos emitidos pela Sppea, sob a ótica da Tecnologia da Informação:
a) Vestígio digital: todo material de cunho informático ou digital, visível ou latente,
constatado ou recolhido, com suporte físico visível ou não, que possa estar relacionado a
uma infração em âmbito penal, cível e/ou administrativo.
b) Vestígio digital sem suporte físico visível: trata-se do vestígio digital armazenado
ou mantido em locais não palpáveis ao agente. Enquadram-se nessa definição, por
exemplo, os vestígios digitais disponibilizados via portais de provedores de aplicação na
internet, sites web e redes sociais on-line.
c) Reconhecimento: trata-se do procedimento de distinguir um elemento como de
potencial interesse para a produção da prova pericial.
d) Coleta: trata-se do ato de recolher o vestígio digital que posteriormente poderá ser
submetido à análise pericial (ou processamento), respeitando suas características e
natureza.
e) Integridade: trata-se da garantia de que os dados recebidos ou armazenados se
encontram exatamente como foram disponibilizados pela entidade autorizada. Ou seja,
não há modificações, inserções, exclusões ou repetições.
f) Autenticidade: trata-se da garantia que a entidade comunicante é de fato quem ela
afirma ser.
g) Isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e ao local do possível
crime.
h) Processamento: trata-se do exame pericial em si, manipulação do vestígio digital
de acordo com a metodologia adequada às suas características, a fim de se obter o
resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo técnico produzido por perito
designado pela SPPEA.

3.3 Coleta de vestígios digitais em websites

Um website é um conjunto de páginas da web organizadas, identificadas por um


nome de domínio comum e publicadas na internet. Podemos nos referir a um website
também pelas expressões site, sítio ou sítio eletrônico.

57
Figura 31 – World Wide Web

Fonte: https://br.freepik.com/

3.3.1 URL (Uniform Resource Locator)

Para localizar qualquer elemento na internet, é necessário falar de URL (Uniform


Resource Locator), que é o endereço completo de determinado recurso disponível na
internet. Geralmente ele é composto pelo protocolo de acesso ao serviço, subdomínio,
nome do domínio, domínio de primeiro nível, código do país e subdiretório (ou objeto).

Figura 32 - Estrutura de URL

Fonte: https://cwbm.com.br/seo/estrutura-de-urls/

Em outras palavras, podemos afirmar que cada conteúdo na internet


(documentos, mídias, arquivos, websites, serviços, etc.) possui um endereço eletrônico
próprio (uma combinação única de letras, números e/ou caracteres), denominado URL.
A especificação e localização inequívoca de conteúdos na internet por meio do
URL, no contexto investigativo, é essencial para o cumprimento de medidas judiciais,
como a preservação de dados ou a remoção de conteúdo.

58
3.3.1.1 URL encurtado

Encurtar um URL é uma técnica usada para criar links curtos (URL encurtado)
que direcionam o usuário ao URL longo relativo a um site ou objeto da web.
A referida técnica é bastante utilizada em redes sociais que disponibilizam uma
quantidade menor de caracteres para que seus usuários compartilhem suas ideias, opiniões
e interesses.

Figura 33 – Desencurtando URL

Fonte: https://twitter.com/MPF_PGR e http://www.mpf.mp.br/pfdc/noticias/pfdc-afirma-que-


poder-publico-negligencia-sua-obrigacao-de-preservar-o-meio-ambiente-os-povos-originarios-
e-os-defensores-de-direitos-humanos
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra o elo entre o URL encurtado presente na página do
MPF no Twitter e o respectivo URL original localizado no site do MPF.

Embora os URL’s encurtados facilitem a vida do usuário na web, é recomendável


manter cautela no acesso de sites por meio desse mecanismo, uma vez que o URL
encurtado (link curto) é composto por uma nova combinação de caracteres aleatórios que
não possuem obrigatoriamente relação com o URL original, impossibilitando que o
usuário saiba previamente o real endereço a que o link se refere.
Deste modo, recomenda-se o uso de ferramentas reversas capazes de descobrir
o real destino do URL encurtado. Seguem alguns exemplos:

59
Unshorten - https://unshorten.it
CheckShortURL - http://checkshorturl.com/expand.php

Figura 34 – CheckShortURL

Fonte: http://checkshorturl.com/expand.php
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra o elo entre o URL original e URL encurtado por
meio da ferramenta CheckShortURL.

60
3.3.1.2 Verificação de segurança em URL

Para uma camada superior de segurança, recomenda-se que antes de acessar um


URL para coletar qualquer vestígio digital seja avaliado o nível de confiabilidade ou
reputação do site.
Para verificar rapidamente se um site é legítimo ou se um URL específico é
seguro, use um verificador de segurança de sites, tais como:
Avg Antivirus Checker - https://smallseotools.com/online-virus-scan
VirusTota - https://www.virustotal.com/gui/home/url
URLVoid - https://www.urlvoid.com
Sucuri SiteCheck - https://sitecheck.sucuri.net
Google Safe Browsing - https://transparencyreport.google.com/safe-browsing/search

Figura 35 - Google Safe Browsing

Fonte: https://transparencyreport.google.com/safe-browsing/search
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra a avaliação de segurança do site mpf.mp.br pela
ferramenta Google Safe Browsing.

61
3.3.2 Propriedade de domínio de um website

Por meio de ferramentas que utilizam o mecanismo de busca Whois é possível


obter dados sobre os nomes de domínios, a empresa registradora e até mesmo as
informações pessoais de contato do proprietário atual do site.
Existem diversos sites nos quais você pode fazer uma pesquisa Whois . No caso
dos domínios que usam o .br sugerimos consultar o portal registro.br.

Figura 36 – Registro BR (Whois)

Fonte: https://registro.br/tecnologia/ferramentas/whois/
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra o resultado da consulta do domínio mpf.mp.br na
ferramenta Whois do Portal registro.br.

62
Para os demais domínios, você pode consultar as seguintes ferramentas:
Whois Lookup - https://mxtoolbox.com/whois.aspx
Who.is - https://who.is/
DomainTools - https://whois.domaintools.com/

3.3.3 Conteúdo não disponível

Caso esteja tentando acessar algum website cujo conteúdo não esteja disponível
por instabilidade no servidor ou por estar fora do ar, é possível tentar a localização dele a
partir de algumas ferramentas, tais como:
Google Cache
Archive Today - https://archive.is
Wayback Machine - https://archive.org/web/

3.3.3.1 Google Cache

O Google, assim como outros mecanismos de busca na internet, baixa e mantém


cópias das páginas da web que eles indexam, organizando essas informações em sua base
de dados. Se um URL estiver inativo, você poderá visualizar facilmente a cópia mais
recente armazenada em cache pelo Google.
Se você está tentando acessar um URL a partir da pesquisa do Google, basta
clicar na seta à direita do endereço da página da web e escolher “Cache” para visualizar
a cópia antiga.

Figura 37 - Google Cache

Fonte: https://www.google.com/
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra a tela do buscador Google com o resultado da
pesquisa pela expressão “MPF” e a opção de visualização em cache do site institucional do
MPF.

63
Se houver demora no carregamento da página, você pode clicar no
link “Versão somente texto” na parte superior da página em cache. A
página da web será carregada instantaneamente, mas você não
poderá ver as imagens. Isso é necessário quando o servidor do site
está inativo e o navegador não é capaz de carregar as imagens das
páginas da web. A informação da data e hora da cópia em cache
criada pelo Google consta na parte superior da página.

Outro modo de consulta a partir do buscador Google é o uso da seguinte sintaxe


de pesquisa: cache:<elemento_a_ser_pesquisado>.
Agora, se você não quiser passar pelo buscador Google, basta inserir o seguinte
endereço na sua barra de endereços, substituindo o trecho <elemento_a_ser_pesquisado>
pelo URL que você deseja visualizar:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:<elemento_a_ser_pesquisado>

Lembre-se de que o Google Cache oferece apenas a cópia em cache


mais recente. Caso queira versões mais antigas ou de determinado
período, recomenda-se o uso de outras ferramentas como o Wayback
Machine, Archive Today e similares.

3.3.3.2 WayBack Machine

O site Wayback Machine permite visualizar cópias de páginas web arquivadas


em diferentes momentos, possibilitando a verificação de eventuais alterações de
conteúdo. Além disso, essa ferramenta permite uma navegação completa em sites
inteiramente arquivados.

64
Figura 38 - WayBack Machine

Fonte: https://web.archive.org/
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra a visualização da homepage do site
<http://www.deepflex.com/> capturada e armazenada na ferramenta Wayback Machine.

3.3.4 Coleta propriamente dita

Em relação à ação de coleta em si, podemos adotar uma ou mais estratégias que
devem ser avaliadas de acordo com o caso concreto.

3.3.4.1 Captura de tela salva em formato PDF

Um dos recursos mais utilizados na coleta de registros virtuais na internet refere-


se aos screenshots, ou capturas de tela, salvos em formato PDF. Nesse caso, podemos
fazer uso de ferramentas capazes de evidenciar metadados e organizar os dados coletados
em formato de relatório, a exemplo da MAGNET Web Page Saver, disponível em
https://www.magnetforensics.com/resources/web-page-saver/.
O MAGNET Web Page Saver faz uma busca numa lista de URL’s previamente
informados pelo usuário e salva as capturas de rolagem de cada página, produzindo um
arquivo de relatório HTML contendo as páginas salvas em PDF, as mídias capturadas, os
hashes MD5 e outras opções personalizáveis.

65
Figura 39 - MAGNET Web Page Saver

Fonte: MAGNET Web Page Saver (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: A imagem mostra a processo de captura de tela do site do Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP) e o respectivo relatório HTML produzido pela
ferramenta MAGNET Web Page Saver.

3.3.4.2 Gravação de tela em arquivo de vídeo

Muito utilizado na criação de tutoriais, o recurso de gravar a tela do computador


ou a janela do navegador também pode ser aplicado na captura de sites e outros elementos
na web. Em regra, as ferramentas de gravação de tela exigem intervenção ativa do usuário
no momento da coleta, uma vez que é necessário que o usuário navegue pelas páginas e
recursos da internet durante a gravação.
Para realizar a coleta mediante registro em vídeo, pode-se utilizar a ferramenta
OBS Studio (https://obsproject.com/pt-br/download) ou Loom (https://www.loom.com/).

66
Figura 40 - OBS Studio

Fonte: OBS Studio


Legenda de acessibilidade: Ilustração da interface da ferramenta OBS Studio.

3.3.4.3 Cópia da estrutura do site

Caso queira coletar todo o site para possibilitar uma navegação off-line,
recomenda-se o uso da ferramenta HTTrack WebSite Copier, que permite baixar um site
da internet para um diretório local, construindo recursivamente todos os diretórios,
obtendo HTML, imagens e outros arquivos do servidor web para o seu computador.

Figura 41 - HTTrack WebSite Copier

Fonte: HTTrack WebSite Copier


Legenda de acessibilidade: Ilustração da interface da ferramenta HTTrack WebSite Copier.

67
O HTTrack, por padrão, captura todos os links encontrados no URL a
ser pesquisado e os respectivos diretórios inferiores. Por exemplo: se
você for coletar o URL https://www.cnmp.mp.br/portal/institucional/, o
sistema também irá salvar o URL inferior
https://www.cnmp.mp.br/portal/institucional/o-cnmp/ e assim
sucessivamente.
O HTTrack não irá capturar links presentes no URL pesquisado que
direcionam para outros sites (domínios), bem como links localizados
em diretórios superiores. Voltando ao exemplo, o sistema não buscaria
os dados do URL superior https://www.cnmp.mp.br/portal/.

3.3.4.4 Salvar página como

Por fim, há a técnica de coleta de um site mediante a opção “Salvar página como”
ou “Salvar como...” do navegador web.

Figura 42 - Mozila Firefox

Fonte: Mozila Firefox (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: Ilustração da interface do navegador Mozila Firefox com acesso à
página principal do site do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), destacando-se o
menu “Arquivo”, opção “Salvar página como...”.

68
3.4 Coleta de vestígios digitais em redes sociais

As redes sociais on-line são sites e/ou aplicativos que operam em níveis diversos
— profissional, de relacionamento, dentre outros — mas sempre permitindo o
compartilhamento de informações entre pessoas e/ou empresas, tais como o Facebook,
Twitter, Instagram, Tiktok, YouTube, etc.

Figura 43 - Redes Sociais

Fonte: https://www.pngwing.com/pt/free-png-xqngx

3.4.1 Perfil investigativo

Qualquer pessoa ou entidade que tenha interesse em ingressar numa rede social
precisa criar um perfil, que consiste geralmente no cadastro de dados pessoais e de
contato. Assim que o perfil é criado, o usuário da rede está apto a interagir com os demais
membros da rede por meio de postagens, comentários, curtidas, etc.
O MPF, por meio da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise, expediu
orientações e cuidados a serem observados na criação de perfis que objetivam pesquisar
e coletar informações existentes em redes sociais on-line para fins de instruções de
procedimentos investigatórios.
Seguem algumas das diretrizes traçadas pelo MPF:
a) Criar nome e outros dados da persona, e-mail, imagens de perfil e capa por meio de
ferramentas disponibilizadas em fontes abertas, atentando-se para a inexistência de
direitos autorais sobre tais elementos;
b) Usar o SIM Card institucional para as situações em que for obrigatório o
fornecimento de número de celular válido, tais como o cadastro nas redes sociais
Telegram e WhatsApp;

69
c) Evitar fornecer quaisquer dados ou praticar ações dentro da rede social que vinculem
o perfil privado ao perfil investigativo usado pelo agente público, tais como a
divulgação e o registro de dados que associem diretamente o proprietário do perfil
investigativo com os dados pessoais do agente público (CPF, e-mail, telefone, etc.);
d) Evitar o registro e a divulgação de informações que identifiquem a atividade
investigativa do perfil, tais como o uso de imagens ou nomes que façam referência
ao MPF ou corporação policial, e-mail institucional, etc.;
e) Manter o perfil investigativo em atividade por meio de interações e conexões com
outros usuários da rede social, evitando-se seguir perfis políticos e curtir postagens
polêmicas;
f) Evitar o compartilhamento de um perfil investigativo entre várias pessoas;
g) Usar ferramenta segura off-line para a organização e armazenamento dos dados de
usuários e senhas das redes sociais, a exemplo dos Gerenciadores de Senhas KeePass
XC2, True Key3, etc.

3.4.2 Localização de ID

No contexto do mundo conectado às redes on-line, o ID passa a se referir à


identidade que cada usuário cria nas diversas plataformas digitais. Para localizar o ID de
um perfil alvo em determinada rede social, sugere-se o uso das seguintes ferramentas:

➢ Facebook

https://commentpicker.com/find-facebook-id.php
https://fb-search.com/find-my-facebook-id
https://lookup-id.com

➢ Instagram

https://commentpicker.com/instagram-user-id.php
https://findidfb.com/find-instagram-id/
https://www.instafollowers.co/find-instagram-user-id

2
https://keepassxc.org/download/
3
https://www.truekey.com/pt-BR#features
70
➢ TikTok

https://commentpicker.com/tiktok-id.php
https://findidfb.com/find-tiktok-id/
https://tools.codeofaninja.com/find-tiktok-id

➢ Twitter

https://commentpicker.com/twitter-id.php
https://findidfb.com/find-twitter-id/
https://tweeterid.com/

➢ Youtube

https://commentpicker.com/youtube-tools.php
https://randomtools.io/youtube-video-id-thumbnails/
https://tools.epieos.com/

3.4.3 URL em redes sociais

Em regra, cada perfil, página, evento ou grupo de uma rede social possui um
URL próprio e genérico que, por sua vez, é mais amplo e diferente dos URL’s mais
específicos das publicações e comentários neles existentes. Por exemplo, o URL genérico
não leva à identificação do usuário responsável por uma publicação ou comentário
específicos dentro de uma página do Facebook, mas, em geral, ao usuário criador ou
administrador da página.
Tomando como exemplo o perfil do MPF no Facebook, observamos que ao
acessar a página do perfil o URL é exibido na barra de endereços do navegador.
Para obter o URL de uma publicação, devemos clicar na respectiva data/hora de
disponibilização da postagem. Em seguida, o URL próprio e específico da publicação
aparecerá na barra de endereços do navegador.
Por fim, se quisermos obter o URL de um comentário específico desta
publicação, basta clicar na data/hora de disponibilização do comentário.

71
Figura 44 – Facebook URL

Fonte: https://www.facebook.com/MPFederal (Print editado pelo autor)


Legenda de acessibilidade: Ilustração do rastreio de URL’s de perfil, publicação e comentário na
página do MPF no Facebook.

3.4.4 Coleta propriamente dita

As técnicas e os métodos apresentados no item 3.3.4 deste curso aplicam-se


igualmente às redes sociais on-line acessíveis via navegador web, tais como o Facebook,
Twitter, Instagram, Tiktok e YouTube.
No entanto, para a coleta de conteúdo específico associado a um determinado
perfil/canal e/ou postagens/publicações, tais como vídeos, imagens ou comentários,
sugere-se o uso de ferramentas específicas de acordo com a rede social:

➢ Facebook

https://commentpicker.com/export-comments-facebook.php (extrator de
comentários)
https://exportcomments.com/ (extrator de comentários)
https://extract.pics/ (extrator de imagens)
https://downvideo.net/ (extrator de vídeos)

72
➢ Instagram

https://commentpicker.com/export-comments-instagram.php (extrator de
comentários)
https://instafinsta.com/ (extrator de vídeos e fotos)
https://izuum.net/ (extrator de vídeos e fotos)
https://www.instawload.com/ (extrator de vídeos e fotos)

➢ TikTok

https://qload.info/pt/ (extrator de vídeos)


https://snaptik.app/pt (extrator de vídeos)

➢ Twitter

https://exportcomments.com/ (extrator de comentários)


https://www.vicinitas.io/free-tools/download-user-tweets (análise de atividade
do perfil)
https://twdown.net/ (extrator de vídeo)
https://www.downloadtwittervideo.com/pt/ (extrator de vídeo)

➢ Youtube

https://9convert.com/en235 (extrator de vídeo);


https://commentpicker.com/youtube.php (extrator de comentários);
https://btclod.com/converter-2/ (extrator de vídeo);
https://deturl.com/ (extrator de vídeo);

3.4.5 Geração de hash

Hashes integram uma importante parte da manutenção de integridade, pois


podem garantir que um vestígio não foi alterado, razão pela qual é necessário o cálculo
do valor de hash de cada vestígio digital coletado.
Para a execução de cálculos de hashes podemos utilizar ferramentas como o
HashCalc, disponível em https://www.slavasoft.com/hashcalc/, aplicando-se,
preferencialmente, a função SHA-256 ou superior.

73
Uma vez instalada a ferramenta, basta selecionar o arquivo coletado, escolher a
opção “SHA256” e, em seguida, clicar sobre o botão “Calculate”.

Figura 45 – HashCalc

Fonte: HashCalc
Legenda de acessibilidade: Cálculo do hash do arquivo “Alvos_pessoasFisicas.csv” por meio da
ferramenta HashCalc, função SHA256.

Caso haja muitos arquivos coletados, sugere-se que, antes do cálculo de


hash, todo o material coletado seja compactado em um único arquivo
de formato .7Z.

74
3.4.6 Armazenamento

Concluídos os procedimentos de coleta, recomenda-se que as propriedades do(s)


arquivo(s) ou pasta/diretório de armazenamento dos arquivos sejam ajustadas como
“somente leitura”.
Além disso, para preservar o isolamento do material coletado, sugere-se que seja
feita cópia dos arquivos coletados para fins de pesquisas e análises.

Cumpre lembrar que no âmbito do MPF a Instrução de Serviço


Conjunta SEJUD, SPPEA e STIC n.º 01, de 05 de abril de 2021, dispõe
sobre o armazenamento de dados obtidos pelo Ministério Público
Federal no exercício de suas funções institucionais.

3.4.7 Preservação e requisição de dados

Alguns provedores de aplicações (que mantêm a rede social, hospedam o site,


etc.) mantêm canais específicos para pedidos de preservação e envio de ordens judiciais
por meio de endereços de e-mail destinados às equipes montadas para responder às
autoridades ou de portais na própria internet, criados especialmente para responder às
autoridades, chamados de Law Enforcement Request System (Lers):

https://www.facebook.com/records/login (Facebook e Instagram)


https://legalrequests.twitter.com/forms/landing_disclaimer (Twitter)
https://lers.google.com/ (Youtube)

É importante a correta identificação do vestígio a ser preservado por meio do


URL ou ID do perfil, de um grupo, de um vídeo, etc., a fim de que tanto o conteúdo quanto
os dados cadastrais e dados associados a uma página ou perfil – os chamados metadados,
sejam preservados corretamente.
Para os provedores de aplicações que prestam serviços no país e aqui mantêm
escritório e não possuem canal específico para encaminhamento de pedidos e ordens de
autoridades, basta enviar um ofício requerendo a preservação da página ou do perfil
investigado.

75
No caso dos provedores de aplicações que prestam serviços no país e aqui não
mantêm escritório, é possível utilizar a Rede de Emergência de Contatos sobre Delitos de
Alta Tecnologia 24/7 para solicitar a preservação dos dados pelo e-mail
cybercrime_brazil_24x7@dpf.gov.br.

Vídeo de finalização do Módulo 3


(Vídeo FAER Modulo 3_2.mp4)

76
MÓDULO 4 - PESQUISAS ORÇAMENTÁRIAS: PAINÉIS DE
INFORMAÇÕES GOVERNAMENTAIS

4.1 Introdução

Com o avanço das novas tecnologias, vários portais de transparência e de dados


abertos governamentais foram ou estão sendo reformulados, potencializando o controle
social e a fiscalização por órgãos de controle dos serviços e das políticas públicas.
Em regra, as novas plataformas de transparência governamental consistem em
painéis de informações que permitem visualizações interativas e recursos de Business
Intelligence (BI) com uma interface simples para que os usuários naveguem pelos dados
de seu interesse.

Figura 46 - Business Intelligence

Fonte: https://www.gratispng.com/

Neste módulo do curso pretendemos apresentar as principais fontes abertas, em


especial os painéis de informações governamentais, que podem auxiliar no atendimento
dos serviços de pesquisa com temática orçamentária, previstos no Catálogo Nacional de
Serviços da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise.

Vídeo de apresentação do Módulo 4


(Vídeo FAER Modulo 4_1.mp4)

77
4.2 Emendas parlamentares ao orçamento da União

Deputados e senadores podem apresentar emendas ao orçamento da mesma


maneira que se faz uma emenda a outros projetos em tramitação no Congresso Nacional.
Uma emenda nada mais é do que uma alteração a um projeto que esteja sendo analisado.
Nesse caso, as alterações são feitas no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).
Tendo como referência o autor da emenda, podemos classificar as emendas
parlamentares em:
a) Emenda individual: apresentada por qualquer parlamentar individualmente
(sendo 81 senadores e 513 deputados federais), com limite de 25 emendas por mandato;
b) Emenda coletiva: apresentada por bancadas estaduais ou regionais, de
interesse de cada unidade ou região da Federação, ou por comissões permanentes, de
caráter institucional e de interesse nacional, ou ainda pelas Mesas Diretoras da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal;
c) Emenda de relator: são feitas pelo deputado ou senador que, naquele
determinado exercício, foi escolhido para produzir o parecer final sobre o orçamento – o
chamado relatório geral. Há ainda as emendas dos relatores setoriais, destacados para
darem parecer sobre assuntos específicos divididos em áreas temáticas do orçamento.
Os principais painéis de informações permitem identificar os autores das
emendas apresentadas e aprovadas pelo Congresso Nacional, bem como os dados de sua
execução orçamentária (empenho e liquidação) e financeira (pagamento).
➢ Emendas Parlamentares (Painel do Orçamento Federal) - https://www1.siop.pla-
nejamento.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=IAS%2FExecucao_Or-
camentaria.qvw&host=QVS%40pqlk04&anonymous=true
➢ Painel Emendas (SIGA Brasil Painéis) - http://www9.senado.gov.br/painelemen-
das
➢ Painel das Emendas Parlamentares (Painéis de Informações do Fundo Nacional
de Saúde) - https://painelms.saude.gov.br/extensions/Portal_Emendas/Por-
tal_Emendas.html
➢ Painel de Emendas (Portal da Transparência do Governo Federal) -
https://www.portaltransparencia.gov.br/emendas
➢ Painel Parlamentar +Brasil (Painéis Gerenciais +BRASIL) - https://cluster-
qap2.economia.gov.br/extensions/painel-parlamentar/painel-parlamentar.html

78
Figura 47 – Painel de Execução de Emendas (SIGA Brasil)

Fonte: http://www9.senado.gov.br/painelemendas
Legenda de acessibilidade: Interface do Painel de Execução de Emendas constante do portal
SIGA Brasil, que demonstra o quantitativo de emendas por autor feita no orçamento da União do
exercício de 2021.

Além das emendas propostas no âmbito do PLOA, os parlamentares


também podem influenciar na alocação de recursos públicos por meio de
emendas apresentadas aos demais projetos de lei de matérias
orçamentárias, tais como o Projeto de Lei do Plano Plurianual (PLPPA),
Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) e Projeto de Crédito
Adicional.

4.3 Termo de Execução Descentralizada

O Termo de Execução Descentralizada (TED) é o instrumento por meio do qual


a descentralização de créditos entre órgãos e entidades integrantes dos orçamentos fiscais
e da Seguridade Social da União é ajustada, com vistas à execução de programas, projetos
e atividades, conforme definido no inciso I, art. 2º, do Decreto n. 10.426/2020.
A descentralização de créditos ocorre quando um órgão ou entidade pública
federal recebe orçamento de outro órgão da União para executar ações e políticas
públicas, que podem ser de interesse recíproco ou apenas de quem envia o orçamento.
Destaque-se que a responsabilidade pela execução dos recursos descentralizados
é compartilhada entre os órgãos celebrantes, de forma que a Unidade Descentralizadora
fica responsável não apenas pelo repasse do recurso, mas também pelo monitoramento e

79
pela fiscalização do TED. A Unidade Descentralizada é responsável pela
operacionalização dos créditos e pela execução dos recursos repassados e do objeto
pactuado. A prestação de contas é, portanto, obrigação de ambas as unidades,
descentralizadora e descentralizada.
De acordo com a Portaria Seges/ME nº 13.405/2021, desde janeiro de 2022 é
obrigatória a operacionalização dos TED’s por meio da Plataforma +Brasil
(https://ted.plataformamaisbrasil.gov.br/maisbrasil-ted-frontend/programa/consulta).
Caso queira pesquisar TED específico por área de atuação do Governo Federal
ou anteriores a 2022, você pode acessar diretamente os portais dos órgãos ou entidades
governamentais, tais como:
➢ Painel de TED (Painéis de Informações do Fundo Nacional de Saúde) - https://pai-
nelms.saude.gov.br/extensions/Portal_TED/Portal_TED.html
➢ Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Ministério da Educa-
ção) - http://simec.mec.gov.br/ted/termo-de-execucao-descentralizada.php
➢ Módulo Termo de Execução Descentralizada (Plataforma +BRASIL) -
https://ted.plataformamaisbrasil.gov.br/maisbrasil-ted-frontend/programa/con-
sulta

4.4 Transferências de recursos

A transferência de recursos é um mecanismo por meio do qual os entes


federativos compartilham suas receitas entre si. A princípio, o repasse pode ser feito em
qualquer direção (da União para Municípios e de Municípios para a União, por exemplo);
entretanto, na prática ela ocorre quase que exclusivamente no sentido da União para
Estados, Distrito Federal e Municípios, e dos Estados para seus Municípios.
Embora a maioria das transferências de recursos ocorra entre entes
governamentais, há casos específicos em que o governo firma cooperação com as
Organizações da Sociedade Civil (OSC), que são instituições privadas sem fins lucrativos
que, depois de habilitadas de acordo com a lei, podem receber de recursos financeiros das
três esferas de governo.
De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional (2016), há diversas formas e
instrumentos utilizados para efetuar as transferências de recursos, que possuem respaldo
jurídico na Constituição Federal, leis, decretos, portarias, instruções e outros documentos

80
legais. Neste curso, abordaremos algumas dessas modalidades de transferências de
recursos.

4.4.1. Transferências constitucionais

Dentre as principais transferências da União para os Estados, o DF e os Municí-


pios, previstas na Constituição, destacam-se: o Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal (FPE); o Fundo de Participação dos Municípios (FPM); o Fundo de Com-
pensação pela Exportação de Produtos Industrializados (FPEX); o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) e o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).
Parte dessas receitas federais arrecadadas pela União é repassada aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, cabendo ao Tesouro Nacional, em cumprimento aos
dispositivos constitucionais, efetuar as transferências desses recursos aos entes federados,
nos prazos legalmente estabelecidos.
Para consultar os valores repassados você pode acessar o Painel das Transferên-
cias Intergovernamentais (Tesouro Nacional Transparente) por meio do link
https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-das-transferencias-intergo-
vernamentais.

81
Figura 48 - Painel das Transferências Intergovernamentais

Fonte: https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-das-transferencias-
intergovernamentais
Legenda de acessibilidade: A imagem mostra os recursos repassados pela União ao Município de
Abadia de Goiás/GO no montante de R$ 13.967.883,26, no exercício de 2021.

Cumpre ressaltar que o Painel das Transferências Intergovernamentais


ainda é útil para verificar se determinado ente recebeu ou não recursos
da União a título de complementação do Fundeb. De acordo com a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, na esfera civil deve-se
reconhecer a atribuição do Ministério Público Federal para apurar
desvio de recursos do Fundeb quando houver complementação de
verbas da União.

82
4.4.2. Transferências especiais

A modalidade de transferência especial foi concebida por meio da edição da


Emenda Constitucional nº 105, de 12 de dezembro de 2019, a qual criou uma nova
modalidade de transferência, exclusivamente para o repasse de recursos das emendas
parlamentares individuais a Estados, Distrito Federal ou Municípios, independentemente
de celebração de convênio ou de instrumento congênere.
Esse tipo de transferência não requer uma finalidade definida, ou seja, o recurso
poderá ser utilizado em projetos diversos, sem necessidade de vincular sua execução a
instrumentos prévios (convênios, contratos de repasse, etc.). Esse recurso deverá ser
aplicado em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do
ente federado beneficiado, exceto em gastos com pessoal e serviços da dívida.
As informações dessa modalidade de repasse de recursos podem ser acessadas
por meio do módulo de Transferência Especial constante na Plataforma +BRASIL:
https://especiais.plataformamaisbrasil.gov.br/maisbrasil-transferencia-especial-
frontend/programa/consulta.
Para identificação dos parlamentares e dos beneficiários da emenda, clique na
aba “Beneficiários” do programa.

Figura 49 – Transferências especiais

Fonte: https://especiais.plataformamaisbrasil.gov.br/maisbrasil-transferencia-especial-
frontend/programa/consulta
Legenda de acessibilidade: Recorte de duas telas que demonstram os autores e beneficiários de
emendas parlamentares utilizadas no instrumento de transferência especial de recursos.

83
4.4.3. Transferência fundo a fundo

É o instrumento de descentralização de recursos disciplinado em leis específicas


que se caracteriza pelo repasse direto de recursos provenientes de fundos da esfera federal
para fundos da esfera estadual, municipal e do Distrito Federal, dispensando a celebração
de convênios. Exemplos de fundos que operam essa modalidade de transferência são o
Fundo Nacional da Assistência Social (FNAS) e o Fundo Nacional de Saúde (FNS).
Para uma consulta ampla aos repasses fundo a fundo, você deve acessar o Painel
de Transferências Abertas +Brasil “Fundo a Fundo” (Painéis Gerenciais +BRASIL) -
https://clusterqap2.economia.gov.br/extensions/painel-fundo-a-fundo/painel-fundo-a-
fundo.html ou o módulo Transferências Fundo a Fundo (Plataforma +BRASIL) -
https://fundos.plataformamaisbrasil.gov.br/maisbrasil-transferencia-
frontend/programa/consulta.
Caso queira informações de algum fundo específico, você deve acessar
diretamente os portais de transparência dos Fundos Nacionais ou de seus órgãos
administradores.
➢ Painel Repasses Fundo a Fundo (Fundo Nacional de Saúde) - https://pai-
nelms.saude.gov.br/extensions/Portal_FAF/Portal_FAF.html
➢ Transferências Fundo a Fundo (Fundo Nacional de Segurança Pública –
FaF/FNSP e Fundo Penitenciário Nacional – Funpen) - https://www.gov.br/mj/pt-
br/acesso-a-informacao/transparencia-e-prestacao-de-contas
➢ Sistema Único de Assistência Social -SUAS (Fundo Nacional de Assistência So-
cial) - https://aplicacoes.mds.gov.br/suaswebcons/restrito/exe-
cute.jsf?b=*dpotvmubsQbsdfmbtQbhbtNC&event=*fyjcjs

84
Figura 50 – Repasses do Fundo Nacional de Saúde

Fonte: https://painelms.saude.gov.br/extensions/Portal_FAF/Portal_FAF.html
Legenda de acessibilidade: Tela do Painel “Repasses Fundo a Fundo” que demonstra os valores
totais repassados pelo Fundo Nacional de Saúde aos fundos municipais e estaduais de saúde.

4.4.4. Transferências voluntárias

As transferências voluntárias são definidas pelo art. 25 da Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF) como a entrega de recursos financeiros a outro ente da
federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de
determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
Esses recursos são repassados a Estados, Municípios, Entidades integrantes dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e a Organizações da Sociedade Civil
(OSC), mediante a celebração dos seguintes instrumentos:
a) Convênio: instrumento que disciplina a transferência de recursos financeiros de
órgãos ou entidades da Administração Pública Federal, direta ou indireta, para
órgãos ou entidades da Administração Pública Estadual, Distrital ou Municipal,
direta ou indireta, consórcios públicos, ou ainda entidades privadas sem fins lu-
crativos, visando à execução de projeto ou atividade de interesse recíproco, em
regime de mútua cooperação, disciplinado pelo Decreto nº 6.170, de 25 de julho
de 2007 e pela Portaria nº 424, de 30 de dezembro de 2016;

85
b) Termo de Fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil
para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas
organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência de recursos finan-
ceiros, disciplinado pela Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014 e pelo Decreto nº
8.726, de 27 de abril de 2016;
c) Termo de Colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as parce-
rias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil
para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pela
administração pública que envolvam a transferência de recursos financeiros, dis-
ciplinado pela Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, e pelo Decreto nº 8.726, de
27 de abril de 2016;
d) Contrato de Repasse: instrumento administrativo usado na transferência dos re-
cursos financeiros por intermédio de instituição ou agente financeiro público fe-
deral, que atua como mandatário da União, disciplinado pela Lei nº 13.019, de 31
de julho de 2014, e pelo Decreto nº 8.726, de 27 de abril de 2016. A instituição
financeira dominante nessa modalidade de transferência é a Caixa Econômica Fe-
deral;
e) Termo de parceria: instrumento jurídico previsto na Lei 9.790/1999 para transfe-
rência de recursos para Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público –
OSCIP, com o objetivo de desenvolver e executar atividades consideradas de in-
teresse público.
Seguem abaixo as principais plataformas que disponibilizam informações sobre
transferências voluntárias.
➢ Painel de Transferências Abertas +Brasil “Discricionárias e Legais” (Painéis Ge-
renciais +BRASIL) - https://clusterqap2.economia.gov.br/extensions/painel-
transferencias-discricionarias-e-legais/painel-transferencias-discricionarias-e-le-
gais.html
➢ Módulo Transferências Discricionárias e Legais (Plataforma +BRASIL) -
https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/sobre-a-plataforma-mais-bra-
sil/transferencias-discricionarias-e-legais/acesso-livre

86
➢ Painel de Convênios e Contratos de Repasses (Painéis de Informações do Fundo
Nacional de Saúde) - https://painelms.saude.gov.br/extensions/Portal_MBr/Por-
tal_MBr.html
➢ Consulta Contratos de Repasse (Caixa Econômica Federal) -
https://webp.caixa.gov.br/siurb/ao/pag/index.asp
➢ Painel de Convênios e Outros Acordos (Portal da Transparência do Governo Fe-
deral) - https://www.portaltransparencia.gov.br/convenios/consulta

4.5 Licitações (processos de compra)

Licitação é o processo por meio do qual a Administração Pública contrata obras,


serviços, compras e alienações.
A Nova Lei de Licitação (Lei nº 14.133/2021) trouxe mudanças nas modalidades
de licitação, excluindo as modalidades de convite e tomada de preço previstas na Lei nº
8.666 de 1993 e acrescentando uma nova modalidade: o diálogo competitivo.
Contudo, é importante ressaltar que as modalidades tomada de preço e convite
deixarão de existir somente a partir do ano de 2023, data prevista para o término da vi-
gência da Lei 8.666/93.
Cada modalidade de licitação possui características específicas, conforme vere-
mos a seguir:
a) Tomada de preços (Lei 8.666) - envolve interessados devidamente cadastrados ou
que atendam a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
Aplica-se à compra ou contratação de serviços ou bens cuja estimativa de valor
não exceda R$ 3.300.000,00 no caso de serviços e obras de engenharia e R$
1.430.000,00 nos demais casos.
b) Convite ou carta-convite (Lei 8.666) - envolve interessados do ramo pertinente ao
seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de
três pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas
da apresentação das propostas. Aplica-se à compra ou contratação de serviços ou

87
bens cuja estimativa de valor não exceda R$ 330.000,00 no caso de serviços e
obras de engenharia e R$ 176.000,00 nos demais casos.
c) Concorrência (Lei 14.133) - usada para contratação de bens e serviços especiais
e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia.
d) Concurso (Lei 14.133) - modalidade de licitação entre quaisquer interessados para
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento será
o de melhor técnica ou conteúdo artístico para concessão de prêmio ou remunera-
ção ao vencedor.
e) Leilão (Lei 14.133) - modalidade de licitação entre quaisquer interessados para
alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendi-
dos, a quem oferecer o maior lance.
f) Pregão (Lei 14.133) - modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens
e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o
de maior desconto.
g) Diálogo competitivo (Lei 14.133) - usada para contratação de obras, serviços e
compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previa-
mente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver
uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os
licitantes apresentarem proposta final após o encerramento dos diálogos.

Vale ressaltar que há duas situações em que as compras pelo governo podem ser
feitas de maneira direta, ou seja, sem a competição das licitações. São elas: dispensa de
licitação e inexigibilidade.
No âmbito do Governo Federal, as licitações podem ser consultadas por meio do
Painel de Compras, módulo “Processos de compra” (http://paineldecompras.econo-
mia.gov.br/processos-compra).
Para pesquisas de licitações nas três esferas de governo (Federal, Estadual e Mu-
nicipal), recomenda-se acessar o Portal Nacional de Contratações Públicas, consultando
“Editais e avisos de contratações” (https://pncp.gov.br/app/editais?q=&&status=rece-
bendo_proposta&pagina=1).

88
4.6 Contratos administrativos

Contrato público ou administrativo é um instrumento jurídico utilizado pela


Administração Pública para regular a relação entre o governo e o particular nos casos em
que haja necessidade de contratar bens e/ou serviços de um particular.
O contrato representa a consolidação de todo o processo de compra e o início da
fase de execução da contratação, seja para execução de um serviço ou para a entrega de
um bem. Contudo, a Administração Pública poderá substituí-lo por outro instrumento
hábil como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem
de execução de serviço, conforme o artigo 95 da Lei 14.133/2021.
No âmbito do Governo Federal, os contratos podem ser consultados por meio do
Painel de Compras, módulo “Acompanhamento de Contratos”
(http://paineldecompras.economia.gov.br/contratos) ou Portal de Transparência do
Comprasnet, consultando “Contratos”
(https://contratos.comprasnet.gov.br/transparencia/contratos).
Para pesquisas de contratos administrativos nas três esferas de governo (Federal,
Estadual e Municipal), recomenda-se acessar o Portal Nacional de Contratações Públicas,
consultando “Contratos”
(https://pncp.gov.br/app/contratos?q=&&status=vigente&pagina=1).

4.7 Obras públicas

Obra pública é toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação


de bem público. Por sua vez, a Lei nº 14.133/2021 define obra como toda atividade
estabelecida, por força de lei, como privativa das profissões de arquiteto e engenheiro
que implica intervenção no meio ambiente por meio de um conjunto harmônico de ações
que, agregadas, formam um todo que inova o espaço físico da natureza ou acarreta
alteração substancial das características originais de bem imóvel.
Uma obra pública pode ser realizada de forma direta, quando a obra é feita pelo
próprio órgão ou entidade da Administração, por seus próprios meios, ou de forma
indireta, quando a obra é contratada com terceiros, por meio de licitação.
Embora os dados das obras licitadas possam ser obtidos nas pesquisas de
licitações e contratos, a consulta específica aos painéis de informações de obras permite

89
verificar o andamento físico dos serviços de obras pactuadas, fornecendo a localização
do investimento e o estágio das obras, por meio de fotos e vídeos.

Figura 51 - SISMOB – Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo

Fonte: https://sismobcidadao.saude.gov.br/obra/10136
Legenda de acessibilidade: Tela do SISMOB contendo fotos e outras informações da obra de
construção de Unidade Básica de Saúde.
Seguem abaixo as principais plataformas que disponibilizam informações sobre
obras públicas financiadas com recursos do Governo Federal.
➢ Painel de Obras +Brasil (Painéis Gerenciais +BRASIL) - https://clusterqap2.eco-
nomia.gov.br/extensions/painel-obras/painel-obras.html
➢ Painel Obras Fundo a Fundo (Painéis de Informações do Fundo Nacional de Sa-
úde) - https://painelms.saude.gov.br/extensions/Portal_SISMOB/Portal_SIS-
MOB.html

90
➢ Transparência Pública - Obras FNDE (Sistema Integrado de Monitoramento Exe-
cução e Controle) - http://simec.mec.gov.br/painelObras/
➢ Painel Gerencial de Obras (Ministério da Educação) - https://www.gov.br/mec/pt-
br/acesso-a-informacao/paineis-de-monitoramento-e-indicadores/painel-geren-
cial-de-obras

4.8 Nota de empenho e ordem bancária

A Nota de Empenho (NE) e Ordem Bancária (OB) são documentos emitidos em


diferentes fases da execução da despesa orçamentária. Sob a ótica do fornecimento de
bens ou da prestação de serviços à Administração Pública, a Nota de Empenho é utilizada
pela instituição pública para reservar o dinheiro que será pago quando o bem for entregue
ou o serviço for concluído. Em regra, tais pagamentos são operacionalizados por meio de
emissão de Ordem Bancária.
Para consulta centralizada a documentos de execução das despesas da União,
recomenda-se o acesso ao Portal da Transparência do Governo Federal por meio do link
https://www.portaltransparencia.gov.br/despesas/favorecido?ordenarPor=valor&direcao
=desc, escolhendo-se a fase de despesa “Empenho” para consulta de NE’s e “Pagamento”
para a consulta de OB’s.

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Figura 52 - Portal da Transparência do Governo Federal - Despesa

Fonte:https://www.portaltransparencia.gov.br/despesas/favorecido?ordenarPor=valor&direcao=desc
Legenda de acessibilidade: Tela de consulta a documentos de execução da despesa pública no
Portal de Transparência do Governo Federal com destaque para as fases de “Empenho” e
“Pagamento” da despesa.

4.9 Nota Fiscal Eletrônica

Caso queira obter maior detalhamento das compras governamentais, você pode
consultar as notas fiscais eletrônicas (NFe) de aquisições de produtos e serviços do
Governo Federal. As informações sobre as notas fiscais eletrônicas são disponibilizadas
no Portal da Transparência do Governo Federal
(https://www.portaltransparencia.gov.br/notas-
fiscais/consulta?ordenarPor=municipioFornecedor&direcao=asc).
Dentre as informações divulgadas, há dados do órgão destinatário e do
fornecedor, além da chave e do valor da nota fiscal, a data de emissão, a situação, o
número e a série, o produto/serviço e o tipo de produto.
Caso queira mais informações, você pode consultar a íntegra das notas fiscais no
Portal da Nota Fiscal Eletrônica

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(https://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/consultaRecaptcha.aspx?tipoConsulta=resumo&
tipoConteudo=7PhJ+gAVw2g=) por meio da “chave da NF-e” obtida no portal da
Transparência do Governo Federal.

Figura 53 - Notas Fiscais Eletrônicas

Fonte: https://www.portaltransparencia.gov.br/ e
https://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx (Print editado pelo autor)
Legenda de acessibilidade: Recorte de duas telas que demonstra o processo de obtenção da íntegra
na Nota Fiscal Eletrônica a partir da Chave da NF-e disponibilizada no Portal da Transparência
do Governo Federal.

4.10 Aplicação mínima de recursos em saúde

Cada ente da Federação é obrigado a aplicar um percentual mínimo anual de sua


receita em ações e serviços públicos de saúde, em atendimento ao disposto no art. 198, §
3º, da Constituição Federal, incluído pela EC 29/2000, e regulamentado pela LC
141/2012.
Atualmente a comprovação se dá mediante a inserção dos dados referentes aos
gastos em ações e serviços públicos de saúde no Sistema de Informações sobre
Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), mantido pelo Ministério da Saúde. O SIOPS
então, com base nos dados informados, calcula o respectivo percentual aplicado.
Das informações homologadas no SIOPS, é gerado o Relatório Resumido da
Execução Orçamentária (RREO), por meio do qual você pode consultar as informações

93
compiladas que demonstram a aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde
pelo ente federado (https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-
informacao/siops/demonstrativos-e-dados-informados).

Figura 54 - Relatório Resumido da Execução Orçamentária

Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/siops/demonstrativos-e-dados-
informados
Legenda de acessibilidade: Anexo específico do Relatório Resumido da Execução Orçamentária
(RREO) do Município de Água Branca, exercício de 2021, em que apura o cumprimento do limite
mínimo para aplicação em ações e serviços público de saúde.

4.11 Aplicação mínima de recursos em educação

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem aplicar um


percentual mínimo de sua receita na manutenção e desenvolvimento do ensino em
atendimento ao disposto no art. 212 da Constituição Federal.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

A comprovação ocorre por meio da inserção dos dados referentes ao último


exercício encerrado no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação
(SIOPE), mantido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O
SIOPE então, com base nos dados informados, calcula o percentual aplicado.
Para verificar o cumprimento dos percentuais mínimos exigidos, você deve
acessar as plataformas abaixo:

94
Siope – Relatórios Gerenciais – Indicadores - https://www.fnde.gov.br/siope/relatorio-
gerencial/dist/
Relatório de Indicadores dos Municípios -
https://www.fnde.gov.br/siope/indicadoresFinanceirosEEducacionais.do
Relatório de Indicadores dos Estados e Distrito Federal -
https://www.fnde.gov.br/siope/consultaIndicadoresEstaduais.do

Figura 55 – Indicadores Legais SIOPE

Fonte: https://www.fnde.gov.br/siope/indicadoresFinanceirosEEducacionais.do
Legenda de acessibilidade: Relatório emitido pelo SIOPE em que demonstra o cumprimento do
limite mínimo para aplicação de recursos em educação pelo município de Acrelândia/AC no
exercício de 2019.

Vídeo de finalização do Módulo 4


(Vídeo FAER Modulo 4_2.mp4)

95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, Alesandro Gonçalves; WENDT, Emerson; CASELLI, Guilherme. Investi-


gação Digital em fontes abertas. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2017.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. O que você precisa


saber sobre as Transferências Fiscais da União. Brasília, 2016. Disponível em:
<https://cdn.tesouro.gov.br/sistemas-
internos///apex//producao//sistemas//thot//arquivos//publicacoes/28549_909191/anexos/
4540_910628///pge_cartilha_principios_basicos.pdf?v=189>. Acesso em 06/07/2022.

______. Ministério Público Federal. Câmara de Coordenação e Revisão, 2. Guia de in-


vestigação e combate à desinformação na Internet no contexto da Covid-19 – Brasília
: MPF, 2020. Disponível em: <https://portal.mpf.mp.br/intranet/areas-tematicas/cama-
ras/criminal/comissoes-e-grupos-de-trabalho-1/combate-crimes-cirberneticos>. Acesso
em 21 de junho de 2020.

DOURADO, Tatiana Maria Silva Galvão. Fake News na eleição presidencial de 2018
no Brasil. 2020. 308 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de
Comunicação, 2020. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/handle/ri/31967>.
Acesso em 06/07/2022.

OLIVEIRA, Maria Célia Néri de. Por dentro do MPF: conceitos, estrutura e
atribuições / Ministério Público Federal. Secretaria de Comunicação Social. – 7. ed. –
Brasília: MPF, 2021. 71 p. Disponível em: <www.mpf.mp.br/sala-de-
imprensa/atendimento-a-jornalistas>. Acesso em 06/07/2022.

FONTES COMPLEMENTARES
E-evidence - Portal de Provas Eletrônicas do MPFe-evidence (mpf.mp.br)
Portal Sppea – https://portal.mpf.mp.br/novaintra/intranet_mpf/areas-
tematicas/gabinete-pgr/pericia-pesquisa-e-analise
Portal eleitoral – https://portal.mpf.mp.br/novaintra/eleitoral

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Conteudista
CLEITON BANDEIRA SENA
Analista do MPU/Perito em Contabilidade
Assessor-Chefe da Assessoria de Pesquisa e Análise da Procuradoria da República/DF

Minicurrículo
Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú - UVA
Especialista em Auditória e Perícia pelo Centro Universitário Euroamericano
Graduando em Direito pela Universidade de Brasília – UnB
Tutor e conteudista do Curso “Orçamento e Finanças Públicas” ministrado na Escola Su-
perior do MPU
Tutor e conteudista do Curso “Análise de Prestação de Contas Eleitorais” ministrado no
Ministério Público Federal
Atuou nas análises das prestações de contas dos candidatos eleitos a Governador do DF
e Presidente da República, assim como as contas dos respectivos partidos políticos, nos
anos de 2010 e 2014
Nomeado como perito assistente-técnico do Ministério Público Eleitoral em ações de in-
vestigação eleitoral
Integrante da Comissão de Trabalho “Atuação do Ministério Público Eleitoral nos pro-
cessos de prestação de contas originários do Tribunal Superior Eleitoral” (Portaria
PGR/MPF n° 162, de 5 de março de 2018)

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