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Colégio Estadual Infante Dom Henrique

Disciplina: _______________________ Professor(a): Leila Brandão


Aluno(a): ___________________________________ nº:_______
Nota:
Turma: __________________ Data: ______/______/_____

TEXTO 1

COMO OS CAMPOS ( Marina Colasanti)

Preparavam-se aqueles jovens estudiosos para a vida adulta, acompanhando um sábio e ouvindo seus
ensinamentos. Porém, como fizesse cada dia mais frio com o adiantar-se do outono, dele se
aproximaram e perguntaram:
- Senhor, como devemos vestir-nos?
- Vistam-se como os campos, respondeu o sábio.
Os jovens então subiram até uma colina e durante dias olharam para os campos. Depois dirigiram-se à
cidade, onde compraram tecidos de muitas cores e fios de muitas fibras. Levando cestas carregadas,
voltaram para junto do sábio.
Sob o seu olhar abriram os rolos das sedas, desdobraram as peças de damasco e cortaram quadrados
de veludo, e os emendaram com retângulos de cetim. Aos poucos, foram recriando em longas vestes os
campos arados, o vivo verde dos campos em primavera, o pintalgado da germinação.
E entremearam fios de ouro no amarelo dos trigais, fios de prata no alagado das chuvas, até
chegarem ao branco brilhante da neve. As vestes suntuosas estendiam-se como mantos. O sábio nada
disse.
Só um jovem pequenino não havia feito sua roupa. Esperava que o algodão estivesse em flor para
colhê-lo. E, quando teve os tufos, os fiou. E, quando teve os fios, os teceu. Depois vestiu sua roupa
branca e foi para o campo trabalhar.
Arou e plantou. Muitas e muitas vezes sujou-se de terra. E manchou-se do sumo das frutas e da seiva
das plantas. A roupa já não era branca, embora ele a lavasse no regato. Plantou e colheu. A roupa
rasgou-se, o tecido puiu-se. O jovem pequenino emendou os rasgões com fios de lã, costurou remendos
onde o pano cedia. E, quando a neve veio, prendeu em sua roupa mangas mais grossas para se aquecer.
Agora a roupa do jovem pequeno era de tantos pedaços que ninguém
poderia dizer como havia começado. E estando ele lá fora uma manhã, com os pés afundados na terra
para receber a primavera, um pássaro o confundiu com o campo e veio pousar-se no seu ombro. Ciscou
de leve entre os fios, sacudiu as penas. Depois levantou a cabeça e começou a cantar.
Ao longe, o sábio, que tudo olhava, sorriu.

Fonte (Nova Escola, 1996, p. 30-31).

Vocabulário

damasco - tecido de seda com desenhos


pintalgado - salpicado com pintas ou manchas
entremear - intercalar, colocar no meio
suntuosa - luxuosa
tufo - porção de pelos ou fios
puir-se - desgastar-se , desfazer-se

QUESTÃO 1
a) Transcreva do texto uma frase que comprova quem realmente se vestiu como os campos.

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b) " preparavam-se aqueles jovens estudiosos para a vida adulta.". Qual foi o ensinamento que, de
acordo com o texto, os jovens poderiam aprender para a vida adulta ?

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c) Justifique o título do texto.

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QUESTÃO 2

O sábio nada disse porque:

(A) não ficou orgulhoso com o que fizeram os jovens.


(B) não quis elogiar o perfeito trabalho.
(C) não era o que ele esperava.
(D) não quis esperar o resultado.
(E) não sabia expor seus sentimentos.

QUESTÃO 3

" O sábio nada disse.


Só um jovem pequenino."

A palavra destacada revela :

(A) confirmação de que os jovens continuam seu trabalho.


(B) sequência comum a todas as histórias.
(C) foco na ação de uma das personagens.
(D) finalização da história.
(E) substituição de um dos personagens da história.

TEXTO 2

O livro de Marco
[...]
Estava à toa, remexendo lembranças, como a daquela noite distante quando meu pai me contou que
as estrelas cadentes viram meninas. Era uma noite clara, agradável, nós dois deitados na rede, no quintal
de casa, tomando a brisa. Me lembro bem do rosto dele naquela noite, meu pai às vezes olhava para o
céu e não disfarçava um olhar comprido, um pouco triste, enquanto ia contando suas histórias e me
ensinado coisas, um olhar de quem sente falta. Era saudade da minha mãe, eu sabia.
Não cheguei a conhecer minha mãe. Meu pai sempre falava dela e , embora não estivesse entre a
gente nas nossas longas noites de conversa, era ela que nos guiava por onde fôssemos. Talvez, quem
sabe, minha mãe sussurrasse nos ouvidos de meu pai as palavras que ele ia me dizendo. Era assim que
ela descobrira um jeito de estar conosco: não estando em carne e osso, mas nos instruindo, a meu pai e
a mim, nos iniciando na aprendizagem do silêncio, nos amando.
Eu sabia que naquela hora ele estava sentindo saudade de minha mãe, mas mesmo assim eu insistia
em fazer perguntas indiscretas, falante como sempre, interrompendo meu pai para perguntar coisas
mais sem pé nem cabeça desse mundo, como, por exemplo, naquela noite, quando ele dava suas
explicações sobre meninas e estrelas e sem mais nem menos peguei no braço dele e disse: “ pai, minha
mãe virou estrela ? É por isso que o senhor olha assim desse jeito para o céu?” E ele, por sua vez, me
respondeu com outra pergunta: “ assim como, meu filho ?” “Assim”, continuei falando, ”com esse olhar
de que está doendo alguma coisa e agente não sabe o que é.”
Ele ficou calado por algum tempo, depois respondeu, com a calma que eu invejava tanto, o sorriso
levíssimo no rosto, como quem sabe muito da vida e esbanja paciência. Respondeu: “é verdade sim, sua
mãe é uma daquelas estrelas”. “Qual”, perguntei, “ a grandona” ? “Não” , ele disse, “ a pequenina,
aquela bem ao norte”. Fixei os olhos nela, na estrelinha brilhando no alto, um pouco acima das outras.
Não conseguia tirar os olhos dela, como se a estivesse vendo pela primeira vez, e ela aumentava o brilho,
piscava, se exibindo pra mim e para meu pai, toda prosa.
Fui me encostando no ombro de meu pai, devagar, senti sua mão nos meus cabelos. Ficamos um
tempão na rede, a brisa no rosto, a noite clara se espalhando pelo quintal, nós dois ali, admirando a
lindeza de minha mãe estampada no céu.
Era dessas e de outras coisas menos importantes que eu me lembrava na noite em que vi a minha
terceira estrela cadente. Estava sentado sob uma árvore, encostado ao tronco, descansando ainda da
última viagem, meio sem destino a seguir, quando vi o clarão e me levantei de uma vez. Percebi que ela
caía para os lados de Isidora, país dos rios e lagos banhado por um mar que eu não conhecia ainda.
Diziam que era um mar muito azul e que mudava de tonalidade de acordo com o olhar do viajante.
Quando meu pai viu o mar de Isidora pela primeira vez, as águas tinham um tom azul-turqueza. Ele
sentou-se na areia da praia, sozinho, e ficou ali, pensando na vida. Começou a se lembrar de cenas de
sua infância, do pomar da casa em que morava, cheio de pequenos mistérios, dos barcos de papel que
meu avô fazia, da água, tão lisinha, escorrendo pelo vidro da janela do quarto depois da chuva. E
percebeu que a medida que ia se lembrando dessas coisas o mar à sua frenteia ficando mais claro,
mudando de cor aos poucos, devagar. Ao se lembrar das histórias que minha avó contava pra ele, antes
de dormir. Viu , então , que o mar tinha ficado azul-celeste , bem clarinho, com umas ondas mansas
batendo na areia, chegando quase até seus pés. Ele passou a tarde toda na praia diante do mar
variando , claro- escuro, anil, quase verde, mar azul-marinho.
CARNEIRO,Flávio- O livro de Marco. Terceira viagem no mar de Isidora.

QUESTÃO 4

Sobre o texto é correto afirmar que

(A) é um texto poético que apresenta a vida de um menino solitário em busca de sua mãe.
(B) é um texto narrativo que destaca a vida de um menino que encontra em Isidora um caminho para
reencontrar sua mãe.
(C) é uma história de ação e suspense que retrata as aventuras de um menino em busca de sua mãe que
desapareceu de repente.
(D) é um texto delicado e poético que conta a história de um menino que tem um forte relacionamento
com seu pai.
(E) é um texto narrativo que busca explicar a origem das cores do mar e o mistério das estrelas cadentes.

QUESTÃO 5

Ao observar o pai naquela noite, Marco percebeu nele um olhar comprido e um pouco triste. Como o
texto explica esse olhar?

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QUESTÃO 6

Na conversa entre pai e filho, a mãe sempre estava presente. Como se explica esse fato?

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QUESTÃO 7

Segundo Marco, quais as características mais marcantes de seu pai ?

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TEXTO 3
Como comecei a escrever
( Carlos Drummond de Andrade)

Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasil uma
vez por semana, aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois de publicadas
no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia ensopada, uns sete dias mais tarde. Não
dava para ler o papel transformado em mingau.
Papai era assinante da Gazeta de Noticias, e antes de aprender a ler me sentia fascinado pelas
gravuras coloridas do suplemento de domingo. Tentava decifrar o mistério das letras em redor das
figuras, e mamãe me ajudava nisso. Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de um
universo de palavras que era preciso conquistar.
Durante o curso, minhas professoras costumavam passar exercícios de redação. Cada um de nós
tinha de escrever uma carta, narrar um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever, quem e
permitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de expressão contido
nos sinais reunidos em palavras.
Daí por diante as experiência foram-se acumulando, sem que eu percebesse que estava
descobrindo a literatura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ninguém falava em
conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estava germinando. Meu irmão, estudante na Capital,
mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. Depois, já rapaz, tive a sorte de conhecer
outros rapazes que também gostavam de ler e escrever.
Então, começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões. Na mesa do café-
sentado (pois tomava-se café sentados nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar
nem ser incomodado ) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas criticavam. Eles
também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza.
Aprendi muito com os amigos e tenho pena dos jovens que não desfrutam desse tipo de amizade crítica.

Fonte : pensador.uol.com.br/.../carlos_drummond_de_andrade

QUESTÃO 8

1- O texto está organizado em quatro partes que podem receber os títulos sugeridos a seguir. Coloque-
os na ordem em que as idéias aparecem no texto.

I- A influência da leitura e a convivência com jovens escritores.


II- Na infância, desejo de decifrar o mistério das palavras.
III- Amigos: os primeiros críticos.
IV- Primeiras experiências escolares e descoberta da literatura.

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QUESTÃO 9

a) Quais os estímulos que Drummond recebeu, desde a infância, para se tornar escritor?

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b)Para o escritor, em que momento da vida a escrita era um dever? Por que esse dever tornou-se um
prazer?
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QUESTÃO 10

Na infância do poeta, as informações não circulavam tão rapidamente como hoje.

a- Aponte uma passagem do texto que confirma essa afirmação.

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b- Por que isso acontecia?

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QUESTÃO 11

Em que época você acha que o autor escreveu a crônica?

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