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Economia

Nova alta do diesel faz


liderança dos
caminhoneiros pedir povo
na rua
Wallace Landim, o Chorão, liderança da greve
em 2018, critica inércia do governo para propor
soluções para o preço do diesel e pede
manifestação popular
Por Felipe Mendes
10 mar 2022, 16h05

Após 57 dias, a Petrobras resolveu reajustar


os preços da venda de gasolina e diesel em
suas refinarias. Embora o repasse fosse
praticamente inevitável diante da escalada dos
valores de barril de petróleo mundo afora
devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, a
notícia foi recebida como uma bomba para
lideranças dos caminhoneiros, que rechaçam
uma suposta ‘inércia’ do governo para
promover soluções para a inflação no Brasil. Os
reajustes são de 25% para o diesel, de 19% para
a gasolina, e de 16% para o gás de cozinha.

Segundo Wallace Landim, o Chorão, que


preside a Associação Brasileira de Condutores
de Veículos Automotores (Abrava), a população
deve ir às ruas exigir um posicionamento do
presidente Jair Bolsonaro. “A população tem
que se conscientizar. O povo, seja de esquerda
ou de direita, está sofrendo. A gente precisa se
unir e cobrar a melhora do nosso país”, diz ele,
uma das lideranças da categoria na greve dos
caminhoneiros em 2018, durante o governo de
Michel Temer. Landim rechaça as alternativas
para o mercado que estão sendo discutidas no
Senado. “Um dos textos que estão para ser
votados fala em uma bolsa-combustível de 300
reais. O caminhão faz dois quilômetros a cada
litro. Você acha que vai ajudar em alguma
coisa?”, indaga.

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Apesar de demonstrar descontentamento e


decepção com o novo reajuste que impactará
diretamente o preço do combustível na bomba e
que irá gerar uma reação em cadeia para
diversos produtos que dependem da malha
rodoviária para chegar aos pontos de venda,
Landim afirma que não tentará articular uma
nova paralisação da categoria. “Eu não preciso
pedir para parar. O Brasil vai parar
automaticamente por não ter condições de se
manter. Alguns analistas falam que o petróleo
pode chegar a 200 dólares o barril. O maior
prejudicado com isso tudo será a população,
basta ver o preço do quilo de arroz, do feijão e
do óleo de cozinha”, diz. “Neste momento, eu
quero conscientizar a população pobre e a
classe média. Se eles convocarem
manifestações, aí sim os caminhoneiros vão
apoiar. Desde 2018, eu não participei de
nenhum movimento. Ia participar em
novembro de 2021, para pressionar o
presidente para que se retirasse o nosso
petróleo do preço de paridade de importação,
mas o que recebi foi 29 liminares com multas
de mais de 1 milhão de reais.”

Para o especialistas em energia Adriano Pires,


sócio fundador do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE), o governo poderia
promover políticas de assistência social
enquanto o barril do combustível se mantenha
acima dos 100 dólares no mercado
internacional. Retirar a Petrobras do sistema de
Preço de Paridade de Importação (PPI),
principal demanda dos caminhoneiros, no
entanto, é vista como uma “tentação perigosa”
para o governo. “A gente tem que tomar uma
providência agora, porque não dá para ficar
vendo a banda passar sem fazer nada. Tem que
tomar medidas típicas de períodos de
excepcionalidades, como foi com o auxílio
emergencial durante a pandemia para socorrer
as pessoas de menor renda”, afirma. “Deve ter
algum programa de subvenção direta para
diesel e botijão de gás por três meses, pelo
menos, enquanto vai se discutindo no
Congresso políticas mais estruturais, como
mudança tributária.”

O especialista ressalta, ainda, que a Petrobras é


vista como uma empresa pública, mas seu
capital é misto e a companhia deve respeitar as
regras de governança impostas pelo mercado de
capitais. “Eu espero e torço para que o governo
Bolsonaro resista à tentação de intervir na
Petrobras, porque esse seria o pior caminho. Se
o caminho for o da intervenção vai ser um
desastre para o país. A gente já viu que falar em
congelamento de preços é a pior política
possível, porque o resultado imediato será o
desabastecimento”, diz Pires. “Que se crie
políticas públicas para esse momento de
excepcionalidade, como um plano de
subvenção, a mudança do ICMS, e que voltem a
discutir uma reforma tributária ampla no país.”

Caminhoneiros Diesel Gasolina Jair Bolsonaro

Manifestação Petrobras Petroleo

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