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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

DISCIPLINA: SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

PROJETO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA CIDADE DE


CAICÓ - RN

Discentes

Emanuel Fernández de Melo – 118110334

Gustavo Dantas Pereira Gouveia – 118110950

Maria Bruna dos Santos Pacheco – 118110909

Renan Filipe do Nascimento Fonseca - 118110504

Campina Grande
2022
PROJETO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA
CIDADE DE CAICÓ - RN

Memorial Descritivo Apresentado à


Disciplina de Sistemas de Abastecimento
de Água da Unidade Acadêmica de
Engenharia Civil do CTRN da UFCG
como requisito básico para aprovação na
citada disciplina.

Orientador: Prof. Dr. Janiro Costa Rêgo

Campina Grande
2022
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variação da população total (2010 e 2021 - estimado) – Caicó ................... 13


Tabela 2 - População total e urbana de Caicó-RN entre os anos de 1970 e 2021 ........ 15
Tabela 3 - Taxas de crescimento populacional urbano para o município de Caicó - RN
entre os anos de 1970 e 2021 .......................................................................................... 16
Tabela 4 - População urbana dos municípios levados em consideração ............................ 17
Tabela 5 - População urbana dos municípios selecionados entre os anos de 1970 e 2021
........................................................................................................................................ 18
Tabela 6 - Tipos de ajuste e coeficientes de determinação ............................................ 18
Tabela 7 – Populações urbanas estimadas para o ano de 2042 pelos diferentes métodos
........................................................................................................................................ 29
Tabela 8 - Consumo médio per capita, para populações de comunidade de diferentes
portes dotadas de ligações domiciliares.......................................................................... 31
Tabela 9 - Vazões das adutoras por trecho .................................................................... 42
Tabela 10 – Acessórios empregados e sua finalidade na adução .................................. 43
Tabela 11 - Resumo das vazões e diferença de nível do projeto ................................... 44
Tabela 12 - Peças utilizadas na sucção e no recalque e seus respectivos comprimentos
equivalentes para cada diâmetro, para adutora de recalque de água bruta. .................... 49
Tabela 13 - Custos fixos relacionados à tubulação para adutora por recalque de água bruta
........................................................................................................................................ 51
Tabela 14 - Curva característica do sistema – adutora de recalque de água bruta ........ 53
Tabela 15 - Pressões admissíveis para a tubulação escolhida com Junta elástica (JGS)59
Tabela 16 - Peças utilizadas na sucção e no recalque e seus respectivos comprimentos
equivalentes para cada diâmetro, para adutora de recalque de água bruta. .................... 62
Tabela 17 - Custos fixos relacionados à tubulação para adutora por recalque de água bruta
........................................................................................................................................ 64
Tabela 18 - Curva característica do sistema – adutora de recalque de água bruta ........ 66
Tabela 19 - Pressões admissíveis para a tubulação escolhida com Junta elástica (JGS) 72
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização do município de Caicó/RN ........................................... 9
Figura 2 - Gráfico da precipitação média mensal .......................................................... 10
Figura 3 - Hipsometria do município de Caicó/RN....................................................... 11
Figura 4 - Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte ............................ 12
Figura 5 - Estimativa da taxa de urbanização pelo método de regressão não linear...... 16
Figura 6 - Estimativa populacional urbana pelo método da extrapolação gráfica a partir
dos dados populacionais dos municípios no período entre 1970 e 2021 ....................... 19
Figura 7 - Estimativa populacional urbana pelo Método Aritmético de Caicó - RN .... 21
Figura 8 - Estimativa populacional pelo Método Geométrico de Caicó - RN............... 24
Figura 9 – Estimativa populacional urbana pelo método da curva logística a partir dos
dados populacioanis do período de 1970 a 2020 ............................................................ 26
Figura 10 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir dos
dados populacionais do período de 1970 a 2020 ............................................................ 27
Figura 11 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir dos
dados populacionais do período de 1970 a 2020 ............................................................ 27
Figura 12 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir dos
dados populacionais do período de 1970 a 2020 ............................................................ 28
Figura 13 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir dos
dados populacionais do período de 1970 a 2020 ............................................................ 28
Figura 14 - Série histórica do consumo médio per capita, entre 2010 e 2020, do município
de Caicó/RN ................................................................................................................... 31
Figura 15 – Eixos da transposição do rio São Francisco ............................................... 34
Figura 16 – Geologia do Rio Grande do Norte. ............................................................ 35
Figura 17 – Açude Itans ................................................................................................ 36
Figura 18 - Primeiro traçado.......................................................................................... 37
Figura 19 - Segundo traçado.......................................................................................... 37
Figura 20 - Esquema da concepção básica escolhida .................................................... 38
Figura 21 - Estação Elevatória de Água Bruta ................ Erro! Indicador não definido.
Figura 22 - Dimensões dos tubos de ferro fundido revestidos com argamassa de cimento,
tipo ponta e bolsa ............................................................................................................ 45
Figura 23 - Representação gráfica do golpe de aríete no trecho 1-2 da adutora ........... 48
Figura 24 - Curva característica do sistema para adução de água bruta ........................ 54
Figura 25 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-MEGANORM
150 - 400 ......................................................................................................................... 54
Figura 26 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-MEGANORM
150 - 400 ......................................................................................................................... 55
Figura 27 - Gráfico de Potência da bomba KSB – MEGANORM, modelo 150 - 400 . 55
Figura 28 - Gráfico de NPSH da bomba KSB – MEGANORM, modelo 40-200......... 57
Figura 29 - Representação gráfica do golpe de aríete no trecho 3-4 da adutora ........... 61
Figura 30 - Curva característica do sistema para adução de água bruta ........................ 67
Figura 31 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-MEGANORM
150 - 400 ......................................................................................................................... 67
Figura 32 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-MEGANORM
150 - 400 ......................................................................................................................... 68
Figura 33 - Gráfico de Potência da bomba KSB – MEGANORM, modelo 150 - 400 . 68
Figura 34 - Gráfico de NPSH da bomba KSB – MEGANORM, modelo 150 -400...... 70
Figura 35 - Representação gráfica do golpe de aríete no trecho 4-5 da adutora ........... 71
Figura 36 - Divisão das áreas de acordo com cada reservatórioErro! Indicador não
definido.
Figura 37 – Limite de zona urbana atual e pós expansão do município de Caicó-RN.. 79
Figura 38 – Posicionamento dos nós ............................................................................. 80
Figura 39 – Anéis da rede - EPANET ........................................................................... 82
Figura 40 – Velocidades nos trechos – EPANET ......................................................... 82
Figura 41 – Pressões estáticas com lâmina d’água mínima no reservatório - EPANET83
SUMÁRIO

1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO .................................................................. 9


1.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA .................................................................................9

1.1.1 Localização e acesso ...................................................................................................9

1.1.2 Aspectos climáticos ......................................................................................................9

1.1.3 Topografia .................................................................................................................10

1.1.4 Geologia, pedologia e vegetação ...............................................................................11

1.1.5 Aspectos hidrológicos ................................................................................................11

1.2 DEMOGRAFIA ......................................................................................................13

1.3 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA .......................................................13

1.4 DIAGNÓSTICO SANITÁRIO ................................................................................14

2 PROJEÇÃO POPULACIONAL .............................................................................. 15


2.1 MÉTODO DA EXTRAPOLAÇÃO GRÁFICA .................................................16

2.2 MÉTODO ARITIMÉTICO .....................................................................................19

2.3 MÉTODO DA CURVA LOGÍSTICA ................................................................24

2.4 MÉTODO DA REGRESSÃO .................................................................................26

2.5 ANÁLISE COMPARATIVA DAS ESTIMATIVAS POPULACIONAIS ..............29

3 DETERMINAÇÃO DAS DEMANDAS .................................................................. 30


3.1 CONSUMO PER CAPITA......................................................................................30

4 MANANCIAIS ........................................................................................................... 33
4.1 MANANCIAIS SUPERFICIAIS.............................................................................33

4.2 MANANCIAIS SUBTERRÂNEOS ........................................................................34

5 CONCEPÇÃO ........................................................................................................... 35
5.1 CONCEPÇÃO DE TRAÇADO ...............................................................................35

5.2 ESCOLHA DA CONCEPÇÃO ...............................................................................38

6 CAPTAÇÃO ...................................................................................................... 39
7 ADUÇÃO ........................................................................................................... 40
7.1 Vazões de adução ...............................................................................................41
7.2 Materiais e acessórios .........................................................................................43

7.3 Dimensionamento das adutoras ..........................................................................44

7.3.1 Dimensionamento adutora de água bruta: Desarenador à estação elevatória de água


bruta ...................................................................................................................................46

7.3.2 Dimensionamento adutora de água bruta: Estação elevatória de água bruta à ETA 48

7.3.3 Dimensionamento adutora de água tratada: ETA à estação elevatória de água tratada
............................................................................................................................................59

7.3.4 Dimensionamento adutora de água tratada: Estação elevatória de água tratada à


reservatório de distribuição ...............................................................................................61

8 RESERVATÓRIO ............................................................................................ 72
8.1 FUNÇÕES DO RESERVATÓRIO ....................................................................72

8.2 FORMATO DO RESERVATÓRIO ...................................................................73

8.3 MATERIAL A SER UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO DOS


RESERVATÓRIOS ......................................................................................................73

8.4 VOLUME DE RESERVAÇÃO .........................................................................74

8.4.1 Reservatório 01 ......................................................................................................74

8.4.2 Reservatório 02 ......................................................................................................74

8.4.3 Reservatório 03 ......................................................................................................75

8.5 DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO ...............................................76

8.5.1 Reservatório 01 ......................................................................................................76

8.5.2 Reservatório 02 ......................................................................................................77

8.5.3 Reservatório 03 ......................................................................................................78

9 OBSERVAÇÃO: A altura mínima admissível de lâmina d’água foi calculada


de modo a garantir pressões de 10 m.c.a em todos os nós da rede ........................... 79
10 DIMENSIONAMENTO DA REDE ................................................................ 79
10.1 DELIMITAÇÃO DA ÁREA A SER ATENDIDA .............................................79

10.2 ZONEAMENTO DE DISTRIBUIÇÃO E TRAÇADO DA REDE ....................79

10.3 ARRANJO DA REDE MALHADA DE DISTRIBUIÇÃO ................................80

11 MODELAGEM MATEMÁTICA DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO ............ 81


11.1 SIMULAÇÃO ESTÁTICA ................................................................................81
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 83
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 85
1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
1.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA
1.1.1 Localização e acesso

O município de Caicó localiza-se na microrregião do Seridó Ocidental do Rio


Grande do Norte. Por ser um município com uma grande extensão em relação aos demais
municípios do estado, a cidade faz divisa com diversos municípios, somando um total de
11 cidades, incluindo um município do estado da Paraíba (Várzea). Com uma área total
de 1229 km², o município possui zona urbana formada pela sede municipal, além de mais
três distritos existentes, são eles: Laginhas, Palma e Perímetro Irrigado Itans-Sabugi.

Figura 1 - Mapa de localização do município de Caicó/RN

Fonte: Google, 2022.

Além disso, a cidade de Caicó é um dos mais importantes quando se trata de


rodovias da região Nordeste, graças à sua posição privilegiada entre os estados
do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Caicó é cortada no sentido leste-oeste pela
rodovia federal BR-427 ligando a cidade com os municípios de Jardim do Seridó e Serra
Negra do Norte. A partir dela deriva conexões através de rodovias estaduais (RN 83, RN
84, RN 288 e RN 188). Estas vias principais formam o complexo rodoviário que torna o
acesso à Caicó muito fácil.

1.1.2 Aspectos climáticos

Com base nos critérios estabelecidos pela Portaria Interministerial nº 01/2005, que
atualiza a delimitação do semiárido nordestino, o município de Caicó encontra-se inserido
Polígono das Secas (BRASIL, 2005). Em Caicó, a estação com precipitação é quente,
abafada e de céu quase encoberto, a estação seca é escaldante, úmida, de ventos fortes e
de céu parcialmente encoberto. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 20
°C a 38 °C e raramente é inferior a 18 °C ou superior a 40 °C.

Caicó tem variação sazonal extrema na precipitação mensal de chuva, o período


chuvoso do ano dura 7,2 meses, de 8 de dezembro a 14 de julho, com precipitação de
chuva de 31 dias contínuos mínima de 13 milímetros. O mês mais chuvoso em Caicó é
março, com média de 125 milímetros de precipitação de chuva. O período sem chuva do
ano dura 4,8 meses, de 14 de julho a 8 de dezembro. O mês menos chuvoso em Caicó é
setembro, com média de 3 milímetros de precipitação de chuva.

Figura 2 - Gráfico da precipitação média mensal

Fonte: Google, 2022.

1.1.3 Topografia

A topografia dentro do perímetro de 3 quilômetros de Caicó contém apenas


variações pequenas de altitude, com mudança máxima de 54 metros e altitude média
acima do nível do mar igual a 165 metros. Dentro do perímetro de 16 quilômetros, há
apenas variações pequenas de altitude (498 metros). Dentro do perímetro de 80
quilômetros, há variações muito significativas de altitude (884 metros). Abaixo podemos
observar o mapa hipsimétrico do município.
Figura 3 - Hipsometria do município de Caicó/RN

Fonte: UFRN, 2021.

1.1.4 Geologia, pedologia e vegetação

O Município de Caicó, geologicamente inserido na Província Borborema, está


constituído por litótipos dos complexos Serra dos Quintos, Caicó e São Vicente, rochas
do Grupo Seridó, representado pela Formação Jucurutú, granitóides das suítes Máfica e
Poço da Cruz, além de granitóides diversos de quimismo indiscriminado (CPRM, 2005).

Já quando se fala na vegetação do município no perímetro de 3 quilômetros há


coberta por superfícies artificiais (42%), pasto (21%), árvores (17%) e arbustos (17%);
dentro do perímetro de 16 quilômetros, por arbustos (45%) e árvores (27%). Finalmente,
dentro do perímetro de 80 quilômetros, por árvores (35%) e arbustos (32%).

1.1.5 Aspectos hidrológicos

O município de Caicó encontra-se totalmente inserido nos domínios da bacia


hidrográfica Piranhas-Açu, sendo banhado pela sub-bacia do Rio Seridó, tendo como
tributários mais importantes: na porção central, o Rio Barbosa, os riachos Barbosa e
Pitombeiras; a leste , o Rio São José e os riachos Manhoso, Olho d’ Água, da Formiga,
da Serra Pelada, Malhada da Areia, da Espingarda e Tapera; ao sul, os riachos dos
Cavalos, Maracujá, do Cordeiro, Cachoeirinha, da Ramada, da Roça, da Beleza, do
Coelho e do Pinto, além do córrego Barra Onça. A porção oeste é banhada pela sub-bacia
do Rio Sabugi, cujos afluentes principais são: os Córregos Carvoadas e da Areia; os
riachos, dos Grossos, das Melancias, Logradouro, Santana, Anastácio, dos Brandões e
Piató. A porção norte do município é banhada apenas por cursos d’água secundários,
sendo os mais importantes os córregos Pelado, Tapado e os Riachos: Saco dos Martins,
da Inês, Riachão, Barra Verde, Caboclo, Fechado, Mundo Novo, Alegre, Mulungu e
Caraibeira (CPRM, 2005).

Nas porções sul e norte do município, pode ser observada uma concentração de
pequenas lagoas e açudes de pequeno a grande porte, os mais importantes são: Itans
(81.750.000m3 ), Mundo Novo (3.600.000m3 ) e Palma (100.000m3 ) que são públicos,
além dos açudes: Barbosa (100.000m3 ), da Inês (421.600m3 ) e Lajinha (100.000m3 ).
Todos os cursos d’água são de natureza intermitente e a rede de drenagem é do tipo
dendrítica (CPRM, 2005).

Figura 4 - Bacias Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Norte

Fonte: Google, 2021.


1.2 DEMOGRAFIA

Em 2010, de acordo com o último censo do IBGE (2010), a população de Caicó


era de 62.709 habitantes, com densidade demográfica de 51,04 hab/km², como mostra a
Tabela 1.

Tabela 1 - Variação da população total (2010 e 2021 - estimado) – Caicó

População
Ano
Total
2010 62.709
2021 68.726
Fonte: IBGE (2010).

Deste total a maior parte da população se encontra na zona urbana. Este


deslocamento da população rural para as áreas urbanas foi um processo recorrente em
vários municípios de todo o país, sendo responsável pela rápida urbanização e, por
consequência, a ocupação de regiões irregulares e sem planejamento, agravando muitas
vezes problemas sanitários e a marginalização da população. Segundo o IBGE (2010),
cerca de 91,6% (57.461 habitantes) dos caicoenses viviam em zonas urbanas e 8,4%
(5.248 habitantes) em áreas rurais.

1.3 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA

No município, a educação é promovida a partir de um sistema educacional


composto por 67 escolas, sendo 15 delas estaduais, 32 municipais, uma federal e 19
privadas, de tal modo que a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade era de 97,3%
em 2010. A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 7.49 para 1.000 nascidos
vivos. As internações devido a diarreias são de 5.5 para cada 1.000 habitantes. Comparado
com todos os municípios do estado, fica nas posições 91 de 167 e 28 de 167,
respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas posições são de 3376
de 5570 e 624 de 5570, respectivamente (IBGE, 2010).

Em 2020, o salário médio mensal era de 1.6 salários mínimos. A proporção de


pessoas ocupadas em relação à população total era de 17.5%. Na comparação com os
outros municípios do estado, ocupava as posições 114 de 167 e 18 de 167,
respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na posição 4400 de
5570 e 1764 de 5570, respectivamente. Considerando domicílios com rendimentos
mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 37.9% da população nessas
condições, o que o colocava na posição 163 de 167 dentre as cidades do estado e na
posição 3021 de 5570 dentre as cidades do Brasil (IBGE, 2010).

Caicó apresenta uma economia diversificada com base principal na prestação de


serviços e com crescimento de cerca de 250% entre 2000 e 2010. A cidade hospeda 2.758
unidades empresariais, sendo um centro sub-regional de categoria A, a terceira mais
elevada na hierarquia urbana do Brasil.

Caicó teve no setor primário a base de sua economia até o início dos anos 70.
Atualmente, apenas 8,5% da população vive no meio rural. Em 2010 o setor da
agropecuária movimentou cerca de R$ 26.7 milhões, correspondendo a 4,8% do PIB da
cidade no período. O meio rural sobrevive da agricultura familiar e da produção de leite,
carne-de-sol e de queijos de manteiga e de coalho.

O setor industrial movimentou no ano de 2010 cerca de R$ 40.4 milhões,


correspondendo a 7,4% do PIB da cidade. Em 1980, Caicó contava com 100 unidades
industriais; em 1991, passou a contabilizar 141 estabelecimentos, o que representou um
crescimento relativo de 41%, e, no ano de 2009 foram notificados 381 estabelecimentos,
obtendo uma variação percentual no crescimento, entre 1991 e 2009, da ordem de 170%.

1.4 DIAGNÓSTICO SANITÁRIO

De acordo com dados do SNIS (2021), 99,63% da população urbana é atendida


por abastecimento de água, sendo o serviço prestado pela Companhia de Águas e Esgotos
do Rio Grande do Norte - Caern.

As águas do açude de Itans, no território de Caicó/RN, são responsáveis por


abastecer a localidade. O tratamento é feito pelo método convencional, com o intuito de
reduzir a turbidez, cor, sabor e cheiro da água por meio da retirada do material particulado.
A água passa por floculação, decantação, filtração e desinfecção por cloro (SNIS, 2019;
NETO, 2019). O tratamento realizado atende parcialmente a Portaria nº 2.914/2011
(BRASIL, 2011), que dispõe sobre a qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade. Das amostras de água tratada analisadas, nenhuma apresentou
resultados fora do padrão para os principais parâmetro de análise da qualidade da água:
turbidez, cloro e coliformes fecais (SNIS, 2019).
Além disso, segundo o SNIS, 100% da população urbana possui abastecimento de
água via rede, entretanto, quando falamos em recolhimento do esgoto apenas 33,34% das
pessoas possuem ligações em suas residências, já quando falamos de resíduos sólidos,
98,42% da população urbana tem seu lixo recolhido. E quando se fala de drenagem a
situação ainda é pior, pois não existe nenhum tipo de mecanismo na cidade específico
para os problemas causados pelas chuvas.

2 PROJEÇÃO POPULACIONAL

Como base de projeto é importante possuir projeções da população que será


contemplada com o sistema de abastecimento, a partir daí que se tem o horizonte de
projeto, que é a quantidade de anos, a frente, que o sistema de abastecimento é mensurado,
este varia de 20 a 30 anos, sendo, para este estudo, utilizado 20 anos, se considerarmos
que é um valor comumente utilizado, de acordo com o que foi ministrado na aula. Ou
seja, a população será estimada para o ano de 2042.

É de grande importância, quando viável, realizar as obras previstas em projeto em


etapas, acompanhando o crescimento da população e, consequentemente, sua demanda.
Cabe ressaltar que em caso de obras construídas em sua totalidade, parte do sistema ficará
ocioso até que a população atinja o previsto para o horizonte de projeto.

Os dados populacionais utilizados para o município de Caicó-RN (Tabela X) foram


obtidos com base no IBGE, considerando os censos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010, e
a estimativa populacional para 2021.

Tabela 2 - População total e urbana de Caicó-RN entre os anos de 1970 e 2021


Ano 1970 1980 1991 2000 2010 2021
População
total 39.091 40.043 50.640 57.002 62.709 68.726
População
urbana 25.408 30.777 42.783 50.624 57.464 -
Taxa de
urbanização 65,00% 76,86% 84,48% 88,82% 91,63% -

Fonte: Adaptado de IBGE.

Mediante a tabela acima, nota-se que para o ano de 2021, a estimativa


populacional realizada pelo IBGE só contemplou a população total. Como o projeto será
elaborado para atender a demanda da população urbana, esta foi estimada para o ano de
2021 com base na taxa de urbanização entre 1970 e 2010.
Para isso, foi feito uma estimativa com base na taxa de urbanização entre os anos
anteriores, utilizando o método de regressão não linear (Figura 5), utilizado a curva de
tendência polinomial do segundo grau para prever a taxa de urbanização em 2021, tendo
em vista sua melhor qualidade de ajuste, e, em seguida, estimar a população urbana neste
ano.

Figura 5 - Estimativa da taxa de urbanização pelo método de regressão não linear


(polinomial)

Fonte: Autores (2022).

Portanto, com taxa de urbanização estimada de 95,28%, em 2021, a população


urbana de Caicó seria de 65.480 habitantes. Desse modo, é possível calcular as taxas de
crescimento entre 1970 e 2021, considerando intervalos aproximados de 10 anos, sendo
apresentadas na próxima tabela (Tabela 3).

Tabela 3 - Taxas de crescimento populacional urbano para o município de Caicó - RN


entre os anos de 1970 e 2021
Ano 1970-1980 1980-1991 1991-2000 2000-2010 2010-2021
População 21,13% 39,00% 18,33% 13,51% 4,96%
Fonte: Adaptado de IBGE.

2.1 MÉTODO DA EXTRAPOLAÇÃO GRÁFICA

Esse método consiste no traçado de uma curva arbitrária ou baseada


em modelos de regressão, que se ajusta aos dados já observados, de
populações de outras comunidades com características semelhantes ao
município em estudo, mas que tenham uma maior população.
Se faz necessário, a princípio, a seleção dos municípios semelhantes à área de
estudo. Para isso selecionou-se localidades de características geográficas e demográficas
semelhantes. Logo após realizou-se uma análise das características sociais e econômicas
das cidades, realizada através do Índice de Desenvolvimento Humano e o PIB per capita
de cada município. As informações e os municípios levados em consideração
encontram-se na tabela a seguir (Tabela 4).

Tabela 4 - População urbana dos municípios levados em consideração


Município População IDH PIB per capita
Caicó - RN 57.464 0,710 16.784,75
São Bento - PB 25.039 0,580 12.442,97
Cajazeiras - PB 47.489 0,679 17.623,96
Sousa - PB 51.885 0,668 15.606,28
Icó - CE 30.465 0,606 8.289,27
Acopiara - CE 25.237 0,595 7.405,32
Afogados da Ingazeira - PE 27.402 0,657 10.945,33
Ouricuri - PE 32.577 0,572 8.903,41
Santa Cruz - RN 30.461 0,635 14.173,01
Assú - RN 39.369 0,661 15.364,85
Currais Novos - RN 37.793 0,691 15.960,05
Fonte: IBGE (2021) e PNUD, IPEA, FJP (2013).

Correlacionando as cidades com características sociais, econômicas,


demográficas e geográficas mais relacionadas às do município a Caicó - RN foram: Sousa
- PB, Cajazeiras - PB e Assú - RN. Os dados populacionais utilizados no método foram
obtidos através dos censos e contagens demográficas realizados pelo IBGE a partir do ano
de 1970. Analogamente ao processo feito para Caicó - RN, para o ano de 2021, foi
realizada uma estimativa da população urbana a partir da população total disponibilizada
pelo IBGE e da previsão para a taxa de urbanização no ano em questão, obtida através da
curva de tendência polinomial de segundo grau (Tabela 5).
Tabela 5 - População urbana dos municípios selecionados entre os anos de 1970 e 2021
Ano 1970 1980 1991 2000 2010 2021
Sousa - PB 42.381 41.642 52.066 46.200 51.881 57.084

Cajazeiras - PB 32.253 31.566 38.329 41.964 47.501 51.212

Assú - RN 13.521 20.505 29.500 34.645 39.359 51.744

Fonte: Adaptado de IBGE (2022).

Em um gráfico, com a plotagem dos dados através do software Microsoft Excel


foi possível encontrar os melhores ajustes de curva para cada uma das três localidades
selecionadas. Em todos os municípios o ajuste polinomial adaptou-se melhor. Os tipos de
ajuste realizado e os coeficientes de regressão linear de cada curva encontram-se abaixo
(Tabela 6).
Tabela 6 - Tipos de ajuste e coeficientes de determinação

Coeficiente de determinação
Município Tipo de ajuste
(R²)
Sousa - PB Polinomial 0,8171
Cajazeiras - PB Polinomial 0,9689
Assu - RN Polinomial 0,9856
Fonte: Os autores (2022).

Em sequência as curvas foram transladadas no eixo X até que coincidissem com


a estimativa populacional da cidade de Caicó - RN no ano de 2021. Por fim, a equação
polinomial da estimativa populacional, pelo método da extrapolação gráfica, foi obtida a
partir da média dos valores das curvas transladadas dos outros municípios. A Figura 6
apresenta os gráficos de população total das localidades, assim como a extrapolação da
população de Caicó – RN e a equação polinomial.
Figura 6 - Estimativa populacional urbana pelo método da extrapolação gráfica a partir
dos dados populacionais dos municípios no período entre 1970 e 2021

Estimativa populacional pelo método da extrapolação


gráfica
100000
80000 y = 814,33x - 1.579.427,32
60000 R² = 0,99

40000
20000
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

População Urbana de Sousa PB


População Urbana de Cajazeiras PB
População Urbana de Assu RN
População Urbana de Caicó RN
Linear (População Urbana de Sousa PB)
Linear (População Urbana de Cajazeiras PB)
Linear (População Urbana de Assu RN)
Linear (População Urbana de Caicó RN)

Fonte: Os autores (2022).

Para o horizonte de projeto, no ano de 2042, a população estimada é de 83.435


habitantes.

2.2 MÉTODO ARITIMÉTICO

Levando em consideração que a população cresce de forma linear com o tempo


por meio de uma taxa constante em intervalos de tempos iguais, é possível estimar a
população urbana de Caicó - RN para o ano de 2042 a partir de uma fórmula conforme
a Equação 1.
[1] 𝑃 = 𝑃0 + 𝑎 ∙ ∆𝑡

Onde,

P0: população
inicial de
projeto; a: taxa
de crescimento
aritmético;
Δt: intervalo de tempo da previsão.
A taxa de crescimento aritmético é calculada tomando como base a população
urbana de dois anos, conforme a equação a seguir.

𝑃2 − 𝑃1
𝑎=
𝑡2 − 𝑡1

Para obter uma previsão mais representativa, calculou-se as taxas de crescimento


empregando-se um intervalo próximo a dez anos entre os períodos designados na Tabela
5 e adotou-se a taxa média.

30.777 – 25.408
𝑎1970 −1980 = = 536,90
1980 − 1970
42.783 – 30.777
𝑎1980 −1991 = = 1091,45
1991 − 1980
50.624 – 42.783
𝑎1991−2000 = = 871,22
2000 − 1991
50624 – 42.783
𝑎2000−2010 = = 784,10
2010 − 2000
57.464 – 50.624
𝑎2010−2021 = = 621,81
2021 − 2010
𝑎𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 781,096

Assim,

𝑃 = 65.480 + 781,096 ∙ ∆𝑡

E, para o horizonte de projeto,

𝑃 = 65.480 + 781,096 ∙ (2042 − 2021)


𝑃 = 81.883 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠

A Figura 7 apresenta o gráfico com a curva do método aritmético e sua correlação


com os dados populacionais designados na Tabela 5.

Figura 7 - Estimativa populacional urbana pelo Método Aritmético de Caicó - RN

Estimativa populacional urbana pelo método


aritmético para Caicó - RN
100000
População (hab)

50000

0
1960 1980 2000 2020 2040 2060
Anos

Fonte: Os autores (2022).

4.1 MÉTODO GEOMÉTRICO

Considerando que a população cresce a uma taxa constante, com o tempo como
um exponencial para o incremento anual sobre a taxa, a população urbana de São Bento
– PB para o ano de 2042 a partir de uma fórmula conforme a Equação 2.
[2] 𝑃 = 𝑃0 ∙ 𝑔∆𝑡

Onde,

P0: população inicial de projeto;


g: taxa de
crescimento
geométrico; Δt:
intervalo de
tempo da
previsão.

A taxa de crescimento geométrica é calculada tomando como base a população


urbana de dois anos, conforme a equação a seguir.
𝑡2−𝑡1
𝑃2
𝑔= √
𝑃1

Assim como no método aritmético, para obter uma previsão mais representativa,
calculou-se as taxas de crescimento empregando-se um intervalo próximo a dez anos entre os
períodos designados na Tabela 5 e adotou-se a taxa média.

1980−1970 30.777

𝑔1970 −1980 = √ = 1,019


25.408

1991 −1980 42.783

𝑔1980− 1991 = √ = 1,037


30.777

2000−1991 50.624
𝑔1991 −2000 = √ = 1,007
42.783

2010 −2000 57.464

𝑔2000− 2010 = √ = 1,012


50.624

2021 −2010 65.480


𝑔2010− 2020 = √ = 1,013
57.464
𝑔𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 1,018

Assim,

𝑃 = 65.480 ∙ 1,018∆𝑡

E, para o horizonte de projeto,

𝑃 = 65.480 ∙ 1,018(2042 −2021)


𝑃 = 95.239 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠

A Figura 8 apresenta o gráfico com a curva do método aritmético e sua correlação


com os dados populacionais designados na Tabela 5.

Figura 8 - Estimativa populacional pelo Método Geométrico de Caicó - RN

Estimativa populacional urbana pelo método


geométrico para Caicó - RN
120000
100000
População (hab)

80000
60000
40000
20000
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Anos

Fonte: Os autores (2022).

2.3 MÉTODO DA CURVA LOGÍSTICA

Para esse método considera-se que a população cresce numa relação matemática
que estabelece uma curva assintoticamente crescente, em função do tempo, até um valor
de saturação, pode-se estimar a população para o ano de 2041 a partir da equação

𝑃𝑆
P=
1+𝑒 𝑎+𝑏.∆𝑡

Onde,
24
Ps: população de saturação;

a, b: parâmetros do método;

∆t: intervalo de tempo entre o ano de projeto e t 1.

Como o método consiste na utilização de três pontos conhecidos e igualmente


espaçados no tempo, utilizou-se as populações urbanas dos anos de 2000, 2010 e 2020.
Afim de verificar a viabilidade do método para o município, deve-se verificar as
seguintes condições:

✓ Condição 1

t3 – t1 = 2 ∙ (t2 – t1)

2020 – 2000 = 2 ∙ (2010 − 2000) → 20 = 20 → Satisfeito

✓ Condição 2

P1 < P2 < P3

50.624 < 57.464 < 64.593 → Satisfeito


✓ Condição 3

P22 ≥ P1 ∙ P3

57464² ≥ (64593 ∙ 50624) → 3.302.111.296 > 3.269.956.032 → Satisfeito

Sendo assim, tendo as três condições satisfeitas, podemos utilizar o método para
determinação da população. Para isso, calcula-se a população de saturação através da
seguinte equação:

𝑃22 ∙ (𝑃1 +𝑃3 ) −2 ∙ 𝑃1 ∙ 𝑃2 ∙ 𝑃3


PS = 𝑃22 − 𝑃1 ∙ 𝑃3

57.4642 ∙ (50.624 +64.593) −2 ∙ 50.624 ∙ 57.464 ∙ 64.593


PS = → PS = 144.606 hab
57.464 2 − 50.624 ∙ 64.593

Determinando os parâmetros a e b:
𝑃𝑆 − 𝑃1
α = ln ( )
𝑃1

25
144606−50624
α = ln ( ) → α = 0,62
50624

1 𝑃 ∙ (𝑃 − 𝑃 )
b=𝑡 ∙ ln (𝑃1 ∙ (𝑃𝑆 − 𝑃2))
2 − 𝑡1 2 𝑆 1

1 50624 ∙ (144606 − 57464)


b=𝑡 ∙ ln (57464 ) → b = −0,02
2 − 𝑡1 ∙ (144606 −50624)

Assim,

144606
P=
1+𝑒 0.62−0.02 ∙∆𝑡

Para o horizonte de projeto, a população urbana estimada é de 71.579 habitantes,


tendo o gráfico a seguir para apresentar a estimativa populacional pela curva logística.

Figura 9 – Estimativa populacional urbana pelo método da curva logística a partir dos
dados populacioanis do período de 1970 a 2020
90.000
80.000
70.000
População Urbana (hab)

60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Anos

Fonte: Os autores (2022).


2.4 MÉTODO DA REGRESSÃO
Consiste em obter uma equaç~lao que estima o valor esperado de uma variavel
dependete (y) dados os valores de uma variavel independete (x), da melhor maneira
possivel, sendo a qualidade do ajuste indicada pelo coeficiente de determinação R², que
varia de 0 a 1 (melhor ajuste)

A regressçao lienar considera que a relação da resposta às variveis é uma função


linear de alguns parâmetros. O s modelos de regressão que nao sao uma função linear

26
do parâmetros são chamados modelos de regressão não-linear.
Com o auxilio do softeare Microsoft Excel, foi possível estabeler equações de
regressçao lienar e não linear (exponencial, potência e logarítmica). As figuras a seguir
apresentam gráficos com os modelos de regressão utilizados para a população em
estudo.

Figura 10 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir


dos dados populacionais do período de 1970 a 2020

População Urbana - método de regressão linear


100.000
90.000
População Urbana (hab)

80.000
70.000 y = 810,93x - 2E+06
60.000 R² = 0,9908
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
1960 1980 2000 2020 2040 2060
Anos

Fonte: Os autores (2022).

Figura 11 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir


dos dados populacionais do período de 1970 a 2020

População Urbana - método de regressão


120.000 não linear (exponencial)
População Urbana (hab)

100.000

80.000 y = 1E-12e0,0192x
R² = 0,9608
60.000

40.000

20.000

0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Anos
Fonte: Os autores (2022).

27
Figura 12 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir
dos dados populacionais do período de 1970 a 2020

População Urbana - método de regressão


não linear (logarítmica)
100.000
90.000
População Urbana (hab)

80.000
70.000
60.000 y = 2E+06ln(x) - 1E+07
R² = 0,9911
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
1960 1980 2000 2020 2040 2060
Anos

Fonte: Os autores (2022).

Figura 13 – Estimativa populacional urbana pelo método de regressão lienar a partir


dos dados populacionais do período de 1970 a 2020

População Urbana - método de regressão


100.000 não linear (polinomial)
90.000
População Urbana (hab)

80.000
y = -2,1186x2 + 9264x - 1E+07
70.000
R² = 0,9923
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
1960 1980 2000 2020 2040 2060
Anos

Fonte: Os autores (2022).

28
2.5 ANÁLISE COMPARATIVA DAS ESTIMATIVAS POPULACIONAIS

Após calcular e determinar a população no horizonte do projeto através dos


métodos de projeção numérica, analisa-se cada resultado obtido para definir a população
utilizada.

Tabela 7 – Populações urbanas estimadas para o ano de 2042 pelos diferentes métodos

Método População estimada para 2042


Extrapolação gráfica 83.435
Aritmético 81.883
Geométrico 95.239
Curva Logística 71.579
Regressão Linear 82.154
Regressão não linear (exponencial) 106.134
Regressão não linear (polinomial) 82.674
Regressão não linear (logarítmica) 79.859

Fonte: Os autores (2022).


A estimativa para a população urbana de 2042 para o município a partir do método
da progressão aritmética foi descartada mediante o fato de este método e o da regressão
linear representarem o crescimento da população de maneira semelhante, por meio da
função linear. Logo, como a regressão linear é o método que promove a escolha da melhor
equação linear que se adeque aos dados, com melhor qualidade de ajuste, a estimativa
aritmética foi descartada.

Desprezou-se ainda os dados populacionais estimados pela regressão não linear


de função exponencial, tendo em vista que o coeficiente de determinação apresentou os
menores valores dentro do método de regressão, da ordem de 0,9603. Analogamente, para
o método de progessão geométrico, haja vista a observação de que o crescimento
populacional na cidade não se deu de forma exponencial, conforme representado no
gráfico do método, de modo que o ajuste por esse modelo não obteve a qualidade
necessária, apresentando muita discrepância entre os dados reais e os calculados para as
populações entre 1991 e 2020.

29
Os métodos de regressão linear e não linear por função logarítmica foram os que
apresentaram melhores ajustes de curva em relação aos dados de 1970 a 2020 com
coeficientes de determinação de 0,9908 e 0,9911, respectivamente. Entretanto, o método
com melhor qualidade de ajuste, com um valor de R² = 0,9923, foi o de regressão lienar
por função polinomial do segundo grau, sendo a metodologia escolhida para estimar a
população urbana de Caicó em 2042, resultando em um valor de 82.674 habitantes.

Conforme as considerações mencionadas, o método da extrapolação gráfica foi


desprezado tendo em vista a cera discrepância observada para a população estimada em
relação aos métodos com qualidade de estimativa mais elevadas (regressão lienar e não
linear de função logarítmica), levando em conta o fato de que a metodologia empregada
para execução do mesmo leva em conta o traçado manual de uma curva arbitrária.
Ademais, mesmo considerando cidades com características socio-econômicas
semelhantes, eventos atípicos no crescimento populacional destas podem geram dados
incoerentes com a realidade do município de Caicó/RN.

3 DETERMINAÇÃO DAS DEMANDAS

3.1 CONSUMO PER CAPITA

Consiste na média diária, por indivíduo, dos volumes utilizados para satisfazer os
consumos domésticos, comercial, público e industrial. É uma informação importante para
as projeções de demanda, para o dimensionamento de sistemas de água e de esgotos e
para o controle operacional (SNIS, 2019).

Para a elaboração de projetos de sistemas de abastecimento de água, é frequente


o emprego de consumos per capita médios. Este consumo por indivíduo varia de acordo
com o porte da cidade e, consequentemente, sua quantidade de habitante, conforme
descrito na Tabela abaixo. Em municípios com previsões de aumento de população à uma
tendência de crescimento do consumo per capita.

30
Tabela 8 - Consumo médio per capita, para populações de comunidade de diferentes
portes dotadas de ligações domiciliares

Faixa da População Consumo per capita


Porte da Comunidade
(habitantes) (L/hab.dia)
Povoado rural < 5.000 90 a 140
Vila 5.000 a 10.000 100 a 160
Pequena localidade 10.000 a 50.000 110 a 180
Cidade média 50.000 a 250.000 120 a 220
Cidade grande > 250.000 150 a 300
Fonte: VON SPERLING (1995).

O consumo médio per capita, em L/hab.dia, é calculado através do Sistema


Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), a partir do volume de água
consumido, excluído o volume de água exportado, dividido pela média aritmética, dos
dois últimos anos de coleta, da população atendida com abastecimento de água. Dessa
maneira, levantou-se a série histórica desses consumos para o município de Caicó/RN,
entre os anos de 2010 e 2020, para que a partir destes seja feita a análise de qual consumo
per capita será adotado para o cálculo da demanda. Tais dados são expressos pelo gráfico
da Figura 14.

Figura 14 - Série histórica do consumo médio per capita, entre 2010 e 2020, do
município de Caicó/RN

Consumo médio percapita de água (2010 - 2020)


120

100

80

60

40

20

0
2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022

Fonte: Autores, 2022.

31
Sob análise do gráfico, observou-se que ao consumo per capita em L/hab.dia
enfrentou momentos de crescimento e decréscimo ao longo dos anos de 2010 a 2020,
apresentando um valor médio de 101,53 L/hab.dia. Os maiores consumos têm valores
bastante próximos, demonstrando que não são valores atípicos, mas relacionados a
questão da disponibilidade hídrica na região. Entre 2012 e 2017, por exemplo, período
em que ocorreu uma seca que assolou o estado da Paraíba, percebe-se a redução a cada
ano do consumo per capita de água no município. No ano de 2005, o consumo de 111,1
L/hab.dia é o maior valor registrado no período em análise.

Ao observarmos que à medida que o consumo per capita diminui e a população


aumenta consideravelmente podemos supor que a população não tem acesso total a água,
ou não tomam proveito total da mesma. Por isso torna-se necessário fazer comparações
com outras médias per capitas importantes, o estado do Rio Grande do Norte possui média
de 109,28 L/hab.dia, a região Nordeste possui 120,31 L/hab.dia e o Brasil possui média
de 152,13 L/hab.dia (números do ano de 2020). Podemos observar que o município em
estudo está abaixo quando comparado com a todos os níveis territoriais.

Além disso, é importante considerar também o último ano que o município de


Caicó não teve problemas com abastecimento, que foi o ano de 2011, quando o açude de
Itans chegou quase a sangrar. No ano em questão o consumo foi de 110,9 L/hab.dia.

Outro fator importante a se levar em consideração no cálculo do consumo per


capita da região é a chegada da transposição do rio São Francisco para a região, no caso
a obra beneficiará o rio Piaranhas que está localizado a 20 km de Caicó, que já possui
adutora levando água do rio para a cidade.

Dessa forma, optou-se em empregar como consumo per capita médio o valor de
135 L/hab.dia, visando oferecer uma margem de segurança, já que a população urbana do
município vem crescendo consideravelmente, podendo aumentar as tendências de
consumo hídrico. Este valor, por sua vez, está dentro do intervalo estabelecido por Von
Sperling (2005), na Tabela 8, considerando Caicó uma cidade de porte médio.

Portanto, pode-se calcular a demanda média de projeto, em m³/s, a partir da


Equação.

32
𝑚é𝑑𝑖𝑎
𝑃 ∙ 𝑞 ∙ 10−3
𝑄𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 =
86400
Onde,

P: população de projeto (hab);


q: consumo per capita médio (L/hab.dia).

Assim,

𝑚é𝑑𝑖𝑎
𝑃 ∙ 𝑞 ∙ 10−3 82.674 ∙ 135 ∙ 10−3
𝑄𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 = = = 0,0129 𝑚3 /𝑠 𝑜𝑢 12,92 𝐿/𝑠
86400 86400

4 MANANCIAIS

4.1 MANANCIAIS SUPERFICIAIS

A cidade de Caicó é possui diversos rios em seus arredores, além de diversos


açudes, sendo o principal o açude Itans (81.750.000 m³), o grande problema de
abastecimento da cidade se dá pelo fato de todos os rios da cidade serem intermitentes, e
o que piora mais ainda a situação é o fato de existirem aproximadamente 1200 pequenos
reservatórios antes do açude Itans, o que dificulta ainda mais o seu abastecimento em
secas prolongadas como a vivida na última década. O município está inserido totalmente
dentro de uma grande bacia hidrográfica, a bacia dio rio Piranhas/Açu 43.683 km² de
área, bacia essa que pertence aos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Porém, como podemos observar na Figura abaixo, o projeto de transposição do


rio São Francisco contemplará a bacia hidrográfica de piranhas, sendo acoplada no seu
principal rio, o rio piranhas, fazendo com que o rio torne-se perene e tornando-se a fonte
com mais capacidade para abastecer as cidades da bacia, incluindo Caicó.

33
Figura 15 – Eixos da transposição do rio São Francisco

Fonte: Google, 2022.

4.2 MANANCIAIS SUBTERRÂNEOS

O município de Caicó está inserido no Domínio Hidrogeológico Intersticial e no


Domínio Hidrogeológico Fissural. O Domínio Intersticial é composto pelos Depósitos
Aluvionares. O Domínio Fissural é formado de rochas do embasamento cristalino que
englobam o sub-domínio rochas metamórficas constituído do Complexo Caicó, Formação
Jucurutu, Formação Seridó e do Complexo Serra dos Quintos o e subdomínio rochas
ígneas da Suíte Máfica, dos Granitóides e da Suíte Poço da Cruz (CPRM, 2005). Podemos
observar na Figura abaixo a divisão geológica do estado do Rio Grande do Norte.

34
Figura 16 – Geologia do Rio Grande do Norte.

Fonte: Google, 2022.

Já que Caicó está inserida em uma região constituída quase que totalmente por
rochas cristalinas, não se torna viável o abastecimento por fontes subterrâneas, pois essas
formações geológicas não permitem uma boa retenção de águas advindas das chuvas, o
ideal para abastecimento subterrâneo são formações geológicas sedimentares. Logo, o
abastecimento não será por meio de poços.

5 CONCEPÇÃO

Diante do exposto, observou-se que a barragem Itans não possui, atualmente,


uma capacidade que garanta o fornecimento adequado de água durante todo o ano. Devido
aos parâmetros observados, o Rio Piranhas foi escolhido para abastecer a cidade, pois
além dele possuir uma vazão melhor também há o projeto da transposição para levar as
águas do São Francisco para ele. Portanto, realizou-se duas concepções de traçado
partindo-se dos dois mananciais em análise.

5.1 CONCEPÇÃO DE TRAÇADO

Na concepção optou-se pelo traçado da adutora ao longo de faixas de domínio


público, sendo este, paralelo às rodovias existentes. Evitando-se a ocorrência de

35
desapropriações, além de contornar desníveis e cursos d’água, tornando a obra mais
econômica.
Observando os açudes em estudo, podemos observar que existe um açude
próximo a região de Caicó. Como podemos observar na Figura 15, o açude que
conseguiria ter uma vazão para suprir as necessidades da cidade seria o Itans, presente na
cidade em estudo.
Entretanto, como esse açude vem passando por um período de seca e seu atual
volume não é suficiente para garantir um abastecimento seguro para o município, também
foi analisada a opção de captar água do Rio Piranhas.
Nesse sentido, foram considerados dois traçados seguindo essas características.
No primeiro traçado, referente ao açude Itans, serão necessários 1,84 km de tubulação
com um desnível máximo de 8 metros, entre o ponto mais baixo e o mais alto do percurso.
No segundo traçado, a partir do Rio Piranhas, serão necessários 28,14 km de tubulação
com um desnível máximo de 53 metros, entre o ponto mais baixo e o mais alto do
percurso. As figuras 16 e 17 representam os traçados estudados.

Figura 17 – Açude Itans

Fonte: Google Earth (2022).

36
Figura 18 - Primeiro traçado

Fonte: Google Earth (2022).

Figura 19 - Segundo traçado

Fonte: Google Earth (2022).

37
5.2 ESCOLHA DA CONCEPÇÃO

Comparando-se as duas concepções, em questões de desnível máximo e em


termos de distância, a diferença encontrada é muito elevada, além de que, na primeira
concepção poderia ser utilizado um sistema por gravitação para a retirada da água do
manancial. Entretanto, por mais que o trecho da primeira concepção seja mais curto e
tenha um perfil topográfico mais adequado, tornando-a mais viável economicamente,
devido a insuficiência hídrica dele, que pode levar a uma crise hídrica na cidade, a
concepção do Rio Piranhas será utilizada para o abastecimento da cidade devido a sua
maior capacidade e por fazer parte do eixo norte da transposição do Rio São Francisco.
Dessa forma, para as concepções escolhidas podemos observar as alocações de
pontos dos perfis para alocação da adutora em um esquema de concepção básica,
conforme visto na Figura 18, que prevê os seguintes elementos:
• Sistema de captação do rio ou açude, prevendo utilização de barragem de nível;
• Estação de elevação de água bruta;
• Adutora de água bruta;
• Estação de Tratamento de Água;
• Estação de elevação de água tratada;
• Adutora de água tratada;
• Reservatório elevado de água de distribuição;
• Rede de distribuição.
Figura 20 - Esquema da concepção básica escolhida

Fonte: Tsutiya, 2006.

38
6 CAPTAÇÃO

Captação tem por finalidade criar condições para que a água seja retirada do
manancial abastecedor em quantidade capaz de atender o consumo e em qualidade tal que
dispense tratamentos ou os reduza ao mínimo possível. É, portanto, a unidade de
extremidade de montante do sistema. Todo e qualquer sistema é projetado para servir, por
certo espaço de tempo, denominado período de projeto. Outra unidade importante são os
reservatórios, que podem ser dos seguintes tipos: superficiais (rios e lagos), subterrâneos
(fontes naturais, galerias filtrantes, poços) e águas pluviais (superfícies preparadas).

As condições de captação de águas superficiais empregadas em sistemas de


abastecimento geralmente são originárias de um curso de água natural. Opções mais raras
seriam captações em lagos naturais ou no mar com dessalinização posterior. As condições
de escoamento, a variação do nível d’água, a estabilidade do local de captação, etc., é que
vão implicar em que sejam efetuadas obras preliminares a sua captação e a dimensão
destas obras. Basicamente as condições a serem analisadas são:

• Quantidade de água;
• Qualidade de água;
• Garantia de funcionamento;
• Economia das instalações;
• Localização.

Diante disso, observou-se as fontes de captação disponíveis nas redondezas do


município. Viu-se que, apesar da existência de alguns rios mais próximos, estes eram
intermitentes, não se adequando para o objetivo em questão. Além disso, o açude Itans
(pertencente ao município) não tinha vazão suficiente para cumprir a demanda. Logo, a
alternativa encontrada foi a escolha do Rio Piranhas, localizado a 28.14 Km de Caicó –
RN.

Com base nos dados fornecidos pelo Instituto de Gestão de Águas do Estado do
Rio Grande do Norte (IGARN), pôde-se verificar que a vazão de regulação (95%) para o
Rio Piranhas é de 1,30 m³/s, ratificando a sua escolha para o projeto do sistema de
abastecimento municipal.

39
Diante desse cenário, a melhor forma de captação escolhida foi o sistema
composto por gradeamento, poço de sucção e estação elevatória.

Figura 21 – Sistema de captação de água

Fonte: Ístria Engenharia.

7 ADUÇÃO

Sabe-se que a adução se constitui das tubulações de condução da água desde a


captação até a estação de tratamento, representando a adutora de água bruta, e dela até a
rede de distribuição, implicando na adutora de água tratada. Além disso, as adutoras
podem ser classificadas quanto a energia utilizada para a movimentação da água.

▪ Adutora por gravidade em conduto livre: A água escoa sempre em declive,


mantendo uma superfície livre sob o efeito da pressão atmosférica. Os
condutos podem ser abertos ou fechados, não funcionando com seção
plena (totalmente cheios);

▪ Adutora por gravidade em conduto forçado: A pressão interna


permanentemente superior à pressão atmosférica permite à água mover-
se, quer em sentido descendente quer em sentido ascendente, graças à
existência de uma carga hidráulica;

▪ Adutora por recalque: quando, por exemplo, o local da captação estiver


em um nível inferior, que não possibilite a adução por gravidade, é

40
necessário o emprego de equipamento de recalque (conjunto motor-bomba
e acessórios). O sistema de adução é composto por condutos forçados.

Para o projeto, houve a necessidade da instalação de um sistema de adução misto,


sendo dois trechos compostos por adutora por recalque, com o auxílio de bombas, que
visa assegurar a não ocorrência de pressões negativas no sistema e que implicam na
instalação de estações elevatórias; e, dois trechos com sistema de adução por gravidade.
Com base na NBR 12.214/2020, propõe-se que em cada uma das estações elevatórias
sejam instaladas ao menos duas bombas, assegurando o funcionamento do sistema em
caso de manutenção ou impossibilidade de operação de uma delas (ABNT, 2020).

7.1 Vazões de adução

As vazões de adução podem ser determinadas com base nas Equações abaixo,
podendo variar conforme o período de funcionamento do sistema, que é normalmente é
de 24 horas diárias para adutoras por gravidade e pode variar entre 16 a 24 horas para
adutoras por recalque (TSUTIYA, 2006).

● Vazão da adutora de água bruta (Captação à ETA).

𝑃∙𝑞
𝑄𝐴 = (𝑘1 ∙ + 𝑄𝑒𝑠𝑝) ∙ 𝐶𝐸𝑇𝐴
3600ℎ

Onde,
CETA: coeficiente de consumo na ETA.

● Vazão da adutora de água tratada (ETA ao reservatório)

𝑃∙𝑞
𝑄𝐵 = 𝑘1 ∙ + 𝑄𝑒𝑠𝑝
3600ℎ

● Vazão da adutora de água tratada (reservatório à rede)

𝑃∙𝑞
𝑄𝐶 = 𝑘1 ∙ 𝑘2 ∙ + 𝑄𝑒𝑠𝑝
86.400
Para tanto, foi desprezado o valor de Qesp, pois não foi obtido dados referentes a
demanda por parte de grandes consumidores da área em tudo. Além do mais, considerou-
se, a partir da NBR 12.211/1992 (ABNT, 1992), que os coeficientes do dia de maior
consumo (k1) e da hora de maior consumo (k2) iguais a 1,2 e 1,5, respectivamente.
41
Assumindo que a ETA apresentará um consumo mínimo de 4% da água aduzida, o
coeficiente CETA é estimado em 1,04.

Calculou-se as vazões de projeto necessárias para o atendimento das demandas da


cidade de Caicó, para a adução por gravidade foi considerado o período de funcionamento
diário de 24 horas e um funcionamento de 20 horas para o sistema de adução por recalque.
A vazão do reservatório à rede é considerada ininterrupta, para evitar desabastecimento à
população. Os resultados podem ser expressos pela Tabela 11.

Tabela 9 - Vazões das adutoras por trecho

Período de Vazão da ETA ao Vazão do


Vazão da captação à
funcionamento reservatório elevado reservatório à rede
ETA (m³/s)
diário (m³/s) (m³/s)

20 horas 0,193 0,186 0,233

24 horas 0,161 0,155 0,233

Fonte: Os autores (2022).

Sob a ótica da Tabela 11 e considerando os aspectos econômicos de operação do


sistema de abastecimento proposto, optou-se por evitar o funcionamento da estação
elevatória de água bruta no período entre as 17:00 hrs e 21:00 hrs, apontados como
aqueles de maior consumo de energia elétrica e cujo preço de kW.h é geralmente maior,
com o intuito de reduzir os custos de bombeamento do sistema, conforme o que explicita
Tsutiya (2006).

Na estação elevatória de água tratada, o reservatório elevado terá capacidade


limitada a 500 m³, pois de acordo com Guimarães, Carvalho e Silva (2007), valores acima
desse apresentam custos significativamente elevados e geram preocupações adicionais
quanto à estabilidade estrutural. Frente a isso, na adutora de recalque de água tratada,
optou-se pelo bombeamento por contínuo, por 24 horas.

Assim, necessita-se de uma maior vazão recalcada na captação durante o período


de funcionamento para que seja atendido o mesmo volume que seria levado caso o sistema
funcionasse ininterruptamente.

42
7.2 Materiais e acessórios

Para a execução do sistema de adução do projeto em questão, optou-se pela


utilização do material de ferro fundindo com revestimento em argamassa de cimento para
as tubulações. Tal escolha foi pautada com base na disponibilidade do produto no
mercado, em diâmetros variando de 50 até 2000 mm, além do seu custo acessível, como
também de manter o interior da tubulação protegido de oxidação devido ao uso do
revestimento de argamassa e sua elevada resistência aos impactos e pressões.

As opções de PVC, PBA e Defofo não foram considerados na etapa de adução


tendo em vista os requisitos de tubulações com diâmetros maiores e a necessidade de alta
resistência à pressão. Já os tubos de aço-carbono soldados apresentam características
bastante semelhante ao ferro fundido, sendo sua resistência à corrosão aumentada
conforme o teor de carbono, o que poderia gerar maiores custos do que a utilização do
ferro fundido com o revestimento de cimento, que também garante melhoria na resistência
a corrosão.

Considerando a tomada de água direta do rio, pode-se estabelecer os acessórios


essenciais empregados na adução, conforme Tabela 12.

Tabela 10 – Acessórios empregados e sua finalidade na adução

Acessórios Função

Permitir a entrada ou saída de ar, tendo sido instaladas em pontos altos,


Ventosas na extremidade de trechos horizontais, em pontos intermediários de
trechos muito longos, a montante e a jusante de registros de gaveta.

Crivos Impedir a entrada de material grosseiro nos condutos.

Válvulas de pé Manter o escorvamento dos conjuntos elevatórios.

Blocos de Fixar as tubulações ao solo quando a declividade for superior a 25% e


ancoragem nas curvas horizontais.

Válvula de
Permitir a saída de água, sendo instaladas em pontos baixos da adutora.
descarga

43
Válvula de
Impedir retorno do fluxo de água, a partir do fechamento da válvula
retenção após a
nesses casos.
bomba

Válvula de alívio
Aliviar pressões elevadas, atuando no combate ao golpe de aríete.
de pressão

Registro de Interromper fluxo de água e para isolar trechos quando precisarem de


gaveta eventuais disparos

Fonte: Os autores (2022).

Para tanto, foram instaladas válvulas de descarga em pontos baixos do traçado e


as ventosas foram instaladas nos seguintes trechos, conforme Tsutiya (2006):

▪ Todos os pontos altos;

▪ Pontos intermediários de trechos ascendentes e descendentes muito


longos;

▪ Pontos iniciais e finais de trechos horizontais.

Vale ainda salientar que, para o sistema de bombeamento, na saída da bomba


para a tubulação de recalque, deve ser instalado um registro de gaveta para controle do
fluxo de água. Entre a bomba e o registro, também está prevista a instalação de uma
válvula de retenção, que impede o retorno da água que preenche a tubulação de recalque
no momento em que a bomba for desativada. Após o registro de gaveta, existe ainda uma
válvula de alívio de pressão, a qual evita a ocorrência do golpe de aríete. Quanto à
extremidade da tubulação de sucção deve-se colocar válvulas de pé com crivo.

7.3 Dimensionamento das adutoras

A captação abrange três trechos com diferentes tipos de condução (gravidade e


recalque), apresentados no quadro resumo (Tabela 13) com suas respectivas vazões de
projeto e diferenças de nível, necessárias para determinação do diâmetro.

Tabela 11 - Resumo das vazões e diferença de nível do projeto


44
Trecho Descrição Vazões (m³/s) Diferença de nível (m) Tipo de adução

Desarenador à
1-2 estação elevatória 0,193 ΔHg = Z1 – Z2 = 2,7 m Gravidade
de água bruta

Estação
2-3 elevatória de 0,161 ΔHg = Z2– Z3 = -31,6 Recalque
água bruta à ETA

ETA à estação
3-4 elevatória de 0,155 ΔHg = Z3 – Z4 = 33,4 Gravidade
água tratada

Estação
elevatória de
4-5 água tratada ao 0,155 ΔHg = Z4 – Z5 = -52,1 m Recalque
reservatório de
distribuição

Fonte: Os autores (2022).

Ademais, fez-se o uso da Tabela 14, do catálogo da Saint-Gobain para


tubos de ferro fundido revestidos internamente com argamassa de cimento, a fim de
verificar os valores dos diâmetros internos, diâmetros nominais e espessura dos tubos
para os cálculos.

Figura 22 - Dimensões dos tubos de ferro fundido revestidos com argamassa de


cimento, tipo ponta e bolsa

45
Fonte: Saint-Gobain, 2015.

7.3.1 Dimensionamento adutora de água bruta: Desarenador à estação elevatória de


água bruta

Os dados utilizados para o dimensionamento da adutora de água tratada por


gravidade são:

● Vazão transportada = 0,193 m³/s;


● Diferença de nível = 2,7 m
● Extensão da adutora = 648,97 m.

Primeiramente, calculou-se o valor da perda de carga unitária ao longo da


tubulação. A partir deste valor, deve-se encontrar o diâmetro D mais econômico.

2,7
𝐽= = 0,0042 𝑚/𝑚
648,97

Com o valor da perda de carga unitária e utilizando a fórmula de Hazen-


Williams, calcula-se um valor de pré-dimensionamento para o diâmetro, assumindo, o
valor do coeficiente igual a 105, para ferro fundido com argamassa de cimento usado por
20 anos, para garantir a vazão durante o horizonte de projeto.

46
10,65 ∙ 0,1931,85
0,0042 =
1051,85 ∙ 𝐷 4,87
𝐷 = 0,458 𝑚

Portanto, considera-se o diâmetro comercial de 500 mm, ao qual apresenta


diâmetro interno igual a 535 mm, superior ao diâmetro calculado. Calculando a perda de
carga unitária para o diâmetro adotado, tem-se que:

10,65 ∙ 0,1931,85
𝐽𝑐 = = 0,00194 𝑚/𝑚
1051,85 ∙ 0,5354,87

Com isso, a partir do valor de vazão, verifica-se a velocidade da água para o


diâmetro encontrado:

0,193
V= = 0,98 𝑚/𝑠
𝜋 ∙ 0,52
4
Verificou-se que a velocidade atende às especificações da norma NBR
12.215/2017 (ABNT, 2017), devendo ser de a mínima de 0,6 m/s, e a máxima de 5,0 m/s.

▪ Golpe de aríete

Para a verificação, primeiramente calculou-se a celeridade, sabendo que o tubo de


ferro fundido apresenta valor de k igual a 1,0. Assim,

9900
C= = 928,33 𝑚/𝑠
√48,3 + 1,0 ∙ 0,458
7 ∙ 10−3

Logo, determina-se o tempo de propagação da onda, também chamado de período


da canalização e o tempo de parada.

2 ∙ 648,97
T= = 1,4 𝑠
902,28

1 ∙ 648,97 ∙ 0,98
t=1+ = 25 𝑠
9,81 ∙ 2,7

Como t > T, implica-se uma manobra lenta. Isso gera uma menor sobrepressão,
que pode ser calculada a seguir para ambos os diâmetros.

47
2 ∙ 648,97 ∙ 0,98
∆H = = 5,19 𝑚𝑐𝑎
9,81 ∙ 25

Através da Figura abaixo, dispensou-se a adoção de dispositivos de proteção e


controle da pressão.

Figura 23 - Representação gráfica do golpe de aríete no trecho 1-2 da adutora

Fonte: Os autores, 2023.

7.3.2 Dimensionamento adutora de água bruta: Estação elevatória de água bruta à ETA

Os dados utilizados para o dimensionamento da adutora de água bruta por


recalque são:

● Vazão transportada = 0,161 m³/s;


● Diferença de nível = 31,6 m;
● Extensão do bombeamento na sucção = 2,74 m;
● Extensão do bombeamento no recalque = 7017,75 m.

▪ Dimensionamento econômico

Para determinar a bitola foi utilizado a fórmula de Bresse recomendada pela


NBR 5.626/2020 (ABNT, 2020).

4 20
𝐷𝑟 = 1,2 ∙ √0,161 ∙ √ = 0,460 𝑚
24

Tendo em vista que a instalação é de grande porte, com diâmetro calculado


maior que 150 mm, Porto (2006) recomenda utilizar metodologia de análise econômica.
Logo, adotam-se três diâmetros em torno do valor obtido através da equação de Bresse,
utilizando os diâmetros internos de: 432 mm (DN 400), 483 mm (DN 450) e 535 mm (DN
500).

48
Ademais, as peças utilizadas na sucção e no recalque para a adutora, bem como
os valores dos comprimentos equivalentes, podem ser determinadas e apresentadas pela
Tabela abaixo.

Tabela 12 - Peças utilizadas na sucção e no recalque e seus respectivos comprimentos


equivalentes para cada diâmetro, para adutora de recalque de água bruta.
SUCÇÃO
Peça Leq
DN 400 DN 450 DN 500
Válvula de pé com crivo 110,93 123,96 137,24
Cotovelo de 90º 9,12 10,19 11,28
Total 120,05 134,15 148,52
RECALQUE
Peça Leq
DN 400 DN 450 DN 500
Registro de gaveta 2,99 3,34 3,70
Válvula de retenção leve 34,56 38,61 42,74
3 conjuntos de ventosa + Tê de passagem
direta 27,25 30,45 33,65
Válvula de descarga + Tê de passagem
direta 9,08 10,15 11,42
Válvula de alívio de pressão + Tê de
passagem direta 9,08 10,15 11,42
Total 82,96 92,69 102,93
Fonte: Adaptado de Porto, 2006.

Para cada o diâmetro, calculou-se a altura manométrica (Hm) e, consequentemente


calcular a potência instalada (P), considerando um rendimento médio de 70% para bomba
e para o motor.

𝐻𝑚 = ∆𝐻𝑔 + ∆𝐻𝑠 + ∆𝐻𝑟

Onde,

Hm: altura manométrica, em m;

ΔHg: desnível, em m;

ΔHs: perda de carga na sucção, em mca;

ΔHr: perda de carga no recalque, em mca

49
𝛾 ∙ 𝑄 ∙ 𝐻𝑚
𝑃=
𝜂𝑏 ∙ 𝜂𝑚
Onde,

P: potência necessária à bomba, ΔHssucção: perda de carga na sucção, em kW;

γ: peso específico da água, igual a aproximadamente 9,8 kN/m³;

ηb: rendimento da bomba;

ηm: rendimento do motor.

● DN 400

10,65 ∙ 0,1611,85 10,65 ∙ 0,1611,85


𝐻𝑚 = 52,1 + ∙ (2,74 + 120,05) + ∙ (7017,75 + 82,96)
1051,85 ∙ 0,4324,87 1051,85 ∙ 0,4324,87

𝐻𝑚 = 60,09 𝑚𝑐𝑎

9800 ∙ 0,161 ∙ 60,09


𝑃=
0,70 ∙ 0,70

𝑃 = 193,50 𝑘𝑊

● DN 450

10,65 ∙ 0,1611,85 10,65 ∙ 0,1611,85


𝐻𝑚 = 52,1 + ∙ (2,74 + 134,15) + ∙ (7017,75 + 92,69)
1051,85 ∙ 0,4834,87 1051,85 ∙ 0,4834,87

𝐻𝑚 = 48,20 𝑚𝑐𝑎

9800 ∙ 0,161 ∙ 48,20


𝑃=
0,70 ∙ 0,70

𝑃 = 155,21 𝑘𝑊

● DN 500

10,65 ∙ 0,1611,85 10,65 ∙ 0,1551,85


𝐻𝑚 = 52,1 + ∙ (2,74 + 148,52) + ∙ (7017,75
1051,85 ∙ 0,5354,87 1051,85 ∙ 0,5354,87
+ 102,93)

𝐻𝑚 = 41,72 𝑚𝑐𝑎

9800 ∙ 0,161 ∙ 41,72


𝑃=
0,70 ∙ 0,70

𝑃 = 134,35 𝑘𝑊
50
Sabendo que as tubulações correspondem aos maiores custos do sistema, foi
possível calcular os custos fixos, relacionados aos investimentos de transporte, aquisição
e implantação dos tubos. Para tanto, adaptou-se às tabelas de composição de custo do
SINAPI, considerandoos preços obtidos também junto ao órgão, referidos a setembro
de 2020, no estado da Paraíba. Os custos estipulados para cada um dos diâmetros podem
ser apresentados pela tabela abaixo.

Tabela 13 - Custos fixos relacionados à tubulação para adutora por recalque de água
bruta
Diâmetro nominal (mm) 400 450 500
Custos fixos unitário (R$/m) 491,70 493,57 718,74
Custos fixos totais (R$) 3.450.627,68 3.463.750,87 5.043.937,64
Fonte: Os autores, 2023.

Em seguida, determinou-se os custos variáveis, considerando a operação e


manutenção na vida útil do projeto, notoriamente composto pelos custos de energia (C en),
tendo em vista que o custo de energia é de 0,80 R$/kW.h no estado da Paraíba em junho
de 2022 e que o tempo de bombeamento diário é de 20 horas.

𝐶𝑒𝑛 = 𝑃 ∙ 𝑁𝑏 ∙ 𝐶𝑒𝑢

Onde,

Cen: Custo de energia mensal ou anual, em R$;

P: Potência instalada, em KW;

Nb: Tempo de bombeamento mensal ou anual, em h;

Ceu: Custo unitário de energia, em R$/KWh.

Para obtenção do custo total para o sistema, converte-se o custo fixo em variável,
por meio do fator de recuperação de capital (FRC), considerando a taxa de juros anual de
13,75%, queé um valor médio praticado, com base nos estudos de Perroni, Carvalho e Faria
(2011) e Tsutiya (2006).

𝑖 ∙ (1 + i)𝑛
𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐹𝑅𝐶 ∙ 𝐶𝑓𝑖𝑥 ∙ 𝐶𝑣𝑎𝑟 = ∙𝐶 ∙𝐶
(1 + 𝑖)𝑛 − 1 𝑓𝑖𝑥 𝑣𝑎𝑟

51
Onde,

Ctotal: Custo total do sistema, em R$;

Cfix: Custos fixos, em R$;

Cvar: Custos variáveis, em R$;

i: Taxa de juros anual;

n: Alcance de projeto.

Dessa forma, calculando o custo de energia anual e o custo total, tem-


se que:

● DN 400
𝐶𝑒𝑛 = 193,50 ∙ (20 ∙ 30 ∙ 12) ∙ 0,80 = 1.114.533,68 reais

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,15 ∙ 3.450.627,68 + 1.114.533,68 = 1.635.530,16 reais

● DN 450
𝐶𝑒𝑛 = 155,21 ∙ (20 ∙ 30 ∙ 12) ∙ 0,80 = 893.992,55 reais

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,15 ∙ 3.463.750,87 + 893.992,55 = 1.416.970,44 reais

● DN 500
𝐶𝑒𝑛 = 134,35 ∙ (20 ∙ 30 ∙ 12) ∙ 0,80 = 773.860,13 reais

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,15 ∙ 5.043.937,64 + 773.860,13 = 1.535.424,11 reais

Por representar o menor custo total, escolhe-se o diâmetro nominal de 450 mm


paraadutora de recalque em questão.

▪ Equação da curva característica do sistema


Nesse contexto, assumindo o diâmetro nominal de 450 mm para as tubulações de
recalque e sucção. Calculando a velocidade de escoamento para o diâmetro, tem-se que:
0,161
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑢𝑐çã𝑜: 𝑉 = = 0,88 𝑚/𝑠
𝜋 ∙ 0,4832
4

52
Verificou-se que as velocidades atendem às especificações da norma de sistema
de bombeamento NBR 12.214/2020 (ABNT, 1992), devendo ser de a mínima de 0,6 m/s,
e a máxima de 3,0 m/s.

Assim, determinou-se a equação característica do sistema:

10,65 ∙ 𝑄1,85 10,65 ∙ 𝑄1,85


𝐻𝑚 = ∆𝐻𝑔 + ∙ 𝐿𝑠𝑢𝑐çã𝑜 + ∙𝐿
𝐶 1,85 ∙ 𝐷 4,87 𝐶 1,85 ∙ 𝐷 4,87 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒
10,65∙𝑄1,85 10,65∙𝑄1,85
𝐻𝑚 = 31,6 + ∙ (2,74 + 134,15) + ∙ (7017,75 + 92,69)
1051,85 ∙0,4834,87 1051,85 ∙0,4834,87

𝐻𝑚 = 31,6 + 486,97 ∙ 𝑄1,85

A partir da equação acima, determinou-se a curva característica do sistema,


obtendo alguns pontos para o traçado da mesma.

Tabela 14 - Curva característica do sistema – adutora de recalque de água


bruta

Q(m³/h) h(m)

0 31,60

100 32,24

200 33,92

300 36,51

400 39,96

500 44,23

600 49,30

700 55,14

800 61,73

900 69,07

53
1000 77,13

Fonte: Os autores, 2023.

Figura 24 - Curva característica do sistema para adução de água bruta

Fonte: Os autores, 2023.

▪ Escolha da bomba
Com o auxílio do catálogo da fabricante de bombas KSB, foi escolhido o modelo
da bomba a ser utilizado no sistema, observando a vazão de 0,161 m³/s (579,6 m³/h) a ser
recalcada e a altura manométrica de 48,2 m a ser elevada. Assim, o modelo escolhido foi
a bomba KSB – MEGANORM, modelo 150-400.

Figura 25 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-


MEGANORM 150 - 400

Fonte: Catálogo KSB.


54
Na figura abaixo estão representadas as curvas características da bomba em
estudo com seus respectivos rotores.

Figura 26 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-


MEGANORM 150 - 400

Fonte: Catálogo KSB.


Tomando os rotores de 362 e 381, plotou-se a curva característica do sistema com
a curva característica da bomba para estes rotores, conforme a figura acima. Assim,
adotou-se ara o sistema o rotor de 381, recalcando uma altura manométrica de 48,2 m e
uma vazão de 579,6 m³/h, com rendimento de cerca de 78 %.

Ademais, a potência da bomba pode ser obtida a partir do gráfico de potência da


figura abaixo, sendo igual a aproximadamente 146 hp.

Figura 27 - Gráfico de Potência da bomba KSB – MEGANORM, modelo 150


- 400

Fonte: Catálogo KSB.

55
A estação elevatória em questão, contará com o funcionamento de duas bombas
conectadas em paralelo, sendo uma delas reserva. Não se realizou a verificação do
trabalho em associação, considerando que a segunda funcionará apenas quando a primeira
estiver inoperante, como em casos de desligamento, mau funcionamento ou necessidade
de manutenção. Deste modo, estarão ambas funcionando independentemente da outra.

▪ Verificação da cavitação
Utilizando o procedimento indicado por Porto (2006), verificou-se o conjunto
motor-bomba escolhido com relação à ocorrência do fenômeno da cavitação. Sabendo
que a bomba é não-afogada, tem-se o seguinte procedimento de cálculo:

𝑝𝑎𝑡𝑚 − 𝑝𝑣
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = − 𝑍 − ∆𝐻𝑠
𝛾

Onde, a perda de carga na sucção é:

1,85
579,6 1,85
∆𝐻𝑠 = 12,05 ∙ 𝑄 = 12,05 ∙ ( ) = 0,41 𝑚𝑐𝑎
3600
O local de instalação da bomba possui uma altitude (h) de 161,9 m ao nível do
mar. Logo,

𝑝𝑎𝑡𝑚 760 − 0,081 ∙ ℎ 760 − 0,081 ∙ 133,7


= 13,3 ∙ [ ] = 13,3 ∙ [ ] = 9,96 𝑚𝑐𝑎
𝛾 1000 1000

O município apresenta grande amplitude térmica, com média de 27,5°C. Para uma
temperatura média da água de 25ºC (média contida no livro do Porto), pode-se determinar
a pressão de vapor da água com base na tabela explicitada em Porto (2006, p. 158).

𝑝𝑣
= 0,32 𝑚𝑐𝑎
𝛾

Portanto, a equação da curva do NPSHd é dada por:

𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = + (−𝑍 − ∆𝐻𝑠 ) = 9,96 − 0,32 − 0,70 − 0,41 = 8,53 𝑚
𝛾

Para o cálculo do NPSHr usou-se o gráfico fornecido pelo fabricante (Figura 35),
para a vazão correspondente, obtendo NPSHr = 4,9 m.

56
Figura 28 - Gráfico de NPSH da bomba KSB – MEGANORM, modelo 40-
200

Fonte: Catálogo KSB.

Considerando uma folga 0,50 m, pode-se determinar se haverá cavitação.

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 > 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 + 0,5

8,53 > 4,8 + 0,5

8,53 𝑚 > 5,3 𝑚 → 𝑂𝐾!

▪ Golpe de Aríete
Para a verificação, primeiramente calculou-se o tempo de parada, ou tempo entre
o desligamento do motor e a anulação da velocidade na linha (t).

𝐾0 ∙ 𝐿 ∙ 𝑣
𝑡 = 𝐶0 +
𝑔 ∙ 𝐻𝑚

Como o comprimento da tubulação de recalque é igual a 7017,75 m, K 0 é 1,0.


Ademais, como a relação Hm/L é menor que 0,20, logo C0 é 1,0. Assim,
1,0 ∙ 7017,75 ∙ 0,98
𝑡 = 1,0 + = 15,54 𝑠
9,81 ∙ 48,20

Logo, calcula-se a celeridade da onde, sabendo que k é igual a 1,0, para tubulação
de ferro fundido.
9900
𝑐= = 902,28 𝑚/𝑠
0,483
√48,3 + 1,0 ∙
6,7 ∙ 10−3

57
Determinando o tempo de propagação da onda, também chamado de período da
canalização, tem-se que:

2 ∙ 7017,75
𝑇= = 15,56 𝑠
902,28

Como o tempo de parada (t) é maior que o tempo de propagação da onda (T), tem-
se uma manobra lenta. Isso gera uma menor sobrepressão, que pode ser calculada a seguir.
A representação gráfica do golpe de aríete encontra-se na Figura 45.

2 ∙ 7017,75 ∙ 0,98
𝛥𝐻 = = 90,23 𝑚𝑐𝑎
9,81 ∙ 15,54

Dessa forma,

● Pressão mínima

𝛥𝐻𝑔 − 𝛥𝐻 = 33,4 − 90,23 = − 56,83 𝑚𝑐𝑎

● Pressão máxima

𝛥𝐻𝑔 + 𝛥𝐻 = 33,4 + 90,23 = 123,63 𝑚𝑐𝑎

Comparou-se o valor de pressão máxima 123,63 𝑚𝑐𝑎 (1,21 MPa) com a Pressão
Máxima de Serviço – PMS (3,5 Mpa) informada pela fabricante da tubulação contidos na
Tabela abaixo. Como a pressão máxima é menor que a PMS, concluiu-se que não há a
necessidade de redução da sobrepressão.

58
Tabela 15 - Pressões admissíveis para a tubulação escolhida com Junta elástica (JGS)

Fonte: Catálogo Saint Gobain.

7.3.3 Dimensionamento adutora de água tratada: ETA à estação elevatória de água


tratada

Os dados utilizados para o dimensionamento da adutora de água tratada por


gravidade são:

● Vazão transportada = 0,155 m³/s;


● Diferença de nível = 33,4 m
● Extensão da adutora = 6937 m.

Primeiramente, calculou-se o valor da perda de carga unitária ao longo da


tubulação. A partir deste valor, deve-se encontrar o diâmetro D mais econômico.

33,4
𝐽= = 0,0048 𝑚/𝑚
6937
Com o valor da perda de carga unitária e utilizando a fórmula de Hazen-
Williams, calcula-se um valor de pré-dimensionamento para o diâmetro, assumindo, o

59
valor do coeficiente igual a 105, para ferro fundido com argamassa de cimento usado por
20 anos, para garantir a vazão durante o horizonte de projeto.

10,65 ∙ 0,1551,85
0,0048 =
1051,85 ∙ 𝐷 4,87
𝐷 = 0,409 𝑚

Portanto, considera-se o diâmetro comercial de 450 mm, ao qual apresenta


diâmetro interno igual a 483 mm, superior ao diâmetro calculado. Calculando a perda de
carga unitária para o diâmetro adotado, tem-se que:

10,65 ∙ 0,1551,85
𝐽𝑐 = = 0,00213 𝑚/𝑚
1051,85 ∙ 0,4834,87

Com isso, a partir do valor de vazão, verifica-se a velocidade da água para o


diâmetro encontrado:

0,155
V= = 0,97 𝑚/𝑠
𝜋 ∙ 0,452
4
Verificou-se que a velocidade atende às especificações da norma NBR
12.215/2017 (ABNT, 2017), devendo ser de a mínima de 0,6 m/s, e a máxima de 5,0 m/s.

▪ Golpe de aríete

Para a verificação, primeiramente calculou-se a celeridade, sabendo que o tubo de


ferro fundido apresenta valor de k igual a 1,0. Assim,

9900
C= = 902,28 𝑚/𝑠
0,483
√48,3 + 1,0 ∙
6,7 ∙ 10−3

Logo, determina-se o tempo de propagação da onda, também chamado de período


da canalização e o tempo de parada.

2 ∙ 6937
T= = 15,37 𝑠
902,28

1 ∙ 6937 ∙ 0,97
t = 1+ = 21 𝑠
9,81 ∙ 33,4

60
Como t > T, implica-se uma manobra lenta. Isso gera uma menor sobrepressão,
que pode ser calculada a seguir para ambos os diâmetros.

2 ∙ 6936,4 ∙ 0,97
∆H = = 65,32 𝑚𝑐𝑎
9,81 ∙ 21

Através da Figura abaixo, dispensou-se a adoção de dispositivos de proteção e


controle da pressão.

Figura 29 - Representação gráfica do golpe de aríete no trecho 3-4 da adutora

Fonte: Os autores, 2023.

7.3.4 Dimensionamento adutora de água tratada: Estação elevatória de água tratada à


reservatório de distribuição

Os dados utilizados para o dimensionamento da adutora de água bruta por


recalque são:

● Vazão transportada = 0,155 m³/s;


● Diferença de nível = 52,1 m;
● Extensão do bombeamento na sucção = 3,16 m;
● Extensão do bombeamento no recalque = 7665,41 m.

▪ Dimensionamento econômico

Para determinar a bitola foi utilizado a fórmula de Bresse recomendada pela


NBR 5.626/2020 (ABNT, 2020).

4 20
𝐷𝑟 = 1,2 ∙ √0,155 ∙ √ = 0,450 𝑚
24

Tendo em vista que a instalação é de grande porte, com diâmetro calculado


maior que 150 mm, Porto (2006) recomenda utilizar metodologia de análise econômica.
61
Logo, adotam-se três diâmetros em torno do valor obtido através da equação de Bresse,
utilizando os diâmetros internos de: 432 mm (DN 400), 483 mm (DN 450) e 535 mm (DN
500).

Ademais, as peças utilizadas na sucção e no recalque para a adutora, bem como


os valores dos comprimentos equivalentes, podem ser determinadas e apresentadas pela
Tabela abaixo.

Tabela 16 - Peças utilizadas na sucção e no recalque e seus respectivos comprimentos


equivalentes para cada diâmetro, para adutora de recalque de água bruta.
SUCÇÃO
Peça Leq
DN 400 DN 450 DN 500
Válvula de pé com crivo 110,93 123,96 137,24
Cotovelo de 90º 9,12 10,19 11,28
Total 120,05 134,15 148,52
RECALQUE
Peça Leq
DN 400 DN 450 DN 500
Registro de gaveta 2,99 3,34 3,70
Válvula de retenção leve 34,56 38,61 42,74
3 conjuntos de ventosa + Tê de passagem
direta 27,25 30,45 33,65
Válvula de descarga + Tê de passagem
direta 9,08 10,15 11,42
Válvula de alívio de pressão + Tê de
passagem direta 9,08 10,15 11,42
Total 82,96 92,69 102,93
Fonte: Adaptado de Porto, 2006.

Para cada o diâmetro, calculou-se a altura manométrica (Hm) e, consequentemente


calcular a potência instalada (P), considerando um rendimento médio de 70% para bomba
e para o motor.

𝐻𝑚 = ∆𝐻𝑔 + ∆𝐻𝑠 + ∆𝐻𝑟

Onde,

Hm: altura manométrica, em m;

ΔHg: desnível, em m;

ΔHs: perda de carga na sucção, em mca;


62
ΔHr: perda de carga no recalque, em mca

𝛾 ∙ 𝑄 ∙ 𝐻𝑚
𝑃=
𝜂𝑏 ∙ 𝜂𝑚
Onde,

P: potência necessária à bomba, ΔHssucção: perda de carga na sucção, em kW;

γ: peso específico da água, igual a aproximadamente 9,8 kN/m³;

ηb: rendimento da bomba;

ηm: rendimento do motor.

● DN 400

10,65 ∙ 0,1551,85 10,65 ∙ 0,1551,85


𝐻𝑚 = 52,1 + ∙ (3,16 + 120,05) + ∙ (7665,41 + 82,96)
1051,85 ∙ 0,4324,87 1051,85 ∙ 0,4324,87

𝐻𝑚 = 81,04 𝑚𝑐𝑎

9800 ∙ 0,155 ∙ 81,04


𝑃=
0,70 ∙ 0,70

𝑃 = 251,22 𝑘𝑊

● DN 450

10,65 ∙ 0,1551,85 10,65 ∙ 0,1551,85


𝐻𝑚 = 52,1 + ∙ (3,16 + 134,15) + ∙ (7665,41 + 92,69)
1051,85 ∙ 0,4834,87 1051,85 ∙ 0,4834,87

𝐻𝑚 = 68,96 𝑚𝑐𝑎

9800 ∙ 0,155 ∙ 68,96


𝑃=
0,70 ∙ 0,70

𝑃 = 213,77 𝑘𝑊

● DN 500

10,65 ∙ 0,1551,85 10,65 ∙ 0,1551,85


𝐻𝑚 = 52,1 + ∙ (3,16 + 148,52) + ∙ (7665,41
1051,85 ∙ 0,5354,87 1051,85 ∙ 0,5354,87
+ 102,93)

𝐻𝑚 = 62,38 𝑚𝑐𝑎

63
9800 ∙ 0,155 ∙ 62,38
𝑃=
0,70 ∙ 0,70

𝑃 = 211,98 𝑘𝑊

Sabendo que as tubulações correspondem aos maiores custos do sistema, foi


possível calcular os custos fixos, relacionados aos investimentos de transporte, aquisição
e implantação dos tubos. Para tanto, adaptou-se às tabelas de composição de custo do
SINAPI, considerandoos preços obtidos também junto ao órgão, referidos a setembro
de 2020, no estado da Paraíba. Os custos estipulados para cada um dos diâmetros podem
ser apresentados pela tabela abaixo.

Tabela 17 - Custos fixos relacionados à tubulação para adutora por recalque de água
bruta

Diâmetro nominal (mm) 400 450 500


Custos fixos unitário (R$/m) 491,70 493,57 718,74
Custos fixos totais (R$) 3.769.082,10 3.783.416,41 5.509.436,78
Fonte: Os autores, 2023.

Em seguida, determinou-se os custos variáveis, considerando a operação e


manutenção na vida útil do projeto, notoriamente composto pelos custos de energia (Cen),
tendo em vista que o custo de energia é de 0,80 R$/kW.h no estado da Paraíba em junho
de 2022 e que o tempo de bombeamento diário é de 20 horas.

𝐶𝑒𝑛 = 𝑃 ∙ 𝑁𝑏 ∙ 𝐶𝑒𝑢

Onde,

Cen: Custo de energia mensal ou anual, em R$;

P: Potência instalada, em KW;

Nb: Tempo de bombeamento mensal ou anual, em h;

Ceu: Custo unitário de energia, em R$/KWh.

Para obtenção do custo total para o sistema, converte-se o custo fixo em variável,
por meio do fator de recuperação de capital (FRC), considerando a taxa de juros anual de
13,75%, queé um valor médio praticado, com base nos estudos de Perroni, Carvalho e Faria
(2011) e Tsutiya (2006).

64
𝑖 ∙ (1 + i)𝑛
𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐹𝑅𝐶 ∙ 𝐶𝑓𝑖𝑥 ∙ 𝐶𝑣𝑎𝑟 = ∙𝐶 ∙𝐶
(1 + 𝑖)𝑛 − 1 𝑓𝑖𝑥 𝑣𝑎𝑟

Onde,

Ctotal: Custo total do sistema, em R$;

Cfix: Custos fixos, em R$;

Cvar: Custos variáveis, em R$;

i: Taxa de juros anual;

n: Alcance de projeto.

Dessa forma, calculando o custo de energia anual e o custo total, tem-se que:

● DN 400
𝐶𝑒𝑛 = 251,22 ∙ (20 ∙ 30 ∙ 12) ∙ 0,80 = 1.447.027,20 reais

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,15 ∙ 3.769.082,10 + 1.447.027,20 = 2.012.389,31 reais

● DN 450
𝐶𝑒𝑛 = 213,77 ∙ (20 ∙ 30 ∙ 12) ∙ 0,80 = 1.231.315,2 reais

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,15 ∙ 3.783.416,41 + 1.231.315,2 = 1.798.827,66 reais

● DN 500
𝐶𝑒𝑛 = 211,98 ∙ (20 ∙ 30 ∙ 12) ∙ 0,80 = 1.221.004,80 reais

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,15 ∙ 5.509.436,78 + 1.221.004,80 = 2.047.420,32 reais

Por representar o menor custo total, escolhe-se o diâmetro nominal de 450 mm


paraadutora de recalque em questão.

▪ Equação da curva característica do sistema

Nesse contexto, assumindo o diâmetro nominal de 450 mm para as tubulações de


recalque e sucção. Calculando a velocidade de escoamento para o diâmetro, tem-se que:
0,155
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑢𝑐çã𝑜: 𝑉 = = 0,85 𝑚/𝑠
𝜋 ∙ 0,4832
4

65
Verificou-se que as velocidades atendem às especificações da norma de sistema
de bombeamento NBR 12.214/2020 (ABNT, 1992), devendo ser de a mínima de 0,6 m/s,
e a máxima de 3,0 m/s.

Assim, determinou-se a equação característica do sistema:

10,65 ∙ 𝑄1,85 10,65 ∙ 𝑄1,85


𝐻𝑚 = ∆𝐻𝑔 + ∙ 𝐿𝑠𝑢𝑐çã𝑜 + ∙𝐿
𝐶 1,85 ∙ 𝐷 4,87 𝐶 1,85 ∙ 𝐷 4,87 𝑟𝑒𝑐𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒
10,65∙𝑄1,85 10,65∙𝑄1,85
𝐻𝑚 = 52,1 + ∙ (3,16 + 134,15) + ∙ (7665,41 + 92,69)
1051,85 ∙0,4834,87 1051,85 ∙0,4834,87

𝐻𝑚 = 52,1 + 530,52 ∙ 𝑄1,85

A partir da equação acima, determinou-se a curva característica do sistema,


obtendo alguns pontos para o traçado da mesma.

Tabela 18 - Curva característica do sistema – adutora de recalque de água


bruta

Q(m³/h) h(m)
0 57,79

100 58,13

200 59,02

300 60,40

400 62,24

500 64,51

600 67,21

700 70,32

800 73,83

900 77,73

1000 82,03
Fonte: Os autores, 2023.

66
Figura 30 - Curva característica do sistema para adução de água bruta

Curva característica da adutora


100

Altura manométrica (m) 80

60

40
H(m)
20

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Vazões (m³/h)

Fonte: Os autores, 2023.

▪ Escolha da bomba
Com o auxílio do catálogo da fabricante de bombas KSB, foi escolhido o modelo
da bomba a ser utilizado no sistema, observando a vazão de 0,155 m³/s (558 m³/h) a ser
recalcada e a altura manométrica de 68,96 m a ser elevada. Assim, o modelo escolhido
foi a bomba KSB – MEGANORM, modelo 150-400.

Figura 31 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-


MEGANORM 150 - 400

Fonte: Catálogo KSB.


Na figura abaixo estão representadas as curvas características da bomba em
estudo com seus respectivos rotores.

67
Figura 32 - Curvas características dos rotores da família de bombas KSB-
MEGANORM 150 - 400

Fonte: Catálogo KSB.

Tomando os rotores de 389 e 413, plotou-se a curva característica do sistema com


a curva característica da bomba para estes rotores, conforme a figura acima. Assim,
adotou-se ara o sistema o rotor de 413, recalcando uma altura manométrica de 70 m e
uma vazão de 600 m³/h, com rendimento de cerca de 80,5%.

Ademais, a potência da bomba pode ser obtida a partir do gráfico de potência da


figura abaixo, sendo igual a aproximadamente 190 hp.

Figura 33 - Gráfico de Potência da bomba KSB – MEGANORM, modelo 150


- 400

Fonte: Catálogo KSB.

68
A estação elevatória em questão, contará com o funcionamento de duas bombas
conectadas em paralelo, sendo uma delas reserva. Não se realizou a verificação do
trabalho em associação, considerando que a segunda funcionará apenas quando a primeira
estiver inoperante, como em casos de desligamento, mau funcionamento ou necessidade
de manutenção. Deste modo, estarão ambas funcionando independentemente da outra.

▪ Verificação da cavitação
Utilizando o procedimento indicado por Porto (2006), verificou-se o conjunto
motor-bomba escolhido com relação à ocorrência do fenômeno da cavitação. Sabendo
que a bomba é não-afogada, tem-se o seguinte procedimento de cálculo:

𝑝𝑎𝑡𝑚 − 𝑝𝑣
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = − 𝑍 − ∆𝐻𝑠
𝛾

Onde, a perda de carga na sucção é:

1,85
625 1,85
∆𝐻𝑠 = 12,05 ∙ 𝑄 = 12,05 ∙ ( ) = 0,47 𝑚𝑐𝑎
3600
O local de instalação da bomba possui uma altitude (h) de 161,9 m ao nível do
mar. Logo,

𝑝𝑎𝑡𝑚 760 − 0,081 ∙ ℎ 760 − 0,081 ∙ 161,9


= 13,3 ∙ [ ] = 13,3 ∙ [ ] = 9,93 𝑚𝑐𝑎
𝛾 1000 1000

O município apresenta grande amplitude térmica, com média de 27,5°C. Para uma
temperatura média da água de 25ºC (média contida no livro do Porto), pode-se determinar
a pressão de vapor da água com base na tabela explicitada em Porto (2006, p. 158).

𝑝𝑣
= 0,32 𝑚𝑐𝑎
𝛾

Portanto, a equação da curva do NPSHd é dada por:

𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = + (−𝑍 − ∆𝐻𝑠 ) = 9,93 − 0,32 − 0,70 − 0,47 = 8,44 𝑚
𝛾

Para o cálculo do NPSHr usou-se o gráfico fornecido pelo fabricante (Figura 35),
para a vazão correspondente, obtendo NPSHr = 5,9 m.

69
Figura 34 - Gráfico de NPSH da bomba KSB – MEGANORM, modelo 150 -
400

Fonte: Catálogo KSB.

Considerando uma folga 0,50 m, pode-se determinar se haverá cavitação.

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 > 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 + 0,5

8,44 > 5,9 + 0,5

8,44 𝑚 > 6,4 𝑚 → 𝑂𝐾!

▪ Golpe de Aríete
Para a verificação, primeiramente calculou-se o tempo de parada, ou tempo entre
o desligamento do motor e a anulação da velocidade na linha (t).

𝐾0 ∙ 𝐿 ∙ 𝑣
𝑡 = 𝐶0 +
𝑔 ∙ 𝐻𝑚

Como o comprimento da tubulação de recalque é igual a 7665,41 m, K 0 é 1,0.


Ademais, como a relação Hm/L é menor que 0,20, logo C0 é 1,0. Assim,
1,0 ∙ 7665,41 ∙ 0,97
𝑡 = 1,0 + = 15,54 𝑠
9,81 ∙ 52,1

Logo, calcula-se a celeridade de onde, sabendo que k é igual a 1,0, para tubulação
de ferro fundido.
9900
𝑐= = 902,28 𝑚/𝑠
0,483
√48,3 + 1,0 ∙
6,7 ∙ 10−3

70
Determinando o tempo de propagação da onda, também chamado de período da
canalização, tem-se que:

2 ∙ 7665,41
𝑇= = 16,98 𝑠
902,28

Como o tempo de parada (t) é menor que o tempo de propagação da onda (T),
tem-se uma manobra de fechamento rápida. Isso gera uma menor sobrepressão, que pode
ser calculada a seguir. A representação gráfica do golpe de aríete encontra-se na figura
abaixo.

902,28 ∙ 0,97
𝛥𝐻 = = 89,22 𝑚𝑐𝑎
9,81

Figura 35 - Representação gráfica do golpe de aríete no trecho 4-5 da adutora

Fonte: Os autores, 2022

Dessa forma,

● Pressão mínima

𝛥𝐻𝑔 − 𝛥𝐻 = 52,1 − 89,22 = −37,12 𝑚𝑐𝑎

● Pressão máxima

𝛥𝐻𝑔 + 𝛥𝐻 = 52,1 + 97,55 = 141,32 𝑚𝑐𝑎

Comparou-se o valor de pressão máxima 141,32𝑚𝑐𝑎 (1,38 MPa) com a Pressão


Máxima de Serviço – PMS (3,5 Mpa) informada pela fabricante da tubulação contidos na
tabela abaixo. Como a pressão máxima é maior que a PMS, concluiu-se que há a
necessidade de redução da sobrepressão.

71
Tabela 19 - Pressões admissíveis para a tubulação escolhida com Junta elástica (JGS)

Fonte: Catálogo Saint Gobain

8 RESERVATÓRIO
8.1 FUNÇÕES DO RESERVATÓRIO

o Proporcionar segurança ao abastecimento, fornecendo uma vazão necessária para


suprir o consumo da cidade de forma ininterrupta e com margem de segurança para falhas
no sistema adutor;

o Dispor de uma reserva de incêndio que possibilite suprir a necessidade em uma


eventualidade;

o Regularizar as vazões e pressões a qual o sistema adutor e de distribuição de água


precisam para o seu bom funcionamento.

Para o abastecimento de água da cidade de Caicó- RN, a água tratada vinda da


Estação de Tratamento será levada por recalque de um reservatório enterrado ao
reservatório elevado, de onde a água será distribuída para toda a população da zona
urbana. A figura 46 mostra a divisão das áreas de acordo com cada reservatório.

72
Figura 36 - Divisão das áreas de acordo com cada reservatório

Fonte: Autores (2023).

8.2 FORMATO DO RESERVATÓRIO

Para os reservatórios a serem instalados no sistema de adução que contempla o


abastecimento da cidade, opta-se em projeto por reservatórios de seção horizontal circular
tanto para o reservatório enterrado quanto para o reservatório elevado. Esta seção foi
escolhida pelo critério de dimensão econômica, gerando um menor custo para
implantação e construção do objeto.

8.3 MATERIAL A SER UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO DOS RESERVATÓRIOS

Para a construção dos reservatórios em questão opta-se por uma estrutura de


concreto armado, utilizando também no processo construtivo material impermeabilizante
afim de edificar reservatórios mais resistentes, seguros e com uma vida útil considerável.

73
8.4 VOLUME DE RESERVAÇÃO
8.4.1 Reservatório 01

Para dimensionar o reservatório 01 de distribuição, levou-se em consideração a


área atendida por ele (535,5804 ha) e a densidade demográfica do município (33 hab/ha),
chegando a uma população estimada de 17.675 habitantes. O consumo per capita é de
151,1 l/hab.dia e coeficiente de segurança 1,2 abastecido por uma adutora de recalque,
temos os seguintes cálculos:

𝐿
1,2 𝑥 𝑃 𝑥 𝑞 1,2 𝑥 17.675 ℎ𝑎𝑏 𝑥 135 . 𝑑𝑖𝑎
𝑄𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = = ℎ𝑎𝑏 = 33,14 𝐿/𝑠
86.400 𝑠/𝑑𝑖𝑎 86400 𝑠/𝑑𝑖𝑎

Cálculo das vazões

o Vazão média

𝑄𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = 33,14 𝐿/𝑠

o Vazão do dia de maior consumo:


QD>C= K1Qmédio = 1,2×33,14 = 39,768 L/s
o Vazão da hora de maior consumo:

QH>C = K1× K2 × Qmédio = 1,2 ×1,5 ×33,14= 59,652 L/s


Cálculo do volume de reservação

1 1
𝑉= 𝑋 𝑄𝑑 > 𝑐 𝑋 86400 = 𝑥 39,768 𝑥 86400 = 1.145.318,4 L
3 3

𝑉 = 1145,32 𝑚³

8.4.2 Reservatório 02

Para dimensionar o reservatório 02 de distribuição, levou-se em consideração a


área atendida por ele (1229,6806) e a densidade demográfica do município (33 hab/ha),
chegando a uma população estimada de 40.580 habitantes. O consumo per capita é de
151,1 l/hab.dia e coeficiente de segurança 1,2 abastecido por uma adutora de recalque,
temos os seguintes cálculos:
74
𝐿
1,2 𝑥 𝑃 𝑥 𝑞 1,2 𝑥 40.580 ℎ𝑎𝑏 𝑥 135 . 𝑑𝑖𝑎
𝑄𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = = ℎ𝑎𝑏 = 76,09 𝐿/𝑠
86.400 𝑠/𝑑𝑖𝑎 86400 𝑠/𝑑𝑖𝑎

Cálculo das vazões

o Vazão média

𝑄𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = 76,09 𝐿/𝑠

o Vazão do dia de maior consumo:


QD>C= K1Qmédio = 1,2×76,09 = 91,308 L/s
o Vazão da hora de maior consumo:

QH>C = K1× K2 × Qmédio = 1,2 ×1,5 ×76,09= 136,96 L/s


Cálculo do volume de reservação

1 1
𝑉= 𝑋 𝑄𝑑 > 𝑐 𝑋 86400 = 𝑥 91,308 𝑥 86400 = 2.629.670,4 L
3 3

𝑉 = 2629,7 𝑚³

8.4.3 Reservatório 03

Para dimensionar o reservatório 03 de distribuição, levou-se em consideração a


área atendida por ele (956,1159) e a densidade demográfica do município (33 hab/ha),
chegando a uma população estimada de 31.552 habitantes. O consumo per capita é de
151,1 l/hab.dia e coeficiente de segurança 1,2 abastecido por uma adutora de recalque,
temos os seguintes cálculos:

𝐿
1,2 𝑥 𝑃 𝑥 𝑞 1,2 𝑥 31.552 ℎ𝑎𝑏 𝑥 135 . 𝑑𝑖𝑎
𝑄𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = = ℎ𝑎𝑏 = 59,16 𝐿/𝑠
86.400 𝑠/𝑑𝑖𝑎 86400 𝑠/𝑑𝑖𝑎

Cálculo das vazões

o Vazão média

𝑄𝑚𝑒𝑑𝑖𝑜 = 59,16 𝐿/𝑠


75
o Vazão do dia de maior consumo:
QD>C= K1Qmédio = 1,2×59,16 = 71 L/s
o Vazão da hora de maior consumo:

QH>C = K1× K2 × Qmédio = 1,2 ×1,5 ×59,16= 106,49 L/s


Cálculo do volume de reservação

1 1
𝑉= 𝑋 𝑄𝑑 > 𝑐 𝑋 86400 = 𝑥 71 𝑥 86400 = 2.044.800 L
3 3

𝑉 = 2.044,8 𝑚³

8.5 DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

Na execução dos reservatórios adotou-se uma distribuição de entre 70% e 80%


do volume de reservação para o reservatório enterrado e entre 10% e 20% destinados ao
reservatório superior, a depender de cada caso. Isto é feito para que o reservatório elevado
não fique com uma carga muito elevada, o que pode gerar problemas relacionados a
estrutura, além de maiores custos para sua construção e manutenção.

8.5.1 Reservatório 01

Para o dimensionamento do reservatório enterrado 01, será considerado um


reservatório cilíndrico, com volume de 80% do destinado à região (916 m³). Considerando
a altura de como sendo de 6,0 m, pode-se determinar o diâmetro dele.

𝜋 ∙ 𝐷²
𝑉= ∙𝐻
4

𝜋 ∙ 𝐷²
916 = ∙ 6,0
4

𝐷 = 13,94 𝑚 ≅ 14 𝑚

Assim, tem-se para o reservatório enterrado 01 temos um diâmetro de 14,0 m e


uma altura de 6,0 m.

Anexo ao reservatório enterrado temos um reservatório elevado que se faz


necessário para disponibilizar a rede de distribuição pressões necessárias para condução

76
da água advinda dos condutos de adução para o abastecimento da cidade. Este
reservatório fica localizado sobre uma torre que tem altura da cota do terreno até a base
do reservatório de 10 metros. O seu volume é de 20 % do total destinado a área. A máxima
lâmina d’água adotada foi de 5 metros. Dessa forma:

𝜋 ∙ 𝐷²
𝑉= ∙𝐻
4

𝜋 ∙ 𝐷²
230 = ∙5
4

𝐷 = 7,66 𝑚 ≅ 8 𝑚

Assim, tem-se para o reservatório elevado 01 temos um diâmetro de 8,0 m e uma


altura de 5,0 m.

8.5.2 Reservatório 02

Para o dimensionamento do reservatório enterrado 02, será considerado um


reservatório cilíndrico, com volume de 85% do destinado à região (2235 m³).
Considerando a altura de como sendo de 6,0 m, pode-se determinar o diâmetro dele.

𝜋 ∙ 𝐷²
𝑉= ∙𝐻
4

𝜋 ∙ 𝐷²
2235 = ∙ 6,0
4

𝐷 = 21,78 ≅ 22 𝑚

Assim, tem-se para o reservatório enterrado 02 temos um diâmetro de 22 m e uma


altura de 6,0 m.

Anexo ao reservatório enterrado temos um reservatório elevado que se faz


necessário para disponibilizar a rede de distribuição pressões necessárias para condução
da água advinda dos condutos de adução para o abastecimento da cidade. Este
reservatório fica localizado sobre uma torre que tem altura da cota do terreno até a base
do reservatório de 10 metros. O seu volume é de 15 % do total destinado a área. A máxima
lâmina d’água adotada foi de 5 metros. Dessa forma:

𝜋 ∙ 𝐷²
𝑉= ∙𝐻
4
77
𝜋 ∙ 𝐷²
395 = ∙ 5,0
4

𝐷 = 10,03 𝑚 ≅ 10,5 𝑚

Assim, tem-se para o reservatório elevado 02 temos um diâmetro de 10,5 m e uma


altura de 5,0 m.

8.5.3 Reservatório 03

Para o dimensionamento do reservatório enterrado 03, será considerado um


reservatório cilíndrico, com volume de 80% do destinado à região (1636 m³).
Considerando a altura de como sendo de 6,0 m, pode-se determinar o diâmetro dele.

𝜋 ∙ 𝐷²
𝑉= ∙𝐻
4

𝜋 ∙ 𝐷²
1636 = ∙ 6,0
4

𝐷 = 18,64 ≅ 19 𝑚

Assim, tem-se para o reservatório enterrado 03 temos um diâmetro de 19 m e uma


altura de 6,0 m.

Anexo ao reservatório enterrado temos um reservatório elevado que se faz necessário


para disponibilizar a rede de distribuição pressões necessárias para condução da água
advinda dos condutos de adução para o abastecimento da cidade. Este reservatório fica
localizado sobre uma torre que tem altura da cota do terreno até a base do reservatório de
10 metros. O seu volume é de 20 % do total destinado a área. A máxima lâmina d’água
adotada foi de 5 metros. Dessa forma:

𝜋 ∙ 𝐷²
𝑉= ∙𝐻
4

𝜋 ∙ 𝐷²
409 = ∙ 5,0
4

𝐷 = 10,21 𝑚 ≅ 10,5 𝑚

Assim, tem-se para o reservatório elevado 02 temos um diâmetro de 10,5 m e uma


altura de 5,0 m.

78
9 OBSERVAÇÃO: A altura mínima admissível de lâmina d’água foi calculada de
modo a garantir pressões de 10 m.c.a em todos os nós da rede
10 DIMENSIONAMENTO DA REDE
10.1 DELIMITAÇÃO DA ÁREA A SER ATENDIDA

A delimitação da área a ser atendida pela rede de distribuição foi realizada através
da verificação de imagens de satélite. Foi considerado a tendência de expansão em áreas
de possível habitação, com construções de edificações e abertura de novas ruas.

Figura 37 – Limite de zona urbana atual e pós expansão do município de Caicó-RN

Fonte: Os autores (2023).

10.2 ZONEAMENTO DE DISTRIBUIÇÃO E TRAÇADO DA REDE

Para entender as demandas hídricas do município, estimativas populacionais


possibilitam o conhecimento de uma cidade. Entretanto, sabe-se que esta demanda não é
distribuída uniformemente por toda a cidade. Algumas áreas da cidade apresentam usos

79
diferentes e densidades populacionais distintas, dessa forma, as demandas hídricas
também são diferentes.

Assim, é importante realizar estudos socioespaciais para o conhecimento dessas


características urbanas, que influenciam diretamente na distribuição do abastecimento
hídrico da cidade.

Figura 38 – Posicionamento dos nós

Fonte: Os autores (2023).

10.3 ARRANJO DA REDE MALHADA DE DISTRIBUIÇÃO

A idealização do melhor traçado da rede principal do sistema de distribuição objetiva


atender aos critérios de pressões e vazões estipulados pela NBR 12.218/1994 (ABNT,
1994). A norma prescreve que a pressão dinâmica mínima deve ser de 10 m.c.a. e a
pressão estática máxima não deve ultrapassar o valor de 50 m.c.a. para segurança do
sistema. Além disso, a norma aconselha uma manutenção da velocidade da água nas
tubulações com valores entre 0,6 m/s e 3,5 m/s para se obter uma melhor qualidade da
água.

No entanto, em pequenas redes, com pequenas vazões, nem sempre é possível


garantir as exigências de velocidade mínima. Isso se deve ao fato de que a própria norma

80
recomenda diâmetro mínimo de 50 mm para as tubulações, de forma a evitar que haja
perdas excessivas no sistema, não sendo possível garantir uma velocidade de 0,6 m/s,
caso a vazão no trecho em questão seja menor que 1,81 l/s. (SALVINO, 2009)

Observando a disposição topográfica da área abordada determinou-se utilização de


um reservatório elevado, objetivando satisfazer o critério de pressões.

11 MODELAGEM MATEMÁTICA DA REDE DE


DISTRIBUIÇÃO

Para a modelagem da rede foi utilizado o programa francês EPANET com versão em
português realizada pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

Para a entrada de dados no programa e realização da simulação, determinou-se as


vazões de saída e as áreas de influência em cada nó.

O programa utiliza sucessivas iterações pelo método de Hardy Cross para redes
malhadas. No projeto, é necessário o diâmetro inicial dos trechos de tubulação, as
características do material, os comprimentos equivalentes das peças do sistema, o
comprimento real de cada trecho, as cotas e as vazões específicas de cada nó. Para cada
diâmetro, o programa desenvolve uma simulação do sistema e pode-se conferir as
pressões e as velocidades limites.

De acordo com o zoneamento proposto anteriormente para a cidade de Caicó, foram


determinadas as vazões requeridas para cada zona e, dessa forma, definidas as vazões de
cada nó, os quais devem alimentar a rede de distribuição secundária.

11.1 SIMULAÇÃO ESTÁTICA

Com as considerações sobre as vazões retiradas em cada nó, determinam-se os outros


parâmetros como diâmetro da tubulação. Os diâmetros de cada trecho são atribuídos
repetidas vezes até que, em todos os nós considerados as pressões atendam aos parâmetros
necessários.

A Figura 39 exibe o traçado da rede no EPANET. No canto superior esquerdo da


imagem aparece uma legenda referente ao diâmetro das tubulações.

81
Figura 39 – Anéis da rede - EPANET

Fonte: Os autores (2023).

A Figura 40 exibe as velocidades em cada um dos trechos da rede em simulação


gerada pelo EPANET. Observa-se que não foi possível obter velocidades acima de 0,60
m/s em todos os trechos. Isso se deve, principalmente, pelas pequenas vazões e consumos
observados nos extremos da rede. Outro dado interessante que deve ser ressaltado é que,
foi possível observar que nos trechos da rede mais próximos aos reservatórios notou-se
aa velocidades mais altas, isso se deve às altas demandas de água nas saídas dos
reservatórios para levar aos pontos mais distantes da rede, entretanto, todas as velocidades
ficaram abaixo dos 3,5 m/s estabelecidos pela norma.

Figura 40 – Velocidades nos trechos – EPANET

Fonte: Os autores (2023).


82
Ademais, pode-se obter as pressões estáticas em cada nó considerando o reservatório
com lâmina mínima de água, com resultados apresentados pela Figura 41. Nota-se que
tem todos os nós, o requisito de pressão mínima de 10 mca é atendido e a pressão máxima
de 50 mca não é ultrapassada.
Figura 41 – Pressões estáticas com lâmina d’água mínima no reservatório - EPANET

Fonte: Os autores (2023).

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na primeira etapa do projeto, foram levantados dados essenciais para o
dimensionamento do sistema de abastecimento de água para a zona urbana do município
de Caicó. Foi realizado o estudo de crescimento populacional, demanda hídrica, escolha
do manancial, no caso o rio Piranhas, assim como o traçado e a determinação dos pontos
estratégicos para instalação das partes integrantes do sistema foram descritos sem maiores
complicações.

A concepção do sistema é de extrema importância e deve ser idealizada com o


máximo de atenção possível, uma vez que o dimensionamento do sistema depende
diretamente dessa etapa, e caso sejam feitas considerações erradas, o sistema será
prejudicado ou mesmo, impossibilitado. Para o caso de Caicó, foi inicialmente
considerada 2 opções de concepção, adotando aquela composta por adutoras de água bruta
e água tratada por recalque e gravidade, duas estações elevatórias, estação de tratamento
de água (ETA) e rede de distribuição.

83
Na segunda etapa, foram dimensionadas as estruturas do sistema, adutoras de água
bruta e de água tratada por recalque e gravidade. Todo o dimensionamento se deu
levando-se em consideração as condições mais econômicas, seguras e que sejam menos
prejudiciais ao meio ambiente.

Na terceira etapa, foi possível dimensionar os reservatórios e as redes de distribuição


de água para o município. A cidade foi dividida em 96 zonas de diferentes densidades
com 560 nós. Foi possível também, calcular as vazões necessárias para abastecer cada
área de influência dos nós.

Por fim, através do software EPANET, foi realizada a simulação do sistema de


abastecimento para o município de São Bento, encontrando também, as velocidades em
cada trecho e a pressão em cada nó, que estão dentro dos limites normatizados, com
exceção de alguns trechos, com menor vazão, que apresentam velocidade abaixo de 0,60
m/s.

Por fim, destaca-se que além de uma perfeita execução do projeto, é importante
fiscalizar e fazer manutenções rotineiras de todo sistema de abastecimento, para garantir
que não haja desperdícios de água e prejuízos à população.

84
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei Nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. estabelece as diretrizes nacionais para


o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Brasília, 2007.

CPRM. Serviço Geológico do Brasil. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por


água subterrânea: Diagnóstico do Município de Caicó. CRPM: Recife, 2005.

Ístria Engenharia. Disponível em: <


http://istria.com.br/Downloads/Boletim_Tecnico.pdf>. Acesso em 03 de fevereiro de
2023.
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Disponível em:
<http://app4.mdr.gov.br/serieHistorica/> Acesso em: 23 de Outubro de 2022.

INFOSANBAS. Caicó – RN. Disponível em: <


https://infosanbas.org.br/municipio/caico-rn/#abastecimento-agua>. Acesso em: 23 de
Outubro de 2022.

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