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UNIVERSIDADE CEUMA

CAMPUS IMPERATRIZ

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

GUSTAVO AZEVEDO DE SOUSA SILVA - 007352

PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL PARA VÍTIMAS DE


ENCHENTES NO BAIRRO DA CAEMA EM IMPERATRIZ- MA

IMPERATRIZ-MA

2023
1

GUSTAVO AZEVEDO DE SOUSA SILVA - 007352

PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL PARA VÍTIMAS DE


ENCHENTES NO BAIRRO DA CAEMA EM IMPERATRIZ-MA

Projeto de pesquisa de trabalho final de Graduação


em Arquitetura e Urbanismo submetido à
Universidade Ceuma, Campus Imperatriz como
requisito necessário para qualificação.

Orientadora: Professora Dra. Danielle Viveiros

IMPERATRIZ-MA

2023
2

LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Perfil esquemático de inundação e enchente. ........................................................... 13
Figura 2- Inundações causadas por fortes precipitações no Paquistão. .................................... 14
Figura 3- Consequências do furacão katrina que ocorreu no sul dos Estados Unidos ............. 15
Figura 4- Cenário da cidade de Blumenau (SC) após as fortes chuvas em 2008 ..................... 17
Figura 5- Temporal provoca destruição no litoral norte de São Paulo ..................................... 18
Figura 6-Localização do município de Imperatriz-MA............................................................ 19
Figura 7- Cenário de inundação provocado pelo transbordamento do Rio Tocantins no Bairro
da Caema em Imperatriz ........................................................................................................... 21
Figura 8- Abrigo improvisado em uma quadra poliesportiva para desabrigados das inundações
em Imperatriz............................................................................................................................ 22
Figura 9- Previsão de chuvas torrenciais na América do Sul e Nordeste brasileiro nos próximos
anos. .......................................................................................................................................... 23
Figura 10-: Exemplos conjuntos habitacionais construídos pelos IAP´s no Brasil .................. 25
Figura 11- construção do conjunto BNH no Bairro da Aparecida na cidade de Santos- SP .... 26
Figura 12- Vista de imóveis do programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) ..................... 27
Figura 13- Vista das habitações feitas com blocos de concreto na Quinta Monroy................. 28
Figura 14- Vista da fachada principal, sendo possível visualizar também o uso de esquadrias
basculantes. ............................................................................................................................... 28
Figura 15- (A) Vista do corredor central aberto; (B) uso de pilotis no térreo .......................... 30
Figura 16- Elementos vazados compõem parte da fachada do edifício corruíras .................... 31
Figura 17- Vista do Rio Tocantins na cidade de Imperatriz ..................................................... 32
Figura 18- Limites geográficos do Bairro da Caema em Imperatriz-Ma. ................................ 33
Figura 19- Terreno de projeto delimitado no Bairro da Caema ............................................... 34
Figura 20- Perfil socioeconômico das edificações do entorno ................................................. 34
Figura 21- Mapa de principais acessos ao lote ......................................................................... 35
Figura 22- Circulação de ônibus do entorno ............................................................................ 36
Figura 23- Principais equipamentos urbanos do entorno ......................................................... 37
Figura 24- Oferta de equipamentos urbanos em um raio de abrangência de 1 km do terreno . 38
Figura 25- Dimensões gerais do terreno ................................................................................... 39
Figura 26- Vista interna do terreno............................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 27- Massa arbórea na fachada do lote ........................................................................... 40
Figura 28- Análise das condicionantes climáticas do lote........................................................ 40
Figura 29- Elevação topográfica do terreno ............................................................................. 41
3

Figura 30- Mapa de cheios e vazios do entorno ....................................................................... 42


Figura 31- Zoneamento urbano da cidade de Imperatriz.......................................................... 43
Figura 32- Edificações irregulares na APP do Riacho Bacuri.................................................. 44
Figura 33- APP dimensionada de acordo com a largura do leito ............................................. 45
Figura 34- APP´s próximo ao lote em Imperatriz instituído pelo Plano Diretor...................... 46
Figura 35- Área suscetível a inundação na cidade de Imperatriz ............................................. 47
Figura 36- Mapa de possibilidade de enchentes em Imperatriz ............................................... 48
Figura 37- Esquema de setorização tripartido .......................................................................... 49
Figura 38- Setorização do terreno ............................................................................................ 51
Figura 39- Programa de necessidades da unidade habitacional ............................................... 52
Figura 40- Fluxograma da edificação ....................................................................................... 53
Figura 41-Planta baixa de um módulo habitacional ................................................................. 59
Figura 42- Vista da sala de estar............................................................................................... 60
Figura 43- Vista da sala de jantar ............................................................................................. 60
Figura 44- Vista da fachada frontal .......................................................................................... 62
Figura 45-Vista lateral direita ................................................................................................... 63
Figura 46- Vista lateral esquerda .............................................................................................. 64
Figura 47-Vista da Fachada posterior....................................................................................... 65
Figura 48- Vista do corredor interno do edifício ...................................................................... 67
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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Crescimento dos desastres naturais ocorridos no Brasil ......................................... 16


Gráfico 2- Índice pluviométrico da cidade de Imperatriz (2016) ............................................. 20
5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Desastres naturais no Brasil e suas consequências (1990-2005) ............... 19


Tabela 2- Índices urbanísticos da Zona Bacuri 1 ....................................................... 43
Tabela 3- Índices urbanísticos de zonas especificas .................................................. 44
6

LISTA DE SIGLAS

ANA Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico


APP Área de Preservação Permanente

BBC British Broadcasting Company


BNH Banco Nacional de Habitação
CRAS Centro de Referência da Assistência Social
DETRAN Departamento Estadual de Trânsito
FCP Fundação Casa Popular
FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
HIS Habitação de Interesse Social
IAP Instituto de Aposentadoria e Pensões
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change
MA Maranhão
MME Ministério de Minas e Energia
OFDA/CRED Centre for Research on the Epidemiology of Disasters
ONU Organização das Nações Unidas
ONGS Organizações Não Governamentais
PIB Produto Interno Bruto
PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida
SIG Sistema de Informação Geográfico
7

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9

1.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................ 9

1.2- OBJETIVOS...................................................................................................................... 11

1.3.1- Geral ............................................................................................................................... 11

1.3.2- Específicos ..................................................................................................................... 11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 12

2.1- INUNDAÇÕES E DESASTRES NATURAIS ................................................................. 12

2.2- INUNDAÇÕES NO BRASIL ........................................................................................... 15

2.3- AS ENCHENTES NO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ ................................................. 19

2.4- BREVE HISTÓRICO DAS HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL . 24

2.5- REFERÊNCIAS PROJETUAIS ....................................................................................... 27

2.5.1 Quinta Monroy– ELEMENTAL ..................................................................................... 27

2.5.2 Habitação social de sobradinho - Escritório CoDa .......................................................... 29

2.5.3 Residencial Corruíras – Boldarine arquitetura e urbanismo ............................................ 30

3. METODOLOGIA................................................................................................................. 11

4 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DA PESQUISA .............................................................. 32

4.1 LEVANTAMENTO URBANO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA ..................................... 32

4.2 CONDICIONANTES FÍSICAS DO TERRENO ............................................................. 38

4.3 ESTUDO DE SUCETIBILIDADE Á INUNDAÇÃO ...................................................... 46

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 69


8

RESUMO

As mudanças climáticas, a falta de planejamento urbano, a expansão horizontal (quase sempre


desordenada) e as desigualdades sociais no Brasil acarretaram o surgimento de ocupações
irregulares em todo o território nacional. Na cidade Maranhense de Imperatriz, essas ocupações
se desenvolveram, sobretudo, nas encostas de riachos e as margens do Rio Tocantins que são
basicamente áreas de preservação ambiental fazendo uso da autoconstrução e de loteamentos
irregulares, facilitando a ocorrências de desastres naturais, afetando inúmeras famílias com a
perda de seus bens e os constantes deslocamentos de suas próprias residências, uma vez que a
situação de enchentes é uma constante no Município. Dessa forma, a presente pesquisa objetiva
desenvolver uma proposta de Habitação de Interesse Social (HIS) a nível de anteprojeto com o
intuito de abrigar as famílias vítimas de enchentes no Bairro da Caema em Imperatriz/MA com
o propósito de desenvolver uma habitação segura, digna e que lhes proporcione uma melhor
qualidade de vida, com uma localização próximo a infraestrutura do centro da cidade e
respeitando os parâmetros legais do município

Palavra-chave: Desastres Naturais; Habitação de Interesse Social; Bairro da Caema


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1. INTRODUÇÃO

1.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS

Fenômenos da natureza ocorrem sempre e a todo momento, esses eventos podem


contar ou não com a intervenção do homem nesse processo, contudo pode-se aferir a esses
eventos determinados resultados considerados como fenômenos de caráter hidrológicos:
tempestades, enchentes, inundações, tornados, deslizamentos de terra dentre outros eventos
relacionados com a dinâmica da terra. Atualmente o uso irregular do solo aliado com o advento
das mudanças climáticas vem provocando fenômenos naturais extremos no país e prejudicando
as populações mais vulneráveis (ANDERS, 2007).

No Brasil, a ocorrência desmedida desses fenômenos pode trazer gaves prejuízos às


pessoas mais carentes, como consequência desse cenário pode-se incluir transtornos de ordem
social, político, ambiental e econômico (ANDERS, 2007) dado a dificuldade com que os países
em desenvolvimento enfrentam a questão climática, investindo pouco na causa do problema e
muito nas consequências geradas.

A falta de abrigos adequadas para pessoas desabrigadas e desalojadas em situações de


calamidade, também é uma constante para enfrentar, visto que boa parte dessas pessoas não
possuem condições financeiras para se estabelecer em outro local, nem possui redes de parentes
ou amigos aptas a oferecerem abrigos adequados aos seus entes, sendo obrigados a serem
deslocados pelo poder público para áreas geralmente improvisadas como ginásios esportivos,
escolas públicas ( interrompendo as aulas por longos períodos) ou instituições solidárias como
centros de acolhimento de ONG´S e instituições religiosas (BARIFOUSE, 2022).

O deslocamento dessas pessoas em situação de vulnerabilidade para instalações e


espaços que não foram projetados inicialmente para esse fim é também um problema para a
cidade de Imperatriz/MA. Onde no bairro da Caema que se localiza próximo as margens do rio
Tocantins, ocorrem inundações constantes intensificando a problemática pelo fato de seus
moradores ocuparem áreas irregulares próximo a encosta do rio e riachos da cidade, causando
sérios prejuízos a comunidade que ocupa aquele espaço (ANDERS, 2007).

Nessas situações, em que as atuais políticas públicas não conseguem oferecer artifícios
adequados, acarretando em ocupações da população em áreas irregulares e inundáveis, cabe a
arquitetura e urbanismo oferecer soluções aos problemas enfrentados pela comunidade que
10

habita o Bairro da Caema propondo a viabilidade de uma Habitação de Interesse Social (HIS)
que possa atender adequadamente essas pessoas, oferecendo abrigo, amparo, privacidade e
estado de bem estar social. levando em conta alguns critérios como: a viabilidade econômica,
o senso de pertencimento de seus moradores com seu bairro de origem e a proximidade do lote
com a infraestrutura urbana já existente.

JUSTIFICATIVA E PROBLEMA

No atual contexto brasileiro, há o enfrentamento das questões climáticas em debate,


uma vez que essa problemática tem trazido transtornos para os brasileiros. Segundo a ONU os
desastres meteorológicos serão cada vez mais intensos e desafiarão as cidades do país inteiro
provocando mudanças na vida de muitas famílias todos os anos que perdem seus bens materiais
contabilizáveis e perdas humanas irreparáveis (JUNGLES, 2020).

Na cidade de Imperatriz, as constantes inundações cíclicas têm feito com que várias
famílias tenham suas vidas negativamente impactadas, pois sucede muitas vezes as perdas
materiais de comunidades de baixa renda que são obrigados pela sua própria segurança física a
se deslocarem para abrigos improvisados (LIMA, 2020). O histórico de enchentes na cidade é
longo devido sua proximidade com o rio Tocantins, seu deficiente sistema de drenagem e de
diversos cursos d’água que penetram o município, no entanto nos últimos anos tem sido
marcado pelos eventos extremos provocados pelas chuvas.

Essa realidade se torna visível em diversos pontos do município, devido aos problemas
já citados, contudo, nos locais próximos as margens do rio Tocantins, como o restrito bairro da
Caema, a situação de famílias impactadas pelas enchentes ganham contornos mais dramáticos
devido o perfil socioeconômico da comunidade local (BARROS, 2017).

Nesse bairro, quando há fortes precipitações boa parte de seus moradores são
deslocados pela defesa civil para o ginásio esportivo Raimundo da Conceição da Silva, o único
das redondezas, que também é conhecido como quadra da Caema abrigando um total de até
trinta famílias (30) segundo informações de moradores locais. Contudo, é realmente possível
proporcionar soluções arquitetônicas com o intuito de atender as famílias vítimas de inundações
cíclicas nesse setor crítico de Imperatriz?

Desse modo, é evidente a necessidade de oferecer soluções habitacionais para essa


área marcada pelas ocupações irregulares e próximo a áreas de risco (NABHAN,2016). A
presente pesquisa busca elaborar uma proposta de projeto arquitetônico em nível preliminar de
11

uma Habitação de Interesse Social (HIS) que possibilite abrigar famílias vítimas dos desastres
hidrológicos comuns todos os anos no Bairro da Caema, visto que há uma forte demanda por
parte da comunidade local por um abrigo que possa lhes proporcionar bem estar e segurança
frente a calamidade das enchentes e inundações no município.

1.2- OBJETIVOS

1.3.0- Geral
Desenvolver uma proposta de projeto arquitetônico em nível preliminar de uma
Habitação de Interesse Social, com o intuito de atender as vítimas de inundações na
cidade de Imperatriz, Maranhão estabelecendo como foco o Bairro da Caema.

1.3.1- Específicos
• Realizar pesquisa bibliográfica sobre o tema que possa influenciar o projeto final
• Analisar e levantar informações sobre o local e seu perfil urbano
• Pesquisar referências de HIS que poderão ajudar no desenvolvimento da
proposta
• Definir o terreno e a implantação que melhor atenda as vitimas
• Indicar as técnicas construtivas ideais as condicionantes locais

2. METODOLOGIA

O presente estudo se configurou em três etapas principais, sendo elas: uma pesquisa
bibliográfica e documental contemplando os conceitos de desastres naturais no Brasil e no
mundo. Em seguida, houve o levantamento do perfil histórico de inundações que a cidade de
Imperatriz possui com foco no Bairro da Caema que enfrenta de maneira cíclica os danos e
transtornos que marcam as famílias atingidas. Tais informações, foram cruciais para
contextualizar o problema da pesquisa com o objetivo de chegar a soluções que atendessem
adequadamente as vítimas.

Logo após, houve uma curta abordagem sobre a evolução histórica das Habitações de
Interesse Social, abrangendo diferentes culturas e épocas, além de uma série de referências
projetuais com presença de elementos construtivos que pudessem auxiliar na tomada de
decisões para elaboração de uma Habitação de Interesse Social na cidade. Sendo essa etapa
fundamental, pois percebe-se que através de ideias propostas por outros arquitetos em contextos
12

diferentes foi possível chegar a soluções plausíveis se utilizando de uma bagagem cultural já
existente.

Essa etapa também se caracterizou pelo levantamento de dados do perfil urbano do


terreno, bem como uma análise do mesmo com relação a suas condicionantes como: topografia,
visadas, fluxos, infraestrutura existente e descrição do entorno como breve análise da densidade
urbana através de estudos de cheios e vazios, perfil social baseado na tipologia das edificações
da área e proximidade dos equipamentos urbanos, além das condicionantes climáticas do local
como dinâmicas do vento e insolação.

Finalmente, foi elaborado um projeto de Habitação de Interesse Social (HIS) com o


intuito de abrigar temporariamente as famílias atingidas pelas cheias regulares no Bairro da
Caema na cidade de Imperatriz. Focado na viabilidade dessas famílias não precisarem deixar
seu Bairro de origem, dado a identidade de seus moradores com a região e a dependência
econômica do Rio que alguns moradores possui.

Nesse estágio, a forma arquitetônica foi concebida, assim como uma melhor disposição
espacial do projeto consoante com o espaço disponível. Complementar a isso, foi posposto a
definição das técnicas construtivas que serão agregadas no projeto arquitetônico, a fim de
propor habitações comunitárias que atenda as demandas dos desabrigados e desalojados do
Bairro da Caema.

Ademais, utilizou-se de ferramentas e softwares com o intuito de desenvolver a presente


pesquisa em praticamente todas as fases do projeto. Algumas delas foram o software QGIS para
produção de mapas e diagramas, sobretudo na fase de diagnóstico urbano, além do software
Microsoft Powerpoint para proporcionar uma melhor montagem de figuras. No estudo de
viabilidade de enchentes, a utilização do programa Hand model foi primordial para previsão de
zonas de riscos a inundações na cidade. Já na fase de desenvolvimento do projeto final, as
ferramentas de desenho arquitetônico como o programa da Autodesk AutoCad versão 2023 e
Sketchup versão 2021 foram as principais ferramentas utilizadas.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1- INUNDAÇÕES E DESASTRES NATURAIS


Com o principal intuito de compreender as inundações e desastres naturais como um
todo, há diferentes fontes para classificar o assunto. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
13

Espaciais (INPE, 2016) os desastres naturais são classificados como eventos adversos que
causam fortes impactos na sociedade sendo diferenciado de acordo com sua origem.

De acordo com as autoras Amaral e Gutjahr (2015) o conceito de desastres naturais


pode ser entendido como a ocorrência de um fenômeno natural que afeta a superfície do solo
prejudicando áreas habitadas por seres humanos e causando danos de ordem material. Já para
as mesmas autoras, as inundações podem ser classificadas como um processo que ocorre
quando as águas das chuvas provocam o transbordamento de rios conforme a Figura 1, esse
processo também pode receber outras nomenclaturas como planície fluvial ou várzea.

Figura 1- Perfil esquemático de inundação e enchente.


Fonte: Cemaden (2021)

De acordo com a pesquisadora Valêncio (2009), existem três formas em que as pessoas
percebem o problema dos desastres naturais, o primeiro tem um caráter externo na qual os
desastres se apresentam como um fenômeno extraordinário que interrompe o cotidiano das
pessoas subitamente fazendo com que as necessidades básicas do ser humano sejam
prioritariamente demandas, tais como abrigo, proteção e comida.

No segundo modo, os desastres passam a ser percebido como uma expressão de


vulnerabilidade social visto que, não rara às vezes, provocam danos materiais e perdas de vidas.
Por fim, também pode ser notado como incertezas geradas pelas instituições provocando uma
sensação de perda da ordem pública (VALÊNCIO,2009). Razão pela qual o amparo e a
segurança são tão apreciados pelas vítimas.
14

Nos últimos anos, diversos acontecimentos naturais no mundo provocaram vítimas,


sendo em grande parte causados por desastres de ordem hidrológica como fortes inundações,
deslizamentos de terra, enchentes, enxurradas e movimentações de terra. Esses fenômenos, se
distinguem por causar destruições em massa, perdas de patrimônio, crises sociais, feridos e
mortos, além de diversas famílias desabrigadas e em estado de pura vulnerabilidade social
causados por esses eventos. (AMARAL e GUTJAHR 2015).

Como exemplo, pode-se citar a tragédia das chuvas no Paquistão como mostra a Figura
2 que ocorreu durante agosto de 2022 em que milhares de pessoas morreram, sendo um terço
delas crianças e mais de 30% do país foi submerso pelas águas das chuvas. Tudo isso doze (12)
anos após a cheia mais mortal ter devastado parte do país em 2010 (G1.COM, 2022).

Figura 2- Inundações causadas por fortes precipitações no Paquistão.


Fonte: Causa operária.org. (2022)

Ainda no continente asiático, Bangladesh tem sofrido com inundações constantes em


muitas cidades, sendo que diversas pessoas acabaram tendo que conviver com o aumento das
águas invadindo suas residências. Bangladesh é um país de baixa altitude, o que significa que
o aumento da maré provoca inundações cotidianas em boa parte do país, no entanto esse
fenômeno comum para muitos bengaleses tem surpreendido cada vez mais pela violência e
aumento do nível das águas (BBC,2022).

Boa parte desse fenômeno tem piorado devido as mudanças climáticas que vêm sendo
provocadas no mundo e tem afetado, sobretudo, países em desenvolvimento como aponta a
organizações das nações unidas no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC,
2022). Países ocidentais também têm sofrido com desordens climáticas graves, alguns desastres
15

naturais inclusive ficaram marcados na história devido a proporção de suas tragédias como, por
exemplo, o furacão Katrina que atingiu o estado americano da Flórida em 2005, conforme
indicado na Figura 3, bem como o ciclone Nicole em 2022 (METSUL, 2022).

Fica evidente que boa parte do mundo está propício a ser impactado por eventos
climáticos extremos como os demostrados até aqui, esses eventos têm deixado autoridades
mundiais em estado de alerta para os próximos anos dado as preocupantes previsões de
tragédias naturais (INPE, 2023).

Figura 3- Consequências do furacão katrina que ocorreu no sul dos Estados Unidos
Fonte: bbc.com (2020)

2.2- INUNDAÇÕES NO BRASIL

No Brasil, as inundações são fenômenos frequentes a cada ano, apesar de ser um


fenômeno natural esse evento está intimamente ligado com a forma desordenada de apropriação
do espaço nas cidades brasileiras, visto que a ausência de planejamento disciplinado do uso e
ocupação do solo de um local potencializa desastres relacionados a enchentes e inundações
(ANA, 2010). Atrelado a isso, muitas cidades no Brasil desenvolveram seu desenho urbano as
margens de leito de rios e riachos, sem atentar adequadamente com implicações negativas para
sua população que habitam em situações de risco (CRISTO, 2002) e à mercê de inundações
cíclicas em determinados períodos do ano.

Para Pisane (2001) as inundações podem ser descritas como um fenômeno natural que
ocorre quando a vazão a ser escoada não consegue ser maior que a capacidade do sistema
hídrico de escoar, Tucci (2007) destaca que os efeitos das inundações podem ser ampliados
16

devido as atividades antrópicas nas cidades como canalização de córregos e impermeabilização


do solo, acontecimento bastante presente no desenvolvimento das cidades do país.

Dessa forma, é possível afirmar que há uma correlação entre a urbanização brasileira,
que em regra ocorreu sem o devido controle (OLIVEIRA, 1998) e os eventos de ordem natural
como se nota no Gráfico 1 que mostra o crescimento vertiginoso dos desastres causados por
precipitações nas últimas três décadas.

Gráfico 1- Crescimento dos desastres naturais ocorridos no Brasil

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12%
1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

O histórico de desastres hidrológicos no Brasil são diversos e frequentes em toda


extensão do território nacional: enxurradas, enchentes, inundações e deslizamento de terra são
recorrências periódicas (BRAGA, 2016). A partir da década de 2000, esses fenômenos
passaram a receber uma maior atenção tanto da mídia como do poder público devido as
preocupações mundiais com os desafios das crises climáticas do novo século.

Diversos desastres ocorreram durantes essas duas décadas no Brasil, como as grandes
enchentes que acometeram o estado de Santa Catarina em novembro de 2008, sobretudo a
cidade de Blumenau que sofreu diversas perdas de sua infraestrutura e um saldo de cerca de
cento e cinquenta mortos (G1, 2021).
17

Além disso, cerca de um milhão e meio de pessoas foram afetadas pelas enchentes
provocada pelo trasbordamento do rio Itajaí-Açu em todo o estado, conforme mostra a Figura
4 acrescidos de um impressionante número de oitenta mil pessoas desabrigadas ou desalojadas
em todo o estado de Santa Catarina, além de quatorze cidades terem decretado estado de
calamidade pública e mais quarenta e quatro municípios que decretaram estado de emergência
(G1, 2021).

Figura 4- Cenário da cidade de Blumenau (SC) após as fortes chuvas em 2008


Fonte: Globo.com (2021)

Outra grande tragédia climática no Brasil ocorreu no Estado de São Paulo no início do
ano de 2023 (G1, 2023). As inundações que atingiram o litoral norte de São Paulo provocaram
intensos deslizamentos de terra, bloqueios de estradas, isolamento de pessoas que dificultava
operações de resgate, além de dezenas de mortos e centenas de desalojados e desabrigados
como mostra a Figura 5.
18

Figura 5- Temporal provoca destruição no litoral norte de São Paulo

Fonte: Globo.com (2023)

Segundo apurou o portal de notícias G1 (2023) o município de Bertioga registrou um


volume de chuva de seiscentos e oitenta e três milímetros em um único dia, sendo classificado
como o novo recorde do sistema meteorológico brasileiro. Todo esse fenômeno no litoral norte
de São Paulo foi visto pela ciência como um evento climático extremo cada vez mais suscetível
de ocorrer e difícil de prever.

As fortes chuvas que atingiram o litoral paulista também se manifestaram no Nordeste


brasileiro em dezembro de 2022, mais especificamente no sul da Bahia onde fortes
precipitações provocaram alagamentos e inundações, que por sua vez, também foi descrito
pelos meteorologistas como um evento climático atípico (BBC, 2021). Mais de meio milhão de
pessoas foram diretamente impactadas pelos danos causadas pelas chuvas, bem como 23 mil
famílias foram obrigadas a deixarem suas casas em direção a abrigos improvisados em busca
de maior segurança.

Segundo dados OFDA/CRED Internacional Desaster Database os prejuízos


provocados por desastres naturais tais como: enchentes, deslizamentos, inundações e etc. No
Brasil, ultrapassam os gastos de dois bilhões e meio de dólares conforme a Tabela 1 aponta.
Demostrando que os fenômenos naturais além de provocarem perdas irreparáveis geram
despensas onerosas ao setor público local para retomar a infraestrutura perdida e assistir as
vítimas dos eventos.
19

Tabela 1- Desastres naturais no Brasil e suas consequências (1990-2005)

Fonte: EM-DAT the OFDA/CRED internacional desaster database

2.3- AS ENCHENTES NO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ

A cidade de Imperatriz é o segundo maior Município do Estado do Maranhão possui


uma população estimada de duzentos e setenta e três mil e cento e dez habitantes (IBGE, 2020)
tem sua localização no Sudoeste Maranhense (Figura 6), se estendendo a margem direita do
Rio Tocantins e é dividida pela rodovia Belém-Brasília. Segundo dados do IBGE o município
tem o segundo maior PIB do Maranhão estimado em 7.200.597,00 milhões. O município
também é conhecido pelo papel fundamental que o Rio Tocantins desempenha no turismo e na
atividade pesqueira local (NABHAN, 2016).

Figura 6-Localização do município de Imperatriz-MA


Fonte: Santos; Nunes et al, 2019
20

Dessa forma, praticamente todas as inundações provocadas na cidade tem como


principal agente o transbordamento do Rio Tocantins provocando enchentes violentas em
períodos de fortes precipitações em bairros com relevos mais planos e próximos das margens
de cursos d´água (RIBEIRO, 2012).

A cidade de Imperatriz tem as maiores precipitações durante o verão, período esse,


que abrange os quatro primeiros meses do ano (MME, 2016) e costuma provocar inundações
frequentes, prejudicando infraestrutura local e provocando todos os anos uma leva de
desabrigados em locais da cidade considerados mais vulneráveis pela defesa civil de Imperatriz.
Em 2016, a cidade teve como o período mais intenso de chuvas o mês de abril, chovendo algo
em torno de quinhentos milímetros e o mais seco sendo o mês de julho como aponta o Gráfico
2.

Gráfico 2- Índice pluviométrico da cidade de Imperatriz (2016)

Fonte: mme.gov.br (2016)

Bairros cortados por cursos d’água tendem a enfrentar alagamentos de acordo com o
geólogo Oliveira (2019) que podem variar as proporções dos prejuízos consoantes com a
intensidade das chuvas que serão capazes de provocar problemas, sendo que determinados
setores da cidade são mais impactados.

Locais com relevo baixo sem dúvida nenhuma são os mais afetados todos os anos
ciclicamente em função das chuvas (OLIVEIRA, 2019). No carente Bairro da Caema esse fato
já se tornou uma realidade a muito tempo com pouca atuação do Poder Público local pra
21

contornar a situação. O drama de famílias que precisam deixar suas casas a pedido da defesa
civil continua ano após ano (IMPERATRIZ.GOV, 2020).

Á vista disso, a classificação do Bairro da Caema como uma área vulnerável ocorre não só por
ser um favorável ponto de inundação (Figura 7), mas também devido as condições sociais de
seus moradores que, em boa parte, possui perfil econômico de baixa renda piorando ainda mais
as condições da comunidade no período chuvoso (NABHAN, 2016).

Figura 7- Cenário de inundação provocado pelo transbordamento do Rio Tocantins no Bairro


da Caema em Imperatriz
Fonte: youtube.com (2022)
Complementar a isso, as perdas materiais de pessoas que já possui tão pouco são fatos
recorrentes, além do deslocamento delas ter que serem para abrigos improvisados conforme a
Figura 8, visto que boa parte não tem sequer parentes com condições para auxilia-los, assistidos
somente com contribuições de donativos voluntárias de instituições religiosas e da sociedade
civil (LIMA, 2020).

Dessa forma, dado a problemática das enchentes no local provocadas pelo


transbordamento do Rio e as fortes chuvas, vê-se a importância de se estabelecer meios que
possam atender as necessidades de abrigo e segurança que essas famílias precisam, garantindo
não só seus direitos de uma moradia que os atenda adequadamente como também a vivência de
bem estar social.
22

Figura 8- Abrigo improvisado em uma quadra poliesportiva para desabrigados das


inundações em Imperatriz

Fonte: Imperatriz.ma.gov.br (2020)

No início de 2022, vinte e oito municípios do Estado do Maranhão registraram


prejuízos causados pelas chuvas intensas no Estado, muito em função do aumento do nível dos
rios instigados pelas precipitações. Tantos prejuízos causados, fizeram com que esses
municípios declarassem estados de calamidade pública com certa regularidade. As
consequências são sempre as mesmas e quase não há variáveis: desabamentos, perdas de
infraestrutura pública, risco da integridade física de pessoas ribeirinhas e pessoas carentes
desabrigadas em todo o Maranhão. Em janeiro de 2022 a Defesa Civil Estadual já havia
contabilizado mil trezentos e sessenta e uma (1361) famílias desabrigadas de acordo com que
apurou o portal de notícias G1 Maranhão (2022).

Desse modo, é importante também recordar os desafios mundiais em relação ao clima


que se precisa enfrentar no presente e no futuro. Segundo o Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas da ONU, há alertas para a frequência e a intensidade dos desastres
ambientais que tenderão a gerar maior número de vítimas, bem como será mais comum
precipitações extremas no Nordeste brasileiro (Figura 9), aliado a isso, existe um apelo a
governos que se adaptem à nova realidade (CHADE, 2022).
23

Figura 9- Previsão de chuvas torrenciais na América do Sul e Nordeste brasileiro nos


próximos anos.
Fonte: globo.com a partir dos dados do IPCC (2021)

Portanto, é de fundamental importância pensar em soluções arquitetônicas que ajudem


a mitigar os problemas das cheias cíclicas em Imperatriz, em especial, no Bairro da Caema,
dado a sua maior fragilidade frente as recorrentes inundações e seu longo histórico de enchentes
regulares no município possivelmente intensificado pela crise climática nos próximos anos,
conforme aponta a Figura 9. Consoante a isso, uma proposta de HIS seria a tipologia ideal que
melhor atenderia as vítimas afetadas dado o perfil sazonal das inundações em Imperatriz, ou
seja, as enchentes ocorrem sempre em determinado período do ano fazendo com que essas
famílias se desloquem dessas áreas de riscos anualmente, gerando transtornos e despesas
onerosas a Defesa Civil e ao Poder Público em geral que não conseguem oferecer soluções
perenes ao impasse. (ANDERS, 2007)
24

2.4- BREVE HISTÓRICO DAS HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL

Durante a república velha de 1889 a 1930 o estado brasileiro não intervia no mercado
de habitações. Fiel ao liberalismo econômico que priorizava a livre iniciativa em detrimento da
do investimento público, a atividade estatal se resumia a situações mais graves como de
insalubridade e concessão de isenções fiscais aos proprietários de casa de aluguéis, não
oferecendo nenhuma solução ao déficit habitacional do país (ROLNIK, 1994). De acordo com
Bonduki (1994), com a economia do país sendo praticamente agroexportadora e a indústria
tendo um papel absolutamente secundário naquele período, o investimento em casas de aluguéis
pela inciativa privada era um bom negócio para se obter rendimentos.

Nesse contexto, Segundo Bonduki (1994), a produção de habitações ficou


exclusivamente com a iniciativa privada, com o êxodo rural que ocorreu no Brasil a época onde
levas de migrantes do campo se deslocavam para as capitais da região sudeste, os proprietários
de casas de aluguéis tiveram expressiva rentabilidade no início do século XX. A partir da década
de trinta, com a necessidade de impulsionar uma política voltada aos trabalhadores, o presidente
Getúlio Vargas passa a intervir na economia e na relação de capital-trabalho representando um
verdadeiro ponto de ruptura. Com o estado mais forte e regulador, em 1937 é instituído as
carteiras prediais dos institutos de aposentadorias e pensões (IAP´s) com o intuído de financiar
a produção de moradias populares.

Mais tarde, foi possível também desenvolver em 1946 o projeto Fundação Casa Popular
(FCP) que buscava viabilizar uma solução ao déficit habitacional no país, no entanto a falta de
articulação estatal e as disputas políticas inviabilizaram esse empreendimento (BANDUKI,
1994). Apesar de junto com as IAP´s a Fundação Casa Popular conseguiu abrigar algo em torno
um milhão de pessoas segundo estimativas. Esses dois modelos citados foram fundamentais,
visto que pela primeira vez apresentaram o estado brasileiro como um patrocinador das
habitações para classe trabalhadora.

As obras construídas pelas IAP´s foram um marco pra habitação social no Brasil, pois
inovava do ponto de vista arquitetônico e urbanista, incrementava conceitos de racionalismo e
de habitação econômica com uma forte vinculação modernista (BANDUKI, 1994) como aponta
alguns exemplos na Figura 10.
25

Figura 10-: Exemplos conjuntos habitacionais construídos pelos IAP´s no Brasil


Fonte: (A)- arquivo.arq (2011); (B)- fau.usp (2011); (C)- projetoaram (2014); (D)-
satorunagai (2014).

Em meados da década de quarenta, boa parte dos trabalhadores eram inquilinos


(BANDUKI, 1994) com a promulgação do decreto-lei que estabelecia a lei do inquilinato,
houve o congelamento de preços dos aluguéis provocando um profundo impacto social, criando
assim uma situação desfavorável ao proprietário de casas de aluguéis que desestimulados com
os congelamentos de preços, optaram pela venda dos imóveis ao invés dos aluguéis. Segundo
aponta Banduki (1994) o êxodo rural continuava a acontecer e com menos habitações para
aluguel o déficit habitacional nas grandes cidades aumentaram devido as consequências geradas
pela lei do inquilinato, ocasionando também uma quantidade elevada de despejos na cidade de
São Paulo.

Após o golpe de 1964 no Brasil, o governo militar também buscou intervir nas políticas
de habitação no país, houve então a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH)
responsável por direcionar recurso do FGTS para moradias populares. Foi nesse período onde
houve a maior produção de habitações sociais em todo território nacional contabilizando algo
por volta de quatro milhões de unidades, contudo o BNH favorecia somente a produção em
larga escala de habitações sem a qualidade projetual e urbana que eram possíveis notar nas
IAP´s, gerando edificações distantes da cidade formal e desconectadas da infraestrutura urbana,
além de normalmente serem mal servidas pelo transporte público (FERREIRA, 2005). Um dos
principais exemplo de construções financiadas pelo BNH é o conjunto do bairro aparecida em
Santos conforme indicado na Figura 11.
26

Figura 11- construção do conjunto BNH no Bairro da Aparecida na cidade de Santos- SP

Fonte: disponível em < http://www.fundasantos.org.br/news.php?extend.1303 > Acesso em


05 de out. 2023

Em meados da década de 1980 o BNH foi encerrado, a moradia popular passou a receber
menos atenção por parte do poder público, os programas de habitação social em larga escala
deixaram de ocorrer, apesar de surgirem algumas iniciativas menos expressivas como a Ação
Imediata para Habitação, Habitar Brasil e Morar Município. Finalmente, em 2003 foi realizado
a Conferência Nacional das Cidades que, entre outras pautas, enfatizou a necessidade de
produção de habitações sociais para pessoas de baixa renda (JUNIOR e UZZO, 2009).

De acordo com Ribeiro e Falcão (2017), a partir de 2007 ocorre investimentos do


governo federal afim de subsidiar os programas de moradias, além de se instituir a lei do sistema
nacional de habitação de interesse social, que obrigava estados e municípios a promoverem
projetos de habitação para que pudessem receber recursos federais.

Nesse contexto, surge o programa minha casa minha vida (Figura 12) (PMCMV) com
objetivo de fomento e incentivo a habitação. Apesar de proporcionar moradia regular a muitas
famílias e de ter reduzido o déficit habitacional no Brasil, o PMCMV a exemplo do que ocorreu
com BNH, sucumbiu a especulação imobiliária sendo a escolha dos terrenos, em regra, em áreas
longínquos, pouco atraentes para moradia e descontextualizada do resto da cidade, visto que as
zonas centrais são mais valorizadas pelo mercado e os recursos para os construtores são
limitados, prejudicando o ato de morar bem dos inquilinos ( FALCÃO e RIBEIRO 2017).
27

Figura 12- Vista de imóveis do programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)

Fonte: schoje.news (2023)

2.5- REFERÊNCIAS PROJETUAIS

2.5.1 Quinta Monroy– ELEMENTAL


.
O escritório chileno ELEMENTAL liderado pelo premiado arquiteto Alejandro
Aravena desenvolveu um projeto de Habitação de Interesse Social para abrigar um total de 100
famílias que anteriormente ocupavam determinadas áreas ilegais no centro de Iquique no Chile.
Com o terreno localizado no centro da cidade o custo do lote era elevado e o projeto contava
com poucos recursos disponíveis resultando em habitações com dimensões de 30 m² com
possibilidades de futuras ampliações pelos proprietários (ARCHDAILY, 2012).

Para abrigar as cem famílias e suas ampliações, o escritório chegou a conclusão que o
melhor modo de implantação no lote seria evitar uma verticalização exagerada projetando uma
casa que tivesse somente o primeiro e o último pavimento (ARCHDAILY,2012), além de
separar as edificações uma das outras para possibilitar uma futura ocupação do terreno pelos
moradores, evitando desperdícios em um solo caro.

Alguns elementos dessa obra que poderão ser utilizados no projeto final dessa pesquisa
podem-se citar: a utilização de uma verticalização na escala humana que nesse projeto contou
com até 03 pavimentos para cada moradia (Figura 13), sem se utilizar de uma verticalização
exagerada mas que fossem o suficiente para atender as demandas da população beneficiada com
28

as moradias, deixando a critério dos próprios moradores a necessidade, ou não, de ampliações


de seus cômodos, de acordo com as particularidades de cada grupo familiar
(ARCHDAILY,2012).

Figura 13- Vista das habitações feitas com blocos de concreto na Quinta Monroy

Fonte: archdaily.com (2012)

Além disso, serve de inspiração para o projeto arquitetônico final a presença de


esquadria basculantes que esse projeto se utilizou na fachada principal e no plano oposto a ela,
viabilizando uma corrente de ar que cruza toda a edificação e possibilitando um aspecto limpo
e simples conforme a Figura 14.

Figura 14- Vista da fachada principal, sendo possível visualizar também o uso de esquadrias
basculantes.
Fonte: archdaily.com (2012)
29

2.5.2 Habitação social de sobradinho - Escritório CoDa

O projeto de habitação social desenvolvido fazia parte do concurso de arquitetura do


CODHAB-DF, a obra venceu a disputa ficando em primeiro lugar. O projeto buscou tirar o
máximo proveito da legislação urbanística local que prever um maior aproveitamento do espaço
aéreo em até um metro por toda a extensão do perímetro da projeção, desde de que haja previsão
de vazios internos nos blocos habitacionais (CODA, 2016).

Foi proposta também plantas que seguissem critérios do programa Minha Casa Minha
Vida além das normas de desempenho (NBR 15.575) e de acessibilidade (NBR 9050/2015)
gerando assim espaços mais amplos e confortáveis sem inviabilizar uma construção econômica
não ultrapassando os limites de 68 m² (CODA,2016).

Uma das estratégias da habitação social de sobradinho possíveis de serem utilizadas no


projeto arquitetônico dessa pesquisa, é o uso da estratégia de pilotis no térreo (Figura 15-B),
possibilitando uma melhor utilização do espaço público do conjunto habitacional, incentivando
um melhor convívio entre os moradores e gerando permeabilidade no local, além de eliminar
barreiras que possam limitar o livre trânsito de pedestres no térreo.

Outra estratégia primordial utilizada nesse projeto foi a adoção de corredores centrais
abertos entre as habitações, gerando vazios no núcleo dos blocos onde também foi colocado
escadas de acessos as edificações e passarelas para viabilizar um espaço de convívio entre os
vizinhos (Figura 15-A), fazendo uma sutil transição entre o público e o privado (CODA, 2016).

Serve de inspiração também nesse projeto, o uso de brises horizontais em concreto nos
prolongamentos das lajes do prédio, sendo uma importante ferramenta bioclimática a ser
utilizada, a fim de proteger os inquilinos dos raios solares nas aberturas de suas residências.
30

Figura 15- (A) Vista do corredor central aberto; (B) uso de pilotis no térreo
Fonte: Coda (2016)

2.5.3 Residencial Corruíras – Boldarine arquitetura e urbanismo

Contando com uma área de 21 404 m² esse projeto foi desemvolvido pelo escritório de
arquitetura e urbanismo Boldarine, o residencial faz parte do plano da Secretaria Municipal de
Habitação de São Pailo para realocar os moradores em situação de irregularidade habitacional
da Favela Minas Gerais (ARCHDAILY, 2014).

O residencial tirou partido da topografia acentuada do local para dispor os blocos de


maneira escalonada, explorando os desniveis para conseguir um maior numero de unidades e
de pavimentos no conjunto, bem como possibilitar que os blocos tivessem visadas para o
exterior dado o alto relevo do terreno (ARCHDAILY, 2014).

O uso de elementos vazados e perfurados em todo o edifício serve de inspiração para a


pesquisa conforme mostra a Figura 16. Esses elementos foram adotados para proporcionar
transparência e permeabilidade visual aos blocos. Outra solução presente nessa obra são as
passarelas horizontais, recebendo destaque como um grande espaço de convivência além de
articular os acessos aos blocos habitacionais.
31

Figura 16- Elementos vazados compõem parte da fachada do edifício corruíras

Fonte: archdaily.com (2014)

2.5.4 Unite d’ Habitation– Le Corbusier

Figura 17- Unidade habitacional de Marselha


Fonte: Archdally (2013)
Conhecido também como unidade habitacional de Marselha foi um projeto conduzido
pelo renomado arquiteto Le Corbusier Após o déficit habitacional que assolou o contente
europeu após a segunda guerra mundial. Localizado no centro da cidade francesa de Marselha
32

o projeto tinha como foco a vida comunitária dos moradores onde eles poderiam divertir-se e
socializar-se sendo finalizado em 1952. (ARCHDALLY,2016)

Diferentemente dos projetos usuais de Le Corbusier que priorizava a cor branca o Unite
d´Habitation foi construído em concreto armado aparente que era um material mais acessível
na Europa do século XX. esse projeto é um dos que mais se destaca dado a sofisticada resposta
ao problema habitacional da França no pós-guerra que o arquiteto propôs (OTONI,2020).

Uma das soluções utilizadas nessa obra e que será utilizado no presente trabalho é a
utilização de colunas massivas feitas de concreto armado, afim de suportar toda a carga do
edifício, possibilitando a formação de um conjunto de pilotis em concreto aparente e
demonstrando a aspereza e robustez física da edificação.

3 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DA PESQUISA

3.1 LEVANTAMENTO URBANO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA


A cidade de Imperatriz localiza-se na região do Sudoeste Maranhense tendo uma
população estimada em duzentos e setenta e três mil habitantes (IBGE, 2020). O município tem
seu perímetro geográfico delimitado pelo curso do Rio Tocantins, o mesmo desempenha um
importante papel na identidade da cidade e na subsistência das comunidades ribeirinhas (Figura
17) (NABHAN, 2016)

Figura 17- Vista do Rio Tocantins na cidade de Imperatriz

Fonte: Flickr (2018)


Primordialmente, foi definido o local em que o projeto arquitetônico seria
desenvolvido. Sendo estabelecido que seria de fundamental importância evitar translado dos
desabrigados para locais distantes de seus lares permanentes, pois além de evitar uma logística
33

mais custosa por parte do Poder Público, também evitaria deslocar os moradores já identificados
com o bairro para setores da cidade onde não teria o mesmo senso de pertencimento, pois é
comum os moradores preferirem ficar onde estão por conveniência de localização e rede de
amigos e familiares.

Além disso, parte dos moradores das margens do rio têm sua fonte de renda baseada na
pesca artesanal e transporte hidro fluvial, fazendo com que esse local seja primordial para a
capacidade de subsistência dos mesmos (SIQUEIRA, 2021). Dessa forma, o lote escolhido fica
no Bairro da Caema devido à proximidade das residências dos inquilinos da comunidade.

O Bairro fica próximo as margens do Rio Tocantins conforme a Figura 18 indica,


fazendo divisa com vários outros bairros da cidade como: o Bacuri e o Centro da cidade, além
de se localizar próximo do principal Parque urbano do município conhecido como Beira Rio.

Figura 18- Limites geográficos do Bairro da Caema em Imperatriz-Ma.

Fonte: Adaptado pelo autor (2023)

O lote escolhido está situado na Rua Tamandaré entre as Ruas Dom Pedro II (Figura
19) em um local com uma boa movimentação urbana e que conta com pavimentação asfáltica
e com a disponibilidade de eletricidade e água enganada de fácil acesso. A parte da Rua Dom
Pedro II que contorna o lote, há a presença de bocas de lobo viabilizando uma boa drenagem
urbana, além de ser uma região relativamente mais alta na sua topografia em comparação com
34

as áreas mais contiguas ao rio, evitando inundações desproporcionais provocadas pelo


transbordamento do mesmo.

Figura 19- Terreno de projeto delimitado no Bairro da Caema

Fonte: Autoral (2023)

Levando em conta o caráter tipológico das residências, o perfil de moradias do entorno


mais imediato lembra edificações típicas da classe média do município com algumas variações
socioeconômicas conforme mostra a Figura 20.

Figura 20- Perfil socioeconômico das edificações do entorno

Fonte:- Autoral, 2023


Complementar a isso, houve a análise dos principais pontos de acesso ao lote, visto que
a Rua Tamandaré e Dom Pedro II onde se localiza o terreno, possui uma boa infraestrutura o
35

que acaba facilitando o deslocamento de pessoas no entorno, uma vez que há uma melhor
fluidez viária na região em comparação com outras ruas do bairro.

No quesito mobilidade urbana, a região possui um fluxo regular de transportes,


incluindo a oferta de transporte público, visto que as ruas que dão acesso ao terreno também
viabilizam o deslocamento em direção ao centro comercial da cidade.

As principais vias de acesso direto ao lote são as Ruas Luís Domingues paralela ao limite
do Bairro e com ligação direta com a Rodovia BR-010, as Ruas Coronel Manuel Bandeira e
Coriolano Milhomem que também possui ligação com a Avenida Bernado Sayão. As vias
Godofredo Viana e Simplício Moreira também oferecem acesso facilitado ao lote utilizando-se
da rua Monte Castelo como atalho principal, como exemplificado na Figura 21.

Figura 21- Mapa de principais acessos ao lote

Fonte: Autoral (2023)

A oferta de ônibus é frequente nas proximidades do terreno, há o terminal de integração


Freitas Filho na esquina da Rua Coriolano Milhomem com a Rua Antônio de Miranda, além
disso os ônibus oferecem seus serviços por algumas vias do entorno, como as linhas que passam
pelas Ruas Simplício Moreira, Godofredo Viana, Luís Domingues e Dorgival Pinheiro de Sousa
conforme indicado na Figura 22.
36

Apesar de algumas vias possuir uma topografia relativamente plana, a oferta de ciclovias
e ciclofaixas é inexistente no entorno mais imediato do lote, proporcionando um ambiente de
riscos para os ciclistas que utilizam essas vias diariamente, ademais calçadas em sua maioria
estreitas limitam a experiência e a segurança de pedestres no local.

Sendo assim, as deficiências de mobilidade urbana nessa região de Imperatriz têm


relação com o histórico de ocupações irregulares no município onde as diretrizes do plano de
diretor foram ignoradas gerando falta de padronizações nos tamanhos dos passeios, surgimento
de ruas sem saídas, bem como uma pior acessibilidade no geral.

Figura 22- Circulação de ônibus do entorno

Fonte: Adaptado pelo autor (2023)

Devido sua proximidade com o centro comercial do Município é possível contemplar a


presença de vários equipamentos urbano na região: há nas proximidades escolas, universidades
de caráter pública e privada, lojas, mercearias, praças, quadras poliesportivas, igrejas e
academias, conforme pode ser observado na Figura 23.

Além disso, há nas proximidades edifícios institucionais como a rede de assistência


social CRAS do Bairro Bacuri, o Terceiro Batalhão do Corpo de Bombeiros e uma das sedes
do DETRAN na cidade. Nesse cenário, saliente-se o aumento das preocupações nos dias de
hoje em proporcionar uma cidade mais justa, sustentável e democrática, uma vez que, os
principais problemas urbanos ocorrem em grande parte devido as disfunções nesse modelo.
37

Figura 23- Principais equipamentos urbanos do entorno

Fonte: google maps com adaptações do autor (2023)

Além disso, há nas proximidades edifícios institucionais como a rede de assistência


social CRAS do Bairro Bacuri, o Terceiro Batalhão do Corpo de Bombeiros e uma das sedes
do DETRAN na cidade. Nesse cenário, saliente-se o aumento das preocupações nos dias de
hoje em proporcionar uma cidade mais justa, sustentável e democrática, uma vez que, os
principais problemas urbanos ocorrem em grande parte devido as disfunções nesse modelo.

Dessa forma, afim de viabilizar um melhor modelo de uso do solo onde todos da
comunidade tenham fácil acesso aos principais equipamentos e serviços públicos disponíveis
na cidade, o deslocamento desses moradores para regiões munidas de infraestrutura urbana é
crucial para uma proporciona-lhes uma moradia digna e cidadã.

É fundamental destacar também, o papel que o Parque urbano da Beira Rio exerce sobre
a qualificação do entorno, pois essa região é o principal ponto de lazer e entretenimento do
município, contando com um grande fluxo de pessoas aos finais de semana. Nesse local, é
possível: praticar esportes, brincar, passear, comprar, entreter-se, exercitar-se, viabilizando um
importante espaço para ser usufruído pela comunidade.

A oferta de infraestrutura urbana do entorno, conforme indicado na Figura 24 que


demonstra a proximidade do lote com os principais equipamentos e serviços públicos da região
em um raio de até um quilômetro, é notadamente uma grande aliada para fazer com que os
desalojados tenham suas necessidades diárias supridas pelo Poder Público com maior
facilidade.
38

Figura 24- Oferta de equipamentos urbanos em um raio de abrangência de 1 km do terreno

Fonte: Autoral (2023)

3.2 CONDICIONANTES FÍSICAS DO TERRENO


Conforme mostra a Figura 26, o terreno possui a forma geométrica de um polígono
irregular, como consequência suas dimensões são dispostas de maneira a ter medidas distintas
em todos os seus lados, tendo sua área em torno de dezoito (18) quilômetros quadrados ou mil
e oitocentos e setenta e quatro (1,874) hectares.

Além disso, o interior do lote possui vegetação rasteira e algumas árvores de baixo e
médio porte, poucas árvores do local possui copas volumosas e grandes, a maior parte
apresentam galhos secos e com poucas folhagens (Figura 25) além de um solo castigado pelas
queimadas que aparentemente é uma atividade recorrente no lote.

Figura 25- Vista interna do terreno


Fonte: Autor (2023)
39

Figura 26- Dimensões gerais do terreno

Fonte: Autoral (2023)

Atualmente, o terreno possui como acesso principal a Rua Dom Pedro II, ao passo que
a Rua Tamandaré não possui acessos direto ao lote, muito embora esta via possui uma melhor
infraestrutura e uma fachada com arborização maior, sendo pouco castigada pelos raios solares,
além de ter um fluxo de automóveis menor que a via Dom Pedro II.

O lote possui uma única edificação localizada no cruzamento da Rua Tamandaré e Rua
Dom Pedro II não prejudicando, contudo, o desenvolvimento da proposta de projeto no terreno,
pois as grandes dimensões da área possibilitam a alocação de quantidades consideráveis de
pessoas para se estabelecerem ali.

Outra condicionante fundamental a ser considerada no entorno, são as dinâmicas de


insolação e ventilação do local, pois por ser uma área urbanizada e com um antigo histórico de
consolidação urbana, as temperaturas tendem a ser elevadas devido a superfície
impermeabilizada pelo asfalto. Contudo a presença de massas verdes na fachada da Rua
Tamandaré ameniza o desconforto provocado pelos raios solares como indicado na Figura 27.
40

Figura 27-Massa arbórea na fachada do lote

Fonte: Autor (2023)

A fachada norte do lote recebe a insolação durante todo o período diurno, entretanto a
incidência é indireta e não gera desconforto o tempo inteiro, sendo possível de se aproveitar a
luz solar durante o período da manhã, por exemplo.

Conforme aponta a Figura 28, o sol nascente e poente irradia os dois maiores lados do
lote que devido a presença dos espaços verdes naquele local diminui a percepção de desconforto
em dias de altas temperaturas na cidade.

A influência de ventilação na região é promovida principalmente pelos ventos mais


frequentes provenientes da orientação nordeste, apesar da ventilação leste também ocorrer de
forma frequentes, sobretudo, durante o dia (MME, 2016).

Figura 28- Análise das condicionantes climáticas do lote


Fonte: Adaptado pelo autor (2023)
41

Dessa forma, é possível também notar que o vento que corre no terreno é
potencializado não só pelas massas verdes presentes no entorno, mas é também influenciado
pela proximidade com o Rio Tocantins e outros corpos hídricos da área, recebendo através do
ar uma brisa úmida fundamental em dias mais secos.

Consoante a isso, as elevações do terreno apresentado na Figura 29 exemplifica um


sítio com um perfil predominantemente plano com uma diferença topográfica pouco acentuada
no interior do lote. A diferença entre o plano mais baixo e o mais alto são de até quatro metros,
sendo a parte em declive o setor oeste do local e a parte mais elevando o lado leste, que por sua
vez, é mais distante de corpos hídricos e mais próximo da área urbana consolidada.

Figura 29- Elevação topográfica do terreno


Fonte: Adaptado pelo autor (2023)

O espaço urbano ao redor do terreno abrange o Bairro da Caema e parte do centro de


Imperatriz, no mapa de cheios e vazios indicado na Figura 30 fica evidente a diferença de
adensamento urbano entre esses dois lugares da cidade, visto que quanto maior a aproximação
do centro mais denso, contudo quanto mais próximo do Bairro da Caema o número de
edificações diminui e o de espaços vazios ou sem uso algum é maior.
42

Figura 30- Mapa de cheios e vazios do entorno


Fonte: Adaptado pelo autor (2023)

Sendo assim, a proximidade do lote do projeto arquitetônico e o centro comercial é


relevante, pois de acordo com Acioly (1998) e Davidson (1998) a densificação de áreas centrais
é algo positivo, pois a densidade seria um referencial para avaliar a distribuição de infraestrutura
para a cidade, beneficiando sobretudo a população mais carente desde que elas habitem esses
espaços.

Em relação aos aspectos legais, o urbanismo da cidade é regido por algumas normas
municipais como o Plano de Diretor do Município, Lei Orgânica Municipal, o Código de Obras,
a Lei de Zoneamento, Parcelamento Uso e Ocupação do Solo de Imperatriz, além de leis
ambientais como a Política Municipal de Meio Ambiente promulgada pela Lei Ordinária n°
1423/11 e a Lei Ordinária n° 1424/11 que trata do licenciamento ambiental no Município.

A norma que trata do Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo urbano da


cidade de Imperatriz, se estipula critérios quantitativos para afastamentos, áreas permeáveis,
tamanhos de lotes, gabaritos máximos, área máximas e mínimas edificadas dentre outros índices
urbanísticos de acordo com cada área zoneada pela legislação.

Segundo a Lei Complementar Municipal n° 003/2004 que institui o uso e ocupação do


solo, o terreno de projeto está situado na Zona Residencial Bacuri 1 (ZRB1), próximo aos
limites da Zona Central (ZC), Zona Central Beira Rio (ZCBR) Zona de Proteção Ambiental
43

Norte Tocantins (ZPANT) e Zona de Proteção Ambiental Riacho Bacuri (ZPARB), Além da
Zona Hidro Portuária (ZHP), conforme mostra a Figura 31.

Figura 31- Zoneamento urbano da cidade de Imperatriz


Fonte: Adaptado pelo autor (2023)

A Zona Residencial Bacuri 1 permite construções de até seis pavimentos tendo como
afastamento frontal mínimo dois metros de comprimento e uma área livre de no mínimo trinta
por cento (30%) do tamanho do lote, além de outros índices urbanísticos que será necessário
cumprir conforme a Tabela 2 aponta.

Tabela 2- Índices urbanísticos da Zona Bacuri 1


Área Testada ATME ALML Afastamento Gabarito
Mínima do Mínima Frontal Máximo
lote

420 m 5m 180 % 30 % 2,0 m 06 Pav.

Fonte: Lei de zoneamento de Imperatriz, adaptado pelo autor (2023)

Muito embora haja um histórico de descumprimento de parâmetros urbanísticos


estipulado por lei na cidade, como se observa nas ocupações irregulares de residências em zonas
de proteção ambiental e no leito maior de córregos próximos ao terreno (Figura 32), a
destinação de lixo e esgoto doméstico nos córregos de Imperatriz agravam ainda mais os
problemas das enchentes, afetando diretamente a saúde da população e outras áreas dos serviços
públicos, como uma possível saturação do sistema público de saúde.
44

Figura 32- Edificações irregulares na APP do Riacho Bacuri


Fonte- Google Earth (2022)

Além disso, ainda conforme lei de zoneamento, a área em estudo se encontra na via
Dom Pedro II, que de acordo com a hierarquização de ruas do Município, é um corredor
primário (CP1) e está sujeita a parâmetros urbanísticos específicos conforme indicado na Tabela
3.

Tabela 3- Índices urbanísticos de zonas especificas

N° Identidade Área
Sigla Faixa mínima Testada ATME ALME Afastamento Gabarito
não do lote Mínima frontal
edificada

1. Corredor CP 1 13 m para 125 m² 5m 280% 50% 04 m 20 pav


Primário 1 cada
lado, a
partir do
eixo da
via

Fonte: Uso e Ocupação do Solo de Imperatriz adaptado pelo autor


45

Consequentemente, destaca-se alguns parâmetros urbanísticos diferentes da zona ZRB1


como: a área livre do lote que no mínimo terá que ter 50% do terreno, o gabarito do local que
poderá ser aproveitado em até 20 pavimentos, um afastamento frontal de no mínimo quatro
metros e uma faixa de área não edificada de treze metros, cotando a partir do eixo viário. Dado
que a Rua Dom Pedro II é classificada como um corredor primário estando sujeita a duas
legislações, fica a critério de escolha qual norma cumprirá melhor com o projeto proposto,
podendo assim optar-se por uma das duas normas.

. Desse modo, no caso do presente estudo optou-se pela legislação da Zona Residencial
Bacuri 1, visto que não está previsto no projeto a necessidade de verticalizações acima de seis
pavimentos, além das áreas permeáveis precisar ser menores que o proposto no corredor
primário, dado o programa de necessidades das habitações e dos blocos habitacionais assim
demandar.

As normas ambientais também são cruciais para o desenvolvimento do projeto, de


acordo com a Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012 que trata do novo Código Florestal que
dispõe sobre a manutenção de vegetações nativas de um território, estipula que as Áreas de
Preservação Permanentes (APP) devem ser dimensionadas mediante a largura da borda da calha
do leito de um corpo hídrico conforme indicado na Figura 33.

Concomitante a isso, a Lei Complementar 001/2018 que trata do Plano Diretor de


Imperatriz já estipula a largura do Rio como sendo mais de seiscentos metros, que por sua vez,
requer uma faixa de proteção ambiental de no mínimo 500 (quinhentos) metros da borda do Rio
Tocantins conforme indica a Figura 33.

Figura 33- APP dimensionada de acordo com a largura do leito


Fonte: Cartilha do Código Florestal Brasileiro
46

Figura 34- APP´s próximo ao lote em Imperatriz instituído pelo Plano Diretor

Fonte: Autoral (2023)

As legislações de caráter ambiental são imprescindíveis para viabilizar um melhor


convívio urbano entre a natureza e as funções humanas, regulamentando e restringindo algumas
atividades ou permitindo outras, sendo fundamental atentar para as regulamentações ambientais
dado seu poder de conduzir decisões de projetos (VIEIRA, 2014). Além do mais, a Constituição
Federal (BRASIL,1988) estipula que o meio ambiente deve ser um direito fundamental para
todos os brasileiros sendo essencial a qualidade de vida.

Dessa forma, embora próximo da Área de Proteção Permanente do Rio Tocantins e


do Riacho Bacuri, o terreno escolhido não avança seus limites em direção a essas zonas
teoricamente protegidas por lei, visto que essas regiões em Imperatriz foram amplamente
ocupadas e antropizadas, consolidando empreendimento como construções de fábricas,
residências e até mesmo logradouros públicos.

4.0 ESTUDO DE SUCETIBILIDADE Á INUNDAÇÃO

Os sistemas de drenagem urbanas tem sofrido com as ocupações desordenadas, isso


tem ocasionado diversos problemas a drenagem das cidades que são gerenciadas por gestores
públicos que acabam não priorizando o tema e escoando os investimentos para outras áreas que
julgam ser de maior interesse. O desenvolvimento de instrumentos como os mapas de riscos de
inundações são cruciais para uma melhor comunicação afim de auxiliar a população afetada,
além de serem fundamentais no planejamento urbano e na melhor gestão dos recursos hídricos
(CAPRARIO, 2017).
47

Dado a urbanização desenfreada e o mau planejamento das cidades, a ocorrência de


desastres naturais passam a ser regulares e influenciado pela mudança das condições de uso do
solo que passam a receber impermeabilizações, perda da vegetação original, construções de
ruas, avenidas e decisões equivocadas dos gestores públicos como o tradicional desvio de cursos
de rios e canalizações de riachos. Essas alterações influenciam diretamente no ciclo hidrológico
local gerando uma piora na qualidade de vida das pessoas (CAPRARIO, 2017).

Nesse contexto, a área urbana de Imperatriz que nasceu e se desenvolveu as margens


do rio Tocantins recebeu suas primeiras edificações informais e indícios claros de interferências
humanas em zonas irregulares, pois na época de sua fundação não haviam legislações para
impossibilitar essa prática que ao longo do tempo somente se consolidou (BARROS, 1996).
Consequentemente o referido problema se tornou um grande impasse na cidade, visto que
milhares de pessoas no Bairro da Caema são afetadas pelos ciclos de cheias do rio que, apesar
de serem frequentes, sempre surpreendem a comunidade com perdas de seus bens materiais
(NABHAN, 2016).

Um dos fatores que viabilizam as enchentes na cidade é o fato de o setor urbano ser
próximo ao rio Tocantins, além do grande número de riachos que cortam a cidade. Dessa forma,
considerando que o lote do projeto se localiza próximo a alguns recursos hídricos do município,
se faz necessário o uso do estudo de viabilidade de inundação com o intuito de identificar as
áreas suscetíveis a ocorrência de inundações.

Uma breve previsão de manchas d´água naquela região e viabiliza tomadas de


decisões na elaboração do projeto de habitação social proposto. Dessa forma, foi elaborado um
mapa de viabilidade de inundações nas margens do Rio Tocantins se utilizando das ferramentas
de Sistema de Informações Geográficas (SIG) conforme é possível visualizar na Figura 35.

Figura 35- Área suscetível a inundação na cidade de Imperatriz

Fonte: Geo SGB (2012)


48

A área preenchida em vermelho indica uma zona de forte tendência a inundações


provocadas pelo transbordamento do rio e riachos próximos. Nota-se que boa parte dessa
planície de inundação coincide com a APP que proíbe alterações antrópicas, o que
evidentemente foi desrespeitado no município, pois há áreas edificadas no local que provocou
alteração do solo original inclusive com perdas de mata ciliar.

Além disso, de acordo com o site Serviço Geológico do Brasil, a área suscetível a
inundação em Imperatriz abrange mais de mil residências e afeta diretamente quase quatro mil
pessoas que construíram suas moradias inseridas na área propicia a enchentes, protegidas por
lei ambiental e, portanto, é encarada pelo poder público como de caráter irregular e área de
risco.

Apesar de todo transtorno anual de habitar em loteamentos propícios a inundações, a


maior parte dos moradores são relutantes com a ideia de deixarem suas residências na esperança
de que algum dia essas áreas sejam regularizadas e conte com uma melhor infraestrutura urbana
para a comunidade do bairro.

Paralelo a isso, um outro estudo de inundação foi desenvolvido com o intuído de se


estabelecer as manchas d´água na região estudada se baseando em dados topográficos e nas
rotas de drenagens do município, além de outros critérios. Sendo então possível estabelecer
uma escala de possibilidades de enchentes na área conforme as manchas sinalizadas na Figura
36.

Figura 36- Mapa de possibilidade de enchentes em Imperatriz


Fonte: Hand Model adaptado pelo autor (2023)
49

Em síntese, pode-se observar que a cota de inundação que se encontra o terreno é


classificada como de baixa probabilidade de enchentes, pois o terreno se localiza em uma região
de topografia mais alta.

Os pontos mais próximos do lote foram classificados como de média possibilidade de


inundação e algumas áreas do entorno passou a ser classificadas como de alta probabilidade,
principalmente as regiões próximas ao Rio e encostas do Riacho Bacuri, como também lotes
com cotas topográficas baixas.

4.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES

A partir dessas análises, iniciou-se o estudo preliminar do projeto com o objetivo de


desenvolver o modelo de HIS para a cidade. Baseado nisso, os estudos possibilitaram o
desenvolvimento de um programa de necessidades e um pré-dimensionamento padrão vigente
na maior parte do país, pois conforme atesta Villa et. al (2012) cerca de 95% das unidades
habitacionais são compostas de famílias nucleares tendo na sua composição de três a quatro
pessoas por residência. Dessa forma, o módulo residencial proposto busca atender o
dimensionamento das necessidades de uma família nuclear composta de até quatro (4)
membros.

Baseado no estudo de pós-ocupação de um conjunto habitacional de baixa renda em


Uberlândia, Villa et. al (2012) constatou que a maior parte dos moradores desse conjunto sentia-
se satisfeitos com o modelo de planta proposto pela construtora, modelo este conhecido como
tripartido evidenciado pela sua divisão em três setores principais: setor social, íntimo e de
serviços conforme mostra o esquema da Figura 37. Essa configuração residencial recebeu a
aprovação de 89% dos moradores incluindo 16% que classificaram esse padrão como ótimo.

SOCIAL

ÍNTIMO SERVIÇO

Figura 37- Esquema de setorização tripartido


Fonte: Autoral (2023)
50

Tendo como referências esses estudos, foi possível elaborar um programa de


necessidades que atenda uma família nuclear média. Estabelecendo a elaboração de cômodos
básicos como: sala de estar, sala de jantar, cozinha, banheiro e dormitórios. Também está
previsto espaços voltados para o ambiente externo e complementares como é o caso das
varandas para proporcionar uma certa permeabilidade visual.

Para melhor quantificar o número de famílias afetadas pelas enchentes no bairro da


Caema e que, portanto, necessitam de habitações mais dignas, a Tabela 4 traz os dados de
famílias cadastradas em áreas de riscos utilizando números disponibilizados pela defesa civil
levantados no ano de 2014 que foi o último ano em que esses dados passaram a ser dividido por
bairros

Tabela 4- Quantidade de famílias cadastradas em áreas de risco

BAIRRO RUA QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE


FAMILIAS PESSOAS
Caema Nova 02 31 130
Caema Tupinambá 13 53
Caema Flamengo 06 25
Caema Antônio de morais 22 80
Caema Castelo branco 49 182
Caema Rua do campo 03 11
Fonte: Relatório anual da defesa civil do Município de Imperatriz (2013)

Levando em consideração os dados apresentados pela defesa civil, é possível estimar


um quantitativo de pessoas que devem sair das áreas de riscos e se estabelecerem no conjunto
habitacional que foi proposto a elas na presente pesquisa. Sendo um total de 124 (cento e vinte
e quatro) famílias ou 481 (quatrocentos e oitenta e uma) pessoas que habitam em áreas de risco
no Bairro da Caema e que serão deslocadas para o conjunto habitacional.

Na setorização do terreno é possível observar na Figura 38 que foi proposta uma área
de lazer que atuará como um cinturão verde que coincidirá com a área mais baixa do terreno,
auxiliando na penetrabilidade do solo e computando como uma área não construída do lote.
Além disso, há a previsão de inserção de três blocos habitacionais implantados de forma que
ofereçam espaços de circulação entre eles e dentro deles, visto que a estratégia dos pilotis
51

viabiliza uma maior permeabilidade urbana e visual na região. O local contará também com
uma área majoritariamente impermeável que servirá de caminhos aos pedestres.

Figura 38- Setorização do terreno


Fonte: Autoral (2023)

Na Figura 39 é possível visualizar o programa de necessidades da unidade


habitacional, estabelecendo quais os ambientes indispensáveis para um lar, bem como suas
dimensões mínimas para atender as demandas cotidiana dos usuários do espaço.

Utilizou-se como referência a Lei nº 197/1978 que institui o código de obras da cidade
para estipular as dimensões mínimas de alguns cômodos como, por exemplo, o fato de uma sala
de estar ter que permitir a inscrição de um círculo de dois e oitenta metros de diâmetro ou quais
os cômodos que seriam indispensáveis na casa para, por lei, ser considerado uma residência no
Município.

Desse modo, utilizou-se também da técnica do fluxograma para estabelecer e melhor


visualizar as ligações entre os ambientes da unidade residencial e definir quais seriam as
melhores interligação entre eles, estudando os possíveis fluxos da edificação com o propósito
de otimizar os espaços como mostra a Figura 40.
52

Figura 39- Programa de necessidades da unidade habitacional


Fonte: Autoral (2023)

Dessa forma, configura-se espacialmente os ambientes para facilitar uma composição


funcional e atender satisfatoriamente os usuários que lá passarão a residir. A unidade contará
com uma área útil de 60,30 m² e área construída de 65,37 m² que será distribuída em um layout
de até nove ambientes.
53

Figura 40- Fluxograma da edificação


Fonte: Autoral (2023)

Como é possível visualizar acima, o estudo de fluxo da edificação está dividido por
cores, na qual a cor laranja representa ambientes mais sociáveis, onde a função principal será o
convívio entre seus moradores, sendo primordial promover um espaço confortável e
aconchegante para esse fim. Já a cor azul no organograma representa os ambientes mais íntimos
onde atividades de caráter privado podem acontecer, como é o caso dos dois quartos presente
na unidade e da varanda que nesse projeto atua como um prolongamento do quarto de casal.
Por fim, a cor marrom indica o setor de serviços onde atividade como lavar, guardar, passar e
preparar alimentos ocorrerão, nesse caso, será representado somente pela cozinha e a área da
lavanderia, sendo primordial que esses ambientes sejam seguros para evitar acidentes e
funcional para otimizar suas funções.

5. PROJETO ARQUITETÔNICO

5.1 Conceito e partido

A elaboração do projeto arquitetônico dessa pesquisa teve como diretriz a definição


do conceito e partido que deu origem a Habitação de Interesse Social. Dessa forma, o projeto
estabeleceu como conceito da obra os seguintes itens: convívio social, senso de pertencimento,
valorização dos espaços públicos, permeabilidade visual e urbana
54

Paralelo a isso, afim de concretizar a viabilidade do conceito no conjunto da obra,


houve a elaboração do partido da habitação social que pode ser definido pelos seguintes
elementos: Criação de unidades de convívio espalhados nas áreas livres, uso de passarelas de
concreto protendido integrando os três blocos habitacionais, utilização da estratégia de pilotis
para gerar permeabilidade, dispor de elementos vazados na fachada dos blocos habitacionais.

5.2 Memorial Justificativo

Figura 41- Vista perspectivada do edifício


Fonte: Autoral (2023)
O projeto arquitetônico em questão trata-se de uma Habitação de Interesse Social com
foco em atender as pessoas que habitam atualmente em áreas de riscos de enchentes nas
margens do Rio Tocantins no Bairro da Caema na cidade de Imperatriz. A proposta
arquitetônica contempla três blocos de edifícios implantados no sitio com 144 (cento e quarenta
e quatro) habitações, capaz de abrigar até 576 (quinhentos e setenta e seis) pessoas considerando
uma família nuclear de até quatro membros por habitação.

O conjunto habitacional recebe o nome de Tamandaré, valendo-se da identificação do


entorno que possui a rua Tamandaré como uma das vias onde o terreno se localiza. Além do
que, o nome também faz referência a mitologia do grupo indígena tupi onde o termo Tamandaré
remete a lenda de uma personagem que repovoou sua tribo após uma violenta tempestade
provocada por intermédio dos deuses.

O projeto possui características capazes de oferecer soluções viáveis de moradias


dignas aos desabrigados vítimas de inundações no município, visto que essas famílias saíram
55

de áreas irregulares e, portanto, improprias para se estabelecerem permanentemente, uma vez


que as desigualdades socioespaciais impeliram essas pessoas a morarem em zonas não visadas
pelo mercado imobiliário (MARICATO, 2000).

Algumas dessas características projetuais foram a adoção do concreto armado aparente


como o sistema construtivo principal da obra, dando a estrutura formal dos edifícios uma
referência clara a arquitetura brutalista brasileira ainda que com elementos de
contemporaneidade, evidenciado através da utilização de cores nas fachadas principais. O uso
de uma paleta cromática nos edifícios se justifica pela intenção de trazer um sentimento de
aconchego e pertencimento para seus inquilinos, rompendo com o caráter frio e impessoal do
concreto aparente.

É possível também citar a utilização de imensas áreas permeáveis do lote que foram
preservadas na cota mais baixa da topografia do terreno com o intuito de facilitar a drenagem
das águas pluviais nos períodos de chuvas na cidade, possibilitando que a água possa infiltrar
no solo naturalmente abastecendo os lenções freáticos da região e evitando acúmulos de água
por impermeabilização.

Esse espaço também será proibido de receber qualquer intervenção humana, exceto o
plantio e manutenção da vegetação que passará a existir no local, visto que o intuito é proteger
as áreas de proteção ambiental que existe próximo dessa parte do terreno, atuando como um
‘’cinturão verde’’ que limita as atividades humanas no local, preservando o ambiente, criando
um microclima mais agradável e evitando inconvenientes com a lei do município.

Outra estratégia arquitetônica utilizada no projeto foi o uso de elementos vazados nos
blocos habitacionais. Os tijolos maciços atuaram como a vedação da escada dos edifícios, os
mesmos foram assentados de modo que formassem cobogós em todo entorno da circulação Comentado [ga1]:

vertical. Essa estratégia viabilizou o aproveitamento da luz natural na escada que dá acesso as
habitações sem permitir que os raios solares adentrassem de maneira violenta, permitido uma
iluminação mais indireta. Também é possível notar o ganho com permeabilidade visual se
comparado a tradicional abertura de simples janelas na parede do patamar das escadas.

Além do mais, a otimização da ventilação natural tornou-se possível por penetrar por
entre os vazios deixado pelo assentamento dos tijolos que por sua vez, traz identidade e
personalidade aos edifícios.
56

5.3 IMPLANTAÇÃO

A implantação do conjunto habitacional Tamandaré no terreno foi definida em um


formato de ‘’v’’ tendo dois edifícios locados paralelos um ao outro e um terceiro prédio
habitacional situado logo abaixo dos outros dois. Esse modelo de posicionamento dos prédios
ocorreu devido a conformação física do lote que possui formato irregular, uma vez que seus
lados não são paralelos, sendo que a dimensão frontal do lote é mais larga que a dimensão da
largura no final do terreno viabilizando a implantação dos dois edifícios paralelos entre si no
início do lote e somente um bloco na parte mais estreita do terreno sem, contudo, desrespeitar
as normas que estipula os afastamentos laterais e frontais do projeto.

As Ruas Dom Pedro II e Tamandaré são vias de sentido único, sendo a primeira uma
via classificada pelo Plano Diretor municipal como primária, atuando como um dos principais
logradouros de acesso da cidade junto com outras vinte e duas ruas, dado a importância de seus
pontos de conexão com a malha urbana da cidade (IMPERATRIZ, 2003). Dessa forma, a Rua
Dom Pedro II possui um maior fluxo de veículos motorizados e em velocidades relativamente
alta o que permitiu com que a escolha da entrada principal passasse a ocorrer na Rua
Tamandaré, menos movimentada e mais arborizada e com uma infraestrutura viária muito
similar ao da Rua Dom Pedro II, garantindo um acesso mais seguro ao conjunto habitacional,
além de interferir minimamente na dinâmica da rua mais movimentada.

Valendo-se do conceito de interações sociais entre os inquilinos do conjunto


Tamandaré, a proposta de compor diversos espaços de convivência ao ar livre (FIGURA 42) se
fez presente no projeto arquitetônico. Esses espaços são compostos por elementos simples como
algumas mesas e bancos modeladas em concreto rodeado por espaços arborizados e sombreados
onde será possível exercer atividades de lazer cotidianas entre a comunidade do conjunto
habitacional.
57

Figura 42- Vista do espaço de convivência

Fonte: Autoral (2023)


Um espaço de convivência maior foi proposto logo atrás do último edifício (FIGURA
43), esse local cumpri um papel de uma praça pública para os moradores que foi dimensionado
para propor lazer para um número maior de pessoas. Esse local, conta com canteiros para
abrigar áreas verdes circundantes que são contornadas por uma estrutura que também permite
ser bancos para os usuários com o intuito de proporcionar um ambiente agradável e estimulante
para interações e atividades de perfil mais lúdicas, como é possível notar através da instalação
de uma quadra poliesportiva e de um parque infantil para crianças da primeira infância no local.

Figura 43- Vista da praça de convivência


Fonte: Autoral (2023)
58

Outra importante estratégia utilizada no projeto final, são as passarelas compostas por concreto
protendido que tem como função principal interligar os três edifícios habitacionais entre si,
proporcionando uma unidade construtiva e viabilizando o livre trânsito dos moradores de
diferentes locais do conjunto no interior de cada bloco habitacional. Essa integração dos
edifícios tem como vantagem o estimulo ao convívio e as interações sociais entre os moradores,
primordial para amadurecer o senso de comunidade e fortalecendo o senso de pertencimento
entre os inquilinos, fundamental para a experiência do morar bem.

Complementar a isso, com o objetivo de estabelecer no espaço uma maior


permeabilidade visual e urbana entre os moradores do conjunto habitacional, a estratégia dos
pilotis foi vista como a mais indicada para alcançar esse conceito. Os edifícios se materializam
como um volume de quatro andares suspenso para deixar o térreo completamente livre,
acrescido do fato que as áreas livres do conjunto possuem diversos núcleos de convivência com
o intuito de valorizar os espaços públicos que, aliado aos pilotis, possibilitaria uma melhor
fluidez de pessoas nos espaços abertos do Conjunto Tamandaré.

Esse elemento projetual auxilia no fator preponderante em deixar o ambiente com


maior vitalidade e satisfazendo as pessoas em suas necessidades de espaços com qualidade
urbana e social satisfatória. Além do mais, a livre circulação de pessoas por entre os blocos
habitacionais no térreo não limita a visão dos usuários do ambiente que logo que adentram o
conjunto, conseguem ter uma leitura resumida dos elementos que se encontram no local desde
de o início até o final do terreno.

Sendo assim, a implantação da obra buscou-se sempre se aliar com os parâmetros


urbanísticos exigidos pela cidade não só pela viabilidade de execução do projeto, mas por
entender que as normas devem ser respeitadas para a melhor experiência dos usuários do espaço
promovendo saúde e bem estar aos mesmos, dado a preocupação das leis urbanísticas com os
afastamentos, aproveitamento da luz natural e de espaços verdes. Sendo possível então, concluir
com um breve comparativo demonstrado na Tabela 6 dos parâmetros exigidos ou recomendados
por lei e do que foi definido no projeto final.

Tabela 5- Quadro de áreas do projeto final


QUADRO DE ÁREAS
ÁREA MIN. EXIGIDA (m²) ÁREA PROJETADA (m²)
ÁREA DO LOTE 18.740,00 18.740,00
59

ÁREA 33.732,00 (180%) 7.876,20 (90%)


CONSTRUÍDA

ÁREA 5.622,00 (30%) 6.946,43 (37%)


PERMEÁVEL

ÁREA SEM PARÂMETROS 11.349,94 (60,5%)


IMPERMEÁVEL

Fonte: Autoral (2023)

5.4 PLANTA BAIXA

A planta do módulo habitacional conta com uma área de 65,37 m ² (sessenta e cinco
metros quadrados) e de acordo com o programa de necessidades possui dois quartos capazes de
acomodar até duas pessoas, sala de estar e jantar, cozinha, área de serviço, banheiro e uma
pequena varanda (FIGURA 44). O acesso de cada moradia é feito pela sala de jantar que
também é integrada a cozinha, sendo delimitada somente pela própria mesa de refeições e
também por um shaft para abastecimento de água e coleta de gordura e esgoto das atividades
da cozinha.

Figura 44-Planta baixa de um módulo habitacional


Fonte: Autoral (2023)
Essa integração do espaço possibilitou a adoção da ventilação cruzada como um meio
de conseguir conforto térmico de maneira passiva para o ambiente, visto que na cozinha há a
presença de uma abertura basculante que viabiliza e entrada de ar que percorre o caminho até
sala de jantar saindo o ar quente pela janela alta que ali se encontra em um fluxo ascendente
através da estratégia bioclimática conhecida como efeito chaminé.
60

A sala de estar (FIGURA 45) possui um cobogó, elemento que tem como função
delimitar e separar o espaço da sala de jantar. Este último, por sua vez, conta com outras funções
além da convencional como: um ambiente não só para refeições coletivas, mas também para
estudar, ler e/ou conversar conforme o programa de necessidades estipulou.

Figura 45- Vista da sala de estar


Fonte: Autoral (2023)
A sala de jantar (FIGURA 46) é integrada a cozinha, facilitando o fluxo de atividades
característico desses dois ambientes. Além disso, essa integração entre sala de estar, jantar e
cozinha se mostrou fundamental, pois o número de paredes estruturais é diminuído na
edificação, proporcionando uma planta mais livre e com mais chances de ser melhor adaptada
as necessidades de cada família.

Figura 46- Vista da sala de jantar


Fonte: Autoral (2023)
61

Os dois quartos previstos na planta têm tamanhos iguais de nove metros quadrados
(9,00 m²), pois cada um deles foram projetados pensando na viabilidade de até duas pessoas
utilizarem o mesmo cômodo, sendo um dormitório para casal e um para solteiro. Os dois quartos
possuem aberturas para entrada de iluminação e ventilação natural, sendo que o quarto de
solteiro possui uma janela em báscula voltada para o exterior do edifício semelhante a janela
da cozinha, enquanto o quarto de casal possui uma porta de correr que dá acesso a varanda da
casa.

As áreas molhadas foram alocadas próxima uma das outras para compartilharem um
único eixo hidráulico entre a áreas de serviço e o banheiro, este conta também com um shaft
para abastecimento e coleta de esgoto do sanitário e da lavanderia. Todo esse processo é
fundamental não só para funcionalidade, mas para otimizar os custos da obra.

Como se trata de uma HIS, foram pensados prioritariamente em sistemas com baixo
custo de manutenção, bem como poucos a presença de poucos acabamentos na habitação que
se justifica pelo orçamento limitado que normalmente acompanha os programas de HIS. As
áreas molhadas da casa, contudo, receberam revestimentos para proteger a edificação da
umidade desses espaços. O plano dos pisos foi feito de cimento queimado, dado sua
durabilidade e seu custo benefício, sendo bem resistente a abrasão.

5.3 COBERTURA

A cobertura dos prédios possui lajes de concreto como o principal elemento que
compõe o plano superior de todo o edifício, contudo a cobertura conta ainda com uma segunda
camada para evitar a exposição excessiva da laje as intempéries. Dessa forma, pensou-se nas
telhas de fibrocimento que se apoiam sobre a laje do edifício para fazer o fechamento final,
protegendo a laje do prédio contra infiltrações e exposições as intempéries, o que poderia causar
fissuras e rachaduras na cobertura, provocando infiltrações no teto e gerando transtornos aos
moradores em períodos de chuvas, sobretudo aos inquilinos moradores do último pavimento.

A laje de todo o edifício tem inclinação de 2%, suficiente para um bom escoamento
liquido. A maior parte dessa estrutura será coberta com telhados de fibrocimento, exceto no
plano superior do volume da caixa de escada onde se localiza a caixa d’água para abastecimento
do edifício. As telhas de fibrocimento serão encachadas tendo a laje como base e uma inclinação
de 10% para viabilizar um bom escoamento da água da chuva para as calhas da cobertura, a
mesma contará com um telhado de somente uma água afim de otimizar os custos dessa etapa.
62

Além disso, também foi proposto na cobertura a elaboração de brise-soleil sobre o


prolongamento horizontal do prédio com o intuito de proteger as aberturas dos apartamentos e
as varandas, já que há poucos mecanismos que possam permitir um maior ou menor controle
da entrada solar nas moradias, sendo essa estratégia fundamental para um maior conforto dos
moradores.

5.4 FACHADAS

Fachada frontal

Figura 47- Vista da fachada frontal


Fonte: Autoral (2023)

Na fachada frontal, o projeto se utilizou de esquadrias basculantes para um melhor


controle da ventilação e iluminação natural do edifício se valendo da inspiração do modelo
habitacional de Alejandro Aravena na quinta Monroy já citado nessa pesquisa. cada uma das
esquadrias possui dimensões de 1.2 x 2.80 preenchendo o plano vertical do apartamento do piso
ao teto, abrangendo todo o pé direito. Essas aberturas foram desenhadas para estarem em um
jogo de par em par uma ao lado da outra para gerar um plano envidraçado mais continuo, exceto
nas extremidades esquerda e direita da fachada.

Ao lado das janelas em báscula, há o volume das varandas constituído pelo


prolongamento da laje do edifício que tem seu espaço acessado por uma porta de correr de duas
folhas. Nessa fachada, também é possível visualizar os guarda corpos em cada varanda. As
cores utilizadas na fachada principal são três: as paredes da varanda receberam pigmentos
vibrantes com o intuito de proporcionar um ambiente mais alegre e vibrante, as cores azul
petróleo, composto por um tom entre o azul e o violeta fizeram a composição de parte dessa
63

vista, enquanto que um tom terra cota complementou a pintura do prédio intercalando essas
duas cores entre si para proporcionar uma sensação de movimento e ritmo na fachada frontal
que é complementado pelo tom verde que colori os guarda corpo da edificação. Esse mesmo
modelo repete-se na fachada posterior do edifício.

Por fim, na vista frontal do prédio, é possível ver um dos lados da caixa de escada que
tem seu fechamento com blocos de tijolo maciço assentados de maneira a gerar elementos
vazados para proporcionar iluminação e ventilação passiva em toda a escada que dar acesso aos
apartamentos, proporcionando eficiência térmica e energética ao conjunto habitacional. Todas
essas estratégias trás personalidade ao conjunto Tamandaré e auxilia na sensação de
pertencimento, que é o sentimento de pertencer a algum lugar ou alguma comunidade,
sentimento esse já presente há muito na comunidade do Bairro, dado as dificuldades que essas
famílias tinham nas temporadas de chuvas com perdas de suas moradias e pertences, sendo
incentivadas a auxiliarem uma as outras.

Fachada lateral direita

Figura 48-Vista lateral direita


Fonte: Autoral (2023)

Na fachada lateral direita, é possível visualizar com nitidez a divisão do prédio em dois
eixos simétricos, divididos por um corredor central que dá acesso aos apartamentos de cada
pavimento, a projeção dos volumes em balanço do prédio é percebido nas extremidades
juntamente com as robustas colunas em pilotis que dá sustentação ao prédio. A simplicidade do
64

prédio é complementada pela escolha dos materiais aparentes, como é caso do concreto e dos
elementos vazados em tijolo maciço presentes nessa fachada.

Fachada lateral esquerda

Figura 49- Vista lateral esquerda


Fonte: Autoral (2023)

A exemplo da fachada direita o padrão simétrico em dois eixos iguais se repete também
aqui, com algumas diferenças notáveis como a vista da entrada da caixa de escada que ocorre
abaixo da laje do pavimento térreo e as lajes do corredor de circulação horizontal que se
prolonga para fora dos edifícios para formar as passarelas que se ligarão a outros blocos
habitacionais.

É possível também ver os degraus da escada em todos os andares do prédio


possibilitando o acesso dos moradores aos corredores. A falta de ornamentos e outros elementos
dispensáveis como acabamentos mais elaborados tanto na fachada esquerda quanto na direita,
foi uma estratégia adotada, afim de se obter um menor custo financeiro na execução da obra e
proporcionar um aspecto brutalista a arquitetura do edifício.
65

Fachada posterior

Figura 50-Vista da Fachada posterior


Fonte: Autoral (2023)

A fachada posterior possui as mesas estratégias projetuais da fachada principal, tendo sua
estrutura formal exatamente iguais, já que ambas são espelhadas, evidenciado pela as cores
vibrantes e intercaladas compondo o cenário da vista, além das esquadrias basculantes e os
pilotis, complementando o panorama do observador.

5.5 SISTEMA CONSTRUTIVO

Os edifícios do conjunto habitacional Tamandaré contam com um sistema construtivo


misto, em que o método principal é o concreto aparente autoadensável que compõem todas as
paredes e lajes dos blocos habitacionais. Esse método de concreto moldado em loco e
autoadensável foi adotado pelo sua alta capacidade de fluir e auto adensar-se pelo seu próprio
peso, preenchendo os espaços da fôrma de maneira homogênea e uniforme permanecendo coeso
durante todo o processo de transporte e lançamento, dispensando o uso de vibradores para
adensar o concreto (NBR 15823/2017).

Da mesma forma, como parte do processo de concretagem, foi considerado a cura do


concreto que nessa obra ocorreu até atingir a resistência característica a compressão de 15 mpa
conforme prever a ABNT NBR 12655. Atingindo a cura térmica em algumas horas dado as
altas temperaturas médias da cidade, viabilizando uma obra relativamente mais ágil, dado a
escolha do método construtivo citado.

O segundo modelo presente na obra que compõe o método construtivo misto trata-se
do tijolo maciço que fez o fechamento de toda caixa de escada dos três edifícios. Esse método
66

é vantajoso pelo seu menor tempo de assentamento e menor consumo de argamassas, além de
ter um melhor acabamento e aspecto uniforme, proporcionando um melhor apelo estético aos
edifícios.

Ademais, o uso de pigmentos especiais com as cores da superfície do concreto se fez


necessário com o intuito de trazer mais uniformidade as tonalidades do concreto utilizado na
obra, visto que o projeto prever a adoção do concreto aparente, sendo fundamental a adoção
dessa estratégia para evitar diferenças marcantes de tonalidades na superfície do concreto
utilizado.

5.6 ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Sobre as especificações dos materiais, o projeto arquitetônico do conjunto Tamandaré


se norteou por alguns critérios que valem ser mencionados aqui: durabilidade dos produtos,
melhor funcionalidade, apelo estético e custo benefício dos materiais. Dessa forma não
necessariamente os produtos mais econômicos financeiramente foram priorizados, já que a
presença dos outros critérios é igualmente importante para uma melhor decisão de projeto.

Sendo assim, as esquadrias utilizadas nos apartamentos foram portas sólidas de giro
para as portas da entrada principal e também dos banheiros que foram pintadas com tinta
esmalte na cor branco neve e com acabamento acetinado. Já as portas dos dormitórios, serão de
giro sarrafeadas e pintadas de branco neve com acabamento acetinado, a exemplo das portas
mencionadas acima. A porta de correr que está na sala de jantar e dá acesso a varanda tem como
material principal o alumínio na cor preta tendo as dimensões de 2.50 x 2.15 m e duas folhas
de abertura.

Já as janelas escolhidas foram todas do tipo abertura basculante, as esquadrias da


cozinha e do quarto de casal são janelas de alumínio preta maxim-ar com peitoril e nas
dimensões de 2,80 m x 1,20 m para proporcionar o melhor aproveitamento da iluminação
natural possível, sendo que no quarto de casal essa iluminação pode ser melhor controlada com
adição de adereços para um melhor controle solar, como o uso de cortinas e persianas,
proporcionando maior privacidade. Na sala de estar e no quarto de solteiro, as janelas adotadas
foram do tipo vitrô horizontal basculante instaladas a 2,10 m do piso acabado para proporcionar
entrada de iluminação no ambiente sem abrir mão da privacidade dos inquilinos.
67

Por se tratar de um edifício com uma proposta brutalista, a ausência de acabamentos é


uma de suas características mais notáveis, no entanto pensando no aspecto funcional, as áreas
molhadas do apartamento tipo recebeu revestimentos nas paredes para proteger do excesso de
umidade que costuma acompanhar esses ambientes. Dessa forma, na lavanderia e na cozinha
foram utilizados a cerâmica Riviera branco retificado tamanho 68 cm x 68 cm da Carmelo fior,
com acabamento acetinado no piso e brilhante nas paredes. A tonalidade branca se justifica pela
maior necessidade de iluminação nesses ambientes durante o dia, facilitando a reflexão da luz
natural dentro da edificação. No banheiro, somente a área molhada receberá revestimento
cerâmico se valendo do acabamento acetinado no chão e brilhante nas paredes.

Na fachada principal onde se encontra as varandas do prédio, há a presença de pinturas


em cores vibrantes. Na sequência vertical, a pintura utilizada foi a cor terracota acrílico da
Suvinil, no acabamento fosco. Essa tonalidade na fachada foi a escolhida devido seu poder de
criar espaços aconchegantes que combinado ao tom neutro do concreto é capaz de remeter a
harmonia e equilíbrio além de injetar alegria ao espaço. Já nos corredores internos da edificação
(FIGURA 51) a utilização da cor ervilha torta no acabamento acetinada da Suvinil pinta parte
das paredes externas dos apartamentos, complementa a paleta de cores do prédio e remetendo
a um ambiente mais natural.

Figura 51- Vista do corredor interno do edifício


Fonte: Autoral (2023)
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6.0 CONCLUSÃO

Mediante o exposto, é possível concluir que as Habitações de Interesse Social, surgem


como uma remediação a falta de planejamento urbano, as negligencia em fiscalizar do poder
público e as profundas desigualdades sociais no País, contudo o conjunto habitacional
Tamandaré visou atender a demanda por moradia digna no Bairro da caema que são castigados
pelas enchentes anualmente, proporcionando abrigos as famílias carentes do Bairro e que não
estivessem muito distantes de suas moradias originais.

Dito isto, foi possível elaborar uma proposta arquitetônica de uma habitação social
dentro do contexto da cidade legal (MARICATO, 2000) e não isolados da infraestrutura urbana
como normalmente ocorre com projetos arquitetônicos de interesse social. Desse modo, ações
pontuais e planejadas são capazes de proporcionar melhores qualidade de vida aos moradores,
qualificando o conceito de moradia e proporcionando uma arquitetura de qualidade as famílias
vítimas da desigualdade e da exclusão socioespacial da cidade.
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6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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