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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Historiografia brasileira 2022.1 Prof. Raimundo Arrais
 
 
Aluna(o)________________________________________________________
 
 
Questão 2.
 No artigo intitulado “Da história oral ao filme de pesquisa: o audiovisual como
ferramenta do historiador...” as historiadoras Hebe Mattos, Martha Abreu, Isabel
Castro produzem um relato sobre uma atividade sobre um modo de exploração de
arquivo visual com a finalidade de produzir um tipo de filme. Explique as principais
questões apresentadas pelas autoras na produção desse material, discorra sobre os
temas explorados e defina o tipo de filme produzido por elas.

O presente artigo intitulado “Da história oral ao filme de pesquisa: o


audiovisual como ferramenta do historiador” produzido pelas historiadoras Hebe
Mattos, Martha Abreu e Isabel Castro, visa, especificamente, a problematização da
força expressiva das imagens e a sua importância do ponto de vista narrativo na
primeira metade do século XX. De início é destacado o livro memórias do cativeiro
(Mattos, Lugão Rios, 2005) em que se destacam às fotografias 3x4 – À época símbolo
de honestidade, cidadania, status... - de uma família da década de 1940 na capa do
livro, tiradas para as carteiras de trabalho dos fotografados. O desejo de construir uma
narrativa em imagem e sons marca a união das três autoras para a aventura de uma
escrita audiovisual.
Foram elaboradas entrevistas genealógicas por Ana, no Vale do Paraíba em
busca de relatos sobre os antepassados escravos junto a camponeses negros daquela
região a fim de criar um acervo de “Memórias do Cativeiro”. Em que salienta a
importância da família na formação da identidade do entrevistado, no caso específico,
do senhor Cornélio Cansino. As autoras inovam no livro por trazer escritura polifônica,
com a edição das falas coincidentes, produzindo, assim, uma narrativa uniforme ao
texto, trazendo o lugar de fala como centro da análise.
No artigo é destacado a forma como a narrativa, baseada no livro, é
incorporada ao filme, e como essa prática audiovisual poderia contribuir para a
pesquisa histórica, visto que, pode-se ir além do que foi dito pelas personagens
históricas, agregando possibilidades de incorporação de variadas expressões, gestos,
performances de jongo – salientando o valor antropológico dessas formas de
expressões culturais - paisagens de cultura material, sobretudo fazendas históricas
que trazia à memória o passado no presente, bem como, um sentido afetivo devido à
prefiguração da presença de uma ausência e, consequentemente, elencado às
memórias coletivas para dialogar com esse “passado no presente” com fins de
produzir um novo conhecimento historiográfico sobre a memória da escravidão e o
pós-abolição.
Nesse processo de filmagens, curto, porém vivificador, configura-se como
método de pesquisa, coaduna-se com a propiciação do qual a história oral é detentora,
pois novos acontecimentos podem ser explorados a partir de sua dinamização (MELO,
1988). Exemplo disso, foi nas filmagens das festividades do 13 de maio em São José
de da Serra, realizada em 2005, que fez as autoras perceberem à presença viva das
comunidades jongueiras e as história social dessas comunidades, nasce aí um novo
projeto de pesquisa “Jongos, calangos e folias: música negra, memória e poesia”. As
metodologias utilizadas foram diferentes, em vez de adaptar um livro a um filme, foram
produzidas diversas entrevistas audiovisuais como meio de pesquisa para vários fins.
Foram organizadas genealogias, reconstituídas por meio de depoimentos
orais e quando era possível levantavam arquivos de registros de nascimento, óbitos e
inventários da antiga fazenda para registrar a memória de grupos e suas atividades
festivas e musicais. Como problematização, foram elaboradas perguntas diversas,
como perguntas sobre a família, região e origem dos antepassados e parentes. Em
seguida sobre jogos, calangos e folias. Tentavam articular história sociocultural com e
política, genealogias familiares com patrimônio cultural. É salientado o “Acervo
Petrobras Cultural Memória e Música Negra” e sua contribuição para o projeto.
O artigo, em última análise, nos propicia a experiência em dimensões ainda
mais profundas, principalmente quando se trabalha com materiais audiovisuais/orais,
pois trazem novas ferramentas para o ofício do historiador. As autoras elaboram um
documentário entre o olhar e a escuta, uma vídeo-história, Contribuindo, tanto no
campo metodológico, como na pesquisa histórica e é um excelente instrumento
didático, por abrir um leque para várias outras formas de se empregar narrativas
apagadas, e/ou pouco exploradas no campo historiográfico.

REFERÊNCIAS

MATTOS, Hebe. Os combates da memória: escravidão e liberdade nos arquivos


orais de descendentes de escravos brasileiros. Revista Tempo, v.3, n.6, p.119-138.
1998.

MATTOS, Hebe; LUGÃO RIOS, Ana M. Memórias do cativeiro: família, trabalho e


cidadania no pós-abolição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2005.

Jongos, calangos e folias: música negra, memória e poesia. Direção: Hebe Mattos e
Martha Abreu. Brasil: Labhoi. 48min41s. 2007

MATTOS, Hebe; ABREU, Martha (Org.). Passados presentes. (Caixa com 4 DVDs).
Niterói: Eduff. 2012.

MELO, João Wilson Mendes. Introdução ao estudo da história. 3ª ed. Natal:


EDUFRN, 1988. P. 59.

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