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ISSN: 1315-0006
eabierto@cantv.net
Universidad del Zulia
Venezuela
* Esta investigação foi propiciada pelo Programa de Pequeñas Becas para investigaciones en
aspectos sociales y económisos de las enfermidades tropicales del Laboratorio de Ciencias
Sociales - Universidad Central de Venezuela, com apolo financeiro de Programa Especial de
investigações e Treinamento em Doenças Tropicais UNDP/Banco mundial/OMS.
** Profa. Adjunta do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo.
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A saúde pode então ser identificada com a normatividade vital, isto é, com a
capacidade de ultrapassar as regras habituais e instituir outras normas sempre
que novas situações vitais o exigirem, exercendo, com flexibilidade, a normativi-
dade. A doença também encontra seus limites nos padrões de normatividade en-
gendrados pelos diferentes “modos de andar a vida” histórica e socialmente de-
terminados, significando a redução da capacidade normativa, a perda da flexibi-
lidade na instauração de novos comportamentos, motivada pela presença de res-
trições impostas à essa capacidade de viver a vida. O “sentir-se doente” gera a
angústia que se traduz em necessidade terapêutica “lato sensu”, isto é, em sabe-
res sobre a doença e práticas capazes (ao menos idealmente) de restaurarem a
normatividade.
Donnangelo (14) assinala que as necessidades de saúde transcendem o
campo das práticas médicas (e também sanitárias) entretanto, aí encontram sua
área privilegiada de expressão, visto que, a normatividade vital, vale dizer a
saúde, em sua positividade real ultrapassa o campo das práticas terapêuticas e
de controle, enquanto sua negatividade, expressa na presença da doença, é a mo-
tivaçãao maior para a produção das práticas médico-sanitárias.
tes à realização do saber técnico que ela mesma produz mas cuja distribuição de-
verá ser obrigatoriamente desigual.
Cada vez mais, portanto, a doença deixa de ser uma ameaça para o conjun-
to da população e passa a ser um problema que afeta segmentos restritos de indi-
víduos em função de suas atividades profissionais (deslocamentos constantes
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no controle da malária. abordagem teórica e metodológica 331
Notas
1.
A discussão mais detalhada e completa das relações entre práticas de saú-
de e sociedade pode ser recuperada em M. Cecilia F. Donnangelo “Saúde e Socie-
dade” SP Ed. Duas Cidades, 1979, Ricardo Bruno Mendes Gonçalves “Medicina
e História: raízes sociais do trabalho médico” Dissertação de Mestrado FMUSP
1979, José Ricardo C.M. Ayres “A epidemiologia e o projeto emancipador nas
práticas de saúde, a crítica da razão instrumental na constituição da ciência epi-
demiológica” Dissertação de Mestrado FMUSP, 1991.
2.
Ver a respeito do surgimento das práticas de saúde Cangulhem “O Normal
e o Patológico” SP Ed. Forense-Universitária 1982 e George Cangulhem “Ideolo-
gia e Racionalidade nas ciências da vida” Lisboa Edições 70 sem data.
3.
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7.
8.
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10.
Ricardo B. Mendes Gonçalves “Prática de Saúde e tecnologia contribuição
para a reflexão teórica” SP (mimeo) 1988.
11.
Ibidem.
12.
15.
Simplificadamente podem-se caracterizar as necessidades radicais como
necessidades humanas produzidas necessariamente em determinadas con-
dições históricas e sociais sem que estejam dadas as condições de sua satisfação
nos marcos estruturais vigentes o que no limite poderia impulsionar os homens
à busca de superação dessas limitações através dos movimentos revolucioná-
rios. Ver Agnes Heller op. cit. e Ricardo Bruno Mendes Gonçalves especialmente
“Práticas de saúde processo de trabalho e necessidades”, São Paulo, (mimeo)
1992.
16.
18.
21.
Para maiores informações à ocupação do território paulista ver: Luis Ja-
cintho da Silva “Evolução da doença de Chagas no Estado de São Paulo” Tese de
doutoramento FMUSP Ribeirão Preto 1981; “Atlas de população de ESP” Fun-
dação SEADE/USP 1992, Pierre Monbeig “Pioneiros e fazendeiros de S. Paulo”
SP Ed. Hucitec 1984; Wilson Cano “Desequilibrios regionais e concentração in-
dustrial no Brasil 1930-1970" Campinas Ed. Global 1985.
22.
Além dos trabalhos relacionados na nota anterior para uma crítica à con-
cepção da tríade ecológica ver: Jaime Breilh “Epidemiologia, economia, política e
saúde” SP Ed. UNESP/HUCITEC 1991 e Antonio Sergio Arouca “O dilema pre-
ventivista” tese de doutoramento UNICAMP 1977.
26.
27.
Arthur Neiva “Profilaxia da malária e trabalhos de engenharia” Rev. do
Clube de Engenharia No. 70, 1949 e relatórios anuais do SPM 1939 a 1946.
28.
30.
As influências do “desenvolvimentismo” no setor saúde são discutidas por
Madel T. LUZ em “As instituições médicas no Brasil” Rio de Janeiro Ed. Graal,
1979.
Para a questão específica das endemias rurais ver Achilles SCORZELLI JR
“Epidemiologia e profilaxia das endemias rurais” Tese de Livre Docência Escola
de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro Rev. Bras. Malariologia 12:225-319,
1960.
31.
en foco: pobreza y política social:
338 / espacio abierto vol. 8, no.2 experiencias y problemas metodológicos
32.
OMS Comite de expertos en paludismo, Sexto informe Série de Informes
Técnicos No. 123, 1956.
33.
René Rachou “Novos conceitos na classificação de endemicidade malárica”
VI Congresso Internacional de Med. Trop. e Malária, Lisboa 1958.
34.
35.
O risco de reintrodução da doença assume dois aspectos distintos; um mais
frequentemente concretizado, diz respeito à ocorrência de surtos epidêmicos
provocados pela existência dos casos importados e outro, menos provável, relati-
vo à possibilidade de restabelecimento da transmissão na forma endêmica, isto
é, com casos ocorrendo durante o ano todo e mantendo a produção de novos casos.
36.
Davi J. Bradley “Malaria - Where and Whither?” in Targett G.A.T. “Mala-
ria: waiting for the vaccine” London School of Hyg Trop. Med 1991: Leonard J.
Bruce - Chwatt" Malaria control at the cross - roads: where do we go from here?
“Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 81 (supl II) 1986; T. Lepes ”Malaria: a glo-
bal heath problem “Who/mal 81.949. 198L; Jose Najera” A global analyses of the
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no controle da malária. abordagem teórica e metodológica 339
Além dos textos de Saul Franco Agudelo e David Clyde citados na nota an-
terior ver também; M.W. Service" Agricultural development and arthropod bor-
ne diseases; a review" Rev. Saúde publ.25(3): 165-78, 1991.
38.
Leonard Bruce - Chwatt “Malaria Control at the... ”op cit; Ralph H. Hen-
derson “Malaria and the World Health Organization” in Targett G.A.T. op. cit;
T. Lepes “Malaria: a global health problem” Who/Mal 81 949 1981; OPS “La lu-
cha anti paludica como parte de la atención primaria de salud” Serie Informes
técnicos No. 712 1984.
39.
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