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Paralisação das Universidades Estaduais da Bahia é marcada

por grande ato em defesa de salários dignos


Passeata
do dia 12.04.23.
Foto: Ascom
Fórum das ADs

Na
última quarta-
feira (12)

professoras e professores das quatro Universidades Estaduais da Bahia (UEBAs)


paralisaram as atividades acadêmicas para reivindicar, entre outras pautas, reajuste
salarial e a reabertura da mesa de negociação com o novo Governo da Bahia. Além da
paralisação, o dia foi marcado por um grande ato que reuniu docentes e discentes de
várias regiões da Bahia. A passeata aconteceu em Salvador, no percurso do Campo
Grande até o Largo de São Pedro e foi marcada pela ampla cobertura imprensa
baiana. Na avaliação do movimento docente, o dia de luta foi vitorioso e demonstrou a
força da UNEB, UEFS, UESB e UESC.

Com faixas, cartazes e panfletos, estudantes e professores (as) entoaram


gritos em prol da valorização do trabalho docente e fortalecimento das universidades
públicas. Um dos objetivos da manifestação foi chamar atenção do governo e dialogar
com a sociedade sobre as perdas salariais que a categoria docente enfrenta nos
últimos 8 anos. Já se trata de mais da metade do salário corroído (53,33%), segundo o
Departamento Intersindical de Estatística dos Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Desvalorização salarial e precarização

A paralisação foi resultado de acúmulos de insatisfações. Na avaliação das


Associações Docentes, a política de desvalorização do trabalho docente nas
universidades estaduais tem prejudicado o fortalecimento do ensino superior público
baiano e colocado esses profissionais em posições cada vez mais precarizadas.

Agrava o cenário das perdas salariais os resultados dos levantamentos sobre


a desvalorização do trabalho docente realizado pelo Fórum das ADs. Segundo a
análise, a Bahia está entre os estados do Nordeste que paga um dos três piores
salários aos professores (as) das suas Universidades Estaduais da região. Mesmo
sendo um dos Estados mais ricos do Nordeste, a posição do Bahia no ranking é de
antepenúltimo lugar, com uma diferença mínima de 10 reais para penúltimo. Os dois
últimos lugares da desvalorização são ocupados pelos estados do Rio Grande do
Norte e Pernambuco. O levantamento considerou a condição de um professor auxiliar
40h, em início de carreira, para a metodologia comparativa. Outra constatação
alarmante evidenciada nos levantamentos do Fórum, foi o fato de que docentes das
universidades estaduais, em início de carreira, ganham um salário abaixo da Lei
Nacional do Piso do Magistério Superior.

Docentes desabafam para imprensa o cenário de desvalorização. Foto: Ascom Fórum Fórum das ADs

Além da desvalorização salarial, professores (as) das universidades estaduais


hoje também enfrentam um contexto de sobrecarga de trabalho. O relato da
comunidade acadêmica é de queixas sobre ausência de concurso público para as
instituições. Os 280 cursos de graduação, 180 cursos de pós-graduação, 50 mil
estudantes abarcados pelas universidades estaduais baianas contam com um quadro
de, apenas, cerca de 5.000 docentes. Além disso, os (as) professores (as) contam
com os entraves do Governo do Estado para conseguir promoções e progressões na
carreira, mesmo realizando qualificações e cumprindo os pré-requisitos estabelecidos
na Lei do Estatuto do Magistério Superior.

“Ser um professor de uma Universidade Estadual da Bahia hoje, infelizmente, é


ser desvalorizado. Nós damos o melhor do nosso trabalho para produzir ensino,
pesquisa e extensão em toda Bahia e sofremos nos últimos 8 anos com uma política
de desvalorização e precarização. Não pode ser que tudo continue dessa forma, a
categoria está muito insatisfeita. A universidade não funciona sem nós e a Bahia não
avança sem as universidades estaduais. Por isso, paralisamos as nossas atividades
para dizer chega e apresentar os motivos de nossa luta para a sociedade. Temos um
novo governador que é professor e assumiu um compromisso com a categoria
docente durante o período eleitoral registrado, inclusive, em documento. Já passou da
hora da mesa de negociação ser aberta. Queremos respeito, valorização e
investimento nas nossas instituições.”, demarcou Alexandre Galvão, presidente da
Adusb e coordenador do Fórum das Associações Docentes.

Durante o período eleitoral, o Fórum das ADs apresentou uma carta sobre o
pleito do movimento docente para todos os candidatos ao governo. O documento foi
respondido por Jerônimo Rodrigues com o comprometimento de dialogar com os
setores das universidades, até então na condição de candidato ao Governo da Bahia.
Leia na íntegra. anexar [https://forumdasads.com.br/pagina/noticias_interno/349]

Associações docentes lutam pela abertura da mesa de negociação. Foto: Ascom Fórum das ADs

Sem negociação

Com 48h após a paralisação, o governo segue sem marcar a mesa de


negociação com o movimento docente. Pressionado pela mobilização e forte
repercussão causada na imprensa, em nota o Estado respondeu que está em diálogo
com o Movimento Docente. Contudo, apesar de haver no diálogo, a mesa de
negociação ainda não foi efetivamente instalada.

“Não há negociação. O que ocorreu até agora foram dois encontros com a
SERIN para apresentarmos a nossa pauta de reivindicações. Até o momento, não
houve posição do governo sobre o nosso pleito nem mesmo na reunião que tivemos
com o secretário Luiz Caetano. Por isso, a nossa principal luta agora é que a mesa de
negociação seja aberta. Diálogo é importante mas queremos negociação e soluções”,
explica Galvão.

O Fórum das Associações Docentes das UEBAs se reuniu nesta quinta-feira


(13) para avaliar o cenário discutir quais serão os próximos passos para a mobilização.
O indicativo do Fórum é de intensificar a luta através de novas paralisações, que serão
definidas em assembleias da categoria, até que o Governo Estadual decida abrir a
mesa de negociação.

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