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Matriz do teste de avaliação escrita 5

Amor de perdição e Farsa de Inês Pereira


Domínios – Educação Literária │ Leitura │ Gramática │ Escrita

Descritores (AE) Conteúdos Estrutura Itens – cotação


Educação Literária/Leitura
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura
Parte A A
portuguesas. literária: excerto de
2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores Amor de perdição,
restrita 2. 16 pontos
culturais, éticos e estéticos de Camilo Castelo
1 item de seleção 3. 12 pontos
manifestados nos textos. Branco
Analisar o valor de
recursos expressivos para a
B – Texto de leitura
construção do sentido Parte B B
literária: excerto da
do texto. 2 itens de resposta 4. 16 pontos
Farsa de Inês Grupo I restrita 5. 16 pontos
Leitura Pereira, de Gil
1 item de seleção 6. 12 pontos
Interpretar o texto, com Vicente
especificação do sentido
global e da
intencionalidade C – Exposição
comunicativa. sobre um tema de Parte C
C
Amor de perdição e 1 item de resposta
7. 16 pontos
Escrita da Farsa de Inês restrita
Escrever uma exposição Pereira
sobre um tema.
Total – 104 pontos
Leitura
Interpretar o texto, com
1. 8 pontos
especificação do sentido
Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
global e da
não literária múltipla 3. 8 pontos
intencionalidade
4. 8 pontos
comunicativa.

Grupo II
Gramática
Classificar orações.
Coordenação e 1 item de escolha
Analisar processos de 5. 8 pontos
subordinação múltipla
coesão textual. 6. 8 pontos
Funções sintáticas 2 itens de resposta
Identificar a função 7. 8 pontos
Coesão curta
sintática de constituintes
da frase.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação e
correção os textos
planificados.
Total – 40 pontos
Total – 200 pontos

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Nome N.o 10.o Data / /

Avaliação E. Educação Professor


230
Ficha de Educação Literária 1
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Nome N.o ____ 11.o ____ Data ____/____/_____
Avaliação E. de Educação ____________________ Professor ____________________
Teste de avaliação escrita 5
Amor de perdição e Farsa de Inês Pereira

Grupo I

PARTE A

Lê o texto, um excerto do capítulo XIX de Amor de perdição, e as notas.


A verdade é algumas vezes o escolho1 de um romance.
Na vida real, recebemo-la como ela sai dos encontrados casos, ou da lógica implacável das
coisas; mas na novela, custa-nos a sofrer que o autor, se inventa, não invente melhor; e, se copia,
não minta por amor da arte.
5 Um romance, que estriba2 na verdade o seu merecimento, é frio, é impertinente, é uma coisa que
não sacode os nervos, nem tira a gente, sequer uma temporada, enquanto ele nos lembra, deste jugo
de nora, cujos alcatruzes3 somos, uns a subir, outros a descer, movidos pela manivela do egoísmo.
A verdade! Se ela é feia, para que oferecê-la em painéis ao público!? […]
A desgraça afervora ou quebranta o amor?
10 Isso é que eu submeto à decisão do leitor inteligente. Factos e não teses é o
que eu trago para aqui. O pintor retrata uns olhos, e não explica as funções óticas do aparelho visual.
Ao cabo de dezanove meses de cárcere, Simão Botelho almejava um raio de sol, uma lufada de
ar não coada pelos ferros, o pavimento do céu, que o da abóboda do seu cubículo pesava-lhe sobre o
peito.
15 Ânsia de viver era a sua; não era já a ânsia de amar.
Seis meses de sobressaltos diante da forca deviam distender-lhe as fibras do coração; e o coração
para o amor quer-se forte e tenso de uma certa rijeza, que se ganha com o bom sangue, com os
anseios das esperanças, e com as alegrias que o enchem e reforçam para os reveses.
Caiu a forca pavorosa aos olhos de Simão; mas os pulsos ficaram em ferros, o pulmão ao ar
20 mortal das cadeias, o espírito entanguido 4 na glacial estupidez de umas paredes salitrosas, e dum
pavimento, que ressoa os derradeiros passos do último padecente, e dum teto que filtra a morte a
gotas de água.
O que é o coração, o coração dos dezoito anos, o coração sem remorsos, o espírito anelante 5 de
glórias, ao cabo de dezoito meses de estagnação da vida?
Camilo Castelo Branco, Amor de perdição, Porto, Edições Caixotim, 2006, pp. 275-276.

1
escolho: obstáculo (figurativo). 4
entanguido: enregelado.
2
estriba: apoia. 5
anelante: desejoso.
3
alcatruzes: vasos que tiram água da nora.

1. Explica o papel que a «verdade», segundo o narrador, tem na elaboração de um romance.

2. Clarifica as mudanças que o cárcere operou em Simão Botelho.

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3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.
Neste excerto de Amor de perdição, o narrador adota uma atitude reflexiva a propósito do
tempo que Simão passou encarcerado. Deste modo, ______________, coloca em causa a
centralidade do amor, quando a vida e a salvação humanas estão em risco. Tece também
considerações sobre ______________, após tanto tempo de clausura.

A. na linha 5 … a nostalgia evidenciada pelo protagonista do romance


B. na linha 8 … a tristeza e a melancolia de Simão ao recordar a sua amada
C. na linha 9 … a persistência e força de espírito de Simão Botelho
D. na linha 15 … a significativa alteração dos objetivos de vida de Simão

PARTE B

Lê o texto, um excerto da Farsa de Inês Pereira, e as notas.


Vem a Mãe da igreja e não na achando Inês Mas eu mãe sam aguçosa4
lavrando diz: 2 e vós dais-vos de vagar.
Logo eu adevinhei 0 Mãe Ora espera assi vejamos.
lá na missa onde eu estava Inês Quem já visse esse prazer.
5 como a minha Inês lavrava Mãe Cal-te que poderá ser
a tarefa que lhe eu dei. que ante Páscoa vem os Ramos.
Acaba esse travesseiro. Nam te apresses tu Inês
Ui naceu-te algum unheiro 2 maior é o ano que o mês.
ou cuidas que é dia santo? 5 Quando te nam percatares5
virão maridos a pares
1 Inês Praza a Deos que algum quebranto1 e filhos de três em três.
0 me tire de cativeiro.
Mãe Toda tu estás aquela. Inês Quero-m’ora alevantar.
Choram-te os filhos por pão? Folgo mais de falar nisso
Inês Prouvesse a Deos que já é rezão 3 assi Deos me dê o paraíso
de nam estar tam singela2. 0 mil vezes que nam lavrar.
1 Mãe Olhade lá o mau pesar3 Isto nam sei que o faz.
5 como queres tu casar […]
com fama de preguiçosa?

Gil Vicente, As obras de Gil Vicente, direção científica de José Camões,


vol. II, Lisboa, Centro de Estudos de Teatro/INCM, 2002, p. 559.

1 4
quebranto: feitiço. aguçosa: diligente.
2 5
singela: solteira. precatares: prevenires
3
mau pesar: que desgraça.

4. Explicita a expressividade da ironia presente na primeira réplica da mãe.

5. Refere o motivo que originou a discussão entre Inês e a sua mãe.

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6. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço.
Na folha de respostas, regista apenas as letras – a) e b) – e, para cada uma delas, o número
que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Neste excerto da Farsa de Inês Pereira, a mãe dirige-se a Inês, através de várias
a) ________________, com o objetivo de a elucidar sobre o que é correto. Além disso, alerta-a
para a necessidade de ser ponderada, usando várias expressões populares, tais como,
b) ____________________.

a) b)

1. afirmações 1. «ou cuidas que é dia santo?» (verso 9)

2. exclamações 2. «Olhade lá o mau pesar» (verso 16)

3. interrogações 3. «que ante Páscoa vem os Ramos» (verso 24)

PARTE C

7. A afirmação da figura feminina assume relevo em Amor de perdição e na Farsa de Inês Pereira.
Escreve uma breve exposição na qual comproves a afirmação anterior, baseando-te na tua
experiência de leitura das duas obras referidas.

A tua exposição deve incluir:


● uma introdução ao tema;
● um desenvolvimento no qual explicites, para cada uma das obras, um aspeto que comprove
afirmação da figura feminina, fundamentando cada um desses aspetos em, pelo menos, um
exemplo pertinente;
● uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Grupo II

Lê o texto.
Menina e moça chegou ao Porto de copo de vinho na mão e olhos nos livros
Num espaço forrado a livros em prateleiras habitadas por autores tão diversos como Fernando
Pessoa, José Saramago, Italo Calvino ou George Orwell, ouvem-se palavras de histórias que
nascem nas ruas e nos bairros do Porto, ditas por quem acumulou experiência ao chocar nas
esquinas mais afiadas dos limites da cidade. Uns minutos antes apenas se ouvia o som de um piano
5 e o burburinho quase silencioso de quem conversava nas mesas de uma sala parecida com a de uma
outra casa qualquer, onde o conforto é feito da presença de pessoas que nos são próximas.
No entanto, essa «musiquinha» de fundo deu lugar à palavra dura e crua atirada por quem se
atreveu a tomar o lugar de narrador numa sala cheia de gente que não se conhecia, mas que, de
alguma forma, pertencia àquele sítio. Esta sala de um prédio do coração do Porto, encostado ao
10 Jardim da Cordoaria, virada para a cadeia onde Camilo Castelo Branco esteve encarcerado, tem
nova dona.
Numa quarta-feira entramos nesta livraria-bar que foi buscar o nome ao romance de Bernardim
Ribeiro sem precisar de pedir licença para uma primeira experiência dedicada ao spoken word.
Com curadoria de Nuno Rebelo, da Somos Bipolar, conduzida pelo ator/escritor/poeta Ismael
15 Calliano, nesta sessão estão presentes alguns representantes da comunidade hip-hop local.
Com o coração perto da boca deixam sair das entranhas poemas, que, ao mesmo tempo, são
letras de músicas, mas sem ajuda de batida. Só eles e um microfone, um a um, a olhar para quem os
vê (e ouve) e para estantes onde também estão alguns dos maiores poetas portugueses, despem-se
de medos e com a palavra na ponta da língua dizem o que lhes vai na alma sem ajuda de cábulas.
20 Será assim todas as quartas-feiras, com outras histórias, outros participantes e outros autores.
Esta é apenas parte da programação deste espaço idealizado por Cristina Ovídio, que em
fevereiro de 2017 abriu a primeira Menina e moça, no Cais do Sodré, em Lisboa. Num futuro
próximo,
a proprietária, que trabalhou como editora no Clube do Livro, quer ver na agenda da programação
25 mensal um quizz cultural, leituras encenadas e um clube de leitura. Todas estas atividades podem
ser acompanhadas por um menu que inclui tábuas de queijos, tostas e outros petiscos, vinho, vinho
do Porto, bagaço com lima ou simplesmente café. Brevemente, pensa também vender livros em
segunda mão e deseja ter cada vez mais autores portugueses traduzidos para outras línguas.
Os livros que lá se encontram, roubando o espaço aos bestsellers, estão à venda, mas também
30 podem ser folheados. Convida-se também que lá se apareça com um livro na mão para aproveitar a
leitura num espaço cujo teto tem pintadas ilustrações da autoria de uma artista da cidade – Mariana
Rio. Quem olhar para cima vê representações de Camilo Castelo Branco, quando esteve preso na
Cadeia da Relação, do gato de Manuel António Pina ou Ana Plácido a chorar a um canto.
André Borges Vieira, «Menina e moça chegou ao Porto de copo de vinho na mão e olhos nos livros»,
in https://www.publico.pt (texto adaptado e com supressões, consultado em 12/12/2021).

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1. O objetivo do texto é dar a conhecer a livraria-bar Menina e moça,

A. revelando apenas os antecedentes que deram origem ao lugar.


B. ilustrando a sua importância com as atividades lá desenvolvidas.
C. mostrando a singularidade do nome escolhido pela proprietária.
D. referindo também o caráter retrógrado do conceito apresentado.

2. Na linha 7, a caracterização da palavra como «dura e crua» evidencia a

A. dificuldade de ser apresentada num espaço tão intimista.


B. musicalidade que possui ao ser declamada em público.
C. simplicidade da sua declamação num espaço coletivo.
D. simultaneidade da sua beleza e força no ato de declamação.

3. Quando os artistas convidados «dizem o que lhes vai na alma sem ajuda de cábulas» (linha 18),

A. mostram a sua capacidade de improviso no momento da atuação.


B. partilham a sua intimidade com o público que os vai ver e ouvir.
C. transmitem aos outros o que possuem de mais pessoal e íntimo.
D. assumem uma postura de partilha da sua capacidade criativa.

4. No contexto em que ocorre, o uso da forma verbal «será» (linha 18) contribui para exprimir uma

A. condição.
B. suposição.
C. certeza.
D. dúvida.

5. O articulador «No entanto» (linha 7) assegura a coesão

A. gramatical referencial.
B. gramatical frásica.
C. gramatical interfrásica.
D. lexical.

6. Identifica as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:


a) «onde Camilo Castelo Branco esteve encarcerado» (linha 10);
b) «alguns representantes da comunidade hip-hop local» (linha 14).

7. Classifica a oração introduzida por «quem», na linha 30.

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Grupo III

Apesar dos avanços civilizacionais, as diferenças entre mulheres e homens – sobretudo no que
diz respeito ao mercado de trabalho – são evidentes, tanto em Portugal como no resto do mundo.
Será que, na atualidade, a luta pela igualdade de género é ainda justificável?

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de


trezentas e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.

No teu texto:
● explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
● utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
- um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
- um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

Itens/Cotação (em pontos)
Grupo

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 104
16 16 12 16 16 12 16
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8
III Item único 40
Total 200

FIM

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