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Atividade
1.Ler os textos, a seguir, e informar:
a. A finalidade;
b. O gênero textual;
c. A tipologia;
d. O domínio discursivo e
e. Suporte.
Texto 1
COLUNA - VERISSIMO LUIS FERNANDO VERISSIMO
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Maravilha! torcedor do Flamengo ou bom filho do que ter sua
A única alternativa para a velhice é a morte. Já as perspectiva de vida decidida numa ordem do dia de
alternativas para a democracia são várias, uma pior do quartel. Melhor você ser manipulado por marqueteiros
que a outra. É bom lembrá-las sempre políticos, com direito a desacreditá-los, do que pela
Pode-se parafrasear Winston Churchill e dizer da propaganda oficial e incontestável de um poder
democracia o mesmo que se diz da velhice, que, por ditatorial. Hoje os candidatos à Presidência medem
mais lamentável que seja, é melhor do que sua suas ideias e diferenças livremente, e todos são iguais
alternativa. A única alternativa para a velhice é a perante o William Bonner.
morte. Já as alternativas para a democracia são várias, Certo, às vezes as alternativas para a democracia
uma pior do que a outra. É bom lembrá-las sempre, parecem tentadoras. Ah, bons tempos em que o colégio
principalmente no horário político, quando sua eleitoral era minimalista: tinha um eleitor só. O general
irritação com a propaganda que atrasa a novela pode na Presidência escolhia o general que lhe sucederia, e
levá-lo a preferir outra coisa. Resista. Engula sua ninguém pedia o nosso palpite. Era um processo rápido
impaciência com a retórica eleitoral que você sabe que a ascético que não sujava as ruas. A escolha do poder
é mentirosa, com o debate vazio, com os boatos nas monarquias absolutas também é simples e sumária,
maldosos e os golpes baixos, com o desfile de e o eleitor do rei também é um só, Deus, que também
candidatos que variam do patético ao ridículo... Diante não se interessa pela nossa opinião. Ou podemos nos
de tudo isso, em vez de “que chateação”, pense “que imaginar na Roma de Cícero, governados por uma
maravilha!”. É a democracia em ação, com seus casta de nobres e filósofos, sem nenhuma obrigação
grotescos e tudo. Saboreie, saboreie. cívica salvo a de aplaudi-los no fórum, só cuidando
O processo, incrivelmente, se autodepura, sobrevive para não parecer ironia.
aos seus absurdos e dá certo. Ou dá errado, mas pelo A democracia é melhor. Mesmo que, como no caso do
menos de erro em erro vamos ganhando a prática. Brasil das alianças esquisitas, os partidos coligados em
Mesmo o que impacienta é aproveitável, e votos disputa lembrem uma salada mista, e ninguém saiba ao
inconsequentes acabam consequentes. O Tiririca, não certo quem representa o quê. E onde, com o poder
sei, mas o Romário não deu um bom deputado? econômico mandando e desmandando, a atividade
Vocações políticas às vezes aparecem em quem menos política termine parecendo apenas uma pantomima.
se espera. E é melhor o cara poder dizer a bobagem que Não importa, não deixa de ser — comparada com o
quiser na TV do que viver num país em que é obrigado que já foi — uma maravilha.
a cuidar do que diz. Melhor ele pedir voto porque é
Ponta da Língua
Cheia de graça é a nossa língua, portuguesa.
Você nem precisa aprender o á-bê-cê para rir com ela.
Desde pequeno já ouve dizer que mentira tem pernas curtas.
E mentira tem pernas?
E a verdade? A verdade tem pernas longas?
E quando dói a barriga da perna?
Ou quando ficamos de orelha em pé?
O que a barriga tem a ver com a perna, e orelha com o pé?
Pra ser divertido, não leve nada ao pé da letra!
Até porque letra não tem pé. Ou tem?
Pé-de-meia é o dinheiro que a gente economiza.
Pé-de-moleque, doce de amendoim.
Dedo de prosa é papo rápido.
Dedo-duro é traidor.
Pão-duro, pessoa egoísta.
E boca da noite? E céu da boca?
É uma brincadeira atrás da outra!
Cabeça de cebola, dente de alho, braço de mar.
Com a nossa língua, a gente pode pegar a vida pela mão.
Pode abrir o coração. Pode fechar a tristeza.
A gente pode morrer de medo e, ao mesmo tempo, estar vivinho da silva.
Pode fazer coisas sem pé nem cabeça.
Mas brincar com palavras também é coisa séria.
Basta errar o tom e você vai parar no olho do furacão.
Então, divirta-se. Cuidado só para não morder a língua portuguesa!
Quem é quem
João Anzanello Carrascoza, autor desta crônica, é redator de propaganda
e professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
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