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Técnicas de desmontagem e montagem de máquinas,

equipamentos e instalações

Desmontagem

Em geral, uma máquina ou equipamento industrial instalado corretamente, funcionando nas


condições especificadas pelo fabricante e recebendo cuidados periódicos do serviço de
manutenção preventiva é capaz de trabalhar, sem problemas, por muitos anos.
Entretanto, quando algum dos componentes falha, seja por descuido na operação, seja por
deficiência na manutenção, é necessário identificar o defeito e eliminar suas causas.

No caso de máquinas mais simples, é relativamente fácil identificar o problema e providenciar


sua eliminação, porém, quando se trata de máquinas mais complexas, a identificação do
problema e sua remoção exigem, do mecânico de manutenção, a adoção de procedimentos
seqüenciais bem distintos.

O primeiro fato a ser considerado é que não se deve desmontar uma máquina antes da análise
dos problemas. A análise, como já foi visto em aulas anteriores, deve ser baseada no relatório
do operador, no exame da ficha de manutenção da máquina e na realização de testes envol-
vendo os instrumentos de controle.

Salientemos, novamente, que a desmontagem completa de uma máquina deve ser evitada
sempre que possível, porque demanda gasto de tempo com a consequente elevação dos
custos, uma vez que a máquina encontra-se indisponível para a produção.

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Agora, se a desmontagem precisar ser feita, há uma sequência de procedimentos a ser
observada:
· desligar os circuitos elétricos;
· remover as peças externas, feitas de plástico, borracha ou couro;
· limpar a máquina;
· drenar os fluidos;
· remover os circuitos elétricos;
· remover alavancas, mangueiras, tubulações, cabos;
· calçar os componentes pesados.

Essa sequência de procedimentos fundamenta-se nas seguintes razões:

a) É preciso desligar, antes de tudo, os circuitos elétricos para evitar acidentes. Para tanto,
basta desligar a fonte de alimentação elétrica ou, dependendo do sistema, remover os
fusíveis

b) A remoção das peças externas consiste na retirada das proteções de guias, barramentos
e raspadores de óleo. Essa remoção é necessária para facilitar o trabalho de desmonte.

c) A limpeza preliminar da máquina evita interferências das sujeiras ou resíduos que


poderiam contaminar componentes importantes e delicados.

d) É necessário drenar reservatórios de óleos lubrificantes e refrigerantes para evitar


possíveis acidentes e o espalhamento desses óleos no chão ou na bancada de trabalho.

e) Os circuitos elétricos devem ser removidos para facilitar a desmontagem e limpeza do


setor. Após a remoção, devem ser revistos pelo setor de manutenção elétrica.

f) Os conjuntos mecânicos pesados devem ser calçados para evitar o desequilíbrio e a


queda de seus componentes, o que previne acidentes e danos às peças.

Obedecida a sequência desses procedimentos, o operador deverá continuar com a des-


montagem da máquina, efetuando as seguintes operações:

1. Colocar desoxidantes nos parafusos, pouco antes de removê-los. Os desoxidantes


atuam sobre a ferrugem dos parafusos, facilitando a retirada deles. Se a ação dos desoxi-
dantes não for eficiente, pode-se aquecer os parafusos com a chama de um aparelho de
solda oxiacetilênica.

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2. Para desapertar os parafusos, a sequência é a mesma que a adotada para os apertos. A
tabela a seguir mostra a sequência de apertos. Conhecendo a sequência de apertos, sabe-
se a sequência dos desapertos.

É importante obedecer à orientação da tabela para que o aperto dos elementos de fixação seja
adequado ao esforço a que eles podem ser submetidos. Um aperto além do limite pode causar
deformação e desalinhamento no conjunto de peças.

3. Identificar a posição do componente da máquina antes da sua remoção. Assim, não


haverá problema de posicionamento.

4. Remover e colocar as peças na bancada, mantendo-as na posição correta de funciona-


mento. Isto facilita a montagem e, se for caso, ajuda na confecção de croquis.

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5. Lavar as peças no lavador, usando querosene.
Essa limpeza permite identificar defeitos ou falhas nas peças como trincas, desgastes etc.
A lavagem de peças deve ser feita com o auxílio de uma máquina de lavar e pincéis com
cerdas duras.

A figura abaixo mostra o esquema de uma máquina de lavar peças que é encontrada no
comércio.

A sequência de operações para a lavagem de peças é a seguinte:

a) Colocar as peças dentro da máquina de lavar, contendo querosene filtrado e desodoriza-


do. Não utilizar óleo diesel, gasolina, tíner ou álcool automotivo, pois são substâncias que
em contato com a pele podem provocar irritações.

b) Limpar as peças - dentro da máquina de lavar - com pincel de cerdas duras para remo-
ver as partículas e crostas mais espessas.

c) Continuar lavando as peças com querosene para retirar os resíduos finais de partículas.

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d) Retirar as peças de dentro da máquina e deixar o excesso de querosene aderido escor-
rer por alguns minutos. Esse excesso deve ser recolhido dentro da própria máquina de
lavar.

Durante a lavagem de peças, as seguintes medida de segurança deverão ser observadas:


· utilizar óculos de segurança;
· manter o querosene sempre limpo e filtrado;
· decantar o querosene, uma vez por semana, se as lavagens forem frequentes;
· manter a máquina de lavar em ótimo estado de conservação;
· limpar o piso e outros locais onde o querosene tiver respingado;
· lavar as mãos e os braços, após o término das lavagens, para evitar problemas na pele;
· manter as roupas limpas e usar, sempre, calçados adequados.

e) Separar as peças lavadas em lotes, de acordo com o estado em que se apresentam, ou


seja:
Lote 1 - Peças perfeitas e, portanto, reaproveitáveis.
Lote 2 - Peças que necessitam de recondicionamento.
Lote 3 - Peças danificadas que devem ser substituídas.
Lote 4 - Peças a serem examinadas no laboratório.

Secagem rápida das peças


Usa-se ar comprimido para secar as peças com rapidez. Nesse caso, deve-se proceder da
seguinte forma:
· regular o manômetro ao redor de 4 bar, que corresponde à pressão ideal para a secagem;
· jatear (soprar) a peça de modo que os jatos de ar a atinjam obliquamente, para evitar o
agravamento de trincas existentes. O jateamento deverá ser aplicado de modo intermitente
para não provocar turbulências.

Normas de segurança no uso de ar comprimido


a) Evitar jatos de ar comprimido no próprio corpo e nas roupas. Essa ação imprudente pode
provocar a entrada de partículas na pele, boca, olhos, nariz e pulmões, causando danos à
saúde.

b) Evitar jatos de ar comprimido em ambiente com excesso de poeira e na limpeza de


máquinas em geral. Nesse último caso, o ar pode levar partículas abrasivas para as guias e
mancais, acelerando o processo de desgaste por abrasão.

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c) Utilizar sempre óculos de segurança.

Manuais e croqui
Geralmente as máquinas são acompanhadas de manuais que mostram desenhos esquemati-
zados dos seus componentes. O objetivo dos manuais é orientar quem for operá-las e manu-
seá-las nas tarefas do dia-a-dia. Entretanto, certas máquinas antigas ou de procedência
estrangeira são acompanhadas de manuais de difícil interpretação. Nesse caso, é recomendá-
vel fazer um croqui (esboço) dos conjuntos desmontados destas máquinas, o que facilitará as
operações posteriores de montagem.

Atividades pós-desmontagem
Após a desmontagem, a lavagem, o secamento e a separação das peças em lotes, deve-se
dar início à correção das falhas ou defeitos. As atividades de correção mais comuns são as
seguintes:

· confecção de peças;
· substituição de elementos mecânicos;
· substituição de elementos de fixação;
· rasqueteamento;
· recuperação de roscas;
· correção de erros de projeto;
· recuperação de chavetas.

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Montagem de conjuntos mecânicos

Objetivo da montagem
A montagem tem por objetivo maior a construção de um todo, constituído por uma série de
elementos que são fabricados separadamente.

Esses elementos devem ser colocados em uma sequência correta, isto é, montados segundo
normas preestabelecidas, para que o todo seja alcançado e venha a funcionar adequadamen-
te. Em manutenção mecânica, esse todo é representado pelos conjuntos mecânicos que darão
origem às máquinas e equipamentos.

A montagem de conjuntos mecânicos exige a aplicação de uma série de técnicas e cuidados


por parte do mecânico de manutenção. Além disso, o mecânico de manutenção deverá seguir,
caso existam, as especificações dos fabricantes dos componentes a serem utilizados na
montagem dos conjuntos mecânicos.

Outro cuidado que o mecânico de manutenção deve ter, quando se trata da montagem de
conjuntos mecânicos, é controlar a qualidade das peças a serem utilizadas, sejam elas novas
ou recondicionadas. Nesse aspecto, o controle de qualidade envolve a conferência da peça e
suas dimensões.

Sem controle dimensional ou sem conferência para saber se a peça é realmente a desejada e
se ela não apresenta erros de construção, haverá riscos para o conjunto a ser montado. De
fato, se uma peça dimensionalmente defeituosa ou com falhas de construção for colocada em
um conjunto mecânico, poderá produzir outras falhas e danos em outros componentes.

Recomendações para a montagem:

1. Verificar se todos os elementos a serem montados encontram-se perfeitamente limpos,


bem como o ferramental.

2. Examinar os conjuntos a serem montados para se ter uma


ideia exata a respeito das operações a serem executadas.

3. Consultar planos ou normas de montagem, caso existam.

4. Examinar em primeiro lugar a ordem de colocação das

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diferentes peças antes de começar a montagem, desde que não haja planos e
normas relativas à montagem.

5. Verificar se nos diferentes elementos mecânicos há pontos de referência. Se houver,


efetuara montagem segundo as referências existentes.

6. Evitar a penetração de impurezas nos conjuntos montados, protegendo-os adequada-


mente.

7. Fazer testes de funcionamento dos elementos, conforme a montagem for sendo realiza-
da, para comprovar o funcionamento perfeito das partes.

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Por exemplo, verificar se as engrenagens estão se acoplando sem dificuldade. Por meio de
testes de funcionamento dos elementos, é possível verificar se há folgas e se os elementos
estão dimensionalmente adequados os e colocados nas posições corretas.

8. Lubrificar as peças que se movimentam para evitar desgastes precoces causados pelo atrito
dos elementos mecânicos.
Métodos para realização da montagem
Nos setores de manutenção mecânica das indústrias, basicamente são aplicados dois métodos
para se fazer a montagem de conjuntos mecânicos: a montagem peça a peça e a montagem
em série.

Montagem peça a peça


A montagem peça a peça é efetuada sobre bancadas. Como exemplo, a figura mostra a
sequência de operações a serem realizadas para a montagem de uma bomba de engrena-
gens.
Como todas as peças já estão ajustadas, a atividade de montagem propriamente dita se limita
a uni-las ordenadamente. Um controle de funcionamento indicará se será preciso fazer corre-
ções.

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Montagem em série
A figura seguinte, a título de exemplo, mostra a sequência de operações a serem realizadas
para a montagem de uma série de bombas de engrenagem.

Caso não haja manual de instruções ou esquema de montagem, deve-se proceder da seguinte
forma:

a) Fazer uma análise detalhada do conjunto antes de desmontá-lo.


b) Fazer um croqui mostrando como os elementos serão montados no conjunto.
c) Anotar os nomes dos elementos à medida que vão sendo retirados do conjunto.

A montagem deve ser baseada no croqui e nas anotações feitas anteriormente, invertendo-
se a sequência de desmontagem.

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Elementos de Transmissão

Um motorista viajava numa estrada e não viu a luz vermelha que, de repente, apareceu no
painel. Mais alguns metros, o carro parou.

O motorista, que nada entendia de carro, percebeu que algo de grave acontecera. Empurrou o
carro para o acostamento, colocou o triângulo como sinal de aviso e saiu à procura de socorro.
Por sorte, encontrou um mecânico.

O mecânico identificou o problema. A correia do alternador estava arrebentada. Como o


motorista não tinha uma correia de reserva, foi necessário rebocar o carro.
Esse problema pode lhe dar ideia da importância da correia como elemento de transmissão de
movimento.

Por isso, você vai estudar alguns elementos de máquina para transmissão: correia, correntes,
engrenagens, rodas de atrito, roscas, cabos de aço.

Com esses elementos são montados sistemas de transmissão que transferem potência e
movimento a um outro sistema.

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Na figura abaixo, a polia condutora transmite energia e movimento à polia conduzida.

Os sistemas de transmissão podem, também, variar as rotações entre dois eixos. Nesse caso,
o sistema de rotação é chamado variador.

As maneiras de variar a rotação de um eixo podem ser:


 por engrenagens;
 por correias;
 por atrito.

Abaixo, temos a ilustração de um variador por engrenagens acionado por um motor elétrico.

Seja qual for o tipo de variador, sua função está ligada a eixos.

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Modos de transmissão

A transmissão de força e movimento pode ser pela forma e por atrito.


A transmissão pela forma é assim chamada porque a forma dos elementos transmissores é
adequada para encaixamento desses elementos entre si. Essa maneira de transmissão é a
mais usada, principalmente com os elementos chavetados, eixos-árvore entalhados e eixos-
árvore estriados.

A transmissão por atrito possibilita uma boa centralização das peças ligadas aos eixos. Entre-
tanto, não possibilita transmissão de grandes esforços quanto os transmitidos pela forma. Os
principais elementos de transmissão por atrito são os elementos anelares e arruelas estrela-
das.

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Esses elementos constituem-se de dois anéis cônicos apertados entre si e que atuam ao
mesmo tempo sobre o eixo e o cubo.

As arruelas estreladas possibilitam grande rigor de movimento axial (dos eixos) e radial (dos
raios). As arruelas são apertadas por meio de parafusos que forçam a arruela contra o eixo e o
cubo ao mesmo tempo.

Descrição de alguns elementos de transmissão


Apresentamos, a seguir, uma breve descrição dos principais elementos de máquina de trans-
missão: correias, correntes, engrenagens, rodas de atrito, roscas, cabos de aço e acoplamen-
to. Os eixos já foram descritos. Cada um desses elementos será estudado mais profundamen-
te nas aulas seguintes.

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Correias
São elementos de máquina que transmitem movimento de rotação entre eixos por intermédio
das polias. As correias podem ser contínuas ou com emendas. As polias são cilíndricas,
fabricadas em diversos materiais. Podem ser fixadas aos eixos por meio de pressão, de
chaveta ou de parafuso.

Correntes
São elementos de transmissão, geralmente metálicos, constituídos de uma série de anéis ou
elos. Existem vários tipos de corrente e cada tipo tem uma aplicação específica.

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Engrenagens
Também conhecidas como rodas dentadas, as engrenagens são elementos de máquina
usados na transmissão entre eixos. Existem vários tipos de engrenagem.

Rodas de atrito
São elementos de máquinas que transmitem movimento por atrito entre dois eixos paralelos ou
que se cruzam.

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Roscas
São saliências de perfil constante, em forma de hélice (helicoidal). As roscas se movimentam
de modo uniforme, externa ou internamente, ao redor de uma superfície cilíndrica ou cônica.
As saliências são denominadas filetes.
Existem roscas de transporte ou movimento que transformam o movimento giratório num
movimento longitudinal. Essas roscas são usadas, normalmente, em tornos e prensas, princi-
palmente quando são frequentes as montagens e desmontagens.

Cabos de aço
São elementos de máquinas feitos de arame trefilado a frio. Inicialmente, o arame é enrolado
de modo a formar pernas. Depois as pernas são enroladas em espirais em torno de um
elemento central, chamado núcleo ou alma.

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Acoplamento
É um conjunto mecânico que transmite movimento entre duas peças.

Eixos e árvores
Assim como o homem, as máquinas contam com sua coluna vertebral como um dos principais
elementos de sua estrutura física: eixos e árvores, que podem ter perfis lisos ou compostos,
em que são montadas as engrenagens, polias, rolamentos, volantes, manípulos etc.

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Os eixos e as árvores podem ser fixos ou giratórios e sustentam os elementos de máquina. No
caso dos eixos fixos, os elementos (engrenagens com buchas, polias sobre rolamentos e
volantes) é que giram.

Quando se trata de eixo-árvore giratório, o eixo se movimenta juntamente com seus elementos
ou independentemente deles como, por exemplo, eixos de afiadores (esmeris), rodas de trole
(trilhos), eixos de máquinas-ferramenta, eixos sobre mancais.

Material de fabricação
Os eixos e árvores são fabricados em aço ou ligas de aço, pois os materiais metálicos apre-
sentam melhores propriedades mecânicas do que os outros materiais. Por isso, são mais
adequados para a fabricação de elementos de transmissão:
 eixos com pequena solicitação mecânica são fabricados em aço ao carbono;
 eixo-árvore de máquinas e automóveis são fabricados em aço-níquel;
 eixo-árvore para altas rotações ou para bombas e turbinas são fabricados em aço
cromo-níquel;
 eixo para vagões são fabricados em aço-manganês.

Quando os eixos e árvores têm finalidades específicas, podem ser fabricados em cobre,
alumínio, latão. Portanto, o material de fabricação varia de acordo com a função dos eixos e
árvores.

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Tipos e características de árvores
Conforme sua função, uma árvore pode ser de engrenagens (em que são montados mancais e
rolamentos) ou de manivelas, que transforma movimentos circulares em movimentos retilíneos.

Para suporte de forças radiais, usam-se espigas retas, cônicas, de colar, de manivela e
esférica.

Para suporte de forças axiais, usam-se espigas de anéis ou de cabeça.

As forças axiais têm direção perpendicular (90º) à seção transversal do eixo, enquanto as
forças radiais têm direção tangente ou paralela à seção transversal do eixo.

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Quanto ao tipo, os eixos podem ser roscados, ranhurados, estriados, maciços, vazados,
flexíveis, cônicos, cujas características estão descritas a seguir.

Eixos maciços
A maioria dos eixos maciços tem seção transversal circular maciça, com degraus ou apoios
para ajuste das peças montadas sobre eles. A extremidade do eixo é chanfrada para evitar
rebarbas. As arestas são arredondadas para aliviar a concentração de esforços.

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Eixos vazados
Normalmente, as máquinas-ferramenta possuem o eixo-árvore vazado para facilitar a fixação
de peças mais longas para a usinagem. Temos ainda os eixos vazados empregados nos
motores de avião, por serem mais leves.

Eixos cônicos
Os eixos cônicos devem ser ajustados a um componente que possua um furo de encaixe
cônico. A parte que se ajusta tem um formato cônico e é firmemente presa por uma porca.
Uma chaveta é utilizada para evitar a rotação relativa.

Eixos roscados
Esse tipo de eixo é composto de rebaixos e furos roscados, o que permite sua utilização como
elemento de transmissão e também como eixo prolongador utilizado na fixação de rebolos para
retificação interna e de ferramentas para usinagem de furos.

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Eixos-árvore ranhurados
Esse tipo de eixo apresenta uma série de ranhuras longitudinais em torno de sua circunferên-
cia. Essas ranhuras engrenam-se com os sulcos correspondentes de peças que serão monta-
das no eixo. Os eixos ranhurados são utilizados para transmitir grande força.

Eixos-árvore estriados
Assim como os eixos cônicos, como chavetas, caracterizam-se por garantir uma boa concen-
tricidade com boa fixação, os eixos-árvore estriados também são utilizados para evitar rotação
relativa em barras de direção de automóveis, alavancas de máquinas etc.

Eixos-árvore flexíveis
Consistem em uma série de camadas de arame de aço enroladas alternadamente em sentidos
opostos e apertadas fortemente. O conjunto é protegido por um tubo flexível e a união com o
motor é feita mediante uma braçadeira especial com uma rosca.
São eixos empregados para transmitir movimento a ferramentas portáteis (roda de afiar), e
adequados a forças não muito grandes e altas velocidades (cabo de velocímetro).

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Polias
As polias são peças cilíndricas, movimentadas pela rotação do eixo do motor e pelas correias.

Uma polia é constituída de uma coroa ou face, na qual se enrola a correia.


A face é ligada a um cubo de roda mediante disco ou braços.

Tipos de polia
Os tipos de polia são determinados pela forma da superfície na qual a correia se assenta. Elas
podem ser planas ou trapezoidais. As polias planas podem apresentar dois formatos na sua
superfície de contato. Essa superfície pode ser plana ou abaulada.

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A polia plana conserva melhor as correias, e a polia com superfície abaulada guia melhor as
correias. As polias apresentam braços a partir de 200 mm de diâmetro. Abaixo desse valor, a
coroa é ligada ao cubo por meio de discos.

A polia trapezoidal recebe esse nome porque a superfície na qual a correia se assenta apre-
senta a forma de trapézio. As polias trapezoidais devem ser providas de canaletes (ou canais)
e são dimensionadas de acordo com o perfil padrão da correia a ser utilizada.

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Essas dimensões são obtidas a partir de consultas em tabelas. Vamos ver um exemplo que
pode explicar como consultar tabela.

Imaginemos que se vai executar um projeto de fabricação de polia, cujo diâmetro é de 250
mm, perfil padrão da correia C e ângulo do canal de 34º.

Como determinar as demais dimensões da polia?


Com os dados conhecidos, consultamos a tabela e vamos encontrar essas dimensões:

Perfil padrão da correia: C Diâmetro externo da polia: 250 mm


Ângulo do canal: 34º T: 15,25 mm
S: 25,5 mm W: 22,5 mm
Y: 4 mm Z: 3 mm
H: 22 mm K: 9,5 mm
U = R: 1,5 mm X: 8,25 mm

Além das polias para correias planas e trapezoidais, existem as polias para cabos de aço, para
correntes, polias (ou rodas) de atrito, polias para correias redondas e para correias dentadas.
Algumas vezes, as palavras roda e polia são utilizadas como sinônimos.

No quadro da próxima página, observe, com atenção, alguns exemplos de polias e, ao lado, a
forma como são representadas em desenho técnico.

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Material das polias
Os materiais que se empregam para a construção das polias são ferro fundido (o mais utiliza-
do), aços, ligas leves e materiais sintéticos. A superfície da polia não deve apresentar porosi-
dade, pois, do contrário, a correia irá se desgastar rapidamente.

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Correias
As correias mais usadas são planas e as trapezoidais. A correia em “V” ou trapezoidal é
inteiriça, fabricada com seção transversal em forma de trapézio. É feita de borracha revestida
de lona e é formada no seu interior por cordonéis vulcanizados para suportar as forças de
tração.

O emprego da correia trapezoidal ou em .V. é preferível ao da correia plana porque:

 praticamente não apresenta deslizamento;


 permite o uso de polias bem próximas;
 elimina os ruídos e os choques, típicos das correias emendadas (planas).

Existem vários perfis padronizados de correias trapezoidais.

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Outra correia utilizada é a correia dentada, para casos em que não se pode ter nenhum
deslizamento, como no comando de válvulas do automóvel.

Material das correias


Os materiais empregados para fabricação das correias são couro; materiais fibrosos e sintéti-
cos (à base de algodão, pelo de camelo, viscose, perlon e náilon) e material combinado (couro
e sintéticos).

Transmissão
Na transmissão por polias e correias, a polia que transmite movimento e força é chamada polia
motora ou condutora. A polia que recebe movimento e força é a polia movida ou conduzida. A
maneira como a correia é colocada determina o sentido de rotação das polias. Assim, temos:

 sentido direto de rotação - a correia fica reta e as polias têm o mesmo sentido de ro-
tação;

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 sentido de rotação inverso - a correia fica cruzada e o sentido de rotação das polias in-
verte-se;

 transmissão de rotação entre eixos não paralelos.

Para ajustar as correias nas polias, mantendo tensão correta, utiliza-se o esticador de correia.

Já vimos que a forma da polia varia em função do tipo de correia.

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Relação de transmissão
Na transmissão por polias e correias, para que o funcionamento seja perfeito, é necessário
obedecer alguns limites em relação ao diâmetro das polias e o número de voltas pela unidade
de tempo. Para estabelecer esses limites precisamos estudar as relações de transmissão.

Costumamos usar a letra i para representar a relação de transmissão. Ela é a relação entre o
número de voltas das polias (n) numa unidade de tempo e os seus diâmetros.

A velocidade tangencial (V) é a mesma para as duas polias, e é calculada pela fórmula:

V=¶.D.n

Como as duas velocidades são iguais, temos:

Onde: D1 = diâmetro da polia menor


D2 = diâmetro da polia maior
n1 = número de rotações por minuto (rpm) da polia menor
n2 = número de rotações por minuto (rpm) da polia maior

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Na transmissão por correia plana, a relação de transmissão (i) não deve ser maior do que 6
(seis), e na transmissão por correia trapezoidal esse valor não deve ser maior do que 10 (dez).

Correntes
As correntes transmitem força e movimento que fazem com que a rotação do eixo ocorra nos
sentidos horário e anti-horário. Para isso, as engrenagens devem estar num mesmo plano. Os
eixos de sustentação das engrenagens ficam perpendiculares ao plano.

O rendimento da transmissão de força e de movimento vai depender diretamente da posição


das engrenagens e do sentido da rotação.

Transmissão
A transmissão ocorre por meio do acoplamento dos elos da corrente com os dentes da engre-
nagem. A junção desses elementos gera uma pequena oscilação durante o movimento.

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Algumas situações determinam a utilização de dispositivos especiais para reduzir essa oscila-
ção, aumentando, conseqüentemente, a velocidade de transmissão.

Veja alguns casos.

 Grandes choques periódicos - devido à velocidade tangencial, ocorre intensa osci-


lação que pode ser reduzida por amortecedores especiais.
 Grandes distâncias - quando é grande a distância entre os eixos de transmissão,
a corrente fica com barriga. Esse problema pode ser reduzido por meio de apoios
ou guias.
 Grandes folgas - usa-se um dispositivo chamado esticador ou tensor quando exis-
te uma folga excessiva na corrente. O esticador ajuda a melhorar o contato das
engrenagens com a corrente.

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Técnicas de Intervenção na Manutenção

Tipos de corrente
Correntes de rolo simples, dupla e tripla
Fabricadas em aço temperado, as correntes de rolo são constituídas de pinos, talas externa e
interna, bucha remachada na tala interna. Os rolos ficam sobre as buchas.

O fechamento das correntes de rolo pode ser feito por cupilhas ou travas elásticas, conforme o
caso.

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Essas correntes são utilizadas em casos em que é necessária a aplicação de grandes esforços
para baixa velocidade como, por exemplo, na movimentação de rolos para esteiras transporta-
doras.

Corrente de bucha
Essa corrente não tem rolo. Por isso, os pinos e as buchas são feitos com diâmetros maiores,
o que confere mais resistência a esse tipo de corrente do que à corrente de rolo. Entretanto, a
corrente de bucha se desgasta mais rapidamente e provoca mais ruído.

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Corrente de dentes
Nessa corrente, cada pino possui várias talas, colocadas uma ao lado da outra. Assim, é
possível construir correntes bem largas e resistentes.

Corrente de articulação desmontável


Esse tipo de corrente é usado em veículos para trabalho pesado, como em máquinas agríco-
las, com pequena velocidade tangencial. Seus elos são fundidos na forma de corrente e os
pinos são feitos de aço.

Correntes Gall e de aço redondo


Utilizadas para o transporte de carga, são próprias para velocidade baixa e grande capacidade
de carga.

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Dimensão das correntes
A dimensão das correntes e engrenagens são indicadas nas Normas DIN. Essas normas
especificam a resistência dos materiais de que é feito cada um dos elementos: talas, eixos,
buchas, rolos etc.

Cabos
Cabos são elementos de transmissão que suportam cargas (força de tração), deslocando-as
nas posições horizontal, vertical ou inclinada. Os cabos são muito empregados em equipamen-
tos de transporte e na elevação de cargas, como em elevadores, escavadeiras, pontes rolan-
tes.

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Componentes
O cabo de aço se constitui de alma e perna. A perna se compõe de vários arames em torno de
um arame central, conforme a figura abaixo.

Vejamos ao lado um esquema de cabo de aço.

Construção de cabos
Um cabo pode ser construído em uma ou mais operações, dependendo da quantidade de fios
e, especificamente, do número de fios da perna. Por exemplo: um cabo de aço 6 por 19
significa que uma perna de 6 fios é enrolada com 12 fios em duas operações, conforme segue:
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Quando a perna é construída em várias operações, os passos ficam diferentes no arame
usado em cada camada. Essa diferença causa atrito durante o uso e, conseqüentemente,
desgasta os fios.

Passo é a distância entre dois pontos de um fio em torno da alma do cabo.

Tipos de distribuição dos fios nas pernas


Existem vários tipos de distribuição de fios nas camadas de cada perna do cabo. Os principais
tipos de distribuição que vamos estudar são:
 normal;
 seale;
 filler;
 warrington.

Distribuição normal
Os fios dos arames e das pernas são de um só diâmetro.

Distribuição seale
As camadas são alternadas em fios grossos e finos.

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Distribuição filler
As pernas contêm fios de diâmetro pequeno que são utilizados como enchimento dos vãos dos
fios grossos.

Distribuição warrington
Os fios das pernas têm diâmetros diferentes numa mesma camada.

Tipos de alma de cabos de aço


As almas de cabos de aço podem ser feitas de vários materiais, de acordo com a aplicação
desejada. Existem, portanto, diversos tipos de alma. Veremos os mais comuns: alma de fibra,
de algodão, de asbesto, de aço.

Alma de fibra
É o tipo mais utilizado para cargas não muito pesadas. As fibras podem ser naturais (AF) ou
artificiais (AFA).

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As fibras naturais utilizadas normalmente são o sisal ou o rami. Já a fibra artificial mais usada é
o polipropileno (plástico).

Vantagens das fibras artificiais:


 não se deterioram em contato com agentes agressivos;
 são obtidas em maior quantidade;
 não absorvem umidade.

Desvantagens das fibras artificiais:


 são mais caras;
 são utilizadas somente em cabos especiais.

Alma de algodão
Tipo de alma que é utilizado em cabos de pequenas dimensões.

Alma de asbesto
Tipo de alma utilizado em cabos especiais, sujeitos a altas temperaturas.

Alma de aço
A alma de aço pode ser formada por uma perna de cabo (AA) ou por um cabo de aço indepen-
dente (AACI), sendo que este último oferece maior flexibilidade somada à alta resistência à
tração.

Tipos de torção
Os cabos de aço, quando tracionados, apresentam torção das pernas ao redor da alma. Nas
pernas também há torção dos fios ao redor do fio central. O sentido dessas torções pode
variar, obtendo-se as situações:

Torção regular ou em cruz


Os fios de cada perna são torcidos no sentido oposto ao das pernas ao redor da alma. As
torções podem ser à esquerda ou à direita. Esse tipo de torção confere mais estabilidade ao
cabo.

138
Torção lang ou em paralelo
Os fios de cada perna são torcidos no mesmo sentido das pernas que ficam ao redor da alma.
As torções podem ser à esquerda ou à direita. Esse tipo de torção aumenta a resistência ao
atrito (abrasão) e dá mais flexibilidade.

O diâmetro de um cabo de aço corresponde ao diâmetro da circunferência que o circunscreve.

Preformação dos cabos de aço


Os cabos de aço são fabricados por um processo especial, de modo que os arames e as
pernas possam ser curvados de forma helicoidal, sem formar tensões internas.

139
As principais vantagens dos cabos preformados são:
 manuseio mais fácil e mais seguro;
 no caso da quebra de um arame, ele continuará curvado;
 não há necessidade de amarrar as pontas.

Fixação do cabo de aço


Os cabos de aço são fixados em sua extremidade por meio de ganchos ou laços. Os laços são
formados pelo trançamento do próprio cabo. Os ganchos são acrescentados ao cabo.

Dimensionamento
Para dimensionar cabos, calculamos a resistência do material de fabricação aos esforços a
serem suportados por esses cabos. É necessário verificar o nível de resistência dos materiais
à ruptura.
Os tipos, características e resistência à tração dos cabos de aço são apresentados nos catálo-
gos dos fabricantes.

140
Molas
As molas são usadas, principalmente, nos casos de armazenamento de energia, amortecimen-
to de choques, distribuição de cargas, limitação de vazão, preservação de junções ou contatos.

Armazenamento de energia
Nesse caso, as molas são utilizadas para acionar mecanismos de relógios, de brinquedos, de
retrocesso das válvulas de descarga e aparelhos de controle.

Amortecimento de choques
As molas amortecem choques em suspensão e pára-choques de veículos, em acoplamento de
eixos e na proteção de instrumentos delicados ou sensíveis.

141
Distribuição de cargas
As molas distribuem cargas em estofamentos de poltronas, colchões, estrados de camas e
veículos em que, por meio de molas, a carga pode ser distribuída pelas rodas.

Limitação de vazão
As molas regulam a vazão de água em válvulas e registros e a vazão de gás em bujões ou
outros recipientes.

Preservação de junções ou contatos


Nesse caso, a função das molas é a de preservar peças articuladas, alavancas de contato,
vedações, etc. que estejam em movimento ou sujeitas a desgastes. Ainda, as molas têm a
função especial de manter o carvão de um coletor sob pressão.

142
Tipos de mola
Os diversos tipos de molas podem ser classificados quanto à sua forma geométrica ou segun-
do o modo como resistem aos esforços. Quanto à forma geométrica, as molas podem ser
helicoidais (forma de hélice) ou planas.

143
Quanto ao esforço que suportam, as molas podem ser de tração, de compressão ou de torção.

Molas helicoidais
A mola helicoidal é a mais usada em mecânica. Em geral, ela é feita de barra de aço enrolada
em forma de hélice cilíndrica ou cônica. A barra de aço pode ter seção retangular, circular,
quadrada, etc. Em geral, a mola helicoidal é enrolada à direita. Quando a mola helicoidal for
enrolada à esquerda, o sentido da hélice deve ser indicado no desenho.

As molas helicoidais podem funcionar por compressão, por tração ou por torção.
A mola helicoidal de compressão é formada por espirais. Quando esta mola é comprimida por
alguma força, o espaço entre as espiras diminui, tornando menor o comprimento da mola.

144
Você pode ver a aplicação de uma mola helicoidal de compressão observando um furador de
papéis.

A mola helicoidal de tração possui ganchos nas extremidades, além das espiras. Os ganchos
são também chamados de olhais.
Para a mola helicoidal de tração desempenhar sua função, deve ser esticada, aumentando seu
comprimento. Em estado de repouso, ela volta ao seu comprimento normal.

145
A mola helicoidal de tração é aplicada em várias situações. Veja um exemplo:

A mola helicoidal de torção tem dois braços de alavancas, além das espiras.

Veja um exemplo de mola de torção na figura à esquerda, e, à direita, a aplicação da mola


num pregador de roupas.

Agora veja exemplos de molas helicoidais cônicas e suas aplicações em utensílios diversos.

146
Note que a mola que fixa as hastes do alicate é bicônica.
Algumas molas padronizadas são produzidas por fabricantes específicos e encontram-se nos
estoques dos almoxarifados. Outras são executadas de acordo com as especificações do
projeto, segundo medidas proporcionais padronizadas.

A seleção de uma mola depende das respectivas formas e solicitações mecânicas.

Para poder ler e interpretar os desenhos técnicos de molas diversas, é necessário conhecer
suas características.

147
Molas planas
As molas planas são feitas de material plano ou em fita. As molas planas podem ser simples,
prato, feixe de molas e espiral.

Observe a ilustração da mola plana simples.

Esse tipo de mola é empregado somente para algumas cargas. Em geral, essa mola é fixa
numa extremidade e livre na outra. Quando sofre a ação de uma força, a mola é flexionada em
direção oposta.

Veja agora a mola prato. Essa mola tem a forma de um tronco de cone com paredes de seção
retangular.

Em geral, as molas prato funcionam associadas entre si, empilhadas, formando colunas. O
arranjo das molas nas colunas depende da necessidade que se tem em vista.

148
Veja a seguir dois exemplos de colunas de molas prato.

As características das molas prato são:

 De:diâmetro externo da mola;


 Di: diâmetro interno da mola;
 H: comprimento da mola;
 h: comprimento do tronco interno da mola;
 e: espessura da mola.

O feixe de molas é feito de diversas peças planas de comprimento variável, moldadas de


maneira que fiquem retas sob a ação de uma força.

Finalmente, conheça um pouco mais sobre a mola espiral.


A mola espiral tem a forma de espiral ou caracol. Em geral ela é feita de barra ou de lâmina
com seção retangular.

149
A mola espiral é enrolada de tal forma que todas as espiras ficam concêntricas e coplanares.

Esse tipo de mola é muito usado em relógios e brinquedos.

Para interpretar a cotagem da mola espiral, você precisa conhecer suas características. É o
que você vai aprender a seguir.

 De: diâmetro externo da mola


 L: largura da seção da lâmina;
 e: espessura da seção da lâmina;
 nº: número de espiras.

A representação das molas, nos desenhos técnicos, é normalizada pela ABNT. São três as
formas de representação adotadas:
 normal;
 em corte;
 simplificada.

Os quadros a seguir mostram os três tipos de representação das principais molas estudadas
nestas aulas. Examine os quadros com muita atenção. Observe bem os detalhes de cada
representação.
Note que nas representações normais as espiras são desenhadas do modo como são vistas
pelo observador.
Já nas representações simplificadas as espiras são representadas esquematicamente, por
meio de linhas.

150
151
Material de fabricação
As molas podem ser feitas com os seguintes materiais: aço, latão, cobre, bronze, borracha,
madeira, plastiprene, etc.

As molas de borracha e de arames de aço com pequenos diâmetros, solicitados a tração,


apresentam a vantagem de constituírem elementos com menor peso e volume em relação à
energia armazenada.

Para conservar certas propriedades das molas - elásticas, magnéticas; resistência ao calor e à
corrosão - deve-se usar aços-liga e bronze especiais ou revestimentos de proteção. Os aços
molas devem apresentar as seguintes características: alto limite de elasticidade, grande
resistência, alto limite de fadiga.

Quando as solicitações são leves, usam-se aços-carbono - ABNT 1070 ou ABNT 1095.

Além de 8mm de diâmetro, não são aconselháveis os aços-carbono, pois a têmpera não chega
até o núcleo.

As molas destinadas a trabalhos em ambientes corrosivos com grande variação de temperatu-


ras são feitas de metal monel (33% CU - 67% Ni) ou aço inoxidável.

Os aços-liga apresentam a vantagem de se adequarem melhor a qualquer temperatura, sendo


particularmente úteis no caso de molas de grandes dimensões.

Aplicação
Para selecionar o tipo de mola, é preciso levar em conta certos fatores, como por exemplo,
espaço ocupado, peso e durabilidade. Há casos em que se deve considerar a observação das
propriedades elásticas, atritos internos ou externo adicional (amortecimento, relações especiais
entre força aplicada e deformação).

Na construção de máquinas empregam-se, principalmente, molas helicoidais de arame de aço.


São de baixo preço, de dimensionamento e montagem fáceis e podem ser aplicadas em forças
de tração e de compressão.

152
As molas de borracha são utilizadas em fundações, especialmente como amortecedores de
vibrações e ruídos e em suspensão de veículos.

As molas de lâmina (feixe de molas) e de barra de torção requerem espaços de pequena altura
(veículos).

As molas espirais (de relógios) e de prato podem ser montadas em espaços estreitos.

As molas de lâmina, de prato, helicoidal de prato e de borracha dispendem pouca quantidade


de energia por atrito.

153
Came
Came é um elemento de máquina cuja superfície tem um formato especial. Normalmente, há
um excêntrico, isto é, essa superfície possui uma excentricidade que produz movimento num
segundo elemento denominado seguidor.

Veja, a seguir, a came do comando de válvula.

154
À medida que a came vai girando, o seguidor sobe e desce, ou vice-versa. Veja dois momen-
tos desse movimento.

Tipos
As cames geralmente se classificam nos seguintes tipos: de disco, de tambor, frontal e de
quadro.

Came de disco
É uma came rotativa e excêntrica. Consta de um disco, devidamente perfilado, que gira com
velocidade constante, fixado a um eixo. O eixo comanda o movimento alternativo axial periódi-
co de uma haste denominada seguidor.
A extremidade da haste da came de disco pode ser: de ponta, de rolo e de prato.

155
Came de tambor
As cames de tambor têm, geralmente, formato de cilindro ou cone sobre o qual é feita uma
ranhura ou canaleta. Durante a rotação do cilindro em movimento uniforme, ocorre desloca-
mento do seguidor sobre a ranhura. O seguidor é perpendicular à linha de centro do tambor e
é fixado a uma haste guia.

Came frontal
Tem a forma de um cilindro seccionado, sendo que as geratrizes têm comprimentos variados.
Durante a rotação do cilindro em movimento uniforme, ocorre o movimento alternativo axial
periódico do seguidor, paralelo à geratriz do tambor.

156
Quadro com came circular
É constituído de um quadro que encerra um disco circular. Veja, ao lado, o funcionamento
desse tipo de came. O disco (A), ao girar pelo eixo (O), com movimento uniforme, faz com que
o quadro (B) se desloque com movimentos alternados de vaivém.

Quadro com came triangular


É constituído de um quadro retangular que encerra um disco triangular. Os lados desse disco
são arcos de circunferência. O disco triangular, ao girar com movimento circular uniforme,
conduz o quadro num movimento alternado variado.

Came de palminha
Palminhas são cames que transformam o movimento circular contínuo em movimento intermi-
tente de queda. Existem palminhas de martelo e de pilão.

157
Palminha de martelo
Nesse tipo de came, a distância entre os dentes do elemento condutor deve ter dimensões que
evitem a queda da alavanca sobre o dente seguinte. Portanto, é preciso que, durante a queda
da alavanca, o elemento condutor permaneça girando.

Palminha de pilão
Nesse tipo de came, o elemento condutor deve ser perfilado de modo que, durante o movimen-
to circular, a haste do pilão faça o movimento uniforme de subida e a sua descida seja rápida.

158
Representação gráfica do movimento da came de disco
O disco, ao girar, apresenta seus contornos excêntricos, com raios variáveis.
A haste se desloca conforme o movimento dado pela excentricidade ou pela diferença desses
raios. Veja o desenho.

Para entender melhor, analise a figura acima. Você pode verificar que, quando a came gira no
sentido da seta A, o seguidor toca a came nos pontos 1', 2', 3', 4'..., retornando ao ponto 1',
após uma volta completa. Para obter o diagrama da came, basta retificar a circunferência de
raio 0-1 da figura anterior.

159
Nesse desenho, o ciclo corresponde à circunferência de raio 0-1 retificada. A linha formada
pelos pontos 1', 2', 3', 4', ... 1', corresponde à curva descrita pelo seguidor, na qual as alturas
1-1', 2-2', 3-3', 4-4', 5-5', ... 1-1', correspondem às distâncias da circunferência de raio 0-1 até a
superfície percorrida pelo seguidor na came. Esse gráfico é utilizado para construir a came.

Aplicação das cames


As cames são aplicadas principalmente em:
 máquinas operatrizes
 máquinas têxteis
 máquinas automáticas de embalar
 armas automáticas
 motores térmicos
 comandos de válvulas

Acoplamento
Acoplamento é um conjunto mecânico, constituído de elementos de máquina, empregado na
transmissão de movimento de rotação entre duas árvores ou eixo-árvores.

Classificação
Os acoplamentos podem ser fixos, elásticos e móveis.

Acoplamentos fixos

160
Os acoplamentos fixos servem para unir árvores de tal maneira que funcionem como se
fossem uma única peça, alinhando as árvores de forma precisa. Por motivo de segurança, os
acoplamentos devem ser construídos de modo que não apresentem nenhuma saliência.

Acoplamento rígido com flanges parafusadas


Esse tipo de acoplamento é utilizado quando se pretende conectar árvores, e é próprio para a
transmissão de grande potência em baixa velocidade.

Acoplamento com luva de compressão ou de aperto


Esse tipo de luva facilita a manutenção de máquinas e equipamentos, com a vantagem de não
interferir no posicionamento das árvores, podendo ser montado e removido sem problemas de
alinhamento.

161
Acoplamento de discos ou pratos
Empregado na transmissão de grandes potências em casos especiais, como, por exemplo, nas
árvores de turbinas. As superfícies de contato nesse tipo de acoplamento podem ser lisas ou
dentadas.

Acoplamentos elásticos
Esses elementos tornam mais suave a transmissão do movimento em árvores que tenham
movimentos bruscos, e permitem o funcionamento do conjunto com desalinhamento paralelo,
angular e axial entre as árvores.

Os acoplamentos elásticos são construídos em forma articulada, elástica ou articulada e


elástica. Permitem a compensação de até 6 graus de ângulo de torção e deslocamento angular
axial.

Veja a seguir os principais tipos de acoplamentos elásticos.

162
Acoplamento elástico de pinos
Os elementos transmissores são pinos de aço com mangas de borracha.

Acoplamento perflex
Os discos de acoplamento são unidos perifericamente por uma ligação de borracha apertada
por anéis de pressão. Esse acoplamento permite o jogo longitudinal de eixos.

Acoplamento elástico de garras


As garras, constituídas por tocos de borracha, encaixam-se nas aberturas do contradisco e
transmitem o movimento de rotação.

163
Acoplamento elástico de fita de aço
Consiste de dois cubos providos de flanges ranhuradas, nos quais está montada uma grade
elástica que liga os cubos. O conjunto está alojado em duas tampas providas de junta de
encosto e de retentor elástico junto ao cubo. Todo o espaço entre os cabos e as tampas é
preenchido com graxa.

Apesar de esse acoplamento ser flexível, as árvores devem estar bem alinhadas no ato de sua
instalação para que não provoquem vibrações excessivas em serviço.

Acoplamento de dentes arqueados


Os dentes possuem a forma ligeiramente curvada no sentido axial, o que permite até 3 graus
de desalinhamento angular. O anel dentado (peça transmissora do movimento) possui duas
carreiras de dentes que são separadas por uma saliência central.

164
Junta universal homocinética
Esse tipo de junta é usado para transmitir movimento entre árvores que precisam sofrer
variação angular, durante sua atividade. Essa junta é constituída de esferas de aço que se
alojam em calhas.

A ilustração anterior é a de junta homocinética usada em veículos. A maioria dos automóveis é


equipada com esse tipo de junta.

165
Acoplamentos móveis
São empregados para permitir o jogo longitudinal das árvores. Esses acoplamentos transmi-
tem força e movimento somente quando acionados, isto é, obedecem a um comando.

Os acoplamentos móveis podem ser: de garras ou dentes, e a rotação é transmitida por meio
do encaixe das garras ou de dentes. Geralmente, esses acoplamentos são usados em aven-
tais e caixas de engrenagens de máquinas-ferramenta convencionais.

166
Montagem de acoplamentos

Os principais cuidados a tomar durante a montagem dos acoplamentos são:

 Colocar os flanges a quente, sempre que possível.


 Evitar a colocação dos flanges por meio de golpes: usar prensas ou dispositivos ade-
quados.
 O alinhamento das árvores deve ser o melhor possível mesmo que sejam usados aco-
plamentos elásticos, pois durante o serviço ocorrerão os desalinhamentos a serem
compensados.
 Fazer a verificação da folga entre flanges e do alinhamento e concentricidade do flange
com a árvore.
 Certificar-se de que todos os elementos de ligação estejam bem instalados antes de
aplicar a carga.

Lubrificação de acoplamentos
Os acoplamentos que requerem lubrificação, geralmente não necessitam cuidados especiais.

O melhor procedimento é o recomendado pelo fabricante do acoplamento ou pelo manual da


máquina. No entanto, algumas características de lubrificantes para acoplamentos flexíveis são
importantes para uso geral:

 ponto de gota - 150ºC ou acima;


 consistência - NLGI nº2 com valor de penetração entre 250 e 300;
 baixo valor de separação do óleo e alta resistência à separação por centrifugação;
 deve possuir qualidades lubrificantes equivalentes às dos óleos minerais bem re-
finados de alta qualidade;
 não deve corroer aço ou deteriorar o neopreme (material das guarnições).

167
Elementos de Apoio

Conceito de mancal

Mancal é um suporte de apoio de eixos e rolamentos que são elementos girantes de máquinas.
Os mancais classificam-se em duas categorias: mancais de deslizamento e
mancais de rolamento.

Mancais de deslizamento - São concavidades nas quais as pontas de um eixo se apoiam. Por
exemplo, na figura seguinte, as duas concavidades existentes nos blocos onde as pontas de
um eixo se apoiam são mancais de deslizamento.

Mancais de rolamento - São aqueles que comportam esferas ou rolos nos quais o eixo se
apoia. Quando o eixo gira, as esferas ou rolos também giram confinados dentro do mancal.
Por exemplo, se colocarmos esferas ou rolos inseridos entre um eixo e um bloco, conforme
figura abaixo, o eixo rolará sobre as esferas ou rolos.

168
Pode-se afirmar que os rolamentos de esferas são usados para cargas leves ou médias, e os
rolamentos de rolos para cargas médias ou pesadas.
Por exemplo, em bicicletas e motocicletas, que suportam cargas leves, os cubos das rodas
apresentam rolamentos de esferas. Em caminhões, que suportam cargas pesadas, os cubos
das rodas apresentam rolamentos de rolos. Já em automóveis, que suportam cargas médias,
os cubos das rodas podem apresentar rolamentos de esferas ou de rolos.

Tipos de rolamento
Os tipos de rolamento construídos para suportar cargas atuando perpendicularmente ao eixo,
tais como os rolamentos dos cubos de rodas, por exemplo, são chamados de rolamentos
radiais.

Os rolamentos projetados para suportar cargas que atuam na direção do eixo são chamados
de rolamentos axiais.
Um rolamento axial pode ser usado, por exemplo, para suportar o empuxo da hélice propulsora
de um navio. Muitos tipos de rolamento radiais são capazes de suportar, também, cargas
combinadas, isto é, cargas radiais e axiais.

169
Aplicação de rolamentos
O arranjo de rolamentos, num elemento de máquina, pode ser feito de vários modos. É comum
usar dois rolamentos espaçados a uma certa distância. Estes rolamentos podem ser alojados
numa mesma caixa ou em duas caixas separadas, sendo a escolha feita com base no projeto
da máquina e na viabilidade de empregar caixas menos onerosas.

A maioria das caixas padronizadas é construída para alojar um rolamento. Também são
fabricadas caixas padronizadas para dois rolamentos, embora em menor quantidade.

Em certos tipos de máquina, os rolamentos são montados diretamente no corpo delas. Os


redutores são um exemplo. Em tais casos, o fabricante da máquina deve projetar e produzir
tampas e porcas, bem como projetar o sistema de vedação e de lubrificação.

Em outras aplicações, em vez do eixo girar, outros elementos de máquina é que giram sobre
ele, que se mantém estacionado. É o caso das polias ou rolos não tracionados.

170
Como verificar as condições de um rolamento
O comportamento do rolamento pode ser verificado pelo tato e pela audição. Para checar o
processo de giro, faz-se girar o rolamento, lentamente, com a mão. Esse procedimento permiti-
rá constatar se o movimento é produzido com esforço ou não, e se ele ocorre de modo unifor-
me ou desigual.

Na verificação pela audição, faz-se funcionar o rolamento com um número de rotações reduzi-
do. Se o operador ouvir um som raspante, como um zumbido, é porque as pistas do rolamento
estão sujas; se o som ouvido for estrepitoso, a pista apresenta danos ou descascamento; se o
som ouvido for metálico, tipo silvo, é sinal de pequena folga ou falta de lubrificação.

A verificação pelo ouvido pode ser melhorada colocando-se um bastão ou uma chave de fenda
contra o alojamento onde se encontra o rolamento. Encostando o ouvido na extremidade livre
do bastão ou no cabo da chave de fenda, ou ainda utilizando um estetoscópio eletrônico, os
tipos de sonoridade poderão ser detectadas facilmente.

Além dos ruídos, outro fator a ser observado nos rolamentos é a temperatura. A temperatura
pode ser verificada por meio de termômetros digitais, sensíveis aos raios infravermelhos. Outra
maneira de verificar a temperatura de um rolamento é aplicar giz sensitivo ou, simplesmente,
colocar a mão no alojamento do rolamento.

171
Se a temperatura estiver mais alta que o normal ou sofrer constantes variações, isto significa
que há algum problema no rolamento. O problema pode ser:

 lubrificação deficiente;
 lubrificação em excesso;
 presença de sujeiras;
 excesso de carga;
 folga interna muito pequena;
 início de desgastes;
 rolamento “preso” axialmente;
 excesso de pressão nos retentores;
 calor proveniente de fonte externa.

Salientemos que ocorre um aumento natural na temperatura, durante um ou dois dias, após a
lubrificação correta de um rolamento.

Outros pontos que devem ser inspecionados em um rolamento são os seguintes: vedações,
nível do lubrificante e seu estado quanto à presença de impurezas.

172
Inspeção de rolamentos em máquinas
A inspeção de rolamentos em máquinas deve ser efetuada com as máquinas paradas para
evitar acidentes.
A seguinte sequência de operações deve ser feita na fase de inspeção de um rolamento:

a) Limpar as superfícies externas e anotar a sequência de remoção dos componentes da


máquina.

b) Verificar o lubrificante. Vários tipos de impurezas podem ser sentidos pelo tato, bastando
esfregar uma amostra do lubrificante entre os dedos. Uma fina camada de lubrificante espa-
lhada nas costas da mão permitirá uma inspeção visual.

173
c) Impedir que sujeira e umidade penetrem na máquina, após a remoção das tampas e veda-
dores. Em caso de interrupção do trabalho, proteger a máquina, rolamentos e assentos com
papel parafinado, plástico ou material similar. O uso de estopa é condenável, pois fiapos
podem contaminar os rolamentos.

d) Lavar o rolamento exposto, onde é possível fazer uma inspeção sem desmontá-lo. A lava-
gem deve ser efetuada com um pincel molhado em querosene.

e) Secar o rolamento lavado com um pano limpo sem fiapos ou com ar comprimido. Se for
aplicado ar comprimido, cuidar para que nenhum componente do rolamento entre em rotação.
Rolamentos blindados (com duas placas de proteção ou de vedação) nunca deverão ser
lavados.

174
Procedimentos para desmontagem de rolamentos
Antes de iniciar a desmontagem de um rolamento recomenda-se, como primeiro passo, marcar
a posição relativa de montagem, ou seja, marcar o lado do rolamento que está para cima e o
lado que está de frente e, principalmente, selecionar as ferramentas adequadas. Vejamos
como se faz para desmontar rolamentos com interferência no eixo, com interferência na caixa
e montados sobre buchas.

Desmontagem de rolamento com interferência no eixo


A desmontagem de rolamento com interferência no eixo é feita com um saca-polias. As garras
desta ferramenta deverão ficar apoiadas diretamente na face do anel interno.

Quando não for possível alcançar a face do anel interno, o saca-polias deverá ser aplicado na
face do anel externo, conforme figura abaixo. Entretanto, é importante que o anel externo seja
girado durante a desmontagem. Esse cuidado garantirá que os esforços se distribuam pelas
pistas, evitando que os corpos rolantes (esferas ou roletes) as marquem.

Na operação, o parafuso deverá ser travado ou permanecer seguro por uma chave. As garras
é que deverão ser giradas com a mão ou com o auxílio de uma alavanca.

175
Na falta de um saca-polias, pode-se usar um punção de ferro ou de metal relativamente mole,
com ponta arredondada, ou uma outra ferramenta similar. O punção deverá ser aplicado na
face do anel interno. O rolamento não deverá, em hipótese alguma, receber golpes diretos do
martelo. Esse método exige bastante cuidado, pois há riscos de danificar o rolamento e o eixo.

176
Desmontagem de rolamento com interferência na caixa
Quando o rolamento possui ajuste com interferência na caixa, como em uma roda, ele poderá
ser desmontado com o auxílio de um pedaço de tubo metálico com faces planas e livres de
rebarbas. Uma das extremidades do tubo é apoiada no anel externo, enquanto a extremidade
livre recebe golpes de martelo.
Os golpes deverão ser dados ao longo de toda a extremidade livre do tubo.

Caso haja ressaltos entre os rolamentos, deve-se usar um punção de ferro ou de metal relati-
vamente mole, com ponta arredondada, ou ferramenta similar. Os esforços deverão ser
aplicados sempre no anel externo.

177
O conjunto do anel interno de um rolamento autocompensador de rolos ou de esferas pode ser
desalinhado. O desalinhamento permite o uso de um saca polias no anel externo.

Desmontagem de rolamentos montados sobre buchas


Os rolamentos autocompensadores de rolos ou esferas são geralmente montados com buchas
de fixação. Essas buchas apresentam a vantagem de facilitar a montagem e a desmontagem
dos rolamentos, uma vez que o assento do eixo, com o uso dessas buchas, passa a não
necessitar de uma usinagem precisa.

A ilustração mostra, da esquerda para a direita, os seguintes elementos: porca de fixação,


arruela de trava, rolamento e bucha de fixação.

A desmontagem de rolamentos montados sobre buchas de fixação deve ser iniciada após se
marcar a posição da bucha sobre o eixo. A orelha da arruela de trava, dobrada no rasgo da
porca de fixação, deve ser endireitada, e a porca deverá ser solta com algumas voltas.

178
A seguir, o rolamento deverá ser solto da bucha de fixação por meio da martelagem no tubo
metálico, conforme explicado anteriormente.

Quando a face da porca estiver inacessível, ou quando não existir um espaço entre o anel
interno e o encosto do eixo, a ferramenta deverá ser aplicada na face do anel interno do
rolamento.

179
Montagem de rolamentos
A montagem de rolamentos deve pautar-se nos seguintes princípios:

 escolher o método correto de montagem;


 observar as regras de limpeza do rolamento;
 limpar o local da montagem que deverá estar seco;
 selecionar as ferramentas adequadas que deverão estar em perfeitas condi-
ções de uso;
 inspecionar cuidadosamente os componentes que posicionarão os rolamentos;
 remover as rebarbas e efetuar a limpeza do eixo e encostos;
 verificar a precisão de forma e dimensões dos assentos do eixo e da caixa;
 verificar os retentores e trocar aqueles que estão danificados;
 retirar o rolamento novo - em caso de substituição - da sua embalagem original somente na
hora da montagem. A embalagem apresenta um protetor antiferruginoso.

A aplicação desses princípios permite montar, corretamente, os rolamentos com interferência


no eixo e com interferência na caixa.

180
Montagem de rolamentos com interferência no eixo
A montagem de rolamentos com interferência no eixo segue os seguintes passos:

Lubrificar o assento do rolamento.

Posicionar o rolamento sobre o eixo com o auxílio de um martelo.


Os golpes não devem ser aplicados diretamente no rolamento e sim no tubo metálico adaptado
ao anel interno.

· Usar as roscas internas ou externas, porventura existentes no eixo, para a montagem.

181
Usar prensas mecânicas ou hidráulicas para montar rolamentos pequenos e médios.

Aquecer os rolamentos grandes em banho de óleo numa temperatura entre 100°C e


120° C e colocá-los rapidamente no eixo antes de esfriarem.

Se o rolamento for do tipo que apresenta lubrificação permanente, ele não deverá ser
aquecido conforme descrito anteriormente. O aquecimento remove o lubrificante e o ro-
lamento sofrerá danos.
Para rolamentos que apresentam lubrificação permanente, recomenda-se esfriar o eixo
onde eles serão acoplados. A contração do eixo facilitará a colocação dos rolamentos;
contudo, convém salientar que há aços que sofrem modificações estruturais permanen-
tes quando resfriados.

182
Montagem de rolamentos com interferência na caixa
Os passos para a montagem de rolamentos com interferência na caixa, basicamente, são os
mesmos recomendados para a montagem de rolamentos com interferência no eixo:

Usar um pedaço de tubo metálico contra a face do anel externo após a lubrificação das partes
a serem montadas.

Cuidar para que o rolamento não fique desalinhado em relação à caixa.


· Utilizar uma prensa hidráulica ou mecânica.
· Aquecer a caixa para a montagem de rolamentos grandes

Função dos mancais de deslizamento e seus parâmetros de construção


A principal função dos mancais de deslizamento, existentes em máquinas e equipamentos, é
servir de apoio e guia para os eixos girantes.

Os mancais de deslizamento são elementos de máquinas sujeitos às forças de atrito. Tais


forças surgem devido à rotação dos eixos que exercem cargas nos alojamentos dos mancais
que os contêm.

183
A vida útil dos mancais de deslizamento poderá ser prolongada se alguns parâmetros de
construção forem observados:

 os materiais de construção dos mancais de deslizamento deverão ser bem selecionados e


apropriados a partir da concepção do projeto de fabricação.
O projeto de fabricação deverá prever as facilidades para os trabalhos de manutenção e
reposição, considerando as principais funções dos mancais de deslizamento que são
apoiar e guiar os eixos.

 sendo elementos de máquinas sujeitos às forças de atrito, os mancais de deslizamento


deverão apresentar um sistema de lubrificação eficiente. Lembremos que as forças de atri-
to geram desgastes e calor e, no caso dos mancais de deslizamento, opõem-se, também,
ao deslocamento dos eixos.

 é importante que o projeto de construção dos mancais de deslizamento contemple a


facilidade de desmontagem e troca de equipamentos, bem como a compatibilidade entre o
dimensionamento dos mancais com as cargas que os sujeitarão.

184
 na construção de mancais de deslizamento, o projeto deverá levar em conta, além das
funções próprias desses elementos, o meio ambiente no qual eles trabalharão. Normal-
mente, o ambiente no qual os mancais de deslizamento trabalham é cheio de poeira e ou-
tros resíduos ou impurezas.

Inspeção de mancais de deslizamento em máquinas operando


A inspeção de mancais de deslizamento em máquinas operando exige que o mecânico de
manutenção conheça, previamente, o programa de inspeção.

Além disso, o mecânico de manutenção deverá deter, previamente, as informações a respeito


dos problemas, tais como: ruídos anormais, excesso de vibrações e gradiente de temperatura
dos mancais.

185
Conhecendo previamente o programa de inspeção e de posse das informações a respeito dos
problemas, o mecânico de manutenção deverá selecionar as ferramentas e os equipamentos a
serem utilizados na manutenção. Após isso, todas as uniões dos mancais terão de ser exami-
nadas quanto aos ruídos, aquecimento e vazamentos de lubrificante. Os eixos deverão ser
inspecionados quanto às folgas e vibrações.

Frequência das inspeções em mancais de deslizamento


A frequência das inspeções em mancais de deslizamento depende, principalmente, das
condições de trabalho que eles suportam, ou seja, da velocidade com que os eixos giram
apoiados neles, da frequência de lubrificação, das cargas que eles suportam e da quantidade
de calor que eles geram. Essa quantidade de calor é avaliada pela temperatura do conjunto.

Para exemplificar a frequência de inspeções em conjuntos que possuem mancais de desliza-


mento, observe os seguintes casos:

 mancais de eixos que sustentam polias: uma vez por mês;


 mancais de cabeçotes ou caixas de engrenagens: a cada vinte dias;
 mancais de apoio pequenos: uma a cada dois meses.

É importante salientar que os períodos estipulados para as inspeções podem


variar de acordo com as condições de trabalho citadas anteriormente.

Limpeza de mancais de deslizamento


Os mancais desmontados devem ser lavados com querosene para dissolver o lubrificante
usado e eliminar as impurezas.

Após a lavagem dos mancais, eles deverão ser lubrificados com o mesmo tipo de lubrificante
anteriormente usado, desde que esse tipo não seja o causador de algum provável dano.

No local de funcionamento dos mancais, a limpeza deve ser contínua nas proximidades para
eliminar os elementos estranhos que poderiam contaminar o lubrificante, tais como: água,
partículas metálicas, pó, abrasivos, ácidos etc.

186
Alinhamento de mancais de deslizamento
O alinhamento de mancais de deslizamento pode ser obtido de dois modos:

a) Colocar o eixo sobre o mancal e fazer o eixo girar para que se possa observar as marcas
provocadas pelo eixo contra o mancal. Quando os mancais estiverem alinhados, as marcas
deverão ser uniformes.

b) Comparar o alinhamento do mancal com um eixo padrão, controlando o paralelismo com


calibradores e o alinhamento horizontal com um nível de precisão.

Controle da folga de mancais de deslizamento


Para o controle da folga de mancais de deslizamento, exige-se o posicionamento correto do
conjunto mancal e eixo. O conjunto deverá girar livremente. O controle da folga entre o mancal
e o eixo é feito com uma lâmina calibrada verificadora de folgas. O controle da folga, quando
se exige maior precisão dimensional, pode ser efetuado com um relógio comparador.

187
Algumas vantagens e desvantagens dos mancais de deslizamento
O quadro a seguir mostra algumas vantagens e desvantagens dos mancais de deslizamento.

VANTAGENS DESVANTAGENS
São simples de montar e desmon-
Produzem altas temperaturas em serviço.
tar.
Adaptam-se facilmente às circuns- Provocam desgastes em buchas e eixos
tâncias. devido às deficiências de lubrificação.
Apresentam formatos de constru- Provocam perda de rendimento devido ao
ção variados. atrito.
Não permitem desalinhamentos.
Exigem constantes lubrificações.

Alinhamento e controle dos eixos


O controle e o alinhamento dos eixos visam determinar, com exatidão, a correta posição que
eles devem assumir em condições de trabalho.

Quando se fala em alinhamento de eixos, deve-se levar em consideração a base de apoio das
máquinas e equipamentos que os contêm. De fato, as máquinas e equipamentos existentes,
nas empresas, nos setores de produção, assentam-se, parcial ou totalmente, na maioria das
vezes, em pisos concretados. O concreto tem a capacidade de evitar ou reduzir, ao mínimo, as
vibrações e deslocamentos das máquinas e equipamentos.

O nivelamento correto contribui para que não ocorram rupturas e desgastes desnecessários de
muitos elementos das máquinas e equipamentos. Por exemplo, quando se instala uma bomba
sobre uma base de apoio apenas cimentada, o nivelamento adequado é difícil de ser obtido. A
bomba, nessas condições, trará problemas, mais cedo ou mais tarde.
188
As figuras a seguir mostram exemplos de equipamentos que exigem o correto alinhamento dos
eixos.

O alinhamento de eixos é feito de diversas maneiras, e os instrumentos e equipamentos


utilizados na operação variam de acordo com o grau de exatidão requerido.

As ilustrações a seguir mostram a verificação do alinhamento de eixos.

189
Formas construtivas e ajustes de mancais de deslizamento simples
Os mancais de deslizamento apresentam as mais diversas formas construtivas. O formato
desses mancais está vinculado a um determinado emprego ou a uma determinada condição
específica de trabalho.

Os tipos mais simples de mancais de deslizamento são apresentados nas figuras seguintes.
Eles não oferecem possibilidades de ajustes ou regulagens e a manutenção é efetuada com a
troca da bucha de deslizamento.

190
No caso do mancal ilustrado abaixo, tem-se um mancal bipartido no qual se pode aplicar
buchas inteiriças ou partidas. Nesse tipo de mancal, é comum a presença de uma folga entre a
capa e a base para facilitar o ajuste do conjunto.

Nas ilustrações a seguir, temos outras formas construtivas de mancais de deslizamento. A


primeira ilustração, à esquerda, mostra a possibilidade de deslocamento do eixo provocado
pela ação de forças axiais nele atuantes.

191
A outra ilustração apresenta uma solução construtiva que elimina a possibilidade de desloca-
mento do eixo com a aplicação de anéis de ajuste e travamento, colocados nas laterais do
mancal.

Em determinadas máquinas ou equipamentos que apresentam eixos longos transmissres de


torque, são empregados mancais de deslizamento associados. Essa medida evita deforma-
ções, vibrações e outras irregularidades prejudiciais ao bom funcionamento do sistema.

De acordo com a situação de montagem encontrada, quando se fala em mancais de desliza-


mento e alinhamento de eixos, recomendam-se os seguintes procedimentos:

 Aumentar a altura dos calços com chapas ou lâminas.

192
 Rebaixar o material do assento do suporte do mancal.

 Rebaixar a base de apoio do mancal ao mínimo e ajustá-lo com o rasquete.

A adoção de qualquer um dos procedimentos citados exigirá, no final, o ajuste do mancal com
rasquete; contudo, o importante é que o eixo gire perfeitamente.

Sempre que houver mais de dois mancais num sistema, o alinhamento deverá ser iniciado
pelos mancais da extremidade e terminar nos mancais intermediários.

193
Mancais de rolamento

Quando se buscou diminuir sensivelmente os problemas de atrito e resistência, à alta veloci-


dade, encontrados nos mancais de deslizamento, chegou-se aos mancais de rolamento ou
simplesmente rolamentos

Os rolamentos são elementos de máquinas constituídos por dois anéis de aço


(geralmente SAE 52 100) separados por uma ou mais fileiras de esferas ou rolos.

Essas esferas ou rolos são mantidos equidistantes por meio do separador ou gaiola a fim de
distribuir os esforços e manter concêntricos os anéis.

O anel externo (capa) é fixado na peça ou no mancal e o anel interno é fixado diretamente ao
eixo.

194
A seguir veja as vantagens e desvantagens que os rolamentos possuem em relação aos
mancais de deslizamento.

Classificação dos rolamentos

Quanto ao tipo de carga que suportam, os rolamentos podem ser:


• Radiais . suportam cargas radiais e leves cargas axiais.
• Axiais . não podem ser submetidos a cargas radiais.
• Mistos . suportam tanto carga axial quanto radial.

195
Tipos de rolamentos

196
197
Designação dos rolamentos
Cada rolamento métrico padronizado tem uma designação básica específica que indica
o tipo de rolamento e a correlação entre suas dimensões principais.

198
Essas designações básicas compreendem 3, 4 ou 5 algarismos, ou uma combinação de
letras e algarismos, que indicam o tipo de rolamento, as séries de dimensões e o diâmetro do
furo, nesta ordem.
Os símbolos para os tipos de rolamento e as séries de dimensões, junto com os possíveis
sufixos indicando uma alteração na construção interna, designam uma série de rolamentos.

A tabela abaixo mostra esquematicamente como o sistema de designação é constituído.

Os algarismos entre parênteses, indicam que embora eles possam ser incluídos na designação
básica, são omitidos por razões práticas.

Como no caso do rolamento de duas carreiras de esferas de contato angular onde o zero é
omitido.
Convém salientar que, para a aquisição de um rolamento, é necessário conhecer apenas as
seguintes dimensões: o diâmetro externo, o diâmetro interno e a largura ou altura.

199
Com esses dados, consulta-se o catálogo do fabricante para obter a designação e informações
como capacidade de carga, peso, etc.

Rolamentos com proteção


Em função das características de trabalho, os rolamentos, às vezes, precisam ser protegidos
ou vedados.

A proteção é feita por vários tipos de placas (ou blindagem) diferentes. Os principais tipos de
placas são:

• Placa de proteção Z . é encaixada numa ranhura do anel externo e forma um vão es-
treito com um rebaixo na face lateral do anel interno (figura abaixo).

 Placa de proteção LZ . o vão estreito é formado sem o rebaixo no anel interno (figu-
ra abaixo). A placa Z está sendo substituída pela LZ, mas os rolamentos continuarão
a ser marcados com a mesma letra Z.

 Placa de vedação RS . é formada por uma lâmina de aço e um lábio de borracha


sintética que toca o anel interno formando um vedador de contato(figura abaixo).
Resiste a temperaturas de 80ºC.

200
 Placa de vedação RS1 . é um melhoramento da placa RS. Ela é feita de borracha ni-
trílica moldada sobre uma placa de reforço (figura abaixo). Esta placa resiste a tem-
peraturas na faixa de .20ºC a +100ºC.

 Placa de vedação RS2 . idêntica à RS1, porém feita com borracha fluoretada. Fato
que permite o uso em temperaturas de .30ºC a +180ºC. As designações Z e RS são
colocadas à direita do número que identifica o rolamento e, quando acompanhadas
do número 2, indicam proteção de ambos os lados.

Separadores ou gaiolas
A função da gaiola no rolamento é manter os corpos rolantes espaçados corretamente e, no
caso dos rolos, também guiá-los.

As gaiolas são feitas de chapa de latão ou aço e prensadas (figura abaixo), ou maciças e
usinadas. O latão é o material geralmente usado em gaiolas usinadas, mas também são
usados aço, ferro fundido nodular, náilon ou plástico fenólico.

Os rolamentos com gaiolas prensadas podem ser usados na maioria das aplicações, pois têm
um ótimo espaço para o lubrificante e resistem a altas temperaturas.

201
Para funcionamento com frequente mudança de direção, vibrações, altas rotações ou rápida
aceleração usam-se rolamentos com gaiolas usinadas.

As gaiolas feitas de náilon ou plástico fenólico são usadas para altas rotações sem provocar
com isso grandes ruídos.

Ajuste dos rolamentos

Geralmente um dos anéis do rolamento deve ser montado com interferência. Se o grau de
interferência não for suficiente, o anel escorregará ("creep") em relação ao eixo ou à caixa e
esses componentes podem ser danificados.
As condições de carga ou rotação determinam se um anel deve ou não ter ajuste com interfe-
rência e estão resumidas a seguir.

202
Apenas uma faixa limitada de campos de tolerância ISO deve ser considerada para ajustes de
rolamentos. A figura abaixo mostra a posição destes campos em relação à tolerância padrão
do furo do rolamento (hachurado). Os campos f a j dão vários graus de ajuste com folga; h e j
dão ajustes incertos.

Os campos k a r dão ajustes com interferência.

203
A figura abaixo mostra a posição dos campos de tolerância para os furos. Os campos G a K
dão ao anel externo vários graus de ajuste incerto ou com folga; M e P dão ajustes com
interferência.

Procedimentos em manutenção de rolamentos


O rolamento é um componente mecânico robusto que terá longa vida em serviço, especial-
mente se for montado corretamente e tiver uma boa manutenção.

Armazenagem
O rolamento deve ser conservado em sua embalagem original, coberto com graxa protetora,
embrulhado em papel parafinado e estocado de maneira que a embalagem não seja danifica-
da.

O ambiente deve ser seco. Isento de pó e livre de variações grandes de temperatura e não
deve ser frio demais para evitar condensação de umidade. O rolamento não deve ser posto no
chão.

Inspeção de rolamentos
O comportamento do rolamento pode ser verificado por palpação e por ouvido. Para verificar o
processo de giro faz-se girar o rolamento lentamente com a mão e podem se perceber as
perturbações tais como: se o movimento é produzido com esforço, se ocorre de modo desi-
gual, etc.

204
Na verificação pelo ouvido, faz-se funcionar o rolamento com reduzido número de rotações e
ouve-se:
• Um som raspante, como um zumbido, que indica falta de limpeza nas pistas.
• Um som estrepitoso que indica dano na pista ou descascamento dela.
• Um som metálico tipo silvo que indica folga pequena ou falta de lubrificação.

O processo de audição pode ser melhorado


colocando um bastão ou chave de fenda contra o
alojamento mais perto possível do rolamento e
encostando o ouvido na outra extremidade.

A temperatura é um indicador importante do estado do rolamento e pode ser verificada com


termômetro ou simplesmente colocando a mão no mancal. Se a temperatura estiver acima do
normal ou com variações bruscas indica lubrificação deficiente, excesso de sujeira ou sobre-
carga do rolamento.

Outros pontos que devem ser inspecionados são: as vedações, o nível do lubrificante e seu
estado quanto à presença de impurezas.

Desmontagem de rolamentos
O rolamento é desmontado por meio de extrator mecânico, tendo no parafuso a aplicação da
força de extração.

O extrator não deve danificar as superfícies de


ajuste; para tanto aplica-se o extrator do anel
que tem ajuste com interferência. O extrator
deve atuar de tal modo que o esforço não passe
através dos corpos rotativos.

205
Especialmente no caso de rolamentos grandes como os de laminadores e veículos sobre
trilhos, a desmontagem dos rolamentos é feita por meio de extrator mecânico combinado com
dispositivos auxiliares hidráulico ou de aquecimento.

Montagem de rolamento
Deve-se trabalhar em ambiente livre de pó e umidade e em bancada revestida de chapa.

O rolamento não deve ser tirado da embalagem antes do momento da montagem. E a prote-
ção antiferruginosa do rolamento também não deve ser removida, a não ser as das superfícies
que entrarão em contato com os alojamentos.

É importante certificar-se de que as dimensões dos alojamentos estão dentro das tolerâncias.
Via de regra, a parte que sustenta a carga tem o ajuste com interferência e a outra deslizante.
A forma dos alojamentos deve estar em ordem, isto é, sem rebarbas, ovalização, degraus ou
conificações e em esquadro.

No caso de reaproveitar-se um rolamento, é indispensável um exame cuidadoso das pistas e


corpos rolantes com auxílio de lupa e verificação auditiva.

206
Montagem com interferência no eixo
Primeiramente, o assento do rolamento deve ser lubrificado (figura abaixo), depois para
conseguir seu posicionamento correto sobre o eixo, devem ser dados golpes, normalmente
com martelo, que nunca devem ser aplicados diretamente sobre o rolamento.

Usa-se para isso um pedaço de tubo que se adapte ao anel interno. O material desse tubo
deve ser mais macio que o material do rolamento, e não deve soltar cavacos.

Se o eixo possuir roscas internas ou externas, elas poderão ser utilizadas na montagem.

207
Para montagem de rolamentos pequenos e médios, poderão ser ainda utilizadas prensas
mecânicas ou hidráulicas.

O rolamento grande é montado com facilidade se aquecido, em banho de óleo (figura abaixo),
a uma temperatura entre 100 e 120ºC e colocado rapidamente no eixo antes de esfriar.

Quando se tratar de rolamento com lubrificação permanente, esse aquecimento não será
possível, porque remove o lubrificante. Neste caso deve-se esfriar o eixo que se contrairá e
facilitará a colocação. É importante lembrar que alguns dos aços, assim esfriados, podem
sofrer modificações permanentes.

Montagem com interferência na caixa


Seguindo o mesmo procedimento para a montagem do rolamento com interferência no eixo, na
montagem com interferência na caixa, deve-se usar também uma "caneca" ou um pedaço de
tubo contra a face do anel externo após a lubrificação das partes a serem montadas.

208
Deve-se tomar cuidado para que o rolamento não esteja desalinhado em relação à caixa.
Poderá ser utilizada para essa montagem também uma prensa mecânica ou hidráulica. No
caso de rolamentos grandes, poderá, ainda, ser necessário (às vezes) aquecer a caixa para a
montagem.

Folga e aperto (pré-carga)


Nos rolamentos com assento cônico (geralmente 1:12), é necessário controlar a folga com
calibre (figura abaixo) porque o anel se dilata com a montagem e pode reduzir excessivamente
a folga.

Nos rolamentos de rolos cônicos deve-se verificar se é exigida uma folga ou um aperto (pré-
carga). A folga deve ser medida com calibre e a pré-carga com torquímetro, seguindo especifi-
cações do fabricante do equipamento.

A pré-carga deve ser aplicada girando-se o rolamento durante a aplicação, para evitar o
brinelamento.

209
A pré-carga é empregada para assegurar um funcionamento preciso do eixo, reduzir sua
deflexão sob carga, aumentar a resistência à fadiga do rolamento, diminuir o ruído e garantir a
elasticidade do conjunto.

Amaciamento
É necessário lubrificar os rolamentos antes de colocar a máquina em funcionamento, pois em
geral a lubrificante demora para ir do reservatório até o rolamento. Pelo mesmo motivo não se
pode iniciar com carga total.

Após entrar em funcionamento, a máquina deve ter a temperatura dos mancais observada
durante algumas horas.

Se a temperatura da máquina subir inicialmente, mas descer ou estabilizar dentro dos limites
recomendados, trata-se da acomodação de peças entre si.

No entanto, se a temperatura da máquina subir continuamente, trata-se de defeito ocorrido na


montagem.

Defeitos comuns dos rolamentos


Os defeitos comuns dos rolamentos são divididos nos seguintes grupos:

• Desgaste
• Fadiga
• Falhas mecânicas

Desgaste
O desgaste pode ocorrer pelos seguintes motivos:
• Desgaste por deficiência de lubrificação (figura abaixo) além do aparecimento de folga
exagerada é caracterizado pelo aspecto reluzente das superfícies.

210
 Desgaste por partículas abrasivas (figura abaixo), além da remoção do material nas
pistas, será notado desgaste mais pronunciado nas pontas dos rolos e nas gaiolas.

 Desgaste por patinação (figura ao lado) é ca-


racterizado por sulcos no exterior do rolamen-
to e é provocado por pequenos engripamen-
tos de rolos ou esferas, causados por partícu-
las estranhas ou falta de lubrificação.

 Desgaste por falso brinelamento (figura abaixo), é caracterizado na fase inicial pelo
aparecimento de canaletas nas pistas e é provocado por vibração durante o trans-
porte.

 Desgaste por ataque de superfície (ferrugem) (figura abaixo), na fase inicial, é ca-
racterizado pelo aparecimento de nódoas regularmente espaçadas. Na fase final, é
caracterizado por áreas descascadas equidistantes. É provocado pela condensação
de umidade sobre áreas desprotegidas.

211
Fadiga
O descascamento é o resultado da fadiga superfi-
cial e sua forma revela sua origem.

 Descascamento em forma de geada (fi-


gura ao lado) revela fadiga provocada
por carga excessiva.

 Descascamento parcial revela fadiga por desalinhamento, ovalização ou por conifi-


cação do alojamento.

Como se pode notar, todos esses problemas originam-se de montagem deficiente, que subme-
te o rolamento a cargas parasitárias.

Falhas mecânicas

Brinelamento
É caracterizado por depressões correspondentes aos roletes ou esferas nas pistas do rola-
mento (figura abaixo). Resulta de aplicação da pré-carga sem girar o rolamento, ou da prensa-
gem do rolamento com excesso de interferência.

212
Goivagem
É defeito semelhante ao anterior, mas provocado por partículas estranhas que ficaram prensa-
das pelo rolete ou esfera sobre as pistas.

Queima por corrente elétrica


É geralmente provocada pela passagem da corrente elétrica no momento de soldagem,
quando o fio terra está colocado longe do lugar de soldagem.

Formam-se pequenas áreas queimadas que evoluem rapidamente com o uso do rolamento e
provocam o descacamento da pista rolante.

Superaquecimento
Quando a temperatura do mancal exceder em 50ºC a temperatura ambiente, em máquinas
que não trabalham com matérias quentes, considera-se o elemento superaquecido.

As máquinas que operam com materiais quentes, como os laminadores, têm instruções
especiais e, em alguns casos, sua temperatura pode chegar a 120ºC.

As causas do superaquecimento podem ser folga insuficiente, pré-carga excessiva ou proble-


mas com lubrificação.

213
Sulcamento
É provocado pela batida de uma ferramenta
qualquer sobre a pista rolante.

Rachaduras e fraturas
Resultam geralmente de aperto excessivo do
anel ou cone sobre o eixo. Podem, também,
aparecer como resultado do giro do anel, ou
cone sobre o eixo, acompanhado de sobrecar-
ga.

Engripamento
Pode ocorrer devido a lubrificante muito viscoso ou por aperto excessivo com a eliminação da
folga nos roletes ou esferas.

Vida útil do rolamento


Entende-se por duração de vida de um rolamento o número de rotações que é alcançado por
90% dos rolamentos, antes que se apresentem fenômenos de fadiga perceptíveis.

Dois são os fatores que determinam a vida útil de um rolamento: as condições de serviço e o
fator de desgaste (fv) em função dessas condições.

O número de rotações é transformado em tempo de funcionamento e pode obtido através do


diagrama da duração do rolamento.

No diagrama, a curva A indica as condições de mínimo desgaste e a curva B indica as condi-


ções de máximo desgaste. O espaço entre ambas as curvas está dividido em dez campos, de
a até k, nos quais as condições de serviço pioram gradativamente.
Para obter o tempo de vida do rolamento, consulta-se a tabela (Fator de desgaste (fv) dos
rolamentos. Identificação das condições de serviço) para encontrar o fator de desgaste (fv).
Em seguida, consulta-se o diagrama e tem-se o tempo de funcionamento em horas.

214
215
216
Exemplo de leitura:
Rolamentos utilizados em máquinas operatrizes (torno)
Fv conforme tabela . 1,0 (entre 0,5 a 1,5)
Campo = b
Leitura ~ 20000 horas de funcionamento

217
Compra de rolamentos
Na ocasião de compra de rolamentos, em substituição aos gastos, deve ser verificada, cuida-
dosamente, sua procedência e seu código.

Cada fabricante tem seus símbolos e cada um destes símbolos tem sua significação, apesar
da estandartização pela ISO, DIN, SAE e outras associações normativas. Portanto, não é
suficiente indicar as dimensões e não é conveniente usar rolamentos equivalentes de outros
fabricantes.

No caso de ser a leitura do código do rolamento impossível, convém pedi-lo pelo manual do
fabricante da máquina. O preço será talvez mais alto, mas sairá mais caro usar rolamento
inadequado.

No caso de ser possível a identificação, convém comprar um rolamento da mesma procedên-


cia e código. Na impossibilidade disto, é conveniente recorrer a representantes das marcas
mundialmente conhecidas, evitando comprar "pelo preço".

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