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Aula “H” – Polícia Comunitária: Às vezes um caminho, Às vezes uma deturpação

Abordaremos a falsa relação que se constrói a partir de ações isoladas voltadas a um


marketing institucional. Traremos a importância de uma polícia cidadã se realizar na sua
atividade fim, e não usurpando atividades outras. Finalizar com a exposição da necessidade de
se construir uma ponte entre polícia e comunidade.

INTRUDUÇÃO (2 MIN)
Ola, Alunas e Alunos, bem-vindos a mais uma aula. Me chamo
Pedro Chê, sou policial civil, membro dos Policiais Antifascismo e
estou aqui ministrando o Curso “Por uma Polícia do Povo”. Nossa
aula aqui será “Polícia Comunitária: às vezes um caminho, às
vezes uma deturpação”, pois apesar de ser uma filosofia
elogiadíssima, sofre com um uso que busca ora mascarar os
problemas, ora apenas como publicidade para políticos querem
agradar certos públicos, mas que não tem compromisso de fato
com esta filosofia de polícia.
Para contribuir conosco, teremos algumas participações bem
interessantes, começaremos pelo Benedito Mariano, Secretário
em Diadema/SP, Capitão Gleydson, que está na Secretaria de
Segurança Pública do Rio Grande do Norte e Ivênio, especialista,
com várias publicações.
PARTE 1 (7 min /9 MIN)
Encerrada a apresentação, trarei a contribuição do Benedito
Mariano, até por que por ser de uma natureza bem introdutória,
vai nos servir muito neste início.
(3 min)
O Benedito é um dos mais antigos quadros dentro da militância
na Segurança Pública, mais especificadamente – por uma
segurança pública de esquerda. Bem, quando se fala em
policiamento comunitária, polícia comunitária, polícia cidadão, a
gente sabe que são muitos os nomes e os conceitos envolvidos.
Isso se dando tanto na perspectiva de modelo, enquanto
programa, filosofia e etc. a Polícia Comunitária, embora plural, é
pautada por algumas diretrizes centrais e uma delas foi muito
destacada pelo Benedito Mariano: que é a prevenção.
Quando se fala em prevenção imagina-se o trabalho ostensivo da
Polícia Militar e das Guardas Municipais, outros pensam na
entrega de Cartilhas em locais públicos que contenham dicas
sobre como lidar e denunciar com a violência doméstica. E isso
não está errado, mas é uma visão bem reduzida quanto a
propostas e as possibilidade de uma política incisiva nesta área.
Aliás, enquanto brasileiros, e o Benedito destaca bem isso, nós
vamos muito mal obrigado, pois acreditamos enquanto povo e
quanto governos apenas em ações reativas e contundente da
polícia, e esquecemos que há muito mais do que “polícia” dentro
do alcance do que é segurança pública, bem como essa mesma
polícia pode agir de formas muito diferentes das que estamos
habituados.
Essa ideia de guerra, combate, que o tropa de elite tão bem
vendeu, é a cada dia que passa mais entendida como “regra”, o
que é um erro crasso. Cerca de 1% da atividade polícia se dá
nesse nível ou seja, trabalhamos, vivemos, e morremos para –
centralmente – servimos a uma exceção. Isso é reconhecido em
outros lugares e esse 1% é tratado com muito cuidado, envolto
de protocolos, controle sobre o uso da força, mas infelizmente
no Brasil, a partir da vitória cultural da narrativa que diz que
estamos numa guerra, não só as forças policiais e os policiais são
moldados, em alguns casos adestradas para isso (eles mesmo
usam essa terminologia em alguns cursos táticos), como nossa
política é moldada para isso, pois quando se fala em
investimento na polícia o que é mencionado? Viatura, Armas, ou
contratação de mais policiais (ou seja soldados), não se fala em
investimento em programas, em redução de danos, mas de
combate. Esse é o “case” de insucesso do Brasil.
Queria tratar de outro gancho que o Benedito trouxe,
aproveitando para resgatar, de forma muito breve, como essa
filosofia chegou ao nosso país, falo da Polícia Comunitária.
Realmente não perco uma chance, não é pessoal? Vamos dar
uma olhada na história. Bem, Por volta dos anos 70 veremos
algumas experiências de polícia comunitária no chamado Eixo
Norte do Globo, (especialmente, Japão, Reino Unido e Estados
Unidos) chegando aqui tais perspectivas ao Brasil nos anos 80.
Teremos como exemplos nacionais, desse despertar, o Governo
do Franco Montoro que em 1985 foi responsável pela criação de
conselhos comunitários de segurança que perduram até os dias
atuais, realmente uma modificação estruturante, dá para se
dizer. Já em 1993, O Governo Brizola, no Rio de Janeiro, produziu
uma experiência de Polícia Comunitária na área de Copacabana,
na cidade do Rio, isso sem falar de políticas transversais como os
CIEPS, que de alcance macro, multissetorial, chegavam também
a segurança pública. Nos anos 2000, como maior destaque
teremos - a partir do Governo Lula - o Pronasci, que fomentou
diversos projetos na área, dos quais inclusive falaremos um
pouco mais a frente.
PARTE 2 (8 min/ 17 min)
Vou agora recrutar o meu colega, pessoa por quem tenho muita
admiração, o Capital Gleydson que dará o exemplo local de uma
tentativa de implementação – barra – aprofundamento de uma
política pública neste sentido, ou seja, falará um pouco das
necessidades e das barreiras a serem superadas.
(6 min)
Muito boa e concisa a fala do Gleydson, e vou aproveitar para
trazer para vocês quais são as bases para a implementação de
uma política de polícia comunitária, que seriam especificamente
quatro, seguindo este roteiro: [a] organização da prevenção do
crime tendo como base a comunidade; [b] reorientação das
atividades de policiamento para enfatizar os serviços não
emergenciais e para organizar e mobilizar a comunidade para
participar da prevenção do crime; [c] descentralização do
comando da polícia por áreas; [d] participação de pessoas civis,
não-policiais, no planejamento, execução, monitoramento e/ou
avaliação das atividades de policiamento.
Dessas etapas, se fôssemos escolher duas palavras chaves, com
certeza, uma delas seria prevenção, já brevemente abordada por
nós, mas a outra seria, participação social, e dessa tratarei agora.
Há a ilusão que nesse cenário o papel do policial é mitigado,
conclusão errada, na verdade ele será transformado, já que ao
invés das instituições policiais funcionarem a partir de um lugar
sagrado, e os policiais serem os replicadores desta fé, as
instituições policiais serão membros de algo maior, estando
dentro de uma coletividade e não na posição de dono,
mandatário, enquanto o policial, dentro deste cenário,
funcionaria como um líder, assim, de forma alguma seu papel é
esquecido, mas agora ele não está numa posição autocrática,
pois um líder não simplesmente transmite, ele envolve as
pessoas ao seu redor, e isso faz com que ele esteja numa posição
maior de cobrança, de assumir responsabilidades, mas – como
consequência – maior capacidade de influenciar resultados e
benefícios para a comunidade, que é o grande objetivo da
grande maioria, o problema é que enxergam isso por vias, muito,
muito tortas.
PARTE III (8 MIN / 25 MIN)
Na sequência, na fala do ivênio, teremos uma análise bem
planificada de onde estaria situada e alguns dos problemas
enfrentado por uma ideia de policiamento comunitário:
(00:56 + 00:35 + 00:17 + 00:25 + 00:51 + 01:11)
(4 MIN)
Mas o que surgiria além dessa remodelagem? Bem, uma
novidade, e novidade e inovação serão palavras chaves neste
momento, Essa remodelação passaria pela inauguração de uma
nova forma de comunicação – principalmente nos campos da
transparência e horizontalidade - e portanto propiciar uma
efetiva integração dos atores envolvidos. Assim, embora o
Estado seja o responsável central pela segurança pública,
embora as instituições policias executem as atribuições
delegadas pelo estado e embora o policial surja como aquele dá
materialidade a ação do Estado, se não ocorrer o consentimento
da população, esqueça, é fracasso na certa para qualquer que
seja a política de segurança! Pode investir, ter acréscimos de
tecnologia, a verdade é que tudo que envolver diretamente
segurança pública é dispendioso demais, exige manutenção,
correções e quando desacompanhada de uma participação do
estado ou da comunidade numa qualidade diferente, não se
sustenta como as UPP’s, por exemplo. Colocaram mais polícias
nas comunidades, policias novos, sem vícios, mas esqueceram de
levar o estado em suas múltiplas formas e faces, durante um
tempo, com custo elevado, deu alguns resultados, não dá nem
para dizer que deu certo, por que para dar certo teria de
apresentar mudanças estruturares. E com o tempo, o que
aconteceu? O programa começou a perder eficácia, depois
seriedade e por fim o investimento, se tornando apenas um
nome e um cadáver para que depois agentes de interesse se
dirijam a ele e digam “que essas coisas não funcionam aqui”, e
que para dar certo, tem que ser “duro, e rigoroso”. Quando vejo
colegas falando dessa forma, fico torcendo para que eles não
esteja omitindo algo pior, normalmente meu otimismo não é
recompensado. Então, sem alinhamento com a comunidade,
será algo natimorto.
E retornando, para essa modificação na qualidade da
comunicação, além de uma diminuição do senso de hierarquia
que ora se baseia muitas vezes num discurso de autoridade
vazio, ora é demonstrado a partir de estipulação de um papel
desimportante para as lideranças sociais, comunitárias, e da
sociedade civil organizada – que muitas vezes são chamadas a
reuniões apenas para ouvir e fazer alguma queixa, como se fosse
um favor ou um prestar simples de compromisso. Sem falar que
às vezes acabam sendo iludidas de forma perversa e sádica,
tendo a chance de participar de reuniões com caráter decisório,
com capacidade de votos, mas este completamente inexpressivo
se em comparação ao das forças policias, na verdade servindo
apenas para avalizar as decisões que já estavam tomadas antes
mesmo dos integrantes porem seus pés no local da reunião.
Há um outro problema, de ordem mais oculta e que – inclusive –
pode ser decisivo para que o acabamos de tratar. Infelizmente
parte das instituições policiais, em virtude dos arranjos políticos
e de governança, são quase instituições a parte do Poder
Executivo, - isso principalmente se dá em governos ditos de
esquerda - tendo tais governos pouca capacidade até de
influência, em alguns casos há até uma terceirização completa,
onde o comando programático e político dessas instituições é
entregue as castas corporativas. Sendo assim, se um Governo,
prefeitura, carecer dessa capacidade e gerência, de governança,
imagina entes externos e muito mais frágeis? O poder executivo,
e sua representativa popular são os grandes fiadores, pelo
menos nesta atual conjuntura, para uma maior participação
social dentro das atividades e políticas na área da segurança
pública, o que nos deixa numa situação muito delicada e crítica,
pois regredimos se formos comparar com o que vivíamos nos
anos 90, onde a sociedade civil, e outros atores, cooperavam e
influíam, sem depender tanto dos governos, na segurança
pública. Bons tempos? Nunca chegamos a isso em nossa história,
nunca.
PARTE IV (15MIN /42 MIN)
CRÍTICAS (4 min)
Mas fora estes, quais outros problemas temos a enfrentar? Para
um fracasso como o nosso, realmente se espera que muitos
sejam os problemas. Um destes é a nossa cultura de
policiamento, centrada no que se chama de pronta-resposta, que
nada mais é do que “correr” atrás do criminoso, seja em viatura,
seja através de uma investigação – quando ocorre – torça para
que o primeiro dê certo – porque depender do segundo não é
uma boa. Mas voltando, a partir desse policiamento de pronto-
emprego somos forjados para correr atrás, e não para antecipar.
Esse é um problema de formação nosso que, aliás, nem é o que
há de pior com relação a isso. O pior é que para a população já se
convencionou isso, tal sendo o ideal. Já imaginaram a dificuldade
de explicar a um líder comunitário, a um comerciante, a uma
senhora que teve seu carro levado, que uma das viaturas da
área, ao invés de estar fazendo patrulhamento naquele
momento, estava em diálogo com uma equipe escolar, sobre a
situação de algum aluno em especial, qual vocês acham que será
a reação e a escolha? Pela prevenção? Só um ser muito holístico
e consciente. Não é fácil, não fomos educados para isso, aliás,
em se tratando de polícia, fomos educados até para coisas bem
piores.
Quero também destacar o corporativismo policial. Seria uma
longa explicação dizer a vocês o porquê dos policias errarem
tanto neste exame, erro pior e mais grave quando é cometido
pelos policias da base, estes que sofrem muito mais dos que os
policiais no topo das castas com os problemas oriundos da
atividade, mas como eles repetem muito os mantras de seus
superiores e o que é dito na polícia há décadas, acabam que
estes fazem as vezes de cultistas da instituições, e entendem que
participações externas a estas, tanto as fragilizam, como também
aos seus interesses privados ou corporativos, assim, o policial
deduz e por isso é tão refratário tantos vezes que isso vai afetar
sua qualidade de vida, sua luta salarial, que quanto mais ele for
só, e portanto útil, melhor, pois a partir de qualquer boa-nova,
ele carrega só os louros, boas novas que nunca vêm, aliás, mas
como a gente lida com quem age pela fé? E não estou falando de
metafísica, de religiosidade, mas uma fé no acaso, em
probabilidades improváveis. Além de ganhar menos, já iria
esquecendo, menos policiais também seriam contratados.
Precisaríamos menos deles? Mas essa não deveria ser a
intenção. Bem, não sei se em algum momento foi fácil, mas
esperar espírito coletivo sempre foi uma tarefa arriscada, pior
ainda se tiver características de altruísmo.
Como a gente falou de cultura, nossas instituições policiais
precisariam também de reformas bem profundas para aderirem
melhor a essa filosofia, teríamos que ser mais horizontalizados,
sem castas pré-constituídas para diminuir o assédio interno e
assim podemos cobrar e controlar melhor as atividades junto à
população. Temos no Brasil as polícias mais verticais do mundo,
não há modelagem como a daqui, somos uma jabuticaba pisada
e estragada. Além dessa questão da horizontalidade, temos a
questão dá tão falada e tão pouco buscada desmilitarização, que
não se refere apenas à Polícia Militas, pois já deixou de ser uma
questão apenas estrutural, legal ou procedimental. Hoje há uma
cultura militarizante que infecta todas as forças. Mas
especialmente a Polícia Militar, como caso mais agudo, esta teria
que se afastar, nem que fosse gradativamente do militarismo,
pois este emprega alguns conceitos, como a primazia da
hierarquia e disciplina, o pronto-emprego e a ideia de inimigo,
que não combinam com atividades civis, nem com atividades
policiais e menos ainda se estas estiverem ordenadas a uma ideia
comunitária, horizontalizada, cidadã. Não espera transparência,
democracia e inclusão em instituições militares, não é uma
questão de bem contra o mal, é uma questão de propriedades, é
contra a sua natureza.
FERRAMENTAS (5 min)
Carece muito a presença na mente de nosso povo a possibilidade
do Estado e da própria comunidade agir de forma a efetivamente
diminuir a criminalidade e a quantidade enorme de pessoas
associadas. A gente desacredita, larga a mão, ou pior, acaba
aderindo a pensamentos que são nocivos e contribuem para a
sistematização da violência, do crime organizado e isso nos
afasta de um projeto de nação que a maioria idealiza, mesmo
que não seja uma coisa uniforme, mas fora quem ganha com isso
realmente, ninguém quer esses níveis de criminalidade, essa
violência, por exemplo.
Por isso vou trazer nesta aula, para vocês alguns exemplos de
ferramentas que estão disponíveis e programas já realizados,
que com foco ou colaborando para a prevenção já ajudaram e
podem ajudar muito mais ao Estado e as Comunidades a
diminuírem a violência vivida.
No nível das ferramentas, a gente tem a Busca Ativa, quem de
vocês for da educação e da assistência social podem ter um
contato bem próximo a essa ferramenta estatal e social. Ela tem
como função, a identificação, controle, registro, e
acompanhamento, claro, de crianças e adolescentes que estejam
fora da Escola ou em risco de estar. E esse trabalho se inicia pela
identificação dessas pessoas, e daí, a depender do nível de
intensidade que o estado deseje atuar, alcançará não só uma
simples recolocação na Escola, mas também acompanhar e
tratar quais outros problemas estão associados a vida deste
jovem para que se chegasse a esse ponto. Não é que seja regra,
mas é muito grande entre os jovens delinquentes, o abandono
da escola para se dedicarem exclusivamente ou prioritariamente
ao crime (já que alguns mantém atividades lícitas).
Continuando com o rol, os CIC’s, que são espaços não só de
cidadania, para a confecção de documentos e outras requisições,
mas servindo para a promoção de atividades profissionalizantes
e educativas. O mesmo é possível em escolas, centro
comunitários, prédios da saúde, o importante é termos como
filosofia a ocupação social do espaço, inclusive por que dinheiro
é sempre difícil, principalmente para projetos sociais.
E Não qualificada como ferramenta, mas como política macro de
governos, a questão do emprego e renda também é ponto
importante. Programas inclusive, como a gente vai ver a frente,
que mesclem renda, com atividades extracurriculares e
comunitárias mostram que por valores até módicos, são obtidos
resultados expressivos, mas veremos isso um pouco mais à
frente.
Queria antes abordar com vocês, antes de vermos os programas,
quais os dois principais riscos associados a essa filosofia, eles são
até parecidos, mas tendo consequências diferentes. O primeiro é
a esterilidade provocada pela especialização em nicho. Calma,
vou me explicar, até por que essa abordagem tem um “que” de
autoral. A polícia comunitária, efetivamente comunitária, está
muitas vezes reduzida a um pequeno espaço e contingente. Isso
acontece muito quando da criação de delegacias e
patrulhamentos específicos para certos públicos, como as
mulheres, servindo a quem está ao alcance, mas e quem não?
Que tipo de treinamento tem o policial ordinário? Não tem como
uma polícia especializada ser uma polícia de alcance ordinário, o
que se pode fazer é especializar o policiamento ordinário ao
passo que amplia as estruturas especializadas. Claro, se a
preocupação for a efetividade e não apenas tirar foto e fazer
politicagem, é muito mais barato, e menos custoso politicamente
simplesmente inaugurar uma delegacia dessas.
O outro ponto que trago a vocês é o uso da ideia para mitigar a
própria ideia. Um verdadeiro Cavalo de Tróia. Bem, um exemplo
disso são ações sociais a partir do PROERD e das Bandas da
Polícia Militar. Vocês já assistiram, acredito, em algum momento,
a Banda da Polícia fazendo ação social em uma comunidade
violenta, tirasse boas fotos e bons registros disso, mas isso serve
apenas como cortina de fumaça, o efeito se não for zero é
baixíssimo e ainda traz um grande malefício, ilude a opinião
pública preocupada com isso. A gente acha que a polícia está
diferente, não está, não a partir disso, e ainda há a chance de
lobos estarem de olho para adquirir ganho político, vendendo
uma imagem “comunitária”, “progressista”, quando muitas das
vezes são bem reacionária, já tivemos diversos exemplos, quase
dá para dizer que é uma regra.
PROGRAMA
Adiantando nossa aula, vou dar a vocês alguns exemplos de
programa para que vocês saiam daqui com um gosto na boca,
com a sensação clara de que é possível. Um desses programas é
o Territórios da Paz, que recebeu até nomes diferentes em
outros lugares, no Ceará foi chamado de “Projeto”. Também esse
mesmo programa tem subdivisões, tem um eixo dele que se
chama “Mulheres da Paz”. Mas vocês vão ver como é
interessante e muito mais barato, eficiente, do que simples por
mais polícia, a diferença é tão grande que entendo que nem há
como comparar.
O Território da Paz visava jovens, de áreas com números
expressos de violência contra a sua população, e propunha algo
simples, que estes jovens participassem de atividades de contra
turno, sejam atividades culturais, de lazer, comunitárias, sócias
ou educacionais e para isso receberiam a módica quantia de R$
150,00. O sucesso disso foi estrondoso, com reduções muito
significativas nos números de violência letal nas respectivas
áreas. O mesmo foi feito com as mães da área, chamadas
“Mulheres da Paz”, que tinham como expediente, digamos
assim, realizar ações de prevenção e redução quanto a violência
doméstica, e encaminhar menores que sofressem violência ou
abusos em seus ambientes familiares. Os números, se pegamos o
caso da Cidade de São Bernardo do Campo, são absurdos:
variando entre 63% e 100% na redução de homicídios nos
respectivos bairros, isso é numa escala quase que sem
precedentes no Brasil.
Bem, pra encerrar, queria por aqui uma fala de uma pessoa que
é referência para todos nós dos Policiais Antifascismo, o Coronel
Ibis Pereira, que viveu muito intensamente todo esse processo,
especialmente, que foi muito emblemático nos anos 90.

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