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2009
ParaTodos: Hoje, no pais, a noção de segurança está voltada para a repressão? Bodê: Há alguns indicadores dessa situação.
A polícia nunca matou tanto e o nível de encarceramento atingiu índices históricos. As políticas públicas não têm tido a
intensidade que deveriam ter para nos levar para a noção de segurança enquanto proteção e produção de espaços de bem
estar coletivo. As políticas públicas não têm tido a intensidade que deveriam ter para proteger os mais fracos, em contraponto
aos ricos, que não precisam porque têm acesso a segurança privada.
ParaTodos: Como inverter a lógica, levando o aparato de segurança mais para a proteção social do que para a repressão?
Bodê: A única maneira é de baixo pra cima, com pressão e demanda popular. Essa configuração serve a muita gente, que está
ganhando dinheiro com esta situação. Como por exemplo, com o encarceramento. O preso no Paraná custa R$ 1 ,3 mil em
média. Os custos da repressão são altíssimos e esse aparato serve para reprimir a população mais pobre. E o Estado brasileiro,
mesmo com as feições democráticas de agora, não abre mão deste recurso. Os movimentos sociais da esquerda brasileira
acharam que a mudança da sociedade alteraria esse conceito. Mas não houve mudança estrutural, apenas cosmética. Talvez
um pequeno grupo de esquerda venha a pautar a reforma estrutural no sistema de segurança pública, assim como se pauta a
reforma agrária e urbana. A solução é reformar e trazer o debate à tona.
ParaTodos: Discute-se muito a necessidade de desmilitarização da polícia e a unificação das polícias civil e militar. Qual é sua
opinião?
Bodê: A Polícia Militar é um enclave autoritário no interior do Estado, que traz uma polaridade: o estado que protege e o
estado que reprime. Esse é o estado que as polícias freqüentam, sendo que há choques dentro do interior deste mesmo estado.
É necessária a desmilitarização das polícias, juntamente com sua integração. Não tem sentido ter duas polícias. Juntamente
com isso, deveríamos multiplicar os órgãos de ouvidoria e criar corregedorias independentes, polícia técnica independente. Isso
já produziria um efeito significativo.
ParaTodos: Além dessa questão, quais os principais pontos de uma reforma estrutural na área de segurança pública?
Bodê: Um ponto é tornar o judiciário mais acessível e rápido, pois sem isso, não há justiça, permitindo todo o tipo de ação
individual. Temos que ter um aparato judicial que não garanta privilégios. Precisamos de um sistema mais ágil e democratico,
que nao seja tao discricionario, quer dizer, o sistema policial continua prendendo as pessoas não pelo que elas fazem e sim pelo
que elas são. Nao importam os atos e sim o perfil. Por exemplo, uma advogada sendo acusada de tráfico é um desvio de
comportamento, vira cleptomaníaca. Se é um pobre, a visão é de um primeiro passo para a carreira criminosa. Há um processo
de policialização da demanda social. Numa situação onde deveria estar o serviço social, entra a polícia. A grande mudança
continua sendo a criação. formas de integração e proteçao social. Pois é impossível pensar em uma sociedade melhor e
protetora, em que o indivíduo não tenha acesso ao seus direitos básicos, como educação, saúde e emprego.
ParaTodos: Como inverter a lógica, levando o aparato de segurança mais para a proteção social do que para a repressão?
Bodê: A única maneira é de baixo pra cima, com pressão e demanda popular. Essa configuração serve a muita gente, que está
ganhando dinheiro com esta situação. Como por exemplo, com o encarceramento. O preso no Paraná custa R$ 1 ,3 mil em
média. Os custos da repressão são altíssimos e esse aparato serve para reprimir a população mais pobre. E o Estado brasileiro,
mesmo com as feições democráticas de agora, não abre mão deste recurso. Os movimentos sociais da esquerda brasileira
acharam que a mudança da sociedade alteraria esse conceito. Mas não houve mudança estrutural, apenas cosmética. Talvez
um pequeno grupo de esquerda venha a pautar a reforma estrutural no sistema de segurança pública, assim como se pauta a
reforma agrária e urbana. A solução é reformar e trazer o debate à tona.
ParaTodos: Discute-se muito a necessidade de desmilitarização da polícia e a unificação das polícias civil e militar. Qual é sua
opinião?
Bodê: A Polícia Militar é um enclave autoritário no interior do Estado, que traz uma polaridade: o estado que protege e o
estado que reprime. Esse é o estado que as polícias freqüentam, sendo que há choques dentro do interior deste mesmo estado.
É necessária a desmilitarização das polícias, juntamente com sua integração. Não tem sentido ter duas polícias. Juntamente
com isso, deveríamos multiplicar os órgãos de ouvidoria e criar corregedorias independentes, polícia técnica independente. Isso
já produziria um efeito significativo.
ParaTodos: Além dessa questão, quais os principais pontos de uma reforma estrutural na área de segurança pública?
Bodê: Um ponto é tornar o judiciário mais acessível e rápido, pois sem isso, não há justiça, permitindo todo o tipo de ação
individual. Temos que ter um aparato judicial que não garanta privilégios. Precisamos de um sistema mais ágil e democratico,
que nao seja tao discricionario, quer dizer, o sistema policial continua prendendo as pessoasnão pelo que elas fazem e sim pelo
que elas sao. Nao importam os atos e sim o perfil. Por exemplo, uma advogada sendo acusada de trafico é um desvio de
comportamento, vira cleptornaníaca. Se é um pobre, a visão é de um primeiro passo para a carreira criminosa. Ha um processo
de policialização da demanda social. Numa situação onde deveria estar o serviço social, entra a policia. A grande mudança
continua sendo a criação . formas de integração e proteçao social. Pois e impossivel pensar em uma sociedade melhor e
protetora, em individuo nao tenha acesso ao seus básicos, como educação, saúde e emprego.