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KESIA FERREIRA DA COSTA LAZAROTTO

MÚSICA E INCLUSÃO:
UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS
AUTISTAS

Cidade
Ano
KESIA FERREIRA DA COSTA LAZAROTTO

MÚSICA E INCLUSÃO:
UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS
AUTISTAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Norte do Paraná, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Licenciatura em Música.

Orientador: Mariana Cardoso

Cascavel
2020
KESIA FERREIRA DA COSTA LAZAROTTO

MÚSICA E INCLUSÃO

UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS


AUTISTAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Norte do Paraná, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Licenciatura em Música.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Silvia Nara Kruger

Prof(a). Giordana Galvan Lube

Prof(a). Patrick Furlan Schultz

Cascavel, 01 de novembro de 2020


“Ensina-me de várias maneiras, pois assim sou capaz
de aprender.” Cíntia Leão Silva.
COSTA, Kesia Ferreira. Música e Inclusão : Um caminho para o desenvolvimentos
dos alunos autistas. 2020 Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Licenciatura em Música) – Universidade Norte do Paraná

RESUMO

Neste trabalho será apresentado os benefícios que a educação musical e a


musicalização possui, principalmente em relação a alunos portadores de autismo. A
música pode ser usada de várias maneiras para essas pessoas como uma terapia
ou até mesmo como uma forma de se expressar, pois muitos desses alunos têm
dificuldade na comunicação. Apesar de que muitas escolas estão começando a
implantar música como um conteúdo necessário para o aprendizado do aluno, ainda
muito pouco se fala sobre isso. Aqui serão apresentados os benefícios da música
como terapia e aprendizado. Para isso, o tipo da pesquisa realizada foi qualitativa,
tendo por base a pesquisa bibliográfica, sendo estes os meios pelos quais foram
obtidos a fundamentação teórica; tendo como os principais autores utilizados, tais
como: Ana Maria Mello( 2007) e Maura Penna (1990). De fato a música tem o poder
de transformar vidas, podendo desenvolver o aluno intectualmente e socialmente,
para isso é necessário ter um aprendizado de forma correta.

Palavras-chave: Autismo. Musicalização. Educação.


COSTA, Kesia Ferreira . Título do trabalho na língua estrangeira: subtítulo na
língua estrangeira (se houver). 2020. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em Licenciatura em Música) – Universidade Norte do Paraná,
Cascavel, 2020.

ABSTRACT

This work will present the benefits that music education and musicalization has,
especially in relation to students with autism. Music can be used in many ways for
these people as a therapy or even as a way of expressing themselves, as many of
these students have difficulty communicating. Although many schools are beginning
to implement music as a necessary content for student learning, very little is said
about it. Here the benefits of music as therapy and learning will be presented. For
this, the type of research carried out was qualitative, based on bibliographic research,
these being the means by which the theoretical foundation was obtained; having as
the main authors used, such as: Ana Maria Mello (2007) and Maura Penna (1990). In
fact, music has the power to transform lives, being able to develop the student
intentionally and socially, for that it is necessary to have a correct learning.

Keywords: Autism. Musicalization. Education.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

(TEA) Transtorno Espectro Autista


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
1.COMPORTAMENTOS DE UM AUTISTA .............................................................. 15
2.MÉTODOS DE APRENDIZAGEM ......................................................................... 19
3.A RELEVÂNCIA DA MÚSICA ............................................................................... 23
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 27
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28
13

1. INTRODUÇÃO

A música por muito tempo era apenas vista como uma forma de
entretenimento, usada em apresentações, cerimonias religiosas ou até mesmo para
se ouvir nas rádios, porém durante o passar dos anos a sociedade começou a
perceber outros benefícios da música além de diversão e entretenimento, mas
também como uma forma de educação.
Hoje em dias nas escolas a musicalização ainda não é muito utilizada, pois
muitos professores utilizam a música apenas nas apresentações de datas especiais,
para o ensino dessas músicas geralmente os professores tem pouco conhecimento
sobre a educação musical e acaba ensinando os alunos de forma incorreta. Esses
professores não possuem a formação correta para trabalhar com música, mas são
direcionados para fazer esse trabalho.
Diante disso, a pergunta problema desse projeto, se pauta compreender:
Quais as contribuições da musicalização para a educação especial para alunos com
autismo?
Sabe- se que a criança com TEA possui a comunicação e a interação social
afetada, como afirmado em da Silva & da Silva (2017) a música entra como um
canal para que aja comunicação entre a criança e sociedade.
O objetivo geral desta pesquisa é contextualizar melhorias e desenvolvimento
na comunicação social e de aprendizagem. Apresentar formas diferentes de ensino,
onde possa ser trabalhado com a musicalização dentro da sala de aula e refletir
como a música tem transformado a vida de pessoas e mostrando a elas como
possuem uma capacidade que não conheciam.
Para as referências bibliográficas utilizadas neste trabalho, será optado para
uma pesquisa sistemática de artigos científicos, publicações e livros sobre o
desenvolvimento de pessoas com o TEA, tendo em vista o seu desenvolvimento
intelectual e social.
A busca será realizada na plataforma virtual Google Acadêmico, Capes. Os
termos utilizados serão “Musicoterapia” “Autismo” “Musicalização” e
“Desenvolvimento musical”. Para a fundamentação teórica será utilizado alguns
autores como Ana Maria Mello e Maura Penna.
14

No capítulo 1 será abordado os comportamentos que um autista apresenta


desde a sua infância até a vida adulta, já no capítulo 2 será apresentado formas
diferentes de ensino para trabalhar com música e no capítulo 3 será apontado como
a música tem poder para transformar a vida dessas pessoas.
15

2. COMPORTAMENTOS DE UM AUTISTA

Os autistas possuem muitos comportamentos similares um com os outros,


porém diferente de outros transtornos, alguns desses comportamentos podem ser
específicos sendo assim único. Conhecido como (TEA) o transtorno espectro do
autismo é uma desordem no neurodesenvolvimento.
Do ponto de vista analítico-comportamental, o autismo é uma síndrome de
deficts e excessos comportamentais, o diagnóstico é avaliado por critérios
comportamentais, como na socialização, comunicação e padrões limitados. Porém
esses comportamentos estão sujeito a mudanças, a partir de interações construtivas.
É relevante atentar-se ao fato de que:
O autismo se diferencia do retardo mental porque, em quanto no
primeiro a criança apresenta um desenvolvimento uniformemente
defasado, no autismo o perfil de desenvolvimento é irregular e pode
ser desafiadoramente irregular, deixando os pais, e muitas vezes
também alguns profissionais, perplexos. (MELLO, 2005. P.13)

A avaliação deve ser feita através de observações da criança e entrevista


com pais ou cuidadores e instrumentos de triagem - aqueles que rastreiam sinais
relacionados ao espectro, mas não detectam o diagnóstico, apresentam informações
que levantam a suspeita de sinais relacionados ao diagnóstico; deve ser feito por um
profissional da área.
Não é possível concluir um diagnóstico preciso, mas o fator importante da
avaliação não é só esse, mas sim, apresentar as potencialidades dessa criança e de
sua família, por isso a importância indispensável do trabalho em equipe com
profissionais capacitados como; psiquiatra, neurologista, pediatra, psicólogo e
fonoaudiólogo.
O autismo é um transtorno, apresentado mais em meninos do que em
meninas, porém, quando as meninas possuem o distúrbio , pode ser um caso mais
severo e de maior gravidade. As potencialidades de uma criança autista podem ser
altas ou baixas, dependendo tanto do nível de coeficiente intelectual, como da
capacidade de comunicação verbal.
As suas características comportamentais; participação qualitativa na interação
social, desajuste cerebral que pode afetar a capacidade da pessoa se comunicar,
definir relacionamentos de maneira correta, responder apropriadamente ao ambiente
e a situação em que a criança se apresenta e possuem dificuldade para
16

compreender sentimentos e expressões faciais. De acordo com Schwartzman


(1997):
O autismo pode ser considerado distúrbio do desenvolvimento
caracterizado por quadro comportamental peculiar e que envolve
sempre as áreas da interação social, da comunicação e do
comportamento em graus variáveis de severidade; (LIPPI apud
SCHWARTZMAN 1997).

Algumas pessoas apesar de serem autistas apresentam inteligência e fala


intacta, outras demonstram deficiência intelectual, mutismo ou atrasos no
desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros
presos a comportamentos restritos e persistentes padrões de comportamento.
A comunicação de um autista pode ser variada, porém muitos possuem uma
comunicação não- verbal, consequentemente a sua socialização pode ser mais difícil
do que para outras pessoas. Muitos não possuem comportamentos que mostram o
compartilhamento de experiências, possuem dificuldade para iniciar ou manter uma
conversa, geralmente a sua linguagem é repetitiva ou estereotipada.
As crianças autistas possuem uma certa dificuldade para brincadeiras que
usam a imaginação como o faz de conta, elas possuem um foco maior em outros
detalhes que outras crianças não tem interesse, como a textura do brinquedo.
Outros comportamentos em que apresentam está relacionado ao movimento do
corpo, a tendência em abanar a mão ou o dedo, balançar todo o corpo está presente
em seus comportamentos.
Eles devem estar seguros sobre a rotina do seu dia a dia, caso possa ocorrer
algo inesperado no dia acaba gerando um estresse maior do que para outras
pessoas, geralmente a sua rotina deve ser organizada em dias e horários pontuais
para que não aconteça algo que não está previsto.
Os autistas se comportam frequentemente como se estivessem só, como se
outras pessoas ao seu redor não existissem, as crianças autistas não procuram ser
acariciadas ou reconfortadas quando sentem dor ou medo, porém se interessam por
outras partes como a mão ou detalhe do vestuário.
Há uma diferença notável na expressão de sintomas no autismo. As crianças
com funcionamento mais baixo são caracteristicamente mudas por completo ou na
maioria, isoladas da interação social e com realização de poucas incursões sociais.
17

Possuem muito mais dificuldade na socialização com outras pessoas, sendo


praticamente nulo.
Quando possuem um nível de desenvolvimento mais avançado pode-se
observar alguma linguagem espontânea. Entre as que possuem grau mais alto de
funcionamento e são um pouco mais velhas, seu estilo de vida social é diferente, no
sentido que elas podem interessar-se pela interação social, mas não podem iniciá-la
ou mantê-la de forma típica.
A presença de sintomas que permitam apresentar critérios diagnósticos para
transtornos num mesmo indivíduo, caracteriza uma comorbidade. Cabe sempre
lembrar, como são de suma importância o aconselhamento genético e a prevenção.
As causas do autismo ainda não são conhecidas, porém, há relatos de
anormalidades orgânicas, neurológicas, biológicas, além de fatores genéticos,
imunológicos e perinatais, achados bioquímicos e neuro anatômicos relacionados o
autismo, porém nenhuma explicação concreta em termos neurológicos do que é o
autismo. Conforme a Declaração de Salamanca:
O conceito do Autismo Infantil (AI), portanto, se modificou desde sua
descrição inicial, passando a ser agrupado em um contínuo de
condições com as quais guarda várias similaridades, que passaram a
ser denominadas de Transtornos Globais (ou Invasivos) do
Desenvolvimento (TGD). Mais recentemente, denominaram-se os
Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) para se referir a uma
parte dos TGD: o Autismo; a Síndrome de Asperger; e o Transtorno
Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação, portanto não
incluindo Síndrome de Rett e Transtorno Desintegrativo da Infância
(BRASIL, 2013, p.14):

Alguns comportamentos atípicos, repetitivos e estereotipados


severos, indicam a necessidade de uma análise profissional. Muitos sintomas e
comportamentos do autismo são semelhantes a outros distúrbios, porém, o que
difere o autismo de outras doenças é a gravidade, a combinação e a intervenção de
problemas, os quais resultam em danos funcionais importantes.
Apenas um profissional capacitado será capaz de confirmar ou negar o
diagnóstico. É possível também em que alguns casos podem ter limitações
funcionais e de movimento e interações sociais e podem necessitar de cuidados
específicos de habilitação e reabilitação.
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O plano terapêutico para esta pessoa deverá ser individual de acordo com
pacientes e familiares; não há exatamente um tratamento, o que há é um estímulo
para o desenvolvimento de uma vida tão independente quanto possível, a técnica
mais utilizada é a comportamental, além disso, programas de orientação aos pais.
Na sociedade em que vivemos, a inclusão passa a ser de grande importância
no cotidiano das nossas escolas e na vida da criança; assim como a Declaração de
Salamanca (1994) estabelece, o principal objetivo da inclusão deverá ser tornar o
ensino regular um espaço de acolhimento à diferença e de igualdade de
oportunidades.

As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de


suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas
ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem
dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de
populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas,
étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas
desfavorecidas ou marginalizadas. (DECLARAÇÃO DE
SALAMANCA p. 17-18).

Com isso é possível perceber o quanto crianças e até mesmo adultos autistas
precisam ser inclusos nas escolas e outros ambientes de forma adequada, por terem
comportamentos e percepção do mundo diferente de outros, o seu aprendizado
deve ser realizado de uma forma distinta, respeitando o tempo do aluno, valorizando
cada desenvolvimento apresentado por ele.
Pessoas que possuem alguma dificuldade no aprendizado necessitam de um
ensino voltado para aquilo que eles se destacam, a música se tornou uma grande
aliada no ensino. Podendo ser usada para trabalhar com dinâmicas em sala de aula,
como um auxilio para ensinar aos alunos outros conteúdos ou até mesmo para que
o aluno possa aprender a tocar instrumentos e seguir o seu caminho como músico.
19

3. MÉTODOS DE APRENDIZAGEM

Nos anos 60 foi criado na Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos


o método TEACCH (TRATAMENTO E EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS COM
AUTISMO E COM DISTÚRBIOS CORRELATOS DA COMUNICAÇÃO), foi
desenvolvido para crianças que possuem uma dificuldade na aprendizagem, apesar
de ser muito criticado pois alguns educadores relatam que esse método acaba
robotizando as crianças.
Consiste em criar agendas quadros e planejamentos, como forma de adaptar
as crianças em compreender as suas atividades, é uma organização de tarefas e
objetivos em que a criança deve alcançar. O Programa TEACCH procura entender
como a pessoa com autismo pensa, vive, aprende e responde ao ambiente, a fim de
promover aprendizagem com independência, autonomia e funcionalidade.
(FONSECA; CIOLA, 2014).
Podemos mencionar também, o tratamento ABA (ANÁLISE APLICADA DO
COMPORTAMENTO) e analítico que procura ensinar às crianças portadoras do
autismo habilidades que elas não possuem, essas habilidades podem ser físicas ou
mentais. O desenvolvimento é adquirido por etapas, o professor ou responsável
deverá dar o apoio quando necessário, porém deve tornar a criança independente,
ensinando comandos ou conteúdos para a criança de forma em que ela possa ter
um retorno agradável para ela.
Este método deve ser exposto de forma repetitiva até o momento em que a
criança aprenda de fato aquilo que foi proposto. ”O primeiro ponto importante é
tornar o aprendizado agradável para a criança. O segundo ponto é ensinar a criança
a identificar os diferentes estímulos.” (MELLO, ANA MARIA, 2005 p.37).
Algumas respostas negativas apresentadas pela criança não são reforçadas,
porém são analisados para que os educadores e especialistas percebam o que pode
desencadear estes momentos, trabalhando de forma positiva para que a criança
repita essas respostas negativas.
Esse método possui algumas critica, assim como o TEACCH alguns
especialistas consideram que é uma forma de robotizar a criança, porém segundo
MELLO (2005, p.37) a ideia é interferir precocemente o máximo possível, para
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promover o desenvolvimento da criança, de forma que ela possa ser maximamente


independente o mais cedo possível.
O PECS (SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA TROCA DE
FIGURAS) foi elaborado para crianças e adultos que possuem algum grau de
autismo para o seu desenvolvimento na comunicação, este sistema pode ser
realizado em seis passos, apresentado a crianças que ainda não falam ou possui
uma comunicação limitada, mostrando a elas que podem conseguir mais fácil e
rápido aquilo que elas desejam com a fala. De acordo Ana Maria Mello

Tem sido aceito em vários lugares do mundo, pois não demanda


materiais complexos ou caros, é relativamente fácil de aprender,
pode ser aplicado em qualquer lugar e quando bem aplicado
apresenta resultados inquestionáveis na comunicação através de
cartões em crianças que não falam, e na organização da linguagem
verbal em crianças que falam, mas que precisam organizar esta
linguagem. (MELLO,2005. P.39)

A Musicoterapia baseia-se em um processo sistemático de interação no qual


o terapeuta ajuda a criança a adquirir sua saúde usufruindo de experiências
musicais e a relação terapêutica (BRUSCIA, 2000). Na Musicoterapia, o paciente
vivencia a música de forma ativa, pois praticam atividades de audição, performance,
composição e improvisação musicais.
WIGRAM e GOLD (2006) abordam que o processo clínico musicoterapêutico
enriquece a motivação, o desenvolvimento de comunicação e de interação social,
além de sustentar a atenção. Segundo estes autores, a música pode gerar o
engajamento social para construção da relação, consequentemente adquirindo um
relacionamento interpessoal apropriado e significativo.
A musicoterapia como profissão só foi iniciada a partir da década de 1940 nos
Estados Unidos com esta sistematização a musicoterapia para autismo também foi
dada a sua devida importância. Anos mais tardes ocorreram episódios que
sistematizaram a clínica da musicoterapia para pessoas com autismo com a criação
da National Association of Music Therapy nos Estados Unidos.
Brandalise (2013) produziu um estudo sobre a aplicação da musicoterapia em
paciente com TEA. Os seus estudos foram baseados na literatura Mundial, como o
tradicional Journal of Music Therapy e também em nível nacional como a Revista
21

Brasileira de Musicoterapia, porém segundo o autor esses livros e publicações


somente começaram a avançar nos últimos 20 anos.
No Brasil apesar de muitos investimentos na atuação desses pacientes, as
publicações de musicoterapeutas ainda são poucas. De acordo com Araújo e Ansay
(2015) e Brandalise 2013 a principal técnica utilizada por musicoterapeutas é a
improvisação musical nesta técnica o paciente “faz música tocando ou cantando
criando uma melodia um ritmo para canção ou uma peça musical de improviso.”
(BRUSCIA,2000, p.124)
Hoje as possibilidades do uso da música no cuidado à Saúde Mental
se ampliam ainda mais. Os grupos musicais formados por usuários
dos serviços de Saúde Mental têm se demonstrado uma estratégia
bastante recorrente nesse campo. Como podemos verificar há
bastante variedade nos tipos de intervenções na Saúde Mental.
(HOLANDA; PUCHIVAILO, 2014 p. 138)

A musicalização, segundo Trainor e Hannon (2013) o contato com a música


mesmo que informalmente, pode ajudar no desenvolvimento de capacidades que
não são apenas musicais, como habilidades sociais. Para eles a música na infância
possuem funções essenciais como unir traços de determinada cultura desde a
primeira infância.
De acordo com Sacks (2007), os padrões que se encontram nas rimas
métricas e canto são meios eficazes para a memorização da mente e é usado em
muitas culturas. Os processos de comunicação e emoção se relacionam em música
partindo do sentimento em que a música traz e na experiência estética.
(FIGUEIRA,2015)
Para Gerling e Santos 2015 as informações contidas na musicalização podem
se transformar na experiência musical seja tocando/cantando (experiências ativas),
seja ouvindo (experiências receptivas). Juslin e Sloboda apresentam uma definição
de emoção em música:

Emoções são respostas relativamente breves, intensas e


rapidamente mutantes a eventos potencialmente importantes
(oportunidades ou desafios subjetivos) em um meio externo ou
interno, usualmente de natureza social, e que envolvem um número
de subcomponentes (mudanças cognitivas, sentimentos subjetivos,
comportamento expressivo, e tendência de ação) que são mais ou
menos sincronizados durante o episódio da emoção. (JUSLIN;
SLOBODA, 2013 apud GERLING; SANTOS 2015 p.15).
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A musica é usada desde sempre por povos e tribos, para que a sua cultura
não desapareça. Hoje em dia a função da musica não está somente no aprendizado,
mas também como uma forma de desenvolvimento para aquelas pessoas que tem
dificuldade na socialização e memorização.
O objetivo da inclusão escolar é inserir o aluno sem distinção, todas as
crianças e adolescentes com diferentes graus de comprometimento social e
cognitivo em ambientes escolares , fazendo com que o preconceito possa diminuir e
estimular a socialização desses aluno com desenvolvimento atípico para que
possam se sentir confortáveis em todos os espaços e ambientes comunitários.
Para que o professor possa educar o aluno com autismo, garantindo que ele
desenvolva adequadamente as suas competências cognitivas e sociais, é
necessário diversas maneiras de ensino estruturado que procuram orientar o
professor com a singularidade trazida por pessoas com autismo, nos diferentes
graus apresentados pelo Transtorno. Para Silva (2012, p. 109):
Para crianças com autismo clássico, isto é, aquelas crianças que tem
maiores dificuldades de socialização, comprometimento na
linguagem e comportamentos repetitivos, fica clara a necessidade de
atenção individualizada. Essas crianças já começam sua vida escolar
com diagnóstico, e as estratégias individualizadas vão surgindo
naturalmente. Muitas vezes, elas apresentam atraso mental e, com
isso, não conseguem acompanhar a demanda pedagógica como as
outras crianças. Para essas crianças serão necessários
acompanhamentos educacionais especializados e individualizados.

Sendo assim a formação do professor para lidar com os alunos autistas é de


extrema importância, pois o professor é um dos principais responsáveis pela
construção do conhecimento educacional do aluno, assim como, os valores e as
normas sociais.
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4. A RELEVÂNCIA DA MÚSICA

A música é vista de maneira positiva pela criança autista, onde é possível de


desenvolver sua criatividade atingindo suas emoções e alterando seus
pensamentos, criando respostas benéficas psicológicas e fisiológicas, obtendo um
equilíbrio entre a saúde mental e física.
Os autistas possuem muita dificuldade em expor suas emoções, a música
proporciona ao autista a comunicação, demonstrando os seus sentimentos por meio
da movimentação rítmica, canto ou dispositivos musicais. As atividades musicais
desenvolvem o intelecto trazendo uma evolução no desenvolvimento pessoal e no
bem-estar da criança autista (da Silva & da Silva, 2017).
É essencial que a criança que possui disfunção patológica desenvolva a sua
expressão musical para o desenvolvimento de interação e verbalização de forma
integrativa. Por meio da música o autista desenvolve evolução na cognição,
comunicação e socialização que é o foco principal no tratamento terapêutico esta
realidade já é provada na ciência literária contemporânea (Freire et al., 2018).
Sabendo que a música está relacionada ao emocional de cada pessoa, é
essencial que o docente tenha domínio sobre o método e saiba os gostos musicais
dos alunos de forma individual atentando-se para a melodia e altura da música, a fim
de que a música não seja apresentada de forma incorreta, pois é capaz de
apresentar resultados contrários, como deixar o aluno irritado tendo que interromper
ou terminar com a aula. (CHAVES, BARBOSA & ESTRELA, 2018).
O aluno que possui contato com a música é beneficiado integrando-se com o
mundo, desenvolvendo seu progresso como ser sociável. O docente terá a
responsabilidade de ensinar, ajudar a criança a se sentir segura com o seu corpo,
pensamento e através de atividades musicais, possa descobrir e expressar os seus
sentimentos, suas emoções, até que se sinta confortável juntamente com os outros
colegas.
A educação musical favorece a ativação dos chamados neurônios
em espelho, localizados em áreas frontais e parietais do cérebro, e
essenciais para a chamada cognição social humana, um conjunto
de processos cognitivos e emocionais responsáveis pelas funções de
empatia, ressonância afetiva e compreensão de ambiguidades na
linguagem verbal e não verbal. (MUSKAT, 2017, P. 69)
24

A criança autista passa por um procedimento constante de evolução de


forma peculiar, dentro do seu próprio mundo e isto pode trazer dificuldades; no
entendimento, na expressão verbal, concentração, memorização, raciocínio lógico.o
desenvolvimento manifesta um desenvolvimento pessoal, pois é criada uma relação
entre as pessoas através das atividades musicais.
A emoção musical nos apresenta reações fisiológicas e psicológicas, nos
permite manifestar qualidades uns aos outros e a nós mesmos, é com esta emoção
que sobrevivemos ao nosso dia a dia. Nos permite a expressar sentimentos e
emoções através de melodias e ritmos, e para que o outro possa compreender o que
queríamos passar não precisa ser nenhum gênio da música.
A música facilita a comunicação, seja qual forma for, cada qual com seus
limites, o que entendemos que para a criança com TEA nem sempre é fácil
demonstrar suas emoções, falar de si, do que está sentindo, mas ela facilita à
criança se expressar seja através de uma dança, um instrumento, uma canção.
Conforme Barreto (2000, p.45):
Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão
corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação
difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade
psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão
importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao
desenvolvimento.

A música também pode estimular a memória verbal e escrita, sabendo que


uma canção pode ser o relatório de uma leitura, e as notas tendo mesmo significado
das palavras. Expande seu repertório de palavras e a sua experiência com o mundo,
não com repetições monótonas, mas com experiências que fazem parte de sua vida
e por meio da apropriação de bens culturais.
O “escutar” também passa a ser de suma importância na Educação Infantil,
escutar é perceber e compreender os sons por meio do sentido da audição, ou seja,
tomar consciência do fato sonoro.
Em atividades de música em sala de aula há uma confusão conceitual entre
educação musical e musicalização, lembrando que há resistência da presença da
música no ambiente escolar, consequentemente estas práticas ficam aprisionadas,
distanciando-se de seus usos sociais. Muitos consideram à “musicalização” como
uma competência técnica ou a um trabalho “pré-musical”. (PENNA, 1990, p. 32).
25

A musicalização não se define em criar um coral na classe para


apresentações em público, ou criar uma escola de música, ensinando arranjos,
teoria, harmonia, música clássica e erudita, mas, criar oportunidades para que
alunos possam a aprende rede uma forma mais significativa. Segundo PENNA:

(...) musicalizar é desenvolver os instrumentos de percepção


necessários para que o indivíduo possa ser sensível à música,
apreendê-la, recebendo o material sonoro/musical como significativo
– pois nada é significativo no vazio, mas apenas quando relacionado
e articulado no quadro das experiências acumuladas, quando
compatível com os esquemas de percepção desenvolvidos (PENNA,
1990, p. 22

Muitas crianças autistas aceitam de forma positiva à música, o ritmo na


música é algo essencial, favorece disciplina e coordenação, estas muitas vezes,
ausentes. A melodia leva à expressão dos sentimentos e emoções que é de suma
importância para a criança, e também para o profissional que trabalhe com ela. A
harmonia pode desenvolver a ordem e lógica ao pensamento, agregando ao
equilíbrio de suas funções psíquicas.
A música ainda aumenta a atenção e concentração, o que sabemos que com
crianças não é fácil conseguir, ela permite que a criança possa estimular a
criatividade, onde a criança possa se envolver entre a fantasia e a realidade através
de experiências musicais. Obtém experiências que levarão esta criança a um
armazenamento de material em seu consciente.
Os benefícios psicológicos e fisiológicos de uma criança que possui aulas de
música são muitos; a oportunidade de fazer música, escutar, cantar, vivenciá-la, faz
com que o individuo possa mudar seus pensamentos, expressando suas emoções,
trazendo mais desenvolvimento na saúde física e mental.
A música pode desenvolver o comportamento das pessoas. Agindo como um
“agente mediador” para ajuda-las na construção de um diálogo com a realidade. A
aproximação com á música favorece o indivíduo, relacionando com o mundo e a
sociedade, possibilitando o seu desenvolvimento como ser social.
O profissional da área de música irá instruir e auxiliar o individuo a se colocar
em ordem, não só em pensamento, mas como também em seu corpo, possibilitando
e criando atividades musicais que o façam descobrir suas emoções, sentimentos,
algo que possa estar mais conectado com as pessoas ao seu redor e com o mundo.
26

O desenvolvimento em qualquer área que seja, não é um processo solitário,


mas produzido na relação entre as pessoas; a criança autista possui esse
desenvolvimento dentro de sua peculiaridade, dentro do seu próprio mundo, que por
muitas vezes possui dificuldades na compreensão, linguagem, atenção, memória,
raciocínio abstrato, pensamento lógico.
O autista assim como qualquer outra pessoa, deve compreender que vive em
um mundo cheio de significados e características, que estes são entendidos a partir
da relação com as pessoas e trocas de experiências, mas, devido as suas
características de personalidades, esse processo não se dá com facilidade. Para
Silva (2012,p.109)
Para crianças com autismo clássico, isto é, aquelas crianças que tem
maiores dificuldades de socialização, comprometimento na
linguagem e comportamentos repetitivos, fica clara a necessidade de
atenção individualizada. Essas crianças já começam sua vida escolar
com diagnóstico, e as estratégias individualizadas vão surgindo
naturalmente. Muitas vezes, elas apresentam atraso mental e, com
isso, não conseguem acompanhar a demanda pedagógica como as
outras crianças. Para essas crianças serão necessários
acompanhamentos educacionais especializados e individualizados

Diante da complexidade educacional que o transtorno apresenta, é possível


entender que é necessário a capacitação de profissionais dentro de sistemas de
apoio que sirvam para a realização do processo ensino-aprendizagem do aluno com
autismo. Para que essas crianças possam estar inclusas dentro do sistema
educacional de forma correta.
O autista encontra muitas dificuldades ao ingressar na escola regular. Mesmo
sem perceber essas dificuldades passam a fazer parte da rotina dos professores e
da escola como todo, isso pode gerar um regresso na socialização dos autistas. O
professor e profissionais da escola deve realizar atividades que possa melhorar a
adaptação desse aluno e promover sua aprendizagem.
Para que a aprendizagem dessas crianças tenha resultados significativos, é
necessário que a forma de ensinar seja preparada para lidar com a singularidade
que há nas salas de aula com o propósito de acolher adequadamente as
manifestações do transtorno.
27

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A música como linguagem tem muito a nos beneficiar com a sua


expressividade por meio de produções sonoras, movimentos corporais, ritmos e
melodias que permitem nos expressar, consequentemente a criança possa adquirir a
leitura do ser individual e social, e assim transformar suas relações interpessoais.
A música no contexto da Educação Infantil, se for trabalhada de forma lúdica
e dinâmica, com professores comprometidos e que estejam preparados, traz
experiências e conhecimento para as crianças, onde constitui um elemento
indispensável para a sua formação e desenvolvimento, permitindo benefícios não
somente na área musical, mas também como individuo.
Com este trabalho podemos perceber que é importante que os docentes
utilizem cada vez mais a música nas suas aulas, de forma que possa desenvolver as
capacidades e competências das crianças. Além disso, poderíamos partir da
pesquisa realizada no decorrer do trabalho, e apresentar de várias outras formas os
benefícios da Música nas crianças autistas, de forma a elucidar os professores sobre
a importância que a música tem no mundo das crianças portadoras de autismo.
28

6. REFERÊNCIAS

BARRETO, S. J. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau:


Acadêmica, 2000

BRANDALISE, A. Musicoterapia músico-centrada: Linda – 120 sessões. São Paulo:


Apontamentos, 2001

BRUSCIA, K. Improvisational Models of Music Therapy. Springfiled, IL: Charles C.


Tho-mas Publishers, 1987

Declaração de Salamanca e Enquadramento da Acção. Lex: Conferência Mundial


sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade. SALAMANCA,
Espanha, 7-10 de junho de 1994. Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura. Ministério da Educação e Ciência da Espanha.

FONSECA, Maria Elisa; CIOLA, Juliana de Cássia. Vejo e Aprendo: Fundamentos


do Programa TEACCH. O Ensino Estruturado para Pessoas com Autismo. 1° edição.
Book Toy, 2014.

FONSECA, V. Aprender a aprender: a educabilidade cognitiva. ARTMED, 1998


GERLING, C.C., SANTOS, R.A.T. As conexões entre música e emoção sob
perspectivas psicológicas, filosóficas e estéticas. In: ARAÚJO, R. C.; RAMOS, D.
(Orgs.). Estudos sobre motivação e emoção em cognição musical. Curitiba: Editora
UFPR, 2015, p.13-44

HOLANDA;PUCHIVAILO, A história da musicoterapia na psiquiatria e na saúde


mental 2014
JUSLIN, P. N.; SLOBODA, J. A. (Eds.). Music and Emotion: Theory and Research.
New York: Oxford University Press, 2001.

MELLO, Ana Maria S. Ros de, Autismo: guia prático. 5 ed. São Paulo: AMA; Brasília:
CORDE, 2007.

MUSKAT, M. Música, neurociência e desenvolvimento humano. Disponível em


http://www.amusicanaescola.com.br/pdf/Mauro_Muszkat.pdf. Acesso em: 20/10/20

PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Edições


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Paulo, 1995
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WIGRAM, T. (2007). "Event-based Analysis of Improvisations Using Improvisational
Assessment Profiles.
29

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 2/2 - ATIVIDADE 3

Critérios Pontos Pontos Alcançados

Elementos Pré e Pós –Textuais (0-200) 200

Introdução clara e coerente com o trabalho (0-400) 400

Considerações Finais coerentes com os objetivos propostos (0-400) 400

Desenvolvimento (Capítulos 1, 2 e 3) de forma clara e estruturada ao


longo de todo o trabalho (0-2000) 1900

Apresenta coerência, linguagem formal e impessoal, respeita as


regras ortogramaticais. (0-600) 600

Referências contempla todas as obras e autores que foram citados no


trabalho, atendendo à formatação correta de acordo com a ABNT (0-400) 400

Nota Total (0 - 4000) 3900

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