Você está na página 1de 4

A agonia do frete no Brasil

Muitas vezes já se ouviu comentários sobre os valores de fretes praticados no Brasil e


esquentamos a cabeça para entender e nos adaptar quando somos surpreendidos com mais um
aumento no valor do óleo diesel, pneus, salários e outros fatores de cálculo, como peças e
serviços de manutenção. Surge sempre a mesma pergunta: E o frete, não aumenta?

Essa pergunta tem efeito e respostas diferentes dentro de cada setor: Para as empresas, fica o
empenho em exigir os mesmos preços dos fretes, pois sua produção é instantaneamente afetada
comprometendo sua margem de lucro.

Para as transportadoras, fica o desafio de manter os preços dos seus serviços, pois seus fiéis
clientes migram ao primeiro sinal da palavra “aumento”.

Essa relação não é, nem de longe, pacífica e vantajosa para nenhuma das partes. A lei de
mercado que diz que um bom negócio é o ganha-ganha, mas não é coerente com ambas as
partes: A transportadora tem sua lucratividade afetada e os clientes têm a qualidade ameaçada.
Lucratividade e qualidade são questões de sobrevivência.

Uma relação construída sob o medo da falta de competitividade ou da quebra de uma “parceria”
alimenta muitos aventureiros no ramo do transporte. São muitos que abrem e fecham empresas
de transportes todos os dias. Sem o seguro das cargas transportadas, eles ofertam preços
imbatíveis diante de desenfreados aumentos dos fatores que compõem o valor de frete.
“Queimam e contaminam” preços tirando o poder de negociação de empresas sérias e
preocupadas com a qualidade.

Abordando de forma direta o transporte rodoviário, que representa 78% utilizado no País, sabe-se
que os principais fatores para o custo do frete consistem em combustível e em pneus. Só no
primeiro trimestre o diesel alcançou os 11% de aumento real. E há fretes congelados há anos. No
mercado há casos de até, acredite, oito anos sem reajustes.

Não há como se iludir ao comprar alguma coisa e ganhar algo grátis. Você está pagando por
aquele algo, pois o mercado não dá nada gratuitamente. Você acha que esses fretes não buscam
compensação em outras coisas? E não falo só da questão da perda de qualidade, porém há
casos, não são todos, mas não são poucos em que se alimenta um mercado ilegal de comércio
de combustível e de pneus e peças roubadas.

O que falar dos aumentos dos fatores associados à falta de condição crescente das rodovias?
Como contornar problemas com custos adicionais gerados diariamente? Só “jogo de cintura” não
é suficiente.
Custos enxutos e foco em investimentos vêm assegurando a sobrevivência de muitas
transportadoras. Entretanto, uma conscientização voltada à parceria é a saída. Já estive nos dois
lados: contratado e contratante; e sei que a condição é desigual e imposta de forma que se
desenham muito bem as figuras do opressor e do oprimido. Não precisa ser assim.

A parceria entre algumas empresas e transportadoras vem dando certo. Lucros divididos, custos
operacionais reduzidos com atividades sinérgicas. A produção entendeu que o transporte é uma
extensão do negócio, vital como qualquer outro segmento.

O mercado muda a cada dia. O público antes coberto com uma determinada linha de produtos,
tornou-se exigente e paga a mais por um prazo menor e por um produto de maior qualidade. Os
custos para isso podem ser corrigidos e os lucros distribuídos de forma mais inteligente e não
exploradora.

O que na verdade se pratica durante todos esses anos é um grande desperdício de energia que
ronda o transporte no Brasil. Somos campeões em custos diretos e indiretos, culpa de campanhas
mal elaboradas onde há outro intuito que, com certeza, não é aquela que contempla um projeto
de frete que satisfaça os transportadores e agregue valor ao produto do cliente. São campanhas
que visam vender caminhões, pneus, subsidiar outros mercados e construir rodovias que, na
maioria das vezes, não atendem uma demanda, não propõem uma durabilidade e são
extremamente caras aos cofres públicos com uma grande margem de corrupção.

É nesse momento que se entende por que a energia concentrada nos fretes não é bem utilizada
no Brasil. Enquanto as empresas buscam congelar os preços desses serviços, as transportadoras
buscam soluções de sobrevivência. Na verdade, os dois se perdem num mesmo caminho,
acorrentados por um sistema governamental que lhes suga as forças. Uma energia desperdiçada
e afundada em programas errados, nos buracos das rodovias e nos bolsos de corruptos que
assistem de camarote a agonia do frete brasileiro.

Escrito Por : Marcos Aurélio da Costa Foi Coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela
Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e
Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no
Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

Diante da situação descrita no caso, apresente sugestões estratégicas para que as


transportadoras obtenham vantagem competitiva no cenário brasileiro. Utilize a
metodologia do MASP para apresentar as soluções.

Sugestão de resolução do problema:


1. Pesquise a situação dos caminhoneiros e frentistas do Brasil.
- A Petrobras anunciou nesta quinta-feira, 11, que irá baixar novamente o valor do disesel cobrado
nas refinarias. A redução será de 5,41 reais para 5,19 reais o litro a partir de sexta-feira, 12. A
queda de 4,07% é a segunda anunciada pela estatal em uma semana. Na última quinta, a estatal
anunciou uma redução de 3,56% no valor da venda. Os preços dos demais combustíveis seguem
inalterados.
- O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS) apresentou nesta sexta-feira, 5, um projeto de lei
que visa isentar o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) de caminhoneiros e taxistas
incluídos no programa Auxílio Brasil. Segundo o parlamentar, a contribuição desses motoristas se
deve à falta de reajuste na tabela do IRPF — a última correção foi em 2015. Além do Auxílio Brasil,
a proposta visa criar motoristas beneficiários de programas emergenciais como o auxílio
caminhoneiro, vale-gás e auxílio taxista.
- Classe é pouca valorizada no Brasil
Os caminhoneiros são uma das classes do Brasil que mais não têm o seu reconhecimento devido, pela
importância do seu trabalho no país. Vários problemas enfrentados pelos profissionais que poderiam ser
resolvidos com uma maior atenção do governo, das empresas e até mesmo da própria população, acabam
virando catástrofes para o caminhoneiro.
Por esses e outros motivos que vários profissionais do país sonham em seguir a carreira em um outro
lugar mesmo precisando se adequar a novos idiomas, cultura e até mesmo ficar longe da família.

2. Utilize o PDCA para propor soluções:


a. Faça brainstorming para o problema;
- preços dos combustíveis;
- alta da inflação;
- condições precárias das estradas;
- pedágios;
- altos valores para manutenção dos veículos
- mal aproveitamento do território brasileiro

b. Elabore o diagrama de causa e efeito para o problema;

Método Mão de obra Material

- Preço dos combustíveis

- Manutenção cara dos


veículos

Problema
/ Efeito

- Pedágios
- Inflação
- Condições das estradas
- Extensão territorial

Medida Meio Ambiente Máquina

c. Faça um brainstorming com o grupo de trabalho para possíveis soluções do problema

- terceirização da logística pelas empresas fornecedoras de mercadorias;


- divisão dos custos e lucros com o setor logístico;
- parceria com governos municipais, estaduais, federais para desenvolvimento e criação de
políticas para melhoria do setor logístico;
- criar pontos de distribuição em cidades para facilitar a entrega e diminuir os custos

d. Avalie as sugestões para resolver os problemas;


e. Categorize as sugestões – GUT ou Pareto;
G U T GxUxT Ordem
Preços dos 5 4 4 80 1
combustíveis
Inflação 4 3 3 48 3
Condições das 4 4 4 64 2
estradas
Pedágios (alto 2 2 1 4 6
índice)
Manutenção cara 4 4 2 32 4
Extensão territorial 2 2 2 8 5

f. Elabore plano de ação para cada objetivo;


Ordem
Preços dos 1 Governo: redução de impostos, políticas de incentivo,
combustíveis congelamento de reajustes.
Inflação 3 congelamento de reajustes.
Condições das 2 Manutenções periódicas e corretivas, fiscalização
estradas
Pedágios (alto índice) 6 Com o investimento em manutenções periódicas e
corretivas, consequentemente haverá diminuição de
disponibilização de trechos para concessionárias e assim
diminuição no número de pedágios.
Manutenção cara dos 4 Políticas de incentivo; parcerias entre lojistas, feirões com
veículos descontos de verdade em pneus, óleo, serviços
completos
Extensão territorial 5 Investimento em outras formas de transporte como
ferroviário, marítimo, aéreo.

g. Apresente os indicadores;
indicadores de qualidade de pavimentação; IPCA; ANTT

h. Apresente as formas de avaliação do processo.

A melhor forma de avaliação de avaliação dos processos é ouvindo as partes envolvidas. Os


responsáveis pelas realizações das entregas (empresas e entregadores no geral) e os responsáveis
pelo consumo dos serviço, pois são os principais “ditadores” do movimento, são eles que se mantém
fiéis a um produto/serviço/empresa quando essa o atende e são os mesmos que deixam de comprar
caso apareça algum fator que o incomode.
Pesquisas de opinião são ótimas ferramentas para medir a satisfação dos clientes quanto a um
produto ou serviço.
O PDCA deve ser utilizado de forma contínua pelas prestadoras de serviço para que estejam sempre
atualizando seus processos e assim não percam atualizações vindas do mercado interno e externo.
Status de serviço de entregas: é um indicador de desempenho muito importante, que mede
o cumprimento dos prazos de entrega, que representa um dos principais pontos da
logística. Ele considera o tempo que a carga levou para chegar ao cliente, contando a partir
do momento em que o caminhão saiu para transporte.

Você também pode gostar