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RENOVAÇÃO DE FROTAS AVANÇA EM TRÊS ESTADOS

* Neuto Gonçalves dos Reis

Enquanto o programa RenovAR, da CNT, continua em estudos na Casa Civil da Presidência da


República, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro lançam seus programas de renovação da frota de
caminhões.

PROGRAMA RENOVAR

Atualmente em análise na Casa Civil da Presidência da República, o Programa RenovAR, elaborado


pela CNT em 2009, tem com o objetivo de retirar de circulação e dar uma destinação correta aos
caminhões com idade superior a 20 anos que circulam pelo País.

De acordo com o estudo da CNT, existiam, na época do estudo, 1.362.160 caminhões em circulação
no País. Deste total, 598.155 (44% da frota) tinham mais de vinte anos. Destes quase 600 mil
veículos, 85% pertenciam a autônomos e 15% a empresas.
Existiam também 269.610 caminhões (20% da frota) com mais de trinta anos, sendo 88% de
autônomos e 12% de empresas. A idade média da frota de autônomos chegava a 23 anos e a das
empresas era de 11 anos.
O programa prevê a entrega do caminhão a centros de recuperação mediante o recebimento de um
crédito tributário de R$ 30 mil para ser usado na compra de um caminhão novo ou de idade inferior
ao antigo. A partir dessa entrega, os centros de reciclagem trabalhariam no reaproveitamento dos
materiais e no descarte correto dos demais componentes. Podem ser reciclados aço, pneu, bateria,
óleo e vidro.
Segundo a CNT, os veículos antigos:
 Possuem tecnologias obsoletas.
 Apresentam defeitos mecânicos proporcionalmente a sua idade.
 Necessitam de maior manutenção.
 Apresentam problemas que afetam a segurança.
 Consomem mais combustíveis e insumos.
 Comprometem o desempenho das movimentações.
 Emitem mais poluentes atmosféricos.

Conforme a proposta da CNT, se fossem retirados, anualmente, 50 mil veículos com mais de 20 anos
de uso de circulação, seria possível, até 2023, reduzir a idade média da frota para 7,8 anos.
A execução do Programa apresentaria vantagens sociais, econômicas e ambientais.

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VANTAGENS SOCIAIS

 Redução de acidentes
 Redução de congestionamentos
 Melhor qualidade do ar
 Melhora da mobilidade urbana
 Melhor qualidade de vida para a população
 Melhor condição de empregabilidade para o caminhoneiro autônomo

VANTAGENS ECONÔMICAS

 Aquecimento do mercado
 Fortalecimento da indústria
 Diminuição dos gastos com saúde pública
 Diminuição dos gastos com acidentes de trânsito
 Redução de custos operacionais (combustível e manutenção)
 Melhor gestão da frota e de seus insumos
 Aumento na qualidade do serviço de transporte
 Dinamização da logística nacional

VANTAGENS AMBIENTAIS

 Redução drástica nas emissões veiculares


 Reciclagem dos veículos antigos
 Tratamento adequado dos resíduos
 Redução da emissão de CO2 em toda a cadeia de produção (emissões advindas das
siderúrgicas)
 Possibilidade de projetos de MDL
 Redução do consumo de combustíveis
 Diminuição de congestionamentos
 Produção sustentável
 Fortalecimento da Política Ambiental

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Ainda conforme a CNT, o alto valor de mercado dos veículos, mesmo com idade avançada, dificulta a
sua retirada de circulação.

PROGRAMA RENOVA SÃO PAULO


O Programa de Incentivo à Renovação da Frota de Caminhões do estado de São Paulo (Renova SP)
tem como objetivo tirar de circulação veículos com mais de 30 anos Em todo o estado, segundo
dados de 2012 do Detran-SP, 186.538 veículos estão nessa situação.
Um plano piloto está sendo executado em Santos. Dos 6 mil caminhões do município, 4 mil são de
autônomos e em torno de 1 mil têm mais de 30 anos.
O governo dispõe de R$ 45 milhões para financiar os novos caminhões. O interessado pode conseguir
uma linha de crédito de até R$ 270 mil.

Os veículos são financiados pela Desenvolve SP e contam com juros zero – o subsídio é do estado.
Isso faz com que um veículo que é adquirido por R$ 150 mil, por exemplo, tenha prestações de
pouco mais de R$ 2 mil, valor bem abaixo do praticado no mercado.

O foco do Renova SP são os caminhoneiros autônomos e pessoas jurídicas enquadradas como


microempreendedores individuais que prestam serviços no Porto de Santos, limitando o
financiamento a um caminhão por beneficiário. São financiados a aquisição de caminhões, chassis,
caminhões-tratores e cavalos mecânicos.
Pelo programa, os caminhoneiros podem pagar o financiamento em até 96 vezes. Além disso, o
governo de São Paulo também estipula que o veículo antigo seja retirado de circulação e suas peças
totalmente inutilizadas e recicladas por empresas especializadas e credenciadas pela Cetesb e
participantes do programa. Os recursos são da Linha BNDES Pró-caminhoneiro com a equalização dos
juros feita pelo governo do estado.
A intenção do governo é estender o programa para o resto do estado.

RIO DE JANEIRO
Visando incentivar a modernização da frota de caminhões, o governo do Rio de Janeiro editou lei que
beneficiará o transportador de cargas. Com isso, os veículos poderão ser comprados com isenção de
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O imposto cobrado costuma ser de 12%.
A intenção inicial é reduzir a idade média da frota de veículos de 17 anos para 12 anos até 2017,
além da consequente redução das emissões de gases nocivos à saúde. Caminhões novos podem
poluir 20 vezes menos que os antigos.
Conforme a Lei nº 6.439, publicada no dia 29 de abril de 2013, no Diário Oficial do Estado, a norma
vale por cinco anos, e pode ser prorrogada para mais cinco. Para poder utilizar o benefício, o
motorista deve realizar a baixa definitiva no Detran-RJ de caminhão com 20 anos ou mais de

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fabricação, além de apresentar comprovação da destruição do veículo por recicladoras cadastradas
pelo governo estadual.
Ao dar fim ao caminhão antigo, o caminhoneiro autônomo ou frotista obterá um “certificado de
destruição” que o habilitará a comprar, em concessionárias e fabricantes de caminhões do Rio, um
veículo novo com isenção de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O valor de
face do certificado não poderá ser inferior a 7,8% do valor do caminhão novo.

O Programa também inclui a possibilidade de compra de implementos rodoviários, que também


devem ser adquiridos em empresas domiciliadas no Estado do Rio de Janeiro, salvo se
comprovadamente não houver produto similar.

Podem participar do Programa pessoas físicas ( autônomos- CPF ) ou pessoas jurídicas ( empresas-
CNPJ ), mas o caminhão usado tem que ter 20 anos ou mais de uso, estar plenamente regularizado
pelas normas do Detran, estar com tributos, taxas e vistorias em dia e em condições de rodagem.

Também ficou acertado que os contribuintes beneficiados pela isenção poderão usar, em 48 meses,
créditos do ICMS relativos à operação. Mas por outro lado, a lei poderá ser discutida, pois a
Constituição Federal e a Lei Kandir (Lei Complementar nº 87, de 1996) vetam a exoneração ou não
incidência do uso de créditos do imposto.
Além disso, como a isenção de ICMS não foi autorizada pelo Confaz (Conselho Nacional de Política
Fazendária), a medida poderá ser debatida na Justiça.
Para que as empresas possam renovar suas frotas com o incentivo, foram estipuladas algumas
regras. Por exemplo, o caminhão novo deve ser fabricado no Estado do Rio. Além disso, o
proprietário não poderá transferir o veículo para outro estado durante cinco anos.

MINAS GERAIS
O Projeto de Lei (PL) que cria o programa estadual de Renovação da Frota de Caminhões foi
aprovado, dia 19 de dezembro de 2013, em 2º turno no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG). A proposta é estimular a aquisição de caminhões novos ou usados, com até dez anos
de atividades, pelos proprietários de 70 mil veículos com mais de 30 anos de uso (a frota total é de
150 mil caminhões).
A ideia do governador de Minas Gerais e idealizador do projeto, Antônio Anastasia, é estabelecer a
isenção do IPVA por até dez anos, desde que o caminhão permaneça sob propriedade do beneficiário
do programa.
Está prevista também a isenção da taxa cobrada pelo Detran-MG pela baixa definitiva do veículo
substituído, bem como remissão do IPVA e das taxas cobradas para registro, alteração e controle do
veículo substituído e destinado a baixa definitiva, vencidos até a data de início de vigência da futura
lei.
Para participar do programa, o veículo substituído deve estar funcional, ser emplacado no Estado até
21 de outubro de 2013, destinado à baixa definitiva no Detran-MG e entregue a empresa recicladora

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com regularização ambiental. Essa baixa no Detran-MG e a entrega à empresa recicladora devem ser
feitas antes do emplacamento dos veículos adquiridos no âmbito do programa.

* O autor é Mestre em Engenharia de Transportes, diretor-técnico executivo da NTC&Logística,


membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do CONTRAN e presidente da 24ª. JARI do
DER/SP.

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