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1.

INTRODUÇÃO, LOCALIZAÇÃO E CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL

Nosso objeto de pesquisa é a empresa de transporte urbano Viação Mauá,


localizada no munícipio de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro. A empresa deu
início as suas atividades em 1946 transportando funcionários da fábrica de cimento Mauá,
vem daí o nome da empresa. Em seus mais de 70 anos de atividade, a empresa mudou de
donos e foi incorporada por outras empresas do mesmo ramo. Atualmente a sede fica na
rua Capitão Acácio, 363 no bairro de Boaçu às margens do Rio Boaçu no munícipio de
São Gonçalo no Rio de Janeiro.

O Grupo Mauá possui 380 veículos ativos e 60 linhas de ônibus que operam
predominantemente na região de São Gonçalo, Niterói e Rio com um quadro de 1.500
funcionários. Com funcionamento 24 horas por dia e realizando aproximadamente
250.000 viagens por mês e percorrendo 4.000.000 km com seus veículos.

A empresa tem desde 2012 a certificação ISO 9001:2008 e recomendada para


recertificação em 2015. O Grupo Mauá opera as linhas ABC, Icaraí, Mauá, Mauá
Intermunicipais e Alcântara. Com um importante programa e descarte de resíduos sólidos
e reciclagem em geral. A empresa é monitorada pelo órgão estadual INEA (Instituto
Estadual do Ambiente) e gerência o descarte de todo o material utilizado nos
ônibus/veículos, nas garagens e nos escritórios, passando por pneus, estofamento,
lâmpadas, peças automotivas etc.

Em sua garagem os veículos são lavados diariamente representando um alto


consumo de água, se gasta em média, segundo a CNT (Confederação nacional de
transporte) aproximadamente 364 litros de água para a lavagem de cada veículo,
multiplicando isso pelo número de veículos lavados todos os dias na garagem da Viação
Mauá, chega-se ao número de 138.320 litros de água por dia e 4.149.600 litros de água
por mês. Considerando o alto custo financeiro e impacto ambiental que essa atividade
representa, levando em conta, tanto o gasto de água como o descarte dos efluentes nos
pós consumo é importante estabelecer procedimentos e um gerenciamento de controle da
água utilizada. Sabendo que lavagem diária da frota representa qualidade dos serviços
prestados pela Viação e visando a melhoria e eficiência em suas atividades, vamos
analisar os custos, impactos e benefícios desta atividade.
1.1 ARCABOUÇO LEGAL

A utilização da água tem diversos fins, podendo ser, na área agrícola, para
abastecimento, na geração de energia, para fins industriais e outras atividades, para cada
finalidade temos uma característica ligada à quantidade, a sua qualidade e a suas
alterações em relação ao seu estado natural. Muitos estudos são realizados na busca de
novos conhecimentos e principalmente para aprimorar a utilização deste bem tão precioso
para a humanidade, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), procura
realizar estudos e emitir normas, com a finalidade de assegurar a disponibilidade deste
recurso. Com base na regulamentação nacional, estadual e municipal vigentes, buscamos
em nosso estudo adequar o processo de utilização da água na empresa.

Temos como analisar de duas formas a utilização da água pela empresa Viação
Mauá, a primeira seria em relação aos custos financeiros que a utilização deste recurso
usado de forma desregrada e descontrolada pode trazer um prejuízo se o processo de
higienização dos veículos não forem bem gerenciados, esta cobrança é regulamentada
conforme a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela lei nº 9.433/97, que
visa conscientizar o usuário sobre o real valor de utilização da água, incentivar
tecnologias limpas e otimizar a utilização da água. A outra forma seria a questão
ambiental e o desenvolvimento destas tecnologias, que estimulam a preservação deste
recurso natural e visa sempre o menor prejuízo do ecossistema como um todo.

No âmbito estadual temos algumas normativas que regulamentam e orientam


estruturas necessárias para lavagem de ônibus e para captação da água e seu
reaproveitamento, conforme lei estadual nº 6.034, que dispõem da obrigatoriedade das
empresas de ônibus urbano do estado do Rio de Janeiro na instalação de equipamentos
para tratamento e reutilização da água usada na lavagem dos veículos. Outras leis e
decretos visam incentivar e educar, como a criação dos programas "Consumo
Responsável" e "Programa Ecolavagem", que autorizam o poder público a desenvolver o
tema.

O Decreto Estadual nº 46.890 cria o Sistema Estadual de Licenciamento e demais


Procedimentos de Controle Ambiental (Selca), que busca garantir o desenvolvimento
sustentável do estado do Rio de Janeiro, outra medida importante é o decreto nº 47.403
de 15 de dezembro de 2020, que dispõe sobre a política de reuso da água para fins não
potáveis, buscando estimular esta prática no estado e tornar cada vez mais sustentável.
O estado do Rio de janeiro, em concordância com a Resolução Conama n°
237/1997, que regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental, possui o decreto
Estadual n° 42.159/2009, que dispõe sobre o Sistema de Licenciamento Ambiental
(Slam), que estabelece instrumentos para o licenciamento, de acordo com a natureza do
empreendimento.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão gestor e executor da Política Estadual de


Recursos Hídricos e Florestais, estabelece diretrizes e instrumentos de controle para
atividades potencialmente poluidoras, na qual a empresa se enquadra e deve buscar se
adequar. Como principais instrumentos e diretrizes podemos citar:

• Lei Estadual nº 6034, de 08/09/2011, dispondo sobre a obrigatoriedade de instalação de


equipamentos de tratamento e reutilização da água usada na lavagem dos veículos em
empresas de ônibus e outras atividades no Estado do Rio de Janeiro.

• Lei Estadual nº 5.541, de 17/09/2009, que disciplina a comercialização e o descarte de


óleos lubrificantes e de filtros de óleo na forma da Resolução Conama no 362, de
23/06/2005.

• Lei Estadual nº 9164, de 28/12/2020. Regulamenta os procedimentos para


armazenamento e retardo de água de chuva em perímetros urbanos para aproveitamento
e postergação de sua descarga na rede pública, além da acumulação de água cinza clara
para seu tratamento e uso em fins cuja água não necessite ter caráter potável consoante as
normas técnicas e dá outras providências.

• NT-202 - Critérios e Padrões para Lançamentos de Efluentes Líquidos, aprovada pela


Deliberação Ceca no 1.007, de 04/12/1986, e publicada no DOERJ de 12/12/1986.

• DZ-215 - Diretriz de Controle de Carga Orgânica Biodegradável em Efluentes Líquidos


de Origem Sanitária, aprovada pela Deliberação Ceca no 4.885, de 25/09/2007, e
publicada no DOERJ de 05/10/2007.

• DZ-1310 - Sistema de Manifesto de Resíduos, aprovada pela Deliberação Ceca no


4.497, de 03/09/2004, e publicada no DOERJ de 21/09/2004.

• DZ-942 - Diretriz do Programa de Autocontrole de Efluentes Líquidos Procon-Água,


aprovada pela Deliberação Ceca no 1.995, de 10/10/1990, e publicada no DOERJ de
14/01/1991.
A empresa também deve encaminhar ao Inea o Relatório de Acompanhamento de
Efluentes Líquidos (RAE) com os resultados de análise dos parâmetros e frequências
estabelecidas pela Secretaria de Meio Ambiente em atendimento à DZ-942.

1.2 JUSTIFICATIVA

Buscamos neste projeto demostrar a importância de uma gestão eficiente na


economia do uso da água no processo de lavagem dos veículos. Como podemos observar,
o uso desse recurso é elevado e atualmente estamos vivendo um período de escassez no
Brasil e o problema não se limita apenas às secas da região do nordeste, chegando as
grandes cidades, havendo necessidade de racionamentos cada vez mais frequentes.
Hendrik Lucchesi Mansur, especialista em conservação, salienta dados que mostram o
agravamento da situação e a necessidade de medidas:

A escassez hídrica que atingiu a região sudeste do Brasil, no período de


2013 a 2015, demonstrou o risco de colapso na irrigação, nas indústrias e
no abastecimento humano, e que somente as obras de infraestrutura não
são suficientes para garantir a disponibilidade de água. É necessário
adotar um modelo de gestão que tenha, além dos investimentos em
infraestrutura, ações e projetos direcionados à proteção e restauração de
ecossistemas naturais. (2019,p.1).

Porém há uma grande necessidade de higienização dos veículos, tanto externa


quanto internamente. A limpeza interna dos ônibus deve ser realizada a cada viagem pois
os passageiros podem trazer contaminantes em suas roupas, sapatos e objetos, tornando a
limpeza de suma importância para receber os próximos usuários com maior segurança,
principalmente em tempos de pandemia.

Com a chegada do novo Coronavírus, a Agência Nacional de Transportes


Terrestres (ANTT) publicou uma resolução com medidas a serem adotas no transporte
rodoviário a Resolução nº 5893, dita normas sobre processo de limpeza e desinfecção dos
veículos. A boa prática na lavagem da frota resulta em diversas vantagens para a
organização, como a diminuição de custos (o consumo de água reduz significantemente),
elevação da eficácia operacional, diminuição de riscos acidentes, atendimentos as normas
mais restritas para captação hídrica além de melhoria de imagem da empresa frente à
sociedade.

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