Sumário
Apresentação.................................................................................. 01
As Engrenagens da Moda
Marta Kasznar Feghali e Daniela Dwyer
Introdução....................................................................................... 02
Capítulo I
O Desafio de Inventar Moda
* O lado prático da história............................................................ 04
* Como entender a área de moda no Brasil.................................... 08
* Como a área de moda chegou ao estágio atual............................ 12
* A moda no mundo....................................................................... 13
Capítulo II
Um Pouco de História.................................................................... 15
Capítulo III
Indústria e Tecnologia
* Os novos tempos......................................................................... 23
Capítulo IV
Os Mil e Um Mercados de Moda
* Públicos e produtos que compõem as principais facetas do
mercado de moda............................................................................ 31
Capítulo V
Um Raio X da Moda
* Onde estão as oportunidades profissionais.................................. 35
- Equipe da indústria têxtil e confecção.............................. 37
- Equipe de comercialização............................................... 39
- Equipe de design.............................................................. 40
- Equipe de produção de moda e divulgação...................... 42
* A moda como um bom negócio.................................................. 45
Capítulo VI
Rumos do Setor.............................................................................. 51
Conclusão....................................................................................... 59
Apresentação mercado: seu funcionamento, cultura, estrutura e segmentos de
atuação, além de um perfil de todos os profissionais envolvidos com
De todas as áreas do conhecimento, uma, sem dúvida, tem essa atividade.
chamado nossa atenção nos últimos anos: a da moda. Fonte Este livro é um material de pesquisa que, de maneira clara e
inesgotável de novidades que estimulam nosso desejo, a moda, há objetiva, organiza as informações e orienta o profissional que deseja
muito tempo, deixou de ser apenas sinônimo de glamour e conhecer, descobrir e trabalhar nesse universo tão fascinante,
frivolidade para tornar-se um poderoso fenômeno social e de grande dinâmico e inovador.
importância econômica. É, hoje, instrumento de estudo histórico e Nosso objetivo é, portanto, desvendar e tornar acessíveis os
sociológico, além de ditar comportamentos e tendências. caminhos que levam ao mundo da moda.
Diante dessa realidade, a área tem apresentado um constante
crescimento e profissionalização, assim como um desempenho de Marilda Vendrame
expressivos resultados tanto no Brasil como no exterior. Em virtude
desse fenômeno, observamos o surgimento de profissionais com Gerente do Centro de Moda, Beleza e Design do Senac Rio
perfis bastante distintos dos conhecidos até pouco tempo.
Mas, afinal, quem são os profissionais que circulam nos
bastidores e, em alguns casos, sob os holofotes da moda?
O trinômio tecnologia, criação e tendência é o principal eixo
de sustentação da área, e o ingresso na profissão pressupõe muito
estudo para o desenvolvimento do domínio técnico e da capacidade
criativa.
Essas são características fundamentais para o sucesso em um
mercado que, apesar de altamente competitivo, é democrático e
oferece diversas oportunidades nas mais diferentes atividades.
Como fruto de sua seriedade e profissionalismo, muitos
profissionais brasileiros têm seu talento reconhecido mundialmente,
o que representa uma importante colaboração para consolidarmos
nossa posição no mercado globalizado.
O Senac Rio, atento ao cenário repleto de possibilidades e ao
grande interesse do público em conhecer uma área tão apaixonante,
apresente, com As engrenagens da moda, uma ampla visão desse
Introdução
Mergulhamos fundo neste universo tão complexo e cheio de
vertentes que é a moda, com a intenção de motivar a descoberta e a
identificação de todo o potencial de um mercado que tem gerado as
mais diversas oportunidades de trabalho no mundo inteiro.
Alcançamos nosso objetivo produzindo, com muito entusiasmo, um
livro que pode ser utilizado como uma espécie de guia para entender
a moda fora dos limites do glamour e da fama.
Mais do que cor e textura, passarela e vitrine, movimentos e
interesses, os capítulos sobre história, evolução, mercado,
tecnologia, negócios, dentre outros, mostram que moda é
fundamentalmente trabalho num universo de ampla repercussão
cultural e econômica. As oportunidades profissionais desse campo
não só existem, como crescem a cada dia, num processo
diversificado, contínuo e cada vez mais aberto a todos os tipos de
talentos.
Um dos pontos importantes deste livro — e do qual tratamos
no primeiro capítulo — é a pesquisa de moda. É a partir dela que se
deslancham as tendências e que todo o processo se desencadeia.
Ainda nessa parte inicial, traçamos um panorama da área no Brasil e
no mundo e indicamos a direção de seu desenvolvimento.
Com a abordagem dos momentos principais da fascinante
história da moda, delineamos sua evolução através dos séculos, em
meio a culturas tão diferentes. Seguindo essa trajetória, percebemos
que, ao contrário do que dizem os “pensantes” de hoje, a moda
significa muito mais do que uma coleção de conceitos fúteis. A
moda evoluiu e continuará a evoluir paralelamente ao mundo, muitas
vezes sendo tão representativa ao ponto de definir a classe social e a
profissão de quem a adota.
Não se pode falar de moda atual sem entender as
transformações tecnológicas que a vêm revolucionando, por isso
dedicamos todo um capítulo a este tema. A partir dessas mudanças,
que hoje incluem os negócios pela Internet, tem sido possível
disseminar informações pelo mundo, agilizar processos fabris e
melhorar a qualidade de produtos, entre outras conquistas
importantes, seja para profissionais e estudantes da área ou para
quem simplesmente gosta de moda.
Também assinalamos que o conhecimento das principais
subdivisões do mercado da moda é outro aspecto de primeira
necessidade para os que desejam firmar-se na área. Já se foi o tempo
em que a moda se voltava quase que integralmente para atender seus
públicos básicos — masculino e feminino — e de maneira uniforme.
A dinâmica da moda requer cada vez mais especialização em
segmentos diferenciados, como a vanguarda, o fashion, os esportes
radicais, ou seja, em todas as inovações criadas pelas culturas e pelo
próprio setor.
Pensando especialmente nos que começam a ingressar nesse
mercado, concentramos no penúltimo capítulo um verdadeiro guia
das principais profissões nas seis áreas básicas da moda na indústria
e no varejo. Alertamos que a necessidade de aprimorar a bagagem
técnica torna-se cada vez maior, pois a exigência por profissionais de
nível superior já é uma realidade em alguns segmentos. Ressaltamos
ainda o aspecto da moda como “um bom negócio”, partindo da
origem dos mercados até os empreendimentos da atualidade em seus
mais variados formatos, entre os quais os desfiles, as vendas por
catálogos, os shopping centers e o comércio eletrônico.
Finalizamos este livro com uma abordagem dos rumos que a
área de moda está seguindo, considerando as tendências globais do
comércio, cujo foco se direciona cada vez mais para o consumidor, e
da posição do Brasil no mercado internacional da moda como
exportador de profissionais e estilos.
As informações que relacionamos são frutos de extensa
pesquisa e de consultas a diversas fonte especializadas, a que o leitor
também pode ter acesso, pois estão indicadas na seção Para Saber
Mais, ao final de cada capítulo, ou nos espaços em destaque de
algumas seções.
Esperamos que As engrenagens da moda seja um incentivo
àqueles que, como nós, se entusiasmam a cada dia com esse universo
ilimitado.
Boa leitura!
Marta Kaznar Feghali Daniela Dwyer
O desafio de inventar Moda
O lado prático da história
A primeira medida que uma pessoa que deseja trabalhar com
estilo deve tomar é entrar em contato com as instituições que
oferecem cursos na área de moda. Essas instituições se agrupam em
faculdades, escolas e institutos. São organizações que têm em seus
quadros experts em moda e também especialistas nos muitos
segmentos relacionados ao tema.
Os cursos têm estruturas bastante parecidas e incluem aulas
de pesquisa de moda, compras, marketing, desenho de moda,
desenho técnico, planejamento de coleção, modelagem, costura,
história da indumentária e desenho de estamparia. Por meio do
estudo, os alunos compreendem a moda como um universo amplo e
começam a identificar mais claramente como ela se relaciona com
outros segmentos e sua interferência na economia e na História.
As atividades de monitoramento de moda ou a pesquisa de
moda analisam a informação de áreas distintas como economia,
política, sociologia, ciência e tecnologia, até chegar à formulação de
prognósticos na forma de tendências.
Muitas variantes de uma mesma história se cruzam e
entrecruzam, tornando-se parte do mesmo enredo, abordando uma
etnografia da área e tendo por fio condutor a integração dos vetores
numa grande engrenagem.¹
Na verdade, só depois de passar por um banho mínimo de
informações, será possível chegar ao mercado e aplicar noções
consistentes na escolha de postos de trabalho. A profissionalização
no setor de moda, vale dizer, é recente e cresce na direta proporção
do surgimento de novos cursos de especialização na área. Antes do
boom de cursos, os profissionais usavam muito de seu instinto e da
experiência adquirida no dia-a-dia de trabalho.
Especialistas avaliam que a troca da atitude instintiva pelo
aprendizado direcionado garantirá, muito provavelmente em curto
prazo, a elevação da qualidade das atividades desenvolvidas na área
da moda, diminuindo perdas, especialmente de tempo e dinheiro.
Esse fato é dos mais significativos, já que a moda se desenvolve num
eterno e alucinante ritmo a cada erro pode significar atrasos na
produção e perda de vendas.
O surgimento de escolas deverá fazer com que o mercado
brasileiro de moda se desenvolva de uma forma mais eficiente e
preparada, motivando a melhoria do nível de produtos e serviços
oferecidos ao consumidor.
Ao sair das escolas, já com um conhecimento básico de como
funciona esse mercado, os estilistas deverão passar ainda por um
processo de aprendizado adicional e entender que na moda tudo
funciona com um pé plantado no presente e o outro no futuro.
Não há descanso.
Enquanto as pessoas estão preocupadas com o que vestir na
primavera-verão, os estilistas estão de olho nas tendências de
outono-inverno e vice-versa. O trabalho do estilista não pára. Mal
concluiu uma coleção, já é hora de começar a preparar a próxima.
Muitas vezes, nem mesmo uma coleção foi inteiramente finalizada e
o estilista já está pensando alguns detalhes da que vem a seguir.
Embora se possa prever o sucesso de uma coleção, os
estilistas devem investir uma parte dos lucros numa espécie de
seguro contra o fracasso: a pesquisa. A melhor forma de obter
informações sobre a moda é por meio das feiras internacionais,
sobretudo as que acontecem na Europa e em Nova York.
Os estilistas devem viajar a Paris, Milão, Londres e Nova
York, principais vitrines de tendências, para buscar inspiração e
avaliar o que pode ou não ser adaptado. A moda é um negócio que
gira milhões de dólares e por esta razão a maior parte das griffes
fazem as suas coleções com base em uma ou mais tendências
propostas pelos grandes criadores.
Com a globalização, as coleções em todo mundo apresentam-
se com temas e inspirações muito semelhantes, o que acaba
reduzindo a margem de erro do estilista. Os profissionais de moda
costumam viajar para fora do País pelo menos duas vezes por ano:
entre maio e abril, para conhecer a moda verão, e, nos meses de
setembro e outubro, para colher informações para a coleção do
inverno do ano seguinte.
Muitas vezes, os estilistas compram roupas no exterior e
trazem peças para tirar idéias. Outros anotam detalhes interessantes
de peças que, mais tarde, vão aparecer em suas coleções. Muitos
donos de confecção, estilistas e compradores visitam lojas e
shoppings estrangeiros com cadernos e cadernetas. Há também quem
prefira fotografar os modelos mais interessantes e outros costumam
andar com um gravador na mão, fazendo a descrição das roupas que
estão vendo. As novas tendências podem tanto estar expostas numa
vitrine quanto podem ser percebidas nas ruas.
Há, porém, uma alternativa mais barata do que as viagens.
São as revistas estrangeiras, como Marie Claire, Elle, Vogue e
Bazaar. Existem dois tipos de revistas: as internacionais de tendência
e as que são periódicas e vendidas nas bancas. As de tendência,
como a italiana Collezionni, são consideradas bíblias para os
pesquisadores. Geralmente, são lançadas duas vezes por ano,
acompanhando as estações primavera/verão e outono/inverno e
publicadas com muita antecedência, pois servem de base para
pesquisas. Trazendo fotos dos maiores desfiles realizados nas
grandes capitais da moda, essas revistas são o meio de comunicação
do que realmente foi mostrado nas passarelas, isto é, a produção dos
estilistas.
Existem ainda os As viagens de pesquisa
cadernos de tendências tornaram-se tão freqüentes,
(bureaux de style) que que algumas agências de
estabelecem as diretrizes para a turismo estão se
próxima estação, definindo os especializando em atender
quatro pilares que determinarão essa clientela.
a moda em todo mundo: Assim, promovem, regularmente,
silhueta, tecido, cores e viagens com grupos de estilistas,
textura. As tendências de moda confeccionistas, vitrinistas e
são apontadas pelos bureaux de funcionários de tecelagem, sempre
acompanhados de uma
style, porém são as revistas de coordenadora de moda.
tendências que as confiram Em geral, as viagens duram em
através das fotos dos desfiles torno de 15 dias.
de lançamentos das coleções.
As revistas periódicas vendidas nas bancas têm
características diferentes. Em primeiro lugar, são lançadas com
antecedência mínima, servindo para informar ao público sobre o que
vai acontecer na moda dentro de um mês (muitas delas são mensais)
e atualizar os profissionais da área. Em segundo lugar, seu design de
capa e seu conteúdo são finamente regulados com as tendências da
estação presente. Assim, por meio delas o leitor fica sabendo sobre o
que está à venda nas lojas (ou o que será vendido em breve), as cores
que estão em voga, os lugares badalados, entre outras informações
do dia-a-dia.
Tanto as revistas de tendência quanto as periódicas abrangem
diferentes segmentos do mercado. As de tendência, por exemplo,
dividem-se entre os setores masculino, feminino, infantil, de
acessório e, agora, até de marketing. A divisão das revistas
periódicas dá-se de uma forma um pouco diferente. Por não serem
veículos de pesquisa, mas direcionados ao público em geral,
atendem a segmentos como: mulheres que são ligadas em moda
(Vogue/Elle), mulheres que gostam de moda, mas que também
querem ler matérias em geral (Marie Claire), mulheres que põem “a
mão na massa” e costuram suas próprias roupas (Manequim/Moda
Moldes). Enfim, cada uma à sua maneira fornece informações atuais
e pertinentes aos interessados em moda.
Por meio dessas publicações e da Internet, os estilistas
também ficam sintonizados com as cores, os tecidos e as
padronagens que serão usados na próxima estação.
Elle
A mais famosa revista feminina francesa — editada em 25
países. “Elle já completou cinqüenta anos. A moda sempre
foi importante para Elle. O maior segredo do extraordinário
sucesso da revista foi ter sabido se manter, ao longo deste
meio século, como espelho de uma sociedade em constante
mutação através da evolução da moda e do comportamento.”
Helena Celestino, Caderno Ela, O Globo (3/8/96).²
www.elle.com
Vogue
A edição italiana lança conceitos e tem apelo visual mais
forte. A Vogue inglesa é uma revista com muita informação e
com uma moda mais rebuscada: as peças de roupas são muito
bem escolhidas e as seções inteligentes. A Vogue americana
é importante para a moda porque é a única que realmente
vende e dá lucro. É uma potência, pois se destina ao público
em geral.
www.vogue.com
Marie Claire
É dirigida a leitoras mais intelectualizadas.
Não apresenta apelo sexual exagerado.
Cadernos de tendências (bureaux de style)
Nacionais
O Senai-Cetiqt do Rio de Janeiro publica dois cadernos por
ano. Normalmente, o de primavera/verão é lançado em maio
e o de outono/inverno, em outubro. O Senac de São Paulo,
por meio de seu Centro de Educação em Moda, também
realiza o seminário Moda Informação e distribui o caderno
no evento.
As duas instituições vendem esse material para pesquisa e
mantêm exemplares em suas bibliotecas.
Internacionais
Carlin, Design, Intelligence, Fashion Trends, Pecler,
Promostyl, European Active Forecast, Miloukets, Prendas de
Vestir, Look Studio e Fashion Folio.
Revistas especializadas nacionais
• Revista Têxtil — enfoca a tecnologia têxtil;
• Textília — aborda a tecnologia têxtil, da matéria-prima
ao acabamento;
• Jornal Textília Press — destaca os desenvolvimentos da
área tecnológica de confecção, maquinários, formas,
tendências e estilo.
Publicações de eventos nacionais e internacionais de
moda
• La Bobina (revista),
• International Textile Calendar,
• Como pesquisar moda na Europa e nos Estados Unidos.
(Editora Senac São Paulo)
Fitas de vídeo de desfiles de moda
• (Coleções dos grandes estilistas e designers),
• Vídeo-Fachion e Canale Moda (Internacional Vídeo
Magazine).
Revistas de moda especializadas por segmentos
* Masculino
L’Uomo Vogue, Collezioni Uomo,
Men’s Collection, Men’s Fashion International.
* Feminino
Book Moda, Collezione Donna, Mode de Peche,
Elle, Vogue Paris, Glamour, Jardin des Modes,
Elle Brasil, Fashion Show, L Lecturas,
Prêt-à-Porter Collections (Gap Press),
Fashion News, Fashion Guide, Collezioni Moda In.
* Infantil * Geral
Sesame, Collezioni Bambini, Vogue Bambini, Etiqueta Moda Profissional,
L’enfant et la Mode, Moda in Baby, Studio Bambini, Boutiques International,
0/3 Baby Collezioni, Divos, Kids Fashion, Fashion Newstand Market Information,
Children’s Business, Kids Market. Toda Moda Profissional.

Muitas empresas optam por essa pesquisar em publicações

* Cores e Tecidos para não arcar com custos elevados. Contudo, nada substitui a
Cores e Tecidos, Trends Collezioni, pesquisa in loco. As ruas, por exemplo, são locais ricos de
International Textile, Textile View. informações que raramente são transmitidas por meio das revistas.
Delas surgem idéias e fica mais simples criar em vez de copiar, uma
vez que passa a ser possível absorver os conceitos de produção. Já se
* Roupa Íntima e Banho fazem pesquisas do Brasil com relativa garantia de qualidade de
Chick Intimo Magazine, Cyl, Moda Intima, dados, mas são as viagens que tendem a enriquecer verdadeiramente
Intimo Piu Maré, Línea Intima, as criações.
Diva Moda Intima, Beachwear Forecast International. Concluída a pesquisa, o passo seguinte é colocar as idéias no
papel. Na fase de criação, é importante verificar se há tecidos que
casem com as idéias. As confecções costumam receber visitas
* Malharia regulares de representantes de fábricas de tecelagem, que apresentam
Maglieria Italiana. cartelas com todos os padrões disponíveis para a próxima estação.
Algumas vezes, acontece de o estilista não encontrar um
determinado tecido e ter de optar pela importação.
* Esportivo e Streetwear Depois das padronagens encomendadas e das roupas
Sportswear Edition European, traçadas, é a vez da modelista entrar em cena. Com lápis, papel
Sportswear Edition USA, pardo, réguas e esquadro, ela amplia e coloca na proporção correta o
Styling News, desenho do estilista. Quando o molde está pronto, ele é entregue a
Sport & Street, uma pilotista, como é chamada a costureira encarregada de fazer as
Saz. primeiras peças de uma coleção. Depois de montada, a roupa passa
pelo processo de prova. Pode acontecer de a peça ter de ser refeita
até três vezes para ficar exatamente como foi idealizada.
Com o aval da estilista e da modelista, é a vez de a peça
entrar em produção. Uma coleção de roupas, em geral, não tem
menos de oitenta peças. Um grande criador pode chegar a ter até
trezentas unidades. Essa etapa envolve todos os funcionários da
confecção, dos cortadores às acabadeiras, passando pelas costureiras
e passadeiras.
O trabalho tem de ser absolutamente sincronizado para que a
produção não atrase, nenhum funcionário fique sem ter o que fazer e
não falte produto nas lojas.³ Hoje, a concorrência se faz no estilo, no
design e na moda, exigindo capacidade de se organizar a produção
de forma flexível, no sentido de possibilitar respostas rápidas às
mudanças de tendências e às demandas do consumidor.
Terminada a coleção, há ainda outro trabalho: a campanha de
lançamento. Muitas vezes, é essa etapa que determina o sucesso de
uma marca. Para uma boa divulgação, muitos donos de confecção
estão recorrendo, cada vez mais, a produtores de moda e relações
públicas. Os produtores ficam responsáveis por colocar peças em
jornais, revistas e catálogos e os relações públicas por encaixar
matérias e notas em mídias variadas. Um desfile bem organizado
pode arrematar o processo de divulgação. Exige um investimento um
pouco maior, mas, em função de seu amplo alcance e apelo, pode
garantir resultados importantes e bastante expressivos em termos
financeiros para uma fábrica ou grife de moda.
O desafio de inventar Moda
Como entender a área
de moda no Brasil
Capacidade produtiva, produção,
faturamento e emprego
No Brasil, o complexo têxtil é composto atualmente por
aproximadamente 4.391 indústrias têxteis e 18 mil confecções
registradas. No setor de confecções, é grande o número de empresas
informais que, de acordo com estimativas extra-oficiais, chegam a
superar em quantidade as empresas legalmente constituídas. De
acordo com o IEMI, o faturamento total do setor é de
aproximadamente US$ 24 bilhões.
O Brasil ocupa o 21º lugar no ranking internacional dos
maiores exportadores de produtos têxteis. As exportações brasileiras
têm mostrado-se menos dinâmicas que as de outros segmentos da
economia e são fortemente concentradas nos mercados da América
do norte e da Comunidade Econômica Européia, que absorvem,
juntos, cerca de 67% de nossas vendas. Os principais produtos da
cesta têxtil brasileira são os fios, tecidos e confeccionados de
algodão (camisetas e tecidos felpudos).
Muito dessa produção vem de empresas têxteis com mais de
quinhentos funcionários em seus quadros. Organizações com esse
perfil concentram mais de 50% da produção e do emprego e
respondem por parcelas crescentes das exportações. Tais empresas
situam-se, predominantemente, na Região Sudeste. Nos últimos
anos, observou-se a transferência de grandes unidades produtoras
para a Região Nordeste, principalmente devido aos incentivos
fiscais, à disponibilidade e ao menor custo de mão-de-obra nessa
região.
A fiação brasileira de fibras naturais — com destaque para o
algodão — tem enfrentado problemas relativos tanto à qualidade da
matéria-prima nacional quanto ao beneficiamento primário. No
Estado do Paraná, existe uma tendência à verticalização de
cooperativas produtoras de algodão, que estão investindo na
implantação de unidades de fiação.
O segmento de fibras sintéticas e artificiais é dominado por
empresas de médio e grande porte, devido à necessidade de
importantes economias de escala. Cerca de dez grupos empresariais,
em sua maioria de capital multinacional, detêm a maior parte do
mercado, embora duas empresas nacionais também tenham
importante participação.
O segmento de tecelagem, por sua vez, comporta desde
micro até grandes empresas. As grandes podem usufruir as seguintes
vantagens: escala de produção, integração com os demais segmentos
e maior capacidade financeira para realizar a atualização
tecnológica.
No segmento de tecidos planos, é maior o obsoletismo
tecnológico, especialmente entre as pequenas empresas (esmagadora
maioria), que ainda operam com teares ultrapassados. No segmento
de malhas, não ocorre esse problema, uma vez que o parque nacional
de malharias é mais atualizado do que o de tecidos planos.
O segmento de acabamento caracteriza-se pelo alto custo dos
equipamentos, o que afasta o pequeno empresário. Compõe-se de
empresas de algum porte que prestam serviços ou de empresas
integradas que têm seu próprio acabamento.
No segmento de confecções, há uma grande concentração de
empresas no Estado de São Paulo, seguindo-se Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Santa Catarina. As grandes empresas de vestuário
localizam-se na Região Sudeste (malharias e fábricas de lingerie em
São Paulo e no Rio de Janeiro), na Região Nordeste (grandes
produtores de calças jeans e de malhas) e na Região Sul,
principalmente no Vale do Itajaí (SC), que é o maior pólo produtor
de artigos de cama, mesa, banho e malharia da América do Sul.
Processos de reestruturação
em andamento
A concentração de pequenas e médias empresas para
fabricação de produtos semelhantes é uma tentativa, nem sempre
planejada e coordenada, de obtenção de economias de escala.

A maioria dos investimentos físicos realizados na indústria

têxtil brasileira nos últimos anos esteve dirigida à modernização e
reestruturação industriais, ou seja, para a busca de maior eficiência
produtiva. Tal tendência reflete a abertura ao mercado externo, com
maiores facilidades de importação de matérias-primas e
equipamentos.
A modernização que vem sendo realizada no parque têxtil
brasileiro, com a utilização de máquinas mais eficientes e
automatizadas, implica a redução dos quadros de pessoal das
empresas e a substituição da mão-de-obra pouco qualificada por uma
força de trabalho mais apta a lidar com os novos equipamentos.
Questão a ser resolvida é a reabsorção do contingente de
desempregados que será gerado pelo processo.
Mesmo que sejam aplicadas sanções à importação de
produtos têxteis, em atendimento à reivindicação dos empresários do
setor, pode-se supor que as empresas que não adotarem programas
de investimento em modernização produtiva e gerencial,
dificilmente, terão condições de sobreviver.
Uma recuperação do crescimento da economia com a
diminuição da inflação da distribuição de renda, certamente, causará
forte impacto positivo na demanda dos setores têxtil e de confecções,
sobretudo, de produtos populares, destinados às camadas da
população antes afastadas do mercado por falta de poder aquisitivo.
O desafio de inventar Moda
Como a área de moda
chegou ao estágio atual
Nos últimos anos, grandes mudanças ocorreram e geraram o
desenvolvimento da moda no Brasil. Alguns aspectos que
interferiram diretamente nesse processo não são peculiares ao País
ou particularmente brasileiros. Ao contrário: integram uma
conjuntura mundial que está estabelecendo nova visão do “mundo da
moda”. A moda é um dos grandes negócios do mundo moderno.
Abrange mercados de diversas áreas, por exemplo:
* editorial: busca, por meio do consumidor, alternativas para
atingir seu público-alvo;
* metalúrgico: produz os maquinários têxteis, de costura e
afins;
* arte: desenhistas utilizam papéis para os croquis, lápis
específicos para desenhos, tintas, etc., e
* muitos outros setores descritos mais adiante, especialmente
no Capítulo IV.
No momento em que começaram a coincidir avanços
tecnológicos e culturais, a moda passou por uma espécie de
revolução em todo o mundo. Os anos 50, 60 e 70 servem de marco
para o que se poderia identificar como o início do boom da moda no
Brasil. Nessa mesma época, explodia com grande velocidade na
Europa o prêt-à-porter — a moda “pronta para usar”, isto é, roupas
confeccionadas em larga escala.
Multiplicaram-se as texturas, cores, estilos, e o consumidor
tornou-se figura tão requisitada que as informações e tendências de
fora, geradas em outros países, precisavam ser trabalhadas
rapidamente. Assim, da mesma forma que a costureira de Maria
Antonieta, no século XVIII, viajava em busca das últimas tendências
e voltava com a mala repleta de materiais para serem copiados, os
costureiros e demais envolvidos com a moda passaram a adotar no
Brasil prática semelhante, como meio de estar em dia com “o último
grito da moda”.
Copiar o modelo vindo de fora era o máximo do estilo.
Então, as confecções surgiram em grande quantidade e simplesmente
lançavam no mercado suas peças, sem se importarem com qualidade,
caimento, fidelidade às cores. Era a onda das butiques. Em todo o
canto havia uma butique.
Hoje, a expectativa é outra: máquinas ultra-modernas são
importadas, utilizam-se acabamentos inovadores, cores com corantes
de fixação sólida e resistentes à fervura e linhas de costura e bordado
que obedecem a normas técnicas estabelecidas, padronizando sua
qualidade.
O confeccionista trabalha com projeto definido, diminuindo a
margem de erro. Os fabricantes industriais adaptam-se ao mercado,
“sempre de olho” e antevendo seu produto final. A concorrência os
obrigou a eliminar processos viciados, entre os quais estabelecer
preços que melhor lhes conviessem, usar cores e desenhos de
estampas estocados e tecer com sobra de fios.
O desafio de inventar Moda
A moda no mundo
As indústrias têxtil e de confecções estão entre as atividades
industriais mais antigas da humanidade, utilizam métodos e
processos bastante conhecidos e tecnologia de domínio universal.
São, normalmente, as primeiras atividades fabris instaladas em um
país e têm sido grandes absorvedoras de mão-de-obra.
O complexo têxtil engloba vários segmentos:
produção de fibras,
fiação,
tecelagem,
malharia,
acabamento
e confecção.
Podem também ser incluídos na cadeia têxtil segmentos dos
setores agroindustrial, químico e de bens de capital, responsáveis
pelo fornecimento de matérias-primas e equipamentos.
Cada um desses segmentos tem seu próprio padrão de
comportamento econômico, com especificidades relativas à matéria-
prima, tecnologia, mercados, etc. Podem também ser fases
seqüenciais dentro de uma mesma empresa têxtil que, dependendo
do grau de integração, dedica-se a uma, a algumas ou a todas as
etapas de produção. As empresas integradas, normalmente,
produzem dos fios (fiação) até o acabamento final do tecido, e
algumas vão até à confecção.
O consumo de têxteis no mundo está dividido, a grosso
modo, na proporção de 50% entre fibras sintéticas e artificiais e 50%
em fibras naturais. Dentre as fibras sintéticas, a mais importante, em
termos de consumo, é o poliéster, e o algodão é a mais consumida
entre as fibras naturais.
Conforme o ITMF — Internacional Textile Manufacturers
Federation, a capacidade instalada da indústria têxtil no mundo é de
202 milhões de fusos e 2.650 mil teares, dos quais apenas 650 mil
não podem ser considerados obsoletos, ou seja, são modelos sem
lançadeira.
Em todo o mundo, a indústria têxtil está estruturada, de modo
geral, da seguinte forma: normalmente, os países asiáticos e alguns
países em desenvolvimento apresentam estruturas verticalizadas e
são mais competitivos na produção de artigos de massa, que podem
ser caracterizados como quase commodities, tecidos de índigo,
tecidos crus de algodão e de rami, camisetas brancas de algodão
(caso da China, Índia e Paquistão) ou de tecidos sintéticos e
artificiais fabricados em plantas integradas, de grande capacidade de
produção e custos baixos (Coréia, Taiwan).
 A indústria têxtil nos países desenvolvidos, principalmente
na Europa e Estados Unidos, enfrenta problemas de competitividade
o que torna necessário seu direcionamento para artigos
diferenciados. Assim, os segmentos do complexo têxtil mais
intensivos em mão-de-obra (principalmente o de confecções básicas)
tendem a se deslocar para o Leste Europeu e para o Oriente (exceto
Japão), em busca de menores custos, visando à produção de tecidos e
confecções sofisticados, dirigidos ao mercado mais dinâmico da
moda.
Protecionismo
no comércio mundial
A indústria têxtil existe em praticamente todo o mundo e é
muito protegida, principalmente nos países mais desenvolvidos, que
são os que mais impõem restrições às importações. Essas medidas
restritivas decorrem, principalmente, da utilização, por um grupo de
países recém-industrializados, de equipamentos tecnologicamente
atualizados, que, associados à mão-de-obra de baixo custo, lhes
conferiram um alto grau de competitividade. Isso lhes permitiu
conquistar parcelas expressivas do mercado mundial, inclusive nos
países desenvolvidos.
O protecionismo dos países industrializados em relação ao
setor deu origem ao Acordo Multifibras, assinado em 1973, sob a
alegação de que a área têxtil tem elevada importância social. Esse
acordo é uma exceção ao GATT e seus vários protocolos de
extensão e permite a restrição à importação de produtos têxteis
mediante o estabelecimento, por determinado país, de cotas para
compra de artigos procedentes do exterior.
A crescente presença dos produtores asiáticos no mercado
internacional provocou reações por parte de muitos países, que têm
aplicado sanções às importações provenientes da Ásia, com base no
Acordo Multifibras. Tais sanções se voltam principalmente contra os
tecidos artificiais e sintéticos da Coréia e os tecidos de linho e
algodão da China e do Paquistão, estes dois últimos países acusados
de praticar o chamado dumping social, por pagarem baixíssimos
salários e oferecerem precárias condições de trabalho. De modo
geral, há restrições às exportações de todos os países do Terceiro
Mundo, inclusive do Brasil.
Um pouco de história
Historiadores de moda, normalmente, precisam lançar mão
de muitos fatos diferentes para falar sobre a evolução dos trajes.
Com o avançar dos séculos, as mudanças na moda passaram a ser
tantas e tão rápidas, que surgiu uma dificuldade natural em distinguir
as peças e seu tempo. Formas mudaram, linhas variaram,
Na sociedade urbana do Egito Antigo, a indumentária era
basicamente feita de artigos de linho. Retangulares, as peças de
tecido eram enroladas em torno do corpo. Para fixá-las, espinhos,
que podem ter sido a origem aos alfinetes.
Na passagem do Médio para o Novo Império, o chanti, peça
de tecido enrolada no quadril dos homens, era longo, cobria toda a
região lombar e caía drapeado. O modelo, que exigia grande
Comentado [U1]: Os alfinetes podem ter-se originado de
espinhos, com os quais a sociedade urbana do Egito Antigo fixava
peças de tecido que eram usadas enroladas sobre o corpo.
Comentado [U2]: Chanti: saiote de tecido fino pregueado,
característico do vestuário egípcio entre 1550 e 1330 a.C.

comprimentos subiram e desceram, surgiram tecidos elaborados e
simples, enfim, diversas variações foram sendo registradas,
especialmente nos últimos cem anos.
O fato é que, independentemente de qualquer época ou lugar,
a roupa sempre foi um diferenciador social, uma espécie de retrato
de uma comunidade ou classe. Mais ainda: a roupa pode relevar o
perfil de uma pessoa. Dependendo do que se usa, pode-se estar
vestido para influenciar, impressionar ou seduzir alguém. Mais do
que tudo, portanto, a maneira de vestir expressa a personalidade e o
status social.
A história da moda está inserida no próprio desenvolvimento
da humanidade e, conseqüentemente, na evolução e mudança de
costumes. Pelos estudos feitos na área do vestuário, a indústria têxtil
pode ter tido início durante a pré-história, mais precisamente no
período Neolítico (10.000 a 5.000 a.C.).¹
As peles dos animais colocados no ombro do homem
primitivo impediam os movimentos. Foi preciso, então, criar
adaptações para liberá-los. Assim, surgiu a cava e o decote. Muito
tempo depois, um pequeno retângulo de pano em volta da cintura fez
nascer o sarongue, uma forma primitiva de saia. E foi a partir das
necessidades físicas humanas que as diferentes formas do vestuário
evoluíram.
quantidade de tecido para poder ser confeccionado, refletia um
tempo de estabilidade econômica e as possibilidades dessa sociedade
de arcar com os elevados custos das vestimentas. Antes desse
período, usava-se o chanti curto, sem nenhum drapeado.
No Novo Império, a questão religiosa era um dos fatores que
determinavam alguns dos caminhos do vestuário. Os sacerdotes e
sacerdotisas, por exemplo, usavam em suas roupas representações de
animais, considerados figuras divinas. Enquanto os egípcios usavam
linho como matéria-prima para o seu vestuário, os sumérios e
arcadianos, da Mesopotâmia, preferiam a lã.
Os assírios tinham como vestuário básico as mesmas roupas
utilizadas na Babilônia, só que mais enfeitadas. Uma peça que surgiu
como novidade e que foi utilizada tanto por assírios quanto pelos
babilônicos foi o efoh, um avental duplo, de lã, que trazia franjas Comentado [U3]: Efoh: avental duplo com franjas na frente e
nas costas que fazia parte do traje sacerdotal assírio-babilônico.
bem largas nas costas e na frente. A matéria-prima do avental já era
fartamente usada pelos sumérios e arcadianos, que desenvolveram
sua indústria têxtil a ponto de ter estamparias feitas com ouro em pó
colocado ao tecido com goma de acácia.
Do povo persa vieram as idéias das roupas repartidas, como
calças e jaquetas, por exemplo. Na civilização de Creta, supõe-se
que as mulheres usavam saias de várias camadas sob aventais. Na
parte superior, trajavam uma jaqueta que deixava o busto de fora.
 Já a roupa masculina era mais simples: um saiote com
avental fixado na cintura por um cinto metálico. A indumentária
grega compunha-se de retângulos de linho ou lã.
Observando a indumentária grega do período primitivo
(6.000 a.C.), nota-se que ela era formada por três peças principais: o
quitão, o pelpo e a clâmide. A partir dessas peças, várias
modificações e adaptações foram feitas com diferentes amarrações e
franzidos, dando origem a diferentes estilos. O material utilizado era
lã ou linho.
No início desse período, o quitão, uma longa túnica
pregueada, era usado por baixo de uma capa trazida como influência
asiática. Após algumas mudanças, o quitão passou a ser usado como
peça principal. Preso sobre os dois braços, fazia um efeito drapeado
que se tornou características de um tempo.
Sem cava nem modelagem, diferenciava-se de acordo com a
classe social de quem o vestia. A forma popular era mais curta e a
cerimonial, mais longa. A exemplo dos templos gregos, as roupas
eram fartamente coloridas. O único lugar em que era obrigatório usar
branco era o teatro, que, por ser considerado sagrado, exigia um tom
de pureza.
Entre os militares gregos se distinguiam mini-quitões de
couro que, posteriormente, ganharam elementos de metal. Na versão
feminina, o quitão era sempre longo, usado com dois cintos e com
uma peça de sobreposição. A roupa íntima era um fraldão e uma
faixa de tecido como sutiã. O quitão, de modo geral, recebia
decorações nas barras — tiras de formas geométricas eram bordadas
ou costuradas no tecido.
O pelpo, uma sobreveste de lã, era usada apenas pelas
mulheres. Na maioria das vezes, essa peça era elaborada com tecidos
decorados de forma muito rica. De formato tubular, era vestido pela
cabeça e atado aos ombros por fechos, deixando os braços nus.
Inicialmente, não era ajustada na cintura, adaptação esta realizada
pelo povo jônico.
A clâmide, por sua vez, era uma capa semi-circular que tinha
uma abertura lateral, feita propositalmente para garantir o fácil
manejo das espadas. Também favorecia a exposição do corpo Comentado [U4]: As três peças principais da indumentária grega
no período primitivo — o quitão, o pelpo, e a clâmide — inspiraram
masculino, numa época em que o processo de educação entre os diferentes estilos de vestuário.
aristocratas valorizava tudo que dizia respeito ao aprimoramento e à
revelação do lado físico e espiritual do homem. Comparando-a a
uma peça moderna, vê-se grande semelhança com a pelerine — uma
capa elegante usada pelas mulheres em meados do século XIX.³
Como conseqüência da contribuição etrusca, os romanos
introduziram vários gêneros de túnicas. O subáculo, por exemplo,
era mais próximo ao corpo e, além de ser mais curto, não tinha
mangas. A exteriodium era mais larga, com a opção de ser longa ou
não. A damática era mais curta, com renda nas mangas e na barra.
Os romanos de boa família vestiam longas que eram denominadas
puerilis enquanto usadas até a idade adulta; depois dessa fase, eram
chamadas virilis. Essas togas eram grandes retângulos de lã, cortados
na forma de uma elipse dobrada ao meio e enrolada em torno do
corpo. A forma de enrolar variava em função da classe social e da
ocasião em que a peça estava sendo usada. As togas senatoriais eram
totalmente brancas com exceção da faixa púrpura, de lã, com mais
ou menos três dedos de altura. Difícil de ser obtida por causa da cor,
essa faixa restringia-se à elite. A civilização romana é considerada a
mais rica da Antigüidade e, naturalmente, suas vestimentas são
elementos que ajudam a reforçar essa condição.
A partir da Idade Média (do século V ao século X d.C.), Comentado [U5]: O pelpo era uma vestimenta feminina grega,
confeccionado em formato tubular e normalmente com enfeites
nota-se um contraste muito grande entre a indumentária do Império luxuosos. Deixava os braços nus, prendendo-se aos ombros por
do Oriente e do Ocidente. Isso se dá pelo fato de o Ocidente ter fechos.
recebido a influência dos bárbaros. A sua vestimenta foi baseada na
indumentária romana e na germânica, com sobreposição de túnicas e
mantas, ajustadas na altura da cintura com cintos de couro, que
apresentavam bolsas, também de couro ou pele, substituindo a
função do bolso.
Muitos elementos ligados à indumentária militar, como
braçadeiras, couraças e peitorais faziam parte dessa roupa. A Europa
bárbara ficou dividida até o século VII, quando se instalou o Império
de Carlos Magno, surgido na ramificação dos reinos bárbaro-
germânicos. Nesse ponto, os chefes bárbaros vão-se transformando
em chefes de Estado legitimados pela Igreja. Assim, se fizeram os
reinos europeus.
Esse período foi de grande prosperidade do ponto de vista
econômico, e logo veio a melhoria de vestuário, do século VIII ao
XII, durante o período Românico.
Nesse período, a roupa dos bárbaros se institucionaliza. Com
a aproximação do século XII, o vestuário começa a se sofisticar.
Surgem as barras de seda nas túnicas — que há muito tempo já eram
utilizadas no Oriente — com bordados de fios de ouro, prata e de
seda também.
No cotidiano europeu dessa época, houve espaço para uma
reflexão sobre a existência do homem, que acabou por gerar um
novo movimento de valorização da figura humana, a partir do
ajustamento das roupas.
Características também do vestuário do século XII são as
roupas com padrões bicolores, por meio dos quais se podia
identificar o feudo do qual a pessoa fazia parte. Cada feudo era
representado por símbolos e cores (listrados) que se encontravam nas
roupas dos nobres.
No final da Idade Média, do século XII ao XIV, surge o
estilo gótico, impondo um novo contexto de criação e marcando a Comentado [U6]: As diferenças entre as vestimentas masculinas
e femininas começam a se tornar mais evidentes no final da Idade
virada da Era Medieval para a Moderna. Na Idade Média, as roupas Média. Com o surgimento do estilo gótico, a silhueta é ajustada e
diferenciavam-se mais pelas cores e materiais do que pelas formas. verticalizada, valorizando o corpo.
A silhueta gótica é ajustada e verticalizada, pois visa valorizar o
corpo. Assim, inicia-se uma diferenciação mais marcante entre a
indumentária feminina e a masculina.
A moda nasce junto com o Renascimento, nos séculos XV e
XVI. Existiu um vínculo entre o desenho de moda e as artes plásticas
da época, uma vez que os nobres encomendavam aos pintores
desenhos de roupas para festas. Nessa fase, juntamente com o
surgimento da primeira burguesia, houve uma grande melhoria na
qualidade da matéria-prima. Aplicações, bordados e peles passam a
espelhar uma sociedade rica, em contraste com os povos medievais,
muito ligados à forma bárbara de se viver. A altura da indumentária
sobe e fica marcada logo abaixo do busto, alongando a silhueta. As
formas, de modo geral, vão ficando arredondadas, perdem a
verticalidade gótica expandindo-se lateralmente, buscando
horizontalidade.
Nos séculos XV e XVI, inicia-se também a Idade Moderna,
modificando o entendimento que o homem tinha dele e do mundo.
Surge a racionalização. Há uma transformação do ponto de vista
político e da compreensão da economia e das suas bases produtivas.
Por volta de 1630, a Inglaterra vive uma série de contratempos
políticos, que culminam na Revolução Gloriosa e no estabelecimento
da monarquia parlamentarista. Forma-se a base da Revolução
Industrial, a que estabelece o conceito de que os bens de produção
(as terras) têm de ser produtivos e não, simplesmente, um presente
de Deus a ser resguardado.
 O movimento Barroco surge como uma tentativa de, por
meio da arte, combater a Revolução Protestante. Esse estilo forma-se
com a criação de uma estética encomendada pela Contra-Reforma.
Com a revolução científica do século XVI, os habitantes da Terra
começam a ter uma noção mais realista do mundo e de suas
propriedades, questão antes ligada a Deus, uma vez que Ele e a
Igreja sabiam e tinham controle de tudo. O modelo da fé dá lugar ao
da reflexão.
Simultaneamente, no Bra- A Revolução Industrial
sil, durante a época da colonização, alterou notavelmente
indumentária refletia a maneira de todo o setor sócio-
vestir própria de Portugal. econômico mundial.
Somente os ricos possuíam trajes O novo dinamismo revelou-se
requintados. O índio catequizado numa série de “revoluções
vestia camisolões de algodão. tecnológicas” — períodos em
que os métodos básicos de se
No século XVII, a cultura fazer as coisas sofreram
fica mais controlada pelo Estado, mudanças súbitas e
sendo impossível produzir algo surpreendentes e novos tipos de
fora das normas oficiais. Nos bens e serviços entraram na
países católicos, a elite resumia-se vida diária, alterando-a
radicalmente.
aos membros da nobreza e da Igre-
ja. Nos países protestantes, entretanto, era formada pela burguesia. É
a partir desse século que a França começa a se colocar como grande
produtora de moda. Surgem as primeiras publicações especializadas
no assunto. Nesse período, 20% da produção francesa era de
materiais para o vestuário. A elite usava roupas muito elaboradas e
cheias de camadas, enquanto as classes mais populares se vestiam
copiando, de forma grosseira, as roupas dos nobres.
No reinado de Luís XIV, a França chega ao seu apogeu. Mas
o que se assiste, logo em seguida, é a decadência da nobreza
francesa devido à política centralizadora do rei. As mudanças e
inovações dessa época eram totalmente determinadas pela casa real.
Há uma valorização das formas femininas que ressalta os quadris e
acentua a cintura.
As formas masculinas
Cores e enfeites predominaram tornam-se mais femininas. No
no vestuário da Corte de Luís
XVI, na França. Na vestimenta modelo francês de vestuário, a
da mulher, destaque para os cor e os efeitos decorativos
quadris e a cintura; na roupa do eram predominantes. Cada fase
homem, formas mais femininas. do desenvolvimento de uma
pessoa era mostrada pelo tipo
de roupa que usava: na infância, vestia-se de um jeito; na
maturidade, de outro; e na velhice, de outro. Essas diferenças eram
sempre muito distintas, justamente, para marcar as etapas da vida. O
mesmo ocorria em relação às profissões, identificadas por
“uniformes”, que eram usados no dia-a-dia de acordo com a
ocupação.
Veio o século XVIII, e a Europa começa a ser marcada por
fortes mudanças sociopolíticas. Em relação à indústria do vestuário,
por exemplo, a França comandou as soluções de criação enquanto a
Inglaterra comandou a área técnica, como a alfaiataria, que requer
um estudo minucioso das formas do corpo.
O período Rococó tratou a realidade de forma fantasiosa. Foi
uma cultura lúdica. Houve mudanças drásticas no vestuário feminino
nessa época, enquanto no masculino alteram-se apenas detalhes.
Esse período foi marcado por três estilos: Regência, Luís XV e Luís
XVI.
Com o estilo da Regência, a roupa torna-se mais confortável
e leve, se comparada à de períodos anteriores. O estilo Luís XV
muda principalmente os penteados. O de Luís XVI, por sua vez,
corresponde ao momento de transição do Rococó para o
Neoclássico. A roupa é simplificada, perdendo em volume e
decoração, fato influenciado pela Revolução Francesa. As cores
passam a ser as da bandeira.
No século XIX, há a transição do mundo antigo para a
modernidade. O Neoclássico resumiu-se ao estilo diretório — uma
continuação dos estilos revolucionário e consulado, inspirado no
modelo da República Romana e do Império Napoleônico. O
Neoclássico dá lugar ao Romântico que busca respostas tanto no
passado quanto no futuro.
No Neo-Rococó, as formas do Rococó retornam adaptadas,
principalmente para o guarda-roupa feminino. Esse período, de
aproximadamente 25 anos, é marcado pela utilização da crinolina, a
enorme armação de arame das saias. A silhueta de uma mulher da
nobreza adota uma forma quase de meia esfera. Mais uma vez, a
maneira de se vestir identifica a condição social que se tem, a
começar pela grande quantidade de matéria-prima utilizada para a
confecção desse tipo de roupa.
Por volta de 1850, a hegemonia do terno com gravata e uma
sobriedade de cores passam a caracterizar a indumentária masculina.
A fantasia e a decoração eram reservadas às roupas das mulheres,
que não trabalhavam. Nesse momento, nota-se o trabalho
influenciando o vestuário. Quem trabalhava, o homem, precisava de
roupas confortáveis. A mulher, por sua vez, exibia o poder
econômico do homem: ela “veste” o que o dinheiro do seu marido
pode comprar.
No século XVIII, com a descoberta do ouro no Brasil, houve
um desenvolvimento do comércio e, conseqüentemente, um
incremento das profissões ligadas à moda. O vestuário era uma cópia
da moda do Reino de Portugal, portanto uma cópia da moda da
Europa.
No século seguinte, apareceram publicações com figurinos,
sempre influenciados pelas modas estrangeiras. A mulher escrava
vestia-se com o torso, panos-da-costa, saias rodadas, blusas
decotadas enfeitadas com babados de rendas. Notava-se uma visível
influência africana na vestimenta, que se popularizou na Bahia e é
considerada a única criação exclusivamente brasileira.
O período compreendido entre o início do século XX e o
princípio da Primeira Guerra Mundial é marcado por uma grande
ostentação e extravagância. A moda, como sempre, refletia a época.
A silhueta feminina era evidência pelos espartilhos, que destacavam
o busto para dar um ar de mulher madura, fria e dominadora. Os
babados, rendas e camadas eram reservados para o campo ou para
viajar. A roupa tinha de ser adaptada ao ritmo acelerado que as
cidades estavam gerando. Jovens das classes médias, em um número
considerável, começavam a ganhar a vida como governantas,
datilógrafas e balconistas. Assim, as roupas começavam a apresentar
costumes de corte masculino.
A silhueta “S”, moldada pelos espartilhos, começou a sofrer
uma leve modificação. A postura não era mais tão empinada para
frente e as roupas, agora, visavam ao estreitamento do quadril. A
partir de 1910, surgiram mudanças drásticas na indumentária
feminina. A moda mostrou uma onda de orientalismo. As cores
tornaram-se fortes, às vezes até espalhafatosas, e as saias ficaram
estreitas na barra. As golas, que eram levantadas até o pescoço,
deram lugar ao decote em “V”, deixando alguns indignados: foi
denunciado no púlpito como exibição indecente e, pelos médicos,
como um perigo à saúde.
 O início da Primeira Guerra abafou a moda. As mulheres
sentiam, muito acertadamente, que roupas extravagantes não
ficavam bem em época de conflito. Elas começavam a mostrar que
não estavam alienadas sobre os acontecimentos mundiais afinal
muitas mulheres, tanto das classes populares quanto da classe média,
foram recrutadas para a Guerra. Durante esse período, houve
escassez de matéria-prima e não se promoviam eventos sociais onde
se pudessem usar roupas sofisticadas.
No final da década de
A moda no final da década
de 1920 fez as moças se
1920, a função da moda era mudar
deliciarem com o visual conceitos estabelecidos antes da
andrógino: o que elas Guerra. Assim, um novo estilo era
queriam era ficar bem criado. Um novo tipo de mulher
parecidas com os rapazes. passava a existir. O ideal erótico
era andrógino: as moças procura-
vam parecer-se ao máximo com os rapazes. Todas as curvas do
corpo feminino foram abandonadas. Os cabelos cacheados deram
lugar a um corte curto e liso. Porém, as moças que se deliciaram com
essa moda, no final da década, tiveram que se reacostumar com as
saias compridas e a cintura levemente ajustada. Elas deixaram o
cabelo crescer e voltaram a usar mangas compridas. As linhas gerais
da saia permaneceram mais ou menos perpendiculares. Ombros
largos e quadris estreitos pareciam ser o ideal de toda mulher.
Talvez por razões econômicas, os vestidos de noite eram
feitos de tecido que anteriormente só eram utilizados na confecção
de vestidos de dia, como lá, casimira e algodão. Mais uma vez,
demonstrando como a moda evolui junto com a História, a Segunda
Guerra Mundial provocou uma erupção: os vestidos de noite
sofreram influência da onda de romantismo que pairava no ar,
estimulada pela visita da família real da Inglaterra à França. Até a
crinolina ameaçou voltar. A roupa para o dia ganhou modificações
opostas: a saia ficou mais curta e franzida, no estilo camponês. As
roupas masculinas caminharam no sentido da informalidade, como já
se via desde o final da Primeira Guerra. Os ternos começaram a ser
usados habitualmente e tornaram-se mais curtos e sem aberturas
atrás.
Estados Unidos x Europa
A era do individualismo começa durante a guerra. Os
Estados Unidos não estavam sofrendo tantas restrições e puderam
desenvolver sua moda sem muitas preocupações com a economia,
mas mantendo um certo estilo do pré-
guerra. As saias abriam-se a partir de Ddepois de um tempo de crise, a
moda costuma apresentar uma
cinturas finas e blusas justas, usadas
tendência para o luxo e a nostalgia
com meias de náilon, sapatos de de uma época “segura”.
salto alto em couro brilhante, As saias recuperam sua
chapéus e, com freqüência, luvas. amplitude, pois as mulheres
Na Europa, entretanto, o es- européias queriam deixar de
tilo era adquirido com muito esforço. lado o corte masculino para
retomar a valorização de suas
O que agregava valor à roupa não era curvas. As roupas da década de
nenhum excesso, mas detalhes de 1940 apertavam a cintura e
bolso, debrum e barras. A forma era realçavam o busto.
a de ombros quadrados, reta, de corte Os homens, por sua vez, após
masculino, fazendo menção às vestes terem largado a farda,
começaram a usar paletós e
militares. Pela primeira vez, a calças esportes para trabalhar
indústria da moda ficou sem o seu em vários setores do mercado.
parâmetro de tendências. Com a Esse estilo foi nomeado New
guerra, Paris praticamente interrom- Look.
peu o desenvolvimento de sua moda.
 Os Estados Unidos, com menos restrições, começaram a
desenvolver sua própria linguagem de moda. E, ao final da guerra, as
bases de uma alta-costura independente e de uma indústria visando à
massa ficaram claras, revelando um gosto diferente do europeu.
Passado dez anos de intensa atividade, o mercado voltou-se
para a moda dos jovens, muitas vezes inspirada em tribos ou grupos.
Na década de 1950, os quadris foram transformados no foco erótico
através do corte inteligente sobre eles. Com o grande
desenvolvimento do prêt-à-porter e o vertiginoso crescimento da
indústria de massa nos Estados Unidos, a alta-costura começou a
perder terreno.
A indústria têxtil brasileira experimentou um grande avanço
nessa época a partir da década de 1960, quando surgiram figurinistas
famosos, entre os quais Gil Brandão, Alceu Penna e Dener, o
expoente máximo. Começamos a exportar a moda nacional com o
design de Dener, que ficou conhecido por vestir mulheres da
sociedade brasileira e a Sra. Maria Teresa Goulart, esposa do
presidente João Goulart. Entretanto, nenhum dos estilistas desse
período conseguiu impor um estilo tipicamente brasileiro na moda
internacional, que continuou sofrendo a influência direta da alta-
costura francesa e da dinâmica moda americana.
De uma incerteza geral do futuro e de um desejo de se
rebelar, surgiu essa moda tão mutante de querer sempre vestir o que
há de mais novo. Junto com a moda, as artes plásticas, a literatura e a
música foram influenciadas pelo clima de incertezas. Na década de
1960, as roupas começaram a ser criadas para o corpo em vez de se
adaptar o corpo às roupas. As peças, agora justas e geométricas,
eram eróticas no quanto desnudavam (ou quase) o corpo: os decotes
aprofundavam-se e as blusas tornavam-se transparentes. Na
Inglaterra, surgiam a minissaia e a moda hippie; nas praias cariocas
os “brotinhos” desfilavam os primeiros biquínis bem-comportados.
Caem as combinações e anáguas. As calcinhas tomavam formas
adaptadas para serem usadas com minissaias saint-tropez (cintura
abaixo do umbigo). No final da década, começavam a surgir uma
linguagem oriental e tendências um tanto futuristas.
Na década de 1970, as nádegas foram o foco de atenção, com
calças jeans e malhas colantes. A preocupação com a boa forma fez
com que o corpo esguio, as caminhadas e corridas também se
tornassem moda. Outros movimentos sociais que marcaram a moda
foram a volta à natureza, o movimento feminista e o romantismo,
depois da turbulência nos anos 60. É como se as rendas e estampas
florais silenciassem um pouco as angústias de toda uma geração.
Os anos 70 ficaram com o mérito de ter dado a arrancada
final de um processo em que a moda se conjugou com a maneira de
viver dos jovens. Os homens perderam o medo de ousar e
começaram a perceber que talvez seus filhos não estivessem tão
errados por preferirem uma roupa mais despojada, mais colorida,
mais adaptada ao movimento, às necessidades dinâmicas da
atualidade. O prêt-à-porter, isto é, a moda industrializada, soava
como um recurso inacessível para muitos brasileiros. Quase dava
para contar nos dedos o número de confecções do País. Se, nessa
época, alguém dissesse que chegaria o dia em que teríamos
aproximadamente 15 mil confecções ao nosso dispor, acharíamos
que sua bola de cristal estava exagerando.
E motivos não nos faltavam para duvidar desse tipo de
previsão: dificilmente, quem morava fora do eixo Rio-São Paulo
encontrava na sua cidade as roupas fotografadas pelas revistas. As
costureiras e as revistas de moldes continuavam as grandes aliadas
na hora de renovar o guarda-roupa. Confecções com fôlego para
fabricar milhares de peças a cada estação, inspiradas nas passarelas
européias e com distribuição nacional, só começaram a conhecer Os anos 90 ficaram marcados como a década dos
seus dias de glória a partir da metade dos anos 70. desenvolvimentos tecnológicos. Não são mais as formas das roupas
As roupas de trabalho
Com a luta das mulheres para se que fazem a diferença. Agora, o que se destaca são os efeitos dos
com cortes masculinos igualarem aos homens, as roupas de tecidos adquiridos a partir de pesquisas em laboratórios, como fibras
para mulheres marcaram trabalho com cortes masculino para as e acabamentos. As fibras naturais, antes retiradas diretamente da
toda a década de 1970. mulheres marcaram toda a década de natureza para as fiadoras, são, por exemplo, aprimoradas para
1970 e o início da década seguinte. Já absorver mais a umidade do corpo. Os fios perderam a característica
nos anos 80, os estilistas americanos, principalmente, simplificaram de ter a única função de fazerem parte de um tecido. Quem, em sã
ao máximo as linhas das roupas para que ficassem cada vez mais consciência, seria capaz de imaginar que usaríamos uma roupa
confortáveis. Esse estilo foi denominado “novo romantismo” e quente como lã e leve como a seda? E que as lingeries poderiam ter
colocou blusas e outras peças brancas em voga. Nesse ponto da aspecto e textura de seda sem precisar do fio do bicho-da-seda?
evolução do mundo da moda, a individualidade não significava, Certamente, ninguém. Afinal, aos olhos da época, microfibra parecia
como na década de 1960, adotar um look completo individual em si, coisa de ficção científica. Atualmente, as fibras “pensam”, e os
mas chegar a um estilo pessoal de vestir. Assim, as mulheres ficaram tecidos feitos a partir delas estão sendo chamados de “inteligentes”.
mais atentas ao corte e aos tecidos, tornando-se bem preparadas para Visando estimular a parte visual, os acabamentos ganharam
criar seu próprio look. looks antes quase inimagináveis. Alguns, após o acabamento,
A década de 1980 marca o surgimento das escolas de moda chegaram a parecer líquidos. Assim, à medida que a ciência das
no Brasil — a técnica alia-se à criatividade de nossos estilistas. Com fibras e acabamentos evolui nos laboratórios, as roupas recebem
o surgimento das escolas, busca-se o conhecimento científico sobre tratamento cada vez mais inusitados.
moda. A partir da metade dos anos 80, há uma maior preocupação
com a qualidade dos tecidos, do corte e do acabamento. As revistas A cara do futuro
com editoriais a aparecer orientando os A moda futurista começa a aparecer no final da década de
Os desenvolvimentos leitores a aparecer orientando os leitores
tecnológicos 1990, junto com as necessidades da sociedade moderna de ser cada
caracterizaram os anos a ter bom senso na hora de se vestir. Já vez mais prática, versátil, conceitual, veloz e criativa. E os
90. em 1990, percebe-se que a moda designers, os estilistas e a tecnologia têxtil passam a investir neste
Destaque para os efeitos globalizada é a grande saída para as mercado com todas as suas forças.
dos tecidos adquiridas a coleções mundiais. Tanto no Brasil Nos últimos dez anos, demos mais alguns passos, com
partir de pesquisas em como na França, pode-se usar a mesma
laboratórios, como estilistas, design, tecidos e a moda brasileira sendo reconhecidos
fibras e acabamentos. roupa e os mesmos acessórios de forma internacionalmente. Embora ainda haja muito a conquistar, essa é
descontraída. uma grande vitória. A exportação de modelos, que não era muito
comum, começa a ganhar espaço com mulheres fantásticas, Indústria e tecnologia
cobiçadas pelos experts em moda e pagas a peso de dólar pelas
grandes maisons da alta-costura do mundo ocidental e oriental. Os novos tempos
No que se refere à moda, quando pensamos no passado, nos
lembramos das fibras naturais, tecidas à mão, e das eternas silhuetas. A crise econômica gerada pela abertura indiscriminada das
O presente da moda é apreciado, preenchido com a arte da máquina importações de produtos têxteis levou à decadência do setor têxtil
e o avanço da tecnologia em fios, tecidos e acabamentos. O seu em todo o Brasil. Para conseguirem se manter produtivas em épocas
futuro carrega a chave da inovação, conveniências modernas e a difíceis, as empresas precisam ganhar produtividade, melhorar a
criatividade inesperada. qualidade dos produtos e oferecer respostas mais rápidas aos pedidos
No Brasil e no mundo, cada vez mais globalizado, percebe-se dos clientes.
uma moda mais emancipada dos conceitos ditados por vanguardas Nas confecções, o computador está sendo utilizado como um
externas. Devemos respeitar as diferenças, a questão racial, social, aliado contra a recessão. Para isso, o primeiro passo é automatizar as
política e econômica para que a ditadura da moda não seja um fator áreas administrativas e gerenciais e, assim, começar a implantar a
de exclusão. cultura de informática e criar as possibilidades de organiza-la para
ter informações precisas e rápidas.
Utilizando sistemas específicos
para as áreas administrativas, a Amodelagem e o
empresa pode controlar os pedidos, encaixe são as etapas
vendas, contabilidade, folha de mais complicadas
pagamento, produção, faturamento, e numa confecção.
contas a receber e a pagar. Nas áreas Quando feitas por
computador, permitem
de produção, o sistema pode realizar o economia de matéria-prima
planejamento e o acompanhamento, e tempo. Um trabalho
calcular a quantidade de matéria- utilizando esse tipo de
prima, emitir ordens de compra, entre equipamento consegue
outras coisas. É possível, também, reduzir o tempo de
fabricação anterior em 10%.
acompanhar todo o processo de
fabricação de uma roupa.
O computador é usado ainda no acompanhamento do
trabalho dos operadores: aloca-se o tempo da máquina na fabricação
do lote solicitado e emite-se tíquete de produção para o
acompanhamento da ordem de execução. Assim, é possível conhecer
a localização de cada ordem de serviço na produção, o cálculo de
custo e a relação entre o tempo previsto e o efetivamente gasto.
Em busca do desenvolvimento
As inovações no progresso produtivo na indústria têxtil estão
relacionadas ao progresso tecnológico incorporado aos
equipamentos, ao desenvolvimento de novas fibras e ao
aprimoramento das já conhecidas. Os diferentes graus de utilização
dessas inovações afetam diretamente os custos finais dos produtos e,
conseqüentemente, a competitividade industrial.
De acordo com o que foi visto, à exceção de alguns
segmentos (por exemplo, malharias, tecidos para cama, mesa e
banho e jeans) e de algumas empresas/grupos, que nos últimos anos
se preocuparam em atualizar seus parques industriais, o complexo
têxtil/confecções brasileiro ainda tem necessidade de se modernizar
para ser competitivo internacionalmente ou para fazer face à
concorrência dos produtos importados. O investimento em
equipamentos atualizados é a questão-chave para tal modernização.
Os equipamentos para a indústria têxtil produzidos no Brasil
são, de modo geral, tecnologicamente defasados e caros quando
comparados aos similares importados. Atualmente, a indústria
brasileira de máquinas têxteis opera com alto nível de capacidade
ociosa e a própria escala de produção, reduzida, é um dos principais
empecilhos à sua modernização. Os equipamentos mais modernos
são adquiridos por empresas de maior poderio financeiro em países
como Suíça, Japão, Bélgica, Alemanha e Estados Unidos, principais
fabricantes mundiais de máquinas têxteis.
A transformação no perfil da indústria têxtil, que passou a ser
muito mais intensiva em capital, somada às dificuldades de
financiamento e de mercado no Brasil, resultou no aumento da
heterogeneidade da capacitação tecnológica do setor. Em geral,
foram empresas maiores, freqüentemente parte de conglomerados
industriais, que conseguiram efetivar investimentos nas novas
tecnologias e conseqüentemente atingir níveis mais altos de
desempenho competitivo.
Em contrapartida, para fazer frente à crescente concorrência
dos países em desenvolvimento (com enormes vantagens
comparativas em termos de matéria-prima e mão-de-obra), os países
desenvolvidos aprofundaram o processo de incorporação de novas
tecnologias no setor. Como conseqüência, uma indústria que tinha
tecnologia estável e que utilizava a mão-de-obra com relativa
intensidade, transformou-se radicalmente. É possível dizer que,
atualmente, a indústria têxtil é intensiva em capital, atingindo a
média da indústria mundial geral, da mesma forma como deixou de
ser baseada na mão-de-obra para se fundamentar na tecnologia. As
inovações, nas últimas décadas, aconteceram em três frentes:
aprimoramento das matérias-primas, das máquinas e equipamentos e
introdução de mecanismos microeletrônicos no processo produtivo.
Mesmo defasado em relação aos países desenvolvidos, o
Brasil fez alguns avanços tecnológicos significativos. Dentre as
tecnologias “inteligentes” aplicadas à indústria brasileira destacam-
se: a holografia, as fibras óticas, o laser, a automatização, os
programas de computação e as redes de comunicação. Sistemas de
análise de fibras possibilitam testar e monitorar o produto — da
matéria-prima ao estágio final de tecido —, a fim de antecipar
problemas na confecção. Sistemas de gestão da informação
permitem aos fabricantes têxteis maior planejamento da produção,
assegurando estoque mínimo com reposição projetada para prevenir
a falta ou excesso de material, evitando paradas de produção, ao
mesmo tempo em que estão capacitados para o atendimento de
demandas imprevistas. Sistemas de código de barras são usados em
maquinas de corte automático do tecido para informar a metragem
aplicada e a quantidade existente de rolo de tecido.
Porém, investimentos apenas em máquinas não são
suficientes. Sem uma força de trabalho treinada para operar as
máquinas eficientemente e gerenciar as fábricas, a meta de tornar
eficaz o indispensável retorno dos investimentos não será atingida. É
imperativo que as habilidades dos recursos humanos em todos os
níveis sejam desenvolvidas para permitir que todas as novas
tecnologias sejam dominadas e os produtos corretamente
comercializados.
Confecções e malharias
A confecção foi o segmento da cadeia têxtil que menos
apresentou mudanças no sentido da automação, e os avanços obtidos
se incorporaram somente a algumas etapas do processo, no corte dos
tecidos (produção de moldes de papel por computador e, nas
soluções mais avançadas, programação dos moldes e corte
automático comandados por computador). Isso se deve ao caráter
quase artesanal da montagem das peças de roupa, que exige um
manejo difícil de ser reproduzido por máquinas.
O principal avanço neste setor foi a utilização da tecnologia
CAD/CAM, tanto nas fases de concepção e desenho, como na
preparação e execução do corte de tecidos. O desenho dos modelos
em um computador (CAD) reduz quase à metade o tempo tradicional
e torna a produção muito mais flexível. Além disso, estima-se que a
economia, em termos de matéria-prima, gire em torno de 10% com a
utilização do sistema.
A etapa da costura é uma das fases de produção menos
avançadas, uma vez que ainda utiliza máquinas de costura mais
antigas, com pouco grau de automatização.
Quando um sistema CAD é usado, algumas tarefas são
executadas com perfeição e rapidez. Com o registro de todos os
trabalhos elaborados anteriormente, a base de dados de modelagem
presente no sistema pode sugerir:
* que base existente poderia ser usada;
* mesmo que a base de modelagem seja nova, quais peças ou
complementos (colarinhos, mangas, lapelas, entre outros)
poderão ser usados das bases existentes;
* eventuais modificações que devem ser efetuadas na
modelagem (um recorte, um ajuste de medida, etc.), para
garantir uma otimização do consumo de tecido no risco a
efetuar.
A indústria de malharia brasileira é, como o restante da
indústria têxtil, extremamente heterogênea em termos tecnológicos.
Porém, de forma geral, o parque produtor de malhas brasileiros é
mais atualizado tecnologicamente que o de tecidos planos, em
função, fundamentalmente, dos menores investimentos requeridos. A
competitividade das exportações brasileiras do segmento de malhas
— que vem abocanhando parcelas cada vez maiores das exportações
totais de têxteis — é um bom sinalizador de nível tecnológico do
segmento.
O cenário ideal para tomar o lugar das amplas oficinas de
confecção — dispensando-se assim as mesas de desenho e corte, os
rolos de amostra de tecido e as pilhas de peças modeladas (mangas,
bolsos, palas, etc.) — seriam uma mesa digitalizadora e um mouse
acoplados a um microcomputador. Os programas transportam para o
monitor a mais ousada imaginação dos desenhistas, examinam o
modelo criado e determinam a maneira correta de se produzir um
desenho específico de corte para cada tamanho.
Além de poupar os profissionais da indústria do cansativo
trabalho manual, o computador lhes coloca à disposição um sistema
de imagens instantâneas. O teclado ou o mouse monitora uma seta na
tela do computador, cuja função é indicar as tarefas a serem
executadas. Por exemplo: o computador mostra um tecido cuja
textura não agrada ao estilista. O mouse é acionado para levar a seta
até um lugar na tela onde fica o comando apropriado. Acionado o
mouse, o computador mostra um tecido com textura diferente. Da
mesma forma, pode-se mudar o local de um botão em um modelo ou
o comprimento da manga.
Até esse momento, tudo
Entre todos os setores da
indústria têxtil brasileira, o existe apenas nos circuitos
parque produtor de malhas é o eletrônicos da máquina — e, como
que apresenta o nível mais tal, pode ser alterado quantas vezes
avançado do desenvolvimento forem necessárias para se chegar à
tecnológico. perfeição, ou ao ideal do seu
criador. Um comendo faz com que
a imagem seja impressa diretamente sobre uma amostra de tecido. O
resultado contém detalhes precisos e tão facilmente assimiláveis, que
pode ser usado em catálogos ou anúncios sem mais retoques.
Inovações tecnológicas têxteis
Tecidos apresentam novidades
A inovação tecnológica desenvolvida em laboratórios, muitas
vezes para estilistas ou tecelagens consagrados, atualmente visa à
maior praticidade. Desenvolver tecidos mais leves, acabamentos que
dispensam o ferro de passar e incorporar até propriedades anti-
bactericidas são as principais preocupações da indústria. Algumas
dessas características, é verdade, já eram possíveis em tecidos
sintéticos. Só que esses tecidos sempre tiveram alto grau de rejeição:
as fibras naturais representam 70% do mercado.
O grande desafio da indústria é
Recentemente, uma
incorporar ao tecido sintético
agência de pesquisa
características dos fios naturais. Com
britânica desenvolveu
fibras sintéticas, hoje, é possível
um tecido que não
construir qualquer textura, toque ou
mancha.
visual. O estilista Carlos Miéle, da Sonho de dez entre dez
griffe M. Officer, conhecida pelo mães, o produto passa por
desenvolvimento de tecidos um tratamento numa câmara
diferenciados, foi um dos primeiros a de gás, onde recebe
usar no Brasil um tecido térmico descargas eletromagnéticas.
criado pela agência espacial norte- Com a estrutura molecular
alterada, o tecido repele a
americana. Contendo micro-cápsulas sujeira.
de parafina em sua trama, o tecido mu-
da de acordo com a temperatura do corpo: quando ela aumente, a
parafina liquidifica e armazena calor; quando esfria, ela solidifica
novamente.
A evolução do uso das fibras sintéticas vai ao encontro
também de outra exigência dos consumidores do novo milênio:
produtos ecologicamente corretos. Produzidos em laboratório, os
tecidos sintéticos permitem maior controle de emissão e
reaproveitamento de resíduos químicos.
Em sintonia com o conceito ecológico, a DuPont está
desenvolvendo um fio de poliéster produzido a partir da síntese do
milho. Biodegradável, recebeu o nome de Sorona. Segundo o
depoimento do gerente de produto da empresa, Carlos Janela, os
fabricantes estão investindo cada vez mais na busca de alternativas
que não utilizem a petroquímica na produção.
Maior fabricante nacional de jeans, a Santista Têxtil está
lançando no mercado o jeans reciclado. Produzido a partir de sobras
das confecções, jeans usados e retalhos, as peças saem da fábrica
com o selo Gold Denim. Para desenvolver o selo verde do jeans, a
empresa investiu mais de US$ 5 milhões. Com produção mensal
estimada em um milhão de pelas, as calças recicladas têm como alvo
os consumidores que não se importam em pagar mais por produtos
diferenciados — e que respondem por 15% do mercado de jeans.
Para atender esse seleto grupo de consumidores, a indústria
não mede esforços. A Santista investe, a cada ano, R$ 25 milhões no
desenvolvimento de novos produtos e mantém taxas de inovação
elevadas, que na linha Denim chegam a ocupar 50% de cada
coleção. Os pesquisadores estão empenhados agora em desenvolver
jeans mais leves, que possam secar mais rápido consumindo menos
energia. A questão ambiental está levando os consumidores a
valorizar até mesmo produtos que não utilizem matéria-prima
produzida em áreas agricultáveis.
Seguindo a onda ecológica, uma empresa carioca está
trazendo para o País tecidos feitos com fibras de cânhamo. Os
tecidos que misturam seda e algodão com os fios da erva chegaram
pela primeira vez ao Brasil na metade da década de 1990.
considerados muito quentes e pesados para o clima e os padrões
nacionais, não empolgaram os estilistas. De lá para cá, a tecnologia
se encarregou de resolver o problema.
Estudos e pesquisas não evitam surpresas. Um dos carros-
chefes da última coleção da Santista é o flame. Um processo que
deixa os fios com um aspecto irregular e dá ao jeans a aparência de
roupa usada. Um defeito que virou efeito. Embora o efeito seja
muito valorizado no Brasil, nos Estados Unidos e em países da
Europa, ele não tem vez entre os consumidores argentinos e chilenos
que consideram o aspecto irregular um sinal de baixa qualidade.
Surpresas desse tipo são freqüentes no processo têxtil. Em
2000, ao encomendar uma pesquisa para desenvolver um tecido mais
durável a ser usado nas frentes de batalha, o Ministério da Defesa
inglês acabou resolvendo o problema de milhões de pessoas em todo
o mundo. Durante o trabalho, os pesquisadores chegaram a um
tecido que não fica com mau cheiro. Batizado de Halosource, o
tecido contém um composto de cloro que mata bactérias e fungos.
Meia anticelulite
A Indústria de Meias Scalina, fabricante da marca Trifil, a
maior da América Latina no segmento de meias finas femininas,
com produção mensal de sete milhões de pares, está lançando um
novo conceito de meias no País: o de modelagem. O primeiro
produto com esse conceito, que não envolve propriedades
terapêuticas, é uma meia que promete combater a proliferação da
celulite de grau um (inicial). O gerente de marketing da Scalina,
João Marcondes de Oliveira Jr., explica que a meia faz um micro-
massageamento constante que melhora a circulação sangüínea,
evitando a formação de pontos de concentração de gordura. Para o
desenvolvimento do produto, a empresa investiu US$ 2,2 milhões na
compra de máquinas e vai investir mais de US$ 2,5 milhões em
divulgação. A previsão é de que as vendas alcancem dez mil dúzias
por mês, menos da metade das vendas das Impuls (conhecida como a
“meia do bumbum” por projetar a região glútea e modelar a barriga),
que estão em 25 mil dúzias mensais.
Couro com Lycra
Ao ser apresentado pela primeira vez ao mercado brasileiro,
em janeiro de 1997, o couro natural com Lycra foi considerado uma
das maiores inovações tecnológicas dos últimos tempos no setor
brasileiro de calçados. Embora exibido em poucas vitrines do varejo
paulistano à época, o tom de novidade dos sapatos fabricados em
couro natural com Lycra permanece.
As fabricantes homologadas apostam naquilo que os sapatos
com Lycra têm de melhor: o conforto. O apelo é bom e deve
“pegar”, mas as firmas estão cautelosas quanto às vendas. O motivo
de previsões tão cautelosas é um só: o preço.
Um par de sapatos produzidos com a matéria-prima
inovadora da DuPont chegará ao consumidor final custando de 15%
a 20% mais caro que um par feito com couro tradicional. A Lycra
agrega valor ao produto, uma vez que a nova matéria-prima reduz
em até 40% a atrito do sapato com o apoio dos pés, o que elimina as
pressões e proporciona melhor movimento dos dedos.
Inicialmente, o produto será usado apenas em calçados
femininos e especiais para a dança. Porém, a DuPont está em
conversações com outras fabricantes para estender a tecnologia a
sapatos masculinos e esportivos.
Couro de boi que parece cobra, jacaré e avestruz
Para atender à demanda por peles de animais exóticos, a
Finipelli, curtume da Patrocínio Paulista (SP), desenvolveu uma
técnica que deixa o couro de boi com aparência muito semelhante à
pele de bichos como a cobra e o jacaré.
O resultado é um material, em média, dez vezes mais barato
que o original e que não prejudica a fauna. No Brasil, a produção de
peles legítimas desses animais é controlada pelo IBAMA, e é preciso
criá-los especificamente para essa utilização.
A Finipelli exporta cerca de 30% dos chamados “couros
exóticos” que fábrica, o que representa cerca de oito mil metros por
mês, de acordo com o diretor do curtume, José Cláudio Bordini. O
desenvolvimento do processo de tratamento do couro levou sete
anos, em pareceria com a Art Telas, uma empresa especializada em
serigrafias. O processo foi fazer uma matriz da pele de cobra a partir
de um original, testar e aperfeiçoar.
À partir de 1999, a empresa começou a fabricar esses
produtos em grande volume e a desenvolver novas padronagens.
Hoje, além do couro com aparência de pele de cobra, jacaré e
avestruz, a Finipelli produz couro tingido de várias cores e também
com estampas de zebra, onça e até faca holandesa.
A estamparia de peles de outros bichos sobre o couro de boi
possibilita a utilização do material de pior qualidade que chega aos
curtumes. Por exigir uma série de tratamentos para receber a
estampa, o processo torna possível a correção de imperfeições.
O trabalho de estamparia de couro é bastante artesanal.
Depois que a pele é tingida, a estampa de animal é serigrafada. Uma
chapa com escamas em relevo é prensada sobre o couro. Em
seguida, a peça passa por um processo que é a textura de escamas ao
material.
Foram pelo menos seis meses de testes para se obter o
resultado final. Atualmente, a empresa está desenvolvendo uma
estampa que imita escamas de peixe. Os couros de cobra e avestruz
— que estão chegando às lojas brasileiras em tons café, marrom e
verde — já estão recebendo cores mais alegres, como turquesa, roxo
e cereja.
Os negócios via Internet
Quando o assunto é varejo sem loja, o exemplo mais atual é a
venda pela Internet. Não se pode falar de tecnologia sem tocar nesse
tópico, uma vez que a Rede foi o desenvolvimento tecnológico que
causou, e está causando, a maior mudança no mundo. Como as
informações chegam em tempo real, os correios para mensagens
pessoais praticamente se tornaram obsoletos, pois o e-mail substitui
bem essa função e o comércio está desenvolvendo-se nesse novo
mercado.
Lojas de vestuário estão de olhos abertos para esse
desenvolvimento. Algumas já criaram homepages, que, em sua
maior parte, apresentam conteúdo institucional, mas algumas
arriscam abrir vendas. Com a intenção de melhorar o desempenho de
suas vendas no atacado, uma loja carioca de roupas femininas criou
o seu site. Nele, estão disponíveis imagens das coleções,
informações sobre a empresa e até dicas de como melhorar o
desempenho nas vendas. O objetivo da criação do site foi facilitar ao
máximo a compra para os lojistas, levando a loja até eles.
A griffe em questão está ocupando um papel quase pioneiro
nesse tipo de venda. E paga o preço por sua incursão num terreno
promissor, mas ainda pouco freqüentado. Os responsáveis pela
implementação do site fizeram um CD de divulgação para oferecer o
acesso, por terem notado que as pessoas ainda têm poucas
informações sobre esse tipo de negócio. Um fato muito observado é
a utilização do site como catálogo fotográfico, o que já representa
uma maneira de prestar um serviço ao consumidor.
Muitas adaptações estão sendo feitas e continuarão a ocorrer
até que esse mercado realmente funcione com eficiência.
Atualmente, o maior problema enfrentado no varejo via Internet é a
logística de entrega. Em 1999, nos Estados Unidos, milhares de
crianças não receberam seus brinquedos de Natal porque uma
empresa que se propôs a vender pela rede não conseguiu entregar as
mercadorias a tempo. Como resolver a decepção das crianças na
noite de Natal? A empresa resolveu dar US$ 100 para cada cliente
afetado. O que não se pensou foi que nenhuma quantia é capaz de
recuperar a decepção das crianças e muito menos o constrangimento
dos pais diante de tal problema.
No Brasil, o desenvolvimento da venda via Internet é ainda
menor. Como comentado antes, a maior parte das empresas estão
trabalhando apenas com páginas institucionais na Rede. Assim, vão
conhecendo aos poucos esse mercado que se desenvolve para,
depois, com mais estrutura, poder oferecer os serviços adequados. A
categoria supermercadista é um exemplo de trabalho de venda
eficiente pelo computador.
A Bolsa de Mercadorias Diversas formas de comércio
Têxteis, criada para pela internet estão sendo criadas com o
intermediar negócios via objetivo de aproveitar melhor evolução
Internet, oferece três desse sistema. Um exemplo é a Bolsa de
modalidades de
Mercadorias Têxteis. Ela é uma central
mercado: aberto,
fechado e leilão de compra e venda pela Internet, com
eletrônico. características de associação, criada para
intermediar negócios dentro da cadeia
têxtil. As empresas interessadas em colocar seus produtos na Bolsa
(de matérias-primas a máquinas e resíduos indústrias) devem tornar-
se associadas.
A Bolsa oferece às associadas três modalidades de mercado:
aberto, fechado e leilão eletrônico. No mercado aberto, a associada
divulga seu nome, telefone e produtos, que são negociados
diretamente entre ela e o comprador. No mercado fechado, os
negócios são intermediados pela Bolsa, a partir de uma equipe de
representantes de vendas em campo.
Os compradores fecham negócios por meio dos
representantes ou diretamente com a Bolsa (via Internet, telefone ou
fax). Por fim, no leilão eletrônico, os produtos são anunciados e
ficam aguardando os lances dos interessados. A comissão da Bolsa
sobre o valor do negócio varia de 3% a 6%.
Outro tipo de negócio que está sendo desenvolvido via
Internet é o business to business, ou seja, “de negócio para negócio”,
sem o envolvimento do consumidor final. Um dos sites
especializados na cadeia têxtil fechou contrato com 78 empresas em
menos de um mês (o serviço levou dois anos para ser desenvolvido).
Por esse sistema, uma confecção pode, por exemplo, encontrar a
agulha correta para a máquina que acabou de comprar. Os serviços
vão do transporte às transações bancárias. Assim, tanto grandes
griffes quanto pequenas confecções têm chances iguais no processo
de compra de matérias-primas. Posteriormente, a idéia é abrir
também um canal de comércio eletrônico para consumidores
comuns. A dinâmica dessa forma de negócio tende a transformar o
mundo da moda, superando problemas como o de gerenciamento de
estoque, seu ponto crítico.
Outra empresa que trabalha com esse segmento pretende,
além da venda no atacado, promover leilões de estoques, importação
e assessorias técnica e jurídica.
Shoppings na Internet
Os shoppings centers também estão de olho no mercado via
computador. A idéia é integrar todos os shoppings que fazem parte
do mesmo grupo administrador através de cabeamento interno. Com
isso, as lojas ficarão ligadas em um mesmo sistema. Ainda dentro
desse projeto de informatização serão lançados cartões de
fidelização com programas de milhagem e, na fase seguinte, o portal
de compras. Tudo será regido por um contrato, em que o shopping
ganhará uma participação sobre as vendas na Rede. Quem não
vender não perderá nada. Nessa negociação entre lojistas e
administradoras, alguns detalhes ainda precisam ser definidos. O
principal deles diz respeito ao investimento que cada lojista terá de
fazer em uma estrutura logística eficiente.
Na avaliação de consultores especializados em varejo, os
shoppings estão simplesmente tomando a dianteira em um processo
irreversível no varejo mundial. Eles não têm como lutar contra o e-
commerce. Se antes os lojistas de shopping consideravam o
comércio virtual um concorrente, hoje também começam a perceber
que a tendência é irreversível. O modelo do varejo no futuro é a
operação nos dois canais. O que precisará ser bem administrado é a
logística de distribuição para evitar problemas.
A tecnologia é o conceito que mais muda e se desenvolve no
mundo. Não há mais opção para aqueles que fazem parte da
sociedade urbana a não ser aprender a lidar com ela. Quem não se
atualizar constantemente se dará conta, em algum ponto da vida, de
que o mundo evoluiu e ele ficou para trás. Para os que pretendem
entrar no mercado de trabalho, o conhecimento da informática é
imprescindível, assim como o da língua inglesa. Não se pode negar a
grande importância da tecnologia no desenvolvimento do mundo
moderno. A postura a seguir é tentar absorver o mais rápido possível
as inovações existentes e ficar de olhos abertos para as que estão por
vir.
Os Mil e Um Mercados de Moda
O mercado de moda é uma das mais importante searas de
negócios dos tempos modernos. Preparando para oferecer respostas
rápidas que atendam às demandas do consumidor, esse mercado,
num primeiro olhar, pode ser dividido em apenas dois segmentos:
feminino e masculino. Visto com mais atenção, apresenta uma série
de subdivisões e, exatamente por essa razão, se mostra atrativo para
os profissionais que decidem apostar em oportunidades relacionadas
à moda.
Somente depois de perceber a amplitude do mercado, é
possível vislumbrar horizontes na hora de escolher a especialização.
Quando o estilista tem de determinar o estilo que quer adotar para
sua coleção, um dos pontos mais importantes é definir o mercado
que ele pretende atingir. Ou seja, é importante que o estilista
especifique claramente o público-alvo que vai representar o estilo de
sua coleção.
Como se nota, os segmentos básicos sempre estarão
presentes, mas os diferenciados podem surgir de acordo com a
evolução do mercado e das culturas. Como já foi dito, os mercados
mais conhecidos são o masculino e o feminino; este, o mais
desenvolvido e com maior volume de vendas.
O segmento masculino é um pouco menos abrangente uma
vez que, por muitos anos, os homens deixaram de dedicar atenção
especial ao seu guarda-roupa. O que se encontrava no mercado eram
trajes para executivos (ternos, calças, camisas), roupas para praia,
esportes e passeio, entre outros exemplos de segmentos que são
considerados básicos para determinadas ocasiões.
Hoje, com o culto à vaidade e o incremento do consumo de
itens típicos do mercado masculino, outros segmentos foram criados,
entre os quais vanguarda, ginástica, esportes radicais (escaladas e
ciclismo) e fashion. Assim como o segmento feminino, o masculino,
atualmente, está se desenvolvendo e novos segmentos estão sendo
gerados.
Públicos e produtos que compõem
as principais facetas do mercado da moda
Adolescentes
O mercado para adolescentes está se firmando como um dos
mais promissores dentro da moda. Oferecerá sempre um campo
amplo de atuação. Em constante mutação, os jovens estão
organizando-se, cada vez mais, em grupos com ideologia, figurino e
comportamentos claramente definidos. Além disso, estão começando
a trabalhar mais cedo e, com isso, adquirindo poder financeiro para
consumir o que desejam. Nos Estados Unidos, é possível encontrar
lojas totalmente direcionadas aos adolescentes, onde se vende de
roupas a objetos para decorar o quarto. Quem montar uma estratégia
eficiente de marketing para explorar esse segmento, com certeza,
terá em suas mãos um público forte e com grandes oportunidades de
fidelização.
Negros
Outro segmento que vem adquirindo enorme força é o que se
direciona aos negros. De revistas especializadas a cosméticos, esse
mercado está crescendo como nunca. A lista de produtos oferecidos
é ampla e representa um filão cada vez mais promissor. Dados de
institutos especializados de pesquisa apontam que, atualmente, um
terço da classe média brasileira é formada por negros. Dessa fatia,
cerca de 22% são empregadores, responsáveis por uma geração de
receita em torno de R$ 50 bilhões anuais. Tendo em mente essas
cifras, fica claro o grande pontencial desse mercado.
Jeans
O jeans é uma matéria-prima que se encaixa em divesos tipos
de produtos voltados para diferentes faixas etárias. Mesmo sendo
visto com maior freqüência na moda jovem, os produtos
confeccionados com jeans, muitas vezes, conquistam um status
único dentro das confecções especializadas nesse segmento. O
estilista John Galliano considera o jeans a roupa mais importante do
mundo da moda nos últimos cem anos.
No Brasil, as cercas de seiscentas confecções industriais
produzem mais de 126 milhões de peças, segundo levantamento do
Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI).
Mas, o que faz com que o blue jeans se mantenha sempre o
velho e bom blue jeans, resistindo às mudanças semestrais das
coleções? A cada seis meses, uma coleção é lançada, fazendo com
que a anterior já não tenha a mesma bossa.
As griffes de vanguarda são as
O jeans conquistou que mais investem em modelagem e
um espaço único dentro estilos, determinando as tendências da
da moda e foi a peça
de vestuário que sofreu estação e atraindo confecções menores
maior número de para o caminho por elas aberto. Um
evoluções no século XX, detalhe novo aqui, outro ali, e está feito.
A única preocupação contínua é quanto
ao aumento de vendas.
Porém, não é tão simples assim. De um lado, fabricantes de
índigos gastam milhões de dólares em pesquisas de novas lavagens a
cada ano. De outro lado, as confecções investem em pesquisas de
tendências internacionais.
Especula-se que há um investimento médio de R$ 500 mil
por ano para o desenvolvimento de uma nova calça jeans — do
tecido à modelagem final. A renovação é constante. A evolução do
jeans século XX foi brutal: nenhuma outra roupa sofreu tantas
mudanças e ganhou tanto valor simbólico.
Lingerie
A lingerie adquiriu características novas nos últimos tempos.
Deixou de ser apenas peça utilitária para fazer parte do imaginário
sensual de mulheres e homens. Para atender esse público, empresas
do setor estão investindo em coleções mais ousadas, que brincam
com fantasias e fetiches.
O mercado nacional de lingerie movimenta cerca de R$ 2
bilhões por ano e reúne mais de seis mil confecções de faturamento
total; muitas são empresas de pequeno porte que empregam mais de
trinta mil costureiras e fabricam mais de quinhentos milhões de
peças por ano. Com esses índices e a cultura mundial de que o Brasil
é o país da sensualidade, o segmento de moda íntima tem pleno
potencial para se tornar grande exportador, seja com produtos ou
como lançador de tendências, devido à excelente qualidade e à boa
competitividade de custos das confecções e tecidos nacionais.
Outros dois segmentos que se unem ao de lingerie em
relação ao potencial de exportação e importância no mercado interno
são os de biquíni e moda surfe (surfwear). Enquanto a moda
brasileira olha para fora, o mundo vem buscar aqui o que vestir na
praia.
Biquíni
Se o Brasil é o país das praias e das mulheres sensuais, nada
mais coerente do que ser lançador de tendências do mercado de
biquínis. Com altos investimentos em matéria-prima, maquinaria e
mão-de-obra especializada, o segmento da moda praia brasileira
tornou-se um dos primeiros a ser admirado e explorado pelo mundo.
É senso comum que ninguém faz biquíni tão bem como os
brasileiros. Se há uma roupa nacional reconhecida lá fora como
sinônimo de beleza, qualidade e originalidade, ela é o biquíni.
Seguindo o grande interesse pelo Brasil, inflado pela
admiração que as modelos brasileiras despertaram no mercado
externo, as revistas americanas e européias exibem em seus
editoriais peças brasileiras, enquanto as principais lojas de Nova
York oferecem as coleções completas de griffes cariocas e paulistas.
Por incrível que pareça, o biquíni não foi inventado por um
brasileiro, e, sim, por um estilista francês, em 1946.
Nos dias de hoje, o Brasil tem o design mais arrojado, o que
faz um grande ditador de tendências. A cultura de praia nos dá a
dianteira em relação a outros países que, de modo geral, ou têm a
indústria ou têm as praias. O Brasil é o único que reúne os dois
elementos.
Surfe
Outro nicho muito característico de nosso País é a moda
surfe, mais conhecida como surfwear. O Brasil tem mais de quatro
mil quilômetros de praias e boa parte delas se prestam ao surfe. Uma
prova do potencial desse segmento são as publicações e feiras
especializadas que atendem a um grande mercado, principalmente no
Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
O mercado de surfwear surgiu no Brasil na década de 1970
de uma forma muito artesanal. Com o desenvolvimento do esporte,
criou-se o estilo de vida. Em confecções de “fundo de quintal”, as
coleções eram fabricadas e depois vendidas por sacoleiras ou lojas
do segmento. Como o passar dos anos, essa indústria se desenvolveu
de tal forma que, atualmente, há marcas com mais de 15 lojas no rio
de Janeiro e diversos pontos-de-revenda em outros estados.
Infantil
O público infantil está se tornando um importante nicho de
mercado para a indústria têxtil e do vestuário. Terá um grande
negócio nas mãos quem atrair os pequeninos consumidores, que a
cada dia assumem um papel mais importante na formação de
opinião, influenciando inclusive as compras da família.
Não é fácil, contudo, agradar a esses exigentes consumidores.
Para acertar no gosto deles, algumas empresas criam uma equipe
especial que faz pesquisas de mercado. Algumas delas constataram
que desenhos miúdos e delicados, além de cores claras, sobretudo os
tons pastel, agradam mais. Os gostos variam muito dentro da faixa
de idade de dois a dez anos.
Considerando o avanço da moda infantil no mundo das
griffes, as crianças de hoje saem das maternidades mais bem vestidas
do que há cinco anos e se mantêm na “onda fashion” por muito mais
tempo do que as gerações passadas.
Nas classes mais abastadas, os pais têm aberto a carteira para
comprar peças mais caras, aumentando o faturamento das empresas
do setor. O volume de produção também vem subindo, fato que
mostra um crescimento de vendas entre fabricantes de produtos mais
populares.
Em 1994, quando o Brasil abriu suas fronteiras aos mercados
estrangeiros, os 990 fabricantes de roupas infantis no Brasil
comercializaram pouco mais de um milhão de peças. Nos últimos
anos, o número de fabricantes especializados nesse segmento deu
um alto. A participação do segmento infantil no faturamento de todo
o setor do vestuário subiu de 23% para 27%. Dados levantados por
institutos de pesquisas demonstram que o segmento de roupas
infantis (de zero a 12 anos de idade) é um dos mais competitivos da
indústria têxtil brasileira e também um dos que mais crescem.
Meias
A meia é um componente pouco comentado do mercado da
moda, mas que exige grandes inovações tecnológicas e adaptações
às necessidades de seu público-alvo. Está entre as principais peças
do vestuário deste início de século. Entre as novidades estão a meia-
calça com protetor solar, com “dedinhos de fora” (sem ponteira para
ser usada com sandálias), as culotes, as que escondem a barriga, as
sem-costura (que não marcam o corpo) e as push up, para levantar o
bumbum. Dada a grande variedade de meias no varejo, os lojistas
estão reestruturando-se, organizando melhor o visual e o mix de
produtos para facilitar a decisão do consumidor na hora da compra.
As meias constituem um segmento em franca ascendência
pelo próprio potencial ainda inexplorado desse mercado. A produção
anual do País chega a aproximadamente 16 milhões de dúzias de
meias femininas (meia-calça, sete-oitavos, três-quartos e soquete) e a
outros 18 milhões de dúzias de meias masculinas, esportivas e
infantis.
O aumento da produção foi especialmente significativo na
década de 1990 e intensificou-se nos últimos cinco anos,
principalmente em virtude da tecnologia de confecção e do
desenvolvimento de novos fios. As meias conquistaram um status
importante entre os acessórios da moda, e as mulheres estão cada
vez mais atentas às transformações. Os fabricantes batem na tecla de
que elas não resistem às inovações da moda, e a meia, tanto quanto
os acessórios, pode mudar o visual da roupa.
Acessórios
O mercado de acessórios tem uma grande importância no
Brasil, que conta com grandes indústrias neste setor. Os acessórios
brasileiros são muito bem recebidos no exterior e importantes nomes
internacionais os compram de fábricas brasileiras.
Os profissionais de estilo que não se identificam com o
trabalho em tecidos sobre o corpo podem voltar-se para esse
segmento que também lida com estilo. Na verdade, os acessórios são
uma parte muito importante do traje. Complementam o chamado
look, dando um acabamento ao visual da pessoa, muitas vezes,
transformando-se na peça principal. É possível ver nas ruas pessoas
com uma roupa básica, usando uma bolsa ou sapato que se destacam.
Nesse caso, o acessório adquire uma importância maior do que a
roupa.
Para quem decide enveredar para o segmento de acessórios, é
importante buscar a especialização direcionada para esse mercado.
Ainda que utilize as mesmas bases de informação que a roupa, o
acessório se diferencia em áreas como modelagem, manufatura,
acabamento e em outras técnicas a que esta especificamente ligado.
Mercados alternativos
Mercados alternativos, com ambientes ecléticos, têm surgido
como opções diferenciadas para pontos-de-vendas. A finalidade de
tais mercados é vender produtos (muitos produzidos artesanalmente)
e diversos itens do universo da moda: maquiagem e acessórios,
música, arte e design, alem de espaços para tatuagem e body
piercing. O Mercado Mundo Mix, iniciativa pioneira nessa área, é
uma feira estilizda e itinerante que se propõe a vender peças de
vanguarda assinadas por estilistas que são encarregados da
comercialização e divulgação de suas próprias criações.
Geralmente, os cientes dos mercados alternativos são pessoas
da mesma faixa etária, que têm a seu dispor uma espécie de
supermercado de tendências, onde é possível criar um estilo à
própria moda ou criar uma moda ao próprio estilo.
Se a preferência for seguir a carreira de estilista, o campo de
consumidores diferenciados que se pode trabalhar é vasto. Um fato
que não deve ser ignorado é o perfil do consumidor brasileiro para
este novo milênio. Ele será mais esclarecido, mais ético, exigirá
melhores serviços, observará as embalagens e terá consciência do
que é preço justo.
Podemos classificar os segmentos dos mercados alternativos
em formas bem distintas. Das ruas, surge o estilo streetwear, tribo
que se define como urbana. Dela podem ser retirados os clubbers,
que seguem uma moda específica, direcionada às variadas tribos que
freqüentam festas da noite urbana, como bailes funks, festas soul e
raves. Na outra face da moeda, o culto à saúde e aos esportes
radicais traz para o dia-a-dia das pistas de skate, do automobilismo,
dos esportes de inverno e aquáticos o estilo sportwear com roupas
confortáveis e de alta performance.
As mulheres exigem maior
Os mercados liberdade de movimento e versatilidade
alternativos são uma para a sua workwear (roupa executiva) e
espécie de
supermercados de os homens assumem o direito de ser
tendências, que chiques, experimentando mais com o que
atendem aos mais a moda tem a oferecer. O movimento gay
variados gostos e se fortalece e sai às ruas, dispondo uma
estilos, entre os quais estética rapidamente absorvida pela moda.
as modas streetwear,
clubber e sportwear. A raça negra encontra sua
linguagem própria, que vira nicho de
mercado. As “peruas” são conhecidas por
vestirem roupas espalhafatosas e/ou vulgares. Os “moderninhos”
procuram estar vestidos com as últimas tendências da moda. Os
“mauricinhos” são os rapazes que se vestem com um estilo mais
aproximado do clássico, sem que isto signifique necessariamente
bom gosto, visto que a maioria deles parecem estar uniformizados.
As “patricinhas” são a versão feminina dos “mauricinhos”. Com
tantos estilos disponíveis para o consumo, cada um escolhendo o seu
e as respectivas combinações, percebe-se que o mercado é grande o
bastante para assimilar os bons profissionais que se estão formando.
Cama, mesa e banho
Os estudantes de moda que não se identificarem tanto com a
função do vestir podem optar por um lado mais voltado par ao
design: o segmento de cama, mesa e banho.
Dormir está na moda. Dormir confortavelmente, mais ainda.
Vender produtos para esse segmento é um bom negócio mesmo em
tempos de crise. Ou até por causa dela, que, às vezes, faz com que as
pessoas fiquem em casa e na cama. O resultado disso pode ser
medido pelo aumento da competição no segmento. São produtos que
podem custar até R$ 1 mil e cobrem camas de quem sonha acordado.
Os produtos de mesa e banho seguem a mesma trilha uma
vez que há um movimento de permanecer mais em casa. Fabricantes
brasileiros buscam profissionais para atualizar as peças segundo
tendências da moda e atrair compradores externos.
Desenhos funcionais, tecidos high-tech e cores femininas são
algumas das apostas da indústria mundial para esta década. O
acompanhamento das tendências deixa de ser preocupação exclusiva
do vestuário e começa a fazer parte da estratégia do segmento
nacional de cama, mesa e banho para ampliar negócios no País e no
exterior. As maiores empresas brasileiras do setor estão investindo
em profissionais de design e na capacitação do processo produtivo
para acompanhar e até ditar estilo, da cortina ao roupão.
Uma grande indústria do mercado nacional, líder em vendas
externas de artigos têxteis, contratou um designer com 25 anos de
experiência para integrar o comitê de produto, formado por
profissionais das áreas de vendas, exportação, industrial e marketing.
A meta é colocar esse segmento em alta de forma estável, lançando
mão de pesquisas que identifiquem as preferências do consumidor,
técnicas de desenvolvimento de produto e tecnologia.
Como se viu, as opções são diversas. Cabe aos novos
profissionais determinar o segmento ao qual querem pertencer.
Depois de fazer a escolha, o importante é sempre reciclar as
informações por meio da análise da concorrência, pesquisa, leitura
de publicações especializadas e cursos.
Um Raio X da Moda
Onde estão as oportunidades
profissionais
Quais são as carreiras disponíveis na moda? Que funções são
exercidas pelos profissionais que atuam no segmento? Essas são
algumas questões que encontram resposta nas próximas páginas. O
fato é que, mesmo antes de se chegar a elas, é preciso entender que
poucos ramos profissionais oferecem tanta variedade de planos de
carreira quanto as indústrias têxtil e de moda.
Em 1999, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), os setores têxtil e de vestuário,
juntos, empregaram diretamente 1,4 milhão de pessoas. Esse dado
não inclui a rede de lojistas informais e sacoleiros. É referente ao
número de postos de trabalho formais e indica que a especialização
no setor é cada vez maior.
Para ingressar na área de moda, não é necessário fazer curso,
mas o mercado está precisando, cada vez mais, de pessoas com
preparação e bagagem técnica. A moda paga bem, entretanto exige
formação. Antes de encarar cursos de moda de nível superior, é
recomendável que o interessado faça uma rápida passagem por
cursos de qualificação profissional de nível médio, para que tenha
uma visão prática e possa realmente se definir por essa área de
estudo.
Principais cursos profissionalizantes na área de moda no Rio
de Janeiro:
 * Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial — Senac
Cursos de extensão com enfoque mercadológico e também
cursos de especialização pelo Centro de Moda – Beleza e
Design (CMB).
* Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — Senai
Cursos de formação de estilistas pelo centro de Tecnologia
da Indústria Química e Têxtil (Cetiqt).
* Centro Cultural Cândido Mendes — CCCM Curso de
formação de estilistas.
* Universidade Veiga de Almeida — UVA Curso superior
de estilismo pelo Instituto Zuzu Angel.
* Universidade Salgado Oliveira — Universo e
Universidade Estácio de Sá Cursos de moda em suas
unidades específicas.
O que se percebe é que o título de doutor, anteriormente
restrito a carreiras mais tradicionais como a engenharia e a medicina,
aos poucos, começa a chegar à indústria da moda. Os novos
profissionais, de nível superior, representam uma resposta à
exigência atual dessa indústria complexa. Hoje, por exemplo, já não
é mais possível operar no ramo de vestir bem as pessoas sem um
bom gerente de produto. A sociedade muda, cria novas exigências e
obriga os profissionais a buscar conhecimentos consistentes.
De outra parte, é preciso entender que fatores como o
aprimoramento e a especialização da mão-de-obra é que vão criar
facilidades para que a indústria brasileira da moda fique em sintonia
com os padrões técnicos exigidos pelo mercado e ganhe
competitividade em relação a seus concorrentes internacionais,
equilibrando gastos e lucros, preço e qualidade. A seguir,
relacionamos algumas das principais oportunidades que o campo da
moda oferece na indústria e no varejo. Quem opta por seguir a
carreira na área deve estar de olho para compreender a amplitude das
chances que são oferecidas dentro de setores básicos de atuação que
são: equipe de produção, de apoio, de imprensa, da indústria têxtil,
de confecção e de design. Fale a pena saber mais sobre cada uma das
equipes e seus integrantes.
Equipe da indústria têxtil e confecção
Designer ou Estilista
Esse é o profissional que define a “cara” de uma coleção,
independentemente do mercado a ser atingido. Pode ser empregado
de uma empresa ou trabalhar como autônomo. Dependendo de onde
ele esteja trabalhando, suas idéias vão se inspirar na alta-costura ou
no prêt-à-porter e serão desenvolvidas para a produção em massa.
Durante o processo de criação, ele leva em conta não só os
aspectos artísticos e sociais (sua clientela), mas também a
necessidade de atender às tendências de marketing e aos avanços
técnicos na indústria, uma vez que, a cada estação, ocorrem
mudanças no que se refere a cores, aperfeiçoamento de tecidos, linha
de produção, capacidades e preços. Quando trabalha desse forma, o
designer produz novos croquis a cada estação. Os melhores são
gerados em protótipos 3-D (pilotos) e devem se parecer ao máximo
possível com o produto final.
Antes de seguirem para a produção em massa, os protótipos
são apresentados como uma coleção para os diretores.
O designer, profissional que normalmente determina os
materiais a serem usados numa coleção, deve manter-se atualizado
com as últimas tendências do mercado (cores, materiais e estilos)
que vão estar na moda em determinada estação. O melhor caminho
para estar em dia com as novidades é visitar feiras da indústria de
vestuário e desfiles, nacionais e internacionais.
Modelista
Atua na área de desenvolvimento da indústria do vestuário.
Corta novos moldes baseados nos croquis e pode modificar moldes
anteriores para que passem a corresponder às novas tendências e
estilos. Trabalhando lado a lado com o estilista, o modelista é
responsável pela interpretação apurada dos croquis em corte e linha.
É capaz de modificar os moldes do prêt-à-porter, fazendo escalas
para alcançar a melhor proporção em cada tamanho.
Costureira ou Alfaiate
Costuram as roupas femininas e masculinas em escalas
pequenas ou exclusivas e fazem também pequenos reparos e
alterações. Lidam com tecidos de todos os tipos, do natural feito à
mão às peles, couro, lã e seda. Esses profissionais, em geral, são
autônomos ou trabalham em pequenas fábricas.
O papel da costureira inclui o corte exato e o caimento
perfeito da peça. Ela também interfere na compra de tecidos, assim
como nas escolhas de maquinários e de acabamentos.
Profissional de desenvolvimento de Produto
Os programas de desenvolvimento de produtos variam muito
de uma empresa para outra e de um setor para outro. Em algumas
organizações, tais programas são considerados responsabilidade do
pessoal da pesquisa técnica; em outras, representam um componente
importante do programa de marketing.
* Passos básicos
Independentemente da posição dessa atividade no
organograma, alguns passos básicos servem de orientação
para desenvolver e lançar um produto:
• decisão sobre a idéia de um novo produto;
• avaliação preliminar das oportunidades que ele
representa;
• estudo detalhado do mercado;
• decisão de lançá-lo;
• desenvolvimento, e
• verificação da aceitação do freguês ou consumidor.
* Desenvolvimento de um produto
O desenvolvimento de um produto, seja ele da linha
de produção ou não, exige o emprego de métodos de
pesquisa semelhantes aos usados para melhorar um produto
existente. A maior diferença é que o desenvolvimento de um
produto envolve discussão de problemas, incluindo os que se
referem à modificação de um produto que já é fabricado.
Executivo de Marketing
Direciona o planejamento e a introdução do novo produto ou
serviço. Além da estratégia de marketing e a organização do
marketing, ele também planeja a propaganda para o produto. O
assistente de marketing que trabalha em uma empresa de menor
porte é responsável por um número maior de produtos. Utilizando o
conhecimento que tem sobre o produto, esse profissional faz
cálculos de custos, estabelece o público-alvo e analisa a tendência do
mercado, para assim desenvolver a estratégia de marketing e colocar
o produto na mídia.
Técnico Têxtil
Realiza várias atividades em diferentes departamentos da
indústria têxtil. Está envolvido na tecnologia de produção e
administração, assim como no planejamento e gerenciamento.
Durante o desenvolvimento de uma nova coleção, ele ajuda a
selecionar os materiais a serem usados, dos quais depende a Na adoção do sistema O plano empresarial é o
qualidade do produto em termos de durabilidade, cuidado e de planejamento está implícita preparativo da ação. Implica a
acabamento. Conseqüentemente, esse profissional tem papel a convicção de que em gerência tomada de decisões e a
decisivo no desenvolvimento de novos produtos. Usando peças- de moda não basta ter programação de resultados, e
“intuição, mas também
piloto, realiza constantemente o controle de qualidade. É responsável a capacidade de escolher esta leva em conta o vulto das
pela padronização do artigo acabado e, ainda, por meio do uma maneira racional de agir. questões a serem resolvidas. Tais
computador, pela organização de assistência técnica, maquinário e questões podem, por exemplo,
materiais e tempo envolvido. demonstrar que os resultados que precisam ser alcançados
Engenheiro Químico-têxtil imediatamente exigirão anos de preparação. A programação
Desenvolve corantes e cria receitas, compondo e retratando cuidadosa aumenta a possibilidade de a empresa tomar boas
tendências da moda. decisões. Sem ela, os planos correm o risco de não passar de sonhos.
Empresário A programação depende de respostas rápidas. Mediante vinculação
Na adoção do sistema de planejamento está implícita a entre negócios pretendidos, prazos e resultados previstos, podem-se
convicção de que gerência de moda não basta ter “intuição”, mas elaborar planos administrativos que, postos inteligentemente em
também a capacidade de escolher uma maneira racional de agir. As prática, ajudam a manter e a aumentar o valor de uma empresa pra a
decisões e as providências tomadas pelos homens de negócios são sociedade da qual faz parte.
baseadas em determinadas idéias a respeito da espécie de empresa
que dirigem, do mercado em que operam, dos recursos à sua Equipe de comercialização
disposição e da influência de sua conduta sobre a empresa e as Assistente de Vendas ou Vendedor
pessoas de fora. Trabalha nas lojas, atendendo o cliente, mostrando as ofertas
No raciocínio, nas resoluções e nos atos de um gerente estão e dando dicas de moda. Em cada setor da indústria da moda, há áreas
sempre presentes os seus objetivos, suas suposições e os riscos do especializadas sobre as quais o vendedor ou vendedora deve
negócio. Embora tais fatores nem sempre estejam perfeitamente informar-se, por iniciativa própria, com seus empregadores ou em
claros em sua mente, ele tem de agir em conformidade com algumas programas de treinamento. Esses programas garantem um ótimo
idéias relativas à natureza de sua empresa: ambiente, recursos, serviço de atendimento ao cliente. Outras de suas tarefas são
possibilidades, etc. Independentemente da importância que a organizar a loja e receber mercadorias e pagamentos e cuidar do
intuição e a prática de negócios possam ter, as decisões e as armazenamento e dos embrulhos.
providências relacionadas com a empresa devem ser racionais. Os
principais objetivos e a utilidade do plano empresarial são evidenciar
e aguçar a capacidade de raciocínio.
Gerente de Loja
É responsável pelas vendas, pelo controle de despesas, pela
exibição da mercadoria e pelo atendimento aos clientes. Lidera a
equipe de vendas.
Fashion buyer ou Comprador
Esse profissional atua em lojas de departamentos, butiques,
empresas de compra por catálogo e também na indústria têxtil,
realizando encomendas de matéria-prima (tecidos). Comparece com
freqüência a feiras de moda nacionais e internacionais para ficar por
dentro das últimas tendências. Com a ajuda de computadores e
companhias associadas, ele decide quais produtos são adequados
para a encomenda, de acordo com o seu grupo consumidor.
De um comprador exige-se a capacidade de analisar e
comparar produtos similares em termos de preço e qualidade e
decidir de acordo com os requerimentos da empresa. Fica a seu
encargo a organização de reuniões sobre cores, quantidades,
qualidade, etc. É ele quem encomenda as roupas da próxima estação,
confirma a data de entrega e responde pelo armazenamento. O
comprador deve assegurar-se de que a quantidade de peças seja
suficiente para a venda. São de sua total responsabilidade os cálculos
financeiros dos itens encomendados e a documentação associada.
Consultor de Estilo ou Personal Styler
Resolve problemas relacionados ao vestuário, vasculhando o
armário do cliente e orientando-o sobre como e quando usar
determinadas roupas. Ensina a ordenar a arrumação de malas, ajuda
a comprar peças novas e dá dicas de moda. O consultor não
comercializa roupas, ele vende um conceito e faz sugestões.
Vitrinista
O vitrinista ajuda a construir a imagem da loja. Com recursos
cenográficos e teatrais ou com um simples layout bem definido, ele
apresenta a mercadoria em sintonia com os temas da moda, com a
“proposta” da roupa e com a filosofia da empresa.
Sacoleira
As sacoleiras ganham cada vez mais espaço no concorrido
ramo de confecções. Vendedora ambulante, atua num tipo de
comércio totalmente informal, mas que tem impacto direto nos
canais de distribuição de roupas prontas. A sacoleira adquire apenas
produtos acabados para vender. Entre suas características está o
profundo conhecimento de sua clientela. Em geral, depois do
primeiro contato com a cliente, a vendedora logo passa a oferecer a
peça adequada ao estilo e ao gosto da pessoa.
É uma espécie de personal service que as lojas, de modo
geral, não conseguem oferecer. Essa profissional conta com a
vantagem da flexibilidade de seu horário de trabalho, que pode ser
ajustado de acordo com a disponibilidade da clientela. Em suas
sacolas, ela carrega diversos estilos de roupas, das esportivas às mais
refinadas para festas, além de acessórios, como lençóis e bijuterias.
Equipe de design
Em todas as épocas, o desenho apresenta identidade com o
seu tempo, retratando a reali-
dade observada. É do século Sob o ponto de vista de um
XVIII a primeira desenhista designer industrial, a
estilista de moda de que se aparência de um produto
tem notícia: Rose Bertin, pode parecer a única razão
mais conhecida como Mme. de seu atrativo de compra.
Bertin, que vestia a Rainha Porém, as vendas, a engenharia, a
Maria Antonieta no estilo da fabricação e a qualidade são fatores
época, conhecido como igualmente importantes, e a correta
conjugação destes elementos,
Rococó — extravagante, exa- adequadamente dosados, é que torna
um produto perfeito.
gerado, rebuscado. Era uma espécie de ministra da moda, título que
ela própria se outorgava, mas que não se sabe ao certo se flutuava
entre o seu imaginário e a realidade.
E o produto perfeito é aquele que conquista a maior
porcentagem das vendas do ramo e proporciona um bom lucro ao
fabricante.
Portanto, de início, o objetivo principal do designer é agregar
valor a determinado gênero. Logo em seguida, porém, é preciso que
o profissional dessa área seja sensível o bastante para entender a
importância de sua atividade dentro do conjunto de produção,
procurando se adequar à definição proposta pelo Illionois Institute of
Technology, dos Estados Unidos, que diz ser o design a “arte e a
ciência de aumentar a beleza e o valor dos artigos produzidos em
massa”.
Designer na Tecelagem
É considerado um difusor da tecnologia adequado ao parque
têxtil, da pequena à grande indústria. O designer atua
especificamente na tecelagem, elaborando tecidos cuja produção é
destinada ao mercado interno ou externo. Analisa possibilidades de
artigos, suas exigências diferenciadas e a qualidade resultante de
diversos tipos de ligamentos, remontando, para isso, desde aspectos
do fio até a própria construção dos ligamentos.
É imperativo entender o que é construção de ligamentos e
verificar seus resultados por meio de pesquisa e desenvolvimento de
novas padronagens, fios e efeitos, no sentido de produzir tecidos
melhores, no mais alto nível de qualidade e criatividade. Os bons
designers mantêm-se atualizados sobre tudo o que diz respeito aos
aspectos da arte e da indústria. Lançando mão de publicações,
visitas, cursos técnicos, seminários, etc., informam-se sobre novas
técnicas, materiais, acabamentos e processos, tão logo surgem no
horizonte. Acompanham atentamente todas as tendências nos
campos correlatados da arquitetura, das belas artes e do artesanato
— e, falando em tendências, eles mesmos dão origem a muitas delas.
O consumidor não é atraído somente pelo preço, pela
tecnologia, pela embalagem ou pela qualidade: em primeira
instância, ele é atraído pelo design e, depois, pelos outros fatores.
Portanto, não adianta haver somente o controle do processo de
obtenção de produtos melhores sem associar, a todo processo, o
trabalho do designer. Esse profissional funciona como um
dinamizador, interliga vários setores da empresa, fazendo com que
esta busque melhores opções e decisões. É ele que deve procurar
fora da empresa as respostas mais adequadas para as dúvidas no
processo de produção e as melhores alternativas para atender os
clientes de seu cliente.
Designer Têxtil
Cria desenhos para a estamparia, tramas ou padrões para
malharia e trabalha na decoração de interiores (tecidos para mobília,
carpetes, cortinas e papéis de parede). O trabalho combina
criatividade com conhecimento técnico têxtil. Designers têxteis
freqüentemente desenvolvem suas estampas e desenhos técnicos
usando o CAD. Uma vez completada a estampa, o designer têxtil
define as especificações da produção: o tipo de fio, fibras e
tingimentos, cartela de cores, tipo de tramas, estampas propostas e
possíveis refinamentos na produção.
Designer Gráfico
A troca de dados e informações é uma parte vital do mercado
da moda. Com a ajuda do designer gráfico, as mensagens dos textos
e fotos podem ser visualmente apresentadas em revistas de moda,
catálogos e propagandas. Seu trabalho estende-se dos conceitos
iniciais de um novo projeto à produção final de arte. Lápis e papel
deram lugar aos computadores, mas, no caso dos artistas gráficos,
ainda há o desenho e as habilidades de pintura e fotografia, com as
quais ele pode relatar as considerações psicológicas e sociais. Cores,
formas e símbolos são estrategicamente usados para expressar essas
interpretações no conceito geral de design. O designer gráfico deve
ter senso estético e sensibilidade para analisar corretamente as
tendências e ser capaz de comunicá-las. A grande variedade de
projetos o obriga a estar em sintonia com as últimas tendências da
moda e do mercado e com as flutuações do mercado. As feiras de
moda internacionais e desfiles são inestimáveis para fazer contatos e
manter-se informado sobre os últimos desenvolvimentos na
indústria.
Equipe de produção de moda e divulgação
Modelos
Os candidatos a modelo devem ter o perfil de determinada
marca ou ser um tipo específico, adequado a certa coleção. É
necessário que o candidato tenha a “cara do momento”. Sua altura
não pode ser inferior a 1,75m e os quadris não podem ultrapassar
90cm. O manequim convencionado costuma ser o 38. O modelo é o
“cabide” ou o “suporte vivo” que apresenta a roupa para o público
interessado.
Beauty Artist
É a nova denominação do Universo Fashion para
maquiadores e cabeleireiros. São os artistas da beleza, que vão além
da cosmética e do simples penteado para materializar as imagens
criadas pelo estilista e por seu stylist. O beauty artist faz testes de
cabelo e maquiagem antes do desfile, quando então coordena nos
bastidores a equipe de profissionais da área.
Agência de Beleza
Para os desfiles, distribui a equipe de maquiadores e
cabeleireiros.
Stylist
Ainda em evolução no mercado brasileiro, a atividade de
stylist representa um avanço ou uma versão mais especializada do
editor de moda. É ele quem define, junto com o estilista, a imagem
que vai para a passarela, sobreduto, em marcas comerciais. O stylist
é quem dá o fio condutor da coleção. Ele vê o desfile como página
de uma revista. Discute o tema e faz um relatório de pesquisa de
imagem sobre livros e seleciona as peças mais fortes da coleção.
Produtor de Moda
Atua como o braço-direito do stylist ou do fotógrafo de
moda, trocando idéias, não como aquele que apenas busca roupas.
Colabora no desenvolvimento do tema do desfile, pesquisa materiais
para usar na apresentação e participa dos castings (escolha dos
modelos). O produtor é quem torna viável o sonho do estilista e do
stylist.
Figurinista
Concebe peças de roupas novas por meio de pesquisa
histórica. Produz fantasias e trajes especiais. Assessora produções de
comerciais, eventos, teatro, TV e cinema, criando vestimentas de
diferentes épocas.
Diretor de Desfile
Pensa na edição, na trilha, na cenografia e na iluminação —
no desfile como um todo. A função do diretor despontou no mercado
de moda no Brasil junto com o chamado “boom da moda”, em 1993-
94, na época dos desfiles mais grandiosos, com ênfase no espetáculo.
Diretor Artístico
 O diretor artístico está diretamente ligado a todas as griffes
do evento, cuidando das marcas participantes como um todo, da
escolha dos equipamentos de som e luz, bem como da organização
do calendário geral nos desfiles coletivos.
Scouter e Produtor de Casting
Profissional que acompanha todas as etapas dos castings com
as agências, com os produtores e com os stylist das marcas.
Descobrem novos modelos, gente mais próxima da vida real para
enriquecer os castings.
Booker ou Agente
Dentro das agências, é o booker quem cuida dos modelos,
selecionando os trabalhos, negociando cachês, definindo agendas
(encontro com os clientes) e castings.
Coordenador de Camarim
É o profissional que cuida dos locais dos desfiles e pode ser o
próprio produtor de moda. Surge as necessidades operacionais de
cada estilista, supervisionando também as tarefas de organização e
limpeza. Confere o casting e a entrada das roupas no camarim.
Relações Públicas
Faz o intermédio da marca com o pessoal de marketing,
lidando com produtores, editores, stylists, com a mídia e também
com as agências de publicidade. Cuida da distribuição dos convites e
participa da elaboração do mapa de assentos dos convidados na
platéia. Para isso, possui uma poderosa lista de contatos — é quase
íntimo de pessoas-chave —, além de saber receber. Às vezes, tem
que cuidar até da contratação do bufê para entrevistas coletivas.
Coordenador de promoções e Eventos
Profissional “porta-voz” de uma marca, que atende também
os produtores de moda e coordena a produção do desfile dentro da
empresa que detêm a marca. É responsável pelos disputados brindes
dados ao público nos desfiles bem como por estabelecer ligação da
marca com o evento.
Coordenador Executivo
Faz o elo da parte técnica do evento com profissionais de
moda. É responsável pela montagem das salas, construção das
passarelas, cenários, palco, backstage e pela instalação da energia
elétrica em todo o local.
DJ
O mercado de moda no Brasil impôs o hábito de se importar
DJs de pistas de dança para criarem as trilhas de seus desfiles. Como
diretor musical, o DJ busca o repertório necessário para enriquecer o
clima desejado pelo stylist, estilista ou diretor. Acontece raramente,
mas, em alguns casos, intercala a trilha com a apresentação do
músico (cantor) convidado.
Assessor de Imprensa
Acompanha os jornalistas até os seus lugares para ver o
desfile. É um verdadeiro “soldado” da informação, levando recados
de um lado para o outro, respondendo a perguntas, distribuindo
releases e kits, trabalhando em rede, conferindo tudo nas suas listas
de convidados e, principalmente, munido de enorme disposição e
bom humor para enfrentar o jogo de cadeiras e egos.
Ofício estabelecido no Brasil pelo Governo Getúlio Vargas,
em pleno Estado Novo, por meio do Decreto n.º3.371, de 1938, a
assessoria de imprensa é uma prestação de serviço responsável por
colocar o produto na mídia. Planejada para servir de canal entre seus
clientes e a imprensa (jornais, rádios e TV), deve ter livre acesso aos
diversos segmentos da mídia, além de procurar sempre identificar,
como dizem alguns assessores, “algo a mais” ou “um diferencial” na
coleção.
 Para isso, tem de conhecer muito bem o universo do cliente,
saber traduzir a informação para a imprensa em tempo certo, criando
esse plus, um detalhe que destaque a coleção e sirva como gancho
para matérias jornalísticas. É preciso saber trabalhar com informação
quando se desempenha esse ofício, que também pode envolver troca
de favores, camaradagens e muito poder de influência.
Assessoria de Imprensa oficial
Quando o evento é de grande porte como, por exemplo, a
Semana Barra Shopping ou o São Paulo Fashion Week, seus
organizadores dispõem de uma assessoria oficial, produtora-
executiva para assuntos de mídia responsável pela sala de
assessorias. É de sua responsabilidade o envio, à imprensa, de
calendários, teasers, notificações ou alterações de datas e horários,
confirmação de presença para almoços, coletivas, etc. Cabe-lhe
também organizar entrevistas coletivas e fazer a mediação entre as
outras assessorias, que se reúnem na sala da assessoria de imprensa,
ponto de encontro dos jornalistas. Nessa sala, encontram-se
modernos equipamentos que permitem aos jornalistas convidados
enviar, diariamente, para seus veículos, informações dos desfiles,
palestras e demais acontecimentos.
Jornalista de Moda
Para trabalhar na seção de moda em jornal, rádio ou
televisão, esse profissional, antes de tudo, tem de reunir informações
sobre a indústria da moda. Depois de escolher o tema, ele define o
título, juntamente com outros repórteres e correspondentes que
contribuem com pesquisas e fotos. Cabe a ele editar todos os artigos
que são impressos nas colunas especializadas em moda e encarregar-
se do treinamento dos estagiários.
O jornalista de moda trabalha com processadores de textos,
por isso é essencial que tenha conhecimento de computador.
Mantém contato íntimo com a indústria da moda para obter
informações dos designers, dos profissionais de marketing e das
agências. Além disso, freqüenta feiras nacionais e internacionais do
setor para se informar sobre tendências.
Fotógrafo de Moda
A maioria dos fotógrafos de moda desenvolve atividade
autônoma e trabalha, principalmente, em projetos para ateliês,
revistas, catálogos, desfiles e agências de publicidade. Esse
profissional consegue trabalhos por meio de seus contatos, mas
também pode ser contratado através de agência de fotografia ou de
seu próprio agente.
Por um lado, sua meta é capturar a moda atual com a melhor
luz; por outro, deve criar uma imagem do produto com talento
artístico e criativo, combinando-o com habilidades técnicas
fotográficas. Muitas vezes, é o próprio fotógrafo de moda que
escolhe os modelos. Usando slides, filme preto-e-branco ou colorido,
ele decide, quadro a quadro, os tipos de luz e filme que podem gerar
o melhor resultado. Revelar e ampliar o filme é parte do processo
final de sua atividade, mas hoje muitos fotógrafos têm seus filmes
revelados em laboratórios altamente especializados. Em geral,
trabalha com os produtores de moda.
A fotografia foi revolucionada pelo desenvolvimento da
eletrônica computadorizada e de novas tecnologias de iluminação. A
gravação de imagens em um sistema digital que substitui os velhos
negativos representa um de seus avanços.
Camareira
Na confusão dos bastidores, poucos profissionais são mais
importantes que a camareira. Sobretudo, na correria da hora em que
os modelos fazem a troca de roupa para entrar novamente na
passarela. Ela acompanha as provas de roupa dos modelos e confere
os cartões de identificação com as descrições de cada look, Um Raio X da Moda
pendurados nas peças de roupas.
Passadeira A moda como um bom negócio
Passa as peças de toda a coleção antes do desfile, para que as
roupas estejam impecáveis e possam mostrar todos os detalhes na A história dos mercados
sua plenitude. As civilizações desenvolveram-se a partir dos valores da
Segurança troca e de diferentes economias de mercado. A economia de
Mantém a segurança nos eventos. Evita que “penetras” mercado primitiva regulava a oferta e a procura dentro de um grupo
entrem sem convite. restrito: as pessoas consumiam o que era produzido em sua própria
comunidade ou na comunidade vizinha.
Em todas as sociedades havia
Em algumas civilizações
mercados, nos quais se ofereciam
antigas, trabalhar era uma
atividade indigna, quase especiarias, ouro, escravos, objetos de
um pecado. Assim, na cerâmica e gêneros alimentícios. Mas
prática, os mercados não quando olhamos para a Ásia e a África
existiam, eram apenas antigas, ou para o Império Egípcio ou
ornamentos da economia.
Romano, não vemos nada semelhante
a uma grande teia de transações. A
maior parte da produção e da distribuição ocorria segundo os
ditames da tradição ou sob as ordens de um senhor local. Apenas as
pequenas sobras fluíam para as barracas dos mercados. Mais
importante que isso: não havia nenhum mercado para compra e
venda de terra, para contratação de trabalho ou para empréstimo de
capital. Os mercados eram ornamentos da economia. Ganhar
dinheiro não era coisa bem-vista. As pessoas ambiciosas,
pertencentes às esferas mais altas, procuravam fama e fortuna em
explorações militares, no governo, no serviço da corte ou nas
hierarquias da religião. A atividade de ganhar dinheiro era
geralmente considerada indigna de uma pessoa de sangue nobre; na
realidade, na cristandade, constituía uma ocupação
desconfortavelmente próxima do pecado. De fato, a usura — serviço, cronogramas e controles de equi- A indústria da
emprestar a juros — era um pecado, e mortal, ainda por cima. pamentos. confecção
Como conseqüência, a riqueza da sociedade não era possuída Em 1950, com o advento da experimentou uma
pelos ricos. Estava nas mãos dos poderosos — os vencedores na luta pesquisa de produção, teve início a era inovação: do modo
por exércitos e territórios. Naturalmente, os vencedores também dos dispositivos mecânicos. de produção
eram ricos; mas os ricos eram ricos, em grande parte, porque tinham Mais tarde, a partir da manual passou,
alcançado poder. assimilação de toda a experiência gradativamente,
A vida econômica era estável, ainda que assim não parecesse acumulada na Europa e nos Estados para a confecção
aos olhos dos camponeses e mercadores, constantemente Unidos, passamos, no Brasil, ao que industrializada.
atormentados pela guerra, fome, tributação pesada e insegurança podemos chamar de “fenômeno do Essa indústria torna
generalizada. Mas era muito estável se comparada com os fatores progresso acelerado”, saltando de um operacionais as séries
que alteram constantemente a existência em nossa época. Os ritmos estágio de desenvolvimento ocorrido em em grande escala.
e as técnicas básicas da vida econômica eram uniformes e décadas para outro que aconteceu em Todas as operações são
racionalizadas, e a isto
repetitivos. Homens e mulheres semeavam e colhiam usando os poucos meses. chamamos “divisão de
mesmos tipos de arados e ceifadeiras; os tecelões fiavam e teciam No século XIX, o surgimento da trabalho”.
utilizando, basicamente, os mesmos teares por décadas, gerações e máquina e as convulsões econômicas e
séculos a fio. É claro que houve alguma mudança — mas foram sociais provocadas pelo início da era industrial quase levaram ao
modificações tão pequenas, e ao longo de mil anos, que fica fácil desaparecimento definitivo do artesanato e de sua sabedoria milenar,
compreender a expressiva transformação que viria a ocorrer no transmitidos de século em século. Mas as atividades individuais e
próximo ato da História, quando o capitalismo irromperia em cena. manuais não foram definitivamente condenadas pela mecanização
O surgimento gradativo do sistema de pacotes (divididos em cada vez maior da era pós-industrial. Pelo contrário, surge na nova
grandes peças) para operações de montagens possibilitou a sociedade uma interação inovadora entre as tecnologias de ponta e os
introdução de técnicas de produção em massa. conhecimentos artesanais.
Na década de 1930, iniciou-se a era do sistema. Vários O desafio que se antepõe ao século XXI é o de integrar o
sistemas aperfeiçoaram o trabalho em si, o fornecimento de serviços aspecto tribal e primitivo do comércio ambulante de idéias às
e o controle de processamento de trabalho, o que culminou num inúmeras possibilidades dos sistemas informáticos.
aumento de eficiência e produtividade.
No período de 1940 a 1950, as fábricas começaram a adotar Como definir o negócio
métodos científicos nas tarefas, surgia a era da engenharia industrial. Fazer negócio consiste em agenciar, fazer transação
Aperfeiçoaram-se estudos de tempos, layouts, postos de comercial de qualquer espécie, em qualquer tempo. Pode-se negociar
de tudo. Os negócios existem desde a época dos Fenícios, e, ainda
que se realizassem em dimensões menores, sempre tiveram a visão
de se instalar, comprar e vender algo.
Moda e negócios no tempo moderno
Numa época de grandes transformações geradas pela
crescente internacionalização decorrente da globalização da
economia e dos mercados, é importante uma análise das condições
pelas quais a moda se estrutura e se organiza para atingir seus
objetivos de crescimento e expansão. A seguir, expomos uma análise
de como são geridos os negócios por meio dos canais de
distribuição, responsáveis pelo deslocamento dos produtos das
fábricas até o consumidor final. Os avanços tecnológicos, a abertura
de mercado e a criação de novos canais de distribuição movimentam
os negócios de moda. Os principais canais de distribuição são os
seguintes:
* Lojas de departamentos
Ampliaram e maximizaram suas áreas para a venda de
confecção. Nesses locais, há programação visual diferenciada,
valorização e segmentação de produtos por categoria, sexo, faixa-
etária, etc. outra forte tendência em crescimento nas grandes
organizações é a consolidação de marcas próprias para os produtos
que comercializam, o que pode vir a representar uma associação
importante e duradoura para os fabricantes de confecção.
O fornecimento de peças de qualidade, em volume
considerável e com preço atraente para o consumidor, tem-se
revelado uma ótima diferenciação para as lojas de departamentos e
pode ser a fórmula que garantirá o funcionamento da estrutura básica
da confecção, proporcionando a tranqüilidade administrativa
necessária para trabalhar estrategicamente marcas de maior
prestígio.
Lojas de departamentos internacionais
• Bloomingdale’s www.bloomingdales.com
• JC penney www.jcpenney.com
• Macy’s www.macys.com
• Marks & Spencer www.marks-and-spencer.com
• Neiman Marcus www.neimanmarcus.com
Lojas de produtos diferenciados
• Body Shop www.thebody-shop.com
• Disney Store www.store.disney.com
• Express www.express.style.com
• The Gap www.gapinic.com
• Nike www.nike.com
* Shopping centers
O crescimento do número de shopping centers no Brasil
representa um aumento substancial na quantidade dos canais de
distribuição para o segmento de confecção, em virtude do próprio
percentual de lojas direcionadas à venda desses produtos — maioria
absoluta em praticamente todos os shoppings convencionais.
A ABRASCE — Associação Brasileira de Shopping Centers
conta hoje com 143 shoppings filiados, instalados em 7,2 milhões de
metros quadrados de área construída, que reúnem cerca de trinta mil
lojas em três milhões de m² de ABL (área bruta locável). Os
shoppings brasileiros, por onde circulam mensalmente mais de
cinqüenta milhões de pessoas, geram atualmente 235 mil empregos
para o setor. A expectativa é de que nos próximos quatro anos
movimentem negócios da ordem de US$ 4 bilhões. Esses números
representam em torno de 19% das vendas totais do varejo brasileiro.
Trata-se, portanto, de um negócio em larga expansão, que deve a comercialização de vestuário, mas em número cada vez menor,
animar os empresários confeccionistas. graças a um cálculo relativamente simples de lucratividade: a
* Pontas-de-estoque margem média do lucro que os supermercadistas obtêm com a venda
São lojas que vendem peças com defeito (geralmente da grande maioria dos itens comercializados gira em torno de 2%; no
imperceptíveis) — amostras, sobras, devoluções e excesso de segmento de vestuário, este percentual sobe para uma média e 20%,
produção — que vêm das fábricas ou de outras lojas. Servem para o que significa dizer que, ainda que com um giro menor, a venda de
escoar todo tipo de peça deste tipo e melhorar as vendas nas lojas. confecção garante maior lucratividade por m².
* Lojas de rua Ao se planejar a distribuição de confecção utilizando o
O custo de manutenção de uma loja de rua costuma ser cerca supermercado, é importante ter em mente que esse canal foi aberto
de 50% inferior ao de uma loja de shopping center. O comércio de por um anseio de mudanças nos hábitos de compra do próprio
rua tende a atender predominantemente os consumidores das classes consumidor, que vem exigindo a oferta de produtos de boa
C, D e E. os lojistas da rua têm a seu favor a possibilidade de qualidade, que possam ser adquiridos de forma prática e a preços
praticar preços menores e os consumidores ainda os consultam baixos.
primeiro, por isso são considerados fortes nichos de varejo, * Pesquisa de mercado
sobretudo por bairros. O fabricante brasileiro precisa estar atento e realizar um
Por exemplo, no Saara, acompanhamento permanente dos canais de venda direta ao
No Rio de Janeiro, dois perfis área de comércio do Centro do Rio consumidor, muitas vezes já maduros em outros mercados e em fase
de lojas de rua, o Saara, “o de Janeiro, concentram-se lojas de de consolidação no Brasil. Entre eles incluem-se vendas por
paraíso do barato”, no centro
da cidade, e as sofisticadas aviamentos e de vendas de roupas catálogos, programas de TV especializados em vendas e vendas via
lojas de Ipanema e do Leblon, em geral. É reconhecido como “o marketing direto.
na Zona Sul, são fortes nichos paraíso do barato”, com suas ruas A pesquisa de mercado revela novas e interessantes
do varejo. exclusivas para pedestres. Entre- possibilidades quanto à estipulação e às políticas de preços. A
tanto, Ipanema e Leblon, bairros da estipulação de preços pode afetar não só os lucros atuais, mas
Zona Sul da cidade, são sinônimos de sofisticação: berços das também os lucros futuros.
tendências de moda carioca, que definem o bom gosto da elite local. A pesquisa de mercado A pesquisa de mercado é
* Supermercados também é responsável pelo responsável ainda pelo estudo do
Outro canal comercial que se encontra em franco estudo do mercado-alvo, da mercado-alvo, da concorrência e
crescimento nas últimas décadas — no qual a venda de confecção concorrência e de qualquer de qualquer outro aspecto que
outro aspecto que possa
praticamente não existia até bem pouco tempo — é o de possa afetar as vendas de uma
afetar as vendas de uma
supermercados. Algumas redes ainda resistem em abrir espaço para empresa. empresa.
* Desfiles
Os anos 90 entraram para a história econômica nacional
como a década de nascimento dos grandes eventos de moda no
Brasil, entre os quais o Phytoervas Fashion, em 1993, e o Morumbi
Fashion, em 1996, ambos em São Paulo.
Eventos desse tipo são responsáveis por forçar um
direcionamento no segmento da moda. A cadeia têxtil, como um
todo, programa a sua produção em função dos lançamentos de
coleções sazonais, fazendo com que suas engrenagens e elos
trabalhem em sintonia durante todo o processo: da matéria-prima,
fiações, tecelagens e fornecedores aos lojistas e compradores.
Partindo da fibra até chegar à roupa pronta, o processo têxtil
compreende, no tocante ao material, as fases de fiação, tecelagem,
beneficiamento e estamparia: e, no que se refere aos modelos, as
etapas de corte, montagem e acabamento.
A roupa — entendida como produto — é o único objeto de
consumo que leva dois anos para ficar pronto, começando com fibra
têxtil até, finalmente, chegar à loja onde é vendida.
Para que o desfile aconteça
O desfile é a ponta
em sua plena potencialidade e que os
final da cadeia que
negócios se realizem, uma ampla
coloca a “Moda” em
rede de mão-de-obra especializada
circulação na mídia, e
aplica criação e técnica para
no mercado.
concretizar a transformação da moda
Esse tipo de evento ajuda a
em “Moda”, de fato. estabelecer um cronograma
Hoje, tudo que tem a de produção que reúne
conotação de moda gera negócios de informação de toda a
amplo aspecto. Podemos citar como engrenagem da cadeia
exemplo os diretores de arte, produtiva.
pesquisadores e estudiosos, professo-
res e alunos de moda que, nas escolas e faculdades, fazem girar a
engrenagem de ensino acadêmico e alimentam, com a formação de
novos profissionais, a área em questão.
* Profissionais da Informação
Empresas estabelecidas no mercado registram as informações
apresentadas nos desfiles para reforçar o conceito de suas marcas,
aprimorando assim a qualidade de seus produtos. Combinando essas
informações com o contexto social de seus clientes, os personal
stylist, verdadeiros estilistas particulares trabalham para uma
clientela seleta e específica. Surge, então, um relacionamento de
consultor de consultor e cliente.
A nova abordagem requer uma adaptação para permitir que
dentro de uma dinâmica varejista, fabricante e produtor, que compõe
a moda tradicional, ocorra um novo complexo de fornecimento — e
não uma cadeia. Dessa forma, no novo mundo da moda, o
desenvolvedor de produto e o exibidor varejista tornam-se co-
designers dentro de uma realidade virtual. Essa ligação mais direta
proporciona uma recomposição nos relacionamentos (pessoa a
pessoa e pessoas-grupos), além da formação de entidades virtuais,
eliminando, assim, as funções redundantes.
Hoje, as modelos brasileiras se destacam na moda
internacional e viram top models. Novos rostos, looks do momento,
modelos que personificam o estilo da época são fabricados e
programados com a mesma velocidade com que o negócio da moda
cresce no País. A mídia nacional acompanha esse boom cobrindo a
moda em veículos como revistas femininas e masculinas,
direcionadas para o vestuário, com abordagens sobre venda e varejo.
Jornais, revistas técnicas, boletins, folhetos e catálogos vendem e
movimentam notícias e informações de moda democraticamente. A
televisão também possibilitou a venda de roupas em programas nos
quais a moda se transforma em manchete. A instalação da TV a cabo
permitiu o surgimento de programas especializados em moda que, se
não vendiam produtos afins, pelo menos despertavam o desejo de
compra de seu público, induzindo-o e direcionando-o.
* Venda por catálogo
É o sistema de venda por correspondência. No Brasil,
Hermes, Avon, Amway e Natura, entre outros, utilizam esse canal de
distribuição há bastante tempo. A Hermes, por exemplo, tem loja
própria, mas a Avon vende exclusivamente por catálogo. Outro
sistema baseia-se na venda por catálogo, mas com a presença de um
promotor de vendas, que vai de porta em porta.
As vendas por catálogo, O maior varejista de
historicamente, obtêm mais sucesso catálogo do mundo é
com consumidores rurais que não têm a Otto Versand,
acesso imediato às lojas de varejo. A empresa alemã com
maior dificuldade para a disseminação vendas de US$ 1,8
do catalogo de varejo no Brasil foi a bilhões em 1995.
inflação. Por outro lado, o custo e a A Otto Versand também é
legislação de postagem ainda não estão proprietária da Spiegel,
totalmente estabelecidos. Soma-se a varejista de catálogos de
isso o fato de o brasileiro não ter mercadorias em geral, dos
cultura de compra por catálogo porque Estados Unidos.
ele é mais imediatista, compra por im-
pulso, gosta de experimenta e ouvir a opinião de outros sobre o vestir
— um comportamento incompatível com o estilo de compra racional
efetuada por catálogo.
* Comércio eletrônico
Business to business (B2B)
Em projetos de e-commerce destinados à cadeia de
fornecimento, a capacitação para efetuar transações comerciais
passou a ser a regra número um. Para isso, as empresas que acessam
os portais business to business, na maioria fabricantes e confecções,
sem empenham em realizar a melhor negociação na Web. O
benefício principal consistem em poder sondar catálogos atualizados
de produtos têxteis e ter acesso a listas de produtos e serviços,
informações sobre eventos e tendências sobre o segmento em um
único portal.
A infra-estrutura para os que disputam a parcela de negócios
B2B têxtil, por exemplo, permite comparar a cotação eletrônica, ou
seja, os leilões de commodities associados a um portal de logística
promovem transações comerciais on-line entre indústrias e
fornecedores (no nosso caso, empresas compradoras e vendedoras no
setor de fios, filamentos, tecidos planos e malhas).
Exemplo de empresas de portais B2B:
• Texlínea
• Têxtil1.com
Business to consumer (B2C)
A Internet torna possível a compra de vasto universo de
produtos da moda nacional e internacional. Além disso, alguns sites
fornecem guias que, com apenas um clique do mouse, viabilizam o
acesso a fornecedores, profissionais da área, lojistas, produtos e
agenda de eventos, ou seja, nem é preciso sair de casa. A compra
direta tornou-se possível mediante o uso do cartão de crédito.
O mercado virtual de estilo não é mais privilégio de
grupinhos fashion. Os navegadores da moda saem no lucro por três
motivos, a saber:
1. Acesso à notícia up-to-date (“fresquinha”).
2. Possibilidade de escolher roupas entre as grandes marcas
nacionais e internacionais.
 3. Pesquisa da mídia de moda eletrônica (jornais, revistas, afinal, se existe algo que vale para ambos os tipos de negócio
etc.). (franquia e iniciativa privada) é a convicção de que o sucesso só vem
* Franchising por meio de trabalho e dedicação.
No Brasil, o franchising é um negócio que segue de vento em Nunca é demais reforçar
popa. Com a chegada ao País de grandes redes de moa, como as É indispensável que o que, mesmo com uma realidade
espanholas MNG e Zara e a americana JC Penny, o sistema de franqueador mantenha uma ou virtual inserida nos novos
franchising está evoluindo para fórmulas ainda mais avançadas de mais unidades-piloto, onde negócios, nada substitui a velha e
serão testados e
fazer negócios em parceria. aperfeiçoados a tecnologia do
boa criatividade para gerar o senso
O sistema de franquia existe no Brasil há 12 anos, mas o negócio e os novos produtos. de oportunidade nos confeccionis-
crescimento maior vem sendo registrado nos últimos seis anos, com tas. Além do calendário sazonal do
uma média de 40% ao ano. Segundo informações do presidente da varejo — que deve, é claro, continuar a ser trabalho com criatividade
Fancap, André Nedelman, os indicadores são totalmente positivos e e planejamento —, há algumas oportunidades delineadas no
com previsão de crescimento para os próximos 15 anos de, no horizonte do consumo que ainda não foram efetivamente exploradas
mínimo, 3% ao mês. Assim, o franchising oferece excelentes pela grande maioria.
oportunidades à comercialização. Enfim, as oportunidades estão aí e é preciso trabalhar dentro
Antes de tudo, é preciso conhecer o negócio: planejamento dessa nova realidade, com persistência e criatividade, para a
das vendas ou da produção, implantação, operação e administração comercialização e a própria sobrevivência do segmento de
do empreendimento. Deve-se contar ainda com uma análise confecção, no Brasil e no mundo.
profissional de materiais, equipamentos e insumos e indicação de
fornecedores, entre outros itens, além de assistência completa.
É indispensável que o
Franqueador mantenha uma ou Moda On-line
mais unidades-piloto, onde serão • www.elitemodels.com
testados e aperfeiçoados a • www.guess.com
• www.hypermode.com
tecnologia do negócio e os novos • www.estiloiesa.com.br
produtos. Nesse sentido, a parceria • www.moda@.com.br
está sendo chamada de “franquia • www.uol.com.br/ModaBrasil
de formato de negócio”. À medida
que a idéia for sendo divulgada, o número de interessados no assunto
aumentará. Não basta ser franquia para ser um bom negócio, pois

Rumos do Setor
A moda funciona em ciclos semestrais de tendências. Cores,
estilos, texturas variam muito rapidamente, e é preciso estar sempre
em sintonia com as mudanças. Mas quem pretende trabalhar nessa
área e tomar a moda como um negócio deve enxergar além. O
segredo é perceber as tendências globais do comércio com
sensibilidade suficiente para entender em que ponto elas podem
exercer influência sobre a moda. Os futuros líderes do mercado, que
surgirão num prazo de cinco anos aproximadamente, serão os que
reconhecerem a importância do consumidor em todos os níveis da
tomada de decisões da adoção de avanços tecnológicos nas áreas da
comunicação e do processamento de dados e da emergência de um
mercado global realmente verdadeiro.
Os consumidores do mercado atual estão muito mais
exigentes e informados, o que acarreta uma maior cobrança em
relação à qualidade dos produtos e serviços. Os consumidores de
hoje exigem individualismo, imediatismo e valor, assim como farão
os do futuro. Essas três características são os tópicos a serem
explorados nas estratégias tomadas pelas empresas. Outras
características presentes no universo consumidor são:
* as compras continuarão a ser vistas como uma atividade de
lazer;
* o consumo de vestuário continuará a crescer;
* o consumidor ficará cada vez mais consciente das marcas,
mas sem deixar de guardar o impulso básico de garantir
valor, e
* a tecnologia será um dos principais impulsos motrizes para
a conscientização do consumidor.
A globalização
Outra mudança que ocorre velozmente é o fenômeno da
globalização. Os avanços globais do comércio poderão tornar
obsoletas as tarifas protecionistas. Haverá um deslocamento das
economias nacionais auto-sustentadas para um sistema mundial de
produção.
Os limites não serão tão rígidos. As decisões de fornecimento
serão baseadas menos nos custos de mão-de-obra e mais no local
onde os especialistas estiverem, com maior proximidade do mercado
consumidor ou do suprimento de matéria-prima.
A empresa do futuro
Como será a empresa do futuro após mudanças tão
significativas no mercado? Uma nova base competitiva surgirá, e
isto já começa a ter profundo impacto sobre os modos de gestão de
negócios empresariais. Antes dessa evoluções no mercado, as
indústrias costumavam competir unicamente na base dos custos.
Atualmente, elas se baseiam em tempos e custos, mas as companhias
do futuro precisarão ter baixo custo, rapidez e flexibilidade no
serviço que prestarem ao cliente.
Os aspectos descritos a seguir apontam uma visão
relacionada com um novo conceito, que dará base para as empresas
trabalharem frente à concorrência:
o consumidor será um participante ativo em todas
as etapas do processo de negócios;
a produção em massa (“um tamanho dá em todos”) perderá
a sua ênfase na direta proporção em que as forças
competitivas e as exigências do consumidor levarem
a fabricação a índices mais elevados de serviço;
as empresas estarão concentradas na diferenciação, na
habilidade competitiva dos negócios com foco nas atividades mais
profundas e, virtualmente, estarão unidas a outras
corporações sem se importarem com sua propriedade;
o profissional responsável pelo desenvolvimento
disporá de suficiente flexibilidade para elaborar um
produto rapidamente e com base na demanda
ativada do consumidor;
a nova vantagem competitiva será a capacidade de
mudar rapidamente com base na resposta do consumidor.
O desenvolvimento do produto será rápido, orientado
pela tecnologia e com foco apenas em funções
de valores estratégicos.
As tendências do varejo
Historicamente, o setor de varejo sempre teve seu foco no
consumidor e manteve com ele seu único elo direto. Nos últimos
anos, os varejistas se conscientizaram da importância de desenvolver
um “relacionamento” com o consumidor.
O consumidor de amanhã buscará conveniência, lazer,
serviço e valor dentro de um ambiente onde o escasso tempo livre
pessoal o levará a comprar produtos que lhe proporcionam mais
benefícios. Com algum desenvolvimento na logística de entrega, a
loja de varejo poderá continuar a ser o ponto em que o consumidor
tomará suas decisões de compra, mas não será sempre o canal pelo
qual lhe será feita a entrega de mercadoria. Uma crescente parcela de
mercadorias vendidas irá diretamente do produtor para o consumidor
em sua própria casa.
A importância do consumidor para os empresários se tornou
tão grande que um conceito foi criado para o tratamento que hoje lhe
é destinado: CRM (customer relationship management) ou gestão de
relacionamento com o consumidor é necessário que se invista em um
banco de dados. Normalmente, se trata de um programa
informatizado que armazena e administra diversas informações sobre
os consumidores como: produtos mais comprados, freqüência de
compra, datas importantes, endereço, hábitos de compra, etc.
O CRM começa a funcionar a partir da primeira venda e se
desenvolve continuamente. Com a administração dessas
informações, o empresário pode “manipular” a forma de tratamento
de seu cliente, fazendo com que o relacionamento entre ambos se
torne cada vez mais pessoal. Enviar cartões de aniversário,
notificações de lançamentos de coleção, cartões com descontos e
convites para eventos é uma maneira de se fazer com que o
consumidor se sinta cada vez mais “próximo” de uma loja e,
conseqüentemente, compre mais.
O marketing de relacionamento crescerá no próximo milênio.
O modo que os varejistas escolherem para redimensionar suas ações,
no sentido de atender aos desejos dos seus consumidores pela oferta
de produtos mais direcionados, será a maneira pela qual criarão
diferenças entre si mesmos e seus competidores.
A função mais importante do varejo será o papel de
“exibidor”, ou seja, o ponto onde é exposto ao consumidor um
sortimento de mercadorias originárias de muitas fontes para que se
cumpra o objetivo final: a venda.
O varejo, no seu sentido mais amplo, é o meio usado para
apresentar mercadorias na loja, num catálogo, na TV ou no
computador. O varejo será visto, cada vez mais, em dois formatos:
varejo com loja e varejo sem loja. O varejo com loja representa as
vendas feitas pessoalmente por meio de canais tradicionais. O varejo
sem loja abrange toas as formas de varejo em que a mercadoria é
entregue ao consumidor como, por exemplo, as vendas por catálogo.
Dentro de 10 a 15 anos, haverá um enfoque substancial no
rumo de todos os tipos de varejo sem loja, desde a tradicional
encomenda pelo telefone até a compra virtual. O cliente-consumidor
será o acionador de tudo. A tecnologia fornecerá os meios para esse
novo mundo do varejo. Com ela, os consumidores terão acesso a
grandes quantidades de informações e opções, o que lhes
proporcionará o necessário controle para ativar a demanda como e
onde quiserem. Para os varejistas, a maneira pela qual essa massa de
informações será editada para o consumidor será um novo
diferenciador entre concorrentes.
Uma questão que os varejistas devem levar em conta é a
mudança de comportamento do consumidor. Antes, com a inflação,
ele olhava a prestação e mesmo que fosse um pouco pesada no
início, passados alguns meses, com os sucessivos aumentos de
salário, ele iria desafogar e ela caberia no orçamento.
Desde o Plano Real, no entanto, o consumidor vem
aprendendo a lidar com uma situação diferente da época em que
havia inflação. O salário não tem mais reajustes e há uma grande
preocupação com o desemprego. O consumidor começou a perceber
que não dá mais para contar com o reajuste salarial. Outra mudança
é o fato de os consumidores atualmente estarem patrulhando os
preços. Já fazem pesquisas e compram onde é mais barato. A pessoa
que compra passou a observar, a reter os preços na memória, a
comparar o valor de um tênis ao de uma bicicleta ou ao de um pneu
de carro.
Diante disso, o varejista precisa estar atento às mudanças e
negociar bem com os fornecedores porque hoje já não se pode mais
repassar ao consumidor o resultado de uma má negociação. São
importantes itens como preço, prazo e condições de entrega.
Inclusive, na hora de determinar o preço, deve-se estudar muito qual
será a margem de lucro utilizada, pois ela diminuirá cada vez mais.
Enquanto a proprietária de uma loja de São Paulo se preocupava em
observar que sua margem de lucro havia baixado de 100% para 70%,
os jornais norte-americanos traziam a informação de que os
comerciantes americanos terão que se contentar com uma margem
de 5%. O retorno nesse caso vai ter que sair do giro do estoque.
Outro ponto importante que não deve ser ignorado pelos
varejistas é o estoque. O estoque virou encalhe. É muito tênue a
linha que separa o estoque bom do ruim. Muitas empresas estão
quebrando por excesso de estoques. O estoque virou um problema
do qual o lojista precisa se livrar com rapidez. Ao mesmo tempo, é
importante não ter falta de estoque, o que significa que o
fornecimento precisa ser rápido e instantâneo.
Quanto maior e mais aberta se tornar a economia mundial,
mais as pequenas e médias empresas dominarão. Os produtos
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toneladas
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poderão ser elaborados em qualquer lugar, utilizando recursos e Alguns empresários acreditam que no momento em que esse produto.
qualidades locais, por empresas estabelecidas onde queiram. Da quadro se consolidar, a receita do turismo internacional será
mesma forma, será possível vendê-las em qualquer lugar. multiplicada em até dez vezes, a pauta de exportações aumentará
drasticamente e os produtos de moda serão vendidos a preços 30%
O Brasil como tendência internacional mais altos.
Em pouco tempo, o Brasil saiu do anonimato no mundo da Esse exemplo pode ser visto claramente nas ruas de Nova
moda para situar-se como um lançador e exportador de profissionais York, onde uma sandália de praia muito utilizada no Brasil por todas
e estilos. As coincidências e o trabalho produziram o bom momento as classes sociais é vendida como artigo de luxo e tendência de
do País no mercado da moda mundial. A seguir, alguns fatores que moda, com preços multiplicados em até dez vezes em relação ao
ajudaram nesse processo: nosso mercado. Os produtos, na verdade, não têm preço, têm valor.
* a modelo brasileira Giselle Bundchen, entre outras, estoura Quando há uma tendência como a que estamos vendo acontecer com
aos 19 anos, sendo considerada pela revista de moda Vogue o Brasil, o valor de ter uma peça brasileira se torna algo e as pessoas
a melhor modelo de 1999. Ela já desfilou em 1.600 não se incomodam em pagar mais por um produto tão visado pelo
passarelas e foi capa de 250 revistas no mundo; mercado.
* Alexandre Hercovitch, Fause Haten e Tufi Duek são alguns Por que o Brasil virou
dos estilistas brasileiros que conquistaram fama nos tendência no mercado exterior? Os
circuitos brasileiros do prêt-à-porter mais sofisticados e na grandes empresários brasileiros
mídia internacional; acreditam que o País está no lugar
* Ocimar Versolato é o estilista brasileiro de alta-costura que certo no momento certo. A moda
se destaca no mercado internacional de moda; minimalista, muito encontrada no
* a cidade de São Paulo passou a ser reconhecida na mídia estilo belga, e a que foi criada
internacional como a capital da moda na América Latina. pelas grandes corporações que
A grande pergunta que circula entre os empresários dominaram o mercado mundial nos
brasileiros é se o Brasil está na moda. Profissionais da área afirmam anos 90 começaram a ficar muito
que o Brasil e a moda do Brasil estão na moda. Muitos acreditam parecidas e vazias de novidades.
que quando o País estiver realmente na crista da onda (há estimativas Esse cenário internacional,
de que isto aconteça em cinco anos), viverá um boom econômico somado ao profissionalismo das
que deverá ultrapassar largamente os já amplos limites do mercado modelos e dos desfiles nacionais e
da moda. até mesmo a estabilidade econômi-
ca conquistada a duras penas, fez o
Brasil emergir como alternativa. O
País esta apresentando ao mundo o oposto de tudo aquilo que
repentinamente enjoou o mercado de moda — modelos saudáveis de
rostos universais e cheias de ginga, criações sensuais que moldam o
corpo e brincam com motivos e cores alegres, refletindo uma cultura
assimilada como divertida.
Esses conceitos remetem ao lema de curtir a vida, que
europeus e americano se esforçam para seguir neste mundo cada vez
mais sisudo. Resta agora aos novos profissionais desenvolverem
produtos com um estilo próprio para que o Brasil continue sendo
valorizado no exterior e não caia no esquecimento como aconteceu
com outros pólos de moda, como o Japão, que mantêm poucos
nomes de peso no cenário atual.
Tendo em vista os grandes avanços que o Brasil fez nesse
setor, o mercado agora está de olho no futuro e se prepara para dias
de crescimento. Algumas metas foram traçadas pelas confecções
brasileiras para consolidar a sua presença no exterior. A primeira
delas é formar trezentos consórcios de pequenas empresas e a
Agência de Desenvolvimento à Exportação dividem custos de
missões empresariais, divulgação e participação em feiras.
A segunda é absorver boa parte do financiamento de US$ 1,5
bilhão previsto pelo BNDES para as pequenas e médias empresas do
País. Em paralelo, aumentar as exportações de roupas de US$ 200
milhões/ano para US$ 450 milhões em 2002. Para que esse aumento
aconteça, é importante que se aprimorem a qualificação de mão-de-
obra e a qualidade dos tecidos produzidos no País. Para aqueles que
desejam concorrer com empresas internacionais, essa é uma das
metas mais importantes, pois essas empresas já estão alguns anos à
frente em termos de desenvolvimento de matéria-prima e
especialização de profissionais.
A Internet
Com iniciativas isoladas ou reunidas em associações,
comerciantes de áreas distintas estão dando os primeiros passos
rumo ao comércio eletrônico. A Internet permite expandir a
distribuição dos produtos para regiões antes intangíveis. Porém, nem
todos inauguram suas homepages para, de início, comercializarem
produtos. Muitos escolhem medir o retorno desse negócio com uma
singela página de divulgação antes de estruturar as vendas pela Rede.
Os sites institucionais ainda predominam quando o assunto é
negócio popular. A idéia desses empresários é experimentar o
mercado eletrônico e crescer vagarosamente, caso valha a pena. Essa
lentidão no início das atividades se deve ao grande temor
relacionado à falta de segurança que envolve as formas de
pagamento.
Os comerciantes estão certos
Os sites institucionais ainda em começar devagar, pois
predominam quando o
assunto é negócio popular. A
especialistas alertam que o fato de se
idéia desses empresários é deixar seduzir pela Internet sem que
experimentar o mercado se esteja preparado para as atividades
eletrônico e crescer vagaro- da Rede pode ser uma armadilha.
samente, caso valha a pena. Outro grande empecilho para o
desenvolvimento desse tipo de venda
é que o público-alvo do comércio popular não está na Rede. Se a
presença das classes A e B na Internet ainda é pouco expressiva, o
que dizer das classes C, D e E?
Especialistas acreditam que essa característica do mercado
brasileiro é passageira e cultural. Assim que a Internet for absorvida
pela população, a venda via Rede será muito mais propagada. São
poucas, mas há algumas empresas que já vendem produtos pela
Internet.
Pontos-de-venda diferenciados
Com a expansão do mercado da moda, os consumidores se
deparam com lojas comuns, onde as coleções, promoções, vitrines e
propagandas não ganham nenhum detalhe inovador. A ordem é
vender, e os empresários, muitas vezes, acreditam que para terem
uma venda certa eles precisam repetir fórmulas.
O interessante é que com o desenvolvimento dos conceitos de
marketing no mercado brasileiro, esses empresários estão vendo que,
na maioria das vezes, quem inova acaba se destacando por saber
surpreender o público. A marca Aqualung resolveu desenvolver um
novo tipo de comercialização de produtos, após anos de
investimentos em franquias. Seu novo ponto-de-venda se resume a
expositores móveis, que ocupam espaços pequenos em lojas de
conveniências, livrarias, saguões de hotéis, universidades, entre
outros.
A estratégia parece estar dando certo, uma vez que já são 120
pontos-de-venda no Brasil, Portugal e Argentina. Os expositores
móveis são simples, com 170 centímetros de altura, capacidade para
126 camisetas, dois braços giratórios e área total ocupada de 60cm
por 60cm. Em Portugal, a empresa opera vinte pontos-de-venda; na
Argentina, apenas um, e já está negociando a abertura de novos
pontos no México e no Uruguai. As sandálias Hawaianas estão sendo
vendidas também em gôndolas fabricadas pela própria empresa e
colocadas em lojas de conveinência.
Desse exemplo, da Aqualung podemos tirar uma lição: a
possibilidade de expandir as vendas não se resume a promoções ou à
Os pontos-de-venda
alternativos são uma
grande tendência no
mercado de moda.
abertura de lojas convencionais. Com o mundo se desenvolvendo a
passos rápidos, é importante que os empresários pensem com um
pouco mais de criatividade. Se todos continuarem a ter o mesmo tipo
de loja, nunca vão se destacar entre os seus
concorrentes. Com a mesmice do mercado,
uma empresa que trabalhe com a cria-
tividade vai despertar, em maior grau, a
atenção de seus consumidores. Os pontos-de
-venda alternativos são uma grande tendência no mercado da moda.
De olho no que os varejistas fazem no exterior, as lojas
brasileiras “importaram” outro tipo de varejo. O “varejo/lazer”, que
oferece, por exemplo, em lojas de roupa, livros, maquiagem, artigos
de decoração e, muitas vezes, até um bar. Com esse novo estilo, as
lojas estão servindo de área de lazer além de área de compras. Ir a
uma loja com essas características tornou-se um programa em que,
além das roupas, os consumidores podem comprar alguma decoração
e ainda lanchar. Assim, os varejistas fazem com que o consumidor se
sinta à vontade na loja tornando a compra um ato agradável e,
conseqüentemente, fazendo o ponto-de-venda mais eficaz.
Pesquisas de mercado sinalizam que quanto mais tranqüilo o
consumidor se sentir na loja, mais ele comprará. Hoje, nem a fome é
capaz de atrapalhar uma tarde de compras. É o começo dos cafés
conceituais...
Cafés conceituais: lojas de “estilo de vida”
A idéia de propor algo mais transformou as simples butiques
em espaços conceituais. Não se trata de vender unicamente roupas,
pois as lojas com conceito vão além de uma ampla seleção de moda:
vendem um estilo de vida. Os clientes que freqüentam lojas desse
tipo não estão interessados apenas em se vestir, mas em se cultivar,
ousar, “curtir” e passar um tempo.
Nesses ambientes, convivem harmoniosamente roupas,
produtos de beleza, acessórios, bar-café, espaço para ler e comprar
livros, cabeleireiro, seção cama, mesa e banho, artigos de decoração
— incluindo peças de mobília — e até uma área para exposição de
arte no estilo galeria. A concept-store é um lugar hype, que apresenta
multi-ambientes versáteis dentro do enfoque de proporcionar ao
cliente uma compra prazerosa num espaço dedicado ao estilo de
vida.
O mundo de olho no mercado brasileiro
Foi discutida anteriormente a fama que o Brasil tem
conquistado no mercado externo. Porém, não é só dessa forma que o
Brasil é reconhecido em outros países. Os empresários estrangeiros
estão perdendo o medo de investir no mercado brasileiro.
Marcas estrangeiras estão começando a abrir suas lojas no
Brasil. Em São Paulo, temos as lojas que atingem um público seleto
como a Chanel, Armani, Versace, entre outras. No Rio de Janeiro, o
público que as lojas estrangeiras estão visando não é tão elitizado.
Com roupas mais em conta e modelos mais clássicos, a Zara e a
MNG, duas marcas concorrentes espanholas, abriram lojas grandes
nos shoppings e nas ruas. Seguindo o conceito e loja ampla, ambas
ocupam mais de uma loja nos shoppings e algumas chegam a ter dois
andares em loja de rua. Com um conceito novo de ponto-de-venda,
elas são amplas, oferecem poltronas para o descanso e mais de um
estilo nas coleções apresentadas. Por exemplo, na mesma loja
encontramos roupas clássicas masculinas, femininas, infantis e uma
linha mais jovem.
Enfim, elas oferecem vestuário para toda família de uma
forma requintada, não permitindo que os consumidores se sintam em
uma loja de departamentos. A abordagem das vendedoras também é
diferente. Elas se colocam à disposição do consumidor sem
parecerem inconvenientes, como acontece na maioria das lojas. Elas
deixaram de ser vendedoras para serem consultoras de moda, caso o
consumidor precise. É verdade que houve um grande desafio de
adaptação a um mercado completamente diferente e
conseqüentemente um risco na estratégia dessas duas marcas, porém
elas têm mostrado ao que vieram.
A geração “Y”
Surge no mercado uma nova geração consumidora, a geração
“Y”. Essa geração sucede os baby boomers e a geração “X”. Enfim,
são os adolescentes que, em alguns anos, estarão dominando o
mercado de trabalho, tornando-se a massa dos novos consumidores.
Um dos principais efeitos dessa insegurança é a busca de
grupos de identificação — as chamadas “tribos”. Os locais de
compra e as marcas passam a ser vistos como sinalizadores que
identificam o novo consumidor com o seu grupo. Quanto aos locais
de consumo, não resta dúvida: o shopping preenche com perfeição as
necessidades de compras em grupos e de segurança.
É da necessidade que o
jovem te de se identificar com Entre as características
grupos, acreditam os pesquisado- mais impressionantes desse
res, que residem as oportunida- público estão a ausência
des para as marcas. Não aquelas de modelos ou bandeiras
com a cara dos seus pais, mas as ideológicas e a queda de
marcas renovadas, com uma paradigmas, por ele mesmo
nova linguagem, ou até as novas decretadas.
O problema é que esses jovens
são agentes de uma transforma-
ção econômica que não compre-
endem, e, por isso, estão assusta-
dos, inseguros e, de certa forma,
desesperançados.
marcas, dirigidas a nichos e
“tribos”.
Essa geração é exigente,
extremamente preparada, com
muita informação. Conhece o pa-
drão de qualidade global. Des-
confiados, os jovens são dados à experimentação. A loja do futuro,
portanto, deve atender a esta exigência de experimentação. Os
produtos têm de estar disponíveis, ser de fácil manipulação e teste.
Nada, porém, que o velho formato de auto-serviço resolva, pois esse
público é inseguro e precisa constantemente de orientação.
Eles estão sempre em busca da liberdade de escolha mas querem
alguém para confirmar a sua escolha. O estilo de loja que vai suprir
mais as necessidades e desejos desses consumidores é a loja
interativa, com consultores de moda para auxiliar na compra em vez Conclusão
de vendedoras que se preocupam apenas em vender.
No Brasil, boa parte da geração “Y” já está tentando entrar O término de cada fase da engrenagem da moda significa o
no mercado de trabalho, o que significa promessa de poder de recomeço da próxima. O ciclo da moda funciona continuamente, sem
compra em curto prazo. Quem não estudar o comportamento de nunca parar. A não ser em casos extremos — como durante guerras
compra dessa geração vai perder uma oportunidade grande de mundiais — que mudam o rumo da humanidade como um todo.
mercado. Como podemos notar neste capítulo, o mercado revela Assim como a moda, este livro nunca terminará. Quando ele for
diversas tendências. Para os profissionais que têm alguma ligação completamente lido, uma nova fase de busca será iniciada. A busca
com varejo, estar “antenado” com elas é fundamental. As tendências pelo segmento de mercado em que se quer atuar. E mesmo que se
citada são as que estão mais perto de se concretizar, porém, outras já tenha ingressado no mercado de trabalho, ele servirá sempre como
estão se formando e a cada ano que passa mais mudanças de um guia de consulta.
mercado vão ocorrer. A falta de visão para elas pode deixar um Olhando para o conteúdo de todos os capítulos, foi possível
empresário de varejo em desvantagem em relação à concorrência. absorver dados de um assunto tão complexo, mas extremamente
presente no mundo contemporâneo. É gratificante reconhecer que há
um significativo número de segmentos do mercado para quem quer
trabalhar com moda. Cada um deles é formado por um vasto leque
de profissões, que proporcionam aos novos talentos alternativas para
desenvolverem o trabalho de sua preferência.
Em As Engrenagens da Moda, abordamos os segmentos que
consideramos essenciais. Um livro que englobasse todas as opções
oferecidas por essa área precisaria ser atualizado quase que
anualmente, uma vez que há profissões surgindo, desaparecendo e
modificando-se num processo contínuo.
Com a visão global do mercado da moda apresentada neste
guia, esperamos ter contribuído com informações relevantes para
todos os que desejam entender a dinâmica deste universo fascinante
e multifacetado — sejam iniciantes ou experientes profissionais.
Nosso especial voto de boas-vindas a você que está dando os
primeiros passos em direção a essas engrenagens. Esperamos ter
proporcionado a orientação necessária para a escolha do caminho, ou
caminhos, que você deseja trilhar. Será para nós uma grande
satisfação continuar colaborando com o seu aprendizado neste
momento em que uma nova fase se inicia. Assim, não deixe de
registrar nossos e-mails para que possamos estabelecer um frutífero
intercâmbio de informações. Conte conosco e...

Boa-sorte!

Marta Kasznar Feghali & Daniela Dwyer

marta@iis.com.br
danidwyer@openlink.com.br