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MACROTENDÊNCIAS

2023 - 2024

INDÚSTRIA
DA MODA
Este estudo é uma publicação do Sebrae Inteligência
de Mercado criado pelo Sebrae Rio.

O programa tem como objetivo oferecer às micro e


pequenas empresas informações estratégicas estru-
turadas sobre diversos setores da economia brasi-
leira e gerar conhecimento sobre e para os pequenos
negócios a partir de uma ferramenta digital, com pro-
dutos de Inteligência Competitiva (IC) visando auxílio
aos empresários para tomadas de decisões mais rápi-
das e assertivas para que cresçam de forma sustentá-
vel e competitiva.

www.inteligenciademercado.rj.sebrae.com.br

2
INDÚSTRIA
DA MODA
MACROTENDÊNCIAS 2023-2024

RIO DE JANEIRO
ANO 2023

3
©2022. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro – Sebrae/RJ
Rua Santa Luiza, 685, 7º andar, Centro, Rio de Janeiro /RJ. Telefone: (21) 2212-7700.
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998).

PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO ESTADUAL


Jésus Mendes Costa

DIRETOR-SUPERINTENDENTE
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DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO
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DIRETOR DE PRODUTO E ATENDIMENTO


Júlio Cezar Rezende de Freitas

GERÊNCIA DE PROJETOS
Ana Lucia de Araújo Lima – Gerente

COORDENAÇÃO DA INDÚSTRIA
Carina Ferraz Garcia - Coordenadora
Camila Linhares de Araújo - Analista

GERÊNCIA DE CONHECIMENTO E COMPETITIVIDADE


Margareth de Sousa G. Carvalho – Gerente
Mara Cristian Godoy Silva – Analista
Tayná Luiza Batista Arruda – Terceirizado
Julio Cezar Proença da Cruz - Estagiário

CONSULTOR CONTEUDISTA Bibliotecário catalogador


Leandro Pacheco de Melo – CRB 7ª 5471
Glaudson Bastos - Consultor do Sebrae Rio

DIAGRAMAÇÃO B327 Bastos, Glaudson.


Macrotendências 2023-2024 : indústria da moda /
Sigla
Glaudson Bastos. – Rio de Janeiro : Sebrae/RJ, 2023.
65 p.
BANCO DE IMAGENS
ISBN 978-65-5818-373-0
Freepik
1. Tendência de mercado. 2. Moda. 3. Rio de Janei-
ro. I. Sebrae/RJ. III. Título.

CDD 741.674
CDU 658.8.012.2

4
PREFÁCIO
O Sebrae Rio – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de
Janeiro – é uma entidade privada sem fins lucrativos que tem como objetivo fomen-
tar o empreendedorismo e a formalização de empresas, estimulando a geração de
emprego e renda, utilizando programas específicos de desenvolvimento da cultura
empreendedora e de capacitação empresarial.

A Gerência de Projetos do Sebrae Rio, por meio da Coordenação de Indústria, é res-


ponsável por promover o desenvolvimento empresarial dos pequenos negócios dos
segmentos industriais instalados no Estado do Rio de Janeiro, e o principal objetivo
nesses segmentos é fomentar o desenvolvimento gerencial, sustentável e tecno-
lógico, com foco no incremento da competitividade, aperfeiçoamento das compe-
tências gerenciais e suporte mercadológico para manutenção e conquista de novas
oportunidades.

Sobre este estudo


A Gerência de Conhecimento e Competitividade do Sebrae Rio elaborou esse estudo
com o intuito de que os pequenos negócios possam se valer de informações estraté-
gicas e tomem decisões mais assertivas e seguras, principalmente nesse momento em
que o mundo passa por transformações significativas.

O conteúdo também contribui para que os empreendedores e empresários do ramo


retratado possam vencer os crescentes desafios do mercado, além de fortalecer a
cadeia produtiva da Indústria de Moda no Estado do Rio de Janeiro.

Espera-se que as empresas possam se valer das informações contidas neste estudo
para repensar seus negócios de forma que se recuperem e se tornem mais competi-
tivas no mercado, considerando que a competitividade aumenta a cada dia por conta
de mudanças no comportamento do consumidor, das novas tecnologias e da inclusão
digital.

Por isso, é imprescindível que as mesmas incorporem a inteligência de mercado,


visando melhorar seu posicionamento no mercado com vantagem competitiva, além
de gerar mais lucros para o negócio.

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APRESENTAÇÃO
A era pós-Covid vem sendo construída dia após dia, com impactos e mudanças rápidas
e profundas.

Em adição às incertezas mundiais derivadas da pandemia, desde 2020, os negócios


estão se deparando em 2022, com o retorno da inflação, com as consequências da
guerra na Ucrânia, além da permanente preocupação com as alterações climáticas e a
explícita necessidade de transformação digital.

Para o crescimento dos negócios em 2023/2024, faz-se necessária, inicialmente, uma


flexibilização de gestão que permita a adaptação a tempos imprevisíveis.

Conhecer o que os consumidores desejam, planejar e adequar a operação, analisar


dados para decisões rápidas e fortalecer as relações comerciais são alguns dos pontos
de alerta para os negócios de hoje. É preciso conhecer bem a operação para avaliar e
reagir na velocidade necessária. Agilidade e monitoramento são palavras de ordem.

Essas características afetam todos os segmentos, inclusive o da Indústria de Moda,


que faz parte de uma extensa cadeia produtiva para funcionar a pleno vapor.

Com as novas tendências de mercado, a Indústria da Moda está tendo que buscar
mudanças significativas na forma de operar, principalmente no que diz respeito aos
novos estilos de vida e consumo.

Por isso, é fundamental estudar a dinâmica do mercado, entender como o consumo


vem se estabelecendo, assim como os impactos questão sobre sustentabilidade, tec-
nologia e inovação. Dessa forma, a Indústria da Moda vem percebendo oportunidades
de crescimento diante dessa nova realidade.

Este estudo tem como objetivo descrever as perspectivas para a Indústria de Moda,
para subsidiar planejamentos e tomadas de decisão relevantes para o fortalecimento
do setor.

Boa leitura!

6
SUMÁRIO

Capítulo 1
Panorama da Indústria da Moda no Rio de Janeiro. . . . . . . . . . . . . . 9
Capítulo 2
Análise histórica da Indústria da Moda e suas perspectivas. . . . . . . 12
2.1 A Evolução Industrial e o impacto na produção
13
da Indústria da Moda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.2 O início da Indústria da Moda no Estado do Rio de Janeiro. . 16

Capítulo 3
Indústria da Moda no Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Capítulo 4
Inovação, Desenvolvimento e Tecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Capítulo 5
O uso da tecnologia na Indústria da Moda. . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Capítulo 6
Os impactos temporários e permanentes da pandemia
na Indústria da Moda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Capítulo 7
Desafios para a Indústria da Moda na Região Fluminense. . . . . . . . 45
7.1 Mudança de comportamento do consumidor:
Novo Perfil e Novas Tecnologias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
7.2 Aumento do dólar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

7.3 Dinamização do mercado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

7
7.4 Competitividade e concorrência interna e externa. . . . . . . 47
7.5 Transparência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Capítulo 8
Oportunidades do setor e como as MPEs podem aproveitá-las. . . . . 49
Capítulo 9
Tendências, Sustentabilidade e Solidariedade. . . . . . . . . . . . . . . 52
Capítulo 10
Conclusões e Ações Recomendadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
BIBLIOGRAFIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

8
CAPÍTULO 1

Panorama da Indústria da Moda


no Rio de Janeiro

Aferida em torno de US$ 2,4 trilhões e agente empregador de mais de 300 milhões
de pessoas no mundo, a Indústria da Moda é uma das maiores engrenagens econômi-
cas mundiais, sendo mais de 60% de sua utilização pertencem ao setor de vestuário
(ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2017).

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT),


o perfil desse segmento se dá da seguinte forma1:
ƒ Faturamento da Cadeia Têxtil e de Confecção: R$161 bilhões em 2020 contra
R$186 bilhões em 2019 (IEMI, 2021);
ƒ Exportações (sem fibra de algodão): US$ 1,06 bilhão em 2021 contra US$ 801,8
milhões em 2020 (Ministério da Economia);
ƒ Importações (sem fibra de algodão): US$ 5,2 bilhões em 2021, contra US$ 4,3
bilhões em 2020 (Ministério da Economia);
ƒ Saldo da balança comercial (sem fibra de algodão): US$ 4,1 bilhões negativos em
2021, contra US$ 3,5 bilhões negativos em 2020 (Ministério da Economia);
ƒ Investimentos no setor: R$4,5 bilhões em 2020 contra
R$3,6 bilhões em 2019 (IEMI, 2021);
ƒ Produção da confecção (vestuário, meias e acessó-
rios, linha lar e artigos técnicos): 7,93 bilhões de
peças em 2020 contra 9,05 bilhões de peças
em 2019 (IEMI, 2021);
ƒ Volume da produção têxtil: 1,91
milhões de toneladas em 2020
contra 2,05 milhões de tonela-
das em 2019 (IEMI, 2021);

1 Dados gerais do setor, atualizados


em fevereiro de 2022

9
ƒ Trabalhadores: 1,36 milhão de empregados diretos (IEMI, 2021) e 8 milhões de
adicionarmos os indiretos e efeito renda, dos quais 60% são de mão de obra
feminina;
ƒ Número de empresas: 24,6 mil unidades produtivas formais em todo o país (IEMI,
2021);
ƒ 2º maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para ali-
mentos e bebidas juntos (PIA);
ƒ Está entre os cinco maiores produtores e consumidores de denim2 do mundo;
ƒ Está entre os quatro maiores produtores de malhas do mundo;
ƒ Em 2020, representou 19,8% do total de trabalhadores alocados na produção
industrial e 5% do valor total da produção da indústria brasileira de transforma-
ção (IEMI, 2021);
ƒ Existem mais de 50 Faculdades de Moda espalhadas em 11 estados (Folha de S.
Paulo, 2019);
ƒ O Brasil é a maior Cadeia Têxtil completa do Ocidente, sendo o único a possuir
desde a produção das fibras, como plantação de algodão, até os desfiles de moda,
passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e forte varejo;
ƒ Indústria que tem quase 200 anos no país; e
ƒ Brasil é referência mundial em design de Moda Praia, Jeanswear e Homewear,
tendo crescido também os segmentos de fitness e lingerie.

Para se adaptar a essa forma de comercializar, as linhas de produção precisam recon-


figurar seus processos e alterar seu modelo atual e tradicional de atuação, inserindo
novas tendências e mudanças de posição (HOANG, 2016; DIDERICH, 2016).

Essa nova tendência de propagação da Moda gerou o see-now


and buy-now (veja agora e compre agora), fenômeno desenca-
deado pela tecnologia que reduziu o tempo entre a apre-
sentação de um produto do Mercado da Moda e o seu
real consumo, que até então era de 6 meses.

2 Denim: é o tecido obtido a partir do algodão trançado usado para


fazer o jeans. O primeiro uso conhecido deste tecido foi na
França, no século XVIII, sendo a fabricação realizada na
cidade de Nimes. Daí que vem o nome do material: de-
nim – o tecido “de Nimes”. Levi Strauss (fundador da
marca Levi’s) elegeu o tecido para confeccionar
sua criação – o jeans propriamente dito – pela
sua capacidade de resistência e durabilidade.

10
Essa aceleração favoreceu o contato com essa nova geração de consumidores, que agora
está mais conectada às novidades do mundo da Moda e reduziu a chance e o tempo para
cópias dos estilos apresentados (DIDERICH, 2016; ABNETT, 2016).

Em contrapartida, alguns produtores da Moda não aderiram a tal mudança, uma vez
que acreditam que inviabiliza o cuidado com a qualidade dos produtos acarretando
também na produção de coleções menos atrativas e criativas.

A partir dessa perspectiva, é importante delinear os meios tecnológicos que favore-


cem a Indústria da Moda e minimizar os que podem causar efeitos negativos para a
produção e para aceitação desses produtos no mercado.

O presente estudo tem a intenção de aprofundar conhecimento sobre as novas pers-


pectivas acerca da Indústria da Moda, já que esse segmento vem passando por cons-
tantes transformações em seu processo produtivo e em seu modelo de negócios. Isso
porque, diante do desenvolvimento tecnológico, a sociedade contemporânea vem
mudando o perfil de consumo e, com isso, exigindo das indústrias outro comporta-
mento e outra velocidade nas produções.

As coleções, atualmente, são exibidas em desfiles e propagadas simultaneamente para


todo o mundo, reivindicando mais agilidade na entrega e comercialização do que está
sendo trazido pela Moda.

11
CAPÍTULO 2

Análise histórica da Indústria


da Moda e suas perspectivas

Apesar de o termo Moda vir do latim modus que significa modo, comportamento, foi
na França (mode) que começou a ser usado. Tendo em vista o seu valor semântico, a
Moda se desenvolve através de processos históricos desde a Idade Média, ganhando
força com as inovações e as adaptações adquiridas principalmente em decorrência das
revoluções industriais.

O que antes era produção manufaturada, a partir das transformações e do desenvolvi-


mento trazidos pelas revoluções, passou a ser produzido através do sistema fabril.

As consequentes modificações no comportamento da sociedade beneficiaram a


Indústria da Moda, uma vez que esse processo trouxe riqueza, agilidade e produção
em massa para os itens fabricados. Partindo dessa breve análise histórica, segue abaixo
uma linha do tempo com os marcos importantes dessas revoluções.

Como chegamos à Quarta Revolução Industrial?

1784 1969
Primeira Revolução Industrial: Terceira Revolução Industrial:
primeiro tear mecânico, fabricação primeiro controlador lógico programável,
mecânica e equipamentos à água e vapor. desenvolvimento de eletrônicos e
automatização de processos.

1870 Atualmente
Segunda Revolução Industrial: Quarta Revolução Industrial:
primeira linha de produção, produção Baseada em sistemas cyber-físicos, robôs na
em massa, uso de energia elétrica, linha de produção, impulsiona o crescimento
sistema baseado na divisão do trabalho. da interatividade homem máquina.

12
Diante de grandes descobertas e inovações, o setor industrial, após três revoluções
e já voltado para o desenvolvimento técnico-científico e informacional, contribuiu
para a renovação social, política e econômica dos países que se desenvolviam desta
forma, já que haviam adquirido grande crescimento no campo da informática, da robó-
tica, do transporte, da telecomunicação, da biotecnologia, além da nanotecnologia
(BOETTCHER, 2015).

2.1 A Evolução Industrial e o impacto na


produção da Indústria da Moda
A partir dessa evolução no setor industrial, a Moda, já no século XX se firma como
uma grande disseminação de ideias e ideais.

Segundo Giddens (2002), diante dessa perspectiva, é possível concluir que:


ƒ na sociedade contemporânea, as diversas possiblidades decorrentes do reflexo
da globalização fazem da Moda um grande difusor dos variados estilos de vida;
ƒ ela concretiza identidades que não se limitam apenas às camadas sociais mais
elevadas, mas abrange também aquelas que possuem certos limites materiais.

A partir de 1950 os EUA começam a desenvolver a chamada roupa


“prêt-à-porter” (pronta para usar). Elas eram feitas em curto prazo,
mas com o padrão de alta costura. Como menciona Lipovetsky
(1989, p.70), 60% das mulheres, na ocasião, ainda faziam seus
próprios vestidos ou recorriam a costureiras, o que prova
que a nova forma de produzir não substituiu a pequena
e a média costura. Mas esses magazines ajudaram
na aceleração do movimento da Moda. O que vai
impulsionar essa aceleração é o movimento
feminino de atender aos padrões impostos
pela sociedade e difundidos por meio
de revistas. A partir dessa procura,
os modelos surgiam em períodos
cada vez menores.

13
A aceleração da produção, apesar de ter sido responsável pelo surgimento do
Profissional do Estilo (o desenhista que substituiu os modelistas de carreira da época),
trouxe também a sistematização da Moda.

Na década de 70, a Moda foi contemplada com o desenvolvimento de outro profissio-


nal que muito contribuiria para a Moda – os Estilistas – que desenvolveram coleções
contemporâneas para o vestuário da sociedade.

Trazendo os efeitos das mudanças da Europa para o Brasil, pode-se perceber que,
assim como afirma Hahn (2017), os avanços industriais nacionais ainda se encontram
em atraso.
ƒ A substituição da mão de obra por maquinário ainda é bem inferior em relação a
outras nações desenvolvidas.
ƒ Diversas empresas brasileiras ainda estão entrando na Terceira Revolução
Industrial e encontram-se em diferentes estágios de desenvolvimento tecnoló-
gico, ainda que seja possível pular etapas e chegar ao estágio de maior desenvol-
vimento tecnológico.

Perante todas essas mudanças ocorridas nos meios de produ-


ção dos países desenvolvidos e na vagarosidade da evolução
do segundo setor da economia no Brasil é que se instaura
a Indústria Nacional da Moda.

Diante das modificações advindas das revolu-


ções industriais, o setor da Moda sofreu alte-
rações. O quadro a seguir explicita como
funcionam as etapas desse ramo indus-
trial para que seja facilitada a com-
preensão referente à dinâmica da
indústria de vestuário nesse
novo contexto.

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Etapas Ações Temáticas

ƒ Comportamento do público-alvo
ƒ Mercado
ƒ Tecnologia
Pesquisas
ƒ Tendências de Consumo
Planejamento ƒ Temas para coleções
ƒ Vendas de coleções anteriores

ƒ Características dos produtos e perfil consumidor


Reuniões para ƒ Cronograma
definição de ƒ Parâmetros e dimensão das coleções
estratégias ƒ Produção e comercialização
ƒ Tema da coleção

ƒ Tema das coleções, painéis e tendências


ƒ Inspiração para o tema
ƒ Público-alvo
ƒ Cartela de cores
Criação
ƒ Amostra de tecidos e aviamentos
ƒ Desenho de alternativas, triagem e seleção
ƒ Definição do tamanho
ƒ Desenho técnico e ficha técnica
Desenvolvimento
ƒ Traçado básico do corpo humano
ƒ Interpretação do desenho técnico
Modelagem ƒ Traçado da modelagem
ƒ Moldes
ƒ Graduação (após aprovado o protótipo)

ƒ Confecção do protótipo
ƒ Análise do protótipo
Prototipagem
ƒ Aprovação do protótipo
ƒ Peça piloto

Planejamento do ƒ Programação das peças para o risco e corte


ƒ Estudo do encaixe
risco e do corte ƒ Enfesto/corte
Planejamento e
controle da produção ƒ Mostruário
Controle da ƒ Lotes das peças para costura
Confecção ƒ Controle de qualidade
ƒ Embalagem

De acordo com a necessidade, a tecnologia veio contribuindo para cada setor da


Indústria da Moda, passando por todos os processos, podendo haver uma interrelação
entre duas ou mais etapas da execução. Aos poucos, isso pode ajudar a dinamização
das atividades, a aceleração da entrega dos fornecedores de tecido e aviamentos, a
programação da produção para que alcançasse resultados mais eficientes.

15
2.2 O início da Indústria da Moda no Estado do
Rio de Janeiro
Dentro dessa dinâmica de funcionamento, a Moda precisava se adaptar à realidade do
Rio de Janeiro e às suas demandas. Pode-se perceber que a Moda seguiu a tendência
suplementar ao que se iniciou na França, tendo parâmetros europeus adaptados à rea-
lidade tropical do país.

Seguindo essa perspectiva, Gilberto Gil, ministro da cultura nos anos de 2003 a 2008,
hoje membro da Academia Brasileira de Letras, enquanto participava de um evento no
Rio de Janeiro fez a seguinte colocação:

“Quero propor um rearranjo da relação do Estado com a Moda. Quero reverter o equívoco
ou omissão do passado, e dizer a vocês (...) que a Moda é hoje reconhecida pelo Ministério
da Cultura como parte vital da cultura brasileira.” (Vasone, 2007, on-line)

A economia de uma cidade influencia a sua cultura, molda seus hábitos de consumo
e seu comportamento social. A recíproca também é verdadeira, ou seja, a cultura
influencia na economia, e a sociedade molda a cultura, que por sua vez impacta no
comportamento. E é diante de toda essa teia de relações sociais e econômicas, que a
Moda se instala no Rio de Janeiro.

O estilo de vida comum aos moradores do Estado do Rio de Janeiro é marcante por
ser diferente de outros estados e por ter forte influência no país. O modo como se
vestem é tido como referência:
ƒ descontraído e chique, porém simples;
ƒ aposta na linha confortável; e
ƒ inspiração no clima quente da região, que tem o litoral como cartão postal.

Uma preocupação com a estética também


é marcante na população metropolitana,
porque esse estilo desenvolvido na região
praiana carrega consigo o culto à
perfeição do corpo.

16
Ainda que essa região tenha tido bastante visibilidade, houve épocas em que o Rio de
Janeiro perdeu um pouco da identidade das marcas, principalmente por fatores como:

A mudança da capital
do país para Brasília A concorrência com São Paulo,
que fez estilistas migrarem para
desenvolver suas marcas

A falta de experiência dos A mudança na criação das


estilistas, que eram também os peças que saiu das mãos de
empresários de suas marcas, o grandes estilistas e passou
que levou alguns à falência a pertencer a equipes de
criação

Após a essa queda na produção, a Moda no Rio de Janeiro se reinventou e alcançou


novo crescimento no ramo, que agora já é visto como negócio e pode ser alavancada
também pelo aumento do poder aquisitivo de outras regiões do Brasil, como Norte e
Nordeste, que são grandes consumidores da Moda Carioca.

Outros aspectos também contribuíram para a nova imagem da Região Metropolitana


do Rio, como:
ƒ Os investimentos em petróleo e gás;
ƒ O combate à violência; e
ƒ A eleição da cidade como distrito criativo.

Assim como afirmou Carlos Gradim da administração do Museu de Arte do Rio (MAR)
em participação ao evento de lançamento do Distrito Criativo do Porto: “Esta é uma
alternativa às antigas formas econômicas, que leva em conta a preservação do patrimônio,
desenvolvimento da cultura e integração cultural”.

17
Mudanças na Moda Fluminense
Î Opção de trabalhar com produção em larga escala e venda em atacado.

Î Reorganização e mudança da estrutura das empresas, incluindo, agora, gestores de setores de


criação e produção.

Î Aquisição de um ideal sustentável e agregar valor à marca desenvolvendo o marketing.

Com o constante crescimento das indústrias do Rio de Janeiro, algumas medidas foram
tomadas de acordo com a demanda. No entanto, havia um entrave para as confecções
que optaram para a produção acelerada e venda no atacado como: obter crédito para
a compra de matéria-prima em larga escala.

Para driblar essa dificuldade era preciso ter uma enorme carteira de fornecedores e frag-
mentar a compra, tentando obter a maior quantidade de tecidos.

Mas como gerir tantos fornecedores assim, se muitos não cumpriam prazos nem a
entrega total das mercadorias?

Devido a essa grande dificuldade no mercado da moda, muitas confecções iniciaram


apenas como facção, comprometendo-se apenas com a execução das produções.
Assim, a Indústria da Moda se dividiu também em mais dois ramos:
ƒ As confecções que, muitas vezes, terceirizavam seus processos, contratando
outros ramos da indústria; e
ƒ As facções, que lidavam apenas com a execução.

Em muitas ocasiões, as confecções montavam suas facções com investimento inicial


em maquinário e essas passavam a produzir exclusivamente para aquelas, o que confi-
gurou as relações desse segmento, conforme abaixo:

Relações entre os principais agentes da cadeia de produção de vestuário

18
É possível perceber que há outros entraves relacionados à Indústria da Moda, como
por exemplo:
ƒ Falta de recursos para investimento;
ƒ Despreparo dos gestores do ramo; e
ƒ Carência não só de apoio governamental, como também de preparo técnico refe-
rente à produção de Moda.

Diante dos acontecimentos que influenciaram tanto aspectos positivos como negati-
vos, o crescimento do ramo da Moda no Rio de Janeiro agregou também a uma grande
mudança que decorre do desenvolvimento tecnológico dos veículos midiáticos.

Desenvolvimento Aceleração das Propagação


tecnológico dos veículos transmissões dos da moda mais
midiáticos desfiles favorecida

Nesse contexto, as marcas puderam não só contar com sites oficiais e blogs de Moda
para exibirem suas coleções, como também usufruir das redes sociais que trouxeram
maior aproximação entre empresas e clientes.
Dentro desse fluxo de informações, criou-se um panorama que, através de meios
alternativos de mídia com grande repercussão dissipadora, barateou o investimento
em propaganda, gerando novo estímulo mercadológico.
Em contrapartida, tendo um perfil crítico e blasé, o público fluminense, que carrega o
estigma de ter uma visão pejorativa sobre o que produz, fez com que essa aceleração
dos mecanismos de marketing trouxesse também uma reputação relativamente baixa.
Ainda que se alcançasse um quantitativo maior de pessoas, para alguns ainda não era
satisfatório, já que os eventos de Moda do local eram vistos como caros e de baixa
qualidade.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ A história da Indústria da Moda e o seu surgimento;


ƒ A Indústria da Moda no Brasil e no Rio de Janeiro;
ƒ As influências na Moda frente às mudanças politico-sociais; e
ƒ As inovações diante das mudanças e das inovações percebidas no mercado.

19
CAPÍTULO 3

Indústria da Moda no Rio de Janeiro

De acordo com Ribeiro (2012), os fatores-chave destacados pela intensificação da


indústria petrolífera, que floresceu na parte norte do Estado do Rio de Janeiro, resul-
taram em uma série de fusões municipais.

A cobrança de royalties pagos às prefeituras desencadeou no aumento do número


de municípios da região. A reestruturação da produtividade industrial na Região
Fluminense aconteceu diante da conscientização da necessidade de compensação
pela exploração dos recursos naturais no seu território.

A Constituição Federal de 1988 facilitou a criação de novos municípios, como Armação


dos Búzios, Carapebus, Quissamã e Rio das Ostras. Todos esses municípios recebem
royalties significativos.

Desde 2000, estes municípios representaram mais de 30% dos recursos petrolíferos.
Além disso, o Município de Rio das Ostras alcançou 70% das receitas de royalties em
2003 e 2004. (LEMOS E NETTO, 2010).

Entendendo o contexto mais atual da Indústria da Moda, é possível perceber os desa-


fios enfrentados pelos empresários desse mercado nas mais variadas esferas, per-
passando por todos os setores da economia, desde a dificuldade na obtenção de
matéria-prima até a chegada do produto no consumidor final.

Para esclarecer um pouco mais sobre o funcionamento da indústria têxtil, foi desen-
volvido um trabalho pela FIRJAN chamado Mapeamento da Cadeia da Moda, que se
encontra disponível em seu site e aborda diagnósticos especificamente sobre esse
setor, através de pesquisas e estudos socioeconômicos.

Conforme exposto pela Federação, é possível compreender de forma simples e clara o


panorama das atividades da Moda no Estado e na Região Fluminense. Confira a seguir
algumas informações importantes para esse contexto, começando pela divisão das ati-
vidades econômicas que envolvem esse setor.

20
Após análise do quadro baixo, fica evidente a importância desse ramo para o Grande Rio,
já que se trata de uma linha diversificada de segmentos, nos quais são trabalhadas partes
específicas da Indústria da Moda, sendo uma grande geradora de emprego e oportunida-
des profissionais distribuídas entre empreendedores, trabalhadores formais e não formais.

Divisão das atividades econômicas do setor de vestuário

ƒ Preparação e fiação de fibras de algodão


ƒ Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão
ƒ Fiação de fibras artificiais e sintéticas
ƒ Fabricação de linhas para costurar e bordar
ƒ Tecelagem de fios de algodão
ƒ Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão

Têxtil ƒ Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas


ƒ Fabricação de tecidos de malha
ƒ Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis
ƒ Fabricação de artefatos têxteis para uso doméstico, de artefa-
tos de tapeçaria e de artefatos de cordoaria
ƒ Fabricação de tecidos especiais, inclusive artefatos
ƒ Fabricação de outros produtos têxteis não especificados
anteriormente

ƒ Confecção de roupas íntimas


ƒ Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas
ƒ Confecção de roupas profissionais

Confecção ƒ Fabricação de acessórios do vestuário, exceto para segurança e


proteção
ƒ Fabricação de meias
ƒ Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e
tricotagens, exceto meias

21
ƒ Curtimento e outras preparações do couro
ƒ Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de
qualquer material
ƒ Fabricação de artefatos de couro não especificados anteriormente
Calçados,
bolsas e ƒ Fabricação de calçados de couro
acessórios ƒ Fabricação de tênis de qualquer material
ƒ Fabricação de calçados de qualquer material sintético
ƒ Fabricação de calçados não especificados anteriormente
ƒ Fabricação de partes para calçados, de qualquer material

ƒ Extração e beneficiamento de minérios de metais preciosos


ƒ Extração de gemas (pedras preciosas e semipreciosas)
ƒ Extração de outros minerais não metálicos não especificados
ƒ Metalurgia dos metais preciosos
Joias,
ƒ Fabricação de cronômetros e relógios
bijuterias e
afins ƒ Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de joalheria e
ourivesaria
ƒ Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes
ƒ Reparação de relógios
ƒ Reparação de joias

22
ƒ Representantes comerciais e agentes do comércio têxtil, vestu-
ário, calçados e artigos de viagem
ƒ Comércio atacadista de tecidos, artefatos de tecidos e de
armarinho
ƒ Comércio atacadista e varejista de artigos do vestuário e
acessórios
Mercado ƒ Comércio atacadista e varejista de calçados e artigos de viagem
ƒ Comércio atacadista de joias, relógios e bijuterias, inclusive
pedras preciosas e semipreciosas lapidadas
ƒ Comércio varejista especializado de tecidos e artigos de cama,
mesa e banho
ƒ Comércio varejista de joias e relógios
ƒ Aluguel de objetos do vestuário, joias e acessórios

Divisão das atividades econômicas do setor de vestuário

Têxtil
ƒ Preparação e fiação de fibras de algodão;
ƒ Preparação e fiação de fibras têxteis naturais, exceto algodão;
ƒ Fiação de fibras artificiais e sintéticas;
ƒ Fabricação de linhas para costurar e bordar;
ƒ Tecelagem de fios de algodão;
ƒ Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais, exceto algodão;
ƒ Tecelagem de fios de fibras artificiais e sintéticas;
ƒ Fabricação de tecidos de malha;
ƒ Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis;
ƒ Fabricação de artefatos têxteis para uso doméstico;
ƒ Fabricação de artefatos de tapeçaria;
ƒ Fabricação de artefatos de cordoaria;
ƒ Fabricação de tecidos especiais, inclusive artefatos;
ƒ Fabricação de outros produtos têxteis não especificados anteriormente.

23
Confecção
ƒ Confecção de roupas íntimas;
ƒ Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas;
ƒ Confecção de roupas profissionais;
ƒ Fabricação de acessórios do vestuário, exceto para segurança e proteção;
ƒ Fabricação de meias;
ƒ Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias e tricotagens, exceto
meias.

Calçados, bolsas e acessórios


ƒ Curtimento e outras preparações de couro;
ƒ Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de qualquer material;
ƒ Fabricação de artefatos de couro não especifiados anteriormente;
ƒ Fabricação de calçados de couro;
ƒ Fabricação de tênis de qualquer material;
ƒ Fabricação de calçados de material sintético;
ƒ Fabricação de calçados de materiais não especificados anteriormente;

Jóias, bijuterias e afins


ƒ Extração e beneficiamento de minérios de metais preciosos;
ƒ Extração de gemas (pedras preciosas e semipreciosas);
ƒ Extração de outros minerais não-metálicos não especificados;
ƒ Metalurgia dos metais preciosos;
ƒ Fabricação de cronômetros e relógios;
ƒ Lapidação de gemas e fabricação de artefatos de joalheria e ourivesaria;
ƒ Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes;
ƒ Reparação de relógios;
ƒ Reparação de jóias.

24
Mercado
ƒ Representantes comerciais e agentes do comércio de têxteis, vestuário, calçados
e artigos de viagem;
ƒ Comércio atacadista de tecidos artefatos de tecidos e de armarinho;
ƒ Comércio atacadista de artigos do vestuário e acessórios;
ƒ Comércio atacadista de calçados e artigos de viagem;
ƒ Comércio atacadista de jóias, relógios e bijuterias, inclusive pedras preciosas e
semipreciosas lapidadas;
ƒ Comércio varejista especializado de tecidos e artigos de cama, mesa e banho;
ƒ Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios;
ƒ Comércio varejista de calçados e artigos de viagem;
ƒ Comércio varejista de jóias e relógios;
ƒ Aluguel de objetos do vestuário, jóias e acessórios.

Dentro dessa perspectiva, tem-se a ideia de que o setor


da Moda é um grande meio de se obter maior número
de empregos e viabilizar um crescimento econô-
mico na região.

A outra vertente é que, além das adversi-


dades já mencionadas acima, referentes
à relação com fornecedores de teci-
dos, há também uma certa incon-
gruência no mercado iniciada
a partir do crescimento da
Classe C na sociedade.

Diante do aumento do poder de compra da população, os consumidores passaram a


exigir menor valor e maior qualidade, acarretando, é claro, na redução de custo, princi-
palmente de mão de obra.

25
Não obstante, o número de mão de obra neste setor publicado sob pesquisa em
2016 foi surpreendente assim como demonstra o mapa abaixo, extraído ainda do
Mapeamento da Cadeia da Moda da FIRJAN:

O Mapa da Moda

Fonte: FIRJAN (2016)

Sabendo que a região fluminense do Estado do Rio de Janeiro pode-se compreender


também os efeitos do desenvolvimento tecnológico em prol do crescimento das ativi-
dades industriais pertinentes ao ramo da Moda. Para isso, é importante entender algu-
mas características específicas do local que serão abordadas em seguida.

De início, cabe mencionar que a FIRJAN incentiva o progresso desse setor no estado
e, para estabelecer parâmetros que ajudem a fazer uma boa leitura do panorama de
funcionamento desse segmento industrial, a federação separou o ramo em cinco elos:
ƒ Têxtil;
ƒ Confecção;
ƒ Calçados, bolsas e acessórios;
ƒ Joias bijuterias e afins; e
ƒ Mercado.

A partir dessa divisão, a Federação pode passar por cada processo de produção até
que chegue ao mercado.

A Região Fluminense do Estado tem grande participação nos cinco ramos da Indústria
da Moda e, conforme dados do RAS organizados pela FIRJAN, a maior concentração
de indústria dessa região está na capital conforme exibição de dados a seguir:

26
Principal Polo da Moda no estado:
47,0% do mercado da Moda fluminense
está concentrado na capital

Composição da
Particlpação do
Cldela da Moda
Principais Atividades segmento no total do
na Cidade do
estado do RJ
Rio de Janeiro

Acabamentos em fios, tecidos e artefatos têxteis


em São Cristóvão 36,6%
Têxtil
2.638 empregados
2,9% Fabricação de outros produtos têxteis em
Vigário Geral e no Rocha em 121 empresas

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas


íntimas em São Cristóvão e Vigário Geral% 41,0%
Confecção
21.535 empregados
23,4% Confecção de roupas íntimas na Penha e Penha
em 1.104 empresas
Circular

Calçados, Fabricação de artigos para viagens, bolsas e 75,3%


Bolsas e semelhantes de qualquer material em Realengo
acessórios 2.467 empregados
Fabricação de calçados de couro em Ramos em 93 empresas
2,7%
Lapidação de gemas e fabricação de artefatos
Jóias, bijuterias de ourivesaria e joalheria na região do Centro e 36,9%
e afins Ipanema
742 empregados em
0,8% Reparação de relógios na Tijuca 113 empresas

Comércio varejista de artigos de vestuário


e acessórios nas regiões da Barra da Tijuca,
Madureira, Centro, Campo Grande e Botafogo
49,4%
Mercado Comércio varejista de calçados e artigos de via-
gem nas regiões do Centro e Barra da Tijuca 64.588 empregados
70,2%
em 8.472 empresas
Comércio atacadista de artigos do vestuário e
acessórios em São Cristóvão

Fonte: FIRJAN com dados da RAIS 2014

27
Diante do que foi acima exposto, é notório que a Indústria da Moda tem sua parcela
de responsabilidade no desenvolvimento da cidade e de seus espaços cooperativos.

Dessa maneira, cabe salientar que é preciso haver mais investimento e seriedade
no ramo da Moda, uma vez que a partir desse setor, há nítido crescimento social e
econômico.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ Como funciona a Indústria da Moda no Estado do Rio e sua influência na economia;


ƒ As divisões das atividades econômicas do setor;
ƒ O mapa da Moda de acordo com estudo da FIRJAN de 2016; e
ƒ A composição da cadeia produtiva, suas principais atividades e a participação
econômica percentual do setor no Estado do Rio.

28
CAPÍTULO 4

Inovação, Desenvolvimento
e Tecnologia

É nesse panorama da sociedade contemporânea que o ramo da Moda começou a se


preocupar em atender às demandas de seus consumidores, juntamente com os desa-
fios que os veículos midiáticos e a globalização trouxeram para esse meio de produção.

A partir daí, surgiram modelos como o fastfashion, que seria aceleração da produção
com novidades semanais, mas que acabaram tornado os produtos momentâneos.

Atendimento mais rápido das


Indústrias com métodos
demandas dos clientes, com preços
tecnologicamente mais evoluídos
competitivos e aprazíveis

Esses industriais também estão mais conectados às questões ambientais e sociais,


inserindo conceitos sustentáveis e acessíveis aos seus produtos.

Após as três primeiras revoluções industriais que alavancaram a produção das fábri-
cas e mecanizaram muitos processos, chega a vez do alto desenvolvimento tecnoló-
gico, conhecido como Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0. Esse novo modelo
baseia-se na automação e na digitalização da manufatura.

O livro A Quarta Revolução Industrial, de Klaus Schwab, publicado pelo Fórum


Econômico Mundial, traz um conceito sobre essa revolução que diz:

“A Quarta Revolução Industrial, por sua vez, não é somente sobre máquinas e sistemas
inteligentes e conectados. O seu escopo é muito mais abrangente. Estão acontecendo
simultaneamente ondas de 36 inovações mais profundas em áreas que vão do
sequenciamento genético a nanotecnologia, de renováveis a computação quântica. É a
fusão dessas tecnologias e suas interações através dos domínios físicos, digitais e biológicos
que irão tornar a quarta revolução industrial fundamentalmente diferente das revoluções
anteriores.” (SCHWAB, 2015)

29
Diante dessas inovações, A redução do tempo de produção e a
torna-se viável: mudança no processo favorecem:

ƒ A redução do tempo de produção ƒ A redução de estoques dos


de uma peça; e produtos;
ƒ A mudança no processo produtivo. ƒ Diversificação de matéria-prima; e
ƒ Redução de tempo médio de
processo.

Dentro do segmento de Moda, a Indústria 4.0 tem agregado valores através dos
adventos tecnológicos e dos novos padrões de produção, que trazem grande potencial
modificador para o setor.

Isso significa que a tendência é que surjam organizações modernas, não só na confec-
ção como também na relação B2B e B2C e na criação de produtos (BRUNO, 2016).

Essas novas tecnologias são direcionadas aos produtos, aos processos e à gestão no
Mercado de Moda e Confecção e baseiam-se em sete principais utilidades:
ƒ PAM (Purchase Activated Manufacturing);
ƒ ATI (Active Tunnel Infusion);
ƒ Mini fábricas;
ƒ Sistemas Automatizados de Confecção;
ƒ Social Manufacturing;
ƒ Tecidos Inteligentes e Wearables; e
ƒ Impressão 3D.

Quatro dessas principais funções tecnológicas serão um pouco mais detalhadas logo
adiante. Porém, cabe ressaltar, que essa forma de conduzir a indústria implementou
uma nova conduta, contendo como principais pilares:

Sistemas Cyber-físicos, base da indústria: relação entre coisas e


IOT pessoas por intermédio da conexão de plataformas e tecnologias
(SCHWAB, 2016, p. 26).

Inteligência Artificial, com redução de custo e aumento de ganhos


AI
e “computadorizar empregos” (SCHWAB, 2016, p. 26).

30
Robótica Robôs com maior flexibilização, mais leves e reutilizáveis com o
avançada domínio de autolimpeza e autor reparação (SCHWAB, 2016, p. 25).

Cloud Armazenamento de dados em nuvem, acessado de qualquer lugar por


Computing eletrônicos conectados à internet (RUBMANN et al., 2015, pp. 6-7).

Diante de tanta evolução e transformação dos meios de produção do segundo setor


da economia, a Indústria da Moda modifica seu mecanismo e se desenvolve dentro
de suas capacidades no Brasil. Essa mudança traz agilidade e mais diversificação para
os produtos, deixa-os mais personalizados fazendo o mercado ficar mais exigente
(SILVEIRA, 2017).

É diante deste panorama que também se obtém a percepção dos meios tecnológicos e
a aplicabilidade das tendências contemporâneas favoráveis às questões socioambien-
tais, que podem ser agregados à Indústria da Moda.

A IOT, as práticas sustentáveis e a réplica do mundo real através


do Metaverso são tendências inseridas no mundo da Moda que
desencadeiam as mudanças atuais do segundo setor da eco-
nomia no que tange a esse segmento.

Sebatiaan Van de Loo, consultor da Gherzi, no Congresso


Internacional da ABIT em 2021, disse:

“Temos que pensar de forma global, é importante


conectar parceiros, trabalhar próximo aos
consumidores. A estrada da digitalização
exige planejamento e treinamento. É
necessário mudar a mentalidade
para se tornar digital.”

31
Dentre essas sete utilidades tecnológicas, três são consideravelmente importantes:

ƒ Pauta-se na produção apenas após a compra e o fatura-


O modelo mento, adquirindo o modo make to order com curto prazo
de produção de entrega (dias e não meses).
PAM (Purchase ƒ Automatiza e integra os setores da fábrica, tendo também
Activated como embasamento a manutenção de tecidos brancos
Manufacturing) que futuramente serão tingidos ou estampados quando
forem transformados em produto final.

ƒ Viabiliza a mudança de cor do tecido para produzir peças


determinadas e, com isso, descarta a necessidade de
estoques de produtos finalizados com cores disponibili-
zadas para produção (BRUNO, 2016).
A tecnologia ƒ Segundo Polvinen, a ATI tem como princípio o armazena-
ATI (Active mento de energia na formação das fibras, a ponto de ser
Tunnel Infusion) possível criar canais de passagem para o corante cami-
nhar e penetrar em seu interior que permitem, após o
seu fechamento e com estímulos de fótons e de calor, o
armazenamento da cor por mais tempo evitando o des-
botamento (POLVINEN, 2012).

ƒ Com a IoT e através das tecnologias PAM e ATI, se torna


possível a criação das mini fábricas de produção têxtil.
ƒ O processo produtivo deste modelo é (segundo Bruno,
2016):
ƒ Criação de peça de roupa personalizada, criada pelo pró-
prio consumidor, com base nas opções oferecidas na tela,
IoT (Internet através de um espelho virtual;
das coisas)
ƒ Definição da peça;
ƒ Efetuação do pedido através da Iota;
ƒ Envio do pedido para a máquina responsável pelo corte e
tingimento das peças; e
ƒ Customização do pedido na única etapa que pode ser
manual nesse projeto, a costura.

32
Segundo a FIRJAN, os instrutores Júlio Cesar da Costa Junior e Leandro Cândido Barbosa,
da FabLab Open Day virtual, de 2021, comentaram, na live de julho de 2017, que:

“Não é somente acionar dispositivos. Quando a gente fala em Internet das Coisas, vamos
além, nós conseguimos monitorar esses dispositivos, esses equipamentos (...) Um operador
com um tablet consegue controlar todo o processo industrial. A IoT nos permite isso.”

Em 2017, Flavio da Silveira Bruno, doutor em Engenharia de Produção pelo Instituto


Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia e graduado em
Engenharia Têxtil pela École Nationale Supérieure des Industries Textiles de Mulhouse,
publicou um livro chamado A Quarta Revolução Industrial do Setor Têxtil e de
Confecção: a Visão de Futuro para 2030, que explica melhor a origem deste modelo
de produção:

“Uma única minifábrica automatizada e integrada engloba o processamento de ordens,


design, modelagem, tingimento dupla face, etiquetagem, corte ótico, manipulação robótica,
costura, acabamento e expedição, permitindo produção personalizada com lucratividade
duas a três vezes maior do que a da produção de massa na abordagem das cadeias de
suprimento globais. O consumidor usa um avatar para criar seu modelo personalizado de
roupa e, tão logo a ordem seja expedida e paga, um modelo digital é enviado à fábrica,
digitalizado, desmembrado e cortado em uma máquina de corte ótico. Os tecidos brancos
– estoque de baixo valor agregado – são então tingidos e estampados com um processo
denominado Active Tunnel Infusion (...) . As peças são em seguida enviadas por robôs com o
emprego de rfids11 para as estações automatizadas de costura.”(BRUNO, 2017, p. 88)

Nesse formato de indústria, a produção é iniciada após pedido de compra e traz outros
benefícios, como:
ƒ Reduz o estoque e, por ser pequena, diminui, também, os efeitos prejudiciais ao
meio ambiente; e
ƒ Possibilita a instalação em países com maior valorização da mão de obra e em
locais urbanos e valorizados, por serem tecnologias de sensoriamento de mais
rápida difusão, o que permite que ela possa ser instalada em shoppings, por exem-
plo, e serem deslocadas para outros locais por caminhões.

Esse novo universo fabril conta com a demanda contemporânea do see-now, buy-now.

Reduz o tempo entre a exibição das coleções e


See-now, buy-now
a disponibilidade delas nos pontos de venda

33
No Rio de Janeiro, em 2016, no evento Rio Moda Rio, observou-se que marcas como
Blue Manm Alessa, Lenny Niemeyer, Martu, Isabela Capeto e The Paradise já estavam
atuando nesse modelo de indústria, com venda imediata de itens apresentados nas
passarelas.

A Indústria 4.0 trouxe duas novas perspectivas para o sistema produtivo com:
ƒ Perspectiva com foco na demanda;
ƒ Aumento da transparência e aproximação entre consumidores e fornecedores de
produtos;
ƒ Padrão de comportamento e envolvimento dos consumidores, devido ao acesso
às tecnologias móveis que favorecem essa relação;
ƒ Fornecimento de produtos e serviços, uma vez que os avanços tecnológicos pos-
sibilitam maior eficácia nos sistemas de transporte e compartilhamento de pro-
duto; e
ƒ Informação, desenvolvendo sua qualidade, aumentando a agilidade de sua entrega
e comercialização.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ As inovações presentes no mercado ;


ƒ A Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 e o desenvolvimento da indústria
frente às inovações; e
ƒ As perspectivas para o sistema produtivo diante das mudanças trazidas pela
Indústria 4.0.

34
CAPÍTULO 5

O uso da tecnologia na Indústria da Moda

O estudo setorial Competitividade da Indústria de Confecção de Vestuário e Acessórios


da FIRJAN aponta:
ƒ No que se refere às aquisições de equipamentos da produção de vestuário, de
2013 a 2017, o Brasil investiu aproximadamente US$ 2 bilhões, principalmente
em São Paulo (US$ 823 milhões) e Santa Catarina (US$ 437 milhões); e
ƒ Apesar de ser o 3º maior fabricante de vestuário nacional, o Rio de Janeiro importou
apenas US$ 33 milhões diretamente desde 2013, mesmo atrás de estados onde a
indústria de vestuário não é tão forte quanto Paraíba, Espírito Santo e Rondônia.

Máquinas e Equipamentos para as Indústrias


Têxtil e de Confecção de Vestuário e Acessórios

Acumulado de 2013 a 2017 (em US$)

UF Total Geral Participação

SP $822.959.022 41,1%
SC $436.902.872 21,8%
PR $100.868.953 5,0%
MG $100.010.476 5,0%
RS $91.837.437 4,6%
CE $81.835.449 4,1%
PB $55.106.513 2,8%
ES $52.438.501 2,6%
RO $43.692.832 2,2%
PE $38.472.242 1,9%
RJ $33.074.964 1,7%

Brasil: $2.000.942.279

Fonte: MDIC/AliceWeb

35
A partir dessa análise, é possível constatar a defasagem do parque
industrial proporcionado pelo baixo valor destinado a compra de
máquinas e equipamentos para este setor.

No caso do Rio de Janeiro, ainda que seja um grande pro-


dutor desse segmento, o baixo nível de escolaridade
de seus profissionais pode ser o motivador do
módico investimento em novas tecnologias, já
que maquinários mais tecnológicos exigem
um processo produtivo mais sofisticado
e mão de obra mais qualificada, como
comprova a tabela abaixo:

Distribuição da Escolaridade do Setor de Confecção em 2016

Até Fund. Fund. Médio Superior Médio +


UF
Incompleto Completo Completo Completo Superior

SP 9,2% 23,9% 62,3% 4,6% 66,9%


CE 9,5% 23,8% 63,9% 2,8% 66,7%
GO 7,9% 26,1% 62,4% 3,6% 66,0%
RN 17,8% 20,2% 60,3% 1,7% 62,0%
PE 17,4% 24,1% 56,6% 2,0% 58,5%
PR 15,3% 26,4% 54,2% 4,1% 58,2%
SC 12,2% 29,8% 51,8% 6,2% 58,0%
RS 13,9% 28,2% 54,0% 3,8% 57,8%
MG 15,8% 30,0% 51,6% 2,5% 54,2%
RJ 15,0% 31,6% 48,7% 4,8% 53,4%

BR 12,4% 26,6% 56,9% 4,1% 61,0%

Fonte: RAIS/TEM

O estudo também demonstra através de dados retirados da RAS/TEM que, em 2016, o


Rio de Janeiro tinha 53,4 % da mão de obra do setor com curso superior, contra 61,0 %
nacional. Esse é o menor índice do segmento entre todas as unidades fabris do país.

Em relação aos maiores empregadores brasileiros do setor, essa situação difere prin-
cipalmente de São Paulo (66,9 %), Ceará (66,7 %) e Goiás (66,0 %), mas se aproxima

36
da realidade vivenciada em Minas Gerais (54,2 %), Rio Grande do Sul (57,8 %) e Santa
Catarina (58,0 %). Assim, é possível analisar que:

Especialização de mão de Nível mais elevado de tecnologia, o que pode


obra para a indústria têxtil do contribuir para a mudança do padrão desse segmento
Estado do Rio de Janeiro com foco em perspectivas sustentáveis e solidárias

Como se pode analisar, a tecnologia pode contribuir para o segmento têxtil, assim
como a Indústria 4.0, que pode ser o caminho para resolver questões problemáticas
do segmento da Moda, como:
ƒ Redução de estoque de tecido e de produto final;
ƒ Aumento de oportunidades para obtenção de insumos; e
ƒ Redução do tempo das etapas de desenvolvimento e entrega dos produtos.

A exemplo disso tem a tecnologia ATI que permite:


ƒ Tingir apenas a quantidade de tecidos adequada à demanda;
ƒ Reduzir tempo de entrega das estampas e dos tecidos; e
ƒ Aumentar as oportunidades de customização dos produtos, tornando mais versá-
til a oferta dos itens sem precisar aumentar o estoque, respeitando as estações e
se adequando à rapidez e à volatilidade dos lançamentos das peças.

Ainda que haja toda essa contribuição para a Indústria da Moda, a ATI ainda não con-
segue atender a todas essas benesses no Brasil, já que ainda está em caráter experi-
mental e se limita a alguns tipos de tecidos específicos por não conseguir identificar
suas densidades.

Já a metodologia PAM, quando associada a processos automotivos, alcançará a efe-


tiva aplicabilidade do see now, buy now, que:
ƒ Reduzirá o estoque de peças prontas;
ƒ Aumentará a entrada de receita;
ƒ Diminuirá o tempo de produção; e
ƒ Modificará o início do processo, que acontecerá apenas após o faturamento do
pedido.

37
Aumentam-se ainda mais as possibilidades quando se combina a PAM, a ATI e a mini
fábrica num lugar só. Isso otimiza a logística entre as etapas e, a partir daí, é possível
alcançar a redução de estoque e de prazos de entrega e agilizar a entrada de receita.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ Uma análise econômica do Estado do Rio de Janeiro e sua participação na econo-


mia nacional;
ƒ O fastfashion e o see now, buy now; e
ƒ Algumas tecnologias presentes no mercado que podem colaborar para o processo
otimização da cadeia produtiva da Indústria da Moda.

38
CAPÍTULO 6

Os impactos temporários e permanentes


da pandemia na Indústria da Moda

Em 2020, a pandemia da Covid-19 assolou o mundo e trouxe transformações em mui-


tas áreas, modificando o comportamento da sociedade contemporânea.

Para o segundo setor da economia, as consequências trouxeram um certo retrocesso


e impactaram o faturamento e a produção das indústrias, já que houve mudança no
comportamento do consumidor.

A Indústria da Moda, já vinha sofrendo grandes modificações devido ao avanço tec-


nológico. No entanto, o contexto de confinamento desencadeado pela pandemia do
Coronavírus acelerou ainda mais os processos digitais, já que as medidas sanitárias
impossibilitaram contatos físicos.

Pandemia do Coronavírus
ƒ Impactos nas etapas de produção da Indústria da Moda
ƒ Uso do ambiente virtual para intermediar processos
e suprir a defasagem do isolamento
ƒ Adoção de métodos sustentáveis em prol da
preservação do meio ambiente

O sistema socioeconômico é interligado a questões sociais e ambientais e, assim como


trata Kruchen (2009), as crises ambientais e os problemas de caráter global, que se
intensificam na contemporaneidade, são agravantes para o desequilíbrio entre esses
sistemas.

Esse desequilíbrio impacta diretamente na economia e acentua os inconvenientes


sociais, deixando evidente a interdependência existente entre a sociedade, o meio
ambiente e a economia.

39
Segundo dados do SEBRAE (2020), o efeito da pandemia gerou:
ƒ Declínio de 74% no faturamento semanal dos pequenos negócios de Moda;
ƒ Contribuição para o levantamento da pauta da sustentabilidade; e
ƒ Renovação das práticas de produção e de consumo.

Vale destacar que esse setor é visto como um dos grandes causadores do desequilíbrio
ambiental e que a redução de consumo de itens secundários, em meio ao confina-
mento, gerou impacto no pensamento do consumidor, levando a um maior questiona-
mento sobre questões ambientais.

A queda de algumas demandas do consumidor, segundo o CFDA, pode trazer à tona


a importância da movimentação acelerada em direção à sustentabilidade e cria uma
brecha para o setor da Moda reavaliar o comportamento do seu negócio.

“Ao sairmos desta calamidade, esperamos que esta consciência seja direcionada à busca
pela sustentabilidade em toda a indústria.” (CFDA, 2020, p. 6, tradução própria)

Segundo pesquisa desenvolvida pela Boston Consulting Group


(BGC) junto à SAC e ao Higg Co, segmentos como o têxtil, o
de calçados e o de vestuário vêm adotando uma propen-
são aos métodos de produção sustentáveis, já que a
crise global de saúde tem aumentado a expecta-
tiva por uma conscientização do consumidor
que, agora, deverá buscar produtos com
critérios voltados ao bem-estar cole-
tivo (BOSTON CONSULTING GROUP;
THE SUSTAINABLE APPAREL
COALITION; HIGG CO, 2020).

É evidente que a Indústria da Moda vem evoluindo no que diz respeito às questões
de sustentabilidade. Apesar disso, ainda existe um longo percurso até que a maioria
das empresas adquira práticas sustentáveis, pois inseri-las no meio de produção exige
uma severa mudança em toda a estrutura do processo fabril.

Isso gera uma grande expectativa que só se consolidará quando for possível mensurar o
que a pandemia de fato trouxe para a Moda. Assim como expressa Borges (2019, p. 3):

“Nós consumidores somos a chave da mudança para uma moda mais sustentável.
Precisamos ter mais consciência sobre o nosso papel de consumidor e exigir que as empresas

40
do setor tenham além de um posicionamento mais sustentável, mudanças em sua cadeia de
valor. Seja na escolha de fornecedores, nas práticas sustentáveis de fabricação, no salário
justo e no respeito aos funcionários, suas famílias e à comunidade.” (Borges, 2019, p.3)

Diferentemente da Europa, onde já tramitam leis e regulamentações exigindo mais


posicionamento das empresas sobre direitos humanos e meio ambiente – como a dili-
gência que se aplicará às empresas que vendem na União Europeia –, o Brasil ainda é
obscuro no que diz respeito aos processos fabris.

No segmento de Moda isso não é diferente. Falta transparência sobre os processos


industriais desse ramo e, com isso, o consumo fica limitado apenas à obtenção dos
produtos diante de uma demanda, sem partir da necessidade de adquiri-los com a
devida consciência sustentável.

Na Região Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, diante da pandemia, ocorre um


cenário inconveniente para a indústria e para empreendedores da Moda, levando-os à
instabilidade operacional e financeira.

2015 2020
Uma situação bastante complexa A previsão para 2020
já pode ser observada devido era que a proporção
à crise iniciada no Brasil, chegasse a 13,5%
especialmente no estado. (HESSEL, 2020).

2019
A taxa média de desemprego
no Brasil foi de 12,3%, o
que significa que mais de 12
milhões de brasileiros ficaram
sem trabalho. (PERET, 2019).

O Estado do Rio superou o índice de desemprego da média nacional, alcançando


12,6% da sua população (CAVALLINI; SILVEIRA, 2019) e, como consequência disso,
houve maior redução nos gastos com consumo das famílias, motivada pela queda de
renda da população de todas as classes (ESTADÃO CONTEÚDO, 2019).

41
Já sob o efeito da pandemia, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), mensurada
pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu
2,5% entre os meses de março e abril de 2020, atingindo o menor nível desde novem-
bro de 2019 (ABDALA, 2020). Estima-se ainda que a crise da Covid-19 pode tirar até
R$500 bilhões da renda dos brasileiros em 2020 (CUCOLO, 2020).

O distanciamento social provocado pela pandemia, segundo pesquisa recente do


Sebrae (2020), levou a:
ƒ 73% das casas de Moda brasileiras tiveram suas atividades interrompidas, gerando
desafios como o cumprimento de compromissos financeiros;
ƒ Dos empresários que tentam obter um empréstimo, 36% ainda estão esperando
taxa de retorno e 52% tiveram acesso negado a programas de crédito, portanto,
necessitam de estratégias que possibilitem a sobrevivência de seus negócios; e
ƒ Em termos socioculturais e políticos, observamos frequentes rupturas nas políti-
cas públicas setoriais e eventos culturais.

Este é um panorama do que a crise econômica, sociocultural e política no Brasil e


no Estado do Rio de Janeiro despertou nos últimos anos – especialmente diante do
impacto da recente pandemia da Covid-19 e da falta de políticas públicas voltadas
para a promoção e para a proteção da Indústria da Moda.

Diante desta situação, os profissionais desse segmento necessitam ativar outros recur-
sos pelo quais o desenvolvimento de comportamentos e competências empreendedo-
ras desempenha um papel fundamental na mitigação do impacto da crise.

No Estado do Rio de Janeiro, a Moda é um dos sete setores estratégicos da economia


local, com 85,2% dos negócios formadores por micro e pequenas empresas (SEBRAE/
RJ, 2017). O segmento desenvolve atividades como:

Calçado, Joalheria, Comércio


Têxteis Manufatura bolsas e bijuteria, de artigos
acessórios relojoaria etc. de moda

Segundo Firjan (2016), o tamanho do vestuário no Estado do Rio de Janeiro equivale a


10,7% das exportações brasileiras. Todos os segmentos da Indústria da Moda estão pre-
sentes ao longo das regiões do estado, empregando 4,2% dos trabalhadores formais do
estado e quase metade dos empregos do setor são próximos à capital (FIRJAN, 2016).

42
Para minimizar os impactos causados pela crise, empreendedores do ramo da Moda
precisaram se ater à transformação do mercado e às mudanças ocorridas no perfil e no
padrão de compra de seus clientes.

Elas precisaram
ampliar o poder de
Com o isolamento negociação com
social, houve uma fornecedores e com
movimentação das compradores. Substituir os métodos
indústrias da região de produção, driblando a
do Rio de Janeiro: ausência de colaboradores
Buscaram substituir nas indústrias.
os métodos de
produção para:
Reestabelecer novos
meios de lidar com a
concorrência e com a
alteração de valores
das peças, ocorrida pela
queda da produção e
pelo aumento do custo
dos insumos.

Já os lojistas, no auge da crise, encontraram oportunidades em canais de vendas on-


-line e demonstraram a magnitude da resiliência e do poder de se reinventar para a
produção fluir e agregar valor à marca. Os riscos experimentados, o esforço e a dedi-
cação, muitas vezes, superam as recompensas e as gratificações alcançadas.

Difusores importantes da Moda no Rio encontraram não só um meio de ajudar e exer-


cer a solidariedade em meio à crise, como também superaram as dificuldades atra-
vés da união de forças. Enquanto lojas e ateliês estavam fechados, a estilista Andrea
Marques chamou amigos para doar suprimentos e encarregou sua equipe de fazer
5.500 máscaras e 1.900 casacos.

A Granado, por exemplo, doou 2.000 litros de sabonete líquido e xampu para insti-
tuições apoiadas pelo UNICEF e outros 3.000 litros para hospitais, asilos, creches e
comunidades.

43
Para a Firjan, os dados mostram que os efeitos da pandemia da Covid-19 e da guerra
na Ucrânia ainda são fatores que impactam negativamente na recuperação econômica
do Brasil. A manufatura continua sendo uma das indústrias mais atingidas devido à
sensibilidade em relação às restrições de importação.

Apesar dos resultados positivos, nos primeiros cinco meses deste ano, os níveis de
produção ainda estão abaixo dos níveis registrados no mesmo período do ano pas-
sado, com queda de 2,6%.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ Os impactos que a pandemia da Covid-19 gerou para a Indústria da Moda ;


ƒ As transformações do mercado frente às mudanças de consumo;
ƒ Os desafios diante do isolamento social; e
ƒ As ações necessárias para que a indústria se mantivesse ativa diante do cenário
de crise e as ações solidárias dentro desse contexto.

44
CAPÍTULO 7

Desafios para a Indústria da


Moda na Região Fluminense

No contexto contemporâneo, o Estado do Rio de Janeiro se inseriu em duas crises que


trouxeram graves consequências para a economia do local: a crise de 2015 e a pande-
mia da Covid-19.

Surgiram novos desafios a serem enfrentados, uma vez que mudaram os padrões e as
relações na cadeia de produção têxtil:

Fio Tecido Roupa Loja Consumidor

Diante disso, é importante ressaltar que as dificuldades do segmento se estendem a


vários setores e se pautam basicamente em cinco aspectos:
1. Mudança de comportamento do consumidor
2. Aumento do dólar
3. Dinamização do mercado
4. Competitividade e concorrência interna e externa
5. Transparência

7.1 Mudança de comportamento do


consumidor: Novo Perfil e Novas Tecnologias
A mudança de comportamento do consumidor tem como responsável o advento da
internet, que trouxe:
ƒ Muita informação;
ƒ Imediatismo; e
ƒ Diversidades internacionais.

45
Essa movimentação fez o ramo da Moda mudar seus processos e seu relacionamento
com o cliente.

Encurtamento
Incremento Aceleração da Exigência
Aceleração do tempo entre
da variedade chegada das do aumento
da mudança a exibição do
de peças e influências do mix de
de padrão produto e sua
tendências europeias coleções
comercialização

A Região Fluminense do Rio de Janeiro é uma grande referência na produção de design


de Moda praia, jeanswear e homewear. Os segmentos de fitness e lingerie também
cresceram na região ao longo dos anos.
ƒ No ramo da Moda e vestuário, o que se nota é que os consumidores estão mais
“globais” e “antenados”. Isso acontece graças à internet e à ascensão de formado-
res de opinião e tendência, como as blogueiras e os influenciadores digitais.
ƒ A internet também fez com que os clientes passassem a ter mais informações
sobre os produtos e marcas que consomem. Tornou-se imperativo a busca por
uma comunicação mais ética e por meios de produção dentro das exigências
legais e ambientais.

7.2 Aumento do dólar


De acordo com um inquérito realizado pela Associação Brasileira
da Indústria Têxtil e Vestuário (ABIT), o segmento tem
sofrido pressão dos custos de produção devido à logís-
tica, transporte e aumento dos preços internacionais.

Houve uma grande flutuação nos preços das


matérias-primas durante os últimos 12 meses
(jun/2021 a jun/2022). Para além dos ele-
vados custos de produção, ocorreu,
também, a escassez de artigos-
-chave para o vestuário.

46
Na análise do Índice Nacional de Preços ao Consumidor de Base Ampla (IPCA), publi-
cado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o vestuário foi o
segundo sector com o maior aumento de preços acumulados de junho de 2021 até
junho de 2022, depois do grupo dos transportes.

7.3 Dinamização do mercado


ƒ A criatividade e a inovação continuam a ser essenciais para encontrar soluções e
adaptar o seu negócio às necessidades dos novos consumidores.
ƒ Assim, as marcas inovam usando produtos diferentes, conquistando novos públi-
cos com maior apelo à sustentabilidade e fortalecimento da cultura local. Além
disso, gerenciam com eficiência, otimizam custos e desperdícios e melhoram as
operações internas e internas.
ƒ Nesse sentido, a tecnologia é uma excelente aliada, principalmente nos sistemas
de gestão. Com a ajuda deles, setores, governos e empresas podem movimentar
mais departamentos e PMEs e otimizar a empresa.
ƒ Não há como, por exemplo, uma empresa se manter no mercado atual sem o con-
trole preciso do setor financeiro e tributário. Um bom sistema de gestão pode
automatizar uma variedade de necessidades e pode garantir que o negócio esteja
melhor informado e os impostos evitem imprevistos que também se aplicam à
tesouraria.

7.4 Competitividade e concorrência interna e


externa
De acordo com a FIRJAN, competitividade abarca três dimensões:

Sistêmica
Empresarial Estrutural
(análise de variáveis
(gestão) (cadeia produtiva)
macroeconômicas)

47
Todas se integram e requerem das empresas muita competência, conhecimento e tec-
nologia de gestão.

Sabe-se que, na Indústria da Moda, dois fatores essenciais para a sobrevivência da


indústria nos mercados interno e externo são a criação e a inovação. Por sua vez, o
Brasil alcança excelentes níveis de competitividade, já que explora um amplo universo
com a Moda Criativa e sua diversidade de peças produzidas.

Porém os baixos valores dos produtos chineses e a falta de infraestrutura das indús-
trias reduzem o poder competitivo da Região Fluminense do Rio de Janeiro. Ainda que
haja leis de incentivo fiscal, não houve grandes investimentos em tecnologia e, com
isso, a região fica limitada no que tange à competitividade.

7.5 Transparência
O escritório global da organização da Fashion Revolution publicou, em 2021, a quarta
edição do índice de transparência das maiores marcas de vestuário atuantes no Brasil.
Ela foi feita com base nas informações referentes a políticas e compromissos; gover-
nança; rastreabilidade; conhecer, comunicar e resolver; tópicos em destaques. Confira
no gráfico a seguir:

Fashion Revolution publicou em 2021

Ainda sobre o estudo, pode-se perceber que, segundo dados, apenas 18% dessas
importantes marcas do segmento conseguiram alcançar a pontuação média no que se
refere à transparência, apresentando, inclusive, queda de 3 pontos comparado ao ano
anterior (2020).

48
Fashion Revolution publicou em 2021

O que impressiona nesses números é que, ao passo que houve avanço no decorrer
da cadeia, a propagação de importantes informações diminuiu. Apenas 28% das mar-
cas publicam dados sobre suas instalações de processamento e beneficiamento e 8%
quanto aos fornecedores de matérias-primas.

Ainda que os números estejam longe do mínimo necessário, a média geral brasileira da
seção de rastreabilidade fica levemente acima da global, com 21% da cadeia nacional
contra somente 19% da mundial, sendo a única seção em que a pesquisa brasileira fica
à frente da internacional.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ Os desafios para a Indústria da Moda nos próximos anos; e


ƒ Quais mudanças vão impactar na forma como as empresas devem comunicar no
que diz respeito ao segmento da Moda.

49
CAPÍTULO 8

Oportunidades do setor e como


as MPEs podem aproveitá-las

Dentro das necessidades e dos desafios lançados para o segmento têxtil na sociedade
contemporânea, é preciso que principalmente as micro e pequenas empresas compre-
endam como:
ƒ Inovar em seus produtos;
ƒ Dinamizar seus atendimentos; e
ƒ Negociar em suas compras e em suas vendas.

Para isso, é importante que seus empreendedores saibam qual é a real situação
financeira do seu negócio e, a partir disso, tomar decisões que determinem a estraté-
gia de desenvolvimento para a empresa.

Uma questão que tem sido muito evidenciada é a transparência,


principalmente no que se refere às questões sociais e ambien-
tais. Isso denota:
ƒ A responsabilidade de cada empresa pertencente
à cadeia têxtil de aprimorar a perspectiva de
todos os processos de execução; e
ƒ Avaliar e deixar claro os possíveis ris-
cos oferecidos ao meio ambiente e
aos seres humanos.

A ausência dessa clareza possibilita ações degradantes tanto no âmbito social como
ambiental.

Essa fragilidade direcionada às MPEs do setor da Moda foi estereotipada devido à


pandemia da COVID-19 e serve também de alavanca para novas possibilidades de
ganhos em visibilidade e mercado.

50
Isso se dá porque é através da mudança de comportamento da sociedade e de seus
padrões de consumo que empresas que atendem comunidades, bairros e cidades
podem investir numa nuance mais intimista e personalizada.

A partir da percepção da necessidade do cliente, essas pequenas e médias empresas


do ramo da Moda podem agregar valores quando oportunizam a crise e a transformam
em valor de mercado, que podem ser percebidos por meio de:
ƒ Aquisição de meios de personalizar suas peças em produções que partem da ideia
do cliente;
ƒ Atendimento do cliente através da internet;
ƒ Entrega dos pedidos em casa; e
ƒ Utilização dos mecanismos e matérias-primas sustentáveis para desenvolver
esses produtos.

Essas ações são algumas formas de adquirir novos clientes e, assim, ampliar o diâme-
tro de alcance de possíveis interessados em sua marca.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ Como as oportunidades do setor hoje em dia estão muito ligadas à inovação,


dinamismo e poder de negociação;
ƒ Como é importante que o micro e pequeno empreendedor aprimorem seus pro-
cessos e avaliem os riscos; e
ƒ Como é importante agregar transformar em valor de mercado os percalços que
surgem com as crises.

51
CAPÍTULO 9

Tendências, Sustentabilidade
e Solidariedade

Após atender à demanda por têxteis, especialmente vestuário, a Moda se volta para
novos valores:

NOVIDADE SEDUÇÃO DESENVOLVIMENTO DE MARCA

Os valores simbólicos do vestuário passaram a dominar para a emergente classe média


da sociedade de consumo a partir da década de 1960. A lógica da redução progressiva da
usabilidade, que norteia a Moda desde então, permeia outros produtos e só se desenvolve
nas economias capitalistas. A produtividade aumenta devido à tecnologia e à gestão de
qualidade provenientes das indústrias e o consumidor precisa dar conta disso.

Diante disso, é possível notar que a sociedade contemporânea vive hábitos consumis-
tas desenfreados e tem sido questionada por pensadores e formadores de opinião,
que promovem a cadeia de teses em prol do meio ambiente, condenando comporta-
mentos que não prezam pela sustentabilidade ambiental, social e econômica.

Por meio do artigo do Valor Investe, pode-se compreender que


a Indústria da Moda é a segunda maior poluidora do mundo
vindo depois da petroquímica, responsável por 20 % da
produção global de efluentes e 10% do carbono emi-
tido para a atmosfera.

Os consumidores estão ainda mais atentos


a essas informações. Dessa forma, com
o desenvolvimento de uma consci-
ência ambiental, aumenta a pre-
ferência por brechós e marcas
sustentáveis.

52
Crescimento do mercado de segunda mão em bilhões

Até 2028, a categoria de segunda mão deverá ultrapassar a fast fashion, com um fatu-
ramento de US$ 64 bilhões, um aumento de 1,45% por segundo.

Para que essa alta produtividade não seja devastadora para o meio
ambiente é preciso que se agreguem valores sustentáveis, desen-
volvendo novos hábitos, como:
ƒ O consumo consciente;
ƒ A valorização do reciclado;
ƒ A valorização do artesanato; e
ƒ Valorização do slow design (que promove
a desaceleração do consumo através
da inovação).

Durante a pandemia, os consumidores tornaram-se ainda mais criteriosos sobre como


gastar seu dinheiro, não apenas pela questão ambiental, mas também por preços mais
acessíveis, um pensamento que deve continuar nos próximos anos.

A digitalização do comércio também se estende à categoria de usados, oferecendo


curadoria de itens com habilidades e experiência a par dos jogadores da categoria ini-
ciante. Aqui no Brasil, as plataformas Enjoei e Repassar são dois dos maiores exemplos
de brechós online nacionais.

53
Diante dos desafios motivados pela pandemia da COVID-19, a Indústria da Moda da
Região Fluminense do Rio de Janeiro tomou medidas de combate à doença e, desde
então, muitas marcas decidiram criar seus próprios projetos de contenção.

Com o apoio da Associação Brasileira de Têxteis e Confecções (Abit), alguns ramos da


indústria têxtil tomaram iniciativas como a produção de tecidos e mudança nas linhas
de produção, voltando-se a produzir itens essenciais como máscaras, aventais e luvas,
para evitar a exposição ao vírus.

As marcas que neste momento se dispuseram a substituir as


suas linhas de produção, doar matérias-primas e até os
seus trabalhadores, ficarão na memória dos futuros
consumidores. Toda essa movimentação benéfica é
característica marcante desse segmento. A cres-
cente preocupação com o meio ambiente
e a valorização do trabalho de todos os
envolvidos nos processos é o que
torna a indústria o que ela é hoje.

É possível perceber que importantes marcas demonstraram preocupação com a


comunicação acessível sobre seus processos. Isso favorece o estímulo a uma nova
conscientização de consumo e permite que os consumidores escolham adquirir pro-
dutos de marcas possuidoras de valores sustentáveis e sociais.

O desenvolvimento dessa consciência sustentável motivado pelas consequências das


catástrofes ambientais, pela propagação midiática e pelo incentivo das escolas, de
empresas e do governo, desencadeia a aceleração das ecoproduções trazendo benefí-
cios como o biodiesel, a agricultura orgânica e a reciclagem.

Segundo o levantamento divulgado pela ShareCloth, a Indústria da Moda global produz


150 bilhões de peças por ano, mas 30% delas nunca são vendidas e outro terço apenas
com desconto. Essa realidade pode ser transformada ao inserir os pilares da sustentabili-
dade representados pelos quatro “erres” (Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar).

Assim, toda a cadeia têxtil pode:

Repensar Reduzir o Reutilizar e contribuir Reciclar, ação que


atitudes consumo, o com a economia leva à economia
e tomar desperdício e nacional e com o de matéria-prima
melhores a emissão de desenvolvimento retirada da
decisões poluentes sustentável natureza

54
No Brasil, as micro e pequenas empresas não fazem parte desse ranking de
transparência, mas são grandes responsáveis pela movimentação da economia do país.

A situação na Região Fluminense do Rio de Janeiro não é diferente. Os polos fabris e os


processos industriais da Moda confeccionam peças em espaços providenciados, sem
estrutura, anônimos e sem a menor infraestrutura para se estabelecer uma indústria.

NESTE
CAPÍTULO
VOCÊ VIU:

ƒ Como as tendências do mercado também envolvem o engajamento da marca em


relação ao comprometimento social e sustentabilidade;
ƒ Como o consumo consciente de materiais e matérias-primas são aspectos muito
relevantes nos dias de hoje ; e
ƒ Que para colocar em prática uma postura mais sustentável, é importante repen-
sar, reduzir, reutilizar e reciclar.

55
CAPÍTULO 10

Conclusões e Ações Recomendadas

Como visto ao longo desse estudo, a Indústria da Moda tem sofrido constantes trans-
formações em seu processo produtivo e em seu modelo econômico e que na Região
Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, não tem sido diferente.

Diante da evolução tecnológica, a sociedade contemporânea vem modificando o perfil


de consumo e, com isso, exigindo, também, outro comportamento e outra velocidade
dos industriais da região. As coleções, atualmente expostas em passarelas e propaga-
das, reivindicam mais na entrega e na comercialização do que a Moda fluminense traz.

Além disso, é certo que esta nova tendência de propagação da Moda diminuiu o tempo
entre a apresentação de um produto e o seu consumo.

Maior conectividade Aceleração das Redução das chances


e maior acesso às etapas de produção e de haver cópia dos
novidades acesso às peças estilos já apresentados

Por outro lado, alguns produtores da Moda nacional apresentaram resistência ao ade-
rir a essa mudança, devido à preocupação com a qualidade dos produtos e com a con-
sequente redução da criatividade e da atratividade das coleções. Assim, têm-se dois
pontos de atenção a serem observados:

Preocupação com Entendimento da importância do investimento em


manutenção da meios tecnológicos e redução dos efeitos negativos
estética e o lifestyle que podem influenciar na opinião dos consumidores e
da região litorânea aceitação do produto

Outra perspectiva torna-se importante num contexto mais atual: a Moda Carioca
optou por trabalhar com produção em larga escala e a venda em atacado, mudando o
seu perfil que, até então, era mais voltado para o mercado varejista.

56
Houve a necessidade de aumentar o número de fornecedores e, por isso, as empre-
sas também precisaram se reorganizar e mudar a sua estrutura, pois precisava contar,
agora, com gestores dos setores de criação e de produção, expandindo o negócio da
Moda.

Diante disso, surgem desafios em todos os setores da economia, desde a dificuldade


na obtenção de matéria-prima até a chegada do produto no consumidor final.

Com o crescimento da indústria têxtil na Região Fluminense, sabe-se que o setor da


Moda é um grande gerador de empregos e responsável pelo crescimento econômico
na região. Mas, a outra vertente é que, além das adversidades já mencionadas acima,
há também certa incongruência no mercado iniciada a partir do crescimento da Classe
C na sociedade.

Aumento Exigência Redução


do poder de de menor de custo de
compra da valor e maior mão de obra,
população qualidade principalmente

Com o avanço da tecnologia trazido pela 4ª Revolução Industrial (ainda em desenvol-


vimento no Brasil) torna-se viável:
ƒ A redução do tempo de produção de uma peça;
ƒ Transformações no processo produtivo, favorecendo a redução de estoques dos
produtos, diversificação de matéria-prima; e
ƒ Redução de tempo médio de processo e, consequentemente, no custo dos
produtos.

E é nesse contexto de desenvolvimento que ocorre


uma grande modificação nos padrões dos proces-
sos industriais, no consumo e na economia da
região e do mundo: a pandemia da Covid-19.

Os processos industriais e de consumo


do ramo da Moda já vinham sendo
modificados devido ao avanço
tecnológico, no entanto, o

57
isolamento desencadeado pela pandemia do Coronavírus, acelerou ainda mais os pro-
cessos digitais impactando em todas as etapas de produção desse segmento. Com
isso, foi preciso recorrer ao espaço virtual para intermediar processos e suprir a defa-
sagem deixada pelo isolamento.

Com a crise global, foram adotados métodos sustentáveis em prol da preservação do


meio ambiente, pois é evidente que há uma interdependência entre sociedade, meio
ambiente e economia que acaba sendo desequilibrada devido a crises ambientais e
problemas de caráter global.

A Indústria da Moda é a segunda maior poluidora


do mundo vindo depois  da petroquímica,
responsável por 20% da produção global de
efluentes e 10% do carbono emitido para
a atmosfera.

A crise trazida pela pandemia, os novos valores adotados nesse segmento (novi-
dade, sedução e desenvolvimento de marca) associados ao aumento da produtividade
devido à tecnologia e à gestão de qualidade proveniente das indústrias trouxeram uma
nova reflexão ao mercado da Moda: o Consumo Consciente.

E é diante desse panorama que surgem as novas necessidades e demandas desse


ramo. A sociedade contemporânea vive hábitos consumistas desenfreados e tem sido
questionada por isso. Para que essa alta produtividade e esse consumo acelerado não
sejam devastadores para o meio ambiente, é preciso que se agregue:

Desenvolvimento de novos hábitos,


Valores sustentáveis
como Consumo Consciente

A conscientização para hábitos sustentáveis motivada pelas consequências das catás-


trofes ambientais, pela propagação midiática e pelo incentivo das escolas, de empre-
sas e do governo acelera as ecoproduções, trazendo benefícios como o biodiesel, a
agricultura orgânica e a reciclagem.

58
Nesse contexto o ramo da Moda começou a se preocupar em atender às demandas de
seus consumidores, juntamente com os desafios desse meio de produção. Com isso,
as indústrias precisam adotar métodos:
ƒ Tecnologicamente mais evoluídos;
ƒ Que atendam mais rapidamente às demandas de seus clientes; e
ƒ Com preços competitivos e aprazíveis.

Esses industriais também devem estar mais conectados às questões ambientais e


sociais da sua comunidade e do seu país, inserindo conceitos sustentáveis e acessíveis
aos seus produtos.

Os empresários do 3º setor da economia, que comercializam, em sua maioria, no


modelo B2C (Business to Consumer ou Empresa para consumidor) devem:
1. Agregar valores a sua marca;
2. Contribuir para a conscientização sustentável e para a promoção da cultura da
preservação do meio ambiente; e
3. Utilizar o marketing e exibir os novos processos e as novas matérias-primas sus-
tentáveis que foram adotadas pela empresa.

Para fomentar os recursos intelectuais dos colaboradores, gestores e CEO’s desse seg-
mento, o SEBRAE pode contribuir com a iniciação aos conceitos sobre:
ƒ Tecnologia (IOT, a AI, a Robótica avançada e a Cloud Computing etc.);
ƒ Sustentabilidade;
ƒ Solidariedade com representatividade do segmento;
ƒ Formação voltada para a indústria criativa;
ƒ Foco em consciência socioambiental;
ƒ Condicionar o direcionamento ao novo normal e ao novo padrão de consumo; e
ƒ Tornar viáveis e acessíveis assessorias direcionadas a novos investimentos, acom-
panhamento financeiro para novos padrões de produção e consultoria de pro-
cesso para novos modelos de empreendimento.

Já o setor público, deve se direcionar a necessidade de que seus servidores estejam


atentos às oportunidades que existem nesse novo mercado, para que possam viabili-
zar permanente diálogo com os atores envolvidos nesse segmento.

59
Também se torna imprescindível que sejam estabelecidos elos de beneficiamento,
construídos diretamente com todo o corpo contribuinte para a produção da Moda,
desde a obtenção de matéria-prima até a venda para o cliente final (a exemplo disso,
tem-se a Lei da Moda).

É preciso também que os responsáveis públicos da região desenvolvam meios de:

Expandir a
conscientização
sobre o consumo
acautelado e sobre a Desenvolver
sustentabilidade novos padrões de
comportamento a
caminho de uma
sociedade mais
consciente
Pautar-se na preservação
do meio ambiente e
na viabilidade da nova
imagem adotada pelas
marcas que passarem a
investir nesse formato

60
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