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Universidade Estácio

Curso de Psicologia - Campus Curitiba

BIOGRAFIA de JACOB LEVY MORENO


E a importância para os processos grupais

Orientador: Profa. Sara Campagnaro

Andréia Cavali Slhessarenko 2022.0869.6181


Bruna de Lima Siqueira 2022.0369.5061
Caroline Pakuschewski 2022.0904.9111
Cordélia Henker Braga 2022.0907.6002
Márcia Maria Sousa Agostinho 2022.0869.3831
Rozeni Ferreira Sobral 2022.0873.1181
Simone Escobar Rodrigues Hansen 2022.1130.4386

Curitiba – Paraná
19 de abril de 2023
Universidade Estácio
Curso de Psicologia - Campus Curitiba

Andréia Cavali Slhessarenko


Bruna de Lima Siqueira
Caroline Pakuschewski
Cordélia Henker Braga
Márcia Maria Sousa Agostinho
Rozeni Ferreira Sobral
Simone Escobar Rodrigues Hansen

BIOGRAFIA de JACOB LEVY MORENO


E a importância para os processos grupais

Projeto apresentado a disciplina de


Processos Grupais, ministrada pela
Professora Orientadora Sara
Campagnaro, como requisito para
obtenção parcial de nota da AV1.

2023
SUMÁRIO

1. Introdução. 2
2. Biografia 3
3. Teoria de Jacob Levy Moreno 4
4. A socionômica de Moreno 7
5. A Importância de Jacob L. Moreno para os Processos Grupais 10
6. Considerações Finais 13
7. Bibliografia
1. Introdução:
Neste estudo teórico vamos fazer um breve passeio sobre as terapias de grupo e a
bibliografia de Jacob Levy Moreno. Formado em medicina em 1917, interessou-se pelo teatro
onde, segundo ele “existiam possibilidades ilimitadas para a investigação da espontaneidade
no plano experimental”. Fundou em 1921, o teatro Vienense da espontaneidade, experiência
que constituiu à base de suas ideias da psicoterapia de grupo e do psicodrama. Sobre o
psicodrama, que segundo sua teoria tem a ideia de espontaneidade-criatividade, a teoria dos
papéis, capacidade de se perceber, sentir as vivências, sentimentos e até fantasias
experimentadas pela outra pessoa.
O contexto das dinâmicas de grupo e as técnicas nos trabalhos grupais são atividades
que estimulam a comunicação, integração e o intuito é de colaborar, proporcionar e ordenar o
processo grupal.
Os grupos são muito importantes na vida dos seres humanos, pois desde pequenos
vivemos em grupos com finalidades comuns; na família, na escola quando brincamos de roda,
no trabalho. Os pioneiros que colaboraram para os estudos em grupo são: Moreno (1932)
introduziu pela primeira vez a terapia de grupo com a American Psychiatric Association,
Folkes (1967), Bion 1975) Freud (1984), Levin (1988) e Pichon Riviere (1998).
Segundo aponta Osório (2003), a importância da grupalidade, ou seja, a disposição do
ser humano em agrupar-se, torna-se congruente com a ideia de aproveitar-se do contexto
grupal para a preposição psicoterápica de abordagem dos conflitos humanos utilizando de
diversas técnicas, onde se destacam as dinâmicas, já que elas possibilitam a comunicação, e
expressão de sentimentos, pensamentos e ideias.
Segundo Osório (2003) um grupo é um conjunto de pessoas capazes de se reconhecer
em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetos compartilhados.
Dessa interação surgem os fenômenos que são denominados fenômenos grupais.
A dinâmica de grupo é um simplificador no processo de interação, partilhar de
experiências, desenvolvimento e amadurecimento. No âmbito das dinâmicas de grupo,
vivenciamos processos os quais possibilitam os conflitos e a reflexão para a convivência em
sociedade.

2. Biografia
Jacob Levy Moreno, foi um médico, psicólogo, filósofo e dramaturgo, nasceu em 18
de maio de 1889, na Romênia, mas escolheu a data 16 de maio de 1892, em lembrança à data
da expulsão dos judeus da Espanha, para comemorar o dia de seu nascimento. Viveu parte da
vida em Viena (Áustria), em Berlim (Alemanha) e posteriormente mudou-se para a cidade de
Beacon, no estado de Nova York, nos Estados Unidos, onde naturalizou-se americano e
morreu em 14 de maio de 1974. É reconhecido como o criador do psicodrama e pioneiro no
estudo da terapia em grupo. Seus conhecimentos proporcionaram grandes contribuições para
o estudo dos grupos, em psicologia social. É o criador da sociometria.
Jacob foi o primogênito de 6 filhos do casal Moreno Nissim Levi e Pauline Iancu. Seu
pai era um comerciante sério e autoritário e sua mãe uma mulher judia muito religiosa,
criativa e sonhadora, dotada de grandes conhecimentos, fluente em idiomas.
Ainda na tenra idade, seis anos, já em Viena, Jacob viu-se na obrigação de assumir
alguns compromissos junto à família, em razão da ausência constante do pai. Foi ali que
iniciou a “brincadeira de ser deus” (godplayer), onde ele e as crianças se divertiam fingindo
serem deus e anjos. Sua posição, em uma cadeira sob caixotes em uma mesa, era como estar
sentado no “trono de deus”. Um “anjo” pediu-lhe que voasse e ao atender o pedido, caiu no
chão e fraturou o braço direito.
Durante sua adolescência várias leituras marcaram o jovem Moreno; a Bíblia, assim
como o filosofo Agostinho; Kant, Hegel, Nietzsche, Dostoievski, Tolstoi e Goethe. Foi
influenciado pelo judaísmo e a Cabala.
Aos 19 anos matriculou-se na Universidade de medicina de Viena onde formou-se em
1917. No curso de medicina, Jacob assistiu a uma conferência de Sigmund Freud. Em um
diálogo com ele mantido afirmou: “O senhor analisa os sonhos de seus pacientes. Eu lhes dou
coragem para sonhar de novo. O Senhor os analisa e os despedaça. Eu os faço representar
seus papéis conflitantes e os ajudo a reunir seus pedaços, de novo”.
Durante o curso mostrou-se entusiasmado pelo teatro. Nas suas caminhadas pelo
parque Augarten, em Viena, reunia crianças para formar grupos de brincadeiras e
improvisação contando-lhes contos de fadas os quais nunca repetia, fascinava as crianças
proporcionando-as uma sensação de encantamento. A singeleza e a inocência ali contidas e
cogitou que poderiam ser levadas para o teatro. Moreno queria lhes proporcionar meios de
lutar contra os estereótipos da sociedade, mantendo a espontaneidade e a criatividade.
Durante seus estudos, entre 1908 e 1914, viveu em uma comunidade juntamente com
cinco seguidores que comungavam dos mesmos ideais. Depois de formado, fundou em
Mitterndorf an der Fischa, Austria, a Casa do Encontro, uma instituição voltada para abrigar
marginalizados e refugiados da Primeira Guerra Mundial, ajudando-os e assistindo-os pelo
tempo necessário.
Para entretê-los, à noite promovia sessões de “grupos de encontro” onde procurava
minimizar os sentimentos doloridos de cada um e suas consequências. Ao final o trabalho
resultava em alegres cantos e danças. Suas observações serviram de base para seu trabalho
posterior sobre sociometria, pesquisa-ação e para o desenvolvimento do método de
psicodrama. Foi à base teórica das técnicas de sociometria, psicodrama e terapia de grupo,
universalmente aceitas fora do contexto ideológico que as inspirou. Foi o marco de seu
trabalho.
Idealista de um universo igualitário, onde pessoas com qualquer forma de desajuste
individual e social não seriam consideradas um doente mental. Em 1918, ápice da cultura
intelectual vienense, Jacob iniciou a publicação de um jornal de filosofia existencialista, o
Daimon. Nele colaboravam intelectuais como Marx Brod, Franz werfel, Alfre Adler, Theodor
Reik, Otto Pötzl, Paul Schilder e Helene Deutsch. Ainda jovem fundou uma espécie de
movimento espiritual, um teatro e uma revista, e no ápice de sua carreira um hospital
psiquiátrico, uma escola e uma editora.
A experiência grupal se espalhou pelo mundo, permitindo a Jacob estender este
método de terapia a um grupo de prostitutas vienenses, conscientizando-as de sua condição e
o que proporcionou que organizassem e pudessem ajudar-se mutuamente. Conseguiram
advogados para defendê-las e médicos para tratá-las.
Em 1921, criou o "teatro da espontaneidade", cujo objetivo era de fazer uma
apresentação espontânea sem decorar falas, era feito tudo no momento A experiência permitiu
que Jacob, usando o teatro espontaneidade, criasse/evoluisse para o teatro terapêutico, mais
tarde transformado em psicodrama terapêutico. Em 1º de abril de 1921 aconteceu a primeira
sessão psicodramática/sociodramática. Mais tarde criou o “Jornal Vivo”, onde ele e um grupo
de atores teatralizavam notícias estampadas nos jornais diários.
Em 1925 mudou-se para Nova York, onde começou a trabalhar na clínica do Hospital
Monte Sinai, aplicando as técnicas de psicodrama para crianças com problemas. Lá foram
desenvolvidos e aperfeiçoados vários testes sociométricos e de espontaneidade.
Foi nomeado diretor da Pesquisa Social do estado de Nova York. Sua atuação em duas
áreas: na prisão de Sing Sing e na N. Y. State Training School for Girls, em Hudson. O
propósito era transformar a prisão em uma sociedade terapêutica e ajudar as jovens da Hudson
School a prepararem-se para uma vida decente e digna.
Em 1936, fundou seu próprio hospital para doentes mentais, e uma escola, em Beacon
com dinheiro emprestado pelas filhas de uma paciente. O dinheiro da reforma do sanatório e
da construção do teatro de psicodrama veio de outra paciente ilustre, Gertrude Tone, internada
devido ao alcoolismo. O teatro de Beacon foi dedicado a ela.
Com a ajuda do irmão Williammontou em 1942 fundou um teatro de psicodrama, em
Nova York, e uma editora, a Beacon House, para publicar seus trabalhos de forma
independente e sem interferências. A revista Sociometry e a edição americana de The Words
of the Father (Ética dos Pais) foram as primeiras publicações, seguidas depois por muitas
outras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a sociometria, a terapia de grupo e o psicodrama
tiveram aplicações práticas e um importante reconhecimento. A Cruz Vermelha adotou o
treinamento psicodramático e sociométrico como método para tornar mais humano seu
atendimento. As Forças Armadas britânicas as usaram na seleção e no treinamento de
soldados e para reduzir as perdas por problemas psicológicos. A psicoterapia de grupo tornou-
se o tratamento preferido nos hospitais militares, não somente em vista do custo mais baixo,
mas por tratar-se de uma terapia eficaz. “As pessoas ficam doentes num grupo; elas se
recuperam melhor num grupo...”. (MORENO, 1997, autobiografia)
Acompanhado por Zerka, Jacob visitou inúmeros países para divulgar suas ideias e
métodos terapêuticos. Entre seus livros destacam-se: Sociometry, Experimental Method and
the Science of Society, publicado em 1951, Who Shall Survive, revisto em 1953, e vários
outros sobre psicodrama.
Jacob casou-se tres vezes e teve um casal de filhos. Sua ultima esposa, Zerka Toeman,
foi sua parceira até sua morte, sendo grande responsável pela sistematização da sua obra nos
Estados Unidos e a divulgação do psicodrama pelo mundo.
Jacob Levy morreu em Beacon, em 14 de maio de 1974, aos oitenta e cinco anos de
idade e pediu que em sua sepultura fossem gravadas as seguintes palavras:
“Aqui jaz aquele que abriu as portas da Psiquiatria à alegria”.

3. A teoria de Jacob Levy Moreno


O psicodrama está intimamente ligado ao trabalho com grupos. O conceito básico de
grupo define-se por reunião de pessoas, pequena associação ou reunião de pessoas unidas para
um fim comum (Holanda Ferreira, 1986, p. 871). Mas, para fins psicoterápicos, tem em
Moreno sua definição oficializada no Encontro Anual da Associação Psiquiátrica Americana,
conhecida como Simpósio da Filadélfia, em 1932: “É uma forma de tratamento que se propõe
como tarefa, tratar tanto o grupo como um todo, como cada um de seus membros através da
mediação do grupo (Moreno, 1959, p.19). E a psicoterapia de grupo surgiu como oposição aos
tipos de análise individualizantes como a Psicanálise de Freud.
A Socionomia foi a ciência criada por Moreno para estudar as leis que regem o
comportamento social e grupal. Dentro desta teoria, existem três ramos: sociodinâmica,
sociometria e sociatria. Moreno (1994, pp. 36-93) desenvolveu extensas pesquisas
sociométricas de organizações espontâneas do ser humano, buscando determinar princípios
que regem o funcionamento dos grupos. Ou seja, a Sociodinâmica estuda a estrutura e a
dinâmica dos relacionamentos interpessoais e o método que é usado é o role-playin
(Gonçalves, Wolf, Almeida, 1988). A Sociometria tem a função de mensurar as relações
interpessoais e a técnica utilizada é o Teste Sociométrico (Moreno, 1954). Por último, a
Sociatria é “um método de terapia social” (Blatner e Blatner 1996, pg. 68), e tem como
subdivisões o psicodrama e o sociodrama.
Com bebês no primeiro ano de vida, identificou um estágio inicial chamado de
isolamento orgânico, caracterizado por isolamento total até aproximadamente dois meses de
idade, quando o choro de um começou a chamar a atenção dos outros, dando início ao
reconhecimento entre eles. O desenvolvimento do grupo de bebês continuou até, entre a 20 a e
a 28a semana, quando os mais próximos fisicamente começaram a se reconhecer e a sentir-se
atraídos, fazendo com que as inter-relações grupais passassem a ser determinadas pelo grau de
proximidade ou distanciamento físico, caracterizado o segundo estágio, chamado de
diferenciação horizontal. Por volta da 40a a 42a semana, os bebes começaram a se locomover,
o que ressaltou as diferenças em força física e agilidade mental entre eles, alterando a
organização do grupo. Quando alguns centralizaram mais atenção, destacaram-se numa
liderança em relação aos outros, que se deixaram liderar, enquanto alguns permaneceram
isolados. A estrutura grupal passou, com estes movimentos, de uma tendência horizontal para
a diferenciação vertical.
No desenvolvimento de grupos de bebês ocorreram então três períodos: isolamento
orgânico, diferenciação horizontal e diferenciação vertical. Essa tendência de evolução de
grupos, das formas mais simples para outras mais complexas foi chamada de lei
sociogenética.
A seguir, com uma população de alunos de ambos os sexos de uma escola pública em
Nova York, Moreno utilizou testes sociométricos para pesquisar a evolução dos grupos,
anualmente, desde o jardim da infância até a oitava série. As escolhas podiam ser
preferências, rejeições ou indiferenças, referentes a um critério determinado, tendo sido
observado um aumento gradual nas escolhas com reciprocidade dos quatro aos onze anos,
passando a esta idade até diminuir. A frequência de crianças isoladas e não escolhidas
aumentou entre os quatro e sete anos, diminuindo gradualmente até os treze anos e voltando a
aumentar após esta idade. Com a evolução dos grupos, as escolhas tenderam a maior
reciprocidade, aumentando o número de pares, surgindo cadeias de triângulos.
Moreno (1994, p. 187) observou que essas escolhas a se dividir desigualmente, ao que
chamou de lei sociodinâmica. Alguns poucos são mais escolhidos, enquanto outros, em
número maior, concentram poucas escolhas, permanecendo este efeito mesmo se o grupo é
aumentado ou quando o indivíduo muda de grupo. Esse status sociométrico constitui um
referencial diagnóstico importante da posição do indivíduo em outros grupos, assim como de
suas possibilidades de sucesso.
Moreno (1994, p. 180) atribuiu essa tendência, de dupla direção, para o aumento na
reciprocidade das escolhas sociométricas ao fator tele definido como a unidade mais simples
de sentimento que se transmite entre os indivíduos. Constitui o fundamento dos
relacionamentos saudáveis, sendo assim essencial numa psicoterapia. Desenvolve-se desde o
nascimento, havendo, porém, uma tendência do ser humano em distorcer suas percepções de
si e dos outros, em função de necessidades e fantasias próprias, ao que Moreno utilizou o
termo transferência. Por influência da tele e da transferência, as escolhas sociométricas
determinam uma estrutura interna peculiar de cada grupo, geralmente muito diferente da
externa. Configura as alianças e os subgrupos, que favorecerão a diferenciação vertical do
grupo.
O conjunto das escolhas sociométricas feitas e recebidas por um indivíduo, segundo
um critério determinado, constitui o seu átomo social, também influenciado pela tele e pela
transferência. Partes desses átomos se ligam a outros e, assim, sucessivamente vão formando
as redes sociométricas, responsáveis pela transmissão da opinião pública. Nos grupos, essas
redes podem cristalizar relações de papel e contra papel, dificultando aos participantes
buscarem novas posições ou ampliarem suas experiências.
Moreno (1993, pp. 68-70) observou que a experiência compartilhada pelos
participantes nos grupos provoca o desenvolvimento de vivências comuns inconscientes,
interligadas, ao que chamou de estados co-conscientes e co-inconscientes. Contribuem para o
clima do grupo, na medida em que as três tendências de estrutura inicialmente observadas nos
agrupamentos de bebês estão presentes em outros grupos, determinando uma evolução grupal
de formas mais simples para outras complexas.
Através do “Teatro da Improvisação”, Moreno percebeu os benefícios terapêuticos da
dramatização. O seu primeiro caso foi o de Barbara e George (Moreno, 1985, p. 53). Barbara
era uma atriz que representava papéis angelicais, por isso George teria se apaixonado por ela,
quando se casaram, ele percebera que ela, fora dos palcos, tinha a personalidade oposta aos
das personagens que interpretava (Gonçalves, Wolff e Almeida,1988). A partir disso, Moreno
sugeriu que ela passasse a interpretar papéis mais vulgares e agressivos. George percebeu que
desde quando ela passou a representar essas personagens, Bárbara havia mudado de
comportamento, muitas vezes quando ela teria um comportamento agressivo se lembrava da
personagem que interpretava e ria das situações vividas (Moreno, 1985).
Podemos colocar que os cinco componentes do psicodrama seriam: o cenário (espaço
delimitado destinado à dramatização), o protagonista (é a pessoa que emerge, com o
consentimento do grupo, para dramatização), o diretor (é o terapeuta que coordena a sessão),
o ego-auxiliar (é quem interage na cena com o protagonista, fazendo os papéis
complementares) e o público (é o conjunto dos demais participantes).

4. Referencial Teórico
Segundo Gonçalves at al (1998), a história da obra de Moreno é marcada por quatro
momentos criativos: 1) religioso-filosófico; 2) teatral e terapêutico; 3) sociológico-grupal;
4) momento de organização-consolidação.
Em abril de 1921, a criação do psicodrama e a publicação do livro “O teatro da
Espontaneidade”, pois neste período estava envolvido com o teatro, onde também se destacou
o envolvimento com o social e a preocupação com os grupos. E por fim Moreno cria e
consolida a teoria da socionomia. (GONÇALVES, ET ali, 1988).
O psicodrama é uma terapia de base fenomenológica-existencial, assim como outras
terapias como podemos citar a gestalt-terapia, pois partem da vivência e em ajudar a
experienciar sua existência, buscando a compreensão do ser. O psicodrama busca fazer o
sujeito atingir uma existência genuína, despretensiosa e criativa.
As psicoterapias de base fenomenológica-existenciais procuravam, a partir da análise
existencial de Ludwig Binswanger (1881-1966), que por sua vez inspirou-se em Freud e
Heidegger, o sentido da vida e da luta do homem (...). Pretende ter a dimensão maior,
além dos níveis psicológicos e psicopatológico, estabelecendo meta a busca de referências
éticas, espirituais, filosóficas e axiológicas. Surgiram como oposição ao determinismo das
terapias chamadas científico-naturalistas ou explicativo causais.

Segundo Rojas-Bermudez “O psicodrama é uma técnica psicoterápica cujas origens


se acham no teatro, na psicologia e na sociologia. Do ponto de vista técnico, constitui, em
princípio, um processo de ação e da interação”.
Seu núcleo é a dramatização, diferentemente das psicoterapias puramente verbais, o
psicodrama faz intervir manifestamente, o corpo em suas variadas expressões e interações
com outros corpos (Bermudez, 1970).
Moreno criou o Psicodrama, e sua maior inspiração foi o teatro onde criou um tipo
de representação na qual desempenhava papéis através da dramatização onde é possível
ampliar a espontaneidade e a criatividade. Suas primeiras experiências foram com refugiados
e prostitutas, um trabalho com os “excluídos” pela sociedade; e seu intuito era amenizar as
dores e reintegrá-los na sociedade, como também criar uma reorganização social, e melhorar a
vida destas pessoas.
O psicodrama é uma abordagem psicoterápica em grupo, onde um indivíduo
visualiza o seu problema e se torna um agente terapêutico na vida dos demais do grupo.
Porém sua obra é ditada como de difícil entendimento e decodificação, diversos autores já
escreveram sobre essa dificuldade. Marineau afirma que “As razões (de atenção e
compreensão da sua obra) se assentam muito mais nas dificuldades para aprender uma
filosofia, da maneira como foi apresentada pelo próprio Moreno, por vezes carentes de
unidade e coerência...” (Marineau, 1992, p.09). O fato é que essa obra fornece subsídios
para ser reconhecida cientificamente, tendo como base a espontaneidade, a criatividade e
a conserva cultural. O psicodrama que é a parte mais popular da obra de Moreno e
conhecida como um método científico de intervenção sofre várias críticas que são a favor
ou contra.

O psicodrama é apenas uma das teorias de moreno, que na verdade chama-se


socionomia; que é o estudo das leis que regem o funcionamento dos grupos sociais. A
desorganização na escrita, e no uso dos termos por Moreno contribuíram para que essas obras
tivessem difícil compreensão e apreensão. Depois de muitos estudos, pode-se dizer de forma
simples que a Socionomia, ciência criada por Moreno, como hoje é conhecida e estruturada,
surgiu baseada em todas essas obras, seus experimentos e do método psicodramático.
Ao invés de se submeter totalmente as conservas da cientificidade dominante,
comprometeu-se com a transmutação de conceitos. “Embora as exigências racionais
o tenham absorvido, criando técnicas e testes, métodos quantitativos, nunca perdeu o
sentimento de fé no potencial humano e em sua busca cósmica” (Ramalho, 2002,
p.35)
A partir do teatro de improvisação, realizado em Viena (1921), Moreno revelou ter
tomado “consciência das possibilidades existentes na representação, na vivencia
ativa e estruturada de situações psíquicas conflituosas” (moreno, 1999, p.27)

O psicodrama que conhecemos hoje, suas técnicas, princípios e até esse nome
demoraram algum tempo para se configurarem, mas tem seu lugar científico da Socionomia,
mais especificamente na sua ramificação classificada como Sociatria. Aplicado como método
didático aplicado ao ensino, como método de pesquisa aplicado a pesquisa nas ciências
humanas e sociais e como método interventivo aplicado na psicoterapia. O uso devido permite
a liberação de espontaneidade e o afloramento de atos criativos.
O método psicodramático também é um método sempre aberto a novas investigações,
como é o fenomenológico. Para Moreno, “uma resposta provoca cem perguntas”. Por ser um
método aberto, não se conclui que o método psicodramático seja caótico e desordenado, mas
pelo contrário, ele permite acompanhar um mundo em constante movimento de criação
(GONÇALVES, ET ali, 1988, p.28).

5. A socionômica de Moreno
As principais teorias da socionomia de Moreno: a sociodinamica, a sociometria e a
sociatria. A socionomia é o estudo das leis que regem a relações humanas; a sociodinâmica
estuda as relações interpessoais (método role Playing) e a sociometria estuda a estrutura
destas relações, verifica a relação entre as pessoas (principal método é o teste sociométrico), e
por último a sociatria, que é a terapêutica das relações sociais, onde encontramos o
psicodrama, a psicoterapia de grupo e o sociodrama.

6. A Importância de Jacob L. Moreno para os Processos Grupais


Verifica-se a grandiosidade da obra de Moreno para desenvolver as relações nos
grupos através de uma prática de mediação grupal, facilitando e ajudando a tomada de
decisões, desenvolver autonomia, organização e possibilidades de gerir conflitos, reforçando
as vivencias e desafios da vida.
O que propõe Moreno, em termos psicoterápicos, para lidar com este excluído da
saúde mental? Ele fala de um trabalho voltado á ação preferencialmente em grupo. Parte da
visão de que uma pessoa é, antes, uma multiplicidade de papéis um processo coletivo
composto por singularizações em ato. O método psicodramático grupal se baseia numa análise
sociométrica das relações que vão se configurando no aqui e agora do contexto grupal, que
por sua vez traduzem uma trama inconsciente que se manifesta na particularidade de
protagonistas, mas representam também os atravessamentos de toda ordem, um Drama maior,
coletivo. Se o sofrimento psíquico é um problema da civilização moderna, o tratamento sócio-
psicodramático incluirá esta mesma civilização (tomada concreta) na experiência grupal
(MOURA, op. Cit).
Sua contribuição foi extremamente relevante não somente na psicologia, assim como
para outros campos de conhecimento. Moreno estrutura cinco etapas da formação da matriz
da identidade 1) fase da indiferenciação, em que a criança, a mãe e o mundo são percebidos
como um só; 2) fase do reconhecimento do eu, momento em que a criança percebe o outro e
começa a individualizar-se criando sua identidade como pessoa; 3) fase do reconhecimento
do tu, a criança volta para si e percebe-se como ser independente, já conseguindo identificar
suas sensações; 4) fase da tomada de papéis, percebe o outro e as influências que ele sofre
devido suas ações; 4) fase de inversão de papéis, neste momento a criança vive
constantemente a troca de papéis permitindo que os outros assumam seu papel. Resumindo:
(1) fase do duplo – período de indiferenciação que a criança precisa de outro (ego-auxiliar)
para fazer o que não consegue fazer sozinha; (2) fase do espelho – composta por dois
movimentos, o de se concentrar em si mesma e esquecer o outro e o de focar no outro e
esquecer-se de si mesma; (3) fase da inversão – primeiro a criança se permite assumir o lugar
do outro para depois inverter concomitantemente os papéis outro-eu / eu-outro.
Para compreender a última fase do desenvolvimento, deve-se conhecer a teoria dos
papéis de moreno. Papel segundo Moreno é a menor partícula social em que percebemos a
atuação do sujeito, e sua forma de atuação em cada situação. Os papéis são divididos em
psicossomáticos; os papéis sociais; e os psicodramáticos. A composição de um novo papel se
divide em três fases; o role taking, role playng e role creating. E diante dessas demonstrações
a respeito dos matizes, chegou ao desempenho espontâneo e criativo, Moreno desenvolveu
algumas técnicas psicoterápicas para ajudar as pessoas a saírem da inércia. E poderem realizar
papel fundamental com movimento e criatividade.
Pode-se dizer que a teoria de Moreno, tem como base conceitos filosóficos como o
encontro, espontaneidade, criatividade, aqui-e-agora, teatro e conceitos teórico-técnicos como
momento, teoria dos papéis, tele, role playng, conserva cultural, entre outros; que somados as
técnicas psicodramáticas compõe uma intervenção terapêutica que se propõe não reduzir a
psicoterapia ao ato verbal. (Almeida, Wilson Castello, 2006 – Psicoterapia Aberta)

7. Conclusão final
Por fim, verificamos em nosso estudo que existem imensas possibilidades para
trabalhar com dinâmicas de grupo com a abordagem de Moreno; sua dinâmica de grupo é rica
e fundamental para desenvolver na prática e em diversas áreas de atuação.
Precursor na psicoterapia de grupo, Moreno da mesma forma o foi na dinâmica de
grupo, pois gerou resultados grupais com a readaptação social de prostitutas em Viena.
A abordagem memoriana, o psicodrama, elucida esse processo de desenvolvimento
para reconhecer os papéis de cada sujeito dentro do grupo, compreender, esclarecer
enfrentamentos, ademais de temas subentendidos do co-consciente ou do co-inconsciente
grupal.
Colabora para esclarecer possibilidades e ao mesmo tempo proporcionar a
espontaneidade. Moreno fortalece as possibilidades criativas do sujeito, e proporciona o
entendimento da dinâmica dos acontecimentos e processos grupais.
8. Referências Bibliográficas

AFFONSO, M. L. (org.) Oficinas em Dinâmicas de Grupo, um método de intervenção


Psicossocial; São Paulo: Casa do Psicólogo; 2006;
ALMEIDA, Wilson Castello (2006) Psicoterapia aberta: o método do psicodrama, a
fenomenologia e a psicanálise. São Paulo: Editora Ágora.
________ Almeida, Wilson Castello, 2000 – Psicoterapia Aberta;

Brasil – Resenha Uma Importante contribuição para o Processo Grupal na Abordagem da


Teoria Histórico-Cultutral – Marcello Dalla Vecchia encontardo em: https:www.scielo.br ;

FEBRAP - Federação Brasileira de Psicodrama;https://febrap.org.br; O que é o


Psicodrama;

GONÇALVES, Wolff. Almeida. Introdução ao Pensamento de J. L. Moreno. São Paulo,


Agora, 1998;
_________ Gonçalves et all; 1988, p. 28;

Instituto Morashá de Cultura; morasha.com.br/ Jacob Levi Moreno; Biografias.morasha;

MARINEAU, René F. (1992) Jacob Levy Jacob, 1889-1974: pai do psicodrama, da


sociometria e da psicoterapia de grupo. São Paulo: Editora Ágora;
__________ Marineau, 1992, p.09;

MORENO; J. L. Jacob. Autobiografia. Organização Luiz Cushnir Ed. Saraiva 1997;


MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo;
_________ Moreno, 1954
_________ Moreno 1985, p 53
_________ Moreno 1993; PP 68-70
_________ Moreno 1998. P.187
_________ Moreno 1999, p. 27

MOURA, op. Cit.

OSÓRIO, Luiz, Carlos. Psicologia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era.
Porto Alegre, Artmed, 2003. Ibdim;

OJAS-BERMÚDEZ, Jaime G. (1970) Introdução ao Psicodrama. São Paulo: Mestre Jou


Jacob Institute East

JACOB Levy Moreno. Wikipédia, 2023. Disponível em:


https://en.wikipedia.org/wiki/Jacob_L._Moreno. Acesso em: 08 de abr. de 2023.

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