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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTC

CURSO DE PSICOLOGIA

ALEXANDRE CESAR RIBAS DA CRUZ


ERIANE DOS SANTOS MATA
GEANINI SAMPAIO BARREIROS
HELENA AMARAL COSTA
IRENE SILVA ALVES
JESSICA ALVES DE SOUZA DANTAS DA SILVA
TAILAN MORAIS DA SILVA
TONY TIERRY GOMES DE MATOS

SANDOR FERENCZI

Salvador - BA
2021
1

ALEXANDRE CESAR RIBAS DA CRUZ


ERIANE DOS SANTOS MATA
GEANINI SAMPAIO BARREIROS
HELENA AMARAL COSTA
IRENE SILVA ALVES
JESSICA ALVES DE SOUZA DANTAS DA SILVA
TAILAN MORAIS DA SILVA
TONY TIERRY GOMES DE MATOS

SANDOR FERENCZI

Pesquisa apresentada como requisito avaliativo da


disciplina Psicanálise, no Curso de Psicologia, no
Centro Universitário UniFTC.

Salvador - BA
2021
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SUMÁRIO

VIDA E OBRA 3

PRINCIPAIS CONCEITOS 12

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS COM FREUD 16

CONTRIBUIÇÕES EM PSICANÁLISE 18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19
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VIDA DE SANDOR FERENCZI

Um dos maiores Psicanalistas registrados Ferenczi, seguidores de da Psicanalise de


Freud, nasceu em Miskolcz em 7 de julho de 1873, filho de Judeus e Poloneses emigrados na
Hungria. Seu pão era um livreiro/editor e ativista político que através do seu engajamento pela
independência da Hungria modificou o nome originário da família, e foi assim que em 1879,
Alexander Frankel tornou-se Sándor Ferenczi.
Frerenczi acompanhava o pai na livraria e com isso começava a desenvolver seu gosto pela
literatura, poesia e experimentos da hipnose.

Aos 15 anos seu pai faleceu, aos 17 estudou medicina em Viena, formando-se aos 21
anos em clinica geral e neuropsiquiatria. Posicionava-se contra a falta de ética e a hipocrisia
nas instituições medica. Atendeu prostitutas, população carente em geral e em 1906 assumiu
publicamente o apoio aos homossexuais em um artigo. Entre 1897 e 1908 já havia publicado
104 artigos, estudo de casos, ensaios e resenhas; e como psicanalista publicou mais de 144
artigos. Seus trabalhos podem ser divididos em duas grandes fases: a primeira iniciada em
1908, ano em que encontra Freud pela primeira vez, e concluída em 1923. A segunda fase
começa em 1924, até sua morte, em 1933, onde acontecem suas contribuições mais criativas.

Em 1894, Ferenczi obtém o seu diploma de medicina em Viena na Áustria e começa a


interessar-se pelos fenômenos psíquicos e pela hipnose.
Em 1897, Ferenczi opta pela carreira médica e começa a trabalhar no Hospital Saint
Roch, em Budapeste, onde logo se mostrou adepto da medicina social e se tornou médico
assistente no asilo de pobres e prostitutas.
Em 1899, publica inúmeros artigos pré-analíticos até 1908, entre eles Espiritismo,
dedicado à transmissão de pensamento, mas é em 1900 que se estabelece como neurologista,
sendo chefe do serviço de Neurologia em 1904.
Em 1906, sempre pronto a ajudar os oprimidos, a escutar os problemas das mulheres e
a socorrer os excluídos e marginais, tomou a defesa dos homossexuais em um texto corajoso
apresentado à Associação Médica de Budapeste.
Em 1907, entusiasmou-se pela obra de Freud, e depois de ler A Interpretação dos
Sonhos, visitou Freud em 1908, acompanhado de seu colega e amigo Fulop Stein. Iniciou
assim a longa relação com aquele que se tornaria seu analista, mestre e amigo. Freud e
Ferenczi compartilharam várias férias de verão.

Em 1908, Ferenczi participou do I Congresso de Psicanálise em Salzburgo e fez uma


conferência sobre “Psicanálise e Pedagogia”. Um ano mais tarde, acompanhou Freud na sua
célebre viagem aos Estados Unidos, juntamente com Jung e publicou seu primeiro grande
trabalho teórico Transferência e Introjeção.

Em 1909, fundou a International Psychoanalytical Association (IPA).


Em 1913, criou com Sándor Rado, Istvan Hollos, Lajos Levy e Hugo Ignotus a
Sociedade Psicanalítica de Budapeste. Membro do Comité Secreto de Psicanálise, a partir de
1913 participou de todas as atividades da Direção do movimento freudiano.
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Em 1914, Ferenczi analisou duas grandes figuras do movimento psicanalítico: Geza


Roheim e Melanie Klein, e em 1918 é eleito presidente da Associação Internacional de
Psicanálise.
Em 1924, publica Thalassa: Ensaio sobre a Teoria da Genitalidade obra sobre o trauma
do nascimento.

Aos 60 anos de idade, em 24 de maio em Budapeste ele morreu, de forma repentina,


decorrente de problemas respiratórios provocados por uma anemia perniciosa.

PRINCIPAIS OBRAS DE SANDOR FERENCZI

Sua amizade com Freud rendeu vários trabalhos teóricos com ênfase no tratamento da
psicose e graças à contribuição de Sandor temos registrado materiais para avaliação de
transtorno de caráter, narcisismo e tantos outros. Ferenczi ficou conhecido por não medir
esforços em experimentar novas técnicas e por tratar pacientes com casos de difícil
tratamento. Diversas são suas obras e artigos e dentre todas elas destacam-se os emas da
introjeçãoe projeção, a ênfase sobre o papel estruturante do objeto externo no
desenvolvimento psíquico, a regressão na cura analítica, a importância dos vínculos – relação
mãe e bebê, o impacto do trauma infantil na constituição do sujeito, a distinção do trauma, do
traumatismo, a clivagem corpo e psiquismo. No desenvolvimento das questões técnicas,
propôs a necessidade de contato emocional entre analista e analisando para a efetiva
realização de um processo de mudança psíquica; ressaltou a importância da empatia e da
contratransferência como paradigma técnico, e a defesa da psicanálise para não médicos.

Abaixo segue as obras de Sandor Ferenczi:

• Do alcance da ejaculação precoce

• As neuroses à luz do ensino de Freud e da psicanálise

• Interpretação e tratamento psicanalíticos da impotência psicossexual

• Psicanálise e pedagogia

• A respeito das psiconeuroses

• Interpretação científica dos sonhos

• Transferência e introjeção

• Palavras obscenas. Contribuição para a psicologia do período de latência

• Anatole France, psicanalista

• Um caso de paranoia deflagrada por uma excitação da zona anal

• A psicologia do chiste e do cômico


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• Sobre a história do movimento psicanalítico

• O papel da homossexualidade na patogênese da paranoia

• O álcool e as neuroses

• Sonhos orientáveis

• O conceito de introjeção

• Sintomas transitórios no decorrer de uma Psicanálise

• Um caso de déjà vu

• Notas diversas

• A figuração simbólica dos princípios de prazer e de realidade no mito de Édipo

• Filosofia e psicanálise

• Sugestão e psicanálise

• Notas diversas

• O conhecimento do inconsciente

• Contribuição para o estudo do onanismo

• Importância da psicanálise na justiça e na sociedade

• Adestramento de um cavalo selvagem

• A quem se contam os sonhos?

• A gênese do jus primae noctis

• Liébault, sobre o papel do inconsciente nos estados psíquicos mórbidos

• Excertos da psicologia de Hermann Lotze

• Fé, incredulidade e convicção sob o ângulo da psicologia médica

• O desenvolvimento do sentido de realidade e seus estágios

• O simbolismo dos olhos

• O complexo do avô

• Um pequeno homem-galo

• Um sintoma transitório: a posição do paciente durante o tratamento

• Averiguação compulsiva de etimologia


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• Simbolismo dos lençóis

• A pipa, símbolo de ereção

• Parestesias da região genital em certos casos de impotência

• Os gases intestinais: privilégio dos adultos

• Representações infantis do órgão genital feminino

• Concepção infantil da digestão

• Causa da atitude reservada de uma criança

• Crítica de Metamorfoses e símbolos da libido, de Jung

• Ontogênese dos símbolos

• Algumas observações clínicas de pacientes paranoicos e parafrênicos

• O homoerotismo: nosologia da homossexualidade masculina

• Neurose obsessiva e devoção

• Sensação de vertigem no fim da sessão analítica

• Quando o paciente adormece durante a sessão de análise

• Efeitos psíquicos dos banhos de sol

• Mãos envergonhadas

• Esfregar os olhos: substituto do onanismo

• Os vermes: símbolo de gravidez

• O horror de fumar charutos e cigarros

• O esquecimento de um sintoma

• Ontogênese do interesse pelo dinheiro

• Análise descontínua

• Progresso da teoria psicanalítica das neuroses

• A psicanálise do crime

• Contribuição para o estudo dos tipos psicológicos (Jung)

• Anomalias psicogênicas das fonação

• O sonho do pessário oclusivo


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• A importância científica dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de Freud

• Uma explicação do déjà-vu, por Hebbel

• Análise das comparações

• Dois símbolos típicos fecais e infantis

• Espectrofobia

• Fantasias de Pompadour

• Loquacidade

• XLIX O leque como símbolo genital

• L. Policratismo

• LI. Agitação em fim de sessão de análise

• LII. A micção, meio de apaziguamento

• LIII. Um provérbio erótico anal

• LIV. Supostos erros

• LV. A psicanálise vista pela escola psiquiátrica de bordéus

• LVI. A era glacial dos perigos

• LVII. Prefácio para a obra de Freud: Sobre os sonhos

• LVIII. A propósito de la représentation dês personnes Inconnues ET dês lapsus


linguae (Claparède)

• LIX. Inversão de afetos em sonho

• LX. Uma variante do símbolo calçado para representar a vagina

• LXI. Dois tipos de neurose de guerra (histeria)

• LXII. Formação compostas de traços eróticos e de traços de caráter

• LXIII. O silêncio é de ouro

• LXIV. Ostwald, sobre a psicanálise

• LXV. Polução sem sonho orgástico e orgasmo em sonho sem polução

• LXVI. Sonhos de não iniciados

• LXVII. As patoneuroses
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• LXVIII. Consequências psíquicas de uma castração na infância

• LXIX. Compulsão de contato simétrico do corpo

• LXX. Pecunia olet

• LXXI. Minha amizade com Miksa Schächter

• LXXII. Crítica da concepção de Adler

• LXXIII. A psicanálise dos estados orgânicos (Groddeck)

• LXXIV. A propósito de um sonho que satisfaz um desejo orgânico, de Claparède

• LXXV. A psicologia do conto

• LXXVI. Efeito vivificante e efeito curativo do ar fresco e do bom ar

• LXXVII. Consulta médica

• LXXVIII. Neuroses do domingo

• LXXIX. Pensamento e inervação muscular

• LXXX. Repugnância pelo café da manhã

• LXXXI. Cornélia, a mãe dos Gracos

• LXXXII. A técnica psicanalítica

• LXXXIII. A nudez como meio de intimidação

• Dificuldades técnicas de uma análise de histeria

• A influência exercida sobre o paciente em análise

• Psicanálise das neuroses de guerra

• A psicogênese da mecânica

• Fenômenos de materialização histérica

• Tentativa de explicação de alguns estigmas histéricos

• Psicanálise de um caso de hipocondria histérica

• Psicanálise e criminologia

• Suplemento à psicogênese da mecânica

• Reflexões psicanalíticas sobre os tiques

• O simbolismo da ponte
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• Prolongamentos da técnica ativa em psicanálise

• Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade (4ª edição revista e aumentada, 1920)

• Georg Groddeck: o explorador de almas

• A propósito da crise epiléptica

• Para compreender as psiconeuroses do envelhecimento

• A psicanálise dos distúrbios mentais da paralisia geral (teoria)

• Psicanálise e política social

• O simbolismo da ponte e a lenda de Dom Juan

• A psique como órgão de inibição

• Psicologia de grupo e análise do ego, de Freud

• Considerações sociais em certas psicanálises

• Nota de leitura: Contribuições clínicas para a Psicanálise, do Dr. Karl Abraham

• Ptialismo no erotismo oral

• Os filhos de alfaiate

• A materialização no globus hystericus

• A atenção durante o relato de sonhos

• Arrepios provocados pelo ranger do vidro, etc

• Simbolismo da cabeça da Medusa

• Tremedeira e auto-observação narcísica

• Um pênis anal oco na mulher

• O sonho do bebê sábio

• Compulsão de lavagem e masturbação

• A psicanálise a serviço do clínico geral

• Prefácio da edição húngara da Psicopatologia da vida cotidiana, de S. Freud

• Prefácio da edição húngara de Para além do princípio de prazer

• Perspectivas da psicanálise

• As fantasias provocadas
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• Ciência que adormece, ciência que desperta

• Ignotus, o compreensivo

• Thalassa: ensaio sobre a teoria da genitalidade

• Psicanálise dos hábitos sexuais

• Charcot

• Contraindicações da técnica ativa

• As neuroses de órgão e seu tratamento

• Para o 70º aniversário de Freud

• A importância de Freud para o movimento da higiene mental

• O problema da afirmação do desprazer

• Crítica do livro de Rank: técnicas da Psicanálise

• Fantasias gulliverianas

1928

I. A adaptação da família à criança

II. O problema do fim da análise

III. Elasticidade da técnica psicanalítica

1929

IV. Masculino e feminino

V. A criança mal acolhida e sua pulsão de morte

1930

VI. Princípio de relaxamento e neocatarse

1931

VII. Análise de crianças com adultos


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1933

VIII. Influência de Freud sobre a medicina

IX. Confusão de língua entre os adultos e a criança


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CONCEITOS

A insensibilidade do analista: Ferenczi criticou a postura distante adotada pela maior


parte da comunidade psicanalítica. Esse conceito é compreendido como uma forma de
hipocrisia, uma recusa por parte do analista, dos próprios afetos de amor e sobretudo de ódio.
A Noção de Sensibilidade é oriunda do campo da estética e é usado pelo autor como a
capacidade de afetar e ser afetado pelo outro e não no sentido de benevolência ou
compreensão ilimitada. O termo Insensibilidade ou hipocrisia a principal figura do álibi
passível de ser empregado pelos analistas para escapar das duras conseqüências do ato
analítico. Manifesta-se pelo rígido apego à técnica, regulada pelo princípio de abstinência e
pelo rígido apego à teoria ou ao intelectualismo.

A libido do analista: A libido do analista tem um lugar crucial no acontecimento


clínico, e o trabalho de análise só pode ocorrer se promover um autêntico encontro de afetos.
O encontro de afetos propiciaria o “diálogo entre inconscientes”, sendo que o psicanalista
deveria comparecer de corpo presente.

Questionamento do saber do psicanalista: é no sentido de um questionamento deste


saber que se pode afirmar que a libido do psicanalista está efetivamente implicada no
processo analítico, sem álibis

A contratransferência real: A problemática da libido vai ao encontro com a questão da


transferência e contratransferência. Contratransferência: inicialmente vista como uma falha,
aludindo a questão dos limites de e para uma análise; e posteriormente compreendida como
um norteador do trabalho analítico. A transferência para Ferenczi é produzida no encontro
entre analista e analisando. O analista está diretamente implicado na maior parte das
manifestações transferenciais dos seus analisandos. A contratransferência não é vista como a
mera reação afetiva no analista neutro, de manifestações afetivas do paciente como guia para
interpretação, nem como reação humana indesejada que comprometeria o bom curso da
análise. Parao o autor, contratransferência abrangeria tanto a expressão dos afetos advindos
dos próprios investimentos transferenciais do analista quanto as resistências e pontos cegos
nele suscitados pelo impacto dos afetos direcionados.

Concepções gerais: Ferenczi não mais se perguntava o que fazer na clínica, mas sim
como fazer no aqui e agora das sessões! Em síntese, o abandono das técnicas rumo a uma
estética da clínica coincide com o abandono da busca da definição de um “lugar” que pudesse
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ser ocupado pelo psicanalista junto ao psiquismo do analisando. Ferenczi vai abandonando a
concepção de uma tópica que seria ocupada pelo analista como objeto de investimento do
analisando na transferência, em direção a uma tentativa de definição do trabalho do analista
segundo uma concepção econômica, referente ao encontro afetivo que acontece na análise. O
que seria, então, uma psicanálise sem álibis e sem tantos semblantes? A figura do analista
como uma criança, órfão de certezas e garantias prévias é capaz de brincar, criar, entristecer-
se e rir junto daquele de quem se dispôs a tratar. Ferenczi sentiu a real necessidade de
modificar a técnica de atendimento e era tido como uma pessoa sensível, voltada para o
humano, o social. Na análise com Freud ressentiu-se com a falta de afeição, de acolhimento,
por parte do analista. Baseado nessa experiência começou, a desenvolver uma técnica
terapêutica que foi chamada de técnica ativa. Dedicou-se a “pacientes difíceis”, sendo ele
mesmo considerado assim, por sua história de vida e personalidade. Análise do jogo e
destaque à linguagem da ternura, permitiram uma ampliação dos limites do setting e a
legitimação do humor entre analista e analisando como modalidade privilegiada de produção
do saber em análise.

Transgressões aos conselhos técnicos de FREUD: Prolongamento do tempo das


sessões e oferta de mais de uma sessão no mesmo dia para analisandos em crise . Houveram
sessões fora do consultório, sessões sem divã, obedecendo os impulsos dos analisandos de
deambularem ou de olhar o analista nos olhos. Houve tmabém períodos sem “contrapartida
financeira”.

Ténica Ativa: Foi concebida a partir da estagnação do processo de associação livre. O


objetivo é o de superar a dificuldade causada pela estagnação da análise, da não apresentação
de material novo pelo paciente. Para Ferenczi, o prazer experimentado pelo analisando
durante as sessões, seria a causa da estagnação. Assim, provocando tensão, haveria um
surgimento de novo material associativo. “Atividade” se aplica mais ao paciente do que ao
analista. A proposta é exigir que o paciente abandone o papel passivo que lhe cabe na técnica
clássica. Consiste basicamente em impor a realização de uma tarefa determinada pelo analista,
ou impor alguma proibição. Ex: um paciente fóbico ser obrigado a enfrentar a situação
provocadora de sua fobia. Ferenczi chamava de técnica ativa a possibilidade do paciente fazer
ou deixar de fazer alguma coisa, ou seja, o paciente deveria ser ativo. A atividade do analista
se restringiria a sugerir ao paciente o que ele deveria fazer e então encorajá-lo a fazer tal
coisa. Essa forma de intervenção do analista, a princípio seria como uma ordem, regra,
proibição ou interdição. Deveria ser transmitida ao paciente de forma enérgica, embora em
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nota de rodapé em seu artigo “Psychoanalysis of Sexual Habits” (1925), sugeria que a
intervenção deveria ser feita sob a forma de um conselho ou sugestão amigável. Identificando
a importância dos atos sintomáticos, entendeu que a aparição de um sintoma transitório, uma
vez adequadamente compreendido e interpretado, pode levar a progressos terapêuticos
importantes. Portanto, seria dever do analista facilitar seu aparecimento. Além dos conteúdos
verbais da associação livre, o analista deveria levar em consideração o significado dos
elementos formais (comportamento) na situação analítica, a importância da permeabilidade
das associações e da interação entre a transferência do paciente e a técnica do analista, ou
seja, sua contratransferência. Ele questiona 2 aspectos da interpretação: seu papel e sua
oportunidade. A interpretação deveria ser usada de maneira econômica e somente após uma
avaliação cuidadosa de sua oportunidade, pois interrompe a associação livre. Questiona o
narcisismo do analista, como fonte abundante de erros. Atribui importância à dinâmica
psíquica do analista, diante da transferência e das resistências do paciente. Ferenczi esperava
que uma intervenção feliz do analista pudesse produzir um aumento considerável de tensão no
paciente e que isso, pudesse produzir dois resultados: Um retorno à consciência de um
impulso ou desejo instintual até então reprimido, mudando um sintoma desagradável, desse
modo reforçando e ampliando o poder do ego do paciente. Afastando as resistências, faria
recomeçar o fluxo das associações estagnadas ou esgotadas do paciente.

Princípio do relaxamento e neocartase: Neocartase: trata-se de construir a cena do


trauma, que perdeu sua voz e tornou-se pura sensação corporal. Cabe ao analista emprestar
sua própria fantasia e construir uma versão para o que não tem memória, nem palavra. Lançar
mão do seu lugar de “objeto possibilitador de introjeção”. O analista coloca sua própria
fantasia à disposição do paciente que tem uma lacuna em sua história. Ferenczi retoma a
questão da transferência materna em oposição à transferência paterna de Freud. O
acolhimento, ao invés da autoridade.

Princípio de Laissez-faire: Princípio da abstinência para Freud, a situação analítica


deveria se processar em um nível de frustração (tensão ou angústia), visando que o trabalho
associativo do analisando não cessasse em consequência das satisfações encontradas pela
demanda amorosa advindas na relação transferencial. Isso significa o resgate da situação de
“relaxamento” e mesmo da satisfação prazerosa propiciada pela situação analítica. Os 2
princípios encontram-se presentes na regra da associação livre.
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Benevolência materna: Resgate da afetividade na relação analista-analisando. Ferenczi


aponta o percurso da psicanálise como um crescente distanciamento afetivo (da relação
intensamente emocional de tipo hipnótico-sugestivo converte-se numa espécie de experiência
infinita de associações, portanto um processo essencialmente intelectual) . A função analítica
se aproxima de um acolhimento materno Analisandos que foram rejeitados (mal acolhidos)
pelos pais (especialmente a mãe) quando crianças tem sua “vontade de viver quebrada”. Para
estes, o procedimento psicanalítico clássico se mostra insuportável. A transferência é pensada
a partir do conceito de introjeção, articulado com a constituição da subjetividade, ou seja, da
noção do simbólico. Ela deve ser o suporte de introjeção que não foi realizado no trauma. O
analista é, portanto, o suporte das representações (construções imaginárias) a que visa a
introjeção do analisando. A transferência negativa, cujo objeto é o analista, faz deste o suporte
da função simbólica que falta à introjeção interrompida no trauma. Psicoterapia Psicanalítica
Breve – Sedes Sapientiae

Forma Terapêutica de Lidar com a Contratransferência

O analista tentaria manter um meio termo entre a reação muito rápida às emoções do
paciente e o controle de suas próprias reações emocionais de maneira muito cautelosa e rígida.
O analista deveria deixar-se levar, seguindo as associações e fantasias do paciente (associação
livre). A qualquer sinal de seu pré-consciente, o analista deveria interromper-se e submeter
tanto o material produzido pelo paciente, quanto suas próprias reações a esse material, a um
exame minucioso, uma espécie de teste de realidade, a fim de identificar qual interpretação
deveria ser dada nesse ponto. A análise mútua é uma análise onde a percepção que o paciente
tem dos sentimentos subjetivos do analista seria por este levada em consideração. Foi
mencionada apenas em seu diário clínico, por isso trouxe tantos questionamentos éticos.
Ferenczi parecia acreditar resolver o problema do aspecto artificial do comportamento do
analista através da imposição de uma total sinceridade, mas surgiriam outros problemas:
sedução pela interpretação, resistência diante do seu próprio processo analítico.
16

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS COM FREUD

Desde seus primeiros anos voltados a pratica da psicanálise Ferenczi se destacava pela
dedicação e pelo espírito empreendedor com o qual atuava e produzia suas importantes
contribuições ao estudo do psiquismo humano, era discípulo e grande amigo de Freud,
compartilharam dessa intimidade durante as décadas mais produtivas de ambos e mantiveram
uma ligação próxima, pelo menos, até os últimos anos da vida de Ferenczi. Trocaram centenas
de cartas, compartilharam não só inúmeras experiências e trabalhos como também visitas e
viagens. É, claramente, indiscutível a influência teórica de Freud nas obras de Ferenczi.
Distinguia-se essencialmente como um médico, um terapeuta, um clínico “empirista”, como
colocou certa vez numa carta a Freud; dedicava-se, portanto, muito mais à cura e ao alívio dos
sintomas de seus pacientes do que à construção teórica e metapsicológica do saber
psicanalítico.

Ferenczi foi um nome, prioritariamente, associado à clínica e à técnica analítica, vindo


daí suas maiores Sempre pensou e repensou o lugar ocupado pelo analista, se preocupou com
o andamento da análise, com o tratamento terapêutico e, acima de tudo, com o paciente em
questão. Pensando justamente nesses quesitos, buscava melhorias e inovações no que
concerne à prática analítica que, na época, ainda era algo a ser totalmente descoberto e
explorado. Chegou primeiro às suas formulações acerca da “técnica ativa”: uma ação/atitude
da parte do analista, no ambiente clínico, que visava à superação das paralisações do
tratamento e das resistências dos pacientes que não podiam ser vencidas apenas com
associações de idéias e interpretações; dessa maneira, algo “regredido” que impedia o
progresso da terapia e era de ordem narcísica (pré-edípica) poderia ser ultrapassado através de
um ato. Essa ação não só pretendia trabalhar a favor da análise e beneficiar a continuidade de
uma relação transferencial em prol da melhora do paciente como, pela primeira vez,
extrapolava a concepção de total passividade do analista. No desenvolver dessas primeiras
ideias técnicas mais distintas, Freud prognosticava o caminho para o qual provavelmente
seguiria a técnica analítica. Apesar das muitas contribuições que fez, Ferenczi morreu
isolado de seus colegas, que suspeitavam de sua reputação clínica e de seu equilíbrio
emocional. O último artigo escrito por Ferenczi, “Confusão de língua entre os adultos e a
criança” (Ferenczi, 1992a) seria o ponto máximo da discordância de Ferenczi com os rumos
da psicanálise do seu tempo. O trabalho foi recebido com desgosto por Freud e com surpresa
dentro do círculo mais íntimo de psicanalistas, por ser considerado um retrocesso às teorias
sobre o trauma abandonadas por Freud. De fato, de maneira bastante original Ferenczi
17

descrevia o trauma como uma falha no encontro afetivo entre linguagens distintas, a da
criança (ternura) e a dos adultos (paixão). Nesse sentido, passou a questionar a ênfase que
Freud atribuíra ao fator intrapsíquico como responsável pelo desenvolvimento da criança.
18

CONTRIBUIÇÕES EM PSICANÁLISE

Ferenczi, é o pioneiro da psicanálise húngara, teve grande importância tanto na


expansão de conhecimentos teóricos e técnicos e na problematização de certas comodidades
generalizadas na instituição psicanálise como na extensão mundial que a ciência psicanalítica
alcançava nos seus primeiros anos. Não apenas pela proposta de instituir uma Associação
Internacional de Psicanálise, no começo da década de 1910, e pela fundação da Sociedade
Húngara de Psicanálise, mas também pela crescente propagação, nos anos ulteriores, de suas
apresentações, estudos e análises didáticas, conferenciando, inclusive, durante alguns meses,
nos Estados Unidos, Ferenczi era um homem muitíssimo engajado com o movimento
psicanalítico e intimamente ligado ao objetivo de difundir amplamente a nova teoria que
apenas nascia naquele tempo. Pelo seu consultório passaram importantes nomes da
psicanálise mundial, como Melanie Klein, Michael Balint, Alice Balint, Géza Róheim, Ernest
Jones, Vilma Kóvacs, entre outros. Todos, de certa maneira, foram suscitados (ou inspirados)
por ele a continuarem na prática analítica e desenvolverem os próprios estudos.

Atualmente a importância de sua obra tem sido reconhecida pela atualidade das
questões abordadas, que se fala no debate do tratamento de vítimas de abuso sexual infantil,
em sua proposta de integração do biológico com a psicanálise e na investigação de transtornos
graves de caráter, estruturas narcisistas e pacientes limítrofes.
19

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Pinheiro, Teresa. Ferenczi - do grito à palavra, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1998.

Kuperman, Daniel. Presença sensível - cuidado e criação na clínica psicanalítica; Río de


Janeiro, civilização brasileira, 2008.

Sandor Ferenczi: síntese da vida e obra. PSICANALISE Clinica, Campinas, 11 de maio


2019.Disponível em: <https://www.psicanaliseclinica.com/sandor-ferenczi/>.

Zago Rosemeire. Biografia de Ferenczi. Disponível em:


<https://rosemeirezago.com.br/teorias/ferenczi/biografia-ferenczi/>.

LIVRO SÁNDOR FERENCZI E A PSICANÁLISE PELA ERRÂNCIA DAS


EXPERIMENTAÇÕES ( MARCOS MARIANI CASADORE).

Disponível em: <https://febrapsi.org/publicacoes/biografias/sandor-ferenczi/>.

Disponível em: < http://ferenczibrasil.com.br/sandor-ferenczi/importancia-para-a-


psicanalise/>.

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