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Análise Crítica

André Khoury, Bianca Campos, Larissa e Thaynara Brasil

i) Levantamento das considerações utilizadas nos desenvolvimentos dos Exemplos 4-2, 4-


3, 4-4 e 4-6, do livro do Fogler, e a sugestão sobre como transformar essas considerações
em condições que se aproximam da realidade (Que tipo de dado ou equacionamento ou
modelo poderia ser empregado no lugar das considerações para que a simulação
computacional fosse mais próxima da realidade?). Obs: Não é necessário realizar a
implementação dessas sugestões no programa computacional.

As considerações feitas nos exemplos 4-2, 4-3, 4-4 e 4-6 do livro do Fogler possuem o
intuito de facilitar os cálculos, contudo, algumas considerações podem ter impacto
significativo no resultado final dos cálculos do projeto. Tendo isso em vista, foram feitas
algumas sugestões com o objetivo de amenizar a diferença entre os resultados teóricos e
os práticos.

•Nos exemplos abordados, para os reatores PFR E PBR assume-se que não há dispersão e
que não existem gradientes radiais de temperatura, velocidade ou concentração,
possibilitando modelar o escoamento no reator como escoamento uniforme. Contudo, em
reações em reatores tubulares o escoamento é geralmente turbulento.
•No reator CSTR foi considerado uma mistura perfeita, no entanto, em um processo real
pode haver pontos mortos onde a reação não ocorre de maneira efetiva.
•Outra consideração feita é a de que o Etano na entrada do PFR é puro (yo=1) no entanto,
para que isso seja verdade é necessário que seja utilizado o reagente com 100% de pureza,
isso nem sempre é viável ou vantajoso financeiramente. A informação sobre a pureza do
reagente pode ser obtida com o fabricante.
•Outra consideração tomada é a de que o processo é isotérmico, porém num processo real
é inevitável que haja troca de calor do reator com sua vizinhança. Para evitar que essa
mudança de temperatura seja negligenciada, sugere-se que seja feita a medição da
temperatura de entrada e saída de cada um dos reatores. Assim, pode-se substituir os
valores medidos na equação abaixo, tornando os valores mais próximos da realidade.

Equação 1

•Outra consideração feita é a da idealidade dos gases, ignorando a influência das forças
intermoleculares nos cálculos realizados.
Para minimizar a diferença entre os valores teóricos e os práticos, pode-se utilizar equações
de gases que levam em conta a fuga da idealidade, que considera um fator de
compressibilidade Z ou utilizar a equação de Van der Waals, que considera forças
intermoleculares, a forma e volume das moléculas, por meio dos parâmetros a e b.
Equações 2 e 3 respectivamente:
Equação 2

Equação 3

•As reações envolvidas foram consideradas irreversíveis. Contudo, caso a constante de


equilíbrio seja muito baixa essa simplificação pode ocasionar em erros de cálculos, obtendo,
consequentemente, uma conversão menor que a calculada. Para verificar o impacto dessa
consideração, recomenda-se analisar o valor das constantes de equilíbrio de cada uma das
reações envolvidas e, caso elas sejam muito altas, é válida a consideração de
irreversibilidade.

• Foi feita uma generalização considerando as propriedades dos gases envolvidos


semelhantes às propriedades do ar devido à maior disponibilidade de dados.
No entanto, para resultados confiáveis e satisfatórios, é necessário que os dados utilizados
sejam correspondentes aos dos gases utilizados. Para isso, essas informações poderiam
ser tiradas do Handbook of Basic Tables for Chemical Analysis escrito por Paris Svoronos,
um livro referência com tabelas experimentais.

•Outra consideração feita é de que os tubos utilizados são novos e lisos, com rugosidade
relativa igual a zero (e/D=0).
Como ocorrem reações químicas dentro dos reatores podendo causar alterações como
corrosão por exemplo, esse valor pode variar. Com isso, é importante se atentar ao valor
real da rugosidade relativa para calcular o coeficiente de atrito f corretamente e estimar com
precisão a perda de carga.

ii) Avaliação dos efeitos das variáveis operacionais (temperatura, vazão volumétrica,
pressão, composição de alimentação e parâmetros de recheio do catalisador) na produção
final de etilenoglicol (vazão molar de saída e conversão). Obs.: Neste caso, é necessário
apresentar a comparação numérica entre os valores contidos nos exemplos do Fogler e
outro nível operacional selecionado pelo grupo. Por exemplo, para avaliar o aumento da
temperatura de uma determinada corrente, insere-se um novo valor de temperatura na
simulação e comparam-se os novos resultados calculados pela simulação com os
apresentados nos exemplos do Fogler.

Em primeiro lugar, vale destacar que o programa computacional apresenta uma


falha associada ao cálculo da conversão (X) pelo método Runge-Kutta. O valor obtido de
98% foge do esperado (80%) e não é viável de ser alcançado na prática, por se tratar de um
valor muito elevado. Esse erro pode ter diversas origens, mas a hipótese do grupo é de que
algum detalhe, como um parêntesis, por exemplo, tenha sido esquecido ao se inserir as
fórmulas na aba “Runge-Kutta”. Infelizmente, o erro não foi identificado e, sendo assim, os
resultados que dependiam dessa variável foram todos sendo afetados com a propagação
desse erro. Consequentemente, a modificação dos parâmetros nem sempre tem o resultado
esperado. Dito isso, pode-se seguir com as análises dos parâmetros operacionais. Nota-se
que um aumento das vazões molar e volumétrica aumenta o ritmo de produção do etileno
glicol, já que significa mais reagente entrando no reator. Entretanto, isso não pode ser
associado à um aumento da conversão, já que o tempo espacial se torna, na realidade,
menor.
A temperatura é um fator que influencia na constante de velocidade da reação, conforme a
equação 4:

Equação 4
A partir da análise dessa equação, nota-se que um aumento da temperatura gera
aumento na velocidade da reação e, consequentemente, da conversão. Entretanto, essa
influência direta é difícil de ser calculada, devido a necessidade de se ter dados sobre
energia de ativação e fatores pré exponenciais nas reações de desidrogenação do etano e
hidratação do óxido de etileno. Devido ao erro no cálculo da conversão pelo método Runge-
Kutta, esse aumento da conversão que deveria acontecer não está visível no programa
computacional. No reator PFR, como não´há catalisador, a reação é especialmente sensível
a variação da temperatura. Já o aumento da pressão no PFR, acarreta maior geração de
produto, que, por sua vez, irá para o CSTR, resultando em maior conversão.
O aumento da porosidade do catalisador gera queda da conversão, pois como a
densidade é constante, maior porosidade leva a uma menor massa de catalisador. Por fim,
ao se aumentar a massa de catalisador, aumenta-se a formação de óxido de etileno, logo,
mais produtos serão conduzidos ao CSTR e, consequentemente, haverá maior formação do
etilenoglicol.
No reator CSTR, para uma vazão molar de 0,425 lbmol/s, a conversão obtida foi
54,31% e a vazão molar de etilenoglicol de 0,233 lbmol/s. Ao aumentarmos a vazão
volumétrica, deve haver diminuição da conversão, pois os reagentes terão menor tempo
para reagir (diminuição do tempo espacial). Ao mesmo tempo, haverá maior quantidade de
produto formado, ou seja, uma vazão molar de etilenoglicol maior (o que também foi afetado
pelos erros no programa).

iii) Avaliação da possibilidade de dispor cada um dos reatores da planta nas configurações
em série e em paralelo, indicando os prós e contras.

Reatores tubulares (PFR e PBR)


Cada uma das configurações possíveis para os reatores, em série e em paralelo,
possui suas vantagens e desvantagens, sendo necessária uma análise caso a caso para
optar pela melhor escolha em uma dada situação. De maneira geral, reatores em paralelo
demandam um menor espaço físico na planta industrial, para um mesmo volume do em
série, o que é uma vantagem importante, pois economiza espaço na fábrica. Além disso,
reatores em paralelo são independentes e permitem que seja feita a manutenção sem que
se interrompa completamente a produção, já que ela pode ser feita em apenas alguns
reatores por vez, enquanto os demais continuam operando. Sob essa mesma perspectiva,
os reatores em paralelo permitem maior controle e ajuste da produção à demanda de
mercado, podendo utilizar um número maior ou menor de reatores de acordo com a
demanda. Apesar disso, a principal desvantagem desses reatores em paralelo é a menor
conversão alcançada. Por outro lado, a principal vantagem de reatores em série é a maior
conversão alcançada, devido ao tempo espacial. Já a principal desvantagem é a
necessidade de parada para manutenções, o que pode prejudicar a produção.

CSTR
Reatores CSTR em paralelo têm como vantagem não haver necessidade se parar a
produção para fazer manutenções e reparações. Além disso, há um menor gasto energético
devido a diminuição do tamanho dos agitadores e um melhor ajuste da produção conforme
a demanda (pode-se, por exemplo, desligar alguns reatores em épocas de menor
demanda). Como desvantagem, pode-se destacar que para se obter a conversão desejada
todos os reatores devem ter as mesmas vazões e volumes totais. Já para os reatores em
série, tem-se como vantagem uma melhor homogeneização dos reagentes/produtos e
menor gasto energético devido ao menos tamanho dos agitadores, além de maior
conversão, sendo sua principal desvantagem a necessidade de interrupção do processo em
caso de manutenção/reparação.

iv) Avaliação da possibilidade de trocar o tipo de cada um dos reatores apresentados na


planta, indicando os prós e contras.

Primeiramente, é importante destacar que como a produção é dada de forma contínua, o


reator batelada seria inadequado para todas as situações.
Para reações que ocorrem na fase líquida o reator mais adequado é o CSTR. Isso porque
líquidos possuem uma maior viscosidade o que gera uma maior tensão de cisalhamento e
maior perda de carga.
No caso de reações gasosas os reatores mais adequados são o PFR e PBR.

Avaliando a possibilidade de trocar o tipo de cada um dos reatores:

A primeira reação ocorre na fase gasosa, logo os reatores indicados são o PFR e o PBR.
No caso da utilização de um PBR a conversão é maior quando comparado com um PFR,
contudo é importante considerar o custo do catalisador e a maior perda de carga devido a
maior tensão de cisalhamento. O que torna, nesse caso, o PFR mais vantajoso.

A segunda reação também ocorre na fase gasosa, logo os reatores PFR e PBR são os mais
adequados. A vantagem da utilização de um PBR é acelerar a reação caso a energia de
ativação seja muito elevada, além de diminuir reações paralelas indesejadas. No caso da
substituição por um PFR a reação seria bem mais lenta necessitando do aumento da
temperatura e de um reator mais longo para aumentar o tempo de permanência do reagente
no reator. Nesse caso é necessário uma avaliação dos custos para decidir qual mais
vantajoso.

A terceira reação ocorre na fase líquida, logo o CSTR é o reator mais indicado. Além disso,
como essa consiste na última etapa da produção é importante que o produto final saia
perfeitamente misturado, para fins de controle de qualidade.

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