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BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E MERCADO DE
TRABALHO: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS E SUBSTANTIVAS
RESUMO
ABSTRACT
This paper aims at drawing a profile of the beneficiaries of the Bolsa Família program
as far as their situation in the labor market is concerned. In order to do so, it explores
two databases: the 2008 Cadastro Único and the 2006 PNAD, which contains a
supplement on the Bolsa Família. We have reached some interesting methodological
(limits of the databases and of methods currently used to estimate impact of the PBF on
the labor market) and substantive results (profiles of beneficiaries and non beneficiaries)
that may be useful for subsequent research. This work also brings about a reflection on
adverse incentives to understatement of income and other variables in administrative
registers, or even precarious labor relations, which may emerge as unintended
consequences of social programs based on means test.
1
Doutoranda em Economia, UFF. Email: alessandra.scalioni@gmail.com
2
Professora titular da UFF, diretora do CEDE: www.proac.uff.br/cede. Email: celiakersten@gmail.com
BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E MERCADO DE
TRABALHO: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS E SUBSTANTIVAS
1. Introdução
3
Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/cadastro_unico/o-que-e-1/. Último acesso em
23/05/2010.
4
Para mais detalhes ver: Manual de Preenchimento de Formulários – V 6.0.4 da CEF (2007). Disponível
em:
http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/cidades/cadun_manuais/MANUAL_PREENCHIMENTO_FORMULARIOS
_CADUNICO_V604_26022007.pdf . Último acesso: 19/06/2010.
Esse problema pode ter sido em parte responsável pelo alto valor encontrado para a
variável “Não trabalha”. Observa-se que a proporção de pessoas cadastradas em idade
ativa (entre 16 e 64 anos) que declararam não trabalhar foi de 56%, sendo um pouco
superior no caso dos beneficiários em idade ativa (58,2%), relativamente aos não-
beneficiários (51,5%). Não podemos, contudo, ter certeza se o elevado índice reflete
uma pergunta mal formulada, o temor de não ser elegível ou ainda uma eventual
armadilha do desemprego.
Com a variável ‘Ocupação’, o problema é ainda mais grave: 94,5% dos cadastrados em
idade ativa não responderam esta pergunta, sendo esta proporção de 94,7% entre os
beneficiários e de 94,1% entre os não-beneficiários. Aqui cabe observar a dificuldade de
preenchimento aliada à não obrigatoriedade de resposta.
A tabela 1 resume as informações sobre condição no mercado de trabalho de
beneficiários e não beneficiários em idade ativa:
Tabela 1: Distribuição dos cadastrados em idade ativa* segundo Condição no mercado de trabalho - 2008
Total Ativos
Condição no mercado de
trabalho Não- Não-
Cadastro Beneficiários Cadastro Beneficiários
beneficiários beneficiários
Com toda a cautela que a base de dados inspira, observa-se, em síntese, maior ênfase
entre os cadastrados nos que não trabalham (56%), no trabalhador rural (44,1% dos
ativos) e nos informais (41,4%), sendo que entre os beneficiários essas proporções são
maiores (58,2% não trabalham, 51,4% dos ativos são trabalhadores rurais), com exceção
da informalidade que é um pouco menor (39%), porém o registro em carteira dos
beneficiários é substancialmente menor (9% contra 22% dos ativos). Na melhor das
hipóteses isso indicaria focalização “correta” em critérios como não trabalha, trabalho
rural e sem carteira, que foram as maiores diferenças observadas entre beneficiários e
não beneficiários. Porém não há como afastar hipóteses preocupantes como
subdeclaração de trabalho e armadilha da precariedade por parte do beneficiário (e do
cadastrado em geral), por temor de não ser elegível ao programa.
Quanto ao perfil de renda dos cadastrados, beneficiários e não-beneficiários, tem-se que
78,8% dos beneficiários em idade ativa têm renda familiar per capita de até R$ 60,00,
estando, portanto, dentro da faixa dos extremamente pobres, enquanto esta proporção é
muito inferior entre os não-beneficiários do programa (36,0%). A faixa subseqüente,
que configura a linha de pobreza, possui maior proporção de não-beneficiários (35,5%)
em comparação aos beneficiários (21,0%). Entre os não-beneficiários, ainda se observa
a presença de 21,6% de famílias com renda familiar per capita entre R$120,00 e
R$207,50 (1/2 salário mínimo da época). O gráfico A, abaixo, mostra a distribuição dos
cadastrados por faixas de renda.
Gráfico A: Distribuição dos cadastrados em idade ativa* segundo a Faixa de Renda familiar per
capita e o Recebimento de BF – 2008
Em síntese há dois efeitos problemáticos que é preciso separar: o efeito “framing”, isto
é, o mero responder a perguntas do Cadastro acabar por induzir respostas “certas”, e o
efeito seleção, decorrente dos critérios utilizados para escolher os beneficiários.
Enquanto o primeiro indicaria subdeclaração de renda e superdeclaração de
desocupação, o segundo indicaria decisões (os procedimentos de seleção) que precisam
ser conhecidas para que sejam publicamente escrutinadas.
Com todas as precauções necessárias, exploramos um pouco mais o Cadastro, para
conhecer e, sobretudo, comparar os perfis de beneficiários e não beneficiários em idade
ativa em termos de características adscritícias como sexo, idade e cor, e outras, como
escolarização e localização. Supusemos que esses perfis seriam comparáveis (por
estarem sujeitos aos mesmos vieses), mas quanto aos valores absolutos assumidos pelas
variáveis não pudemos fazer afirmações peremptórias sem antes checar com os dados
do suplemento da PNAD o que faremos na seção 3.
Não trabalha 63,1% 36,9% 26,0% 22,7% 13,1% 22,2% 13,5% 2,6%
Trabalhador rural 33,5% 66,5% 2,6% 14,1% 17,0% 33,5% 27,2% 5,6%
Assalariado c/ carteira 41,7% 58,3% 1,1% 7,8% 13,9% 51,4% 23,9% 1,8%
Assalariado s/ carteira 52,7% 47,3% 1,3% 8,5% 14,3% 47,4% 25,8% 2,7%
* Idade ativa = 16 a 64 anos.
Fonte: Cadastro Único – 31/07/2008.
Portanto, quanto à localidade o que se observa é uma maior cobertura na área rural e
uma maior proporção daqueles que vivem na área rural entre os beneficiários na
comparação com os não beneficiários (embora a maior parte deles, beneficiários e não
beneficiários, viva no meio urbano). Quanto ao desemprego, a desocupação urbana é
mais intensa, e é maior entre os beneficiários. Quanto à ocupação, no urbano
prevalecem os autônomos sem previdência, no rural os trabalhadores rurais, o que é
verdadeiro para os dois grupos de beneficiários e não beneficiários, sendo que a
concentração nessas duas ocupações é mais suave entre os não beneficiários. Em
relação à escolaridade, por sua vez, vê-se que grande parte tanto de beneficiários quanto
não-beneficiários sequer completou o Ensino Fundamental. Destaca-se ainda a maior
concentração de analfabetos entre os aposentados e trabalhadores rurais, e de
fundamental incompleto entre os assalariados sejam formais ou informais. Deve-se
mencionar ainda a maior proporção de pessoas que completaram o Ensino Médio entre
os não cobertos pelo programa.
Tabela 7: Distribuição dos beneficiários do PBF, em idade ativa*, segundo Condição no mercado de
trabalho, Cor e Região - 2008
Condição no mercado Cor/etnia Região
de trabalho Branca Negra Amarela Indígena Norte NE SE Sul CO Total
Campo não informado 29,4% 69,6% 0,5% 0,5% 6,3% 54,3% 25,3% 8,4% 5,7% 100,0%
Empregador 30,0% 69,0% 0,5% 0,5% 12,9% 46,9% 22,6% 8,9% 8,7% 100,0%
Assalariado c/ carteira 38,7% 60,8% 0,3% 0,2% 3,3% 27,8% 46,4% 16,4% 6,1% 100,0%
Assalariado s/ carteira 34,9% 64,2% 0,4% 0,5% 10,5% 32,3% 33,4% 12,0% 11,9% 100,0%
Autônomo c/ previdência 41,2% 58,2% 0,3% 0,3% 9,3% 20,9% 47,7% 17,1% 5,1% 100,0%
Autônomo s/ previdência 31,9% 67,4% 0,3% 0,4% 10,4% 34,4% 32,5% 14,6% 8,1% 100,0%
Aposentado/Pensionista 31,7% 67,5% 0,4% 0,5% 6,2% 45,4% 31,9% 12,1% 4,3% 100,0%
Trabalhador rural 23,4% 75,2% 0,5% 0,9% 8,0% 73,7% 10,8% 5,9% 1,6% 100,0%
Empregador rural 26,9% 71,9% 0,6% 0,7% 12,9% 56,8% 15,4% 8,6% 6,3% 100,0%
Não trabalha 28,2% 70,8% 0,3% 0,6% 10,4% 50,3% 26,2% 8,3% 4,8% 100,0%
Outro 25,3% 73,8% 0,3% 0,6% 11,0% 52,4% 26,4% 6,3% 3,9% 100,0%
Total 28,0% 71,0% 0,4% 0,6% 9,9% 51,5% 25,3% 8,6% 4,8% 100,0%
* Idade ativa = 16 a 64 anos
Fonte: Cadastro Único - 31/07/2008.
Quanto à região geográfica, pouco mais da metade dos beneficiários vivem no Nordeste
e um quarto vivem no Sudeste. No entanto, segundo a condição no mercado de trabalho
há diferenças regionais. Enquanto as ocupações rurais se concentram mais no Nordeste,
as ocupações urbanas se concentram nas regiões Sudeste e Sul. Assim, 73,7% dos
trabalhadores rurais vivem no NE e apenas 16,7% vivem ou no SE ou no Sul do país.
No caso dos trabalhadores autônomos com previdência ocorre o inverso: 64,8% vivem
nas regiões SE e Sul (sobretudo na primeira) e 20,9% vivem no NE. Entre os
assalariados com carteira assinada, 62,8% vivem no SE e no Sul e 27,8% vivem na
região NE.
A tabela 8 mostra a distribuição dos não cobertos pelo programa Bolsa Família com
idade entre 16 e 64 anos, conforme a condição no mercado de trabalho por cor/etnia e
região.
Como entre os beneficiários, a maioria dos não-beneficiários em idade ativa é negra
(62,4%), porém a proporção de brancos é superior à encontrada para os beneficiários
(37,1%). Assim como entre os beneficiários, a maior proporção de negros (pretos e
pardos) ocorre entre os trabalhadores rurais (69,0%), sendo este percentual mais baixo
do que entre os beneficiários, e a menor ocorre entre os trabalhadores autônomos com
previdência (42,4%), em que 57,2% são brancos, um percentual ligeiramente superior
ao observado entre os beneficiários. Quanto à região geográfica, a diferença de
proporção de não beneficiários entre NE e SE é bem menor que a encontrada para os
beneficiários (5,4 pontos percentuais apenas), sendo que 37,3% dos não cobertos vivem
na região NE.
Tabela 8: Distribuição dos não-beneficiários do PBF, em idade ativa*, segundo Condição no mercado de
trabalho, Cor e Região - 2008
Condição no mercado Cor Região
de trabalho Branca Negra Amarela Indígena Norte NE SE Sul CO Total
Campo não informado 41,8% 57,5% 0,4% 0,2% 4,2% 43,3% 30,6% 14,4% 7,5% 100,0%
Empregador 48,0% 51,4% 0,4% 0,2% 7,8% 29,0% 27,5% 26,6% 9,1% 100,0%
Assalariado c/ carteira 48,2% 51,4% 0,2% 0,1% 2,0% 19,1% 45,8% 26,0% 7,2% 100,0%
Assalariado s/ carteira 41,0% 58,4% 0,3% 0,2% 7,9% 28,1% 35,2% 16,5% 12,3% 100,0%
Autônomo c/ previdência 57,2% 42,4% 0,3% 0,2% 4,8% 13,0% 42,6% 34,5% 5,1% 100,0%
Autônomo s/ previdência 40,6% 58,9% 0,3% 0,2% 6,8% 24,5% 32,8% 23,0% 12,9% 100,0%
Aposentado/Pensionista 37,4% 62,0% 0,3% 0,3% 4,7% 46,0% 28,3% 16,2% 4,8% 100,0%
Trabalhador rural 30,3% 69,0% 0,4% 0,3% 8,2% 59,9% 16,3% 13,0% 2,5% 100,0%
Empregador rural 37,7% 61,6% 0,5% 0,2% 8,6% 44,8% 23,0% 16,2% 7,4% 100,0%
Não trabalha 37,0% 62,5% 0,3% 0,2% 7,5% 36,7% 32,8% 15,1% 7,9% 100,0%
Outro 30,5% 69,0% 0,3% 0,2% 10,0% 42,2% 32,0% 10,2% 5,6% 100,0%
Total 37,1% 62,4% 0,3% 0,2% 7,2% 37,3% 31,9% 16,0% 7,6% 100,0%
* Idade ativa = 16 a 64 anos
Fonte: Cadastro Único - 31/07/2008.
5
Ver Artigo 60º do capítulo V da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990.
6
Ver inciso XXXIII do Artigo 7º do capítulo II da Constituição Federal.
A tabela 10 mostra a distribuição dos cadastrados menores de 16 anos conforme sua
condição no mercado de trabalho. Nela podemos ver que 99,5% das crianças do
CadÚnico declararam não trabalhar, o que poderia indicar o fim do trabalho infantil
entre os pobres brasileiros. A diferença entre beneficiários e não beneficiários é ínfima e
nos leva a concluir que quase a totalidade das crianças de até 15 anos de idade não
trabalhava no período, independente de serem ou não beneficiárias do programa Bolsa
Família. No entanto, deve-se ter claro que as informações do CadÚnico são declaradas
pelos requerentes ao benefício do Bolsa Família, podendo a resposta ser tendenciosa.
* * *
O quadro abaixo sintetiza as informações gerais dos cadastrados em idade ativa quanto
a sexo, idade, cor, escolaridade, região, localidade, desemprego, emprego formal, renda
e trabalho infantil.
Quadro 1:
Variáveis Beneficiários Não-beneficiários
Sexo 56,6% são mulheres 55,8% são mulheres
Idade 26,1% têm entre 20 e 29 anos 30,0% têm entre 20 e 29 anos
Cor 71% são negras 62,4% são negras
78,5% não conseguiram 71,0% não conseguiram
Escolaridade
completar o Ensino Fundamental completar o Ensino Fundamental
Região 51,5% vivem no NE 37,2% vivem no NE
Localidade 66,7% vivem na cidade 74,6% vivem na cidade
Condição no mercado de trabalho 58,2% não trabalham 51,5% não trabalham
Emprego formal 9,3% 23,4%
Renda familiar per capita média R$44,06 R$247,12
Trabalho infantil 0,4% 0,7%
Fonte: Cadastro Único – 31/07/2008.
7
Os valores para as linhas de pobreza e extrema pobreza foram reajustados pela primeira vez pelo
Decreto 5.749 de abril de 2006, em que as situações de extrema pobreza e pobreza eram caracterizadas
como aquelas em que as famílias contassem com renda mensal familiar per capita inferior a R$60,00 e a
R$120,00, respectivamente. Outra alteração dos limites de renda definidores da extrema pobreza e da
pobreza foi realizada pelo Decreto 6.824 de abril de 2009, quando os valores foram reajustados para
R$69,00 e R$137,00 mensais familiares per capita, respectivamente. Já o Decreto 6.917 de julho de 2009
arredondou esses valores para R$70,00 e R$140,00.
O fato de haver famílias com renda domiciliar per capita acima da linha de corte usada
pelo MDS na seleção dos beneficiários do PBF pode ser justificado, como em Soares et
alli (2009, pg.18)8, pela volatilidade da renda de famílias pobres. Segundo os autores, “a
renda informada na PNAD refere-se a apenas um mês do ano e não traduz com precisão
a condição socioeconômica das famílias”, podendo haver famílias, observadas como
não-pobres na pesquisa, muito vulneráveis à pobreza e, portanto, elegíveis ao programa.
Outro fator importante é o período de verificação das características socioeconômicas
das famílias beneficiárias, que é de dois anos, o que possibilita a permanência no
programa, ainda que por um período curto de tempo, de famílias que superaram a
condição de pobreza.
Quando estendemos a linha de pobreza para 1 SM, verificamos que esta é a condição de
94,4% dos beneficiários na PNAD. Além disso, o número de beneficiários entre 16 e 64
anos se aproxima mais do encontrado para o total de beneficiários desta faixa etária
identificados na PNAD (21,1 milhões de pessoas – beneficiários entre 16 e 64 anos; 20
milhões – beneficiários com renda domiciliar per capita de até 1 SM e idade entre 16 e
64 anos). Se a linha de corte fosse ½ SM, o número de beneficiários em idade ativa
cairia para 14,5 milhões de pessoas. Diante disso, optou-se por expandir a linha de
pobreza para 1 SM de renda domiciliar per capita, e não para ½ SM que é a linha de
pobreza mais usada por pesquisadores que analisam a distribuição de renda brasileira9.
3.2. Variável ‘Juros, dividendos e/ou outros rendimentos’ (V1272)
A PNAD é uma pesquisa domiciliar amostral feita anualmente pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) com o objetivo de investigar, de forma permanente,
características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação e
outras, com periodicidade variável, de acordo com as necessidades de informação para o
país, como as características sobre migração, fecundidade, nupcialidade, saúde,
segurança alimentar, entre outros temas.
Contudo, não é um objetivo da pesquisa fazer um acompanhamento permanente dos
beneficiários de programas de transferência de renda, havendo pesquisas suplementares
sobre este tema apenas nos anos de 2004 e 2006. Por este motivo, o uso da PNAD para
realizar análises de impacto do PBF sobre seu público-alvo é dificultado nos anos em
que não houve suplemento da PNAD.
Mesmo nos anos em que houve a pesquisa suplementar sobre políticas de transferência
de renda (PBF, BPC, PETI) há limitações quanto ao tipo de análise que pode ser feita
com o suplemento da PNAD, porque a pesquisa identifica apenas o domicílio que
possui algum membro beneficiário do programa. Não há perguntas sobre qual o
membro do domicílio recebe o benefício, nem sobre o valor recebido. Deste modo, não
é possível, com as variáveis do suplemento, calcular o peso do benefício na renda
familiar, que é uma variável importante para analisar a intensidade dos efeitos de
incentivo do programa. Contudo, o uso da variável ‘Juros, dividendos e/ou outros
rendimentos’ pode ser uma opção para identificar o membro do domicílio que recebe o
benefício e estimar o seu valor, além de permitir que se tente identificar o beneficiário
do PBF nos anos em que não houve suplemento sobre políticas de transferência de
renda.
8
Para mais detalhes ver Soares et alli (2009).
9
HOFFMANN e KAGEYAMA (2006).
A metodologia comumente usada para isto é a de identificação do beneficiário através
da ocorrência de valores típicos dos programas de transferência de renda na variável
V1273. Assim, se o entrevistado respondeu receber ‘Juros, dividendos e/ou outros
rendimentos’ e o valor informado na variável V1273 for R$350,00 (1 SM de 2006),
supõe-se que este seja beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC) 10.
Portanto, a variável que considera os valores recebidos em juros, dividendos e outros
rendimentos, este último incluindo transferências de renda, pode ser uma alternativa
para os pesquisadores para a identificação do beneficiário e a estimação do valor do
benefício na PNAD, mesmo nos anos em que não houve pesquisa suplementar sobre
políticas de transferência de renda.
3.3. Mercado de Trabalho
Conforme os dados do Cadastro Único de julho de 2008, o número de beneficiários de
16 a 64 anos do PBF era de 26,5 milhões de pessoas. De acordo com a PNAD, 21,1
milhões de pessoas com idade entre 16 e 64 anos recebiam o benefício em 2006, o que
mostra certa proximidade entre os dados, apesar da diferença de dois anos11.
Apesar da aparente congruência entre os dados da PNAD e dos registros
administrativos, é necessário ter cautela com as análises feitas a partir desta base de
dados, uma vez que a PNAD é uma pesquisa amostral que trabalha com projeção de
população independente e possui amostra nucleada. Em relação à projeção de população
independente, a população que cada PNAD de uma dada década irá projetar é decidida
imediatamente após o Censo Demográfico que abre a década. Segundo Soares et alli
(2006, pg.13), “tanto a amostra como os pesos de cada indivíduo amostrado são
decididos, possivelmente, [até] nove anos antes de uma dada PNAD ir a campo”. Como
conseqüência, as grandezas extensivas coletadas pela PNAD tendem a não ser muito
confiáveis, porém não gera problemas relativos a variáveis intensivas 12. Quanto à
amostra nucleada, esta é um tipo de amostragem que estima de forma precisa
características de uma população espalhada no território, gerando problemas em casos
em que a população é concentrada geograficamente. Conforme os autores, “os exemplos
clássicos são populações em aldeias indígenas e quilombos”, não sendo possível utilizar
a PNAD para fazer inferência sobre tais populações.
Cientes disto, algumas comparações serão feitas entre os beneficiários e os não-
beneficiários do programa Bolsa Família com base na PNAD 2006 e considerando-se
apenas os pobres (renda domiciliar per capita de até 1 SM13).
10
Ver por exemplo: BARROS et alli (2007) e FOGUEL e BARROS (2008).
11
De acordo com a Matriz de Informação Social (MIS), o número de famílias em setembro de 2006 e em
julho de 2008 era muito próximo (11.017.689 e 11.013.323, respectivamente). No entanto, a partir de
março de 2008 foram incluídos no programa cerca de 1,9 milhões de adolescentes (16 e 17 anos), cujas
famílias já recebiam o Bolsa Família. Assim, ainda que o número de famílias não tenha variado
significativamente entre os dois anos, o número de beneficiários aumentou. Para mais detalhes:
http://www.fomezero.gov.br/noticias/bolsa-familia-amplia-acoes-para-11-milhoes-de-familias-em-2008/?
searchterm=mds
12
“Em outras palavras, a PNAD não responde tão bem perguntas como: ‘Quantas pessoas estão
empregadas?’ ou ‘Quantos domicílios recebem Bolsa-Família?’ Por outro lado, a projeção de população
independente não impõe restrições a perguntas relacionadas a grandezas intensivas, ou seja, a perguntas
como ‘Qual é o rendimento médio dos ocupados?’ ou ‘Qual é a renda média dos domicílios recipientes do
Bolsa-Família?’” (Soares et alli, 2006)
Em primeiro lugar, o gráfico C mostra que as distribuições dos pobres beneficiários e
não-beneficiários em idade ativa segundo a faixa de rendimento domiciliar per capita
são bastante distintas, com os beneficiários se concentrando na faixa até 120 reais
(49,5%) e os não beneficiários na faixa entre 120 reais-1SM (79,1%). Mesmo assim
chama a atenção que 20,9% dos elegíveis não beneficiários não estejam incluídos no
programa.
Gráfico C
Distribuição dos pobres beneficiários e não-beneficiários em idade ativa do PBF segundo a faixa de
RDPC – 2006
13
A variável utilizada como rendimento domiciliar per capita foi V4742, que é uma variável derivada
calculada pelo IBGE através da soma de todas as rendas do domicílio, inclusive a renda de transferências
(“Outros rendimentos” = V1273). Sabemos que o ideal seria desconsiderar a renda de transferências no
cálculo da renda domiciliar per capita dos beneficiários do PBF, uma vez que no processo de seleção do
público do programa são desconsideradas as rendas de programas sociais. Contudo, na tentativa de criar
uma variável de renda domiciliar per capita sem benefícios – [V4742 – (V1273/4741)] –, como a variável
V1273 aparece uma vez apenas em cada domicílio e V4742 aparece para cada membro do domicílio, a
nova variável aparece também apenas uma vez por domicílio, virando missing para os demais membros.
Isto inviabiliza a análise individual, permitindo apenas a análise domiciliar. Por isso a opção pela variável
V4742.
Gráfico D
Distribuição dos pobres beneficiários e não-beneficiários em idade ativa do PBF segundo a
Escolaridade – 2006
Nas seções que se seguem, serão realizadas análises comparativas entre os pobres
beneficiários e os pobres não cobertos pelo programa, segundo características de
mercado de trabalho.
3.3.1. Procura por trabalho
A maioria tanto dos pobres beneficiários quanto dos pobres não-beneficiários em idade
ativa respondeu ter exercido alguma atividade na semana de referência da PNAD, sendo
esta proporção superior em quase quatro pontos percentuais entre os beneficiários
(tabela 11). Portanto, entre os pobres em idade ativa, há uma maior participação dos
receptores do benefício no mercado de trabalho que dos não atendidos pelo programa.
Tabela 11
Exerceu alguma atividade na semana de referência?
Beneficiários Não beneficiários
Sim 62,0% 58,2%
Não 38,0% 41,8%
Total 100,0% 100,0%
Tabela 14
Era associado a algum sindicato?
A tabela 15 traz o tipo de sindicato a que estes pobres em idade ativa, beneficiários e
não-beneficiários, se associam. Enquanto grande proporção dos beneficiários associados
pertence a sindicatos de trabalhadores rurais (75,9%), a maioria dos não cobertos pelo
PBF que são associados pertence a sindicatos de empregados urbanos (56,4%). A maior
sindicalização dos beneficiários parece decorrer do maior peso relativo dos
trabalhadores rurais nesse grupo (ver seção Agricultura Familiar).
Tabela 15
Tipo de sindicato Beneficiário Não-beneficiário
Empregados urbanos 21,0% 56,4%
Trabalhadores rurais 75,9% 38,0%
Trabalhadores autônomos 0,4% 1,1%
Trabalhadores avulsos 0,4% 0,4%
Profissionais liberais 0,1% 0,3%
Outro sindicato 2,1% 3,8%
Sem declaração 0,1% 0,1%
Total 100,0% 100,0%
Fonte: PNAD 2006.
Conclui-se que a proporção dos que contribuem para a Previdência Social é maior entre
os não-beneficiários, mas a proporção dos que se associam a algum sindicato é menor
entre estes. O tipo de sindicato também é diferente entre os poucos beneficiários e não-
beneficiários que se associam a algum tipo de sindicato. Assim, os beneficiários se
concentram em sindicatos de trabalhadores rurais, enquanto a maioria dos não-
beneficiários pertence a sindicatos de empregados urbanos.
3.3.3. Posição na ocupação e Setor de Atividade
A tabela 16 mostra o setor de atividade dos pobres que conseguiram se inserir no
mercado de trabalho.
Tabela 16
Distribuição dos pobres* em idade ativa, segundo Setor de atividade e Participação no PBF - 2006
Setor de atividade Beneficiários Não beneficiários
Quanto à posição na ocupação dos pobres com idade entre 16 e 64 anos (tabela 17),
tem-se que mais de um quarto dos beneficiários do programa Bolsa Família são
trabalhadores por conta própria (a esmagadora maioria sem contribuição à previdência),
24,5% são empregados sem carteira, 17,0% são empregados com registro em carteira,
10,4% são trabalhadores não-remunerados, 9,1% são trabalhadores domésticos sem
carteira e 8,4% são trabalhadores na produção para próprio consumo.
Tabela 17a
Distribuição dos pobres segundo Posição na ocupação e Participação no PBF - 2006
Posição na ocupação Beneficiários Não beneficiários
Posição na ocupação
Setor de atividade Emprega Emprega Doméstic Produção Não-
Conta
do c/ do s/ o sem p/ próprio remuner Total
própria
carteira carteira carteira consumo ado
Os pobres em idade ativa que não recebem o benefício, por seu turno, estão distribuídos
segundo a posição na ocupação da seguinte forma: 31,2% são empregados com carteira
(maior concentração), 22,2% são trabalhadores autônomos, 20,5% são empregados sem
registro em carteira, 7,9% são trabalhadores domésticos sem carteira, sendo menos
significativa a proporção de trabalhadores não-remunerados e trabalhadores na
produção para próprio consumo (tabela 17). Pouco menos de 60% está na informalidade
(tabela 17a), proporção elevada, mas inferior a observada entre os beneficiários, que se
concentravam mais entre os trabalhadores por conta própria (sem contribuição).
Destaca-se o fato de haver maior proporção de empregados formais entre os não-
beneficiários do PBF que entre os beneficiários (tabela 17a). A diferença da proporção
de empregados formais entre os beneficiários e não-beneficiários em idade ativa é de
17,9 pontos percentuais, o que em parte explica o maior nível de contribuição à
Previdência entre os que não recebem o benefício (tabela 13). A Indústria de
Transformação e o Comércio e reparação são os setores que mais absorvem
trabalhadores com carteira entre os não-beneficiários em idade ativa (tabela 19).
Tabela 19: Distribuição dos pobres* não-beneficiários do PBF em idade ativa**, segundo Setor de
atividade e Posição na ocupação - 2006
Posição na ocupação
Setor de atividade Empregad Doméstic Produção Não-
Empregado Conta
o c/ o sem p/ próprio remuner Total
s/carteira própria
carteira carteira consumo ado
14
Para mais detalhes ver o site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS:
http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/o_programa_bolsa_familia/criterios-de-selecao . Último acesso:
22/05/2010.
15
Segundo o site do MDS: “O Pronaf Grupo “B” é uma linha de microcrédito rural voltada para
produção e geração de renda das famílias agricultoras de mais baixa renda do meio rural. Criado em 10 de
agosto de 2000, a linha disponibiliza recursos de pequenos valores e sem burocracia para pequenos
investimentos em atividades agrícolas e não agrícolas no meio rural tais como: compra de pequenos
animais, artesanato, implementos para fabricação de alimentos, caixas de abelha, entre outros”. Seu
público alvo são as famílias com renda bruta anual familiar de até R$5.000,00, sendo que até 70% da
renda pode provir de outras atividades além daquelas desenvolvidas no estabelecimento rural. Estão
inclusas, portanto, as famílias pescadoras, extrativistas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas que
desenvolvam atividades produtivas no campo.
16
Segundo a Secretaria da Agricultura Familiar, “o programa possui as mais baixas taxas de juros dos
financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País”.
Disponível em: http://portal.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf . Último acesso: 22/06/2010.
3.5. Trabalho infantil
Nos microdados da PNAD há uma separação entre variáveis para crianças de 5 a 9 anos
e variáveis para pessoas maiores de 10 anos. Assim, dividiremos a base em duas faixas
etárias (‘de 5 a 9 anos’ e ‘de 10 a 15 anos’) e analisaremos, para a primeira faixa, a
variável V0701 (Exerceu algum trabalho no ano de referência?) e a variável V9001
(Exerceu algum trabalho na semana de referência?) para os maiores de 10 anos, como
fizemos anteriormente para as pessoas em idade ativa. A variável 0704 (Exerceu algum
trabalho na semana de referência?) para crianças de 5 a 9 anos de idade não será
utilizada, como seria de se esperar, uma vez que os resultados não foram satisfatórios,
ocorrendo excessiva perda de informações (‘missing’).
Em 2006, havia 12,9 milhões de crianças de 5 a 9 anos de idade com renda domiciliar
per capita de até 1 SM, das quais 42,9% recebiam o benefício do PBF. O número de
crianças pobres com idade entre 10 e 15 anos, por seu turno, era de 15,7 milhões, sendo
45,6% a proporção de beneficiários do programa. Portanto, a proporção de crianças que
recebem o Bolsa Família na PNAD é menor que a encontrada no Cadastro Único 17.
Ainda que se inclua as 10,9 milhões de crianças menores de 5 anos de idade, a
proporção de beneficiários continua menor na PNAD (41,9% do total de crianças até 15
anos).
Apesar desta diferença, vale a pena analisar a tabela 20, em que a proporção de crianças
que exerceu alguma atividade no período de referência é maior entre os beneficiários do
PBF em ambas as faixas etárias consideradas.
Tabela 20: Proporção de crianças* beneficiárias e não-beneficiárias que responderam SIM às
variáveis V0701 e V9001 - 2006.
Não- Não-
beneficiário beneficiário
Variáveis Beneficiários s Beneficiários s
5 a 9 anos 5 a 9 anos 10 a 15 anos 10 a 15 anos
Exerceu algum trabalho no ano de referência 2,4% 1,0% - -
Exerceu algum trabalho na semana de referência - - 15,1% 8,6%
* Crianças = 5 a 15 anos.
Fonte: PNAD 2006.
Quadro 3:
Variáveis Beneficiários Não-beneficiários
Sexo 52,4% são mulheres 52,1% são mulheres
Idade 42,3% têm entre 16 e 29 anos 41,7% têm entre 16 e 29 anos
Cor 70,4% são negras 57,1% são negras
55,9% não conseguiram
72,3% não conseguiram
Escolaridade completar o Ensino
completar o Ensino Fundamental
Fundamental
Região 65,3% vivem no NE e Norte 52,9% vivem no SE e Sul
Localidade 66,1% vivem na cidade 82,0% vivem na cidade
Condição no mercado de trabalho 38,0% não trabalham 41,8% não trabalham
Emprego formal 21,8% 39,7%
Renda familiar per capita média R$116,16 (sem benefícios)* R$204,22
Trabalho infantil (10 a 15 anos) 15,1% 8,6%
* RFPC média com benefícios: R$132,97.
Fonte: PNAD 2006.
Quadro 4:
Variáveis Beneficiários Não-beneficiários
Sexo 56,6% são mulheres 55,8% são mulheres
Idade 26,1% têm entre 20 e 29 anos 30,0% têm entre 20 e 29 anos
Cor 71% são negras 62,4% são negras
71,0% não conseguiram
78,5% não conseguiram
Escolaridade completar o Ensino
completar o Ensino Fundamental
Fundamental
Região 51,5% vivem no NE 37,2% vivem no NE
Localidade 66,7% vivem na cidade 74,6% vivem na cidade
Condição no mercado de trabalho 58,2% não trabalham 51,5% não trabalham
Emprego formal 9,3% 23,4%
Renda familiar per capita média R$44,06 (sem benefícios)* R$247,12
Trabalho infantil 0,4% 0,7%
18
Cálculo com base na variável V4742 da PNAD, que inclui benefícios. A renda domiciliar per capita
média sem benefícios era de R$116,16 em 2006.
19
Deve-se ter claro que o não-trabalho infantil não é um critério explícito do PBF e a integração entre
PBF e PETI ocorreu apenas no final de 2005 através da Portaria nº 666 de 28 de dezembro de 2005, sendo
complementada pela Instrução Operacional Conjunta SENARC/SNAS nº 01 de 14 de março de 2006.
Portanto, a integração entre os programas ainda era muito recente no período de pesquisa da PNAD 2006.
* RFPC média com benefícios: R$67,15
Fonte: Cadastro Único - 31/07/2008.
Com relação aos não beneficiários, com exceção da maior presença de homens entre os
informais nas duas bases de dados, as mesmas discrepâncias foram encontradas: quanto
à intensidade da desocupação e do emprego formal (no primeiro caso maior, no segundo
menor, no Cadastro em relação à PNAD), como a esta altura já era de se esperar.
Quadro 5:
Beneficiários do PBF em idade ativa - 2006
Mercado de trabalho Sexo Idade Escolaridade Cor Localidade Região
73,8% são 49,7% têm entre 70,4% não concluíram 70,1% são 72,4% vivem 64,7% vivem
38,0% não trabalham*
mulheres 16 a 29 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no Norte e NE
41,2% são trabalhadores 64,1% são 62,1% têm entre 88,3% não concluíram 72,4% são 74,6% vivem 74,6% vivem
agrícolas** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros no campo no Norte e NE
58,3% são empregados 62,6% são 61,3% têm entre 76,2% não concluíram 72,1% são 65,0% vivem 69,2% vivem
informais*** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no Norte e NE
21,8% são empregados 68,9% são 66,2% têm entre 60,8% não concluíram 65,8% são 81,3% vivem 47,6% vivem
formais**** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
Quadro 6:
62,8% são 50,1% têm entre 74,8% não concluíram 70,8% são 69,2% vivem 60,7% vivem
58,2% não trabalham
mulheres 16 a 24 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no Norte e NE
51,4% são trabalhadores 62,0% são 75,8% têm entre 92,8% não concluíram 75,2% são 72,5% vivem 81,7% vivem
rurais* homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros no campo no Norte e NE
39,0% são empregados 51,1% são 78,9% têm entre 76,7% não concluíram 66,4% são 87,6% vivem 46,5% vivem
informais** mulheres 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
9,3% são empregados 62,3% são 83,4% têm entre 72,5% não concluíram 60,6% são 85,2% vivem 63,0% vivem
formais*** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
Pobres (idade ativa) c/ renda familiar per capita de até R$120,00: 99,8% (sem benefícios) e 97,7% (com benefícios)
Quadro 7:
Não-beneficiários do PBF em idade ativa - 2006
69,8% são 47,1% têm entre 56,2% não concluíram 56,5% são 85,5% vivem 53,7% vivem
41,8% não trabalham*
mulheres 16 a 29 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
21,2% são trabalhadores 68,1% são 58,1% têm entre 83,2% não concluíram 60,8% são 70,7% vivem 50,9% vivem
agrícolas** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros no campo no Norte e NE
45,8% SE e
48,7% são empregados 59,7% são 58,6% têm entre 63,1% não concluíram 61,3% são 78,4% vivem
Sul e 45,7%
informais*** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade
Norte e NE
39,7% são empregados 64,4% são 62,7% têm entre 42,9% não concluíram 53,3% são 89,3% vivem 63,4% vivem
formais homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
Quadro 8:
Não-beneficiários do PBF em idade ativa - 2008
Mercado de trabalho Sexo Idade Escolaridade Cor Localidade Região
63,1% são 61,7% têm entre 68,2% não concluíram 62,5% são 76,3% vivem 47,9% vivem
51,5% não trabalham
mulheres 16 a 29 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
68,1% vivem
30,8% são trabalhadores 66,5% são 60,7% têm entre 86,5% não concluíram 69,0% são 69,9% vivem
no Norte e
rurais* homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros no campo
NE
45,5% são empregados 51,0% são 72,9% têm entre 67,5% não concluíram 58,7% são 88,0% vivem 54,0% vivem
informais** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
23,4% são empregados 58,2% são 75,6% têm entre 61,3% não concluíram 51,1% são 88,9% vivem 72,0% vivem
formais*** homens 30 e 59 anos o Ensino Fundamental negros na cidade no SE e Sul
5. Conclusões
Não foi possível, com as bases utilizadas, apurar efeitos do programa sobre o mercado
de trabalho. Na melhor hipótese a mais precária situação no mercado de trabalho de
beneficiários vis a vis os não beneficiários explicaria a seleção dos primeiros; na
hipótese menos otimista, essa situação seria uma conseqüência do programa (armadilhas
do desemprego, da pobreza e da informalidade); em uma posição intermediária estaria a
hipótese de subdeclaração (contudo mesmo havendo, a situação precária de
beneficiários continua evidente na PNAD). Conseguimos evidências para esta última,
mas não pudemos descartar nenhuma das anteriores.
6. Referências Bibliográficas
________. Presidência da República. Fome Zero: Bolsa Família amplia ações para 11 milhões
de famílias em 2008. Disponível em: http://www.fomezero.gov.br/noticias/bolsa-familia-
amplia-acoes-para-11-milhoes-de-familias-em-2008/?searchterm=mds. Acesso em: 22/06/2010.
Tabela 1 A: Distribuição dos beneficiários do PBF, em idade ativa*, segundo Condição no mercado de trabalho, Localidade e Escolaridade -
2008
Localidade Escolaridade
Condição no mercado Fundame Superio Superio
Básico Básico Fundame Médio Médio Pós-
de trabalho Analfab ntal r r
Urbana Rural incomp complet ntal incomp complet graduaç Total
eto incomple incomp complet
leto o completo leto o ão
to leto o
Campo não informado 0,7% 0,7% 15,4% 33,8% 10,1% 23,6% 2,7% 8,2% 6,0% 0,1% 0,1% 0,0% 100,0%
Empregador 0,0% 0,0% 17,0% 25,7% 9,1% 24,3% 4,2% 8,4% 10,1% 0,5% 0,5% 0,2% 100,0%
Assalariado c/ carteira 3,2% 1,1% 7,1% 25,3% 12,0% 27,8% 5,4% 8,9% 12,9% 0,3% 0,3% 0,0% 100,0%
Assalariado s/ carteira 4,3% 1,8% 9,1% 27,0% 11,1% 26,4% 4,4% 8,3% 12,8% 0,5% 0,4% 0,0% 100,0%
Autônomo c/ previdência 0,2% 0,1% 8,1% 28,8% 14,0% 27,7% 5,0% 6,9% 8,9% 0,3% 0,2% 0,0% 100,0%
Autônomo s/ previdência 10,3% 2,3% 9,3% 28,1% 10,3% 30,4% 4,7% 8,0% 9,0% 0,1% 0,1% 0,0% 100,0%
Aposentado/Pensionista 1,7% 1,3% 28,2% 36,7% 9,7% 15,8% 2,2% 3,3% 3,9% 0,1% 0,1% 0,0% 100,0%
Trabalhador rural 6,0% 31,9% 26,6% 42,7% 9,8% 13,6% 1,6% 2,7% 2,8% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0%
Empregador rural 0,0% 0,1% 28,0% 38,8% 9,3% 15,5% 1,8% 3,4% 3,0% 0,1% 0,1% 0,0% 100,0%
Não trabalha 60,4% 53,9% 9,2% 24,3% 6,7% 34,6% 2,6% 15,0% 7,5% 0,2% 0,1% 0,0% 100,0%
Outro 13,3% 6,7% 13,6% 31,9% 8,7% 26,2% 3,3% 7,4% 8,7% 0,1% 0,1% 0,0% 100,0%
Total 100,0% 100,0% 12,6% 28,5% 8,0% 29,5% 2,8% 11,2% 7,3% 0,1% 0,1% 0,0% 100,0%
Não trabalha 69,2% 30,8% 43,1% 50,1% 49,2% 69,0% 54,2% 78,4% 60,2% 61,0% 48,7% 55,5% 58,8%
Total 66,7% 33,3% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
* Idade ativa = 16 a 64 anos
Fonte: Cadastro Único - 31/07/2008.
Tabela 2 A: Distribuição dos não-beneficiários do PBF, em idade ativa*, segundo Condição no mercado de trabalho, Localidade e Escolaridade -
2008
Localidade Escolaridade
Condição no mercado Fundame Funda Superio Superio
Básico Básico Médio Médio Pós-
de trabalho Analfab ntal mental r r
Urbana Rural incomp complet incomp complet graduaç Total
eto incomple complet incomp complet
leto o leto o ão
to o leto o
Campo não informado 0,5% 0,6% 12,1% 26,5% 11,7% 25,0% 4,9% 9,7% 9,5% 0,3% 0,3% 0,0% 100,0%
Empregador 0,1% 0,0% 8,9% 18,3% 8,7% 22,6% 6,1% 10,6% 18,9% 2,8% 2,7% 0,4% 100,0%
Assalariado c/ carteira 8,6% 3,1% 5,1% 19,4% 11,1% 25,5% 6,4% 10,8% 19,8% 1,1% 0,8% 0,1% 100,0%
Assalariado s/ carteira 7,2% 3,9% 6,9% 21,1% 10,0% 23,7% 4,8% 10,5% 20,4% 1,2% 1,3% 0,2% 100,0%
Autônomo c/ previdência 0,3% 0,2% 5,5% 21,5% 13,6% 26,1% 6,7% 8,0% 14,8% 1,6% 2,0% 0,3% 100,0%
Autônomo s/ previdência 10,0% 3,0% 7,6% 24,3% 10,5% 29,6% 5,5% 9,5% 12,5% 0,3% 0,2% 0,0% 100,0%
Aposentado/Pensionista 4,6% 6,7% 33,3% 38,3% 9,5% 11,2% 1,8% 2,2% 3,4% 0,1% 0,2% 0,0% 100,0%
Trabalhador rural 4,0% 27,2% 19,8% 36,1% 11,8% 18,8% 2,6% 5,0% 5,7% 0,1% 0,1% 0,0% 100,0%
Empregador rural 0,0% 0,1% 26,3% 32,4% 11,9% 16,9% 2,9% 4,4% 4,7% 0,3% 0,3% 0,0% 100,0%
Não trabalha 52,7% 48,1% 8,5% 19,6% 6,8% 33,4% 3,3% 16,9% 11,1% 0,3% 0,2% 0,0% 100,0%
Outro 12,0% 7,2% 10,1% 25,7% 8,4% 27,0% 4,0% 10,0% 14,1% 0,3% 0,3% 0,0% 100,0%
Total 100,0% 100,0% 10,7% 23,3% 8,4% 28,6% 3,7% 12,7% 11,8% 0,4% 0,3% 0,1% 100,0%
Não trabalha 76,3% 23,7% 41,5% 43,6% 41,7% 60,7% 46,0% 69,0% 48,9% 42,3% 27,8% 34,5% 52,0%
Total 74,6% 25,4% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
* Idade ativa = 16 a 64 anos
Fonte: Cadastro Único - 31/07/2008.