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Enfermagem

em Terapias
Complementares
Material Teórico
Conceituação das Terapias Complementares

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Priscila Luna Lacerda

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Conceituação das
Terapias Complementares

• Conceituação das Terapias Complementares.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer o conceito, definição e diferenças entre terapias alternativas, complementares e
integrativas vigentes no Brasil.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Conceituação das Terapias Complementares

Conceituação das Terapias Complementares


No Brasil, a discussão sobre práticas integrativas e complementares ganhou no-
toriedade a partir dos anos 1980, tendo como subsídio mundial a declaração de
­Alma-Ata, publicada em 1978, a qual defendeu ampliação dos cuidados primários
de saúde como estratégia mundial para estabelecer universalidade e integralidade
aos serviços de saúde. Em âmbito nacional, o marco histórico relacionado à aten-
ção à saúde pública foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que discutiu como
princípio básico a reestruturação da política nacional de saúde pública no Brasil,
defendendo o lema “Saúde para todos”.

Declaração de
Alma-Ata

VIII
Concorrência
Nacional de
Saúde
Práticas
Integrativas
Complementares

Figura 1 – Aspectos históricos que desencadearam a discussão


sobre práticas integrativas / complementares no Brasil

Nesse contexto, com diretrizes internacionais preconizadas pela Organização


Mundial da Saúde (OMS) e a crescente mobilização nacional através da partici-
pação popular em luta por uma política de saúde que atendesse às necessidades
apresentadas pela população, foi criada, em 2006, a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares, com aprovação do Conselho Nacional de Saúde,
tendo como objetivo geral a implementação de tratamentos alternativos à medici-
na baseada em evidências na rede de saúde pública do Brasil, através do Sistema
Único de Saúde.

A população brasileira exerceu papel relevante através da participação política,


especialmente nas Conferências Nacionais de Saúde, em que lutou pela solicita-
ção de implantação das recomendações preconizadas pela OMS, visando integrar
a atenção médica aos recursos terapêuticos que compõem as práticas integrativas
e complementares.

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Como resultado, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Práticas In-
tegrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, incentivando e normatizando as prá-
ticas relacionadas à medicina tradicional chinesa / acupuntura, homeopatia, plantas
medicinais / fitoterapia, termalismo social / crenoterapia e medicina antroposófica.
Explor

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC): http://bit.ly/2MgKcKO

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares tem como


objetivos:
1. Incorporar e implementar as Práticas Integrativas e Complementares no
SUS, atendendo ao novo paradigma em saúde pública – voltado à pre-
venção e promoção, oferecendo cuidado integral e humanizado de forma
holística ao cidadão;
2. Contribuir ao aumento da resolubilidade do SUS e ampliação do acesso à
PNPIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso;
3. Promover a racionalização das ações de saúde, estimulando práticas inte-
grativas sustentáveis e resolutivas;
4. Estimular as ações referentes ao controle/participação social, promovendo
a corresponsabilidade entre o cidadão e o SUS, envolvendo a todos para
as boas práticas relacionadas às políticas de saúde.

Entre suas diretrizes, destacam-se:


1. Estruturação e fortalecimento da atenção relacionada às práticas integrati-
vas e complementares no SUS;
2. Desenvolvimento de estratégias de qualificação aos profissionais do SUS,
para cada prática integrativa / complementar dentro de suas especificida-
des, atendendo aos princípios da educação permanente;
3. Divulgação e informação dos conhecimentos básicos das práticas integra-
tivas / complementares para todos, reforçando a participação popular
como empoderamento da comunidade;
4. Estímulo às ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o de-
senvolvimento integral das ações;
5. Fortalecimento da participação social;
6. Provimento do acesso a medicamentos homeopáticos e fitoterápicos na
perspectiva da ampliação da produção pública, viabilizando a ampliação
dessa prática integrativa com segurança, dentro dos padrões estabelecidos
pela regulamentação sanitária;
7. Garantia do acesso aos insumos necessários para execução de cada práti-
ca integrativa / complementar;

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UNIDADE Conceituação das Terapias Complementares

8. Incentivo à pesquisa em práticas integrativas / complementares, buscan-


do ampliar a abrangência embasada em evidências que comprovem a efi-
ciência, segurança e efetividade dos serviços prestados;
9. Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação da PIC, para
instrumentalização de processos de gestão;
10. Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências em
práticas integrativas / complementares, incentivando maior resolutividade
ao SUS;
11. Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos brasileiros pelo
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
Explor

Diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: http://bit.ly/2HH8pp7

Práticas • Refere-se a práticas que podem substituir o tratamento


Alternativas tradicional, aplicando-se um em detrimento do outro.

Práticas • Refere-se a práticas que ocorrem concomitantemente ao


tratamento tradicional, ou seja, aplica-se uma modalidade
Complementares terapêutica associada a outra.

Práticas • Refere-se à atenção integral ao indivíduo, buscando


Integrativas atender às necessidades do corpo / mente / espírito.

Figura 2 – Diferenciação entre práticas alternativas, complementares e integrativas

Atualmente, tanto as práticas complementares, quanto as práticas integrativas


­fazem parte da política nacional de saúde no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde,
desde a implantação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares,
em 2006, a procura no SUS por esses procedimentos cresce significativamente.

As terapias estão presentes em 9.350 estabelecimentos em 3.173 municípios,


sendo que 88% são oferecidas na Atenção Básica. Em 2017, foram registrados
1,4 milhão de atendimentos individuais em práticas integrativas e complementares.
Somando as atividades coletivas, a estimativa é que cerca de 5 milhões de pessoas
por ano participem dessas práticas no SUS.

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Dentre as práticas integrativas / complementares oferecidas pelo SUS, atual-
mente, a acupuntura é a mais difundida, tendo 707 mil atendimentos e 277 mil
consultas individuais.

As práticas de Medicina Tradicional Chinesa, incluindo diversas modalidades


relacionadas ao exercício corporal coletivo como taichi-chuan e liangong ocupam
o segundo lugar com aproximadamente 151 mil sessões. Em seguida, aparece a
auriculoterapia, modalidade da acupuntura que aborda o pavilhão auricular como
microssistema para o tratamento do organismo como um todo, contabilizando
142 mil procedimentos. Considerando as terapias oferecidas no sistema único de
saúde, o Brasil contabiliza dados significativos como 35 mil sessões de yoga, 23 mil
de dança circular/biodança e 23 mil de terapia comunitária, entre outras.

Figura 3 – Modalidades mais procuradas em práticas integrativas / complementares


Fonte: Getty Images

A crescente procura às práticas integrativas e complementares corrobora com as


evidências científicas, comprovando a eficácia dessas terapias associadas à medici-
na convencional, possibilitando a atenção holística ao cidadão.

As mudanças sociais oriundas da revolução industrial e do capitalismo trouxe-


ram à vida moderna uma escassez cada vez maior em relação ao tempo disponível
às relações interpessoais. As pessoas estão sempre apressadas, sem tempo, cor-
rendo, atrasadas, preocupadas, estressadas e não conseguem atender nem mesmo
às suas necessidades, tornando-se indiferentes ao outro e a si. Diante disso, parte
do sucesso atribuído às terapias integrativas / complementares está associada ao
acolhimento e à escuta ativa que são direcionados ao paciente.

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UNIDADE Conceituação das Terapias Complementares

Nesse cenário, é cada vez maior a necessidade de capacitar profissionais da área


da saúde práticas integrativas / complementares, respeitando suas especificidades.

Como ter acesso às práticas integrativas pelo SUS:


• Os serviços serão prestados na Atenção Básica, em uma das Unidades Básicas
de Saúde (UBS);
• Cada gestor da UBS define quais terapias vai ofertar e em quais UBS. Ou seja,
nem todas as atividades estão disponíveis em todas as UBS;
• Para fazer o acompanhamento, o paciente deverá receber atendimento médico
em uma das UBS e ter o pedido receitado pelo profissional.

Desde a implantação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-


mentares nosso país contava com 19 práticas terapêuticas. Em março de 2018,
o Ministério da Saúde incluiu mais dez terapias integrativas ao SUS, totalizando
29  modalidades disponíveis aos usuários do sistema único de saúde. Com isso,
somos o país líder na oferta dessa modalidade na Atenção Básica. Essas práticas
são investimento em prevenção à saúde para evitar que as pessoas fiquem doentes.
Explor

Ampliação das modalidades terapêuticas em PICS: http://bit.ly/2Mffbqp

Lista das 29 modalidades disponíveis pela PNPIC SUS:


• Apiterapia;
• Aromaterapia;
• Arteterapia;
• Ayurveda;
• Bioenergética;
• Biodança;
• Constelação familiar;
• Cromoterapia;
• Dança circular;
• Geoterapia;
• Hipnoterapia;
• Homeopatia;
• Imposição de mãos;
• Medicina antroposófica;

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• Medicina tradicional chinesa;
• Meditação;
• Musicoterapia;
• Naturopatia;
• Osteopatia;
• Ozonioterapia;
• Plantas medicinais/fitoterapia;
• Quiropraxia;
• Reflexoterapia;
• Reiki;
• Shantala;
• Terapia comunitária integrativa;
• Terapia de florais;
• Termalismo social/crenoterapia;
• Yoga.

A ampliação das práticas integrativas e complementares vão de encontro à mu-


dança de paradigma vigente no Brasil buscando ampliar o modelo preventivo em
detrimento do curativo.

Quanto antes o indivíduo compreender o impacto das suas atitudes cotidianas


para a manutenção da sua saúde, maior será a adesão às práticas integrativas /
complementares e, consequentemente, maior será o equilíbrio biopsicosocial da
população. Um dos objetivos relacionados a essa ampliação é desmistificar as prá-
ticas complementares e difundir o amplo conhecimento que as mesmas possuem
sobre o processo saúde doença, contribuindo efetivamente para prevenção de agra-
vos à saúde e, assim, para a redução gastos públicos, diretos e indiretos, destinados
ao tratamento de doenças no modelo curativo.

Outro objetivo implícito a essa ampliação é oferecer maior diversidade para aten-
der ao princípio da equidade, ou seja, disponibilizar oportunidade terapêutica para
indivíduos de diferentes culturas, de forma que eles sejam atendidos com equidade
em relação aos brasileiros, respeitando suas crenças e hábitos, sem qualquer forma
de discriminação.

O estado de saúde é resultado do equilíbrio biopsicossocial, alcançado através da


manutenção entre corpo / mente / espírito:

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UNIDADE Conceituação das Terapias Complementares

CORPO
MENTE

ESPÍRITO

Figura 4

Assim, os objetivos dessa política de saúde pública atuam em consonância com


o conceito ampliado de saúde difundido pela OMS de que saúde é o estado de com-
pleto bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Portaria GM nº 971, de 03 de Maio de 2006
Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no
Sistema Único de Saúde.
http://bit.ly/2IjWQDr
Portaria nº 849, de 27 de Março de 2017
Inclui a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia,
Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária
Integrativa e Yoga à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.
http://bit.ly/2ImLmiv
Portaria nº 1.988, de 20 de Dezembro de 2018
Atualiza os procedimentos e serviço especializado de Práticas Integrativas e
Complementares na Tabela de Procedimentos Medicamentos Órteses Próteses e Materiais
Especiais do SUS e no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
http://bit.ly/2IjDTRd
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
http://bit.ly/2IjECBV

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UNIDADE Conceituação das Terapias Complementares

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de práticas integrativas e
complementares no SUS – PNPIC-SUS: atitude de ampliação de acesso. Brasília­:
­Ministério da Saúde, 2006. (Série B. Textos Básicos de Saúde) Disponível em:
<http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/pnpic>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e


Complementares. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnpic.php>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Novas Práticas Integrativas no SUS. Disponível


em: <http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42737-ministerio-da-
saude-inclui-10-novas-praticas-integrativas-no-sus>.

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