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CHRIST
A
Complete Savior:
OR,
The Intercession of Christ,
And Who Are Privileged in It.
The meaning of the word
INTERCESSION.
The benefits of this intercession of Christ. Its perpetuity.
He ever lives to make intercession. The persons who are interested in it.
Por John Bunyan
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Copyright © 2021 Editora O Estandarte de Cristo
Francisco Morato, SP, Brasil
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1ª edição em português: 2021
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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora O Estandarte de Cristo.
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da
fonte.
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Salvo indicação em contrário e leves modificações, as citações bíblicas usadas nesta
tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011
Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
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Tradução: Leonardo Gonzales
Revisão: William Teixeira, Josué Meninel e Camila Rebeca Teixeira
Capa: William Teixeira
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Visite: OEstandarteDeCristo.com
Sumário
Prefácio do Editor
Introdução
1
A Intercessão de Cristo
2
Os Benefícios da Intercessão de Cristo
Cristo nos salva perfeitamente
Nossa segurança repousa sobre a capacidade de Cristo de nos salvar
Inferências feitas a partir dos benefícios da intercessão de Cristo
Por que os justificados precisam de um intercessor?
Eles são imperfeitos em seus sentimentos e inclinações
Eles são imperfeitos em suas graças
Eles são imperfeitos em seus deveres
3
As Pessoas Beneficiadas pela
Intercessão de Cristo
Sobre se achegar a Deus por meio de Cristo
Maneiras de nos achegarmos a Deus
Quem são as pessoas que vêm a Cristo
A vinda do homem despertado a Cristo
O retorno de um desviado a Cristo
O modo como um desviado retorna a Cristo
A vinda do cristão sincero a Deus por meio de Cristo
Inferências dessa vinda a Deus por meio de Cristo
Primeira inferência
Segunda inferência
Terceira inferência
Quarta inferência
Quinta inferência
4
A Certeza da Salvação de
Todo Aquele que Sinceramente Vem a
Deus por Meio De Cristo
O fato de Cristo viver para sempre é a certeza daqueles que se achegam a Deus
por meio dele
Inferências a partir da certeza dos benefícios da intercessão de Cristo
Aplicação
Primeira Aplicação
Segunda Aplicação
Palavra do Editor
Introdução
1
A Intercessão de Cristo
(Gálatas 1:4). Visto que Deus fez os dois mundos, então podemos
concluir que ele é o mais capaz de julgar qual dos dois é o melhor.
Então eu o encaminho para o julgamento de Deus sobre questão o
qual você pode encontrar nas Escrituras da verdade: “O céu é o
meu trono, e a terra o estrado dos meus pés” (Atos 7:49). Espero
que você entenda que há uma diferença aqui. O Senhor é o Deus
daquele mundo, o diabo é o deus e príncipe deste. Portanto, nisso
também transparece a diferença que há entre eles.
2. Aquele mundo e aqueles que são considerados dignos dele
serão todos eternos; mas não será assim com o mundo presente,
nem com os seus habitantes. A Terra com as suas obras será
queimada, e os homens que pertencem a ela perecerão da mesma
maneira (2 Pedro 3). “Porém Israel será salvo pelo Senhor, com
uma eterna salvação; por isso não sereis envergonhados nem
confundidos em toda a eternidade” (Isaías 45:17). Este mundo, junto
com aqueles que o amam, acabarão nas chamas de um inferno de
fogo; mas o mundo vindouro não se desvanecerá (1 Pedro 1:3-4).
3. Os melhores confortos do mundo presente são misturados
com sofrimentos ou maldições; mas no mundo vindouro não haverá
sofrimento ou maldição alguma. Não haverá mais maldição, e
quanto aos sofrimentos, todas as lágrimas serão enxugadas dos
olhos dos que ali habitarem. Ali não haverá nada além de deleites
arrebatadores e santos, e a alegria não cessar. Lá não haverá
nenhuma partícula de pecado. “Na tua presença há fartura de
alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Salmos
16:11).
4. Lá os homens serão como anjos, “porque já não podem
mais morrer” (Lucas 20:35-36). Contemplarão a face de Deus e de
seu Filho e serão inundados em sua alegria para sempre.
5. Lá os homens estarão longe de toda miséria e saberão que
será totalmente impossível que qualquer coisa como tristeza, dor,
doença ou descontentamento os aflija novamente.
6. Lá os homens serão recompensados por Deus pelo que
fizeram e sofreram em obediência à sua vontade e por causa de
Cristo. Ali eles serão apascentados em paz e vestidos com
consolação eterna.
7. Todos os habitantes do mundo por vir serão e é assim que
serão proclamados lá. Eles também serão coroados com coroas de
vida, glória, alegria eterna e benignidade: “Naquele dia o Senhor dos
Exércitos será por coroa gloriosa, e por diadema formosa, para os
restantes de seu povo” (Hebreus 2:7; Isaías 28:5, 35:10; Salmos
103:4). Ora, se aquele mundo por vir, embora nada mais possa ser
dito sobre ele nestas poucas linhas, não for infinitamente melhor do
que o mundo presente, então estou equivocado quanto às minhas
considerações. Mas o homem que vem a Deus por meio de Cristo
está satisfeito pois está certo de que o mundo por vir é infinitamente
superior e este. E se todo o caminho que ele devesse percorrer até
chegar lá estivesse coberto de brasas, ainda assim, ele escolheria,
com a ajuda de Deus, percorrer esse caminho ao invés de ter sua
parte com os que perecem.
Quarta inferência
Se houver um mundo por vir, se o caminho para ele for seguro
e bom e se Deus está lá para ser desfrutado por aqueles que vêm a
ele por meio de Cristo — então isso demonstra a grande loucura da
maioria dos homens. Loucura no mais alto grau, pois eles se
recusam a vir a Deus por meio de Cristo para que sejam herdeiros
do mundo vindouro. A característica que Salomão atribui a eles está
correta: “O coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e
que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão
aos mortos” (Eclesiastes 9:3). O louco fica concentrado naqueles
objetos que o entretém ou em qualquer outra coisa, exceto naquilo
em que ele deveria estar, e o mesmo acontece com aqueles que
não vêm a Deus por meio de Jesus Cristo. O louco não tem ouvidos
para ouvir nem seu coração recebe os bons conselhos dos que
estão em seu juízo perfeito, assim acontece também com aqueles
que não vêm a Deus por meio de Cristo. Um louco se interessa mais
por palhas e penas, com as quais se enfeita, do que por todas as
pérolas e joias do mundo; e aqueles que não vêm a Deus por meio
de Cristo se interessam mais pelas fugazes bolhas de espuma desta
vida do que pela honra que o homem sábio herdará, diz Salomão:
“Os sábios herdarão honra, mas os loucos tomam sobre si
vergonha” (Provérbios 3:35). Que vergonha ver as joias de Deus
serem ignoradas, ainda mais por aqueles que pensam que ninguém
é mais sábio do que eles. Sei que os sábios deste mundo irão
zombar de nós por pensarmos que eles estão loucos. Na verdade,
quanto mais sábio alguém é aos olhos deste mundo, mais tolo ele é
sobre os assuntos de Deus; e quanto mais obstinadamente eles
permanecem nesse caminho, mais loucos se fazem.
Quando Salomão se entregou a desvios, ele disse que se
entregou à loucura e à estultícia (Eclesiastes 1:17, 2:12). E quando
ele buscou saber o que o homem é desde a queda, ele saiu em
busca da insensatez e da loucura (Eclesiastes 7:25-29). E não é dito
que quando os judeus se iraram contra Jesus, por causa do bem
que ele fez no sabbath, que isso se deu por eles estarem tomados
pela loucura? Não será que Paulo também, no período em que se
opunha a Cristo, ao evangelho e aos seus adeptos, não nos diz
claramente que ele alcançou o mais alto grau de loucura?[8] “E,
excessivamente enlouquecido contra eles, até nas cidades
estranhas os persegui” (Atos 26:11, trad. lit.). Ora, se perseguir os
cristãos como Saulo fez é uma loucura excessiva, então quantos
hoje devem ser considerados excessivamente loucos, ainda que se
considerem os únicos homens sóbrios? Eles agem segundo o que
pensam ser correto e passam a se opor à sua própria felicidade,
acalentar e nutrir serpentes em seus próprios corações, escolher
para si os caminhos da morte e da condenação. Eles se ofendem
contra aqueles que se esforçam para tirá-los do abismo em que
estão, e preferem mentir e morrer ali do que irem a Deus por meio
de Cristo para que possam ser salvos da ira por meio dele. Eles
estão tão loucos que consideram que o homem mais sóbrio, piedoso
e santo é de fato o louco. Eles consideram que quanto alguém
busca sinceramente a vida, mais louco ele é; quanto mais alguém
possuir o Espírito, mais louco ele é; quanto mais alguém desejar
promover a salvação dos outros, mais louco ele é. Mas isso não é
um sinal de uma loucura do pior tipo? Contudo, há muitos desses
loucos e também são loucos todos aqueles que durante sua vida
preferem viver segundo o que eles mesmo julgam ser correto e se
recusam a virem a Deus por meio de Cristo, e permanecem assim
mesmo enquanto a porta está aberta e o cetro de ouro da graça do
Deus bendito é estendido para eles (João 10:20, Atos 26:24). Essa
é a quarta inferência.
Quinta inferência
Uma outra inferência que podemos fazer a partir deste texto é
que o fim que Deus trará aos homens será conforme o fato de virem
ou não a ele por meio Cristo. Aqueles que vêm a Deus por meio de
Cristo se abrigaram e se refugiaram; mas aqueles que não vêm a
Deus por meio de Cristo ficam expostos à tempestade que haverá
no último dia. Naquele dia o vento e tempestade serão tão fortes
que arrebatarão os que estiverem confiando em si mesmos: “Virá o
nosso Deus, e não se calará; um fogo se irá consumindo diante
dele, e haverá grande tormenta ao redor dele. Chamará os céus lá
do alto, e a terra, para julgar o seu povo” (Salmos 50:3-4). Ora,
naquele dia qual será a porção daqueles que tiverem se recusado a
vir a Deus por meio de Cristo? Ninguém senão Deus sabe qual será
a recompensa dos incrédulos.
Escrever e pregar são coisas vãs para tais pessoas; que os
homens digam o que quiserem ou puderam para as persuadir e
dissuadir de sua negligência de virem a Deus, tudo isso será inútil,
pois eles estão decididos a não darem um passo. Eles provocarão a
Deus para verem se ele é tão fiel a si mesmo e à sua Palavra a
ponto de condená-los ao fogo do inferno por se recusarem a ouvir e
obedecer à voz daquele que fala do céu.
Mas essa é apenas uma tentativa desesperada. Várias coisas
declaram que Deus está determinado a condená-los:
1. A forca está pronta — o inferno está preparado para os
ímpios.
2. Os anjos que pecaram já estão acorrentados e presos ao
julgamento daquele dia, não obstante sejam, no que diz respeito à
sua criação, mais elevados e maiores do que os homens (2 Pedro
2:4). Que os pecadores, então, cuidem de si mesmos.
3. O juiz está preparado e designado, e executará a pena
daqueles que se recusaram vir a Deus, e isso não é nada bom para
eles, pois então lhes dirá: “E quanto àqueles meus inimigos que não
quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os
diante de mim” (Lucas 19:27).
Mas que surpresa será para aqueles que agora se achegam a
Deus por meio de Cristo quando verem a si mesmos no céu,
verdadeiramente salvos e em plena possa da vida eterna. Pois o
que é a fé em comparação com a posse? A fé é misturada com
muitos medos, é muito combatida e, às vezes, parece estar
completamente extinta — como ela poderá levar alguém para o
céu? Por isso é dito que Deus será admirado naqueles que agora
creem, pois creram no testemunho enquanto estavam aqui; naquele
dia, eles se admirarão daquilo em que criam enquanto estavam no
mundo (2 Tessalonicenses 1:10). Eles também se admirarão ao
pensar, ver e contemplar o que a fé lhes concedeu, enquanto os
demais, por se recusarem a vir a Deus por meio de Cristo, beberão
suas lágrimas misturadas com enxofre ardente.
O arrependimento não será encontrado no céu entre aqueles
que vieram a Deus por meio de Cristo. Porém, o inferno é o lugar do
arrependimento tardio; é ali onde as lágrimas irão se misturar com o
ranger de dentes, enquanto os condenados pensaram em quão
loucos e miseráveis eles foram ao se recusarem a se achegarem a
Deus por meio de Jesus Cristo.
Então seus corações e lábios estarão cheios de falas como:
“Senhor, senhor, abre-nos a porta”. Mas a resposta será: “Vocês me
deixaram do lado de fora, ‘sendo forasteiro, não me hospedastes’;
além disso, vocês se recusaram a virem a meu Pai por meio de
mim, portanto agora vocês devem se apartar de meu Pai por meio
de mim” (Mateus 25).
Aqueles que não serão salvos por Cristo, deverão ser
condenados por Cristo — nenhum homem pode escapar de um dos
dois. Eles podem recusar o primeiro, mas não podem evitar o
segundo. Então aqueles que não querem vir a Deus por meio de
Cristo terão ócio e tempo o suficiente, se é que posso chamar isso
de tempo, para considerarem o que fizeram ao se recusarem a vir a
Deus por meio de Cristo. Eles meditarão fervorosamente sobre
essas coisas, seus pensamentos estarão inflamados por conta
disso, mas será tarde demais; em cada pensamento haverá uma
ferroada, a qual, como uma flecha de aço, os ferirá continuamente.
Então eles abençoarão aqueles que antes desprezavam e
elogiarão aqueles que haviam desprezado. Ali o homem rico
desejará trocar de lugar com o pobre Lázaro, embora outrora,
enquanto estava no mundo, ele tenha preferido sua própria
condição. O dia do julgamento será a pior coisa para aqueles que
são justos segundo suas próprias opiniões; eles não serão mais
capazes de interpretarem a realidade de forma distorcida. Depois
daquele dia, eles nunca mais irão trocar o amargo pelo doce, as
trevas pela luz, ou o mal pelo bem. Sua loucura então
desaparecerá. O inferno será a casa da confusão do incrédulo, e lá
Deus irá ensinar-lhes uma lição devido a todas as fraudes e
zombarias em que eles se envolveram neste mundo, mas não para
seu proveito ou benefício; o abismo que Deus colocou e fixou entre
o céu e o inferno impedirá que recebam algo além de males (Lucas
16: 23-26).
Mas que alegria será para aqueles que verdadeiramente são
piedosos quando naquele diz pensarem que vieram a Deus por
meio de Cristo! Foi misericórdia dele que os motivou primeiramente
a irem, foi por sua felicidade que eles continuaram vindo; mas a
glória divina é o motivo por terem vindo a Deus por meio de Cristo.
Eles foram a Deus porque ele é tudo! — tudo que é bom,
essencialmente e eternamente bom. Eles foram a Deus! — o
oceano infinito do bem. Eles foram a Deus amigavelmente, por meio
da reconciliação; mas os outros homens viram a Deus para receber
sua ira, pois não vieram a ele por meio Jesus Cristo. Ah como que
desejaria imaginar ou escrever mais poderosamente a você sobre o
estado de felicidade daqueles que vêm a Deus por meio de Cristo.
Assim, eu dos três pontos que foram mencionados
anteriormente, a saber, 1. Sobre a intercessão de Cristo. 2. Sobre os
benefícios dessa intercessão. 3. Sobre as pessoas que são
beneficiadas por essa intercessão.
4
A Certeza da Salvação de Todo
Aquele que Sinceramente Vem a
Deus por Meio de Cristo
Aplicação
Primeira Aplicação
Permita-me exortá-lo a estudar essa e outras verdades acerca
de nosso Senhor Jesus Cristo. O ofício sacerdotal de Cristo é a
primeira e principal coisa que nos é apresentada no evangelho, a
saber, como ele morreu por nossos pecados e se entregou na cruz
para que a bênção de Abraão chegasse até nós por meio dele (1
Coríntios 15:1-6; Gálatas 3:13-16). Entretanto, pelo fato de que esse
seu ofício sacerdotal está dividido em duas partes e porque uma
delas — a saber, a de sua intercessão — deve ser realizada por nós
dentro do véu e, assim, longe de nossa vista, temos a tendência de
esquecê-la. Nós nos satisfazemos com a sua morte como sacrifício;
mas não nos interessamos suficientemente por nosso Arão,
enquanto ele entra no santuário para aspergir o propiciatório com
sangue em nosso favor. Deus me guarde de que uma única sílaba
do que falo seja escrita, ou interpretada por outros, como se eu
procurasse diminuir o preço que Cristo pagou por nossa redenção
enquanto esteve neste mundo. Entretanto, visto que sua morte é o
preço de nossa redenção, e sua intercessão é o seu ato de pleitear
o valor dela na presença de Deus contra Satanás — há glória a ser
encontrada nisso e devemos buscar por ele no lugar santo.
A segunda parte da obra dos sumos sacerdotes que
ministravam segundo a lei possuía grande glória e santidade. Isso
fica evidente a partir do fato de que foram providenciadas vestes
sagradas para ministrarem dentro do véu, e que era ali que estava o
altar em que eles ofereciam incenso e era ali também que estava o
propiciatório e os querubins da glória, que eram figuras dos anjos,
que amam estar continuamente contemplando e observando a
administração dessa segunda parte do sacerdócio de Cristo na
presença de Deus. Pois embora eles próprios não sejam as pessoas
que estão imediatamente envolvidas nessa intercessão como nós,
não obstante, a sua administração é realizada com tanta graça,
glória, sabedoria e eficácia que é o próprio paraíso para os anjos
contemplá-lo para desfrutar de seu cheiro suave e doce memorial,
perfumes revigorantes para o coração, os quais exalam
continuamente do propiciatório até o “alto” onde Deus está e para
admirar o quão eficaz e glorioso isso é para o propósito para o qual
foi designado. Aquele que não se maravilha com a graça de Deus
possui um grande defeito em sua fé e perde muitas das coisas boas
que, de outra forma, poderia desfrutar. Portanto, sejam diligentes em
seu estudo dessa parte da obra que Cristo desempenha no
cumprimento de nossa salvação. E as cerimônias da lei podem ser
de grande ajuda para você quanto a isso, pois embora elas estejam
fora de uso agora, contudo, o significado delas é permanece quanto
à sua riqueza, e através delas muitos cristãos foram grandemente
instruídos. Portanto, aconselho que você leia os cinco livros de
Moisés frequentemente; sim, leia e releia, e não perca a esperança
de entender algo da vontade e da mente de Deus neles, mesmo que
agora você chegue a pensar que tais significados estejam fora de
seu alcance. Não se preocupem, mesmo que vocês não possuam
comentários e exposições da Bíblia. Persistam em orar e ler, pois
um pouco de Deus é melhor do que muito dos homens.
Além disso, o que vem dos homens é incerto e frequentemente
anulado e refutado por outros homens; mas o que vem de Deus é
fixado como um prego em um lugar bem firme. Sei que há tempos
peculiares de tentação, mas falo agora sobre o curso comum do
cristianismo. Não há nada que permaneça conosco senão aquilo
que recebemos de Deus; e a razão pela qual os cristãos de hoje
estão tão perdidos quanto a algumas coisas é porque eles estão
acomodados com o que sai da boca dos homens, e não examinam
o que ouvem ou se põem de joelhos diante de Deus buscando saber
dele a verdade das coisas. As coisas que recebemos das mãos de
Deus vêm a nós como gravadas pela cunha divina, e embora velhas
em si mesmas, são novas para nós. Velhas verdades são sempre
novas para nós, se vierem exalando o cheiro do céu. Não falo isso
para que as pessoas venham a desprezar seus ministros, mas para
mostrar que hoje em dia há tanta ociosidade entre aqueles que se
dizem cristãos a ponto de, por um lado, impedi-los de buscarem
diligentemente pelas coisas divinas e, por outro, os levar a
buscarem as coisas que não são seladas pelo Espírito para
testemunharem à consciência. Observem a grande decadência que
hoje pode ser vista entre nós, e esse estranho abandono da verdade
que uma vez professamos.
Segunda Aplicação
Assim como eu o incentivo a se dedicar a um estudo sério e a
buscar essa grande verdade, eu também o encorajo a
diligentemente buscar torná-lo proveitoso para você mesmo e para
os outros. O desejo de conhecer a verdade por causa do
conhecimento não provém de uma disposição graciosa da alma; e
comunicar a verdade com o desejo de receber elogios e vanglória
também é um desvio da simplicidade piedosa. Mas buscar
aprofundar aquilo que conheço para o meu próprio bem e para o
bem dos outros é próprio do verdadeiro cristianismo. Ora, as
verdades recebidas podem ser aprofundadas para o meu proveito e
para os outros das seguintes maneiras:
1. Essas verdades podem ser aprofundadas com relação a
mim mesmo quando busco o poder que pertence a essas noções da
verdade que recebi. Toda noção real da verdade possui um poder, a
noção é a casca, mas o poder é a poupa e a vida. Sem este último,
não traz nenhum benefício para mim e nem para aqueles para quem
eu a comunico. É por isso que Paulo disse aos coríntios: “Mas em
breve irei ter convosco, se o Senhor quiser, e então conhecerei, não
as palavras dos que andam ensoberbecidos, mas o poder. Porque o
reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder” (1
Coríntios 4:19-20). Busque, então, o poder daquilo que você
conhece, pois é o poder que lhe beneficiará. Agora, isso não será
obtido senão por meio de oração fervorosa e muita dependência de
Deus; também não deve ser admitido que seu coração esteja
sobrecarregado com os cuidados e preocupações deste mundo,
pois tais coisas o deixarão infrutífero.
Cuidado para não desprezar o pouco que você tem; um bom
aproveitamento do pouco é a melhor maneira de fazer com que
esse pouco prospere e que mais lhe seja dado: “Quem é fiel no
pouco, também é fiel no muito; quem é injusto no pouco, também é
injusto no muito” (Lucas 16:10).
2. Essas verdades também podem ser aprofundadas com
relação aos outros. Você pode fazer isso de duas formas:
(1.) Esforce-se para instruí-los em seus corações através de
sãs palavras e por expor todas as coisas a eles com o respaldo da
autoridade das Escrituras.
(2.) Esforce-se para ser o exemplo daquilo que você busca
ensinar para eles, mostrando-lhes através de sua vida a paz e os
efeitos gloriosos que essas verdades exercem sobre sua alma.
Por último, que essa doutrina lhe conceda ousadia para se
achegar a Deus. Jesus Cristo está intercedendo no céu? Então, seja
um homem de oração na terra, tenha coragem para orar. Pense
assim consigo mesmo: “Vou me achegar a Deus, pois diante de seu
trono o Senhor Jesus está pronto para entregar minhas petições a
ele, Cristo ‘vive sempre para interceder por mim’”. Esse é um grande
encorajamento para nos achegarmos a Deus por meio de orações e
súplicas em favor de nós mesmos e por meio de petições em favor
de nossa família, nossos próximos e nossos inimigos .
OEstandarteDeCristo.com
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O Estandarte de Cristo
um dos sete diáconos (Atos 6:1-6), tornou-se o fundador da heresia dos nicolaítas
descrita em Apocalipse 2:6, 15.
[5] Nota de tradução: Luz interior ou luz de Cristo é a presença divina que os
relata como no sabbath Jesus curou um homem que tinha a mão direita mirrada.
A tradução inglesa usada pelo autor descreve a reação dos fariseus que
presenciaram esse milagre, dizendo que, “they were filled with madness”,
traduzido literalmente: “eles ficaram cheios de loucura”. A ACF o traduz como, “e
ficaram cheios de furor” (Lucas 6:11).