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Sentido da vida

Terá a vida um sentido?

Ensaio Filosófico
Autoria: Teresa MJ Caseiro
Nº do aluno: 25
11º ano, Turma A
Filosofia

Índice

Apresentação do problema.......................................................................................III
Argumentação..........................................................................................................III
Objeções e refutas....................................................................................................IV
Objeção.............................................................................................................................IV
Refuta................................................................................................................................IV
Objeção..............................................................................................................................V
Refuta.................................................................................................................................V
Objeção.............................................................................................................................VI
Refuta................................................................................................................................VI

Conclusão................................................................................................................VII
Bibliografia............................................................................................................VIII

II
Filosofia

Apresentação do problema
O sentido da vida. Uma pergunta que sempre nos fizemos e para a qual nunca realmente
chegaremos a uma resposta consensual. Nunca realmente saberemos se a nossa vida terá
ou não um sentido. No entanto podemos acreditar se esta o terá ou não.

Mas o que é que significa a vida ter um sentido?

Quando dizemos que a vida tem um sentido, basicamente estamos a dizer que não nos
limitamos a existir e que a vida em si ou algo dá um sentido à vida: Falamos da questão
da existência de um objetivo para a vida, sobre o valor da vida e sobre a existência de
uma razão para viver.

Já muitas pessoas formularam respostas para esta pergunta, uns dizendo que a vida não
tem sentido, como por exemplo Shakespeare, “A vida é uma história contada por um
idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido algum.”, Macbeth, Cena V, Ato V Macbeth
(1605-1606), e Arthur Schopenhauer, que defende que a vida não tem sentido, defende
um pessimismo radical.

Outros dizendo que sim, a vida tem sentido como Susan Wolf que defende que a vida
tem sentido se nos dedicarmos ativamente a atividades com valor genuíno, defende
então um otimismo objetivista.

Debatemo-nos nesse caso com o problema. Terá então a vida um sentido em si? Ou a
vida em si não tem sentido, mas existem coisas nesta que a preenchem atribuindo-lhe de
certa forma um sentido? Ou será que a vida não tem qualquer sentido?

No decorrer deste ensaio procura-se demonstrar que a vida tem realmente sentido, não
em si, mas sim no sentido que existem coisas que acrescentam à vida sentido, valor.

Argumentação
A vida em si não tem sentido. Quando nascemos a nossa vida limita-se a ser isso, mais
uma vida, existimos. No entanto dizer que a vida, em si, não tem sentido, não implica
necessariamente dizer que a vida não tem sentido.

Eu defendo que a vida, em si, não é dotada de sentido, mas ao longo desta existem
elementos, dos mais variados possíveis, que lhe vão incorporando sentido, vão lhe
atribuir um valor.

“O sentido da vida é dar à vida sentido.”, Victor Frankl.

Defendo, portanto, algo simples em que o sentido da vida resulta da perspetiva pessoal
de cada um. Não existem valores pré-definidos que se estabeleçam como referências
para a atribuição de sentido à vida. Isso seria uma teoria de certa forma egoísta e
III
Filosofia

egocêntrica porque eu posso sentir que a minha vida tem sentido devido a certos
aspetos, mas tenho de admitir que outras pessoas possam sentir que a sua vida tem
sentido devido a outros elementos completamente diferentes dos meus.

Porque a vida e a própria questão de se a vida tem sentido ou não, é algo tão complexo
que não me parece certo um ser com tantas imperfeições como eu sou, como o ser
humano é, estar a impor fronteiras, definições concretas, conceitos exatos, únicos e
gerais.

A vida é algo pessoal. O sentido que lhe damos também o é.

Mas para ser melhor compreendida vou dar um exemplo de elementos que dão sentido à
vida, vou expor o que para a minha pessoa dá ou pode dar sentido à vida.

Para tal escolhi uma frase que se adequa bastante bem à minha situação pessoal,
“Medicine, law, business, engineering, these are all noble pursuits, and
necessary to sustain life. But poetry, beauty, romance, love, these are what we stay alive
for.”, John Keating, O clube dos poetas mortos (1990).

Objeções e refutas
Objeção
A vida resulta da criação; da existência. Sem esta não existe nada. Não se consegue
dissociar; separar a vida por si só da vivência.

A vida significa um conjunto de ações que representam a existência da vida. A vida e


viver a vida não são dissociáveis. Uma implica a outra. Mesmo um “dolce far niente”
representa uma sensação de bem-estar que representa vida.

A vida por si só, independentemente do seu destino e da forma como acaba, com a
morte, tem sentido porque é algo que existe e essa existência só pelo simples fato de
existir tem sentido, porque faz parte de um todo, que representa a própria vida.

Refuta
Para mim vida é tudo o aquilo que pode ser considerado um ser vivo.

Vida é o simples facto de seremos capazes de respirar, crescer, reproduzir. Vida é,


portanto, existir, dissociando-se assim da vivência. Temos vida e esta dá-nos os
instrumentos para a vivermos; sentirmos, mas esta em si não tem sentido porque
podemos muito bem limitarmo-nos a existir; a ser um ser vivo, mas não a viver.

Temos vida por “sorte”, mas só a vivemos por escolha.

IV
Filosofia

E é ao vivê-la que lhe vamos atribuir sentido. A vida passa a ter sentido quando
desenvolve ações a que cada um na sua vida dá valor. Sem estas ações valoradas de
forma pessoal temos apenas seres vivos que se limitam a existir. A vida tem de fazer
sentido, para cada um de nós, na perspetiva de como a vai viver.

Objeção
Arthur Schopenhauer, defende que a vida em si não tem sentido e que nem o valor que
cada um de nós dá às coisas lhe dá um sentido. Apesar de ele considerar a existência de
alguns valores na vida como o conhecimento e o prazer, entre outros, conclui que estes
são meramente ilusórios porque quando alcançados perdem todo o valor, logo não
permitem dar valor à vida ou fazer com que ela tenha um sentido.

Para suportar a sua teoria, dá três exemplos, sendo que um deles refere que o Homem
tem prazer na luta para alcançar o que deseja, mas quando o alcança perde o interesse.
Essencialmente o que, me parece, que o Schopenhauer quer dizer é que, “eu só estou
bem aonde eu não estou. Porque eu só quero ir aonde eu não vou.”, António Variações,
“Estou Além” (1983).

Refuta
O desenvolvimento de atividades por parte do ser humano e o propósito de alcançar
objetivos constituem em si um sentido, independentemente de o objetivo ser alcançado
ou não. Quando se alcança o objetivo não quer dizer que se perca o sentido da vida
porque a vida é uma atividade permanente na prossecução de objetivos.

Muitas vezes podemos traçar um objetivo a alcançar, mas todas as atividades


desenvolvidas até alcançar esse objetivo são tão significativas ou mais que o objetivo
final em si. E quando se alcança esse objetivo a satisfação é grande e dá todo o sentido à
vida, mas o objetivo também pode não ser alcançado e isso não tira significado a tudo o
que foi feito para o alcançar.

Tal como a cantora Miley Cyrus refere na música “The Climb” (2009), que
independentemente de se alcançar ou não o objetivo proposto o caminho para lá chegar
é o que importa, isso em si tem um sentido.

“(…) There's always gonna be another mountain


I'm always gonna wanna make it move
Always gonna be an uphill battle
Sometimes I'm gonna have to lose
Ain't about how fast I get there

V
Filosofia

Ain't about what's waiting on the other side


It's the climb (…)”

Objeção
Para Liev Tolstói a vida só toma sentido se for dotada de perenidade, ou seja, se for
eterna.

Para este uma vida que não seja eterna, perene, não tem qualquer sentido. No entanto,
para se admitir que a vida é eterna tem se de acreditar na existência de Deus, de uma
identidade divina, este defende, portanto, um otimismo religioso.

Tolstói não vê sentido numa vida finita porque então qual seria o sentido da nossa vida
se tudo o que fazemos acaba eventualmente por acabar, desaparecer?

Para ele não existe, não consegue ver sentido numa vida com um fim, tal como a banda
Soja refere, “I never really got why we're here. Just look at all we build in our lives, and
we all disappear.”, “When we were younger” (2012).

Logo para este escritor não são elementos que vão dar à vida sentido, mas sim a
perenidade desta.

Refuta
Se uma vida finita não pode ser dotada de sentido como é que a prolongando lhe trará
algum sentido?

E porque é que uma vida finita não poderá ser dotada de sentido?

Se uma pessoa não vê sentido na vida, não é por saber que esta é eterna que do nada vai
ver sentido nesta, até pelo contrário, até poderia achar que uma vida perene teria menos
sentido que a sua vida finita, uma vez que não existiria um fim.

A meu ver, mais vale dar vida aos dias que dias à vida.

A vida é uma sequência de ações, de vivências, de contemplações, de perceções, de


sensações e é este dinamismo que preenche a vida e lhe dá sentido. Considerar que a
vida infinita é que teria sentido, é atribuir sentido a qualquer estado vegetativo que se
prolonga eternamente.

VI
Filosofia

E, não é por tirar a data de expiração à vida que trará sentido a esta. Nós tal como numa
vida finita temos de o encontrar, porque por exemplo, terá uma vida vazia, mas eterna
mais sentido que uma vida preenchida; vivida, mas finita?

Ao termos uma vida infinita, mas sem nada que lhe desse valor, então estaríamos
simplesmente a prolongar uma existência sem sentido.

Tal como na questão da eutanásia. Neste caso, a pessoa por considerar que a sua vida já
não tem sentido porque é uma vida de sofrimento prefere morrer a continuar a viver
uma vida que já não considera digna, exatamente porque esse sofrimento domina todas
as outras suas capacidades físicas ou intelectuais que a impedem de sentir, de vivenciar,
de contemplar, enfim, de viver aquilo que dá sentido à vida. E por isso preferem acabar
com a sua vida porque já não veem qualquer sentido nela e, muito menos ao prolongá-
la, uma vez que isso só prolongaria a sua existência e não a sua vida.

Temos aqui um exemplo claro de como o prolongamento da vida não lhe dá um valor
acrescido, mas se esta, ainda que finita, for repleta de coisas pelas quais queremos viver,
às quais cada um de nós dá valor, então veremos sentido na vida querendo assim
continuar a viver.

Conclusão
Depois de tudo o que li e, do que refleti, para a elaboração deste ensaio filosófico,
concluo que esta é uma discussão muito importante a nível filosófico.

A vida para uns não tem sentido porque é finita.

É de fato uma certeza, a única de que se tem na vida. E é universal.

Mas, para mim, a vida tem o sentido que cada um lhe dá através da forma como a vive.

São as atividades que cada um desenvolve, durante a sua limitada existência, que lhe dá
um sentido.

Essa apreciação e essa valoração são individuais, subjetivas. E o que para mim faz
sentido para outros o sentido pode advir de aspetos diferentes.

E, aos olhos dos outros a minha vida pode não lhes fazer sentido.

Há quem ache que o giro da festa é a preparação da mesma.

Há que ache que o importante na subida da montanha, é a própria subida,


independentemente de se conseguir lá chegar.

Eu acho que o giro é desfrutar da festa. Eu acho que o importante é a vista que cada um
tem da montanha que subir.
VII
Filosofia

Mas para mim todas as atividades que compõem a vida, seja qual for a natureza das
mesmas e o seu objetivo e se, se alcança ou não, trazem sentido à vida.

Podemos questionarmos- no sobre a origem da vida e o que acontece para além da


morte e, não existindo certezas sobre nenhuma das duas, considerarmos que a vida não
tem sentido.

Eu não acho. Eu acho que nós só temos de viver a vida, e que é esta vivência pessoal, à
nossa maneira, que traz todo o sentido à vida.

Carpe diem.

VIII
Filosofia

Bibliografia
Almeida, Aires; Murcho, Desidério. Janelas para a Filosofia, 1ª edição, Gradiva, 2014

Website Crítica na rede. Endereço web:

https://criticanarede.com/met_sentidodavida.html

Website RTP Ensina. Endereço web:

https://ensina.rtp.pt/artigo/o-sentido-da-vida-e-a-filosofia/

IX

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