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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS PROFESSOR ANTÔNIO GARCIA FILHO


DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA DE LAGARTO
PRÁTICA SUPERVISIONADA EM FISIOTERAPIA I E II

INGRID MENDES SANTOS

PORTFÓLIO DE ESTÁGIO

LAGARTO/SE
2021
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INGRID MENDES SANTOS

PORTFÓLIO DE ESTÁGIO

Portfólio de Estágio apresentado ao


Departamento de Fisioterapia de Lagarto,
Universidade Federal de Sergipe, como
parte dos requisitos avaliativos nos módulos
de Prática Supervisionada em Fisioterapia I
e II.

LAGARTO/SE
2021
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SUMÁRIO

ENFERMARIA E ALA AMARELA PEDIÁTRICA ................................................. 04


INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DE SERGIPE – IPES ................... 07
CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO – CER III E CENTRO DE
FISIOTERAPIA ............................................................................................................ 08
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ENFERMARIA E ALA AMARELA PEDIÁTRICA

Antes de mais nada, queria aqui, expressar a minha imensa alegria em ter
retornado as atividades da graduação e dar continuidade em um sonho que não é só meu.
Muito obrigada a todos que se empenharam para tudo isso acontecer o mais rápido
possível.

Enfim o estágio veio, e, com ele, as incertezas, inseguranças, sabe aquele


sentimento de “não sei de nada”, “esqueci tudo”, meu Deus, e agora? As duas primeiras
semanas, muito intensas, foram marcadas exatamente por esses sentimentos. Também
quero deixar aqui meus sinceros agradecimentos à Renata, Juliana e Kébia, por todos os
ensinamentos e paciência.

Nesses primeiros dias, felizmente não tivemos nenhum internamento nas


enfermarias pediátricas (digo felizmente porque não aguento vê crianças doentes, mas
compreendo o impacto que isso tem na minha formação). Por esse motivo, todos os
atendimentos foram nas enfermarias da cliníca médica e cirúrgica. Nessas enfermarias
tive contato com pacientes de todas as faixas etárias, com as mais diversas comorbidades.

Como estamos dividindo os pacientes com os fisioterapeutas do serviço,


geralmente atendo três pacientes, duas vezes por dia. Os preceptores, sempre que dá, nos
deixam atender o mesmo paciente duas vezes por semana, e isso tem sido bem legal pois
podemos ver a evolução de cada um.

Do que se trata dos atentendimentos em si, o que mais chamou a minha atenção
foi de um rapaz, nutricionista de 26 anos. Ele deu entrada no hospital na Unidade de
Doenças Respiratórias (UDR) com suspeita de COVID-19, o diagnóstico foi confirmado.
Em conversa com um familiar (primo), a equipe ficou sabendo que ele havia perdido 10
quilos em uma semana, a equipe logo desconviou que havia uma outra infecção, solicitou
exames e o diagnóstico de HIV foi confirmado.

Curado da COVID-19, mais ainda com o HIV agudizado em AIDS, o rapaz foi
transferido para a clínica médica onde recebe os cuidados da equipe. Quando foi nos
passado o caso, hove uma resistência em forma de preconceito para atendê-lo, e isso é
uma quetão que venho trabalhando diariamente, o preconceito.
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Sua indicação para a fisioterapia se deu pelo imobilismo no leito, que gerou perda
na funcionalidade, e um quadro de hemiplegia a esquerda. Estou acompanhando a sua
evolução há duas semanas, estamos fazendo um trabalho de formiguinha lindo, hoje ele
já está deambulando sozinho, sem apoio, tomamos banho de sol diariamente, isso porque
Organização Mundial de Saúde, recomenda a conduta por vários motivos: a produção de
vitamina D, essencial para consolidar a absorção de cálcio e manter os ossos saudáveis,
isso porque há poucos alimentos ricos nesse nutriente e, na prática, sua maior fonte é
mesmo a exposição solar; fortalecer o sistema imunológico, igualmente por ação da
polivalente vitamina D, e atua como adjuvante no tratamento de doenças de pele, já que
os raios solares estimulam a produção de células que fabricam pigmentos; no campo da
saúde mental, a luz solar também oferece contribuição ao ajudar no controle da depressão,
isso porque, ao ser exposto ao sol, o cérebro reduz a produção de melatonina, hormônio
que causa relaxamento e sonolência e que, em excesso, pode levar o indivíduo a se
ensimesmar, ao mesmo tempo, o sol promove um incremento na síntese de serotonina,
neurotransmissor associado ao bem-estar, melhorando o humor.

De forma geral, o paciente já está muito bem, ganhando peso novamente, sua
carga viral está baixissíma (apesar dele ainda não aceitar sua nova condição de saúde) e
logo, logo ele retorna para casa.

(Foto cedida e autorizada pelo paciente)


A segunda quinzena do estágio foi marcada por atendimentos desafiadores e
inéditos. Além dos atendimentos na enfermaria adulta, emfim, tive a oportunidade de
atender uma criança, o pequeno Enzo Kauan, de apenas 2 meses e 23 dias de vida.
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Enzo nasceu com uma idade gestacional de 36 semana. Chegou no Hospital


Universitário de Lagarto com sintomas de laringite aguda virar. Ele apresenta uma face
sindrômica de trissomia do cromossomo 21, o que fez a equipe desconfiar da deficiência.
O diagnóstico foi confirmado.
Segundo o Ministério da Saúde (2013), a Síndrome de Down (SD) ou trissomia
do 21 é uma condição humana geneticamente determinada, é a alteração cromossômica
(cromossomopatia) mais comum em humanos e a principal causa de deficiência
intelectual na população. A presença do cromossomo 21 extra na constituição genética
determina características físicas específicas e atraso no desenvolvimento. Sabe-se que as
pessoas com SD quando atendidas e estimuladas adequadamente, têm potencial para uma
vida saudável e plena inclusão social. No Brasil, estima-se que ocorra 1:600 nascimentos;
o que revela que nascem 8 mil bebês com SD por ano. Os dados do DATASUS (2007)
revelaram que em 2005 nasceram 5.058 indivíduos com SD (MICHELLETO et al., 2009).
Na avaliação cinesiológica funcional, ele apresentou uma movimentação
voluntária, porém com padrão motor assimétrico. A avaliação respiratória foi feita em
conjunto com a fonoaudiologia, onde foi constado esforço respiratório aumentado em
deglutição e presença de estridor laríngeo. Para tanto, dentre todas as condutas assumidas,
foquei principalmente na estimulação precoce.
A estimulação precoce é descrita por Ribeiro (2007) e seus colaboradores como
uma técnica terapêutica que deve abordar todos os estímulos que interferem na maturação
da criança, para facilitar posturas que vão favorecer o desenvolvimento motor e cognitivo,
sendo que o principal objetivo da estimulação precoce é evitar e/ou amenizar distúrbios
do desenvolvimento neuropsicomotor.
A estimulação precoce proporcionará experiências sensório-motoras que vão
intervir na maturação da criança. São condições necessárias para conseguir uma reação
dinâmica com o meio em que vive, ensinando à criança posturas e movimentos mais
próximos do padrão de normalidade favorecendo assim, o desenvolvimento e a aquisição
de habilidades funcionais das crianças (URZEDA, 2009).
De uma forma geral, apesar de poucos, achei muito apoveitador todas os contatos
que tive com pacientes pediátricos, mesmo quando no papel de observador. Dentros da
minhas limitações, acredito que desempenhei o meu papel da melhor forma possível,
sempre buscando embasamento científico nos atendimentos de cada paciente, isso
também foi possível por conta da baixa rotatividade na enfermaria. Saio com sensação de
dever cumprido. Sobre o estágio geral na prática, ainda têm muitas coisas a melhorar.
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Concenso, organização, empatia e respeito, são fatores que devem ser repensados por
alguns preceptores e envolvidos no processo.

(Fotos autorizadas pela responsável)

INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DE SERGIPE – IPES

O segundo campo do estágio começou no dia 19/02/2021, e, pra mim, essa


primeira semana foi de readaptação. Vim de um cenário totalmente diferente do
ambulatório do IPES, aqui podemos de fato acompanhar os paciente e toda a sua
evolução, e isso me motiva muito a me dedicar a buscar o melhor para os meus paciente.
Estou muito feliz nesse campo, um lugar bem menos estressante que o hospital.
Me simpatizo com todos os funcionários e colegas e tenho um carinho super especial
pelos meus paciente, todos assíduos e dedicados. O único ponto negativo que gostaria de
destacar é o fato de não podermos avaliar os pacientes, isso limitou muito os primeiros
atendimentos. No total são seis pacientes por estagiário, predominantemente idosos com
problemas ortopédicos. De todas as patologias que acometem os meus pacientes, a que
mais me chamou atenção foi a Síndrome de e Dupuytren, até então desconhecida por
mim.
Segundo Dib (2008) e seus colaboradores, a Síndrome de Dupuytren é
caracterizada pela contratura progressiva da fáscia palmar superficial e seus
prolongamentos digitais, levando a uma deformidade em flexão das articulações
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metacarpofalangeanas e interfalangeanas. Sua maior incidência é em homens (10:1),


brancos, entre quinta e sétima décadas de vida. Acomete freqüentemente a mão
dominante, sendo comum a bilateralidade e, neste caso, a deformidade é mais importante
na mão dominante. Estudos revelam ser uma doença hereditária, autossômica dominante,
contudo, existe alta incidência em pacientes epiléticos, alcoólatras, diabéticos e acamados
por longo período, permanecendo, portanto, sua etiologia ainda obscura (CHAKKOUR;
GOMES, 2008).
No que se refere a condutas, tive apenas um contato com ele até então, para esse
paciente específico, optei em dar continuidade ao tratamento já proposto e traçar novas
metas, como o fortalecimento dos músculos flexores e extensores de mão, punho e
cotovelo.
Recebi a notícia que a partir da próxima terça-feira (02/03) vou começar atender
uma criança com problemas neurológicos, estou muito animada para isso, aguardando
anciosamente essa data. O amor pela neuropediatria é declarado.
A segunda semana, compreendida entre 01/03 e 05/03, começou bem tranquila.
Meus pacientes, sempre acíduos, aderiram bem aos tratamentos propostos. Em meados
da semana, tive que encaminhar uma paciente idosa ao médico cardiologista depois dela
apresentar picos hipertensivos e bradicardia constantes nos atendimentos.
Atendi Isaac, a criança, ele tem 1 ano e 10 meses, diagnóstico de transtorno do
espectro autista (?), hipotonia e atraso no desenvolvimento motor. Com o início do
acompanhamento fisioterapêutico e as orientações repassadas a genitora para reprodução
em casa, já vimos avanço no quadro em dois atendimentos.
A convivência com um ou outro grupo está meio pesada, caminhando para o
insuportável. A falta de respeito e cooperação beira o ridículo. Quando iniciamos o
estágio acordamos algumas questões básicas com limpeza e organização do espaço e isso,
infelizmente, não está sendo cumprida por todos, o que é revoltante. A interrupção do
estágio essa semana também foi algo bem marcante, entendo que não tem muito o que
fazer, só espero que tudo se resolva o mais rápido possível.

CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO – CER III E CENTRO DE


FISIOTERAPIA

Por motivos pessoais, acabei faltando grande parte da primeira semana de estágio,
comparecendo apenas na sexta-feira. Como não tinha pacientes agendados, esse primeiro
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contato serviu para conhecer o espaço, os serviços oferecidos, os profissionais que estão
à frente de tudo, além de acompanhar alguns atendimentos de colegas.

Felizmente, pude perceber que a estrutura é ótima, embora faltem alguns materiais
que proporcionariam um melhor manejo do paciente. Outro ponto positivo diz respeito
aos preceptores, que foram solícitos e contribuiram bastante para a minha adaptação ao
serviço. Além disso, observei uma grande multidisciplinaridade na conduta do paciente,
a qual valorizo muito e considero fundamental para uma visão e abordagem holística do
mesmo.

Na segunda semana, meus atendimentos foram iniciados com avaliação e manejo


de três pacientes. Todos eles foram bastante cooperativos e demonstraram interesse no
tratamento proposto. Durante os atendimentos, pude perceber uma predominância de
distúrbios neurofuncionais. Por outro lado, ficou evidente que a assiduidade dos pacientes
deixou a desejar, uma vez que tivemos muitas faltas não justificadas durante a semana.

Na terceira semana, seguimos com os atendimentos normalmente. Foram


elaborados planos terapêuticos de alguns pacientes e apresentados ao grupo, o que
contribuiu para uma percepção abrangente sobre os casos dos demais estagiários, além de
promover trocas de conhecimentos e opiniões.

O plano terapêutico elaborado por mim tratou-se de um paciente com sequelas de


AVE. A partir do diagnóstico do paciente, foram traçados os objetivos e metas e,
posteriormente, as condutas específicas para a evolução do mesmo. Nessa semana em
questão, conseguimos um grande avanço no tratamento, uma vez que o paciente
conseguiu, mesmo com apoio duplo, deambular. Visualizar esse grande salto e a
satisfação e emoção do paciente foram gratificantes para mim.

Na quarta semana e última semana, dei continuidade aos atendimentos de acordo


com o plano terapêutico pré-estabelecido. O paciente diagnosticado com AVE
apresentou nova progressão, agora deambulando com auxílio de andador. Foi realizada
uma discussão de ortopedia sobre dor lombar. Particularmente, não gostei da dinâmica e
não considerei a “aula” proveitosa, uma vez que esperava uma abordagem voltada à
avaliação, tipos de avaliação, sugestões de exercícios específicos, etc. Infelizmente, a
mesma se limitou a um vídeo sobre as experiências pessoais de fisioterapeutas e a uma
“avaliação individual”, nada além do que já sabíamos.

De forma geral, considerei o módulo bastante proveitoso, pois pude acompanhar


de perto evoluções satisfatórias de alguns pacientes e tive uma ótima relação com a
equipe e supervisores. Quanto à sugestões, sugiro que haja um controle mais efetivo da
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assiduidade dos pacientes e da equidade na distribuição e frequência dos atendimentos


dos mesmos, de acordo com as suas necessidades e particularidades.

Acervo pessoal (fotos autorizadas pelo paciente)


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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de


DST e Aids. Rotinas de assistência domiciliar terapêutica (ADT) em HIV/Aids.
Brasília, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down. –
1. ed., 1. reimp. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.

MATTOS, Bruna Marturelli; BELLANI, Forti. A importância da estimulação precoce em


bêbes portadores de síndrome de down: revisão de literatura: The importance of early
stimulation in babies with down syndrome: literature review. Revista brasileira de
terapia e saúde, Curitiba, v. 1, n. 1, p.51-53, julho ,2010.

MICHELLETO, M. R. D; AMARAL, V. L. A. R; VALERIO, N. I. et al. Adesão ao


tratamento após aconselhamento genético na Síndrome de Down. Psicologia em
estudo, Maringá, v. 14, n. 3, p. 491 – 500, jul./set. 2009.

RIBEIRO, C. T. M.; RIBEIRO, M. G.; ARAÚJO, A. P. Q. C. et al. Perfil do atendimento


fisioterapêutico na Síndrome de Down em algumas instituições do município do Rio de
Janeiro. Rev. Neurocienc. v. 15 n. 2, p. 114 – 119, 2007.

URZÊDA, R. N.; OLIVEIRA, T. G.; CAMPOS, A. M. et al. Reflexos, reações e tônus


muscular de bebês pré-termo em um programa de intervenção precoce. Rev. Neurociênc.
v. 17, n. 4, p. 319 – 325, 2009.

SANTOS, Rosane de Carvalho; PAULA, Érica Bertaglia de. Estimulação precoce em


crianças com Sondrome de Down: abordagem fisioterapêutica. Universidade de
Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá. 2018.

DIB, Carla Colado; GERVAIS, José de; et. al.. Doença de Dupuytren: nossa conduta.
Rev. Bras. Cir. Plást. Rio de Janeiro/RJ. 2008; 23(4): 290-3.

CHAKKOUR, I.; GOMES, M. D.. Contratura de Dupuytren. In: Pardini Jr. A, ed.
Cirurgia da mão, lesões não traumáticas. 2nd ed. São Paulo: Medbook; 2008. p.253-61.

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