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Assunto:
Impossibilidade de aplicação de
Clexane®(Enoxaparina) via subcutânea (SC) por
cuidador.
1. Do fato
Solicitação de parecer sobre a possibilidade do cuidador realizar o procedimento
de administração de Clexane® (enoxaparina) por via subcutânea (SC).
2. Da fundamentação e análise
O cuidado humano ou cuidar de si representa a essência do viver humano; assim,
exercer o autocuidado é uma condição humana. E, ainda, cuidar do outro sempre representa
uma condição temporária e circunstancial, na medida em que o outro está impossibilitado
de se cuidar (GONÇALVES; AVAREZ; SANTOS, 2000).
O cuidado acontece nos seres, a partir deles e por meio deles, coexistindo na
natureza e por onde suas estruturas podem ser pensadas, pois estão presentes na
organização da vida dos seres, nos seus domínios biológicos, antropológicos, psicológicos,
sociológicos, entre outros (ERDMANN, 1996).
Atualmente, com a grande expectativa de vida e o surgimento de diferentes
agravos, as pessoas acabam recebendo, muitas vezes, os cuidados em suas residências,
também denominados de cuidados domiciliares realizados por cuidadores e profissionais da
equipe de enfermagem.
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Bueno (2011) ilustra que “o cuidador poderia ser um familiar, um amigo, vizinho
ou indivíduo contratado pela família para cuidar do paciente, sendo que, na ausência da
família, é ele que responderia pelos cuidados não técnicos a serem realizados pelo
paciente”.
O cuidador é aquele que assume a responsabilidade de dar suporte ou incentivar a
realização das atividades da vida diária, tendo em vista a ascensão da qualidade de vida do
idoso ou outra pessoa cuidada (SENA et al., 2006). No domicílio, ele tem como objetivo
incentivar a independência da pessoa, diminuindo possíveis agravamentos devido à
incapacidade ou doença. Visa, então, à promoção e/ou manutenção da saúde
(MACARENHAS; BARROS; CARVALHO, 2006).
Segundo o Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), proposta pelo
Ministério de Trabalho e Emprego, a ocupação de cuidador é acessível:
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[...]
A – CUIDAR DA PESSOA
[...]
D – CUIDAR DA SAÚDE
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O Clexane® é uma medicação utilizada em pacientes por via subcutânea que tem
uma absorção lenta através de capilares de forma contínua e segura e deve ser aplicado com
segurança nos pacientes (SANOFI-AVENTIS, 2006).
Além disto, deve-se observar, na administração deste medicamento, a escolha do
local de aplicação de menor inervação local, com acesso facilitado para absorção adequada
do medicamento. A aplicação, em geral, é realizada em parede abdominal, face
anterolateral da coxa e face externa do braço. O ângulo de aplicação deve ser de 90º com
agulha e calibre adequados, ou seja, 13 x 4,5.
O Clexane®, assim como qualquer outro anticoagulante, deve ser utilizado com
cautela em pacientes com alto risco de hemorragia, como nos casos de alterações na
hemostase; história de úlcera péptica; acidente vascular cerebral isquêmico recente;
hipertensão arterial grave não controlada por medicamentos; retinopatia diabética;
neurocirurgia ou cirurgia oftálmica recente (RHODIA-FARMA, 2012).
Por fim, para administração do Clexane® há necessidade de possuir conhecimento
e embasamento técnico e científico, que estão aquém dos conhecimentos e habilidades
técnicas que o cuidador possui. Este deve assumir somente ações básicas de auxílio de vida
diários, ou seja, fornecer todos os cuidados não especializados para pacientes que não
podem cuidar de si mesmos (BELLEHUMEUR, 2007).
O único profissional habilitado a prestar cuidados integrais e técnicos aos
pacientes, incluindo a administração de medicamentos por via subcutânea, seria o
profissional de enfermagem regularmente inscrito no órgão de classe da categoria, o qual
exerce as atividades conforme a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem,
regulamentada pelo Decreto n° 94.406/87 (BRASIL, 1986, 1987).
3. Da Conclusão
Ante o exposto acima, pondera-se por não concordar com a aplicação de Clexane®
por via subcutânea pelo cuidador em pacientes no domicílio, visto que é um procedimento
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por via parenteral, que se não bem administrado poderá trazer riscos e complicações aos
pacientes, principalmente se estes forem portadores de mais de uma patologia
concomitantemente.
O procedimento deve ser assumido por profissionais de enfermagem, lembrando
que se realizados por Técnicos ou Auxiliares de Enfermagem, estes desenvolverão a ação
somente sob orientação, delegação e supervisão do Enfermeiro, de acordo com o artigo 15
da Lei n° 7.498/86 (BRASIL, 1986).
É o parecer.
São Paulo, 20 de agosto de 2012.
Membros da Câmara Técnica
Prof. Dr. Mauro Antonio Pires Dias da Silva Ms. Marcília R. C. Bonacordi Gonçalves
Enfermeiro Enfermeira
Presidente Conselheira
COREN-SP 5.866 COREN-SP 47.797
Profa. Dra. Carmen Maria Casquel Monti Juliani Prof. Dr. Paulo Cobellis Gomes
Enfermeira Enfermeiro
COREN-SP 44.306 COREN-SP 15.838
Regiane Fernandes
Enfermeira e Fiscal
COREN-SP 68.316
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Referências
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SENA, R. R. D.; SILVA, K. L.; RATES H. F.; VIVAS, K. L.; QUEIROZ, C. M.;
BARRETO, F. O. O Cotidiano da cuidadora no domicílio: desafios do bem fazer solitário.
Cogitare Enferm., v. 11, n. 2, maio/ago. 2006. Disponível em:
<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=O+Cotidiano+do+cuidador+no+domic%C3
%ADlio:+desafios+do+bem+fazer+solit%C3%A1rio&source=web&cd=1&ved=0CEUQFj
AA&url=http%3A%2F%2Fojs.c3sl.ufpr.br%2Fojs2%2Findex.php%2Fcogitare%2Farticle
%2Fdownload%2F6854%2F4868&ei=iwNBUJncEe-
M6QGD4YCwBg&usg=AFQjCNGEZGZD6i7m4DBRBs0wMOosNTgGxw>. Acesso em:
20 ago. 2012.
Aprovado na 802ª Reunião Plenária Ordinária.