O documento discute os desafios do colecionismo e restauração ao longo dos séculos, desde a Revolução Francesa quando muitas obras foram destruídas, até os dias atuais. A restauração evoluiu de apenas reconstruir obras para preservar seu estado original, levando em conta o contexto histórico. A documentação tornou-se essencial para garantir a preservação correta do patrimônio cultural.
O documento discute os desafios do colecionismo e restauração ao longo dos séculos, desde a Revolução Francesa quando muitas obras foram destruídas, até os dias atuais. A restauração evoluiu de apenas reconstruir obras para preservar seu estado original, levando em conta o contexto histórico. A documentação tornou-se essencial para garantir a preservação correta do patrimônio cultural.
O documento discute os desafios do colecionismo e restauração ao longo dos séculos, desde a Revolução Francesa quando muitas obras foram destruídas, até os dias atuais. A restauração evoluiu de apenas reconstruir obras para preservar seu estado original, levando em conta o contexto histórico. A documentação tornou-se essencial para garantir a preservação correta do patrimônio cultural.
Restauração: Desafios ao decorrer dos séculos Gabriela Oliveira
Podemos usar várias visualizações para o colecionismo
(negativas ou positivas). Ao longo da História o colecionismo várias vezes foi visto como ato individualista, assim como bens privados, que desafortunadamente impede várias pessoas de ter acesso a cultura. Colecionar é uma forma de recordação prática, e de todas as manifestações profanas da proximidade, a mais resumida. Portanto, o ato mais diminuto de reflexão política faz, de certa maneira, época no comércio antiquário.
(BENJAMIN, apud FRONER, 2015, p.4)
Deste mesmo modo, no ato de colecionar se torna
explicito que há movimento da obra no tempo e um distanciamento de sua história no momento em que deixa de ser algo de um espaço público, para poder fazer parte de um acervo privado. Muitas vezes o valor capital de um patrimônio afeta nesse meio, por motivos de grande procura. Todavia, um valor capital de um acervo pode se tornar um privilégio para as entidades públicas terem mais cuidado ao manusear e cobrir qualquer dano que futuramente possa ocorrer ao objeto em questão. O capital financeiro gerado na primeira metade do séc. XX chega com um novo modo de colecionismo, que a partir daí começa a ter mais olhos voltados ao público e ao setor cultural. Desta maneira, é de se analisar que de algum modo a indústria da arte mesmo de opondo ao sistema capitalista está interligada no contexto industrial. Restauração após a Revolução Francesa e durante o séc. XIX O período da Revolução Francesa foi de grande abalo para as obras de arte, que foram movidos por saques e destruições com o intuito de abolir os símbolos das antigas classes dominantes, como a nobreza e clero. O estilo de arte mais afetado foi o medieval, que estava ameaçado a ser apartado da França, e com isso trouxe uma atenção especial de um Estado para criar uma legislação sob tutela dos monumentos históricos afetados. Vários relatórios que foram apresentados por Abade Henri Grégoire (1750-1831) ao Comitê de Instrução Pública na Convenção em 1793 e 1794, foram muito valiosos pois a partir daí foi elaborado um decreto para evitar abusos e cidadãos foram convidados a vigilância contra os ataques e instituíram penas para os criminosos que cometiam tais atrocidades aos patrimônios. Por mais que essas ações francesas não terem sido suficientes para parar totalmente as destruições, o Estado mostrou uma grande preocupação da Era Moderna e reconheceram as obras de valor histórico como interesse público, e a ter sua participação na restauração e preservação Havia várias ameaças de outros países para invasão do território, por que o ato de preservar esses bens era considerado um ato antirrevolucionário, então devido as circunstâncias do momento, as restaurações foram interrompidas e várias obras foram salvas de depósitos. Com toda essa balbúrdia obras foram transferidas da França e também da Itália. Quatremère de Quincy (1755-1849) foi totalmente contra esse deslocamento levantando a questão de descontextualização das obras de arte no ambiente. Para ele, esse deslocamento de obras é o mesmo que ignorar o conhecimento, pois o estudo de uma obra só pode ser concluído no ambiente no qual foi criada. Obras espalhadas tornariam os estudos incompletos, não teria como transportar todos os objetos de uma obra juntos. “Dividir é destruir” (QUATREMÈRE DE QUINCY, 1996, p. 100)
Outro estilo de arte bastante incompreendido foi o
estio de arquitetura Gótica, pois suas origens eram desconhecidas, acreditavam ser uma arte estrangeira e resultados de invasões que teria relação ao classicismo, que voltaria mais tarde com o Renascimento. O gótico também foi relacionado a uma manifestação em oposição à arquitetura acadêmica, a participação de literatos e intelectuais foi de grande importância para o estudo da arte gótica, como por exemplo Victor Hugo (1802-1885). Ele tinha bastante interesse pela arquitetura e condenava as depredações das igrejas medievais, como por exemplo a igreja Notre-Dame de Paris. Continuavam os esforços para manter a proteção das obras de arte, e mesmo com estudos negavam que monumentos góticos foram da história de seu país. Ludovic Vitet (1802-1873) foi de grande importância como historiador e crítico da arte, foi nomeado como inspetor Gera dos Monumentos Históricos, que tinha como objetivo a elaboração do inventario dos monumentos franceses. Ele fez várias viagens em busca dos edifícios medievais esquecidos, criou pesquisas e relatórios que geraram grande repercussão, como por exemplo formação de profissionais incapazes de atuar em restaurações. Vitet ressaltava que era necessário uma base bem detalhada de estudos e que qualquer dedução deveria ser analisada com uma enorme cautela para não piorar ainda mais o estado da obra, como demonstra a citação de Augustin Charles d´Aviler (1653-1700): Restauração; é o refazimento de todas as partes de um edifício degradado & deteriorado por defeitos de construção ou pela sucessão do tempo, de modo a que ele seja reconduzido à sua forma primitiva, & mesmo aumentado consideravelmente, como aquela que o Rei mandou fazer no velho castelo de S. Germain en Laye construído por Francisco I. Restaurar; é restabelecer um edifício, ou reconduzir ao seu estado primitivo uma figura mutilada. A maior parte das estátuas antigas foram restauradas, como o Hércules de Farnese, o Fauno de Borghese em Roma, os Lutadores da galeria do grão-duque de Florença, a Vênus de Arles que está na Galeria do Rei em Versalhes; & essas restaurações foram feitas pelos mais hábeis escultores
(D´AVILER, 1710, v. 2, p. 836)
Quatremère de Quincy disse que várias vezes abusou
da arte de restaurar, como por exemplo não apenas restaurar, mas construir uma obra a partir de apenas um fragmento. Naquela época uma lenta mudança ocorria no restauro, o excessivo respeito sempre pelo original, que várias vezes não foi respeitado nesse período. Vitet achava desnecessário as correções de partes irregulares ou imcompletas, pois eram parte da história e do tempo da obra. Seguindo em frente na história, Viollet-le-Duc (1814-79) foi um estudioso com vários talentos que ensaiava os primeiros passos no restauro. Apesar da falta de prática ele foi um ótimo restaurador e seus métodos são usados até hoje. Viollet participou da restauração de Notre-Dame com ótimas propostas de intervenção e seus princípios. Várias obras enfrentavam problemas os decorrer do séc. XIX, ainda arruinadas pelas destruições na época da Revolução, também pela falta de conhecimentos dos materiais usados que não tinham boa durabilidade além da falta de ajuda de algumas ciências. Levando a destruição em caos extremos de partes de construções que estavam ruindo na primeira metade do séc. Muitas igrejas tiveram um uso indevido, usadas como armazém, transformadas em industrias, estábulos etc. O governo estava mais concentrado na cidade e poucos monumentos foram tombados devido à falta de meios para resolução. Muitas lutas ocorreram desde então, trazendo também transformações essenciais para a história da restauração como a importância da documentação que começou a se firmar em meados do séc. XX. Analisando todo esse contexto, podemos observar a luta pelo bem da preservação e da história da arte ao decorrer dos séculos, todo o preconceito e falta de interesse em algo tão importante. Nos dias atuais, ainda ocorrem lutas para mostrar a importância da profissão que infelizmente não é valorizada como deveria.