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Tatiane Donizetti: disponível em: https://www.elpidiodonizetti.com/alteracao-do-nome-civil-o-que-
era-excecao-virou-regra/
determinados procedimentos, efetivando, em última análise, o direito da personalidade
consagrado no art. 16 do Código Civil.
Na tentativa de se garantir a segurança jurídica, o legislador dispôs que “a
averbação de alteração de prenome conterá, obrigatoriamente, o prenome anterior, os
números de documento de identidade, de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF) da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, de passaporte e de título de
eleitor do registrado, dados esses que deverão constar expressamente de todas as
certidões solicitadas”.
Destaca-se que não há qualquer prazo para a alteração. Basta que o
interessado tenha atingido a maioridade. Após deferido o pedido, a alteração de nome
será publicada em meio eletrônico. Por meio eletrônico deve-se entender o jornal
devidamente matriculado junto ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas competente (art.
122, I da Lei nº 6.015/73). Caso haja arrependimento, a nova alteração somente poderá
ser realizada com a intervenção judicial.
Outra alteração relevante refere-se à possibilidade de mudança de nome de
recém-nascido em até 15 (quinze) dias após o registro, caso não tenha havido consenso
entre os pais. Nesse ponto a legislação corrobora o entendimento da jurisprudência,
que já havia admitido a modificação na hipótese de quebra, por um dos pais, do acordo
sobre o nome a ser dado a filho. Assim, desrespeitado o consenso prévio entre os
genitores, com violação aos deveres de lealdade e de boa-fé, admite-se a alteração
administrativa, desde que observado o prazo decadencial indicado. Se ultrapassado o
lapso temporal previsto na nova lei, a ação judicial ainda poderá ser utilizada.
Também consolidando o posicionamento jurisprudencial (p. ex: REsp
1.873.918/SP e REsp 910.094/SC), a Lei 14.382/2022 permite que, em razão do
casamento, o sobrenome seja alterado a qualquer momento, assim como excluído,
independentemente do fim da sociedade conjugal.
Quanto ao sobrenome, a alteração administrativa será possível apenas para
acréscimo, exceto na hipótese de modificação de estado civil, em que se admite,
conforme visto anteriormente, a supressão sem a respectiva dissolução. De acordo com
o art. 57, a alteração extrajudicial do sobrenome poderá ser feita para: inclusão de
sobrenomes familiares; inclusão ou exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância
do casamento; exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade
conjugal, por qualquer de suas causas; inclusão e exclusão de sobrenomes em razão de
alteração das relações de filiação, inclusive para os descendentes, cônjuge ou
companheiro da pessoa que teve seu estado alterado.
Também o enteado ou a enteada poderão requerer ao oficial de registro
civil que, nos registros de nascimento e de casamento, seja averbado o nome de família
de seu padrasto ou de sua madrasta. Para tanto deverá haver consenso entre os
envolvidos e justo motivo. Nesse caso, a legislação deve ser utilizada somente quando
não houver reconhecimento jurídico da filiação socioafetiva, circunstância na qual já se
admite a alteração do sobrenome.
Embora as modificações já estejam em vigor, alguns consideram
recomendável a expedição de futura recomendação pelo Conselho Nacional de Justiça.
No entanto, a ARPEN Brasil – Associação Nacional dos Registradores de Pessoas
Naturais, ao editar cartilha sobre o assunto, já deixou claro que, partir de agora, a
alteração de nome independe de motivação, podendo ser realizada diretamente no
RCPN e de forma imediata, não demandando qualquer regulamentação. Há
recomendação da referida Associação para que o cartório competente solicite, no
momento do requerimento, os seguintes documentos: a) Certidão de nascimento
atualizada; b) Certidão de casamento atualizada, se for o caso; c) Cópia do Registro
Geral de Identidade (RG); d) Cópia da Identificação Civil Nacional (ICN), se for o caso;
e) Cópia do Passaporte, se for o caso; f) Cópia do CPF; g) Cópia do Título de Eleitor; h)
Comprovante de endereço; i) Certidão do distribuidor cível do local de residência dos
últimos cinco anos (estadual/federal); j) Certidão de execução criminal do local de
residência dos últimos cinco anos (estadual/federal); k) Certidão dos tabelionatos de
protestos do local de residência dos últimos cinco anos ou, ao menos, consulta na
Cenprot, de abrangência nacional, visando a existência de protesto, sendo
recomendável exigir a apresentação das certidões em caso positivo; l) Certidão da
Justiça Eleitoral do local de residência dos últimos cinco anos; m) Certidão da Justiça
Militar, se for o caso.
Ainda não se sabe se essa será uma postura de todos os cartórios do país.
De toda forma, por se tratar de uma lei bastante inovadora, é certo que algumas
dúvidas serão sanadas apenas na prática.