Você está na página 1de 10

16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

COLUNAS
Home > Colunas > Família e Sucessões > Lei 14.382/22: Alterações a respeito do nome e algumas repercussões p

Família e Sucessões
Lei 14.382/22: Alterações a respeito do
nome e algumas repercussões para o
direito de família
Flávio Tartuce
quarta-feira, 27 de julho de 2022
Atualizado em 26 de julho de 2022 18:56

Compartilhar

Comentar

Siga-nos no

A A

Originária da MP/21, surgiu a lei 14.382/22, promulgada em 28 de


junho deste ano, tratando principalmente do SERP - Sistema
Eletrônico dos Registros Públicos. Além disso, a norma emergente
altera e traz acréscimos a várias leis importantes do país, como a lei
4.591/64 - no tocante à incorporação imobiliária -, a lei 6.015/1973 (lei
de registros públicos) e o CC/02.
As modificações já estão em vigor desde a publicação, com exceção
do seu art. 11, a respeito do art. 130 da lei de registros públicos e do
registro público eletrônico, sendo certo que essa nova
regulamentação somente entrará em vigor em 1º de janeiro de 2024,

https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 1/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

a fim de que os cartórios, as corregedorias dos tribunais e o CNJ


façam as necessárias adequações e adaptações.
Neste primeiro texto sobre a nova norma, tratarei das modificações a
respeito do nome e de algumas repercussões para o Direito de
Família Brasileiro. E começo essa análise pela redação dada ao art. 55
da Lei de Registros Públicos, que trata da formação do nome da
pessoa no registro de nascimento. O seu caput passou a seguir a
regra do art. 16 do CC/02, consagrando o nome como direito da
personalidade e prevendo que "toda pessoa tem direito ao nome,
nele compreendidos o prenome e o sobrenome". Sobre o tratamento
constante da codificação privada, explica Anderson Schreiber que,
"contemporaneamente, tem-se reconhecido que à pessoa humana
deve-se resguardar o direito de ter associado a seu nome aquilo que
lhe diz respeito e, do mesmo modo, de não ter vinculados a si fatos
ou coisas que nada digam consigo. Trata-se de enxergar o direito ao
nome em uma nova perspectiva, mais ampla e mais substancial, que
pode ser denominada de direito à identidade pessoal, abrangendo
não só o nome como também os diferentes traços pelos quais a
pessoa humana vem representada no meio social" (Código Civil
comentado: doutrina e jurisprudência. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2021. p. 21-22). Adianto que me parece ter a nova lei seguido, pelo
menos em parte, essas diretrizes.
Seguindo o que era concretizado pelo costume registral, o mesmo art.
55, caput, da Lei de Registros Públicos, na sua segunda parte, passou
a enunciar a necessidade de se observar que "ao prenome serão
acrescidos os sobrenomes dos genitores ou de seus ascendentes, em
qualquer ordem e, na hipótese de acréscimo de sobrenome de
ascendente que não conste das certidões apresentadas, deverão ser
apresentadas as certidões necessárias para comprovar a linha
ascendente". A título de exemplo, geralmente se incluem os
sobrenomes do pai e da mãe, não importando a ordem de sua
inserção. Apesar de ser comum a inclusão primeiro do nome
materno e depois do paterno, não há qualquer imposição nesse
sentido.
Os §§ 1º e 2º do novo art. 55 repetem em parte a antiga redação do
parágrafo único e do caput do próprio comando, preceituando que o
https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 2/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

oficial de registro civil não registrará prenomes suscetíveis de expor


ao ridículo os seus portadores ou titulares, observado que, quando os
genitores não se conformarem com a recusa do oficial, este
submeterá por escrito o caso à decisão do juiz competente,
independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos.
Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial de
registro civil lançará adiante do prenome escolhido ao menos um
sobrenome de cada um dos genitores, na ordem que julgar mais
conveniente para evitar homonímias, ou seja, nomes iguais que
possam trazer prejuízos ao titular.
Em continuidade, o oficial de registro civil orientará os pais acerca da
conveniência de acrescer sobrenomes, a fim de se evitarem prejuízos
à pessoa em razão dessas homonímias (art. 55, § 3º, da Lei de
Registros Públicos, incluído pela Lei n. 14.382/2022). Também é
novidade o procedimento de oposição ao registro, prevendo o § 4º da
mesma norma que, em até quinze dias após o registro, qualquer dos
genitores poderá apresentar, perante o registro civil onde foi lavrado
o assento de nascimento, oposição fundamentada ao prenome e
sobrenomes indicados pelo declarante. Se houver manifestação
consensual dos genitores, será realizado o procedimento de
retificação administrativa do registro. Porém, se não houver
consenso, a oposição será encaminhada ao juiz competente para que
profira decisão.
Esse procedimento visa a evitar que o conflito seja levado ao Poder
Judiciário de imediato, sendo a extrajudicialização uma das marcas
da norma emergente. A propósito de ilustrar uma situação de
conflito, em 2021, noticiou-se no site do Superior Tribunal de Justiça o
caso de uma autorização judicial de mudança de prenome
registrado pelo pai da criança, que não respeitou acordo prévio com
a mãe. A 3º turma do Tribunal, em acórdão relatado pela ministra
Nancy Andrighi, entendeu que o desrespeito a esse acerto prévio
seria razão suficiente para a alteração (notícia disponível aqui).O
número do processo não foi divulgado por segredo de justiça.
O art. 56 da lei 6.015/1973, também modificado pela Lei n. 14.382/2022,
trata da alteração extrajudicial do nome por vontade imotivada da

https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 3/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

pessoa após a sua maioridade. Além de modificações no caput, o


comando recebeu novos parágrafos.
De início, está previsto que a pessoa registrada poderá, após ter
atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente e
imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente
de decisão judicial, sendo a alteração averbada e publicada em meio
eletrônico. Não há mais menção ao prazo decadencial de um ano, a
contar da maioridade. Isso porque o prazo vinha sendo afastado em
hipóteses concretas da presença de justificativas para a alteração
posterior. Como um primeiro aresto, destaco: "admite-se a alteração
do nome civil após o decurso do prazo de um ano, contado da
maioridade civil, somente por exceção e motivadamente, nos termos
do art. 57, caput, da lei 6.015/73" (STJ, REsp 538.187/RJ, relatora
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 2/12/04, DJ de
21/2/05, p. 170). Ou, mais recentemente, em hipótese fática
envolvendo a modificação do nome de pessoa trans e confirmando
as palavras de Schreiber antes transcritas: "o nome de uma pessoa
faz parte da construção de sua própria identidade. Além de denotar
um interesse privado, de autorreconhecimento, visto que o nome é
um direito de personalidade (art. 16 do CC/02), também compreende
um interesse público, pois é o modo pelo qual se dá a identificação
do indivíduo perante a sociedade. (...). A Lei de Registros Públicos (lei
6.015/73) consagra, como regra, a imutabilidade do prenome, mas
permite a sua alteração pelo próprio interessado, desde que
solicitada no período de 1 (um) ano após atingir a maioridade, ou
mesmo depois desse período, se houver outros motivos para a
mudança" (REsp 1.860.649/SP, relator Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, 3º turma, julgado em 12/5/20, DJe de 18/5/20).
De todo modo, a grande novidade da norma passa a ser a
extrajudicialização da alteração do nome, perante o Cartório de
Registro Civil, o que vem em boa hora e sem a necessidade de
motivação. A título de exemplo, a pessoa pode pedir a alteração para
um prenome pelo qual é conhecida no meio social, uma vez que
sempre rejeitou o seu nome registral, escolhido pelos pais, o que é
até comum na prática. Há, contudo, uma limitação, pois a alteração
imotivada de prenome poderá ser feita na via extrajudicial apenas
https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 4/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

uma vez, e a sua desconstituição dependerá de sentença judicial (art.


56, § 1º, da Lei n. 6.015/1973, incluído pela Lei n. 14.382/2022).
Também sobre a alteração extrajudicial imotivada, a averbação de
alteração de prenome conterá, obrigatoriamente, o prenome
anterior, os números de documento de identidade, de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas, de passaporte e de título de eleitor do
registrado; dados esses que deverão constar expressamente de todas
as certidões solicitadas (art. 56, § 2º, da lei 6.015/73, incluído pela Lei n.
14.382/22).Finalizado o procedimento extrajudicial de alteração no
assento, o ofício de registro civil de pessoas naturais no qual se
processou a alteração, a expensas do requerente, comunicará o ato
oficialmente aos órgãos expedidores do documento de identidade,
do CPF e do passaporte, bem como ao Tribunal Superior Eleitoral,
preferencialmente por meio eletrônico (art. 56, § 3º, da lei 6.015/73,
incluído pela lei 14.382/22).
Entretanto, se suspeitar de fraude, falsidade, má-fé, vício de vontade -
como erro, dolo ou coação - ou simulação quanto à real intenção da
pessoa requerente, o oficial de registro civil, de forma fundamentada,
recusará a retificação do nome (art. 56, § 4º, da Lei n. 6.015/1973,
incluído pela lei 14.382/22).
Como último tema deste breve texto, a norma emergente alterou o
art. 57 da Lei de Registros Públicos no tocante à alteração
extrajudicial do nome por justo motivo, elencando hipóteses -
consolidadas pela doutrina e pela jurisprudência superior - em que
essa é viável juridicamente. Mais uma vez, nota-se a concretização do
caminho da extrajudicialização. Nesse contexto, a alteração posterior
de sobrenomes poderá ser requerida pessoalmente perante o oficial
de registro civil, com a apresentação de certidões e de documentos
necessários, e será averbada nos assentos de nascimento e
casamento, independentemente de autorização judicial.
As situações previstas nos incisos do caput do art. 57 da Lei de
Registros Públicos são as seguintes: a)inclusão de sobrenomes
familiares, como nomes remotos que não constam do registro;
b)inclusão ou exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância do
casamento; c) exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a
dissolução da sociedade conjugal, por qualquer de suas causas, seja
https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 5/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

consensual ou litigiosa, o que confirma tratar-se de um direito da


personalidade do cônjuge que o incorporou; d) inclusão e exclusão
de sobrenomes em razão de alteração das relações de filiação,
inclusive para os descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa
que teve seu estado alterado.
Também se manteve a permissão de averbação no registro do nome
abreviado da pessoa, usado como firma comercial registrada ou em
qualquer atividade profissional (art. 57, § 1º, da lei 6.015/73,
renumerado pela lei 14.382/22). Essa hipótese constava do antigo
parágrafo único do art. 57 da lei de registros públicos, o qual foi
renumerado para § 1º pela lei 14.382/22. Exemplificando, poderia eu
averbar a abreviação FT de "Flavio Tartuce", pois a utilizo na minha
atuação profissional.
Igualmente a merecer elogios, passou a ser possível a inclusão
extrajudicial de sobrenomes em virtude da união estável. Nos termos
do novo § 2º do art. 57 da Lei de Registros Públicos, "os conviventes
em união estável devidamente registrada no registro civil de pessoas
naturais poderão requerer a inclusão de sobrenome de seu
companheiro, a qualquer tempo, bem como alterar seus sobrenomes
nas mesmas hipóteses previstas para as pessoas casadas". Como se
pode perceber, a inclusão do sobrenome diz respeito às uniões
estáveis registradas e não se aplica às meras uniões de fato.
Foi totalmente revogada a regulamentação do tema que existia
anteriormente, e que não vinha sendo aplicada na prática. O antigo §
2º do art. 57 da lei de registros públicos previa que "a mulher solteira,
desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou
viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá
requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja
averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos
apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento legal para
o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou
de ambas". Esse preceito era duramente criticado, por somente tratar
da possibilidade de a companheira incluir o sobrenome do
companheiro, e não o oposto, violando a isonomia constitucional,
prevista no art. 5º, § 1º, do Texto Maior. Também havia problema na
exigência de um motivo ponderável, pois a união estável é entidade
https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 6/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

familiar protegida pelo art. 226 da CF/88, já havendo nesse


tratamento uma motivação.
Além disso, o § 3º do mesmo preceito enunciava que "o juiz
competente somente processará o pedido, se tiver expressa
concordância do companheiro, e se da vida em comum houverem
decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou existirem filhos da união".
Houve revogação expressa dessa norma pela lei 14.382/22, sendo
certo que aqui o dispositivo exigia requisitos hoje tidos como
superados para a caracterização da união estável, não constantes do
art. 1.723 do Código Civil. Nesse contexto, a jurisprudência do STJ
vinha entendendo que, diante da não incidência dos últimos dois
preceitos, seria aplicada por analogia a mesma regra de uso de nome
prevista para os cônjuges, nos termos do art. 1.565, § 1º, do Código
Civil: "qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o
sobrenome do outro". Vejamos trecho da ementa do precedente
superior que parece ter inspirado a alteração da lei:
"A redação do art. 57, § 2º, da Lei 6.015/73 outorgava, nas situações
de concubinato, tão somente à mulher, a possibilidade de
averbação do patronímico do companheiro, sem prejuízo dos
apelidos próprios, desde que houvesse impedimento legal para o
casamento, situação explicada pela indissolubilidade do
casamento, então vigente. A imprestabilidade desse dispositivo
legal para balizar os pedidos de adoção de sobrenome dentro de
uma união estável, situação completamente distinta daquela para
qual foi destinada a referida norma, reclama a aplicação analógica
das disposições específicas do Código Civil relativas à adoção de
sobrenome dentro do casamento, porquanto se mostra claro o
elemento de identidade entre os institutos e a parelha ratio legis
relativa à união estável, com aquela que orientou o legislador na
fixação, dentro do casamento, da possibilidade de acréscimo do
sobrenome de um dos cônjuges, pelo outro. Assim, possível o
pleito de adoção do sobrenome dentro de uma união estável, em
aplicação analógica do art. 1.565, § 1º, do CC-02, devendo-se,
contudo, em atenção às peculiaridades dessa relação familiar, ser
feita sua prova documental, por instrumento público, com
anuência do companheiro cujo nome será adotado" (STJ, REsp

https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 7/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

1.206.656/GO, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,


julgado em 16/10/2012, DJe de 11/12/2012).
Foram revogados, diante desse novo tratamento inserido no art. 57
da lei de registros públicos, os antigos § 4º ("o pedido de averbação
só terá curso, quando desquitado o companheiro, se a ex-esposa
houver sido condenada ou tiver renunciado ao uso dos apelidos do
marido, ainda que dele receba pensão alimentícia"), § 5º ("o
aditamento regulado nesta Lei será cancelado a requerimento de
uma das partes, ouvida a outra") e § 6º ("tanto o aditamento quanto o
cancelamento da averbação previstos neste artigo serão processados
em segredo de justiça").
Por outro lado, inseriu-se um novo § 3º-A no comando, que segue a
linha de ser o nome adotado pelo companheiro um direito da
personalidade daquele que o incorporou, podendo ser mantido ou
renunciado, assim como se tem reconhecido nos casos de
casamento: "o retorno ao nome de solteiro ou de solteira do
companheiro ou da companheira será realizado por meio da
averbação da extinção de união estável em seu registro".
Foi mantida a possibilidade de alteração do nome em virtude de
fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a
apuração de crime (art. 57, § 7º, da lei de registros públicos, incluído
pela lei 9.807/99).
A última alteração quanto à norma pela lei 14.382/22 diz respeito à
inclusão do sobrenome, por enteado ou enteada, de padrasto ou
madrasta, o que havia sido incluído pela Lei Clodovil (lei 11.924/09). No
texto atual não há mais menção aos parágrafos anteriores,
possibilitando-se também a averbação na certidão de casamento e
que a alteração seja feita pela via extrajudicial, perante o oficial de
registro civil, na linha de todo o tratamento consagrado pela norma
emergente. Nos termos atuais do § 8º do art. 57 da lei 6.015/73: "o
enteado ou a enteada, se houver motivo justificável, poderá requerer
ao oficial de registro civil que, nos registros de nascimento e de
casamento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de
sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem
prejuízo de seus sobrenomes de família".

https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 8/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

Como se percebe, o rol previsto em lei diz respeito à alteração do


sobrenome pela via extrajudicial, sendo meramente exemplificativo
ou numerus apertus, na minha opinião. Não afasta, portanto, a
possibilidade de alteração pela via judicial em outras situações, como
no caso, por exemplo, do abandono afetivo, admitido pela
jurisprudência. Nesse sentido: "o nome civil, conforme as regras dos
artigos 56 e 57 da Lei de Registros Públicos, pode ser alterado no
primeiro ano após atingida a maioridade, desde que não prejudique
os apelidos de família, ou, ultrapassado esse prazo, por justo motivo,
mediante apreciação judicial e após ouvido o Ministério Público. Caso
concreto no qual se identifica justo motivo no pleito do recorrente de
supressão do patronímico paterno do seu nome, pois, abandonado
pelo pai desde tenra idade, foi criado exclusivamente pela mãe e pela
avó materna. Precedentes específicos do STJ, inclusive da Corte
Especial" (STJ, REsp 1.304.718/SP, relator Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 18/12/2014, DJe de 5/2/2015).
Acrescento que a jurisprudência superior admitiu até a mudança do
prenome em virtude do citado abandono: "No caso dos autos, há
justificado motivo para alteração do prenome, seja pelo fato de a
recorrente ser conhecida em seu meio social e profissional por nome
diverso do constante no registro de nascimento, seja em razão da
escolha do prenome pelo genitor remetê-la a história de abandono
paternal, causa de grande sofrimento" (STJ, REsp 1.514.382/DF, relator
ministro Antonio Carlos Ferreira, 4ª turma, julgado em 1/9/20, DJe de
27/10/20).
Penso que a fundamentação para outras situações de alteração do
nome pela via judicial terá esteio, principalmente, na existência de
um direito da personalidade, como antes se expôs, na linha do que
têm reconhecido a doutrina e a própria jurisprudência aqui
colacionada.
Essas são as principais modificações inseridas pela lei 14.382/22, a
respeito do uso do nome, e algumas repercussões familiares. No
próximo texto, analisarei alterações feitas quanto à celebração do
casamento e a respeito da união estável.

https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 9/10
16/03/24, 16:31 Alterações a respeito do nome e repercussões para o direito de família - Migalhas

Siga-nos no

EDITORIAS SERVIÇOS ESPECIAIS


Migalhas Quentes Academia #covid19
Migalhas de Peso Autores dr. Pintassilgo
Colunas Migalheiro VIP Lula Fala
Migalhas Amanhecidas Catálogo de Escritórios Vazamentos Lava Jato
Agenda Correspondentes
Mercado de Trabalho e-Negociador
Migalhas dos Leitores Eventos Migalhas
Pílulas Livraria
TV Migalhas Precatórios
Migalhas Literárias Webinar
MIGALHAS NAS REDES
MIGALHEIRO
Central do Migalheiro
Fale Conosco
Apoiadores ISSN 1983-392X
Fomentadores
Perguntas Frequentes
Termos de Uso
Quem Somos

https://www.migalhas.com.br/coluna/familia-e-sucessoes/370474/alteracoes-a-respeito-do-nome-e-repercussoes-para-o-direito-de-familia 10/10

Você também pode gostar