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B E L O H O R I Z O N T E , D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

● MG: R$ 3,50 ● NÚMERO 29.237 ● FECHAMENTO DA EDIÇÃO: 22H

Presidente eleito deverá entregar um quilômetro a cada oito dias para concluir duplicação, prometida em campanha

LULA TERÁ QUE BATER RECORDE

PARA TERMINAR OBRA DA BR-381
“É um compromisso nosso para cumprir aquilo que queríamos fazer quando Dilma
era presidenta. Não queremos que essa estrada continue sendo chamada ‘Estrada da
Morte’. Por isso, queremos assumir o compromisso de duplicar essa estrada até
Governador Valadares”. A promessa do presidente da República eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), foi feita em Ipatinga, no Vale do Aço, durante a campanha. Para
concluir os 222,6 quilômetros do trecho da BR-381 de BH até a cidade do Vale do Rio
Doce, o petista precisará de um desempenho bem superior aos realizados pelos três
antecessores, que fizeram a mesma promessa e não cumpriram.
Dilma Rousseff (PT) foi a que teve melhor ritmo de entrega de trechos concluídos – em
média, um quilômetro a cada 26 dias e 13 horas. Michel Temer (MDB) precisava de 36
dias e 4 horas e Jair Bolsonaro (PL), até o momento, 43 dias e 4 horas. Para terminar a
obra prometida aos mineiros, Lula terá que entregar um quilômetro a cada 8 dias e 3
horas, desempenho 3,2 vezes superior ao da sua companheira de partido. A ordem de
serviço para a duplicação da BR-381 foi assinada em maio de 2014 por Dilma. Mas,
desde então, vários problemas orçamentários e até abandono de obra por empreiteira
emperraram o término dos serviços – apenas 27% estão concluídos. PÁGINA 10

A POLÊMICA E MILIONÁRIA
CORRIDA DE CAMELOS
Realizada profissionalmente no Catar desde 1972, a corrida de camelos – que é disputada
por dromedários, da mesma família e gênero do camelo, porém com uma corcova apenas
– é popular na Península Arábica e atrai turistas durante toda a temporada, que ocorre de
outubro a março. Apesar de ser uma competição milionária, com animais campeões
chegando a valer US$ 30 milhões, é também cercada por críticas e acusações de violação
de direitos humanos e de animais. No início do século, várias instituições denunciaram o
tráfico, a venda e o sequestro de crianças, principalmente de países asiáticos como
Bangladesh, Sri Lanka e Paquistão, para trabalharem como jóqueis. Desde 2005, houve a
substitução por robôs, instalados nas corcovas dos animais. Por causa da Copa, as
competições foram suspensas, mas os treinamentos continuam. O repórter João Vítor
Marques, enviado especial ao Catar, acompanhou os trabalhos e conta como é a rotina dos
animais, dos treinadores e dos donos dos animais, que acompanham tudo de perto.

KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP

Lionel Messi abriu o placar na vitória argentina sobre o México por 2 a 0

FRANÇA SE CASEMIRO E
CLASSIFICA ÀS RAPHINHA DEFENDEM
OITAVAS E ARGENTINA NEYMAR DE CRÍTICAS
RESPIRA ALIVIADA POR POSIÇÃO POLÍTICA
JOÃO VÍTOR MARQUES/EM/D.A PRESS

PÁGINAS 14 A 16

SOLENIDADE MILITAR NA AMAN

Bolsonaro reaparece, LAVA-JATO

● A história dos negros brasileiros
por trás de “Racionais: Das ruas de
São Paulo para o mundo”. CAPA
● Os mitos que envolvem o
fenômeno mediúnico e o quadro
psiquiátrico. CAPA E PÁGINA 3
SUPREMO REJEITA
mas se mantém calado DENÚNCIA CONTRA
AÉCIO NEVES
Um dia depois de entrar com notícia-crime no Supremo Tribunal PÁGINA 2
Federal contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e a
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, por “crimes contra sua honra” EMENDAS DE RELATOR
durante discurso no Complexo do Alemão, no Rio – ele foi chamado ALIADOS DE LULA
de “genocida”, “miliciano”, “assassino”, “demônio”e “canibal” –, o E CENTRÃO QUEREM
● A diversidade presente na presidente Jair Bolsonaro (PL) participou ontem de solenidade na NEGOCIAR EM 2023
54ª edição da São Paulo Fashion Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), mas não PÁGINA 4
Week. CAPA E PÁGINAS 4 E 5 discursou. Elogiado pelo comandante do Exército, general Freire
Gomes, ignorou o vice-presidente Hamilton Mourão. PÁGINA 3

ISSN 1809-9874
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2 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

POLÍTICA
A saída de Neymar da partida contra a
Sérvia foi motivo de celebração por parte de
alguns dos apoiadores do presidente eleito,
BAPTISTA CHAGAS DE ALMEIDA Luiz Inácio Lula da Silva”
>>b a p t i s t a a l m e i d a . m g @ d i a r i o s a s s o c i a d o s . c o m . b r

Jair Bolsonaro vai ao Por unanimidade

Foi assim que o Supremo Tribunal
“Genérica”
Todos os ministros seguiram o entendimento do
PINGAFOGO
GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A.PRESS

Rio e recebe elogios

Federal (STF) rejeitou a denúncia que relator do caso, ministro Supremo Tribunal Federal
havia sido apresentada pela (STF), Edson Fachin, que afirmou que a denúncia da
Procuradoria-Geral da República (PGR) Procuradoria-Geral da República não descreveu
contra o deputado federal Aécio Neves como o deputado teria usado sua atuação política
O ainda presidente da República Federativa do Brasil, Jair (PSDB-MG). O ex-governador de Minas em favor das empreiteiras Odebrecht e Andrade
Messias Bolsonaro (PL), ignorou completamente o seu vice- Gerais era acusado de corrupção e Gutierrez, especialmente em empreendimentos no
presidente, general Hamilton Mourão (Republicanos), lavagem de dinheiro por recebimento Rio Madeira, usinas hidrelétricas de Santo Antônio e
durante evento militar no Rio de Janeiro. Ele deixou Mourão de propina no valor de R$ 65 milhões Jirau. Para o ministro, a denúncia acabou sendo ■ O deputado federal eleito pelo
sem resposta quando foi cumprimentá-lo. no âmbito da Operação Lava-Jato em “genérica”. Demorou, virou coisa antiga. A denúncia Psol de São Paulo e líder do
Tudo isso foi na Academia Militar das Agulhas Negras conjunto com o Ministério Público se refere ao período em que Aécio Neves era o Movimento dos Sem-Teto (MTST)
(Aman), ontem, em Resende, no Rio de Janeiro. Foi durante a Federal (MPF). governador de Minas Gerais. Guilherme Boulos (foto) defendeu
“Cerimônia de Entrega de Espadas aos Aspirantes a Oficial a criação de uma Secretaria de
da Turma Bicentenário da Independência do Brasil”. Periferias dentro da estrutura do
Ministério das Cidades. Boulos
No vídeo, é possível ver que o senador eleito pelo Rio
Grande do Sul tenta falar com Bolsonaro em dois momen-
Foi no palanque atua no grupo de transição na área
de cidades e habitação.
tos. No primeiro, o presidente se vira, mas fica calado, e, no O presidente Jair Messias Bolsonaro acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) em uma petição para
segundo, ignora Mourão por completo, sem nem mesmo instaurar uma ação penal contra o presidente eleito Lula da Silva (PT) e a presidente do PT, Gleisi ■ A professora Flávia Amoss
olhar para ele. Hoffman, sob a alegação de crimes contra a honra. O pedido cita “falas ofensivas à honra do presi- Merçon Leonardo, da Escola
Ao chegar, o presidente acenou para apoiadores dente e imputação de fatos definidos como crime”. De acordo do documento, Lula e Gleisi teriam Estadual Primo Bitti, a primeira a
reunidos do lado de fora da Aman e que gritavam “eu usado comícios e propaganda eleitoral para “macular a honra e ofender a reputação do presidente, ao ser atacada pelo adolescente
autorizo”, em referência a um golpe de Estado. Diante usar termos como genocida, miliciano, assassino, demônio e canibal”. armado em Aracruz, Espírito Santo,
do presidente, havia uma grande faixa verde com os diz- não resistiu aos ferimentos e
eres: “Bolsonaro, acione as Forças Armadas contra a morreu neste sábado.

]
RAMON LISBOA/EM/D.A.PRESS
fraude das urnas”.
“Permitam-me abrir estas breves palavras agradecendo ■ Além de Flávia, morreram nos
ao presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), por ataques a estudante Selena
Zagrillo, de 12 anos, e as
sua presença, que muito brilho empresta a este evento.
Estou seguro que de que sua dignidade, seu culto à família,
Reforma professoras Maria da Penha Pereira
seu amor ao Brasil e inabalável fé em Deus serão referência nenhuma de Melo Banhos de 48, conhecida
como Peinha, e Cybelle Passos
na pavimentação do caminho que os jovens a sua frente Bezerra, de 45.
trilharão a partir de hoje. “Muito obrigado, presidente”. Foi o “Não tem nenhuma reforma a ser
que disse o comandante do Exército, general Marco desfeita, nenhuma”. Calma tem
■ O deputado federal Eduardo
Antônio Freire Gomes mais: “A reforma trabalhista é
Bolsonaro (PL-SP) e o senador
Para registro, este foi o primeiro compromisso aberto de importante. Não vai voltar Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pediram
imposto sindical”. Os registros são
Bolsonaro desde a derrota no segundo turno das eleições de
2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Novo? Não mais... do vice-presidente da República
cidadania italiana à embaixada
do país europeu. O político
Já que estamos passando na seara petista, vale registro: a “O Novo atual descumpre o próprio estatuto, aparelha eleito, Geraldo Alckmin, italiano Angelo Bonelli
saída de Neymar da partida contra a Sérvia foi motivo de a sua Comissão de Ética para calar filiados, faz coli- acrescentando que o ajuste fiscal apresentou interpelação e
celebração por parte de alguns dos apoiadores do presi- gações apenas por interesses eleitorais, idolatra man- será feito “de forma permanente”. questionou o Ministério das
dente eleito. datários, não reconhece os erros, ataca os Poderes con- Ele disse ainda que “governar é Relações Exteriores sobre o caso.
O motivo foi o fato de que Neymar fez campanha nas stituídos da República e estimula ações contra a escolher e que há muitas formas
de fazer ajustes”. O ex-governador ■ Angelo Bonelli é um dos líderes
redes sociais para pedir voto para Bolsonaro. Só que o ata- democracia”. O fato é que o empresário João Amoêdo
de São Paulo coordena a equipe de do movimento Europa Verde de
cante sofreu uma lesão no ligamento lateral do tornozelo (foto) avisou que não é mais integrante do partido Esquerda e classificou o pedido de
direito, além de um edema ósseo. Novo. E foi ao ataque: deixando claro que a legenda transição do futuro governo.
cidadania como possível
Neymar da Silva Santos Júnior não deve defender o Brasil que ajudou a fundar, “não existe mais”. “Infelizmente, o
nos próximos jogos contra a Suíça e também contra o Novo, fundado em 2011 e pelo qual trabalhamos por
[ movimentação para escapar de
processos no Brasil. Sendo
escrete de Camarões. Ficamos assim então. mais de 10 anos, não existe mais”, finalizou Amoêdo. assim… FIM!

❚ LAVA-JATO
Por unanimidade, ministros do Supremo Tribunal Federal descartam acusação de corrupção
e lavagem de dinheiro feita contra o deputado federal reeleito e ex-governador de Minas

STF rejeita denúncia da

PGR contra Aécio Neves
O Supremo Tribunal Federal
(STF) rejeitou, por unanimidade,
EVARISTO SÁ/AFP JAIR AMARAL/EM/D.A.PRESS

na sexta-feira, a denúncia apre-

sentada pela Procuradoria-Geral A denúncia não aponta, dentre as
da República (PGR) contra o de-
putado federal reeleito Aécio atribuições do cargo de chefe do
Neves (PSDB-MG). O ex-gover- governador de estado, quais seriam
nador de Minas Gerais e ex-se-
nador foi acusado de corrupção os atos passíveis de negociação no
e lavagem de dinheiro por su- interesse das sociedades
posto recebimento de propina
de R$ 65 milhões no âmbito da empresárias consorciadas, em
Operação Lava-Jato.
Todos os magistrados do Su-
especial no contexto dos
premo seguiram o entendimen- procedimentos licitatórios das
to do relator do caso, ministro Ed-
son Fachin, que afirmou que a usinas hidrelétricas de Santo
denúncia da PGR não descreveu Antônio e Jirau”
como o parlamentar mineiro te-
ria usado sua atuação política em ■ Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal Aécio Neves foi reeleito deputado federal em 2 de outubro
favor das empreiteiras Odebre-
cht e Andrade Gutierrez, especial-
mente em empreendimentos no do em que Aécio Neves era go- como“elemento probatório cen- o assunto nesse mesmo sentido. ■ “AFIRMAÇÕES sentação da denúncia rejeitada.
Rio Madeira, nas usinas hidrelé- vernador de Minas. Segundo Fa- tral”os depoimentos dos colabo- “Considerando o novo entendi- MENTIROSAS” Apesar da sua inocência, mais
tricas de Santo Antônio e Jirau. chin, a denúncia “não aponta, radores Marcelo Odebrecht, mento jurisprudencial, tem-se uma vez comprovada, o deputa-
Para o ministro, a denúncia dentre as atribuições do cargo Henrique Valladares, Otávio óbice ao Ministério Público Fede- A defesa do deputado federal do foi vítima, durante cinco
acabou sendo“genérica”.“No âm- de chefe do governador de esta- Marques de Azevedo, Rogério ral para o reconhecimento da Aécio Neves comentou a deci- anos, de ataques e acusações,
bito da Operação Lava-Jato, a for- do, quais seriam os atos passí- Nora de Sá, Flávio Gomes Ma- justa causa, hipótese legal de re- são do Supremo Tribunal Fede- baseados em afirmações menti-
ma mais recorrente de mercan- veis de negociação no interesse chado, Flávio David Barra e Ma- jeição da denúncia”, argumentou ral sobre a denúncia da Procura- rosas agora desmascaradas”, diz
cia ilícita de funções públicas das sociedades empresárias con- ria Clara Chuff Soares. Augusto Aras. doria-Geral da República. “O mi- a nota assinada pelo advogado
atribuídas a parlamentares fede- sorciadas, em especial no con- Com isso, a Procuradoria-Ge- Além de Aécio Neves, a de- nistro Edson Fachin, relator da Alberto Zacharias Toron.
rais verificou-se na indicação e texto dos procedimentos licita- ral da República ponderou, então, núncia do Ministério Público matéria, a unanimidade dos mi- “Apesar da importante deci-
manutenção de agentes públicos tórios das usinas hidrelétricas de que a reforma legislativa operada Federal incluía o ex-diretor de nistros do STF e a própria PGR são da Justiça que repõe a ver-
para cargos de direção órgãos pú- Santo Antônio e Jirau”. pelo pacote anticrime “introdu- Furnas Dimas Fabiano Toledo, o consideraram sem fundamento dade, é irrecuperável o dano
blicos, empresas públicas e socie- Em agosto, o próprio procu- ziu a impossibilidade de que seja empresário Alexandre Accioly e rejeitaram denúncia apresen- causado à reputação de pessoas
dades de economia mista, em es- rador-geral da República, Augus- recebida a denúncia (ou a quei- Rocha, o executivo Marcelo tada anos atrás contra o deputa- públicas quando se dá ares de
pecial na Petrobras S.A., bem co- to Aras, mudou de posição e de- xa-crime) com base exclusiva- Odebrecht e o ex-gerente de Re- do Aécio Neves. O ministro Fa- veracidade a depoimentos de
mo na omissão em relação ao de- fendeu a rejeição apresentada mente nas declarações do colabo- cursos Humanos da Odebrecht chin, em seu voto, afirmou que delatores sem qualquer com-
ver de fiscalização dos atos de in- pela PGR contra Aécio Neves. Pa- rador”. De acordo com a Procura- Ênio Augusto Pereira Silva. To- não foi apontada qualquer irre- provação, que mentem na bus-
teresse público”, disse Edson Fa- ra atual o chefe do Ministério doria-Geral da República, após dos eles tiveram a acusação re- gularidade que teria sido come- ca da absolvição de seus pró-
chin em seu relatório. Público Federal, a acusação con- um período de discussões inter- jeitada pela decisão do Supremo tida pelo deputado e conside- prios crimes”, completa o advo-
A acusação se refere ao perío- tra o parlamentar mineiro tinha nas sobre o tema, o STF pacificou Tribunal Federal. rou uma 'temeridade' a apre- gado de Aécio Neves.

Presidente participa de cerimônia no interior do Rio de Janeiro, em seu primeiro evento público
após o segundo turno. Ele entrou com ação contra os petistas por “crimes contra sua honra”
Bolsonaro reaparece após
acionar Lula e Gleisi no STF
Brasília - O presidente Jair
Bolsonaro (PL) entrou com notí-
cia-crime no Supremo Tribunal
Federal (STF) contra o presiden-
te eleito, Luiz Inácio Lula da Sil-
va, e a presidente do PT, Gleisi
Hoffmann, pedindo abertura de
ação penal contra os dois por
“crimes contra sua honra”. O pe-
dido foi feito depois do comício
de Lula no Complexo do Ale-
mão, em outubro, quando cha-
mou o atual chefe do Executivo
de “genocida”, “miliciano”, “as-
sassino”, “demônio”e “canibal”.
No documento, os advogados de
Bolsonaro citam propagandas
eleitorais e o comício feito pelo
petista. Recluso desde a derrota
para Lula, em 30 de outubro, Bol-
sonaro participou, ontem, de ce-
rimônia na Academia Militar
das Agulhas Negras (Aman), em
Resende (RJ), mas não discursou
nem deu entrevista.
A petição no Supremo Tribu-
nal Federal contra os petistas, que
foi apresentada na sexta-feira,
sustenta que a ação se justifica
pelas “falas ofensivas à honra do
representante e imputação de fa-
tos definidos como crime, solici-
tando que seja feita apreciação
do foro competente para proces-
so e julgamento, bem como para
eventual autorização de instaura-
ção de inquérito policial”. A notí-
cia-crime inclui, como exemplo,
um vídeo do comício de Lula no
Complexo do Alemão, no Rio de
Janeiro, em que o petista, supos-
tamente, associa a morte da ve-
readora Marielle Franco (Psol) a
Punição imposta por Moraes une o PL
Brasília - Se até há pouco uma
das principais preocupações de
Valdemar Costa Neto era manter
as diferentes alas do partido uni-
das, ele conseguiu um respiro
nesta semana. As decisões do
presidente do Tribunal Superior
Eleitoral, (TSE) Alexandre de Mo-
raes, acabaram por unir os parla-
mentares em críticas ao magis-
trado e em defesa do chefe do PL
e sua empreitada contra o Judi-
ciário. Na quarta-feira, Moraes
determinou o bloqueio dos valo-
res do fundo partidário do PL, do
PP e do Republicanos até a quita-
ção da multa de R$ 22,9 milhões
imposta à coligação por litigância
de má-fé. Os outros dois partidos
recorreram e, na sexta-feira, Mo-
raes acatou o pedido e concen-
trou a multa no PL --o valor re-
presenta 46% do fundo partidá-
rio já recebido pela sigla em 2022.
Além de impor a multa, o ma-
gistrado viu na iniciativa encam-
pada pelo partido a "finalidade de
tumultuar o próprio regime de-
mocrático brasileiro" e determi-
nou que Valdemar seja alvo de in-
vestigações no Supremo Tribunal
Federal (STF), no inquérito das
milícias digitais, e no TSE.
A ala raiz do partido, com polí-
ticos do Centrão e que davam as
cartas antes da chegada dos bol-
sonaristas, ainda que visse com
ressalvas a iniciativa e seu anún-
cio público, achou a decisão do
presidente da corte desproporcio-
Lewandowski diz que é preciso “pacificar o país”
RENATA GALF
Brasília - O ministro do Supre-
mo Tribunal Federal (STF) Ricardo
Lewandowski disse, ontem,que a
grande tarefa que o Brasil terá pe-
la frente será a pacificação do país
e a superação da polarização.“Em
primeiro lugar, acho que a grande
tarefa que cabe a todos nós é pa-
cificar o país”, afirmou ele, duran-
te o Fórum Esfera Brasil, evento
com empresários realizado em
E STA D O D E M I N A S
O comandante do Exército, general Freire Gomes, bateu continência e fez discurso com elogios a Bolsonaro, na Academia das Agulhas Negras (Aman)
Jair Bolsonaro. Na peça, a defesa
do presidente alega que ele foi
chamado de “genocida“, “milicia-
no“, “assassino“, “demônio” e “ca-
nibal” durante o evento.
O ofício, encaminhado à pre-
sidente do STF, a ministra Rosa
Weber, ainda pede que a corte in-
dique o foro competente para
processo e julgamento, bem co-
mo para eventual autorização de
instauração de inquérito policial.
O texto é assinado pelo delegado
nal e, principalmente, provocado-
ra: 22 é o número de urna do PL.
Assim, parlamentares se uni-
ram às críticas de bolsonaristas a
Moraes. Reservadamente, se
queixam de que as atitudes do
magistrado são pouco pacifica-
doras e acabam fortalecendo os
mais radicais dentro da sigla. A
expectativa desses aliados de Val-
demar era a de que o presidente
do TSE simplesmente arquivasse
o caso, por falta de evidências, e
ficasse por isso. O dirigente teria
feito sua parte, junto aos bolso-
naristas, e a poeira abaixaria. In-
tegrantes da ala mais moderada
classificam a decisão do ministro
de multar a legenda como um
"atentado" à vida partidária, em
uma referência aos salários, con-
tratos e demais obrigações que o
partido tem de honrar. Por outro
lado, poupam Valdemar de críti-
cas por levar adiante os questio-
namentos golpistas de Bolsona-
ro. A avaliação é de que Moraes
ultrapassou um limite e haverá
reação política.
O partido convocou as banca-
das para se reunir em Brasília na
terça-feira para discutir qual res-
posta seria mais apropriada para
o caso. Aliados do dirigente te-
mem que se instaure uma nova
crise entre Poderes, agora entre
Legislativo e Judiciário. A leitura
é de que, a partir deste momen-
to, o ideal seria Valdemar sub-
mergir e os parlamentares atua-
Guarujá, litoral paulista.“Superar
a polarização que nós vivemos
nos últimos anos, exacerbada pe-
la campanha eleitoral, pelo perío-
do eleitoral, e também pelas
mensagens de ódio e das fake
news. Nós temos que deixar isso
para trás e vivermos o novo mo-
mento", continuou.
Lewandowski, que está próxi-
mo de deixar a corte, também
defendeu a harmonia entre os
Poderes e uma menor atuação
● D O M I N G O ,
POLÍTICA
da Polícia Federal Márcio Nunes
de Oliveira. O relator da ação será
Kassio Nunes Marques, que foi o
primeiro ministro por Bolsonaro
ao Supremo. Sobre Gleisi, a ação
cita publicação nas redes sociais
em que ela diz que Bolsonaro se-
ria o mandante do assassinato de
Benedito Cardoso dos Santos,
apoiador de Lula morto por um
apoiador do atual chefe do Exe-
cutivo, em 8 de outubro, no Mato
Grosso.
rem em eventuais iniciativas que
têm Moraes como alvo. Principal-
mente porque veem maior pari-
dade de armas entre os parla-
mentares e ele.
Ainda que saibam que dificil-
mente vá prosperar, até mesmo
porque o ano está perto do fim,
citam a CPI de Abuso de Autori-
dade, como exemplo, e até pedi-
do de impeachment. Entretanto,
interlocutores do dirigente di-
zem que ele ainda está muito
chateado com as decisões do pre-
sidente do TSE e temem que se
torne imprevisível. Valdemar foi
alertado por aliados que poderia
ser investigado e até preso caso
continuasse a questionar o resul-
tado eleitoral. Mas o dirigente
deixou claro a eles que não teme
nem esse pior cenário. O presi-
dente do PL não seria réu primá-
rio, porque já foi condenado e
preso no escândalo do mensalão.
■ GRANDE
BANCADA
Mais recentemente, Valdemar
filiou Jair Bolsonaro, reconquis-
tou os holofotes e ganhou a cre-
dibilidade de apoiadores do pre-
sidente -que, até há pouco, eram
pejorativos com o Centrão. Na
mesma eleição em que o manda-
tário foi derrotado, o PL elegeu as
maiores bancadas no Congresso:
99 deputados e 14 senadores. Is-
so só foi possível porque parla-
do Judiciário no campo da políti-
ca. Ao longo dos últimos quatro
anos, Poder Executivo e Judiciá-
rio estiveram em tensão cons-
tante, por causa das críticas do
presidente Jair Bolsonaro (PL).“O
segundo grande desafio que eu
vejo é que é preciso restabelecer
a harmonia entre os Poderes",
afirmou o ministro, frisando que
é preciso que isso aconteça "sem,
evidentemente, que eles percam
a sua independência”.
2 7 D E N O V E M B R O
■ APOIO
PÚBLICO
Na manhã de ontem, Bolsona-
ro viajou de Brasília para o Rio pa-
ra prestigiar a cerimônia de en-
trega de espadas aos aspirantes a
oficial da turma“Bicentenário da
Independência do Brasil”, na sede
da Academia Militar das Agulhas
Negras. Foi o primeiro compro-
misso aberto com a presença do
chefe do Executivo após o segun-
O PL, presidido por Valdemar da Costa Neto, recorreu ao TSE contra urnas, mas recebeu multa de R$ 22,9 milhões
mentares apoiadores de Bolsona-
ro o seguiram e se filiaram à sigla
-movimento que, à época, gerou
ciúme de partidos da base aliada.
A nova configuração impôs ao
líder do Centrão um ajuste de ro-
ta, ao menos, por ora. Como os
aliados do chefe do Executivo
não reconhecem o resultado das
urnas no segundo turno, e o PL fi-
liou os mais radicais deles, cres-
“É preciso, a meu ver, despoliti-
zar um pouco a jurisdição. É pre-
ciso que nem todos os problemas
que são próprios da política sejam
resolvidos pelo Poder Judiciário",
disse. Em uma fala de cerca de dez
minutos, Lewandowski elencou o
que considera serem os dez prin-
cipais desafios que aguardam o
país, citando os mais variados te-
mas, como reforma tributária, se-
gurança pública e fortalecimento
do Sistema Único de Saúde. O ma-
D E 2 0 2 2
TERCIO TEIXEIRA/AFP
do turno da eleição presidencial.
A cerimônia não teve nenhum
discurso de Bolsonaro. Somente
três pessoas foram ao púlpito: o
comandante da Aman, general
de Brigada João Felipe Dias Alves;
o arcebispo ordinário militar do
Brasil, dom Marcone Vinícius
Ferreira; e o comandante do
Exército, general Marco Antônio
Freire Gomes, que elogiou o che-
fe do Executivo nacional.
“Permitam-me abrir estas
ceu a pressão para que o dirigen-
te entoasse o discurso de questio-
namento ao sistema eleitoral. E
assim foi feito com a ação que,
mesmo sem apresentar provas
de fraude, pediu ao TSE a invali-
dação de votos depositados em
urnas por "mau funcionamento".
De acordo com o partido,
mais de 279,3 mil urnas eletrôni-
cas utilizadas no segundo turno
gistrado será o primeiro a sair da
corte e abrir vaga para nova indi-
cação do presidente eleito Luiz
Inácio Lula da Silva (PT). Ele com-
pleta em maio 75 anos e terá de se
aposentar compulsoriamente.
Mais cedo, o ministro Luís Ro-
berto Barroso também participou
do evento, durante um painel so-
bre segurança jurídica e Constitui-
ção. Ao ser questionado sobre o te-
ma da mesa, o ministro disse que
antes de mais nada, era preciso
3
breves palavras agradecendo o
presidente da República, Bolso-
naro, por sua presença, que
muito brilho empresta a este
evento. Estou seguro que de que
sua dignidade, seu culto à famí-
lia, seu amor ao Brasil e inabalá-
vel fé em Deus serão referência
na pavimentação do caminho
que os jovens a sua frente trilha-
rão a partir de hoje. Muito obri-
gado, presidente, declarou Frei-
re Gomes. Ao todo, se formaram
395 cadetes, sendo 131 de infan-
taria; 56 de cavalaria; 57 de arti-
lharia; 42 de engenharia; 47 de
intendência; 33 de comunica-
ções; e 29 de material bélico.
Bolsonaro deixou o seu vice,
Hamilton Mourão (Republica-
nos), eleito senador em outubro,
sem resposta durante o evento.
No vídeo, é possível ver que Mou-
rão tenta falar com Bolsonaro em
dois momentos. No primeiro, o
presidente se vira, mas fica cala-
do, e, no segundo, ignora Mourão
por completo, sem nem mesmo
olhar para ele.
Depois do segundo turno, as
outras duas únicas aparições de
Bolsonaro tinham sido em um
discurso, feito dois dias após o
resultado das urnas, e em um
vídeo publicado nas suas redes
sociais. Assim como ocorre em
outros quartéis espalhados pe-
lo Brasil, o local onde o evento
da Aman foi realizado reuniu
apoiadores do presidente, que
questionam o resultado das ur-
nas e pedem a intervenção das
Forças Armadas.
EVARISTO SÁ/AFP
do pleito "apresentaram proble-
mas crônicos de desconformida-
de irreparável no seu funciona-
mento". Para as atuais eleições, a
Justiça Eleitoral disponibilizou
cerca de 577 mil equipamentos.
As urnas questionadas também
foram utilizadas no primeiro tur-
no, quando o PL elegeu as maio-
res bancadas das duas Casas legis-
lativa. (Folhapress)
que o Brasil retomasse pressupos-
tos civilizatórios. “Mentir precisa
voltar a ser errado de novo", disse
Barroso, que ao longo do governo
Bolsonaro foi alvo da militância
bolsonarista e do próprio presi-
dente.“As pessoas têm o direito de
ter a opinião que quiserem, não
têmodireitodecriaremfalsasnar-
rativas, nem inventar falsidades
sobre as pessoas de cujas ideias
elas discordam”, completou Barro-
so. (Folhapress)
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

4 POLÍTICA
Os trilhos nos quais o novo governo
LUIZ CARLOS AZEDO deve e pode avançar são o
fortalecimento da democracia, com
ENTRE LINHAS respeito a suas instituições, e uma
agenda ambiental de vanguarda”
>>E-mail para esta coluna: luizazedo.df@dabr.com.br

Programa do governo Lula deve ter menos ambição e mais modéstia

O presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va foi eleito sem um programa de go-
verno. Sua estratégia de campanha foi
resgatar as realizações de seus dois
mandatos, o que não foi suficiente para
garantir sua eleição no primeiro turno,
mas o deixou na cara do gol no segun-
do. Para vencer, porém, teve que am-
pliar ainda mais as alianças e contar
com a rejeição ao presidente Jair Bolso-
naro, que era maior do que a sua, para
se eleger por estreita margem de votos.
Sendo mais específico, Lula teve 3,5 mi-
lhões de votos a mais no segundo tur-
no; Bolsonaro, 7 milhões. Com toda cer-
teza, a candidata do MDB, senadora Si-
mone Tebet, os partidos que o apoia-
ram no segundo turno tiveram um pa-
pel decisivo nessa transferência de vo-
tos. A chamada “terceira via” foi esma-
gada pela polarização no primeiro tur-
no, mas não a ponto de não fazer algu-
ma diferença no segundo.
O drama de Lula ao assumir seu
mandato é cumprir as promessas de
campanha, principalmente o Auxílio
Brasil/Bolsa-Família de R$ 600, que tam-
bém serviu de plataforma para Bolsona-
ro junto às parcelas mais pobres da po-
pulação, embora esse valor não tenha si-
do previsto no Orçamento da União de
2023. Lula gerou grande expectativa pa-
ra os eleitores de baixa renda, principal-
mente as donas de casa, de que garanti-
ria a comida na mesa, com direito a cer-
veja e picanha no fim de semana. Essa é
a lembrança afetiva do seu governo no
imaginário popular, como fora o frango
a R$ 1 do Plano Real, na eleição de Fer-
nando Henrique Cardoso, em 1994.
No final do governo Lula, o país cres-
cia a 7,5% em 2010, segundo dados do
IBGE. O consumo das famílias, que se
elevara continuamente ao longo dos
anos, havia aumentado 7% somente
em 2010. O crédito no setor público e
privado era farto: chegara a R$ 1,7 tri-
lhão, com crescimento de 20,5% naque-
le ano. As exportações cresceram 42,2%
para o Mercosul, 39,3% para o bloco
asiático, 26,2% para União Europeia e
23,2% para o mercado norte-america-
no. O saldo das reservas internacionais
era de US$ 288,6 bilhões, com variação
positiva de 20,7% sobre o exercício an-
terior. A dívida líquida total do setor
público fora reduzida de 43,4% para
40,4% do PIB, equivalendo a R$ 1,47 Tri-
lhão. A taxa de risco-país ao final de
2010 era atraente para os investidores
internacionais: 186 pontos.
A taxa de desemprego e o aumento
do salário real garantiram a eleição de
Dilma Rousseff, Lula foi sucedido por
“poste de saias”, como diziam seus ad-
versários e até alguns aliados. A propor-
ção de desocupados entre os economi-
camente ativos era de 5,3% em 2010. Ao
longo dos exercícios de 2006 a 2010, os
rendimentos médios mensais efetiva-
mente recebidos pelos trabalhadores
também apresentam contínua eleva-
ção. O saldo do registro dos trabalhado-
res contratados com carteira assinada
em 2010 foi favorável. A diferença en-
tre os trabalhadores admitidos e desli-
gados em 12 meses foi de 2,5 milhões,
uma evolução de 7,7% as mais do que
empregados em 2009.
O porcentual de pisos salariais rea-
justados acima do índice oficial de in-
flação em 2010 fora de 93,8%, patamar
acima do atingido em 2009, que ficou
em 92,9%, segundo o Departamento In-
tersindical de Estatística e Estudos So-
cioeconômicos (Dieese). O segmento
mais beneficiado fora o rural, com gan-
ho real em 100% dos casos. Na sequên-
cia, apareceram indústria (94,9%) e co-
mércio (94,7%). No setor de serviços,
90,6% dos pisos salariais tiveram gan-
hos reais, ou seja, percentuais acima da
5,2%, a inflação oficial.
Energia positiva
Esse flashback demonstra que a re-
tomada do fio da história a partir de
2010 é uma missão impossível. As con-
dições são completamente diferentes,
como disse na citada coluna. O ambien-
te econômico não permite que o gover-
no Lula avance na área social como gos-
tariam os seus eleitores; talvez por isso,
sendo generoso na interpretação, Lula
não tenha apresentado um programa
na campanha: nas condições atuais,
uma proposta espelhada em 2010 seria
delirante; considerando a terra arrasa-
da que herdará de Bolsonaro, decepcio-
nante. Esse é o xis da questão da transi-
ção. Os dois primeiros anos de governo,
fortemente contingenciados pela eco-
nomia, serão de baixo crescimento e li-
mitada mobilidade social, com um
Congresso à espreita para chantagear o
governo e uma oposição de extrema-
direita estridente nas ruas.
Por isso, o trilho do novo governo
Lula não pode ser o progressismo so-
cial, por falta de sustentabilidade, nem
a agenda identitária da esquerda, devi-
do ao conservadorismo da sociedade.
Algum progressismo e avanço nos cos-
tumes deve haver, porém, devemos
considerar o simples fato de que barrar
a ofensiva reacionária do governo Bol-
sonaro já será uma mudança da água
para o vinho. Os trilhos nos quais o no-
vo governo deve e pode avançar são o
fortalecimento da democracia, com
respeito a suas instituições do estado
democrático, e a ampliação da partici-
pação da sociedade nas decisões gover-
namentais, de um lado; e aí uma agen-
da ambiental de vanguarda, que apon-
te fortemente para o desenvolvimento
da economia verde, que é onde o Brasil
pode captar muitos recursos para in-
vestimento numa nova indústria.
Entretanto, pressão das desigualda-
des do país é enorme. Essa agenda pre-
cisa ser tratada com foco em tarefas
exequíveis, como garantir a segurança
alimentar; melhorar a qualidade do en-
sino fundamental e médio; combater a
violência e o racismo estrutural. O ver-
dadeiro divisor de águas da eleição foi
a defesa da democracia. Para isso, é pre-
ciso um governo de ampla coalizão po-
lítica, capaz de dar sustentação ao presi-
dente eleito e uma agenda que devolva
a normalidade e a esperança ao país.
Essa é a energia positiva que o Brasil
precisa para reencontrar seu caminho.

❚ CONGRESSO
Petistas defenderam fim do “orçamento secreto” durante a campanha, mas negociação
sobre Bolsa-Família e reeleição de Lira no comando da Câmara inviabilizam o tema agora

Debate sobre emendas do

relator deve ficar para 2023
THIAGO RESENDE, JULIA CHAIB
E JOSÉ MARQUES
Brasília - Aliados do presiden-
te eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), e parlamentares do Centrão
avaliam que discussões sobre
mudanças nas regras de distri-
buição das emendas de relator –
também chamadas de“orçamen-
to secreto” por causa da transpa-
rência questionável – no Con-
gresso devem ser adiadas para
2023. Petistas e congressistas liga-
dos ao presidente da Câmara, Ar-
thur Lira (PP-AL), dizem reserva-
damente que tentar tratar do te-
ma ainda neste ano contamina as
prioridades dos dois lados para
os próximos meses: o governo
eleito trabalha para aprovar uma
proposta de emenda à Constitui-
ção (PEC) que permita despesas,
mia para definir como os recur-
sos serão aplicados. Atualmente,
o relator do Orçamento dá a par-
lamentares a possibilidade de
eles empenharem as emendas
em obras de interesse próprio,
que não necessariamente são
prioritárias para o governo.
O PT está no momento empe-
nhado em viabilizar a PEC que
abre espaço no Orçamento para
Lula cumprir promessas de cam-
panha, como a manutenção do
valor de R$ 600 do Auxílio Brasil,
que voltará a se chamar Bolsa-Fa-
mília. Diante disso, a ordem entre
os articuladores da PEC é evitar
conversas sobre mudanças nas
regras das emendas de relator. O
PT não quer comprar essa briga
com o Centrão agora e contami-
nar a negociação para aprovação
da medida que autoriza Lula a
SERGIO LIMA/AFP
das de relator no Orçamento.
Mas eles defendem um acordo
com o centrão para alterar ao
menos parte da distribuição e do
pagamento das verbas.
Uma das ideias em análise é o
remanejamento do dinheiro en-
tre obras e projetos de interesse
de parlamentares e também do
governo eleito. Um dos argu-
mentos usados por aliados de Lu-
la é que há programas nas áreas
de habitação e saúde, por exem-
plo, que realizam obras impor-
tantes que podem atender a de-
mandas das bases eleitorais dos
parlamentares. Lula já declarou
que as emendas de relator eram
a “maior bandidagem” feita em
200 anos Independência e que o
Parlamento nunca "esteve tão de- Lira e Lula se encontraram após segundo turno: interesses mútuos podem deixar emendas para depois
formado como está agora".

como o Bolsa-Família de R$ 600,
fora do teto de gastos. Lira tem
consolidado sua base de apoio
para ser reeleito presidente da
gastar mais.
Além disso, a coordenação po-
lítica da equipe de transição ten-
ta costurar apoio de partidos pa-
Equipe de transição vê
“EXCESSO” Lula também disse
no passado que há um excesso
de poder nas mãos Lira. Após o
resultado das urnas, Lira e Lula

verba atípica para PRF

Câmara em fevereiro.
As emendas de relator foram
usadas como moeda de troca em
negociações políticas entre o go-
verno de Jair Bolsonaro (PL) e o
Congresso. O mecanismo, con-
trolado pelas cúpulas da Câmara
e do Senado, é hoje o principal
trunfo político de Lira para man-
ter sua grande influência sobre
deputados. Justamente por isso,
um cenário em que a revisão das
regras das emendas de relator fi-
que para o ano que vem repre-
senta uma vitória para Lira. Lula
e o PT chegaram a defender du-
rante a campanha o fim dessas
emendas, mas após a eleição
cresceu no partido a avaliação de
que é inviável tentar eliminá-las
no momento.
Há no Orçamento de 2023 cer-
ca de R$ 19 bilhões em emendas
de relator. Aliados próximos de
Lula e integrantes do Congresso
dizem que será inevitável redis-
cutir o uso dessas emendas no
futuro. Se será impossível acabar
com elas, os dois lados aceitam
discutir um modelo pelo qual o
Executivo tenha mais autono-
ra que Lula inicie o governo já
com uma base mais ampla no
Congresso. Essa negociação está
travada porque o presidente elei-
to ainda não sinalizou como irá
dividir os cargos na Esplanada
entre os partidos de esquerda e
possíveis novos aliados de centro.
A cobrança nesse sentido tem si-
do feita por membros do MDB,
PSD e também da União Brasil.
As três legendas têm parlamen-
tares beneficiados por emendas.
A queda de braço sobre o fu-
turo das emendas de relator con-
trapõe Lula ao Centrão desde an-
tes da eleição. Quando, ainda du-
rante a campanha, o PT demons-
trava posição de enfrentamento
à continuidade dessas emendas,
o centrão chegou a articular uma
nova regra que obrigaria o novo
presidente a executar todos os
recursos provenientes desse me-
canismo. Isso engessaria Lula. A
ideia não prosperou, embora ain-
da existam membros do Con-
gresso que defendem essa medi-
da. Após o resultado da eleição,
membros do PT passaram a ad-
mitir a continuidade das emen-
trocaram acenos. Os dois já se en-
contraram durante a transição. E
a bancada do PT na Câmara já si-
nalizou que não será obstáculo
para a recondução de Lira para o
comando da Casa - podendo in-
clusive apoiá-lo. Em relação ao
STF (Supremo Tribunal Federal),
onde há uma ação que questiona
as emendas de relator, também
houve uma mudança de cenário.
Aliados de Lula e integrantes
de partidos não alinhados ao pe-
tista dizem haver avaliação con-
sensual de que o STF deveria pos-
tergar o julgamento da ação con-
tra as emendas de relator en-
quanto o novo governo e o Con-
gresso buscam saída para o tema.
A expectativa era que o STF anali-
sasse o caso em novembro. Mas
entrará em dezembro sem previ-
são de julgar esse processo, que é
relatado pela presidente da corte,
Rosa Weber. A ministra não pau-
tou o tema para a sessão de 1º de
dezembro. Depois dessa data, a
pauta ainda está indefinida, mas
o tribunal terá apenas mais qua-
tro sessões de julgamento antes
do recesso. (Folhapress)
JUIANA BRAGA
Brasília - O grupo setorial de
justiça e segurança pública da
equipe de transição identificou
uma liberação de recursos consi-
derada atípica para a Polícia Ro-
doviária Federal (PRF) na reta fi-
nal das eleições. De acordo com
os dados levantados por técnicos,
foram gastos em novembro, so-
bretudo no início do mês, R$ 6
milhões em operações da corpo-
ração, contra R$ 3,9 milhões em
outubro inteiro. A suspeita é que
esse gasto se refira a verba que foi
usada para a polícia fazer blo-
queios de ônibus que transporta-
vam eleitores.
Para integrantes da transição,
o dinheiro foi usado para ressar-
cir despesas com operações no
segundo turno das eleições, em
que a PRF descumpriu ordem do
TSE e fez operações de fiscaliza-
ção contra ônibus carregando
eleitores, especialmente no Nor-
deste. A coligação do presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), cogitou pedir para prorro-
gar o horário de votação, mas
acabou desistindo.
Procurada, a PRF nega a liga-
ção com as eleições. Segundo a
assessoria da corporação, o di-
nheiro tem sido usado para debe-
lar as manifestações de eleitores
insatisfeitos com o resultado das
urnas, que se iniciaram já na noi-
te da votação do segundo turno.
Em 30 de outubro, milhares fo-
ram às ruas e alguns ainda blo-
queiam rodovias federais, o que
exige uma grande mobilização
de recursos, justifica.
Na última semana, o juiz José
Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara
Federal do Rio de Janeiro, aceitou
uma ação apresentada pelo Mi-
nistério Público Federal e tornou
réu o diretor-geral da PRF, Silvinei
Vasques, por improbidade admi-
nistrativa. O MPF argumentou
que Vasques fez uso irregular do
cargo ao pedir, por exemplo, vo-
tos para a reeleição de Bolsonaro,
e solicitou também o afastamen-
to imediato dele. Mas o juiz afir-
mou que Vasques está em férias
em até 6 de dezembro e que quer
ouvir a defesa dele antes de to-
mar decisão sobre o afastamento.
Silvinei prestou depoimento,
na sexta-feira, à Polícai Federal no
inquérito que investiga se ele pre-
varicou no comando da PRF du-
rante o bloqueio de rodovias fei-
tos por bolsonaristas e se houve
violência política nas fiscalizações
de veículos feitas pela corporação
durante o segundo turno. Ele ne-
gou que tenha feito uso político
da PRF e disse que as operações
foram realizadas para apurar pos-
síveis ocorrências de crimes.
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DIRETOR DE REDAÇÃO: CARLOS MARCELO CARVALHO
DIRETORA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA: SÔNIA MÁRCIA SOUZA SILVA CAMPOS
EDITORA-EXECUTIVA: RENATA NEVES

EDITORIAL

Copa do Mundo e
o novo governo
Os últimos quatro anos foram desafiadores para o Bra-
sil, com muitos conflitos entre poderes e problemas agra-
ESPAÇO DO LEITOR
vados pela pandemia, guerras no mundo e outros fatores. PELA INTERNET
Chegou agora o momento de o país virar a chave e reto- twitter facebook e-mail site
mar a normalidade. Cabe ao futuro governo, com trans- @em_com www.facebook.com/estadodeminas opiniao.em@uai.com.br www.em.com.br/opiniao
parência e diálogo, reconstruir as pontes para a civilidade
e o desenvolvimento econômico. Não por acaso, a socieda- POR CARTA
A S CARTAS DEVEM CONTER NOME , ENDEREÇO COMPLETO, NÚMERO DO TELEFONE E CÓPIA DA CARTEIRA DE IDENTIDADE , PODENDO SER PUBLICADAS NA ÍNTEGRA OU PARCIALMENTE .
de tem cobrado ações rápidas da próxima administração, AVENIDA G ETÚLIO VARGAS, 291 - 2º ANDAR - FUNCIONÁRIOS - B ELO H ORIZONTE - MG - CEP 30112020 - FAX : (31) 3263-5070
seja na política, seja na economia. O Brasil precisa de hori-
zonte depois de tanta incerteza. A pouco mais de um mês
de o ano acabar, com uma Copa do Mundo no meio do ca- ESPORTE E POLÍTICA I ● RICHARLISON EM ALTA: VEJA HISTÓRIAS
minho, é fundamental que se saiba em que direção o país
caminhará pelos próximos quatro anos. Discursos sem
O que o Pombo DO CAMISA 9 DO BRASIL PELO AMÉRICA
consistência, promessas vazias, tentativas de desqualificar fez na nossa “Ele é maravilhoso. Carismático. A criançada está adorando...”
os críticos em nada contribuem para o debate qualificado cabeça? ■ adilma.rezende
que se espera. Muito pelo contrário. Só alimentam a des-
confiança e o clima de tensão que nem o futebol espeta- Bruno Ribeiro de Castro Domingos
cular apresentado pela Seleção Brasileira em sua estreia Belo Horizonte “Nessa Copa de ricos bilionários, o Richarlison é nossa inspiração.
no Mundial do Catar foi capaz de diminuir. Que Deus o abençoe e que ele não se perca em sua trajetória.”
Cobranças fazem parte do jogo democrático e devem “Um lance inusitado, em meio ao ■ erikaventurim
ser vistas com naturalidade, inclusive as dos agentes fi- contexto atual: domínio de
nanceiros, que anseiam por sinais contundentes do como esquerda, em perfeito equilíbrio e “O cara é craque fora do campo também!”
preparação para o arremate de
será a política econômica até 2026 e quem a conduzirá. Os direita no fundo da rede. Fomos ■ camposjulianaa
atropelos enfrentados pelo Bra- lembrados, pela paixão que nos
sil na última década deixaram
A expectativa é marcas profundas na imagem une, que não se ganha jogando “Viva o América Mineiro, que foi sua casa...”
apenas de um lado. Por mais que o ■ barracaoantiguidadesearte
de que, se fizer do país. Espera-se fortemente lateral que corre junto à linha de
as escolhas que os erros não se repitam, pa- um extremo do campo não consiga
ra que, enfim, a população, so- “Cara do bem de verdade! Dentro e fora do campo!”
ouvir o que diz aquele que está do
corretas, o bretudo a mais vulnerável, pos- outro lado, ambos sabem que ■ paulapinho45
Brasil se torne sa saborear o que é o bem-estar precisam do apoio um do outro,
um espelho social, artigo que tem se torna- tanto no ataque quanto na defesa, “Digno de tudo de bom que está acontecendo, é um menino simples,
do escasso num mundo marca- para ter algum sucesso. A surpresa, engraçado, não é arrogante e nem se acha o centro das atenções.
para parte do do por conflitos, radicalização, nesse caso, está justamente no Mas o bom disso tudo é saber que tudo que é falso cai.”
globo autoritarismo e inflação resis- óbvio. Somos um time só. Assim ■ renvilela
tente. como na braçadeira proibida, a
soma das cores origina a luz. Não
A expectativa é de que, se fizer
reconhecer isso nos condena ao
as escolhas corretas, o Brasil se torne um espelho para par-
te do globo. O resultado das últimas eleições foi visto por lí-
lado mais sombrio. Da mesma ● BRASILEIROS FAZEM BATALHA DO PASSINHO
forma, jamais pode ser considerada CONTRA CATARIS NA COPA DO MUNDO
deres mundiais como um momento importante para o Bra- como sendo a mais rica uma nação
sil. Agora, é preciso que o país recupere o crescimento econô- que esconde e oprime.
mico sustentado, promova a ascensão social e reforce sua Mas, ao contrário do que ocorre “O Brasil é encantador! Apesar de tudo que estamos passando, o
democracia. Há bilhões de dólares esperando os primeiros com o animal que carrega o mesmo brasileiro consegue levar alegria pelo mundo! Viva o Brasil! Vamos em
sinais positivos para que os fluxos de investimentos à maior frente! Venceremos!”
nome do atacante, a solução não
nação sul-americana sejam retomados. cairá do céu. Precisamos refletir e ■ grossiferreira
A contagem regressiva em relação ao Brasil já começou. perceber que não é possível
Da mesma forma em que todos os olhos estarão voltados alcançar o objetivo final jogando só “O torcedor brasileiro é o melhor acontecimento dessa copa.”
para as próximas partidas da Seleção no Mundial do Ca- de um lado do campo, que ■ raquel.braga.5055
tar, não haverá um só momento de descuido com o futu- precisamos uns dos outros,
ro governo. A torcida brasileira, que voltou a vestir o verde independentemente de qual pé é o
mais forte. “Esse é o Brasil que merece ser visto, alegre e amigo.”
e o amarelo com orgulho, sem conotações políticas, torce
Todos temos características e ■ josalins
pela conquista da taça, mas também para que o país vol-
habilidades distintas. Basta
te a sentir orgulho de suas escolhas. Nesse campo, não se- reconhecer que o objetivo final é o
rá o bom futebol o fator determinante e, sim, as decisões “Brasileiro é o melhor do mundo, graças a Deus pai.”
mesmo e que o caminho para
que serão tomadas pelos novos governantes. ■ wellingtonmartinsjornalista
alcançá-lo passa pelos dois lados,
Como alerta, fica a prévia da inflação de novembro, que em maior ou menor medida, a
subiu 0,53%, puxada pelos preços dos alimentos e dos depender das condições impostas “Sensacional!!!!! Viva a alegria e o gingado brasileiro!!!!! Lindos!!!!!”
combustíveis. Mais: dentro de duas semanas, o Comitê de pelos adversários que virão. Não é à ■ adrianalyradrix
Política Monetária (Copom), do Banco Central, fará sua úl- toa que o Rei é ambidestro.
tima reunião do ano. Será um desastre se as desconfian- O futebol continua sendo um “O Catar nunca mais será o mesmo depois dessa copa... kkkkkk...
ças atuais resultarem em um novo aumento da taxa bási- espelho da vida. Que possamos adoroooo a bagunça.”
ca de juros (Selic), que está em elevadíssimos 13,75% ao extrair as lições, repensar e
■ kcvieira123
ano. Ainda há tempo de virar esse placar. aprender.
Que bom que a Copa está apenas
começando.” “Bacana demais! Estamos necessitando de mais momentos como
esses!”
■ willsilva2018
FRASE
ESPORTE E POLÍTICA II “Viva as diferentes culturas!!!! Ainda bem que isso pode por lá.”
Leitor fala sobre ■ renata_g_sct
alienação em tempos
Eu vivi isso. O Ministério da de Copa do Mundo
● PRÍNCIPE DA ARÁBIA SAUDITA DARÁ CARRO
Agricultura parecia que era de um Mauro Messias Alvim Filho
Belo Horizonte
DE R$ 2,8 MILHÕES A CADA JOGADOR
governo e o do Meio Ambiente, de “Quando sabe-se mais de futebol do “Uma pequena diferença entre achar que é rico e ser rico
outro. Tem que trabalhar junto. que dos seus próprios direitos,
quando grita-se mais alto por um
(bilionário).”
■ helbert_paulino
Todos nós queremos preservar gol do que pelas injustiças, quando
exige-se mais de um jogador do que “E essa galera aqui do Brasil que tem uma Hilux, acha que é rica e
ambientalmente dos políticos percebe- se que o povo tem medo de ter os bens retirados pelo comunismo... hahahaha.”
submerso na mediocridade está
■ Marcos Montes (PSD-MG), ministro da Agricultura, ao falar sobre a necessidade ■ bruno.ovilasboas
de entendimento entre os dois ministérios no governo Lula condenado ao fracasso e a miséria.”
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OPINIÃO 7

Câncer de
tireoide é inimigo
A civilização ocidental
silencioso SACHA CALMON
Advogado, doutor em direito público (UFMG). Coordenador do
curso de especialização em direito tributário da Faculdades Milton
FLÁVIA COIMBRA Campos, ex-professor titular das faculdades de direito da UFMG e
da UFRJ. Ex-juiz federal e procurador-chefe da Procuradoria Fiscal
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de de Minas Gerais. Presidente honorário da ABRADT e ex-presidente
Endocrinologia e Metabologia - da ABDF no Rio de Janeiro. Autor do livro “Curso de direito

A
Regional Minas Gerais (SBEM-MG) tributário brasileiro” (Forense)

O câncer de tireoide representa cer- pós Roma, o ocidente se

ca de 1% dos cânceres e, de acordo com tornou cristão. Essa civili-
estimativas do Instituto Nacional do zação opõe à criação do
Câncer (Inca), ocorrerá cerca de 13.800 homem já adulto e sexua-
novos casos entre brasileiros, sendo cer- do, sem pai – a não ser
ca de 11.600 deles em mulheres, entre Deus –, nem mãe, esta fei-
2020 e 2022. Cerca de metade da popula- ta da costela do homem, a
ção pode apresentar um nódulo na ti- ideia totalmente diferen-
reoide, mas, felizmente, 90% desses nó- te, ou seja, o processo de
dulos são benignos e, geralmente, não evolução das espécies. Essa última é uma lição
trazem nenhum problema. Contudo, científica. O criacionismo é ideação religiosa. O in-
aqueles nódulos que são cancerosos po- glês Darwin é o pai da evolução das espécies.
dem se espalhar pelo corpo e até colocar O narrador principal é o jesuíta Teilhard de
a vida em risco. Chardin, o que é surpreendente. Logo depois Mor-
Grande parte dos pacientes não apre- gan, antropólogo americano, mostra a evolução da
senta sintomas e o nódulo somente será espécie humana. São 70 mil anos de selvageria, 20
percebido pelo médico, ao examinar e mil anos de barbárie e 10 mil anos de civilização,
palparatireoidenumaconsultaderotina. que coincide com o pastoreio, o sedentarismo e a
Outros pacientes notam a presença de agricultura às margens das bacias dos grandes rios
um caroço ou inchaço que cresce rapida- (Amarelo, na China; o Indo, na Índia; Tigre e Eufra-
mente na região do pescoço, dor, tosse, tes, na Mesopotâmia; e Nilo, no Egito).
rouquidão, dificuldade para engolir ou É uma história diversa da contada pela Bíblia,
problemas respiratórios. com Gêneses, Noé, os patriarcas e o êxodo. Para a
O diagnóstico deve ser feito por um tradição judaica, desde Adão até hoje, se passaram
médico com a palpação da tireoide, exa- 5.800 anos, se tanto. Na pré-história da Torá. Abrão
mes que avaliam a função da glândula e a tinha mas não podia ter camelos, introduzidos na
ultrassonografia. A maneira mais confiá- região 900 anos antes de Cristo. Testes a carbono
vel de diagnosticar o câncer de tireoide é de ossos de camelo provam a assertiva. Dois auto-
através da aspiração do nódulo com uma res judeus alegam que a Torá foi escrita por Josias
agulha fina. O procedimento usa uma em 640 a.c. Nunca houve Israel no Egito e nem
agulha fina, inserida no nódulo para reti-
rar células ou fluidos, visando análise ao
aconteceu o êxodo. A arqueologia prova que Jeri-
có nunca teve muralhas. São Israel Finkelstein e Os sistemas aterrorizante para os fiéis, em tudo contrário a es-
piritualidade evoluída, menos agressiva e repressi-
microscópio. O teste é
muito preciso para
Neil Silberman os autores que agora são referidos.
Em verdade seca secular levou os povos da Pales- normativos (direito, va, como reconhecida por Freud e Marcuse em o
“Mal-estar da civilização” e “Eros e civilização”.
Cerca de identificar nódulos tina até o leste do delta do Nilo! Em suma, as religiões são técnicas de controle
metade da cancerososou“suspei- O interesse de Josias no Deuteronômio era cri- moral e religião) social que falam em virtudes e dominam pela in-
tos” e, muitas vezes, ar uma mística para enfrentar o faraó Necau e a flição de ameaças, penas e castigos, tal e qual o di-
população pode identifica o tipo de Babilônia. Não teve êxito e, desde então, Javé dei- produzem pautas com reito, universal no planeta terra. Por toda a parte a
apresentar um câncer. A tireoide é uma
xou de operar milagres. É curioso notar que de-
pois do mito da fuga do Egito e das conquistas de valores e crenças
lei organiza, reprime e conforta as sociedades hu-
manas (máquinas sociais).
nódulo na pequenaglândulaem Josué, o povo de Javé não venceu nenhuma guer- Os sistemas normativos (direito, moral e reli-
tireoide, mas,
formato de borboleta, ra, até o século 20. positivas e negativas gião) produzem pautas com valores e crenças po-
localizada na região Perderam para egípcios, assírios, babilônios, sitivas e negativas para conduzir as sociedades hu-
felizmente, 90% anterior do pescoço,
sendo de extrema
persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes, islâ-
micos, turcos otomanos, até a recriação pela ONU
para conduzir as manas.
Eric From desenvolveu com maestria, doutor
desses nódulos importância para o de Israel, quando deixou de ser protetorado britâ- sociedades humanas que era de psicologia social, essa ligação evidente,
são benignos bom funcionamento nico para tornar-se Estado soberano. Como se ex- mas pouco percebida entre repressão e civilização.
do corpo. Ela produz plica um Deus tão poderoso e milagroso e depois Civilizar é reprimir e já começa na primeira infân-
hormônios que fa- tão sossegado no curso histórico? cia. Aqui a contribuição de Freud.
zem parte de quase Cristo é uma outra tradição. Foi condenado por Isso não quer dizer que o senso crítico desapa-
todos os processos metabólicos do orga- Caifás e Pilatos, por Roma, lavou as mãos! cialismo, ao ser incorporada pelo Império Roma- rece. Ele aqui está a dizer que a mística e religiosi-
nismo. A desregulação na produção des- Em seguida com esforço em Jack Miles, Mor- no, disseminou-a pelo mundo ocidental, com os dade não são somente repressivas e instrumen-
ses hormônios pode causar o hipertireoi- gan, Cohn, Paul Jonhson, Karen Armstrong, Ferdi- papas do medievo e seus poderes materiais (dos tais. Nisso reside o grande clarão que os místicos
dismo (quando ocorre produção excessi- nand Lot e Ernest Renan, se entremostra a total in- pontífices romanos). Mas o que se postula é uma perceberam, procurando o ID encoberto e repri-
va) ou hipotireoidismo (quando ocorre compatibilidade entre Javé e Jesus. O“link”foi uma espiritualidade superior à dessa civilização, que é mido. Eis o Buda, São João da Cruz, Mestre Echakt
produção deficiente), doenças muito co- fatalidade histórica porque até 150 d.c., todos os intolerante além de basear-se no mito do pecado entre outros, incluídos os sufis islâmicos, fora dos
muns e que povocam muitos transtor- discípulos eram judeus. Sem nada ter escrito, Je- original. padrões oficiais.
nos. sus foi ligado ao Velho Testamento por dois elos As religiões semíticas (judaísmo, cristianismo A invenção do monotheo não é apenas judai-
Outroproblemaquepodeocorrercom frágeis: as canções do servo de Isaias 2 e as compi- e islamismo) são antropomórficas. Com autorida- ca, mas intuição do taoismo, do xintoísmo e do
frequênciaéoaparecimentodenódulosna lações apocalípticas de Daniel, que são desespera- des iguais a dos homens, os deuses são legislado- budismo. São catarses metafísicas sob a capa da
tireoide, mesmo com a produção normal das, ao estilo do judaísmo do segundo templo e res, administram a lei e julgam a humanidade, se- “iluminação” ou “oração” ou, simplesmente, “fé”.
dos hormônios. Existem diferentes tipos das guerras macabeias (messianismo). guindo-se o céu ou o inferno para todo o sempre Mas se Deus é amor incondicional e superior,
de câncer na glândula, sendo os carcino- A doutrina cristã, originalmente avessa ao ofi- (teogonia agoniada). É um reles final jurídico e estamos todos salvos.
mas papilífero, folicular, anaplásico e me-
dular,consideradososmaiscomuns.Opri-
meiroéomaisfrequente,sendoresponsá-
vel por cerca de 70% a 80% dos diagnósti-
cos e se desenvolve lentamente e com
pouca agressividade. Já, o carcinoma ana-
plásico pode progredir muito rapidamen-
te, com possibilidade de se espalhar pelo
Emissão de cartões de crédito corporativos e o impacto ambiental
corpo.
O tratamento varia de acordo com o EDUARDO VASCONCELLOS para o Meio Ambiente (PNUMA), em relatório pu- mentos digitais no mundo deve aumentar em
tipodetumor,otamanhoeapresençaou Diretor financeiro e cofundador da VOLL blicado em 2021, os plásticos representam 85% mais de 80% até 2025. Por isso, alternativas inova-
não de lesões em outras partes do corpo. dos resíduos que chegam aos oceanos e são a doras têm sido desenvolvidas, como o recém-lan-
A cirurgia para a retirada de parte ou toda mais prejudicial e persistente fração de lixo nos çado VOLL Pay. A nova ferramenta é uma solução
a glândula é o procedimento inicial, po- Todos os anos, milhões de cartões bancários mares. Essa poluição plástica deixa um rastro até de pagamentos digitais que entrega uma gestão
dendo ser completada com uso de iodo são emitidos no Brasil. Segundo o Banco Central, chegar às algas, impactando todos os ecossiste- completa de despesas corporativas. O VOLL Pay
radioativo. Quem passa pela retirada da o país fechou 2020 com 134 milhões de cartões de mas do planeta. Os microplásticos absorvidos, serve não apenas para mobilidade e viagens cor-
glândula toda terá de fazer uso da repo- crédito, 167 milhões de débito e 23,7 milhões de inalados ou ingeridos já estão afetando a saúde porativas, mas para qualquer gasto que o colabo-
sição de hormônio para o resto da vida. A cartões pré-pagos ativos, o que significa um au- de animais e seres humanos. rador tenha fora da empresa para fins de traba-
radioterapia externa e a quimioterapia mento de 12%, 26% e 90%, respectivamente, em Os cartões biodegradáveis também não são a lho, como estacionamento, pedágio ou alimenta-
são indicadas em alguns tipos de tumo- relação ao ano anterior. Feitos de plástico, cada melhor solução, porque a ciência já descobriu ção, por exemplo. Ao mesmo tempo, a solução
res, mas não são usadas na maioria das cartão bancário descartado na natureza pode le- que eles geram resíduos químicos em sua de- contribui para a agenda mundial de sustentabili-
vezes, sobretudo nos menos agressivos. var mais de 300 anos para se decompor, tempo composição. Biodegradáveis ou não, é preciso dade.
O câncer de tireoide é prevalente e em que libera gases de efeito estufa (GEE) e conta- avaliar o impacto ambiental desse produto em A taxa de reciclagem do plástico no Brasil ain-
preocupante entre os brasileiros e, por is- mina o solo e as águas. toda a sua cadeia, desde a sua feitura até chegar da é baixíssima e o preço do material reciclado é
so, será um dos principais temas no“XIX Dentro do número de cartões emitidos, não às mãos do usuário. Cada cartão implica, pelo me- mais alto, o que também não contribui para sua
Congresso Mineiro de Endocrinologia e estão apenas aqueles feitos para pessoas físicas, nos, no uso de uma embalagem de papel e/ou implementação no mercado. As pessoas ainda se
Metabologia (CONGREMEM)”, de 12 a 14 mas também os cartões corporativos. Quando plástico, na emissão de carbono durante o trans- preocupam mais com o descarte de cartões, pen-
de novembro, em Tiradentes. A progra- olhamos para o setor empresarial, que natural- porte até o proprietário e sabe-se lá quantas notas sando que seus dados possam ser roubados, o
mação inclui palestras e mesas redondas mente tem rotatividade de colaboradores se fiscais físicas sendo geradas após a entrega. que faz o objeto geralmente ser descartado incor-
para apresentação de novidades científi- compararmos às décadas anteriores, estamos fa- Até pouco tempo não existia outra alternativa retamente. Por isso, para impactar menos o meio
cas e discussões sobre o diagnóstico e tra- lando de uma enorme emissão de cartões corpo- às empresas brasileiras que parecesse tão eficien- ambiente, a única solução possível para o futuro
tamento do câncer de tireoide, além de rativos em curto prazo, gerando ainda mais des- te a não ser continuar emitindo cartões corpora- é a digital. Por esse meio podemos garantir uma
outros temas essenciais dessa especiali- carte. O baixo tratamento do lixo no Brasil, com tivos para seguir com seus negócios. Mas com a revolução para o mercado corporativo ao dimi-
dade médica. toneladas indo parar em lixões, agrava ainda evolução tecnológica dos pagamentos digitais, is- nuir despesas geradas pelo modelo convencional
mais a situação. so tem mudado rapidamente. De acordo com um de pagamento e contribuir com as metas de ESG
De acordo com o Programa das Nações Unidas estudo da PwC e da Strategy&, o volume de paga- das grandes corporações.

S/A ESTADO DE MINAS

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Área da fazenda Cerca

Grande, em Matosinhos,
adquirida pela Ipê
Ipê
Mineração e em fase de
incorporação ao Parque
Estadual da Cerca Grande

MINERAÇÃO COM
PROPÓSITO E VALORES
CARSTE CIÊNCIA AMBIENTAL

MORRO DO IPÊ ESTÁ CONCLUINDO A IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO DE
MINERAÇÃ0 COM NOVAS PREMISSAS PARA AS ÁREAS AMBIENTAL E SOCIAL
Toda maratona é uma corrida contra
o tempo. A vida do advogado Cristiano
Parreiras também é. Nos momentos de
lazer, ele é um maratonista. Como atleta,
jádisputoudiversasprovasnoBrasileem
diferentes países. É este o esporte que es-
colheu. No trabalho, ele está à frente de
umoutrotipodemaratona:éumdosres-
ponsáveis por colocar em pleno funcio-
namento a mineração Morro do Ipê, que
é composta por duas operações. Uma é a
mina Ipê; a outra é a minaTico-Tico, am-
bas localizadas naSerra da Farofa, a oeste
da Região Metropolitana de Belo Hori-
zonte, nos municípios de Brumadinho,
São Joaquim de Bicas e Igarapé.
Trata-se de uma maratona cujo sinal
de partida foi dado em outubro de 2016,
quandoamineraçãoMorrodoIpê,umin-
vestimento dos gruposTrafigura e Muba-
dala,adquiriuasduasminas,queestavam
embargadas por problemas na área am-
biental.Alinhadechegadadessamarato-
naestáprevistaparaabrildoanoquevem,
quando entrará em operação a unidade
debeneficiamentodeminériodaminaTi-
co-Tico, que hoje utiliza a usina da Ipê.
Com isso, segundo Cristiano Parreiras,
diretordeAssuntosCorporativoseSusten-
tabilidade da companhia, a produção irá
triplicar, passando das atuais três milhões
detoneladas/ano,paranovemilhõesdeto-
neladas,oquecolocaráaempresaentreas
20maioresprodutorasdeminériodeferro
do país. Do volume produzido atualmen-
te,aproximadamentedoisterçossãodesti-
nadosàexportação.Ooutroumterçoédi-
recionado para atendimento à demanda
dopolosiderúrgicodeMinasGerais.
MARATONISTA
O advogado maratonista que integra a
direção da mineração Morro do Ipê vem
defamíliajácomatuaçãonaárea.Porisso,
conhece bem o setor. Para ele, a atividade
física é fundamental para que tenha uma
vidacomequilíbrioedisciplina.Essames-
ma filosofia faz parte dos pilares da em-
presa, que tem sede em Belo Horizonte.
Com orgulho, ele percorre as salas em cu-
jas paredes estão grafados os pensamen-
tos que simbolizam os valores 5HS, que
regem o funcionamento da companhia:
harmonia,honestidade,humanidade,hu-
mor, humildade e saúde física e mental.
Adisseminaçãodessesvaloreséfunda-
mental para que a companhia cumpra os
desafioseosprazosnecessáriosparaaim-
IPÊ MINERAÇÃO/DIVULGAÇÃO
O maratonista Cristiano Parreiras
coordena a maratona que é colocar a
Ipê em pleno funcionamento
plantaçãodoprojetoTico-Tico.Paraoaten-
dimento ao rígido cronograma, é preciso
rotina e disciplina de atleta e, para tanto, a
companhia lançou mão dos programas
ProfissionalNota10(PN10);queestabelece
asrotinaseasmetasdetodososseuscola-
boradores; Programa Acidente Zero (PAZ),
relacionadoàáreadesaúdeesegurançado
trabalhador; e o SER: Sustentabilidade
Equilíbrio e Respeito, que condensa e me-
detodasasiniciativasESGdaempresa.
Por intermédio desses programas, as
metas globais da companhia são desdo-
bradasparatodososfuncionários,defor-
ma a tornar tangíveis e claras as ativida-
desdesempenhadasporcadaumdosco-
laboradores e como estas se relacionam
com os resultados globais da empresa.
PERTENCIMENTO
De acordo com Cristiano Parreiras, na
medida em que os colaboradores enten-
dem a importância do seu trabalho e a
conexão com os resultados da compa-
nhia, cria-se um sentimento de perten-
cimento e de propósito. “Quando o co-
laborador entende o propósito de seu
trabalho, há uma injeção de motivação
que traz sentido para o cumprimento
das rotinas e das metas.”
Ainda segundo Parreiras, o desdobra-
mento de metas de sustentabilidade e se-
gurança faz com que as ações relaciona-
dasaestestemasnãofiquemrestritasape-
nasàsrespectivasequipes,maspermeiem
todas as áreas da companhia. “O desdo-
bramentodessasmetasdisseminaacons-
ciência de que as ações de sustentabilida-
de e segurança do trabalho são responsa-
bilidade de todos os colaboradores.”
Em sintonia
com a
preservação
Ao adquirir a mineração, a Ipê pas-
sou a “tomar conta” de quatro barra-
gens de rejeitos de minérios, das quais
uma da mina Ipê e três da minaTico-Ti-
co. Destas, uma já foi descaracterizada.
As outras três, que já estão desativadas,
também serão descaracterizadas. O
cronograma para essa descaracteriza-
ção está acordado em Termo de Com-
promisso firmado com o Ministério Pú-
blico de Minas Gerais e está em fase fi-
nal de definição, segundo o engenheiro
ambiental e gerente de Meio Ambiente
da companhia, Guilherme Raposo.
Cauteloso, ele prefere não adiantar da-
tas porque essa definição depende da
metodologia que vier a ser utilizada,
que também não foi ainda definida.
Independentemente disso, o fato é
que essas três barragens não recebem
mais rejeitos de lavra, nem da Ipê, nem
da Tico-Tico. Nas usinas de beneficia-
mento, o rejeito passa por um processo
de filtragem com o uso de filtros pren-
sas e, quando seco, é empilhado ao la-
do da cava. Quando as pilhas de rejeitos
atingem sua capacidade plena de esto-
cagem, passam por um processo de re-
cuperação, que consiste em plantio de
vegetação para integração à paisagem.
Guilherme Raposo acompanhou de
perto toda a evolução das operações da
Morro do Ipê. Ele faz parte do grupo de

Empresa investe
SENAI/DIVULGAÇÃO
funcionários que está na companhia
desde a sua fundação e vem testemu-
nhando todo o processo de retomada
das operações da mina Ipê e a implan-
tação do projeto Tico Tico.

em qualificação
“A saúde da nossa empresa depende
da saúde da nossa comunidade”. Essa é a
filosofia da mineração Morro do Ipê na
busca de um bom relacionamento com
as comunidades localizadas no entorno
de suas áreas de operação. A empresa faz
parte do movimento Capitalismo Cons-
cienteBrasil,quevisavalorizaregerarim-
pactos positivos para todos aqueles que
de alguma maneira se relacionam com a
companhia, os chamados stakeholders.
Nesse sentido, uma das ações desen-
volvidas pela Morro do Ipê consiste na
priorizaçãodemãoeobralocalparaatuar
no empreendimento e de fornecedores
mineiros, no que tange à contratação dos
produtos e serviços necessários ao fun-
cionamento da companhia.
Um exemplo é a montagem da usina
debeneficiamentodominériodaTico-Ti-
co, que entra em operação em abril do
ano que vem. Todo o trabalho está a car-
go da Milplan, uma empresa mineira
com40anosdeatuaçãonamontagemde
plantasindustriais,especialmentenosse-
tores de mineração e siderurgia. De acor-
do com Cristiano Parreiras, aproximada-
mente 70% dos cerca de R$ 1,2 bilhão in-
vestido na usina da Tico-Tico foi contra-
tado junto a fornecedores mineiros.
Atualmente, segundo o engenheiro
Leonardo Guimarães Mendes, CEO da
Milplan, aproximadamente 65% da
montagem eletromecânica da usina
da Tico-Tico está concluída. Nesse
projeto, a Milplan tem um contingen-
te de cerca de 800 trabalhadores dire-
tos na obra e cerca de 20 mil se forem
computados os fornecedores.
A mesma filosofia da mineração Mor-
rodoIpêquelevouaMilplanasercontra-
tada para realizar as obras de montagem
da usina, a empreiteira coloca em prática
em sua linha de produção. Isso significa a
priorização de contratação de mão de
obra local, e de fornecedores de produtos
eserviçosdaregião,comoosdealimenta-
ção,hospedagem,materialdeconstrução
e transporte. Para ele, trata-se de uma es-
tratégia correta a de sempre buscar a am-
pliação das relações com a comunidade.
“É sempre importante respeitar a cultura
local”, afirma Leonardo Guimarães.
A contratação de trabalhadores do
entorno passa também pela capacita-
ção da mão de obra local, como fez a
Milplan. Em parceria com o Serviço Na-
cional de Aprendizagem Industrial (Se-
nai), a empresa ofereceu cursos forma-
ção para soldadores, mecânicos, mon-
tadores, encanadores e eletricistas. A
primeira exigência era de que fossem
moradores de Brumadinho, São Joa-
quim de Bicas e Igarapé.
CAPACITAÇÃO
Também com o Senai, a mineração
Morro do Ipê desenvolve um Programa
de Capacitação de mão de obra local. Em
2022 foram concluídos dois cursos técni-
cos, de automação e mecatrônica, e vá-
rias turmas dos cursos de qualificação
profissional. Os cursos técnicos, voltados
para jovens que estão cursando o ensino
médio, têm 1,2 mil horas. Já os cursos de
qualificaçãooferecementre160e200ho-
ras de treinamento. “É um projeto de su-
cesso em que os alunos e as famílias con-
Alunos de mecatrônica do Senai de Betim visitam a Morro do Ipê
seguem compreender a importância da
empresatantoparaseusfilhosquantopa-
ra a sociedade como um todo”, afirma a
pedagoga Istael Gomes Ferreira, coorde-
nadora dos cursos do Senai de Betim.
Uma outra linha de capacitação é es-
pecífica para a formação de profissionais
para a operação da usina de beneficia-
mento da Tico-Tico, a partir de abril do
ano que vem. É um curso de 450 horas
(trêsaquatromesesdeduração),cujapri-
meira turma, de 30 alunos, iniciou-se no
início de novembro.
Para Istael, a parceria da mineradora
com o Senai é muito positiva por duas ra-
zões. A primeira é a de possibilitar que o
Senai cumpra o objetivo para o qual foi
criado, que é o de formar mão de obra es-
pecífica para o setor industrial. A segun-
da razão é a de permitir que atue como
ponte entre a empresa e a comunidade.
“A gente vai criando laços com os pais e
responsáveis pelos alunos e vai levando-
os a perceber o quanto a mineradora faz
partedavidadaquelesqueestãolánoen-
torno”, afirma Istael Ferreira.
Para Cristiano Parreiras, o programa
de qualificação de mão de obra é um le-
gado que a empresa deixa no território e
faz parte da jornada de responsabilidade
socialdosetordemineração.Atualmente,
cerca de 60% da mão de obra que atua na
empresa é da região.
PORTAS ABERTAS
A empresa mantém, ainda, um pro-
grama de visitas voltada para os morado-
res da região. "Abrir as portas da empresa
para que os moradores da região conhe-
çamoseufuncionamentoéumaoportu-
nidade de tirar dúvidas e apresentar co-
mo toda operação funciona, o que acaba
por desfazer muitos mitos acerca da mi-
neração”,relataodiretordeAssuntosCor-
porativos e Sustentabilidade da empresa.
Além disso, a empresa mantém inves-
timentos em projetos voltados para cul-
tura, esporte, lazer e educação, visando o
desenvolvimento da comunidade local,
e espera ter cada vez mais oportunidades
de atuar como parceira no desenvolvi-
mento local.
O engenheiro ressalta que com a
aquisição das minas pela Morro do Ipê,
ele passou a viver uma outra realidade,
da qual sente muito orgulho, pois está
lastreada em princípios sólidos que se re-
fletem nas atitudes de quem atua na mi-
neração. “Sinto orgulho de poder fazer
parte da reconstrução e retomada das
operações segundo novos conceitos”,
afirma Guilherme Raposo, que também
ressalta o comprometimento da alta di-
reção da empresa com esses princípios.
RESGATE
Entre as inúmeras medidas de com-
pensação ambiental, a empresa adquiriu
áreas contíguas ao Parque Estadual Cer-
ca Grande, Parque Nacional Cavernas do
Peruaçú, Parque Nacional Gandarela e
Monumento Estadual Serra da Moeda,
que estão em processo de doação para o
poder público. Hoje, as áreas preservadas
pela Morro do Ipê correspondem a sete
vezes a que foi afetada pelas operações
no passado. “Estamos resgatando uma
antiga operação de minério e transfor-
mando-a em um projeto moderno e sus-
tentável”, afirma Guilherme Raposo.
Nesse meio tempo, segundo Gui-
lherme Raposo, além do pagamento de
uma indenização ao Estado de Minas
Gerais, pelos danos causados pela anti-
ga controladora das minas e da compra
das áreas de preservação, a companhia
fez a recuperação das cavidades consi-
deradas de máxima relevância que, por
isso, não podem receber impactos. Ho-
je, segundo Guilherme, a operação das
minas é acompanhada permanente-
mente pelas ações do programa SER
(Sustentabilidade, Equilíbrio e Respei-
to), que inclui um plano de controle es-
peleológico que monitora vibrações,
microclimas e a integridade física des-
tas cavidades, entre outros itens.

SEM REJEITOS, SEM BARRAGENS
HERCULANO MINERAÇÃO PREPARA ABERTURA DE UMA MINA EM QUE 100% DO
MINÉRIO SERÁ APROVEITADO, SEM A GERAÇÃO DE REJEITOS DE QUALQUER NATUREZA
Na história da mineração de ferro
em Minas, a deposição final dos rejei-
tos caminha para uma realidade em
que as barragens serão estruturas de
uma época passada. Uma empresa que
trabalha com este objetivo é a Hercula-
no Mineração, que opera uma mina na
zona rural do município de Itabirito, na
região Central de Minas, e se prepara
para colocar em operação o Projeto
Serro, localizado no município do Ser-
ro, a cerca de 220 quilômetros ao norte
de Belo Horizonte.
Lá, não haverá geração de rejeitos.
Muito menos barragem. Como o miné-
rio tem um teor de ferro muito alto
(65%) em estado natural, no Projeto
Serro não vai ser feito nem o tratamen-
to a úmido, que consiste na separação
do material pobre – o rejeito – do mate-
rial rico. Assim, no Serro, todo minério
será aproveitado e comercializado, ex-
plica Marco Aurélio Fonseca Herculano
Antunes, CEO da Herculano Minera-
ção. A previsão é de uma produção
anual de 1,5 milhão de toneladas, com a
geração de 250 empregos diretos e a du-
plicação da receita da prefeitura do Ser-
ro após o início da operação do projeto.
Ele afirma que o Projeto Serro irá
atender, em 100%, ao mercado interno,
o que irá gerar ganhos financeiros tam-
bém para o Estado, que, com isso, não
é atingido pela isenção no pagamento
de tributos estaduais que é dada ao pro-
duto destinado à exportação. Ele desta-
ca também o ganho para o município
do Serro, que tem uma deficiência fi-
nanceira histórica.
INFRAESTRUTURA
Além do ganho financeiro futuro
com tributos, a prefeitura do Serro já
começou a receber da Herculano par-
te dos R$ 46 milhões previstos no ter-
mo de compromisso celebrado para a
preparação do município. Os recursos
serão destinados a obras de melhoria
da infraestrutura da cidade e de seto-
res como educação e saúde, já que,
com o início do funcionamento da la-
vra, mais pessoas passariam a utilizar
o sistema público nestas duas áreas.
Na educação, a empresa pretende au-
mentar a oferta de cursos de qualifica-
ção para que mais pessoas da cidade
possam, no futuro, se tornar funcioná-
rios da Herculano.
Parcerias com a comunidade
Para os moradores do povoado de
Ribeirão do Eixo, na zona rural de Itabi-
rito, a Herculano Mineração é muito
mais do que uma empresa mineradora.
Não fosse ela, a única escola pública do
povoado talvez nem tivesse voltado a
funcionar após a pandemia, pois seu
prédio estava em estado precário de
conservação, com o telhado cheio de
goteiras e a pintura em péssimo estado.
A comerciante Lucélia Maria da Sil-
va, que é proprietária de um restauran-
te ao lado da BR-040, no município de
Itabirito, conta que certa vez o CEO da
Herculano, Marco Aurélio Herculano, ti-
nha ido almoçar no restaurante dela. Foi
quando ela aproveitou a oportunidade
e conversou com ele sobre o estado pre-
cário da escola, que corria o risco de
nem reabrir as portas após a pandemia.
Uma semana depois, Celinha, como
é conhecida, recebeu a visita de um ge-
rente da Herculano, que veio conhecer
a escola e fazer um relatório sobre a si-
tuação em que se encontrava o imóvel.
Na semana seguinte, Marco Aurélio in-
formou a ela que a empresa iria fazer a
reforma do prédio da escola.
Segundo Lucélia Silva, que também
é diretora da associação de moradores
do povoado, o resultado é que além de
reabrir as portas após a pandemia, a es-
cola passou a ser vista com outros olhos
pela prefeitura de Itabirito. Antes da re-
forma, estudavam lá cerca de 40 alunos.
Após a reforma, esse número quadru-
plicou. Hoje estudam lá 158 alunos, de
Ribeirão do Eixo e também do vizinho
povoado de Água Limpa.
Com a reforma, a escola ganhou bi-
blioteca, refeitório e mais duas salas de
aula. Ganhou também um diretor pre-
sencial, já que, anteriormente, o res-
ponsável por aquela unidade de ensino
ficava apenas em Itabirito. Os alunos
ganharam aulas de educação física e
música. “Hoje, o olhar da prefeitura de
Itabirito para a escola é outro”, resume
Lucélia Silva. Ela considera que com o
E STA D O D E M I N A S
HERCULANO MINERAÇÃO/DIVULGAÇÃO
Planta de beneficiamento de minério da Herculano em Itabirito, onde produz 5 milhões de toneladas/ano sem uso de barragens de rejeitos
O aproveitamento de 100% do miné-
rio não é muito comum neste tipo de
atividade. Um projeto emblemático em
que isso ocorreu foi o das primeiras mi-
nas de Itabira, que tinham um teor de
minério de ferro tão alto que tudo que
era extraído era integralmente aprovei-
tado, sem a geração de rejeitos. Assim,
o Projeto Serro é uma exceção no mun-
do da mineração de ferro.
No tratamento a úmido, ocorre a
produção de rejeito, que normalmente
é acondicionado em pilhas e coberto
com vegetação quando a capacidade
de armazenamento chega ao seu final.
Não será este o caso do Projeto Serro.
Em Itabirito, a Herculano produz,
por ano cerca de 5 milhões de toneladas
de minério de ferro e de ferro manga-
nês, um minério de ferro com uma alta
concentração. Do que é produzido em
Itabirito, metade vai exportação e a ou-
tra metade para o mercado interno, pa-
LUCÉLIA MARIA DA SILVA/ACERVO PESSOAL
investimento feita pela mineradora, a
escola ficou no mesmo nível de uma
instituição particular de ensino.
RECONHECIMENTO
Lucélia afirma que o trabalho da Her-
culano tem o reconhecimento das famí-
lias de Ribeirão do Eixo. “Não há nada
que pague o investimento em educa-
ção”, afirma a diretora da associação dos
moradores do povoado que, mesmo
após o término da obra, afirma que a
empresa continua sensível às solicita-
ções que vêm da comunidade.“Quando
a gente precisa de alguma coisa, eles te
ouvem, contribuem e estão sempre dis-
postos a ajudar”, resume Lucélia Silva.
Marco Aurélio Herculano afirma que
o que o sensibilizou em atender ao pe-
dido foi a constatação de que as crian-
ças estavam com o ensino completa-
mente precarizado pela pandemia e pe-
la qualidade do imóvel onde funciona-
va a escola, que corria o risco de não
voltar a funcionar presencialmente.“Fi-
● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O
ra atendimento da demanda das gran-
des siderúrgicas brasileiras.
FILTRAGEM
No tratamento a úmido, o minério so-
fre um processo de filtragem (retirada da
umidade),oupelofiltrodecerâmicaavá-
cuo ou pelo filtro prensa. A utilização de
cadasistemadefiltragemdependedaca-
racterística do rejeito gerado no processo
produtivo. No processo tradicional, que
estásendoabandonadopelosetordemi-
neração como um todo, tanto o rejeito
quanto a água iriam para uma barragem
ealificariampordécadasemaisdécadas.
A Herculano já realizou o descomis-
sionamento de uma das duas barragens
do complexo de Itabirito; a segunda
barragem, que não possui alteamento a
montante, está com desativação previs-
ta para se iniciar ano que vem, com pre-
visão de que este processo termine em
quatro anos.
Escola de Ribeirão do Eixo
ganhou mais salas de aula, além
de pintura e telhado novos
camos extremamente contentes em ter
podido contribuir para a melhoria de
uma infraestrutura que gera uma me-
lhor qualidade do ensino oferecido às
crianças da região”, afirmou Marco Au-
rélio Herculano.
Na cidade de Itabirito, a Herculano
também investe no esporte, como pa-
trocinadora do recém-fundado Itabirito
Futebol clube. Na cultura, é uma das
apoiadoras da Julifest, o tradicional fes-
tival de música que movimenta a cida-
de no mês de julho. Ainda em Itabirito,
a Herculano patrocina a locação de
equipamentos para inúmeras ruas de
lazer realizadas na cidade.
No vizinho município de Moeda, on-
de moram cerca de 400 funcionários da
Herculano, a empresa patrocina o pro-
jeto Pedal Moeda, que incentiva a práti-
ca do ciclismo, e a mais tradicional fes-
ta da cidade: o Rodeio de Moeda. Além
disso, a Herculano doa brinquedos no
Dia das Crianças e uniformes para ti-
mes de futebol da cidade.
D E 2 0 2 2
Oportunidade para
quem quer crescer
FOTOS: ACERVO PESSOAL
A Herculano Mineração tem a filoso-
fia de investir na qualificação de sua for-
ça de trabalha, de tal forma que o pro-
fissional que desejar “seguir carreira”
dentro da empresa, tenha todas as con-
dições para isso. Vinícios Oliveira Fer-
nandes, de 23 anos, personifica bem es-
sa filosofia. Ele começou na Herculano
em 2019, quando tinha 19 anos, inicial-
mente como apontador. Sua função era
fazer a anotação dos caminhões que
saíam da mina em direção à usina de
beneficiamento.
Nessa função, permaneceu por oito
meses. Foi quando vislumbrou a possi-
bilidade de se tornar um operador de
máquinas de grande porte. Foi aí que
lhe deram a vaga de operador de carre-
gadeira, função na qual ficou por três
meses, até que surgiu a oportunidade
de subir um pouquinho mais na em- Vinícios e Luciano encontraram na Herculano
presa e passou a ser um encarregado de Mineração o espaço para fazerem carreira
meio ambiente.
Nessa função, é responsável por ser-
viços como coleta e armazenamento de
resíduos que serão encaminhados para
a reciclagem; capina e limpeza de rodo-
vias localizadas na área da empresa,
plantio de grama, poda de árvores e
controle de condicionantes do proces-
so de licenciamento da empresa, como
a limpeza dos vertedouros de água.
INCENTIVO
“A gente atua bastante para manter a
empresa em ordem para que ela possa
prosseguir em suas atividades”, afirmaVi-
nícios Fernandes, que faz curso técnico
de mineração no vizinho município de
Brumadinho. O curso é pago pela mine-
radora.Vinícios se considera grato à em-
presa, que, segundo ele, sempre o incen-
tivou a prosseguir nos estudos. A contra-
partida que oferece é a dedicação. “É a
forma que tenho de reconhecer tudo que BAIXA ROTATIVIDADE
ela me propiciou até aqui”, afirma. Tanto Luciano quanto Vinícios tra-
Luciano Rodrigo Galdino Félix en- balham em Itabirito, mas moram em
trou na empresa em 2007, bem antes de Moeda, distante 27 quilômetros da área
Vinícios, como auxiliar de meio am- de operação da Herculano. De acordo
biente. Com nove meses de empresa, com Taíse Moreira da Rocha, gerente de
virou operador de carregadeira. Em se- Meio Ambiente e Comunicação da Her-
guida, subiu mais um degrau e passou a culano, hoje a prioridade na contrata-
dirigir um equipamento maior, uma es- ção de pessoal é em Moeda, por ser o
cavadeira. Hoje, voltou a operar a carre- município com a maior necessidade de
gadeira, que é o equipamento que co- geração de emprego e renda na região.
loca o minério nos caminhões para que A Herculano Mineração tem cerca
seja transportado ao seu destino. de 800 funcionários, dos quais 640 na
Luciano começou na empresa com mina de Itabirito e no Projeto Serro. Os
19 anos. Hoje tem 34. Nesses 15 anos de demais estão nos escritórios de Itabiri-
Herculano, subiu de nível também nos to e Itaúna. Taíse Rocha explica que a
estudos: terminou o curso médio, tirou política de pessoal da empresa é a de
carteira de motorista e hoje está cursan- trabalhar com uma baixa rotatividade
do faculdade. Faz o curso de logística de mão de obra e valorizar o profissio-
em Brumadinho. Para ele, a minerado- nal que deseja se qualificar para “fazer
ra oferece espaço para todas as pessoas carreira” na empresa. “Na Herculano, o
que querem crescer. “Para quem quer funcionário não é apenas um número.
subir na empresa, há espaço. Basta se Todo mundo é bem tratado; todo mun-
capacitar. As portas estão sempre aber- do é importante e acho que as pessoas
tas para quem é interessado”, afirma gostam de se sentir queridas e impor-
Luciano Félix. tantes”, afirmou Taíse Rocha.
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

10 GERAIS

❚ DUPLICAÇÃO DA BR-381
Para que compromisso feito pelo então candidato não seja só mais uma promessa, presidente
eleito tem de tocar obra em ritmo recorde e vencer descrença criada por décadas de adiamentos

‘Rodovia da Morte’: desafio

no caminho de Lula em MG
MATEUS PARREIRAS
Alcançar um ritmo várias ve-
zes mais acelerado que o melhor
desempenho em termos de qui-
lômetros duplicados na BR-381
até hoje: esse é a performance
mínima necessária para que o
presidente eleito Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) cumpra uma das
principais promessas de campa-
nha aos mineiros – concluir a du-
plicação de 222,6 quilômetros da
Rodovia da Morte, como é conhe-
cido o trecho entre Belo Horizon-
te e Governador Valadares (veja
quadro). “É um compromisso
nosso para cumprir aquilo que
queríamos fazer quando Dilma
era presidenta. Não queremos
que essa estrada continue sendo
chamada a estrada da morte. Por
isso, queremos assumir o com-
promisso de duplicar essa estra-
da até Governador Valadares”,
disse o então candidato quando
esteve em Ipatinga, no Vale do
Aço, em 23 de setembro de 2022.
Desde a ordem de serviço ex-
pedida em 12 de maio de 2014 até
o momento, foram três presiden-
tes e apenas 83,045 quilômetros
duplicados do total de 305 quilô-
metros do projeto, divididos en-
tre os oito lotes que cabem ao De-
partamento Nacional de Infraes-
trutura de Transporte (Dnit).
Atualmente, enquanto parte do
concreto utilizado em trechos
concluídos já apresenta rachadu-
ras, falhas e rombos que chegam
a expor o solo, só dois lotes têm
contratos ativos.
O melhor ritmo de entrega de
trechos concluídos ocorreu no
mandato de Dilma Rousseff (PT),
que em média concluía um quilô-
metro de pistas duplicadas a cada
26diase13horas.Odesempenhoé
seguido pela gestão Michel Temer
(MDB), que precisava de 36 dias e 4
horas para cada mil metros entre-
gues. Na sequência aparece o go-
vernoJairBolsonaro(PL),atéomo-
mento com 43 dias e 4 horas de
média por quilômetro duplicado.
O Dnit informou que em 2020
foram entregues 37,5 quilôme-
tros do lote 7 da rodovia, o que re-
presenta toda a extensão desse
trecho, mas no governo Dilma foi
divulgada a entrega de 10,8 quilô-
metros do mesmo segmento e a
gestão Temer afirmou ter con-
cluído outros 13,2 quilômetros,
restando 13,5 quilômetros do
percurso para serem terminados
no atual mandato. Ainda que se
somassem os 24 quilômetros em
disputa, o desempenho da gestão
Bolsonaro ainda estaria em tercei-
ro. O Dnit informou que mais 5
quilômetros devem ser entregues
até março de 2023.
Se Lula quiser terminar a du-
plicação da BR-381 dentro dos
1.825 dias do mandato que está
por vir, precisará entregar um
quilômetro a cada 8 dias e 3 ho-
ras, o que significaria um de-
sempenho 3,2 vezes mais efi-
ciente do que o de Dilma Rous-
seff. Se for mantido o ritmo da
gestão da petista entre 2014 e
2016, seriam necessários 17 anos
para o fim das obras, com a
inauguração em 30 de abril de
2039. Jair Bolsonaro, caso tivesse
sido reeleito e quisesse duplicar
a rodovia dentro do mandato,
teria de ampliar sua eficiência
em praticamente 6 vezes.
Tecnicamente, o professor An-
tônio Prata, aposentado do De-
partamento de Engenharia de
Transportes do Cefet-MG e dou-
tor em engenharia com tese em
mobilidade urbana, crê que isso é
possível, desde que haja um em-
penho que realmente priorize a
obra. “Entendo que há tempo su-
ficiente para terminar a duplica-
ção de BH a Governador Valada-
res. Mas, lógico, se houver priori-
dade, como objetivo número 1. Se
brincar, não corta a fita”, alerta
Prata, em imagem que se referin-
do à inauguração da obra.
O especialista lembra que ou-
tros trechos chegaram a ser dupli-
cados com eficiência em governos
passados. “Podemos lembrar da
BR-262 (Divinópolis a Nova Serra-
na) e boa parte da BR-101 (Região
Nordeste) nos governos Lula e Dil-
ma. Então, é viável, se houver uma
sinergia entre os governos federal
e estadual, não importando parti-
dos ou apoios políticos. Assim, se-
ria possível ter uma BR-381 dupli-
cada de São Paulo a Governador
Valadares”, afirma.
Umadascaracterísticasquetra-
zem confiança ao especialista é
que trechos mais acidentados, en-
treBeloHorizonteeJoãoMonleva-
de,áreasdegrandespontes,viadu-
tos e túneis, já estão prontos, res-
tando áreas onde com o empenho
adequado se pode conseguir me-
lhor rendimento. “Não é barato
construirrodoviasemqualquerlu-
gar. Mas, em regiões serranas, isso
é ainda muito mais caro. A região
de Ipatinga a Valadares, mesmo
tendo o Rio Doce e não sendo pla-
na, ainda é menos acidentada do
que a região de João Monlevade,
NovaEra,AntônioDiaseBeloHori-
zonte. Então, nesse trecho de Ipa-
tingaaValadares,éprecisoaprovei-
tareevoluirmaisrápidocomadu-
plicação. Entre João Monlevade e
Ipatinga, o trecho também é de
morros e curvas, mas ainda me-
lhor que outros já implantados”,
avalia o especialista.
AVANÇO Ainda que apenas 27%
da rodovia esteja duplicada e em
segmentos não consecutivos, os
benefícios dessas pequenas libe-
rações já representam melhorias
para viajantes, segundo observa o
doutor em mobilidade. “Antes
dos trechos duplicados, havia
uma estimativa de cobrir o trecho
de Belo Horizonte a Governador
Valadares em seis horas e 30 mi-
nutos, em média. Isso tem caído
para cinco horas e 30 minutos, o
que já se mostra muito bom. Sem
falar que as rodovias duplicadas
são incomparavelmente mais se-
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BR-381
BH-VALADARES
ANDAMENTO DA
DUPLICAÇÃO ATUAL
Lote Trecho
1 Governador Valadares – Belo Oriente
2 Belo Oriente – Jaguaraçu
3,1 Jaguaraçu – Nova Era
3,2 Jaguaraçu – Nova Era
3,3 Jaguaraçu – Nova Era
4 Nova Era – João Monlevade
5 João Monlevade
6 João Monlevade - Itabira
7 Itabira – Nova União
8 Nova União – Belo Horizonte
Total
guras que as de pistas simples,
principalmente como a BR-381,
que por ter tantas curvas fecha-
das recebeu o triste codinome de
Rodovia da Morte”, afirma o pro-
fessor Antônio Prata.
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È ~ “Ye…ý%“h %
ý%“% ¼µ “…%] 
º ‡h_%]Ð ¾²Ó²
~[_h] eh_ “…%
Total em quilômetros
72,8
60,2
28,6
0,825
1,28
18,8
20,7
33
37,5
31,4
305,1
A obra que
virou novela
A novela da duplicação do tre-
cho Norte da BR-381, entre Belo
HorizonteeGovernadorValadares,
vem desde meados da década de
1990, quando a Lei das Delegações
(Lei9.277/96)permitiuaosestados
receberem bens da União para ad-
ministrar. O Lote 3 do Plano Esta-
dual de Concessão de Rodovias
previa a estatizar o Corredor Leste
deMinas–ValedoAço,compreen-
dido pelas rodovias BR-381 e BR-
262, sendo delegado em 1998 ao
governoestadualpormeiodecon-
vênio firmado entre o então presi-
dentedarepública,FernandoHen-
rique Cardoso (PSDB) e o governa-
dor Eduardo Azeredo (PSDB).
Pelo programa, o governo mi-
neiro executaria a duplicação en-
tre Belo Horizonte e João Monle-
vade e construiria terceira faixa
até Ipatinga, dispondo em caixa
para isso de cerca de US$ 200 mi-
lhões, provenientes da privatiza-
ção da Vale. Mas depois que assu-
miu o governo de Minas Gerais,
em 1999, Itamar Franco (PMDB),
Executado em quilômetros % pidamente vai se desprendendo
8,7 11,95
6,14 10,19
28,6 100
0,825 100
1,28 100
0 0
0 0
0 0
37,5 100
0 0
83,045 27,21
Fonte: Dnit
rival político de Fernando Henri-
que, desistiu do programa e devol-
veu as vias para a União.
Entre 2003 e 2007, no governo
do presidente Luís Inácio Lula da
Silva (PT), uma série de estudos de
viabilidade de duplicação foram
feitos. Em 2008, Lula chegou a in-
cluir a duplicação da BR-381 no
Programa de Aceleração do Cresci-
mento (PAC), mas o projeto execu-
tivosóficouprontoem2009,oque
empurrou a obra para o PAC 2. Só
em 12 de maio de 2014 é que a or-
dem de serviço da duplicação foi
assinadapelaentãopresidenteDil-
ma Rousseff (PT).
Porém, no início de 2015, a em-
preiteira espanhola Insolux aban-
donou as obras de duplicação sob
sua responsabilidade, fazendo um
acordocomaJustiçaparaterminar
apenas o que tinha começado. Em
26 de março de 2016, o enxuga-
mento de R$ 21,1 bilhões do orça-
mento nacional teve impacto no
MinistériodosTransportes,quete-
ve verba reduzida para R$ 6,8 bi-
lhões, frente a uma carteira de
obras de R$ 31 bilhões, obrigando
sóoDnitaparalisar61contratosde
obras rodoviárias, entre elas a du-
plicação da BR-381.
Esperança esbarra
em descrédito
de usuários
Era fim da manhã de uma sex-
ta-feira quando o condutor da
carreta carregada de madeira não
conseguiu fazer a apertada curva
do Km 364 da BR-381, em João
Monlevade. Acabou entrando na
vala do acostamento, fazendo
com que outro veículo de carga
tombasse na Rodovia da Morte,
que feriu mais um caminhoneiro.
“Essa rodovia não presta. Desde
os 8 anos ajudo em oficina, e ago-
ra desviro carretas e reboco car-
ros. Quantos trabalhadores já fo-
ram para o Hospital Margarida
(João Monlevade), como o dessa
carreta, ou levados até de helicóp-
tero para Belo Horizonte? Quan-
tos pais, mães e filhos já morre-
ram?”, questiona o operador de
reboque Marcus Vinícius Lages
Carvalho, de 41 anos. Balançando
a cabeça negativamente, ele diz
não acreditar ser possível que o
próximo governo (2023-2027) ter-
mine a duplicação.“Mais promes-
sas”, limitou-se a dizer.
A descrença é a mesma de ou-
tros usuários, sobretudo entre
aqueles que, além de terem de ro-
dar fora dos trechos já duplicados
(73% da rodovia entre BH e Gover-
nadorValadares),aindaencontram
muitas avarias nas estruturas que
já foram entregues desde 2014. O
trechopioremaisperigosoficanas
curvas que antecedem e sucedem
apontedoKm412,emNovaUnião
(GrandeBH),ondeumaseçãointei-
ra de concreto está arruinada, com
crateras capazes de tragar uma ro-
da,alémderachadurasedaexposi-
ção do solo e de vergalhões.
A situação obriga quem por ali
passa a desviar, muitas vezes em
cima do obstáculo, com mano-
bras que trazem muitos riscos.
Em Roças Novas (distrito do mu-
nicípio de Caeté, na Grande BH),
os problemas são semelhantes.
Em Bom Jesus do Amparo, algu-
mas das falhas receberam remen-
dos de asfalto, pavimento que ra-
do concreto que compõe a dupli-
cação, o que tende a ser acelerado
com as chuvas.
“Achei que, com a duplicação,
meu negócio ficaria mais fraco,
mas esses buracos todos no con-
creto estão amassando rodas, fu-
rando pneus e até trazendo aci-
dentes. Não posso acusar, mas me
parece que foi uso de material
ruim, quem sabe até superfatura-
do.Nãotemlógicaoconcretojáes-
tar assim”, afirma o borracheiro
Francisco Morais dos Santos, de 57
anos. Nem ele nem o aposentado
Aldinei Flávio da Silva, de 46, que
sempre trafega entre Nova Era e
Roças Novas, acreditam que a du-
plicação total saia até 2027. “Se
nem o que fizeram conseguem
que dure, imagina o que está por
vir. Mais promessas que fazem, o
povo aqui só acredita agora se co-
meçar a sair”, disse o aposentado.
O Dnit informou que quanto
às“patologias observadas no pavi-
mento de concreto, a empresa res-
ponsáveljáfoinotificadaparaexe-
cutarareparação,deformaasanar
os problemas identificados”.
JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS
Acidentes em trechos sinuosos e
de tráfego pesado são
frequentes e multiplicam vítimas

❚ ATAQUE NO ESPÍRITO SANTO
Quarta vítima alvejada pelos tiros dados em escolas na cidade de Aracruz
morreu ontem. Mais cinco pessoas seguem internadas, duas em estado grave
Polícia Civil investiga por que
adolescente teve acesso a armas
A Polícia Civil do Espírito San-
to investiga se o adolescente que
atirou em duas escolas no muni-
cípio de Aracruz (ES) na sexta-fei-
ra (25/11) teve ajuda no planeja-
mento ou se foi incentivado a co-
meter o crime. Para isso, será soli-
citado o acesso ao celular, que já
foi apreendido, e a computado-
res utilizados por ele.
Armado com uma pistola .40
e um revólver, o jovem de 16
anos — que não teve a identida-
de revelada — invadiu os dois
edifícios e abriu fogo contra alu-
nos e professores. O saldo até o
momento é de quatro pessoas
mortas e 10 feridas.
A intenção da investigação é
saber se o adolescente participa
de alguma rede ou fórum na in-
ternet que promova extremismo
e discurso de ódio, e se houve tro-
ca de informações sobre o ataque
com antecedência.
O adolescente usava dois em-
blemas com a suástica nazista de-
senhada à mão. Um deles estava
em um pedaço de papelão pinta-
do de vermelho, e o outro, colado
com velcro na roupa camuflada
que usava durante os ataques.
Outra linha de investigação
vai analisar a facilidade de acesso
que ele teve às duas armas de fo-
go e outros materiais usados nos
atentados. As armas, uma pistola
automática e um revólver calibre
38, são de uso funcional e parti-
cular do pai do adolescente, um
policial militar.
Para ir de uma escola a outra,
distantes em um quilômetro, ele
dirigiu o carro do pai. A polícia vai
apurar se o policial sabia que o fi-
EM VESPASIANO
Tentativa
de roubo a
banco termina
em prisão
CLARA MARIZ
Seis pessoas foram presas na
madrugada de ontem durante
uma tentativa de roubo a uma
agência bancária, dentro do
prédio da Prefeitura de Vespa-
siano, no Centro da cidade si-
tuada na Região Metropolitana
de Belo Horizonte.
Durante a ação, os homens
teriam rendido os três vigilan-
tes do local. Um deles, de 71
anos, foi agredido, mas passa
bem. Já dentro do prédio do
Executivo municipal, os auto-
res teriam usado um maçarico
para tentar abrir os cofres da
agência. Os caixas eletrônicos
não chegaram a ser danificados,
e nenhum valor foi roubado.
A Polícia Militar foi acionada
e chegou rapidamente à agência.
Os militares do 36º Batalhão da
PM foram recebidos por dispa-
ros, mas ninguém se feriu. Com
a aproximação dos agentes das
forças de segurança, os suspeitos
fugiram do local, mas foram en-
contrados pouco tempo depois.
De acordo com a corporação,
quatro homens atuaram direta-
mente na tentativa de roubo e
outras duas pessoas estavam do
lado de fora. Os caixas eletrôni-
cos não chegaram a ser danifica-
dos, e nenhum valor foi roubado.
Os homens, agora, serão en-
caminhados à Delegacia da Po-
lícia Civil da região.
E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2
GERAIS 11
KADIJA FERNANDES / AFP
lho tinha interesse nas armas e co-
mo o jovem aprendeu a usá-las.
"O que nós vamos investigar é
justamente a facilidade que ele
teve no acesso a essas armas, se o
pai confiava que ele não tinha in-
teresse em mexer nelas", disse o
delegado-geral da Polícia Civil no
Espírito Santo, José Darcy Arruda.
Segundo o investigador, o
adolescente demonstrou ter co-
nhecimento em táticas de assal-
to e quais equipamentos seriam
necessários. Para arrombar o ca-
deado de um portão da primei-
ra escola que atacou, a estadual
Primo Bitti, o adolescente usou
um tipo de alicate especial, utili- A Escola
zado pela própria polícia duran-
Estadual Primo
te operações. A investigação
quer entender como ele obteve Bitti foi uma
o equipamento. das atingidas
A família disse em depoi- pelo ataque a
mento à polícia que ele fazia tra- tiros do
tamento psicológico, mas a in- adolescente
vestigação não tem certeza se o em Aracruz, no
adolescente tem algum distúr- Espírito Santo
bio psicológico.
Ao ser ouvido pela polícia, se-
gundoArruda,ojovemadmitiuos Santos Neves, na Serra. A confir- Ontem a Polícia Civil do Espí- SÍMBOLO NAZISTA. Ao invadir as onde fez mais disparos.
crimes e disse que planejou a ação mação da morte ocorreu na tar- rito Santo anunciou que o autor escolas, o jovem usava roupa ca- Depois de alvejar as vítimas, o
por dois anos. Ele também teria de de ontem. do atentado nas duas escolas de muflada com uma suástica na- atirador fugiu em um carro e se
afirmado no depoimento que so- Outras três pessoas morreram Aracruz deverá responder por zista no braço, chapéu, e tinha o dirigiu até o Centro Educacional
friabullyingnaescola-eleestudou em decorrência do ataque. A es- ato infracional correspondente rosto coberto por uma máscara Praia de Coqueiral, antigo Centro
na Primo Bitti até junho, quando tudante Selena Zagrillo, 12 anos, aos crimes de 10 tentativas de de caveira. O suspeito de ser au- Darwin. A escola, que é particular,
foi transferido a pedido da família. e as professoras Maria da Penha homicídio qualificada e três ho- tor dos crimes foi apreendido fica na mesma via da primeira
Pereira de Melo Banhos, 48 anos, micídios qualificados (a profes- na sexta-feira (25/11) na casa instituição atacada. Segundo o
QUARTA VÍTIMA. A Secretaria de e Cybelle Passos Bezerra, 45 anos. sora Flávia Amoss não havia fale- onde mora. secretário de Segurança Pública,
Saúde do Espírito Santo confir- Ainda há mais cinco vítimas cido até o anúncio da polícia), to- O primeiro ataque aconteceu Márcio Celante, no local "ele fez a
mou a morte da quarta vítima internadas, duas em estado gra- dos com o agravante de crime por volta das 9h30 na Escola Esta- mesma coisa: entrou nas salas
dos ataques. Flávia Amoss Mer- ve. Uma delas é um menino de por motivo fútil e com impossi- dual de Ensino Médio Primo Bit- efetuando disparos. Atingiu cer-
çon Leonardo tinha 38 anos e era 14 anos, que teve perfurações na bilidade de defesa da vítima. Ho- ti, na qual o acusado estudou ca de cinco pessoas e um óbito
professora da Escola Estadual Pri- barriga, e a outra é uma menina je, a pena máxima para ato infra- até junho. Lá, o jovem atirou vá- foi confirmado no local. Os feri-
mo Bitti. Ela estava internada no de 14, que levou um tiro na cabe- cional cometida por menores de rias vezes no pátio e, depois, di- dos foram socorridos em hospi-
Hospital Estadual Dr. Jayme dos ça e está entubada. idade é de três anos. rigiu-se à sala dos professores, tais da região".
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CÚMPLICES Duas mulheres fo- 9,90
ram presas ontem por suspeita Ketchup Cepêra Pão de Mel Bauducco Panettone ou Chocottone
Apresuntado
de terem participado indireta- Rezende al
Original Especial Bauducco Tradicional
mente da tentativa de roubo. Em Peça/Kg F
Frasco kg
de 1,01kg Embalagem
Em de 240g Embalagem de 500g
16,50 8,48 22,99
9,488
entrevista coletiva ontem pela
manhã, o tenente-coronel do
36º Batalhão da Polícia Militar
(PM), Wanderson Garcia Costa
Neves, afirmou que os suspeitos
foram presos separadamente.
O primeiro foi encontrado Vodka Suco de Uva Vinho Chileno Cerveja
próximo ao prédio do Executi- Smirnoff Ice Integral Vailatti Concha Y Toro Petra
Garrafa de 275ml Garrafa de 1,5 litros Reservado Lata de 473ml
vo municipal. Ele teria tentado
7,68 9,80
Garrafa de 750ml
se esconder dentro de um espa-
ço subterrâneo, de cerca de 50 29,80 3,28
centímetros de altura. O segun- Puro Malte
do suspeito foi detido em uma
mata próximo ao local.
Já o terceiro e o quarto sus- Sabonete KKit Cloro + Multiuso Amac
Amaciante de Roupas Detergente em Pó
D
peitos foram encontrados em Francis Super Globo Ypê Promocional Tixan
casa. Ainda segundo o tenente- Unidade de 90g Promocional Frasco de 2 litros Embalagem de 800g
3,39 7,89 9,49
coronel, um deles conseguiu fu- KKit c/ 3 frascos de 500ml
gir do cerco policial ao pular em
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❚ FUTEBOL MINEIRO
Dirigentes do Coelho contam como foi a chegada de Richarlison ao Lanna Drummond, desde a
época das categorias de base ao profissional, com a saída para o Fluminense e, depois, Europa
Do América para o mundo
RAFAEL ARRUDA E SAMUEL RESENDE
Richarlison foi o grande nome
na estreia da Seleção Brasileira na
Copa do Mundo no Catar ao mar-
car os dois gols da vitória sobre a
Sérvia, na quinta-feira (24/11).
Mas como tudo começou para o
camisa 9 do Brasil? O Superespor-
tes mostra, a seguir, os bastidores
da chegada do atacante ao Améri-
ca, clube que o revelou.
O teste para integrar as catego-
rias de base do Coelho surgiu por
meio de uma ligação, em 2014 –
quando o jovem tinha 17 anos e
estava na base do Real Noroeste-
ES. Ainda responsável por geren-
ciar a carreira do atleta, o empre-
sário Renato Velasco entrou em
contato com Geraldo Ventura,
funcionário que cuidava das cate-
gorias de base do time.
Membro do Conselho Admi-
nistrativo do América, Euler
Araújo já realizava a mesma
função naquele ano. Em entre-
vista ao Superesportes, o diri-
gente detalhou o processo de
captação de Richarlison. "Seu
Geraldo marcou o teste de ime-
diato, e ele (Richarlison) foi para
Santa Luzia (região metropolita-
na de Belo Horizonte) fazer. Fez
e no segundo dia já foi solicita-
da a documentação dele para
ele ficar no alojamento do Amé-
rica. Foram poucos dias de trei-
no até ele ir para o time juvenil
do América", contou.
Outro que teve participação
direta na chegada do então jo-
vem ao Lanna Drummond foi
Cláudio Prates, auxiliar técnico
do clube na época. Ele revela que
Régis, ex-meia do Flamengo e
seu ex-colega de time, já havia
comentado sobre o garoto.
Não demorou muito para Ri-
charlison despertar atenções nas
O lateral-esquerdo Nicolas teve boa passagem pelo
Grêmio na disputa pela Série B do Campeonato Brasileiro
MMA
BH recebe edição do Federação Fight
Grande evento de artes mar-
ciais mistas (MMA), o Federação
Fight 14 acontece hoje, em Belo
Horizonte, no restaurante Por-
cão, no Bairro São Bento, Região
Centro-Sul. Serão mais de 10 lu-
tas ao longo do dia, entre diver-
sos pesos e também com parti-
cipação de homens e mulheres.
Esta edição do Federação Fi-
ght, que ocorre duas vezes ao
ano, vai das 19h à meia-noite de
hoje. Serão, ao todo, 14 lutas,
sendo sete amadoras e mais sete
Evento com 14 combates femininos e masculinos acontecerá no
restaurante Porcão, no Bairro São Bento, Região Centro-Sul de BH
E STA D O D E M I N A S
categorias de base do América. O
primeiro a perceber a estrela do
jovem foi Euler Araújo, em uma
partida no final de 2014, em um
jogo no CT Lanna Drumond. "No
Sub-17, o Richarlison me chamou
muita atenção. Eu estava junto
com o Cláudio Prates, auxiliar do
Givanildo (Oliveira, técnico do
América naquele ano). Conversei
com o Cláudio e pedi para olhar
o treino também, um jogo contra
o Araxá. Depois o América foi jo-
gar contra o Itabirito, e eu fui lá
ver", iniciou.
"Ele me impressionou de novo.
Eu voltei a falar com o Cláudio: 'Es-
se menino é diferente, temos que
colocar ele para treinar quando ti-
ver oportunidade'. O Cláudio
olhou e falou que iria colocar ele
para treinar no profissional quan-
do tivesse oportunidade. Ele tinha
acabado de subir para o Sub-20",
relembrou o dirigente.
PROFISSIONAL O América dis-
putou a Série B do Campeonato
Brasileiro em 2015, ano em que
Richarlison foi promovido ao
profissional. A possibilidade do
primeiro treino no time de cima
surgiu com a 'precaução' do téc-
nico Givanildo Oliveira. Expe-
riente, o 'Giva' perguntou a Cláu-
dio se ele tinha visto algum ata-
cante com destaque na base por-
que não estava contente com os
desempenhos de Rubens e Cris-
tiano – que ainda havia sido ex-
pulso no último jogo.
"Foi nesse dia, estávamos trei-
nando no campo do meio, e o Sub-
20 em cima. Eu falei com ele, 'tem
um menino muito valente e cora-
joso'. O Richarlison apanhava mui-
to dos zagueiros, ia para cima. O
que ele faz hoje com muita maes-
tria fazia naquela época com mui-
ta coragem", comenta Cláudio.
LUCAS UEBEL/GRÊMIO
profissionais (veja todos os due-
los no quadro).
Os ingressos estão à venda
pelo WhatsApp do Federação
Fight: (31) 99134-3603. As ca-
deiras custam R$ 80, enquanto
a opção vip, com open bar e
open food, custa R$ 300.
Grande nome do MMA brasi-
leiro, Sandribas será o announ-
cer oficial do Federação Fight 14.
“A Voz do Trovão” estará acom-
panhada de Flávio Almendra, ár-
bitro do evento.
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM FEDERAÇÃO FIGHT
● D O M I N G O ,
SUPERESPORTES
"O professor gostou, 'se está fa-
lando isso, vou dar uma olhada'.
Falei com ele, 'professor, acho que
dá para trazer esse menino'. E foi
isso que aconteceu. Quando o Ri-
charlison desceu, era impressio-
nante a vontade dele. Era muito tí-
mido, tinha passado por outras
peneiras e não tinha sido aprova-
do. Era uma pedra brilhante, e não
deu outra", completa o ex-auxiliar
do Coelho.
A estreia do Pombo em treina-
mentos do time de cima ocorreu
em 18 de junho. Com personalida-
de,ogarotode18anosincomodou
os zagueiros Wesley Matos e An-
derson Conceição e obrigou o go-
leiroJoãoRicardoafazerduasboas
defesas, além de cabecear uma bo-
la bem perto da trave esquerda.
"Quando ele treinou no segun-
do dia, o Cláudio ligou para mim e
falou, 'eu quero ele no profissio-
nal'. Chamei o Renato Velasco (em-
presário do jogador) para fazer o
contrato profissional, e fizemos
um de cinco anos", conta Euler.
SAÍDA DO AMÉRICA Richarlison
repetiu o desempenho positivo
em sua estreia como profissional,
no dia 4 de julho, contra o Mogi
Mirim. Após ser relacionado na
partida anterior, o atacante saiu
do banco de reservas com a cami-
sa 22 aos 32 minutos do segundo
tempo, entrando no lugar de Cris-
tiano. Aos 43, ele marcou de cabe-
ça o terceiro gol da vitória do Coe-
lho por 3 a 1, no Independência,
pela 10ª rodada.
O Pombo firmou-se ao lado de
Toscano no ataque e não saiu mais
do time que arrancou para o aces-
so à primeira divisão do Campeo-
nato Brasileiro, na quarta posição,
com 65 pontos (19 vitórias, oito
empates e 11 derrotas). Os dois fo-
ram responsáveis por quase 42%
Coelho no modo renovação
O América acertou a sua pri-
meiracontrataçãoparaatempora-
da 2023. O Estado de Minas/Supe-
resportes apurou que o lateral-es-
querdo Nicolas, de 25 anos, fechou
em definitivo com o Coelho. Ele
chegará a Belo Horizonte na quin-
ta-feira(1º/12)parapassarporexa-
mes médicos e assinar o contrato.
O América venceu a concor-
rência do Orlando City, dos Es-
tados Unidos, para acertar a
contratação do jogador. Na
quinta-feira, o jornalista Jorge
Nicola, em sua coluna no Supe-
resportes, havia adiantado o
AS LUTAS DO
FEDERAÇÃO FIGHT 14
Fernanda Pinheiro x Luana
Stephanie (amador, até 52kg)
Lucas Faccio x Bruno Pereira
(amador, até 66kg)
Aias da Silva x Ruan Felipe (amador,
peso meio médio)
Elizeu Lopes x Miguel Nobre
(amador, peso pena)
Denner Fenômeno x Tiago
Pavilhão (amador, peso pena)
Alex Nazar x Elysson Machado
(profissional, peso pena)
Ryan Gandra x Douglas Rakchal
(profissional, peso meio pesado)
Pedro Rocha x Luiz Tripa
(profissional, peso mosca)
João Vitor x Alan Adler
(amador, até 69kg)
Carlos Pitbull x Stefan Magalhães
(profissional, até 63kg)
Karla Yasnara x Maria de Jesus
(profissional, peso palha)
Cintia Natieli Lee x Geovana Maldita
(profissional, peso pena)
Adryan Jon Jones x Jefferson
Próprio (amador, peso médio)
Wanderley Java x Paulo Cowboy
(profissional, peso pesado)
2 7 D E N O V E M B R O
O Pombo, como é conhecido o atacante, começou sua história no Coelho quando tinha apenas 17 anos
dos 55 gols do América na Série B.
Richarlisonmarcounoveem24jo-
gos. Toscano fez 14 em 35 partidas.
Com a boa temporada, surgiu a
proposta do Fluminense em de-
zembro: R$ 10 milhões por 50%
dos direitos econômicos do joga-
dor(oAméricadetinha70%).Preci-
sandofazercaixaecomapossibili-
dade de colocar o jovem em uma
grande vitrine do futebol brasilei-
ro, o Coelho assinou a transação e
ainda manteve 20% de participa-
ção em uma negociação futura.
"Era muito dinheiro naquela
época. Nós estávamos em uma si-
tuação, com uma dívida de mais
de R$ 5 milhões. Aparece ela (a
venda), nós pagamos salário, 13º,
premiação, e começamos o ano
acordo verbal entre o clube mi-
neiro e o jogador.
Revelado pelo Athletico-PR,
Nicolas, de 25 anos, se destacou
com a camisa do Grêmio na últi-
ma temporada. Durante a Série
B do Campeonato Brasileiro, ele
disputou 36 jogos, marcou dois
gols e deu 10 assistências. Além
do Furacão e do Tricolor Gaúcho,
o lateral-esquerdo vestiu a cami-
sa do Atlético-GO entre 2019 e
2020 – 92 jogos, quatro gols e no-
ve assistências.
PARAÍBA Outra contratação con-
TENIS
Despedida de Bruno Soares tem presença de Nadal
JOÃO VICTOR PENA
E MATHEUS MURATORI
Com jogo de exibição no
Mineirinho, em Belo Horizon-
te, Bruno Soares se despediu
do tênis. Na noite de ontem,
tendo como dupla o ameri-
cano Bob Bryan por quase todo
tempo, Soares venceu uma
partida contra Marcelo Melo e
Rafael Matos.
O adeus de Bruno Soares ao
tênisprofissionalfoiespecial.Mi-
neiro de Belo Horizonte, Soares
se despediu no maior ginásio de
Minas Gerais e foi ovacionado
pelopúblicopresente,deaproxi-
madamente 10 mil pessoas. Ele
anunciou aposentadoria em se-
tembro de 2022, aos 40 anos.
Quando a partida, de um ga-
me, estava empatada em seis
iguais,Soarespegouomicrofone
e fez um anúncio: ele teria Mar-
celoMelo,tambémbelo-horizon-
tino, como parceiro no tie-break.
"Vou disputar o último tie break
da minha carreira, estou aqui ao
lado do cara que começou comi-
go em 1980. Marcelo, vem termi-
nar comigo", afirmou. Soares e
Melo venceram por 7 a 4.
D E 2 0 2 2
com R$ 6 milhões em caixa. Con-
seguimos equalizar um tanto de
dívida", explica Euler.
SUCESSO NA EUROPA Richarli-
son teve bom desempenho tam-
bém no Fluminense. No primeiro
ano, em 2016, os números foram
modestos: quatro gols em 31 jo-
gos. No segundo, destacou-se no
Campeonato Carioca, com oito
gols em 12 partidas, e também no
Brasileiro, ao balançar a rede cin-
co vezes em 14 rodadas.
Em julho de 2017, o Tricolor
vendeu o atleta ao Watford, da In-
glaterra, por quase 12,5 milhões de
libras,oequivalenteaR$46milhões
naépoca.Nessaoperação,oCoelho
teve direito a mais de R$ 9 milhões.
firmada pelo América para a
temporada 2023 foi a do lateral-
direito Nino Paraíba. O jogador
fechou com o Coelho até o fim do
próximo ano. Aos 36 anos, Nino
Paraíba acumula longas passa-
gens, especialmente por clubes
do Nordeste do Brasil.
ACORDO Na sexta-feira (25/11),
o América chegou a um acordo
com o Independiente, da Argen-
tina, para comprar os direitos
econômicos do meia Martín Be-
nítez. O Coelho pagará US$ 1,3
milhão por 50% dos direitos do
Bruno Soares se emocionou em sua última partida como
profissional, disputada no Mineirinho, enquanto Nadal participou
de amistoso e fez elogios ao Cruzeiro do amigo Ronaldo
Após a partida, que teve
duração de uma hora, Soares
discursou e se emocionou.
"Comecei a jogar tênis com
cinco anos e desde pequeno
eu me apaixonei por este es-
porte. Continuo apaixonado
por isso aqui e tive o privilé-
gio de viver tudo que sonhei.
Hoje, encerro uma jornada de
22 anos muito especial", disse
. maiores tenistas da história, Na-
NADAL EM BH O principaleven-
todanoitefoiapartidaamistosa
13
RODRIGO CLEMENTE/EM/D.A PRESS
OatacantepermaneceunoWa-
tford até julho de 2018, quando foi
comprado pelo Everton, também
da Inglaterra, por 39,2 milhões de
euros (mais de R$ 176 milhões na
época). Foram quatro temporadas
de muito sucesso, com 53 gols e 13
assistências em 153 jogos.
Nesse intervalo, ganhou o ape-
lido "Pombo", passou a ser convo-
cado pelo técnico Tite para a Sele-
ção Brasileira e representou o país
no torneio de futebol dos Jogos
Olímpicos de Tóquio (2021), do
qual foi artilheiro, com cinco gols,
e medalhista de ouro. Por fim, em
julho de 2022, trocou o Everton
pelo 'vizinho' Tottenham por 50
milhões de libras – R$ 327 milhões
na cotação atual.
atleta de 28 anos.
O América busca manter a ba-
se do elenco atual para a próxi-
ma temporada. Assim, a direto-
ria alviverde já anunciou as reno-
vações com os atacantes Welling-
ton Paulista, Henrique Almeida
e Felipe Azevedo.
Em contrapartida, o América
confirmou que não vai renovar
com o goleiro Airton, o lateral-di-
reito Patric, e com Raúl Cáceres,
de 31 anos. O paraguaio tinha
vínculo até o fim da atual tem-
porada e não terá o contrato re-
novado pelo clube.
ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS
disputada entre o espanhol Ra-
fael Nadal e o norueguês Casper
Ruud.Emcoletiva,Nadalelogiou
o Cruzeiro, clube do seu amigo
Ronaldo. "Cruzeiro é um clube
histórico dentro do mundo do
futebol, especialmente aqui no
Brasil, mas todos na Europa co-
nhecem o Cruzeiro, e o Cruzeiro
temoRonaldocomoreferência",
disse. Com status de um dos
dal dissenãopensar emaposen-
tadoria por enquanto.
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

14 SUPERESPORTES

EM UM JOGO TENSO E COM RARAS OPORTUNIDADES DE GOL, CAMISA 10 ABRIU O PLACAR EM UMA BELA FINALIZAÇÃO
DE FORA DA ÁREA, E DEPOIS FERNÁNDEZ FEZ O SEGUNDO, CONFIRMANDO A VITÓRIA, PARA O ALÍVIO DA TORCIDA

Argentina vence o
México e sai do sufoco
JOÃO VÍTOR MARQUES
Enviado especial ao Catar
nos durante boa parte do jogo, sol-
taram a tensão dos pulmões no
do, Messi se movimentou, foi vá-
rias vezes buscar a bola entre os za-
KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP

minuto 64, quando Messi recebeu
Por uma fração de segundo, o na intermediária e se virou no es-
tempo pareceu parar ontem. O si- paço que tinha para colocar a bola
lênciotomoucontadoEstádioIcô- no cantinho do goleiro Ochoa. Da-
nico de Lusail, abarrotado com li em diante, Lusail se fez Núñez.
88.966 torcedores que travaram “Era uma partida muito difícil
um barulhento duelo ao longo de para a gente se reerguer, porque o
toda a partida. Sem aviso ou acor- México tem um grande técnico
do, todos se aquietaram para con- (Gerardo Martino) e é uma equipe
templar Lionel Andrés Messi Cuc- dura, que controla a bola. No pri-
cittini. Em uma noite tensa, a ge- meiro tempo, jogamos como tí-
nialidade do 10 se fez alívio para a nhamos que jogar, com muita in-
Argentina na primeira Copa do tensidade. No segundo, nós nos
Mundo sem Diego Maradona. acalmamos e começamos a jogar
Com um belo gol, o craque abriu o bola, conseguimos fazer o que de-
caminhoparaavitóriapor2a0so- víamos. Não restava opção senão
breovalenteMéxico,pelasegunda ganhar para depender só de nós”,
rodada do Grupo C. No fim, Enzo completou.
Fernándezfechouacontaemchu- Com o resultado, o grupo se
tecolocadoereviveudevezaespe- mantémembolado.APolônialide-
rança alviceleste. ra, com quatro pontos – venceu a
O triunfo acalma uma Argenti- Arábia Saudita ontem por 2 a 0,
naqueestavacontraascordaspelo com direito a gol do craque
gueiros, mas pouco conseguiu fa-
zer diante de um México intenso.
Os desentendimentos entre os
jogadores se refletiram do lado de
fora do campo. Nas cadeiras da are-
na, mexicanos e argentinos troca-
ram faíscas todo o tempo, a exem-
plodoquejátinhaocorridodiasan-
tes, quando houve uma briga com
feridosemDoha.Adinâmicadopri-
meiro tempo se repetiu nos minu-
tos iniciais do segundo. Entre nor-
mais, a genialidade se sobressaiu. A
tensão tomava conta do estádio
quando Messi recebeu a poucos
passosdaárea,livre,aos19minutos.
Dali, arrematou rasteiro, de ca-
nhota. Aos sortudos que estavam
em Lusail, o tempo pareceu parar.
Por um instante – que não durou
mais de alguns milésimos de se- Messi comemora o gol que abriu o caminho para a vitória da Argentina sobre o México, em Lusail
gundo–,osilênciosefezpresentee
precedeu a explosão de alegria e

França garante vaga nas oitavas

sonho do tri mundial. Na primeira
rodada, a inesperada derrota por 2
a1paraaArábiaSauditafoiumdu-
rogolpenaScaloneta.Ontem,com
cinco alterações na formação titu-
lar, a equipe fez um primeiro tem-
podemaisdisputaquetécnica.No
segundo,obrilhodeLeomudouos
rumos da partida.
“Jogamos a partida que tínha-
mos que jogar, estávamos obriga-
dos, é difícil jogar nessas condi-
ções”, disse Messi, que, como rei,
foi saudado pelos milhares de ar-
gentinos que foram ao deserto
catari. “A equipe fez uma partida-
ça, os que entraram. Este é o cami-
nho, todos somos importantes.
Temos que pensar no que vem
pela frente, porque não ganha-
mos nada”, prosseguiu.
Nas arquibancadas e nos arre-
dores do estádio, a torcida argenti-
na festejou em um misto de alívio
e alegria. Silenciada pelos mexica-
Lewandowski, que acabou com o
jejum em Copas. A seguir, apare-
cemArgentina(três),ArábiaSaudi-
ta (três) e México (um). As quatro
seleções têm chance de avançar às
oitavas de final e dependem ape-
nas de si para se classificar.
A rodada decisiva da chave se-
rá na próxima quarta-feira (30),
às 16h. Polônia e Argentina se en-
frentam no Estádio 974, em Do-
ha. Já Arábia Saudita e México
duelam em Lusail.
O JOGO As arquibancadas trava-
ramoduelomaisemocionantedo
primeiro tempo. De lado a lado,
mexicanos e argentinos que en-
cheram com quase 90 mil pessoas
omaiorestádiodaCopa,vibravam
a cada dividida – e foram muitas.
Foiuminíciodejogoconcentra-
do no meio-campo, com mais pos-
se de bola para a Argentina, mas
sem grandes chances. Incomoda-
alívio argentino assim que a bola
beijou a rede: 1 a 0.
O México tentou ser agressivo.
Ficou mais com a bola e rondou a
áreaadversária,masoambienteera
outro.Silenciadapelosrivaisduran- A França venceu a Dinamarca namarca aparece na terceira po- Na segunda etapa, após tanto
te boa parte do jogo, a torcida ar- por2a1ontem,noEstádio974,pe- sição, com um. Austrália está na pressionar, a França abriu o placar
gentinasimulouoMonumentalde la segunda rodada do grupo D da segunda colocação, com três com Mbappé. Em jogada de velo-
Núñez no Oriente Médio. CopadoMundonoCatar.Aestrela pontos, e a Tunísia amarga a lan- cidade, o atacante do PSG fez do-
Em dado momento, os cantos Mbappé marcou os dois gols dos terna, com um. bradinha com Theo Hernandez e
deram lugar a um gesto simples, franceses, garantindo a classifica- Mais cedo, a Austrália bateu a finalizou na pequena área, sem
mas simbólico para a carreira de ção antecipada da atual campeã Tunísia por 1 a 0 e somou seus pri- chances para Schmeichel.
um dos maiores de todos os tem- mundialparaasoitavasdefinaldo meiros pontos no Mundial. Na úl- A Dinamarca, porém, empatou
pos: os milhares de argentinos no principal torneio do mundo. tima rodada da fase de grupos da sete minutos depois, com o za-
estádio saudaram a realeza Lionel Mbappé marcou primeiro aos competição, a França enfrenta a gueiro Christensen.
Messi, que vive, desfruta e nos pre- 15minutosdasegundaetapa,mas Tunísia na quarta-feira, às 12h (de Faltando10minutosparaofim
senteia com seu último tango em o zagueiro Christensen empatou Brasília). Já os dinamarqueses te- de jogo, Tchouameni quase mar-
Copas do Mundo. Nos minutos fi- para a Dinamarca logo em segui- rão pela frente os australianos no cou para a França em cobrança de
nais do jogo, o golpe fatal foi des- da em cobrança de escanteio. O mesmo dia e horário. escanteio, mas teve sua cabeçada
ferido por Enzo Fernández. Aos craque do PSG, no entanto, apare- desviada pelos defensores dina-
42min, o meio-campista do Ben- ceu novamente na reta final de jo- PRIMEIRO TEMPO Aprimeiraeta- marqueses. A virada francesa veio
fica recebeu na área, fintou para go, dando a vitória aos franceses. pa da partida ficou marcada por nos minutos finais de jogo, nova-
dentro e bateu bonito, no alto, pa- Com os resultados da rodada, uma superioridade da França, que mente com Mbappé. O ponta re-
ra marcar o segundo gol e reviver a França segue na liderança do D não converteu suas principais cebeu cruzamento na medida e
de vez a esperança argentina. com seis pontos, enquanto a Di- chances em gol. completouparaofundodasredes.

❖ TABELAS E RESULTADOS ❖

A B
20/11 13h AL BAYT Catar 0 x 2 Equador 21/11 10h KHALIFA INT. Inglaterra 6 x 2 Irã OITAVAS QUARTAS QUARTAS OITAVAS
21/11 13h AL THUMAMA Senegal 0 x 2 Holanda 21/11 16h AL RAYYAN EUA 1 x 1 País de Gales DE FINAL DE FINAL DE FINAL DE FINAL
25/11 10h AL THUMAMA Catar 1 x 3 Senegal 25/11 7h AL RAYYAN País de Gales 0 x 2 Irã
25/11 13h KHALIFA INT. Holanda 1 x 1 Equador 25/11 16h AL BAYT Inglaterra 0 x 0 EUA 3/12 - 12H - KHALIFA INT. 4/12 - 16H-AL BAYT
29/11 12h AL BAYT Holanda x Catar 29/11 16h AL RAYYAN País de Gales x Inglaterra 1º grupo A 1º grupo B
29/11 12h KHALIFA INT. Equador x Senegal 29/11 16h AL THUMAMA Irã x EUA Oitavas 1 Oitavas 5
Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total 2º grupo B 2º grupo A
EQUADOR x x x x INGLATERRA x x x x
HOLANDA x x x x EUA x x 9/12 - 16H - LUSAIL 10/12-16h-AL BAYT
SENEGAL x x x GALES x
Vencedor 1 Vencedor 5
CATAR IRÃ x x x

C D
Quartas 1 Quartas 3
22/11 7h LUSAIL Argentina 1 x 2 A. Saudita 22/11 10h EDUCATIONCITY Dinamarca 0 x 0 Tunísia SEMIFINAL
Vencedor 2 Vencedor 6
22/11 13h ESTÁDIO 974 México 0 x 0 Polônia 22/11 16h AL JANOUB França 4 x 1 Austrália
26/11 10h EDUCATION CITY Polônia 2 x 0 A. Saudita 26/11 7h AL JANOUB Tunísia 0 x 1 Austrália
3/12 - 16H-AL RAYYAN 13/12 - 16H-LUSAIL 4/12 - 12H-AL THUMAMA
26/11 16h LUSAIL Argentina 2 x 0 México 26/11 13h ESTÁDIO 974 França 2 x 1 Dinamarca
30/11 16h ESTÁDIO 974 Polônia x Argentina 30/11 12h EDUCATION CITY Tunísia x França 1º grupo C Vencedor Quartas 1 1º grupo D
30/11 16h LUSAIL A. Saudita x México 30/11 12h AL JANOUB Austrália x Dinamarca Oitavas 2 Semifinal 1 Oitavas 6
Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total
2º grupo D Vencedor Quartas 2 2º grupo C
POLÔNIA x x x x FRANÇA x x x x x x
ARÁBIASAUDITA x x x AUSTRÁLIA x x x
ARGENTINA x x x DINAMARCA x
MÉXICO x TUNÍSIA x FINAL

E F
23/11 10h KHALIFA INT. Alemanha 1 x 2 Japão 23/11 7h AL BAYT Marrocos 0 x 0 Croácia
23/11 13h AL THUMAMA Espanha 7 x 0 Costa Rica 23/11 16h AL RAYYAN Bélgica 1 x 0 Canadá Vencedor Semifinal 1
27/11 7h AL RAYYAN Japão x Costa Rica 27/11 10h ALTHUMAMA Bélgica x Marrocos 18/12 - 12H-LUSAIL
27/11 16h AL BAYT Espanha x Alemanha 27/11 13h KHALIFA INT. Croácia x Canadá Vencedor Semifinal 2
1º/12 16h KHALIFA INT. Japão x Espanha 1º/12 12h AL RAYYAN Croácia x Bélgica
1º/12 16h AL BAYT Costa Rica x Alemanha 1º/12 12h AL THUMAMA Canadá x Marrocos
Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total 5/12 - 12H-AL JANOUB 14/12 - 16H-AL BAYT 6/12 - 12H-EDUCATION CITY
ESPANHA x x x BÉLGICA x x x
1º grupo E Vencedor Quartas 3 1º grupo F
JAPÃO x x x CROÁCIA x
ALEMANHA MARROCOS x Oitavas 3 Semifinal 2 Oitavas 7
COSTA RICA CANADÁ 2º grupo F 2º grupo E

G H
Vencedor Quartas 4
24/11 7h AL JANOUB Suíça 1 x 0 Camarões 24/11 10h EDUCATION CITY Uruguai 0 x 0 Coreia do Sul 10/12 - 12H-AL THUMAMA
9/12 - 12H-EDUCATION CITY
24/11 16h LUSAIL Brasil 2 x 0 Sérvia 24/11 13h ESTÁDIO 974 Portugal 3 x 2 Gana
Vencedor 3 SEMIFINAL Vencedor 7
28/11 7h AL JANOUB Camarões x Sérvia 28/11 10h EDUCATIONCITY Coreia do Sul x Gana
Quartas 2 Quartas 4
28/11 13h ESTÁDIO 974 Brasil x Suíça 28/11 16h LUSAIL Portugal x Uruguai
Vencedor 4 3º LUGAR Vencedor 8
2/12 16h LUSAIL Camarões x Brasil 2/12 12h EDUCATIONCITY Coreia do Sul x Portugal
2/12 16h ESTÁDIO 974 Sérvia x Suíça 2/12 12h AL JANOUB Gana x Uruguai
5/12 - 16H-ESTÁDIO 974 6/12 - 16H-LUSAIL
Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total
BRASIL x x x PORTUGAL x x x 1º grupo G Perdedor Semifinal1 1º grupo H
SUÍÇA x x x COREIA DO SUL x Oitavas 4 17/12 - 12H-KHALIFA INT. Oitavas 8
CAMARÕES URUGUAI x
SÉRVIA GANA 2º grupo H Perdedor Semifinal 2 2º grupo G
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SUPERESPORTES 15

JA E C I C A RVA L H O
No Catar, onde chegou inspirado e confiante em ser

COLUNA DO JAECI a sua Copa, foi mal na estreia, quase não foi notado
em campo, e agora sofre com entorse no tornozelo”
>>jaeci.cavalcanti@uai.com.br
E S TA C O L U N A É P U B L I C A D A A O S D O M I N G O S , S E G U N D A S , Q U A R TA S , Q U I N TA S - F E I R A S E S Á B A D O S

Com Neymar ou é melhor sem ele? COVARDIA

De Doha – Muita gente tem feito es-
sa pergunta e eu não tenho medo de
responder: Neymar é craque e não se
abre mão de um craque. Temos que tor-
cer pela recuperação dele, pelo menos
para as oitavas-definal. Simples assim.
O grande lance, porém, é que o time
brasileiro não é mais só dependente de-
le. Neste momento, Vini Júnior é o joga-
dor mais importante do time canari-
nho, e deverá carregar a responsabilida-
de de conduzir o Brasil até uma possível
final. Logo ele, que foi tão preterido por
Tite e que só foi chamado, depois que o
treinador brasileiro conversou com o
italiano, Carlo Ancelloti, que o aconse-
lhou a convocar o jogador. E de“quebra”,
ainda tem Rodrygo, que atua com Vini
no Real Madri, e deverá ser o substituto
do próprio Neymar, até que ele se recu-
pere do sério problema no tornozelo.
Que jogador com falta de sorte é
Neymar. É bem verdade que ele apa-
nhou muito no jogo de abertura, mas
a carga que recebeu no tornozelo, não
me pareceu ter sido maldosa. Ficou fo-
ra de parte da Copa de 2014, quando te-
ve um problema na coluna, atingido,
deslealmente pelo jogador Zuñiga. Em
2018, protagonizou o famoso cai-cai, e
virou chacota mundial.
Aqui no Catar, onde chegou inspira-
do e confiante em ser a sua Copa, foi
mal na estreia, quase não foi notado
em campo, e agora sofre com essa en-
torse no tornozelo. É preciso benzer
Neymar, e que todos possamos torcer
por uma rápida recuperação. O médico
Felipe Kalil é um craque e saberá cuidar
de Neymar e Danilo, sendo que esse úl-
timo não fará falta. É muito fraco.
O Brasil entrará em campo nesta se-
gunda-feira, para enfrentar a Suíça.
Não temos tido sorte, digamos assim,
contra os suíços, mas precisamos ven-
cer para garantirmos, antecipadamen-
te, a classificação, embora a gente sai-
ba que Camarões, último jogo do gru-
po, será presa fácil. Hoje, às 22h daqui,
estarei cobrindo Alemanha e Espanha,
que deverá ser um jogaço. Os alemães
vão jogar sua vida na Copa. Uma derro-
ta e voltarão para casa mais cedo.
Vejam o que é o futebol: a Alema-
nha massacrou o Japão, mandou bola
na trave, obrigou o goleiro japonês a fa-
zer grandes defesas, e foi surpreendida
em dois contra-ataques que resulta-
ram em gols. O velho “quem não faz,
leva”. Achei o time alemão bem estru-
turado e com jogadores de qualidade.
Porém, em competição curta assim,
não se pode bobear. Os gols perdidos,
que poderiam definir a partida a favor
dos bávaros, deram uma vida imensa
aos japoneses, que conseguiram a
maior vitória da história do seu fute-
bol. E pelo que a Espanha apresentou
na estreia, não será fácil para os ale-
mães derruba-la.
Em toda Copa do Mundo há muitas
surpresas, as chamadas “zebras”. Nessa,
dois gigantes foram pegos de surpresa,
até aqui: Alemanha e Argentina. Mas,
com certeza, teremos mais surpresas
pela frente. É normal apontarmos favo-
ritos e darmos palpites sobre quais as
duas seleções farão a finalíssima, mas os
jogos, muitas das vezes, não confirmam
nossas previsões. Todos estão no páreo
para a classificação as oitavas, exceto o
próprio Catar, dono da casa, que perdeu
as duas partidas que fez e já se despediu.
É ruim quando o dono da casa sai logo
na primeira fase. Pelo investimento fei-
to em infraestrutura para a Copa, mais
de R$ 1 trilhão, os catarianos deveriam
ter investido mais no futebol, para que
tivssem uma seleção melhor.
Mais uma vez a diretoria do Fla-
mengo age de forma covarde ao
mandar o técnico campeão da Liber-
tadores e Copa do Brasil, Dorival Jú-
nior, embora, e contratar o vice da
CB, Vitor Pereira, que era técnico do
Corinthians e não renovou. Dorival é
um caráter ímpar, um cara excepcio-
nal e não merecia passar por isso. Se
o futebol tivesse 10 Dorival Júnior,
teríamos mais seriedade e respeito.
A ele, minha solidariedade, e à dire-
toria do Flamengo, uma sonora vaia!
FRANÇA X DINAMARCA
Fiz esse jogo ontem e me deliciei,
pois é sempre bom ver Mbappé ao vi-
vo e em cores. Tive esse privilégio em
dois jogos da Liga dos Campeões, na
temporada passada. O francês está
voando e é o grande nome do futebol
na atualidade. Didier Dechamps vai
sair, ganhando ou perdendo. Zinedine
Zidane será o substituto.

TORCEDORES BRASILEIROS SE MANIFESTAM DE MANEIRAS OPOSTAS EM RELAÇÃO À LESÃO DE NEYMAR,

QUE FICARÁ DE FORA PELO MENOS DAS PARTIDAS RESTANTES DA PRIMEIRA FASE DA COPA DO MUNDO

ENTRE O AMOR E O ÓDIO

JOÃO VÍTOR MARQUES
Enviado especial ao Catar
GIUSEPPE CACACE/AFP

Aos 34 minutos do segundo tempo, a câme-

ra fecha no semblante de Neymar. Abatido, o jo-
gador caminha lentamente, às lágrimas, em dire-
ção ao banco de reservas. A lesão no tornozelo di-
reitoqueoimpedirádeatuarpelomenosnosdois
próximos jogos da Seleção Brasileira na Copa do
Mundo do Catar causou reações dissonantes en-
tre os torcedores.
De um lado, aqueles que lamentam a au-
sência do camisa 10; do outro, os que, por ques-
tões políticas, comemoram a ausência de um
jogador que prometeu comemorar o primeiro
gol no Mundial homenageando o presidente
Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições de
outubro. E o furor das redes sociais ultrapassou
a bolha e chegou ao Westin Doha Hotel & Spa,
luxuoso hotel que hospeda a delegação do Bra-
sil na capital catari.
Ontem, o volante Casemiro saiu em defesa
de Neymar. O meio-campista disse não ter visto
esse tipo de crítica nas redes sociais, mas lamen-
tou. “Eu, sinceramente, não vi, não sabia. É uma
pena as pessoas desejando mal a outra pessoa.
Mas,infelizmente,navidanóstemosisso:pessoas
más no mundo, que desejam o mal do outro. En-
tão, não vou comentar muito este tema, mas a
gente fica triste”, pontuou, em entrevista coletiva.
“Não quero falar nem de brasileiro ou euro-
peu ou outra cultura. Quero falar de pessoas, Neymar saiu mancando de campo e certamente ouviu manifestações diferentes dos torcedores, que dividiram opiniões também nas redes sociais
educação, porque isso vem do berço. A partir do

momento em que você deseja o mal para uma
pessoa, independentemente de quem seja, isso
é muito grave. A gente fica triste, eu particular-
mente fico muito triste, principalmente por de-
sejarem mal de uma pessoa que ajuda tantas
pessoas, que tem um coração enorme. Sincera-
mente, fico muito triste, porque o Neymar não
merece isso”, completou.
Pela internet, o posicionamento mais con-
tundente foi o de Raphinha, parceiro de ataque
de Neymar. O atacante do Barcelona comparti-
lhou no Instagram uma mensagem de outro
perfil, cujo texto diz: “Torcedores da Argentina
tratam Messi como um Deus. Torcedores de
Portugal tratam Cristiano Ronaldo como Rei.
Torcedores brasileiros torcem para Neymar que-
brar a perna. Como é triste, o maior erro da car-
reira de Neymar é nascer brasileiro, esse país não
merece seu talento e seu futebol”.
A LESÃO O camisa 10 da Seleção Brasileira sofreu
uma lesão ligamentar no tornozelo direito e um
pequenoedemaósseoduranteosegundotempo
da vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia, na última quin-
ta-feira (24), pela primeira rodada do Grupo G da
Copa do Mundo do Catar. No mesmo jogo, o late-
ral-direitoDanilotevelesãoligamentarmedialno
tornozelo esquerdo. A dupla está fora dos jogos
restantesdoBrasilnafaseinicialdoMundial,con-
tra Suíça e Camarões.
Em recuperação, Neymar e Danilo ficaram
fora do treinamento da Seleção ontem. Eles
nem foram ao Estádio Grand Hamad, onde o
técnico Tite tem comandado as atividades em
Doha, e ficaram no hotel para dar prossegui-
mento ao tratamento das lesões com fisiotera-
pia. O atacante Antony, com mal-estar, tam-
bém desfalcou o treino.
NEYMAR É INSUBSTITUÍVEL?
NELSON ALMEIDA/AFP
Tite lembrou que, mesmo contundido,
Neymar permaneceu em campo por mais de 10
minutos para ajudar a equipe no jogo contra a Sérvia
De Doha - Tite se irritou na conferência de im-
prensaapósavitóriapor2a0sobreaSérvia,naúl-
timaquinta-feira(24).Elenãogostoudeouvirper-
gunta sobre a continuidade de Neymar na Copa
do Mundo. Disse, repetidas vezes, que o atacante
vai atuar novamente no Mundial do Qatar.
O atacante sofreu lesão no ligamento do tor-
nozelo direito e deve voltar à equipe apenas nas
oitavas de final. Amanhã, a seleção faz seu segun-
do jogo. Enfrenta a Suíça e, se vencer, garante a
classificação.Issodevedarmaiortranquilidadepa-
ra a comissão técnica esperar pelo camisa 10.
Lesionadonasquartasdefinalem2014,diante
da Colômbia, ele sofreu fissura em um metatarso
dopédireitoaquatromesesdotorneiode2018.E
onovoproblemafísicotrazalembrançadoquan-
to a equipe depende do seu camisa 10. Isso, no
passado,eraumaconstataçãomaisfácildeserfei-
ta do que hoje em dia.
SemNeymar,lesionado,oBrasilvenceuaCopa
América de 2019. Ele não foi convocado para a
campanhaqueterminoucomamedalhadeouro
nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano passado.
Comocamisa10emcampo,otimeperdeuafinal
da Copa América de 2021 para a Argentina.
Na estreia contra a Sérvia, Neymar teve atua-
ção apagada. Tite lembrou que, mesmo contun-
dido, ele permaneceu em campo por mais de 10
minutos para ajudar a equipe. Foi Richarlison
quem fez os gols que garantiram os três pontos.
"Ele cheira gol. Busca o gol, está sempre
querendo fazer o gol. Até brinco que ele é um
pouco fominha, mas é bom para nós. É um
grande jogador", disse Casemiro sobre o arti-
lheiro da primeira partida. Tite aproveitou o
aumento do número de inscritos (de 23 para
26) e reforçou as opções ofensivas. Não tinha
em mente qualquer problema de Neymar,
mas tem as opções para que a ausência do
seu principal jogador seja mitigada contra
Suíça e Camarões. Quase todos estão em boa
fase em seus clubes na Europa ou no Brasil –
no caso de Pedro.
Antes mesmo de apresentar a lista, ele já
dizia ser possível uma disputa por lugar no
ataque titular. Não ter o camisa 10 vai acirrá-
la. "Eu não os convoquei. Eles se convocaram",
resumiu o comandante. O favorito para en-
trar no time é Rodrygo que, como Neymar,
foi formado pelo Santos e vindo de uma tem-
porada em que foi decisivo para a conquista
da Champions League pelo Real Madrid.
O aproveitamento da Seleção é maior
com Neymar do que sem ele. São 85% de
aproveitamento de pontos com a presença
do craque. Sem ele, são 73,7%. Mas a dife-
rença foi maior em ciclos anteriores. No ci-
clo de 2014 a 2018, quando não teve o cami-
sa 10, o Brasil teve aproveitamento de
68,7%. (FolhaPress)

16
O milionário e polêmico
ESPORTE DO DESERTO
A CORRIDA DE CAMELOS COMEÇOU A SER DISPUTADA PROFISSIONALMENTE
NO PAÍS DA COPA EM 1972 E É CERCADA DE CRÍTICAS POR VIOLAÇÃO DE
DIREITOS HUMANOS E DOS ANIMAIS. MAS MOVIMENTA MILHÕES DE
DÓLARES E ATRAI GRANDE PÚBLICO A CADA TEMPORADA
JOÃO VÍTOR MARQUES
Enviado especial
Al Shahaniya – À direita, uma placa
sinaliza em alerta aos motoristas, que
atentamente enfileiram os veículos e
aguardam a vez de cruzar a rodovia.
Aos poucos, centenas de camelos to-
mam conta da paisagem desértica de
Al Shahaniya, sob o sol das 15h que
precocemente se aproxima do hori-
zonte. Guiados pelos treinadores, atra-
vessam o asfalto quente em frente aos
carros e seguem rumo à pista de terra.
A menos de 40 quilômetros dali, o an-
fitrião Catar se preparava para o jogo
decisivo contra Senegal pela Copa do
Mundo de futebol – que acabou per-
dendo e dando adeus à competição –,
no novíssimo Estádio Al Thumama.
Mas, por aqui, as atenções estão volta-
das para um esporte mais tradicional.
A corrida de camelos – que é disputa-
da por dromedários, que são da mesma
família e gênero do camelo, porém com
umacorcovaapenas–começouaserdis-
putada profissionalmente no Catar em
1972, mas tem origens que remontam à
Idade Média. Historiadores apontam
que os primeiros eventos foram realiza-
dos no século 7, na Península Árabe, co-
mo uma forma de entreter as elites lo-
cais em casamentos, comemorações e
outrosencontrosfestivos.Atradiçãoper-
sistiu ao longo dos séculos, popularizou-
se e foi ganhando novos contornos com-
petitivos, tecnológicos e financeiros.
“Aqui sempre fica cheio durante o
período dos torneios, principalmente.
Vem gente de todo o mundo para co-
nhecer e fotografar, é uma das viagens
que faço com mais frequência”, conta
o motorista e guia Sharif, 43, que nas-
ceu na Índia, mas vive em Doha há 18
anos. “É um esporte tradicional, que
impressiona a família do emir Tamim
Conduzidos pelos treinadores, camelos cruzam a rodovia sob o sol das 15h em direção à área de treino, em Al Shahaniya
E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O ,
bin Hamad Al Thani”, completa, em re-
ferência ao xeque catari.
CAMELOS VALEM FORTUNAS O mer-
cado do esporte no Oriente Médio é
milionário. Os preços variam de lugar
para lugar, mas os camelos mais bara-
tos costumam custar 50 mil dólares
(cerca de R$ 270 mil na cotação atual).
Mais desejados, os “puro-sangue” ul-
trapassam a barreira do milhão. Em
2010, um saudita desembolsou im-
pressionantes 9,45 milhões de dólares
(mais de R$ 51 milhões atualmente)
para comprar três animais. Já os cam-
peões podem chegar ao preço de 30
milhões de dólares (R$ 162 milhões).
No mercado oficial não é permiti-
da a aposta na corrida de camelos. A
premiação aos vencedores dos cam-
peonatos varia desde novíssimos car-
ros SUV a itens que simbolizam a tra-
dição local, como facas, espadas e até
lanças. Nos eventos mais importan-
tes, o prêmio é em dinheiro. Competi-
ções recentes distribuíram 10 mi-
lhões de riais catarenses (cerca de R$
14,8 milhões) aos três melhores colo-
cados em uma disputa de 15 rounds.
■ CORRIDAS COM ROBÔS
E APOSTAS PROIBIDAS
É sexta-feira (24), dia de descanso e
fé para os países muçulmanos. Na
temporada das corridas, entre outu-
bro e março, é também o momento
das principais competições nacionais
e internacionais na pista de Al Shaha-
niya, principal centro de corridas do
país. Desta vez, por conta do Mundial
de futebol nas cidades vizinhas, deci-
diu-se por ocupar parte do espaço
com festividades e aproveitar a pre-
sença de turistas de várias partes do
mundo. As disputas passaram para
2 7 D E N O V E M B R O
SUPERESPORTES
outras datas, mas os treinamentos se-
guem pela manhã e à tarde, com aces-
so gratuito aos fãs e curiosos.
“Pensei que ia ter corrida hoje, mas
tudo bem. Deu para ver o treino, fazer
alguns vídeos muito bonitos. Nunca ti-
nha visto nada parecido com isso”, con-
ta Óscar Muñoz, turista uruguaio que
aproveitou um dia sem jogos da sele-
ção no Mundial para visitar o local, que
fica a menos de uma hora de Doha. Em-
polgado, ele pisa na terra e se esquiva
do esterco para se aproximar dos ani-
mais, que calmamente se direcionam à
vila que reúne cerca de 20 mil camelos.
As pistas de terra têm distâncias de
cinco, sete ou 10 quilômetros, mas há
corridas de até 40 quilômetros – ou
quatro voltas na maior trilha. Os ca-
melos são divididos em categorias
com base na idade e iniciam a prepa-
ração para os campeonatos logo ao
nascer. Entre seis meses e um ano, são
separados das mães e começam uma
dieta rica em amido e proteína, com
quantidades calculadas cientifica-
mente para melhorar a performance.
Em geral, um animal é aposentado
por volta dos 10 anos de idade – e tem
mais 30 ou 40 pela frente.
Nas corridas, os principais competi-
dores costumam alcançar sprints cur-
tos de quase 70km/h e, nas disputas
mais longas, podem manter os 50km/h
durante 60 minutos. As estratégias para
aumentar a velocidade passam pelo
treinamento, a alimentação e por
quem controla os animais. Durante
muito tempo, crianças foram usadas
como jockeys por pesarem menos que
adultos. A prática foi severamente criti-
cada até ser abolida em 2005.
Os competidores decidiram subs-
tituir as crianças por pequenos robôs,
que são posicionados nas corcovas
dos camelos e simulam os movimen-
D E 2 0 2 2
Os donos dos camelos
acompanham o desempenho
dos animais em luxuosos carros
pela pista asfaltada e passando
orientações aos treinadores
tos e as orientações de jóqueis huma-
nos. Do lado de fora das pistas, treina-
dores controlam as ações da máqui-
na, em dinâmica que geralmente fun-
ciona como o planejado. Há diversos
modelos de robôs, cujos preços va-
riam de 300 a 10 mil dólares (R$ 1,6
mil a R$ 541 mil), a depender do peso
e da qualidade.
Para acompanhar as corridas, o
método mais tradicional é segui-la de
carro. Paralelas às trilhas dos animais,
três faixas de pista asfaltada se en-
chem de automóveis em alta veloci-
dade nos campeonatos. Já nos dias de
treino, homens montam os competi-
dores e os guiam por todo o trajeto,
enquanto os milionários donos dos
camelos os seguem em belos mode-
los SUV e orientam os empregados.
Sem jóqueis, robôs instalados nas corcovas imitam os movimentos humanos
FOTOS: JOÃO VÍTOR MARQUES/EM/D.A PRESS
Pista de Al Shahaniya: as
temporadas de corrida de
camelo ocorrem entre
outubro e março
US$ 30 milhões
É O PREÇO QUE PODE VALER
UM DROMEDÁRIO CAMPEÃO
70km/h
É A VELOCIDADE QUE UM COMPETIDOR
PODE ALCANÇAR EM SPRINTS CURTOS
VIOLAÇÃO DE DIREITOS A tradição
movimenta milhões de dólares e fãs
em toda a Península Arábica, mas
tem sido severamente criticada ao
longo das últimas décadas com acu-
sações de violação de direitos huma-
nos e dos animais. No início do sécu-
lo, várias instituições denunciaram o
tráfico, a venda e o sequestro de
crianças, majoritariamente de países
asiáticos como Bangladesh, Sri Lanka
e Paquistão, para trabalharem como
jóqueis.
O caso de Shameem Miah é apenas
um dentre vários que chocaram o
mundo antes de as crianças serem
trocadas por robôs. Nascido em Ban-
gladesh, ele foi tirado da família
quando tinha apenas 3 anos e se tor-
nou jóquei em Dubai, luxuosa cidade
nos Emirados Árabes Unidos. “Os do-
nos dos camelos nos pesavam. Se a
gente comesse muito, eles nos davam
choques elétricos. Eu tinha muito
medo deles, porque se eu perdesse
uma corrida, eles nos batiam”, rela-
tou, em 2009.
Até hoje, também há acusações de
maus tratos aos camelos. Defensores
dos direitos dos animais dizem que
em alguns casos há severas restrições
alimentares para controlar o peso e
torná-los mais rápidos para as corri-
das. Em outros casos, as denúncias di-
zem respeito à excessiva carga de
treinamentos e competições.
 ESTADO DE MINAS ● D O M I N G O, 2 7 D E N OV E M B R O D E 2 0 2 2 ● E D I TO R A : S i l va n a A ra n t e s ● E D I TO R A - A S S I ST E N T E : Â n g e l a Fa r i a ● E - M A I L : c u l t u ra . e m @ u a i . co m . b r ● T E L E F O N E : (31) 3263-5 1 2 6

EM
degusta
★ Chef do português
Ó Balcão, indicado
pelo Guia Michelin,
Rodrigo Castelo se
encanta com BH.
ALBERTO SILVA/DIVULGAÇÃO

Filme mostra a contribuição do grupo de rap Racionais MCs para a reação dos negros
brasileiros ao racismo. “A mudança já aconteceu”, garante KL Jay, integrante da banda
NETFLIX/DIVULGAÇÃO

Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay reveem antigas fotos durante o documentário “Racionais: Das ruas de São Paulo para o mundo”, em cartaz na Netflix

Raio X do Brasil
ÂNGELA FARIA
“É a história dos pretos brasileiros”,
afirma KL Jay sobre o documentário“Ra-
cionais: Das ruas de São Paulo para o
mundo”, dirigido por Juliana Vicente,
que estreou em 16 de novembro já no
primeiro lugar do top 10 brasileiro da
Netflix e permaneceu no ranking dos
longas mais assistidos da plataforma.
É um filme sobre “o espírito de luta”
do negro desde os ancestrais vindos da
África, diz KL Jay ao Estado de Minas. “O
Brasil sempre foi terra hostil, um territó-
rio hostil para a gente”, enfatiza o DJ, de
53 anos, que formou a banda em 1988
com Mano Brown, Ice Blue e Edi Rock. “É
importante esta história, porque o mun-
do é construído de histórias”, observa.
Ver na tela a trajetória do Racionais
traz a Kleber Simões a certeza de que a
banda “fez a coisa certa” com seu rap,
que sempre se bateu pela conscientiza-
ção do negro por meio da autoestima e
da reivindicação dos direitos expoliados
desde a escravidão.
CRÔNICA “Das ruas de São Paulo para o
mundo” é crônica do racismo estrutural,
mastambémdareaçãoaele.KLJaygaran-
te:amudança“jáaconteceu”noBrasil.“Os
pretoscomeçamasaberdoprópriovalor”,
diz, destacando que a “transformação é
gradativa”, mas não tem volta.
Prova disso são as mensagens que ele
vem recebendo após a estreia – áudios de
gente emocionada, até aos prantos, reve-
lando o quanto a vida mudou por causa
do Racionais. Mano Brown lembra, no fil-
me, que se trata da luta de muitos, antes e
depois do surgimento da banda.
Porém, KL não se ilude: “Estamos to-
dos os dias em guerra.” E isso não é me-
táfora de rap. A cada 10 pessoas mortas
pela polícia no Brasil em 2021, pelo me-
nos seis eram pretas, informou a Rede
de Observatórios da Segurança, neste
Mês da Consciência Negra.
Mano Brown diz que o racismo bra-
sileiro “esvaziou o preto, não deixou
nem o ódio”, observando que, em caso
de guerra, o ódio é útil. “Uma coisa é vo-
cê ter revolta, outra coisa é não ter nada”,
comenta ele durante o filme.
Racionais faz a sua parte para ocupar
esse vazio. Mesmo que Mano Brown re-
jeite o disco “Sobrevivendo no inferno”
– por ser pesado demais, com as pisci-
nas de sangue do massacre do Carandi-
ru e o clima cruelmente opressivo nas
periferias nos anos 1980 e 1990 –, Ice
Blue afirma que o álbum significou a
“carta de alforria” para ele.
Com clássicos da música brasileira
(“Diário de um detento”,“Tô ouvindo al-
guém me chamar”, “Capítulo 4, versícu-
lo 3”, “Fórmula mágica da paz”), o disco
independente levou a banda para o ex-
terior, conquistou prêmio na MTV, rom-
peu o monopólio da indústria fonográ-
fica que ditava o que o brasileiro ouviria
no rádio. Um disco necessário, embora
doloroso, resume KL.
O documentário chama a atenção
para um aspecto do Racionais nem sem-
pre lembrado: a espiritualidade. Letras
de Brown remetem à Bíblia, falam de Je-
sus, de orixás. “O filme mostra o lado
muito potente da proteção, da oração e
do axé”, afirma KL Jay.
O longa chega no momento em que a
vitória do petista Luiz Inácio Lula da Sil-
va para a Presidência é rejeitada por bol-
sonaristas, que vão às portas de quartéis
exigir golpe militar. Nada disso surpreen-
de o criador das batidas do Racionais.
“O Brasil mostrou a cara”, diz KL. Pa-
ra o DJ, a “rede de mentiras” que dá su-
Estamos
todos os dias
em guerra”
■ KL Jay,
DJ do Racionais MCs
porte à mentalidade“racista e nazista”é
criada para confundir o cidadão pouco
informado. “Mas isso não é só coisa do
Bozo”, afirma, referindo-se à fatia da po-
pulação que apoia a estrutura social que
está aí há cinco séculos.
Para KL Jay, Lula tem tudo para mudar
o país, desde que a economia funcione.
“Ele não vai governar só para os 50% que
o elegeram, mas para todo mundo”, ad-
verte. “Desejo um bom governo, mas se-
rá um puta desafio”, conclui.
“RACIONAIS: DAS RUAS DE
SÃO PAULO PARA O MUNDO”
Documentário dirigido por Juliana Vicente.
Disponível na Netflix.

Racionais no ar!
NETFLIX/DIVULGAÇÃO

ROGER DEFF* que colocava jovens negros como eu

O tão aguardado documentário so-
bre o Racionais MCs mostra como o
quarteto mudou a forma como a juven-
tude das periferias se vê e se expressa.
Em 116 minutos, acompanhar a saga
dos “quatro pretos mais perigosos do
Brasil”(como eles mesmos se intitulam,
e não por acaso) é acompanhar o desen-
volvimento da narrativa de pessoas po-
bres, pretas e faveladas sobre si mesmas,
sobre a construção de todo o universo
simbólico que envolve a superação das
mazelas provocadas pela escravidão,
violência racial e exclusão social neste
país em que verdadeiro abismo separa
pobres daqueles que têm acesso míni-
mo à educação e moradia dignas.
O filme traz cenas de arquivo raras, co-
mo apresentações de Brown e Blue, Edi
Rock e KL Jay, quando eram duplas sepa-
radas, antes do surgimento do símbolo
quase mitológico que são hoje. O docu-
mentário aborda o processo que levou ao
surgimento de clássicos como“Pânico na
Zona Sul” e “Tempos difíceis”, primeiras
gravações da banda recém-formada, na
coletânea“Consciência Black Vol 1”.
Quando ouvi falar de Racionais pela
primeira vez, devia ter 13 anos, e me im-
pressionava quando encontrava pes-
soas que sabiam de cor letras complexas
como a de “Pânico na Zona Sul”. Havia
uma postura, uma forma de declamar,
num lugar diferente daquele a que está-
vamos acostumados, em posição com-
bativa e também de orgulho, algo raro
naqueles tempos para a maioria de nós.
As discussões sobre consciência racial
e orgulho negro circulavam basicamente
dentro do Movimento Negro, formado
por pessoas com acesso ao conhecimen-
to, ainda que esse acesso fosse resultado
de muitas lutas. Elas eram exceções. Mui-
to antes de se dar conta disso, o Racionais
fez com que essas questões chegassem à
juventude muito distante daqueles espa-
ços de discussão. Depois, Brown e Racio-
nais se aliaram àquele movimento.
DISCOS Cada período dessa trajetória é
demarcado pelos seis discos – “Holo-
causto urbano” (1990), “Escolha seu ca-
minho” (1992), “Raio X do Brasil” (1993),
“Sobrevivendo no inferno”(1997),“Nada
como um dia após o outro dia” (2002) e
“Cores e valores” (2014).
Cada fase é habilmente explorada pe-
la diretora, que apresenta o amadureci-
mento dos integrantes tanto no âmbito
pessoal quanto artístico e coletivo, bem
como os avanços e retrocessos da socie-
dade brasileira nestas três décadas.
A história do Racionais se confunde
com a própria história do rap no país.
Portanto, acompanhar o processo de
crescimento do grupo é acompanhar o
nascimento e o amadurecimento desse
gênero, dado o grau de influência dos
discos da banda sobre os MCs. Em maior
ou menor grau, todos tinham e têm o
Racionais como referência.
“Holocausto urbano” e “Escolha seu
caminho”, os dois primeiros, são aponta-
dos por Brown como trabalhos que fica-
ram restritos a um círculo pequeno de
ouvintes. A conexão com a favela e o pú-
blico de forma geral se deu com o tercei-
ro álbum, o“Raio X do Brasil”, em 1993.
De fato. “Homem na estrada”, que
sampleia“Ela partiu”, de Tim Maia, tocava
nas principais FMs, atingindo manos e
playboys. Um vizinho do Beco das Ante-
nas, no Jardim Alvorada, comprou o LP.
Nos reunimos na porta de sua casa, eu e
mais dois amigos, Adriano e Reginaldo,
ouvimos o disco inteiro em silêncio.
Era assim. Ouvir uma obra do Racio-
nais pela primeira vez tinha ares de ce-
rimônia, de ritual, da espiritualidade
que KL Jay menciona ao explicar o efei-
to daquelas músicas sobre as pessoas.
Em “Sobrevivendo no inferno” (1997),
considerado por muitos como o clássi-
co maior da discografia do grupo, falas
e imagens remetem ao país violento,
em convulsão.
“Nada como um dia após outro dia”
(2002) apresenta a periferia esperanço-
sa, com orgulho de si mesma.
O Racionais teceu narrativas que não
se limitaram a reportar sobre o tempo
Banda em
1997, no
encarte
do álbum
“Sobrevivendo
no inferno”
em vivíamos, mas contribuíram para
mudar rumos. Milhões de jovens, apoia-
dos naquelas histórias, literalmente so-
breviveram ao inferno e aprenderam
sobre as próprias cores e valores.
Ter esta história registrada e compar-
tilhada num espaço relevante, como a
gigante do streaming Netflix, represen-
ta uma ruptura, ao eternizar frases, ros-
tos e visões de mundo silenciadas, vio-
lentadas e invisibilizadas desde que o
primeiro navio negreiro aportou no Bra-
sil. Racionais no ar!
* Roger Deff é rapper, mestre em artes pela
Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg)
e jornalista pela PUC Minas
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

2 CULTURA
R E G I N A T E I X E I R A D A C O S TA
Cuidado também é bom

EM DIA COM A PSICANÁLISE companheiro nesta hora de

boatarias e fake news’
>>reginacosta@uai.com.br

Discursos vazios
Nestemomento,todocuidado
épouco.EnãosócomaCOVID-19,
que volta a dar notícias, numa de-
sagradávelvariante.Mesmolevee
sem hospitalização, são muitas as
notícias de pessoas que a contraí-
ram, mas já sem tantos danos, o
que é um pouco menos ruim.
Cuidado também é bom
companheiro nesta hora de
boatarias e fake news. Não pode-
mos mais escutar notícia sem
duvidar da sua veracidade.
Quando a mídia formal noticia,
espera-se que tenham feito an-
tes a conferência e isso torna
mais confiável o fato noticiado.
Mas não quer dizer que haja al-
guma manipulação política.
Qualquer conversa, por mais
que se denuncie o“disse me dis-
se”, convida as pessoas a darem
crédito ao que escutam e, sejam
verdades ou mentiras, tem efei-
tos sobre aquelas pessoas.
Ainda há as campanhas de
difamação e as críticas, de for-
ma que qualquer um que apa-
reça na mídia é escrutinado. Por
exemplo, o preço da blusa da
Janja, a pergunta sobre qual é o
lugar dela, como se houvesse lu-
gar marcado, tipo cada macaco
no seu galho, configurando ma-
liciosidade e desvalorização. Gil-
mar Mendes e Lula comendo
camarão e champanhe. Desafo-
ro, deveriam comer arroz com
feijão! São do PT.
No livro “A ilha do pavor”,
João Ubaldo Ribeiro (in memo-
riam) colocou na boca do indío
Galdino o seguinte argumento:
“Os brancos acham que índio só
gosta de graveto e terra. Não! Os
índios gostam de ‘aramofada’,
de ‘çucar’.”
O ser humano, por mais
sem recurso que seja, aprecia
o que é bom tanto quanto os
que têm posses. Esse tipo de
argumento aponta para o dis-
curso de ódio de classe. Por
exemplo: “o aeroporto virou
rodoviária”; “o que é fino e ca-
ro não deve ir para o bico de
qualquer um”; “Bolsonaro está
deprimido, com certeza pode
estar baqueado. O candidato
perdedor não tem de gostar”...
De fato, não gosta. Mas ficar
fazendo análises supondo de-
pressão, adoecimento ou que
ele está tramando alguma coisa,
só saberemos quando for de fa-
to demonstrado. O que nos in-
teressa este blá-blá-blá especu-
lativo sobre tudo? É puro gozo?
Portanto, convido os opo-
nentes a elevar à dignidade esta
dicotomia, que em nossa socie-
dade beira a violência, quando
falta o respeito pelo diferente.
Seria necessário agora pés no
chão da realidade e menos ima-
ginarização de tudo o que se vê
e ouve, impedindo, assim, criar
e acreditar que sombras na pa-
rede são quimeras.
Lima Barreto, no livro“O tris-
te fim de Policarpo Quaresma”,
o qual recomendo, relata que o
imaginativo e obsessivo patrio-
ta major Policarpo, sob efeito de
emoções, experimenta a doce
embriaguez dos sentidos, que
nos tiram o envoltório material
e ficamos só alma, envolvidos
em branda atmosfera de so-
nhos e quimeras.
Emoções exaltadas em ex-
cesso fazem isto: nos envol-
vem numa atmosfera deliran-
te, que só pode conduzir ao de-
sequilíbrio e à falta de crítica
racional, necessária para a vi-
da comum.

HORÓSCOPO CLAUDIA HOLLANDER SUDOKU

ÁRIES (20 MAR. A 20 ABR.)
Seu planeta Marte e Mercúrio se aliam a Saturno,
fazendo sua mente voar longe. Eles favorecem as
leituras, os estudos e tudo o que amplia sua visão
de mundo e tornam esta fase enriquecedora
mentalmente. Dica: ir ao cinema, ao teatro e
usufruir das atividades intelectuais são ótimas
pedidas durante estes dias.
LEÃO (22 JUL. A 22 AGO.)
Você está sob o efeito dos excelentes aspectos que
unem Marte e Mercúrio a Saturno, que está no
signo oposto ao seu. Desse modo, tende a se
mostrar mais paciente, capaz de ouvir e entender
as outras pessoas. Dica: graças a estes planetas,
você está em condições de concretizar seus planos
com maior objetividade.
SAGITÁRIO (22 NOV. A 21 DEZ.) Para jogar basta
Mercúrio está em seu signo e Saturno vibra de completar cada linha,
forma positiva, por isso a fase é de intensa coluna e quadrado 3 x 3
energização para você. Isso lhe permite introduzir
mudanças e inovações em sua vida de modo com números de 1 a 9.
bastante objetivo e responsável. Aproveite para se Não há nenhum tipo de
desligar de vez de antigos condicionamentos. matemática envolvida.
Dica: Vênus facilita sua vida sentimental.

TOURO (21 ABR. A 20 MAI.)
Saturno dinamiza sua vida profissional, estimula
seu lado batalhador e lhe torna uma pessoa muito
mais responsável e participante em relação ao que
se passa no ambiente de trabalho. Você está em
condições de entender a necessidade de se
estruturar solidamente. Dica: cultive e amplie as
relações de amizade.
VIRGEM (23 AGO. A 22 SET.)
Marte acentua seu lado ambicioso, desejoso de
progredir, tornando este período excelente para
todas as iniciativas no sentido de realizar projetos.
Você pode se sair hiperbem no serviço. Dica: não se
descuide de suas necessidades íntimas e
espirituais. Lembre-se de que “nem só de pão vive
o homem”.
CAPRICÓRNIO (22 DEZ. A 20 JAN.) SOLUÇÃO ANTERIOR
Seu planeta Saturno, Marte e Mercúrio estimulam
seu lado esforçado e lhe tornam capaz de se
concentrar plenamente em suas atividades e nas
questões práticas de modo geral. Você anda com
boa cabeça para os negócios e finanças. Dica: curta
os momentos de interiorização e as horas a sós
com quem você ama.

GÊMEOS (21 MAI. A 20 JUN.)
Nesta semana, Saturno recebe as ótimas vibrações
de Marte e de seu regente Mercúrio. Isso lhe enche
de disposição para impulsionar seus projetos
e ampliar horizontes. Você anda mais vital e
pode se sair bem em suas atividades.
Dica: Saturno lhe torna mais estável e consequente
no terreno sentimental.
LIBRA (23 SET. A 22 OUT.)
Os planetas Marte, Mercúrio e Saturno andam
estimulando seu lado mais vital e entusiasmado e
lhe transmitem dose extra de disposição para tudo.
Eles facilitam os assuntos pessoais e amorosos. A
Lua facilita questões relativas aos amigos e torna
você ainda mais eficiente. Dica: os passeios e
viagens estão beneficiados.
AQUÁRIO (21 JAN. A 19 FEV.)
Amigos e pessoas influentes podem ser de grande
valia durante estes dias. Para que eles possam lhe
ajudar, é essencial que você se abra e exponha
suas necessidades. Você tende a se sair
particularmente bem em tudo o que exige espírito www.cruzadas.net
de equipe e capacidade de cooperação. Dica: viajar
tende a ser gratificante.

CÂNCER (21 JUN. A 21 JUL.)

O planeta Saturno anuncia fase bastante favorável
às mudanças, durante a qual você pode romper
bem mais facilmente com tudo o que já era e se
abrir a novas vivências. Sua capacidade de sacudir
a poeira e dar a volta por cima está em alta.
Dica: você anda muito mais perspicaz em sua
visão de mundo.
ESCORPIÃO (23 OUT. A 21 NOV.)
Graças ao bom aspecto de Mercúrio e Marte com
Saturno, você está em condições de atuar de modo
mais firme e confiante, inclusive no ambiente de
trabalho. Sua capacidade de realizar está em alta e
você pode demonstrar seu valor. Dica: no amor,
você anda mais quente, capaz de expressar
plenamente o que sente.
PEIXES (20 FEV. A 20 MAR.)
O fato de Marte e Mercúrio se harmonizarem com
CRUZADAS
Saturno, que está em seu setor espiritual, assinala
dias excelentes para você se isolar, meditar e
concentrar o pensamento em coisas boas e
construtivas. Suas imagens mentais tendem a se
realizar. Dica: sua capacidade de empatia está em
alta e você pode entender os outros.

DA D S Q UA R I S I

DICAS DE PORTUGUÊS
>>dadsquarisi.df@dabr.com.br >>BLOG DA DAD: www.correiobraziliense.com.br

O time da língua
O assunto é um só. Copa pra lá, Co-
pa pra cá. Apostas não faltam. Nem co-
leção de figurinhas do evento. E o ti-
me? Muitos acham que a equipe pode
trazer a taça. Outros duvidam. Mas, co-
mo a esperança é a última que morre,
não arrefecem. Torcem. A língua lhes
dá senhora ajuda porque põe o dedo
na ferida. O xis da vitória: a coesão.
Texto e equipe
Imagine a situação. Com carta bran-
ca, Tite forma o time com os melhores
jogadores do mundo. Todos do nível
de Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar.
Confiante no talento individual, põe a
equipe em campo antes de definir a
posição e a movimentação de cada um
pra atingir o objetivo. Qual? O gol, cla-
ro. Sem plano que as oriente, as criatu-
ras não formam conjunto. E, claro, não
se entendem. Correm sem rumo, chu-
tam a esmo, estranham a bola. São
11 Pelés transformados em 11 patetas.
O resultado? Fiasco nota 10.
A imagem vale para a redação. Belas
ideias, belas palavras e belas frases não
resultam necessariamente em bom
texto. Pra chegar à unidade de composi-
ção, elas precisam se articular – entro-
sar-se com clareza, harmonia e coerên-
cia. Em bom português: as palavras têm
de conversar pra formar períodos. Os
períodos têm de conversar pra formar
parágrafos. Os parágrafos têm de con-
versar pra formar o texto. O bate-papo
tem nome. Chama-se coesão textual.
Coesão
“Socoooooooooooooooooooorro!”,
gritam os concurseiros de Europa,
RECADO
“Tudo certo como dois
e dois são cinco.”
■ Caetano Veloso
França e Bahia. O motivo: perdem
pontos a rodo num tal item chamado
coesão. Eles procuram o assunto nas
gramáticas. Não encontram. Celsos Cu-
nhas, Becharas, Cegallas não dedicam
nenhum capítulo ao tema. Por quê?
A razão é simples. Coesão está pre-
sente na morfologia, na sintaxe, nas fi-
guras de linguagem. Ao estudar subs-
tantivos, verbos, pronomes, conjun-
ções, preposições, coordenação, subor-
dinação, etc. e tal, indiretamente estu-
damos coesão. Eles oferecem recursos
pra ligar palavras, ligar períodos, ligar
parágrafos. Em suma: juntar partes
soltas em unidades coerentes.
Quer ver?
Anel e ouro são duas palavras que
não se conhecem nem de elevador.
Mas formam unidade com a ajuda da
preposição de: anel de ouro.
Cozinho, estamos sem emprega-
da. Que relação existe entre enuncia-
dos assim independentes? A conjun-
ção se encarrega de pôr os pontos
nos ii. Ela pode indicar causa (cozi-
nho porque estamos sem emprega-
da). Pode indicar tempo (cozinho
quando estamos sem empregada).
Pode indicar duração (cozinho en-
quanto estamos sem empregada).
Pode indicar condição (cozinho se es-
tamos sem empregada).
Mais
Pronomes exercem duplo papel.
Além de auxiliar a coesão, contribuem
para a elegância. Como? Evitam repe-
tições. Veja:
Rafael e João Marcelo são irmãos. Este
estuda medicina; aquele, direito. (Este
substitui João Marcelo; aquele, Rafael.)
Neymar foi pra França há anos. Ele
e a família se mudaram para Paris.
Repetição
Nem toda repetição é má. A estilísti-
ca dá liga e charme ao texto. É o caso
deste trecho:
A cultura do desperdício tem de ser
desmontadapordentro.Éprecisoqueos
brasileirosnãojoguemforarestosdeco-
midaaproveitáveisnemdeixemaslâm-
padas acesas quando saem de um apo-
sento.Éprecisoqueoslivrosescolaresse-
jamaproveitadospelosirmãosmenores.
É preciso não destruir os bens públicos.
É preciso, enfim, martelar insistente-
mente na necessidade de poupar.
Viu? A repetição de “é preciso” não
decorre de pobreza vocabular. O autor
escolheu o recurso para enfatizar a ne-
cessidade de poupar. A locução intro-
duz cada exemplo. O resultado é um
só: deixa gravada a mensagem na ca-
beça do leitor. Oba!
Leitor pergunta
Pirata, na função de adjetivo, se
flexiona?
■ Marcelo Santos, Viamão
Sim. No papel de adjetivo, pirata
tem duas marcas. Uma: escreve-se sem
hífen, A outra: flexiona-se no plural: rá-
dio pirata, rádios piratas.
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CULTURA 3
❚ DISCO
“Alto da Maravilha”, com 12 faixas, traz o encontro de Antonio Carlos & Jocafi com Russo
Passapusso, duas gerações emblemáticas da música da Bahia. Gilberto Gil é convidado deles

AUGUSTO PIO
Afrofunk, afrobeat e afrofuturis-
mo dão o tom – ou os tons – ao disco
“Alto da Maravilha”, projeto de Russo
Passapusso, cantor e compositor do
grupo BaianaSystem, com a dupla
Antonio Carlos e Jocafi, que estourou
nos anos 1970 com “Você abusou”,
“Mudei de ideia” e “Desacato”, entre
outros sambas.
Os ritmos africanos presentes nas
canções da dupla veterana, que despon-
tou nos festivais da canção sessentistas,
sempre encantaram Russo, de 39 anos,
fã dos dois desde garoto. O novo álbum,
com 12 faixas, é a concretização de um
velho sonho dele.
GERAÇÕES A parceria destas duas gera-
ções da música de Salvador vem desde
2019, quando a dupla participou do dis-
co “O futuro não demora”, do Baia-
naSystem. Antonio Carlos e Jocafi são
coautores e intérpretes de“Água”e“Sal-
ve”. Em 2020, veio o single “Miçanga”.
Antonio Carlos conta que tudo co-
meçou quando ele e Jocafi fizeram
um show no Teatro Rubi, em Salvador.
“Fomos a uma televisão dar entrevis-
ta para a jornalista e apresentadora
Pamela Lucciola, mulher de Russo.
Não o conhecíamos pessoalmente,
embora já tivéssemos ouvido falar
muito dele e do BaianaSystem. Russo
chegou ao estúdio levando nossos dis-
cos para que pudéssemos autografá-
los”, relembra o cantor.
Em meio ao bate-papo sobre músi-
ca, Antonio Carlos e Jocafi convidaram
o fã para uma participação no show.
Russo cantou“Glorioso Santo Antônio”
e a amizade nasceu ali. Depois, a dupla
participou do lançamento de “Paraíso
da miragem” disco solo do amigo. Na
Concha Acústica de Salvador, ficaram
conhecendo os produtores Curumin, Zé
Nigro e Lucas, parceiros paulistas do an-
fitrião. “Começamos a compor juntos”,
diz Antonio Carlos.
Vieram a COVID-19 e o isolamento
social, o que acabou ajudando o trio.
As 12 faixas de “Alto da Maravilha” fo-
ram gravadas a distância. “Por incrível
que pareça, ela (pandemia) deu força
à nossa parceria. Começamos a fazer
músicas uma atrás da outra, hoje te-
mos canções para mais um disco. O
Conjunção
BAIANA
Jocafi, Russo Passapusso e Antonio Carlos formam a “dupla de três” da música brasileira
próximo se chamará ‘Dupla de três’”,
conta ele.
Ao comentar o repertório do novo
álbum, Antonio Carlos diz que “Alabá”
tem a cara da dupla. “‘Pitanga’ é uma
das mais bonitas;‘Vapor de Cachoeira’a
gente fez brincando, o Curumin fez a le-
tra. ‘Forrobodó’ é mais a dupla, mais
Nordeste, gostosa de ouvir e dançar. Já
‘Tapa’ é crítica social, bem emblemáti-
ca. ‘Ponta pólen’, coisa linda, cresceu
bastante na mixagem e foi feita com
Curumin”, afirma.
De acordo com o compositor e can-
tor,“Truque”é reflexo do desejo de Rus-
so Passapusso de resgatar elementos
do passado de Antonio Carlos e Jocafi.
“Tem o sample de 'Diacho de dor', gra-
vada por Maria Creuza em 1974”, co-
menta. “‘Olhar pidão’ é mais de Russo e
ganhou a participação da Karina Buhr,
intérprete fantástica. Já ‘Catendê” é a
FILIPE CARTAXO/DIVULGAÇÃO
mãe de ‘Você abusou’, ‘Desacato’ e ‘Mu-
dei de ideia’. No início, são os acordes
puros. Ouve-se um violão tocando os
acordes que transformaram o samba
no que ele é.”
O baiano define “Alto da Maravilha”
como um sonho triplo.“Russo é uma fi-
gura muito especial para a gente.
Quando chega a uma certa idade, o
músico precisa de um incentivo a mais
para compor, para criar. Graças a Deus,
nossa cabeça está muito boa. Aí juntou
a nossa dupla, Russo e mais a Márcia
Melchior. Isso fez com que a gente vol-
tasse a ter vontade de compor. Agora
vamos em frente”, diz ele.
A produtora Márcia Melchior é mu-
lher de Antonio Carlos. Com ajuda dela,
o trio conseguiu compor a distância du-
rante o confinamento social.“Russo pe-
gava o pedaço dele na Bahia e mandava
para o celular dela. Então, pegávamos
um gravador, ligávamos no celular, pre-
parávamos a música, no Rio, e devolvía-
mos para o celular, que mandava de
volta para o Russo. Assim nasceu‘Caixa
de Pandora’a primeira música que fize-
mos juntos.”
GIL “Alto da Maravilha” (Natura Musi-
cal/Máquina de Louco) traz um convi-
dado especial: Gilberto Gil em “Mirê
mirê”, single lançado em agosto. Kari-
na Buhr canta “Olhar pidão” e o per-
cussionista mineiro Djalma Corrêa é
outro convidado.
O nome do álbum se refere a um
quilombo na cidade de Senhor do Bon-
fim, no interior da Bahia, onde Russo
Passapusso passou a infância. Curumin,
Zé Nigro e Lucas Martins assinam a pro-
dução. A capa é de Ricardo Fernandes,
com ilustração de Mauricio Fahd e dire-
ção de arte de Filipe Cartaxo.
RICARDO FERNANDES/MAURICIO FAHD
“ALTO DA MARAVILHA”
● Disco de Antonio Carlos & Jocafi e Russo
Passapusso
● Natura Musical/Máquina de Louco
● 12 faixas
● Disponível nas plataformas digitais

HELVÉCIO CARLOS/EM/D.A PRESS

Claro que o cachorro curtia tantos mimos.

H E LV É C I O C A R LO S
>>helveciofigueiredo.mg@diariosassociados.com.br
BUONA TAVOLA!
ADEUS A EDMUNDO
As manhãs de domingo, no período de
pouco mais de meia hora na correria enquanto
me preparava para voltar a Sete Lagoas, eram
sempre marcadas por encontros com Edmundo
Lanna. Ele chegando para abrir o Buona Tavola!,
eu, na entrada do prédio onde moro, esperando
minha carona. Edmundo, sempre com
gentileza e bom humor, ao me avistar ou
cumprimentava de longe ou, com tempo,
aproximava-se sempre para um dedo de prosa.
Nunca deixou de perguntar sobre minha
mãe, que ele não conhecia, mas sabia de toda a
minha preocupação e o cuidado que tive para
evitar que a COVID chegasse até ela. Os
encontros durante a semana também rendiam
papos rápidos, mas sempre agradáveis.
Edmundo conhecia muita gente e sempre tinha
uma boa história para contar. Eu, cronista
diário da sociedade, ouvia com atenção. Afinal,
era um pouco da história de uma Belo
Horizonte que vai ficando na memória.
Sempre encontrava Edmundo com o Jonny,
collie que se fazia de bravo até que começassem
a brincar com ele. Edmundo tratava Jonny
como filho, levando-o ao pet shop, aos passeios.
Jonny e Edmundo eram inseparáveis. Foi num
domingo que encontrei Edmundo pela última
vez, conversamos rapidinho. No meio da
semana, vi que havia reunião de Edmundo com
os funcionários no restaurante. E, no dia
seguinte, um banner avisava que a casa estaria
fechada e voltaria um mês depois. Para mim,
eram férias.
O que não sabia era que aquele seria o meu
último encontro com Edmundo, que morreu
no final de outubro. Para minha tristeza, só
fiquei sabendo depois da missa de sétimo dia.
O trecho da Alagoas onde ficava o Buona
Tavola! perdeu o movimento das noites,
quando os amigos de Edmundo sempre
estavam por lá. Muito mais que apenas
para tomar umas e outras, mas para
prestigiar o amigo.
E são os amigos de Edmundo que lembram,
com saudade, a importância dele para cada um.
"Foi-se um aglutinador, amigo de uma vida
toda", resumiu Lincoln Sabino. "Edmundinho
reunia os amigos no seu quartel-general, o
restaurante Buona Tavola!, junto com seu
escudeiro Jonny. Claudia, seu irmão, irmãs e
amigos jogam preces para intensificar sua luz
na eternidade."
Para Sérgio Gustavo Bias Fortes Pereira da
Silva, o Didi, como a maioria dos amigos e
amigas o chamavam, era "um cara de grandes
amizades, querido, agregador e sempre
disposto a orientar todos que o procuravam".
Ele conta que “a amizade veio da infância, dos
tempos do Instituto Santa Helena, além de ser
filho de uma família muito amiga".
Para Aristóteles Drummond, ex-presidente
do Conselho Fiscal da Cemig, Edmundo era um
amigo encantador. "Foi uma amizade de mais
de 40 anos. Devo a ele o convívio com amigos
no Buona Távola!, no final de tarde, e com os
bolinhos de feijão. Nas comemorações do meu
aniversário, sempre trazia bolinho de feijão."
“Com sua memória excepcional e sempre
atento a detalhes, repassou histórias e
momentos que deveriam e mereciam ter sido
escritas. Quem de nós não ligou para ele para
tirar uma dúvida, saber de um lugar
Restaurante Buona Tavola!, na Rua Alagoas, perdeu o movimento das noites, interessante ou até mesmo um acontecimento
quando os amigos de Edmundo Lanna sempre estavam por lá desta nossa BH?”, recorda Julinho Pinto Coelho.
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4 CULTURA

❚ MÚSICA
Renato Teixeira e Oswaldo Montenegro voltam a BH com o show que celebra a amizade, a
retomada do contato com o público e a importância da música “do Brasil que vale a pena”
GUILHERME LEITE/DIVULGAÇÃO

Tocando em frente

Turnê “A emoção de
um encontro”, reúne a
dupla “Husky e
Siberiano”, como
Renato Teixeira e
Oswaldo Montenegro
se autoapelidaram

“Oswaldo tem DANIEL BARBOSA do agradou muito, o show é bo- “Minha música, além de juve- a gente tem que carregar com “Ela (a música de

M
nito e foi muito bem recebido nil, era muito ruim, e sempre fui muito cuidado, e mostrar para

“
domínio sobre a ais do que
o encon-
dinâmica de tro de dois
espetáculo, é artistas, é
o encon-
afeito a isso, já tro de dois
dirigiu muitas fãs dos trabalhos um do outro”–
assim Oswaldo Montenegro de-
montagens fine o show em que divide o pal-
co com Renato Teixeira. O espe-
cênicas. Então, o táculo que reúne os “baladistas
resultado agradou brasileiros”, nas palavras de Tei-
xeira, volta a Belo Horizonte,
muito, o show é após a primeira passagem, em
2019, em única apresentação no
muito bonito e foi Grande Teatro do Palácio das Ar-
muito bem tes, neste domingo (27/11).
Acompanhados por banda,
recebido por onde eles executam músicas em due-
to e individualmente, dando voz
passou” às próprias canções e às do par-
ceiro. O repertório do show “A
emoção de um encontro” inclui
“Acompanhei de “Bandolins”, “Tocando em fren-
perto a carreira de te”, “A lista”, “Amanheceu, peguei
a viola”, “Lua e flor” e “Romaria”,
Oswaldo, vi seu entre outros sucessos.
“Um falou as músicas de que
crescimento e sua mais gostava do outro e a gente
afirmação como botou ali”, diz Montenegro, sobre
a seleção do roteiro musical. Os
um artista dois são amigos há muitos anos
e sempre nutriram o desejo de
importante. fazer algo juntos. O estopim para
Sempre torcendo que o projeto da apresentação
conjunta se concretizasse foi a
muito, porque ele composição de sua autoria dedi-
cada ao companheiro, batizada,
é uma pessoa sem rodeios ou filigranas poéti-
maravilhosa, um cas, como “Pro Renato Teixeira”.
amigo CAIPIRA “Gravamos a música
queridíssimo por juntos, com um clipe que bota-
mos na internet. A gente achou
quem tenho muito muito simpático o resultado,
aqueles dois de cabelo branco,
respeito” parecendo dupla caipira, que a
gente batizou de Husky e Sibe-
riano. Achamos que finalmente
“Acho possível tinha chegado a hora”, diz Oswal-
do Montenegro, ao comentar o
regenerar a embrião do espetáculo. Ele não
qualidade da poupa elogios ao colega: “Além
de grande poeta, o Renato é uma
música feita no pessoa muito fácil de lidar, dono
de sabedoria rara.”
Brasil, que já foi, A afinidade da dupla e a ad-
como estou miração mútua ficam evidentes
quando um fala a respeito do
dizendo, muito trabalho do outro. Renato Teixei-
boa, exemplar, e ra credita grande parte do suces-
so do show à experiência do par-
não merece ficar ceiro na direção de espetáculos
teatrais e musicais.
presa a dois ou “Oswaldo tem domínio sobre
três acordes que a dinâmica de espetáculo, é afei-
to a isso, já dirigiu muitas mon-
só servem ao tagens cênicas. Então, o resulta-
mercado”
Show de Oswaldo Montenegro e Renato Teixeira. Neste domingo (27/11), às 20h, no Grande Teatro do Palácio
■ Renato Teixeira,
cantor e compositor
por onde passou”, aponta.
INGREDIENTE AFETIVO Ciente
do talento do amigo, Renato pre-
feriu delegar a ele a condução do
que acontece no palco. “Falei:
‘Monta o show, cuida de tudo’. A
única coisa que botei foi o nome,
‘A emoção do encontro’, porque
tem um ingrediente afetivo
grande nisso aí. Oswaldo é um
grande diretor de teatro, então
montou o show todinho. Quan-
to mais a gente se apresenta,
mais vejo o quanto tudo foi acer-
tado. Compreendo muito a cabe-
ça dele, e ele a minha”, revela.
“A emoção de um encontro”
estreou em fevereiro de 2019, no
Rio de Janeiro. Rodou o país, hi-
bernou a partir da chegada da
pandemia e a turnê foi retoma-
da em março deste ano, em Per-
nambuco. Montenegro se diz es-
pecialmente feliz de poder vol-
tar a circular com o amigo de-
pois do longo período sem con-
tato presencial com o público
“A estrada ganhou um sabor
melhorainda.Passeiavidainteira
na estrada, então esse hiato de
doisanosfoiperigoso,foigrave,foi
doloroso para mim. Voltar a fazer
shows é recuperar o oxigênio”,
afirma Oswaldo Montenegro.
Nesse percurso, pouca coisa
mudou na estrutura e no roteiro
do espetáculo. Na maior parte do
tempo, eles cantam em dupla.
Há breves momentos solo
de um e de outro, interpretan-
do as próprias composições.
Apenas nessa parte alguma
música é, eventualmente, subs-
tituída por outra. “O repertório
que fazemos juntos, 90% do
show, esse permanece o mes-
mo”, diz Oswaldo Montenegro.
“Agora, o que muda é o papo
que a gente tem com o público,
isso muda sempre. A gente con-
versa muito com quem está ali.
Em cada apresentação, a prosa
pode ir para um lado diferente. É
show ao vivo, no sentido estrito
da palavra, com grande intera-
ção entre palco e plateia.”
FIC O primeiro encontro entre
os dois artistas remonta ao início
dos anos 1970, quando eles par-
ticiparam do Festival Internacio-
nal da Canção (FIC), promovido
pela Rede Globo. Montenegro ti-
nha 15 anos, conseguiu classifi-
car sua música e partiu de Brasí-
lia para o Rio de Janeiro, a fim de
participar do evento.
“A EMOÇÃO DE UM ENCONTRO”
das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Plateia 1: R$ 240 (inteira) e R$ 120 (meia-entrada).
Plateia 2: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia). Plateia superior: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia).
Ingressos à venda na bilheteria e na plataforma Eventim. Informações: (31) 3236-7400.
muito tímido socialmente. Então,
fui para o festival e fiquei diante
de todas aquelas feras, que só co-
nhecia por capa de disco. Não
conseguia chegar perto de nin-
guém, e ninguém me dava bola,
porque eu era só um garoto ali,
encostado na parede. Renato foi a
única pessoa daquela multidão
que me tratou com muito cari-
nho, perguntou se estava bem, do
que eu precisava”, relembra.
A partir daquele momento,
Oswaldo decidiu ser amigo da-
quela figura já consagrada que o
amparou – “profecia”, conforme
diz, que se concretizou algum
tempo depois.
MENINO Teixeira, por sua vez,
conta que ao perceber “aquele
menino” ali, meio isolado, num
festival competitivo que reunia
nomes como Fagner, Hermeto
Pascoal e Mutantes, foi conver-
sar com ele.
“A partir dali, acompanhei de
perto a carreira de Oswaldo, vi seu
crescimento e sua afirmação co-
mo um artista importante. Sem-
pre torcendo muito, porque ele é
uma pessoa maravilhosa, um
amigo queridíssimo por quem
tenho muito respeito”, relata.
Ao comentar o que mais o ca-
tiva na obra do artista que viu
despontar, Teixeira diz apenas
que é “o todo, a maneira como
ele trabalha a música”. É tam-
bém de maneira um tanto gené-
rica que fala a respeito do que
considera pontos de contato en-
tre sua obra e a do companheiro
de palco.
Alémdofatodeserem“doisba-
ladistasbrasileiros”,Teixeiraressal-
ta que as origens ligadas à MPB
formatada a partir dos anos 1960
e à música regional os aproxima.
“São convergências que unem
todos os compositores. Costumo
dizer que existe um único com-
positor fracionado em muitos,
cada um fazendo um pedacinho
da grande música. Toda a geração
surgida a partir das décadas de
1960 e 1970 trabalha mais ou me-
nos com os mesmos códigos”, diz.
Montenegro, por sua vez, é
mais preciso (e poético) ao des-
crever o que a música de Renato
Teixeira representa. “Ela remete
ao Brasil que vale a pena, ao Bra-
sil do qual a gente se orgulha, ao
Brasil profundo, ao Brasil que é
sofisticado sem ser complicado,
ao Brasil que é simples sem ser
vulgar. É uma gema de ouro que
todo mundo: Olha que bonito Renato Teixeira)
que o Brasil pode ser”.
remete ao Brasil
MOMENTO SOLO Além da turnê que vale a pena,
“A emoção de um encontro”,
Oswaldo Montenegro tem circu- ao Brasil do qual
lado, a partir da flexibilização a gente se
das medidas restritivas de com-
bate à pandemia, com seu pró- orgulha, ao Brasil
prio espetáculo, “Lembrei de
nós”, com datas em mais de 150 profundo, ao
cidades, segundo ele. Brasil que é
“Também estou criando
muito conteúdo audiovisual sofisticado
para os meus canais, YouTube,
Instagram e Facebook, lançan- sem ser
do uma canção nova a cada complicado, ao
dois meses”, pontua.
Já Renato Teixeira pretende Brasil que é
estabelecer cada vez mais parce-
rias para incrementar sua pro-
simples sem
dução. Diz que nos últimos tem- ser vulgar”
pos criou temas a quatro mãos
com Antônio Adolfo, Fagner e
Toquinho, entre outros, por acre- “Ninguém me
ditar que diálogos assim podem
redimensionar e arejar a música dava bola, porque
popular brasileira no século 21.
“Minha ideia é que essa pro- eu era só um
dução seja distribuída para o garoto ali,
maior número de cantores pos-
sível, no intuito de trazer um encostado na
pouco daquele ambiente musi-
cal de parceria e coletividade que parede. Renato
gerou a MPB como a conhece- foi a única
mos hoje. Não existe isso de eu
daqui e você de lá. O regionalis- pessoa daquela
mo já passou, é um departa-
mento do nacional, e é o nacio-
multidão que
nal que precisa soar”, ressalta. me tratou com
MONOCULTURA Renato explica muito carinho,
que seu desejo é a integração, perguntou se
com vistas à diversificação cada
vez maior, em oposição a mono- estava bem,
culturas que regem a indústria
musical. Ele conta que vem se do que eu
guiando por questões como “o precisava”
que oferecer ao público” ou
“quais respostas esperar”.
“Trata-se de equacionar tudo
isso e se projetar através dessas
perguntas, para que a música “Passei a vida
brasileira não fique como está,
estagnada no corner”, diz. inteira na
O compositor defende o “cho-
que de ativação” para reorganizar
estrada, então
a música popular brasileira. esse hiato de dois
“Ao longo das últimas décadas,
nosso cancioneiro chegou a um anos foi perigoso,
nível muito difícil de ser atingido foi grave, foi
novamente.Mas,comesseconcei-
to,achopossívelregeneraraquali- doloroso para
dadedamúsicafeitanoBrasil,que
já foi, como estou dizendo, muito mim. Voltar a
boa, exemplar, e não merece ficar fazer shows é
presaadoisoutrêsacordesquesó
servem ao mercado”, diz. recuperar o
oxigênio”
■ Oswaldo Montenegro,
cantor e compositor
 TV
VICTOR POLLAK/GLOBO

JOÃO MIGUEL JÚNIOR/GLOBO

TORTA NA O BRILHO
CARA? DE SOL

Hariany Almeida, Sheron Menezzes

ex-BBB, participa protagoniza “Vai
do jogo “Passa e na fé”, a nova
repassa”, no novela das 19h da
“Domingo legal”, Globo, prevista
atração do para estrear
SBT/Alterosa em janeiro

Página 4 Página 4

ESTADO DE MINAS ● DOMI NGO, 27 DE NOVEMBRO DE 2022 ● E - M A I L : tv.em@uai.com.br ● TE L E FO N E : (31) 3263-5279

PAULO BELOTE/GLOBO

Alessandra
Negrini adora
interpretar
Guida, de
“Travessia”.
Para a atriz,
personagem
foge de
estereótipos
dos papéis que
já fez na Globo
PÁGINA 3

DIFERENTE...
DIVERTIDA!
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2 TV

Resumo das novelas Os resumos dos capítulos são fornecidos pelas emissoras e estão sujeitos a mudanças, conforme o processo de edição das novelas.

MAR DO SERTÃO CARA E CORAGEM POLIANA MOÇA TRAVESSIA

GLOBO - 18H20 GLOBO - 19H30 SBT/ALTEROSA - 2OH30 GLOBO - 21H40

Candoca e Firmino conseguem fazer com que Joel e Clarice revela aos sócios da Coragem.com que iria se Não matriculado, Luc1 (Pinóquio) anda pela escola Moretti acusa Oto de ter traído sua confiança. Rudá
S E G U N DA

Catão se afastem de Eudoro. Eudoro convida Candoca
para trabalhar em seu jornal. Deodora surpreende
Sabá no quarto do Coronel. Tertulinho sente ciúme
de Márcio com Laura. Labibe encomenda seu vestido
de casamento com Tereza. Márcio e Laura
fingem apoiar José.
encontrar com Danilo na noite de seu atentado. Rebeca
pede o divórcio a Danilo. Moa se lembra de quando
entregou a fórmula para os compradores e vibra com Pat,
que se entristece por ele não se lembrar de que eles eram
um casal. Fernanda aceita sair com Paulo.
participando das aulas. Como o androide tem
muitas informações em sua memória, ele acaba
se destacando mais que outros alunos. Sérgio
diz para Joana que eles estão vivendo
espionagem empresarial e que a demissão
do Jefferson foi arquitetada.
avisa a Guida que só voltará para casa se Moretti não
estiver mais lá. Laís diz a Helô que está assustada e que
sente que algo aconteceu com Stenio. Moretti diz a
Guida que Oto tem sua vida nas mãos. Ari está com
Chiara e vê Brisa e Oto andando na rua de mãos dadas.

Candoca e Labibe reatam a amizade. Padre Zezo ajuda Danilo avisa a Regina e Leonardo que Alexei quer dar um Tânia dá um abraço forçado em Poliana. A jovem tenta Brisa prefere ir embora para evitar Ari e Chiara. Chiara
Timbó a aceitar a exumação do corpo de seu pai de suas presente para eles. Sossô reclama com Pat da ida de fugir dos braços da vilã, mas acaba sendo sequestrada. sente que Ari ficou tocado ao ver Brisa. Laís diz a Olivia
TERÇA

terras. Orientado por Tertulinho, Márcio inventa para Olívia para a casa de Alfredo. Moa conversa com Rebeca Com o pé machucado, João não consegue ir atrás do carro que Stenio foi sequestrado. Helô avisa a Laís que a polícia
Vespertino que José ordenou o interrompimento de sua sobre o passado. Moa fica confuso com os seus em que Poliana foi apreendida. Otto acalma Luísa com o espanhola está a caminho do cativeiro onde estão Stenio
defesa. Sabá e Nivalda acessam o celular do Coronel. sentimentos. Jonathan decide ir embora da cidade. vídeo, mas logo recebe ligação de João comunicando o e o cliente. Guida esconde a arma de Moretti. Helô fica
Quintilha demite Xaviera. José visita o Coronel. Rômulo se encanta por Pat. rapto de Poliana. Tânia leva Poliana para o cativeiro. paralisada ao ver Stenio.

José confessa ao Coronel que não consegue desgostar Pat sente-se mal ao ver a foto de uma cidade no Otto vai até o quarto de Poliana e chora ao lembrar da Monteiro diz a Stenio que foi Helô quem resolveu tudo.
Q U A R TA

dele. Candoca, Labibe e Lorena defendem o jornal de
Eudoro diante de Deodora e Pajeú. Xaviera lamenta sua
situação. Sem se deixar ser visto, o Coronel aprecia uma
foto de José e Tertulinho juntos quando pequenos.
Candoca pressiona José sobre seu ódio pelos Tertúlios.
exterior destruída, e Moa se preocupa com ela. Danilo
fica curioso para saber o que Alexei quer fazer no
Brasil. Regina organiza um jantar para Alexei. Olívia
pensa em ter um filho de Alfredo. Moa fica
incomodado com o jeito como Rômulo trata Pat.
filha. No cativeiro, Poliana reza e implora por sua vida.
Tânia liga para Otto e pede meio milhão em
criptomoedas não rastreáveis. A polícia afirma que está
monitorando as ligações de Tânia e pede para Luísa e
Otto mantê-la por mais tempo no telefone.
Stenio diz a Helô que teve medo de nunca mais vê-la.
Moretti fica furioso ao ver Oto no escritório de Laís e
ameaça o funcionário, deixando a sócia de Stenio
preocupada, sem entender o que se passa entre os dois.
Oto apresenta Brisa a Laís.

Laura proíbe Márcio de agir contra José. Timbó briga com Alexei decide se hospedar na casa de Leonardo e Regina. André termina com Celeste. Helena ajuda o pai a espalhar Stenio convence Helô a dormir na cama com ele. Joel se
Firmino por conta da exumação de seu pai. José e Timbó Clarice confronta Anita. Moa fica com ciúmes de Rômulo e incomoda com o sucesso de Haroldo. Monteiro comenta
Q U I N TA

panfletos pela comunidade. O capanga Dinaldinho, que

consolam um ao outro. Márcio tenta seduzir Xaviera. Cira teme perder Pat. Danilo fica tenso ao saber que Duarte ficou encantado por Poliana, afirma à menina que vai com Laís que Theo não se enturma com ninguém.
faz um feitiço para Márcio. Pajeú observa Deodora se desmentiu o seu depoimento. Moa confessa a Armandinho fugir com a família e deixa a porta do cativeiro aberta Karine repara que Joel está com ciúmes de Haroldo.
banhar no açude. Laura conta a José que é a nova que mentiu para Pat, sem perceber que ela estava propositalmente. Tânia pega Poliana no flagra e arrasta Juliana avisa a Brisa que o juiz concedeu o pernoite com
CEO da empresa. ouvindo a conversa. ela de volta à sua cela. Tonho. Guerra diz a Cidália que ajudará a mãe de Tonho.

José acredita que Laura continua a seu lado. Os oficiais Armandinho pede para Pat ouvir a explicação de Moa. Pinóquio tenta rastrear Roger. Disfarçado, Otto vai atrás de Cidália critica Guerra. Dante se recusa a ler o livro que
da Justiça iniciam a exumação do corpo do pai de Danilo garante a Marcela que Duarte mentiu em seu Roger. Tânia pede mais dinheiro pelo fato de Poliana tentar Ari escreverá sobre a construtora Guerra. Creusa escuta
S E X TA

Timbó. Deodora se acidenta, Pajeú a salva e os dois depoimento. Teca revela para Rebeca a farsa sobre escapar. Tânia diz que vai deixar Poliana falar com o pai Moretti falar em pistoleiro para Stenio e conta para
acabam se beijando. Márcio se encanta por Cira, que Bob Wright. Rebeca pergunta a Duarte sobre a morte de pelo telefone, mas repassa algumas regras. Através do Helô. Oto resolve sair para deixar Brisa com Tonho
comemora o sucesso do feitiço. Laura anuncia a José Baby. Ítalo se preocupa ao ver Clarice vestida com o rastreador introduzido no bolso de Roger, Pinóquio acha sozinha. Moretti agride Oto. Tonho chega à casa de
que a empresa pediu que ele deixasse sua casa. terninho laranja. uma suposta localização de Poliana. Brisa com Dina.

José desconfia de Laura. Candoca abriga José em sua casa. Ítalo não consegue impedir Clarice de ir ao encontro com Rudá diz a Guida que Moretti bateu em Oto por causa
Xaviera descobre que Márcio e Laura se uniram contra as mulheres. Duarte conta para Rebeca como conheceu de uma mulher chamada Brisa. Brisa sente quando
SÁBADO

José. Anita deduz que Candoca e José se casarão na igreja Danilo. Olívia comenta que quer ter outro filho, e Alfredo Tonho demonstra preferência pelos recursos
da pastora. Cira e Márcio ficam juntos. José pede ajuda a fica tenso. Rebeca decide procurar algum documento que Exibição do resumo dos capítulos da semana. disponíveis na casa de Guerra. Moretti dá falta de sua
Timbó para reconstruir a casa de Daomé. Tertulinho incrimine Danilo em sua casa. Danilo encontra Rebeca arma que estava na gaveta. Stenio manda Oto se
implora para que o Coronel acorde. em sua casa. afastar de Brisa.

Programação de hoje
BEATRIZ NADLER/SBT

2 RECORD 12:00
12:45
Festival RedeTV plus
Brasil que dá certo
16:00
18:00
Domingo no cinema
3º tempo
19:00
20:00
Hypershow
Alto-falante
CAT: (11) 3660-4000 13:00 Free Fire na RedeTV 20:00 Perrengue na Band 21:00 Meio de campo
www.rederecord.com.br 13:30 Desce pro play 22:30 Breaking bad 22:00 Caminhos
14:30 De bem com a saúde 23:30 Canal livre da reportagem
06:00 Iurd 15:00 Ultrafarma 00:30 Show business 22:30 Palavra cruzada
07:00 Santo culto 16:05 A hora e a vez da pequena 01:20 Gestão com identidade 23:00 Mulhere-se
08:30 Iurd empresa 01:45 +Info 23:30 Favela versa
09:00 Minas cap 16:20 Educação na TV – Apeoesp 02:30 Sessão especial
10:00
10:10
Achamos em Minas
Desenhos bíblicos
16:30
17:00
Selfie
João Kleber show 9 REDE MINAS 12 GLOBO
CAT: (31) 4002-2884
10:30 Pica Pau 18:00 NFL na RedeTV! CAT: (31) 3254-3000 www.redeglobo.com.br
11:00 Todo mundo odeia o Chris 21:30 Encrenca www.redeminas.tv
14:00 Cine maior No SBT/Alterosa, Luiz Alano traz as últimas 05:50 Santa missa
23:00 O céu é o limite
15:45 Hora do Faro 00:15 NFL na RedeTV! notícias da Copa do Mundo no “SBT sports” 08:00 Missa dominical 06:45 Copa do Mundo
19:45 Domingo espetacular 01:15 João Kléber show 09:00 Sr. Brasil 09:00 Globo rural
23:00 A fazenda 09:00 Minas Cap 10:00 Agrocultura 09:45 Copa do Mundo
23:15 Câmera Record
02:15
03:00
Galera esporte clube
Igreja da Graça 10:00 Viação Cipó 7 BANDEIRANTES 10:30
11:00
Minas rural
#Partiu!
12:00 Esporte espetacular
00:30 Chicago PD no seu Lar 11:00 Domingo legal CAT: (11) 3742-3011 12:45 Copa do Mundo
01:15 Iurd 15:00 Eliana www.redeband.com.br 11:30 Harmonia 15:00 Central da Copa

4 REDE TV! 5 SBT/ALTEROSA 19:00

19:45
Roda a roda
Sorteio Tele sena 07:00 WSN TV do carro
12:30
13:00
Sotaques do Brasil
Samba na Gamboa
15:45
18:00
Copa do Mundo
Domingão com Huck
CAT: (31) 3237-6000
CAT: (11) 3306-1000 www.alterosa.com.br 20:00 Programa 08:00 Band kids 14:00 Sessão família 20:30 Fantástico
www.redetv.com.br Silvio Santos 08:40 Encontro no Getsemani 16:00 Prelúdio 23:25 Vai que cola
06:00 Jornal da Semana 00:00 Sessão meia-noite 09:00 Minas Cap 17:00 Planeta Terra 00:10 Festival Afropunk
09:00 São Paulo da sorte 07:00 Pé na estrada 01:00 Quem não viu vai ver 10:00 Paulo Navarro 18:00 Repórter eco 00:45 Domingo maior
10:00 Iurd 07:30 SBT sports 05:00 Conexão repórter 10:30 Show do esporte 18:30 Matéria de capa 02:20 Cinemaço
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

TV 3
■ MATÉRIA DE CAPA

À LA NELSON RODRIGUES
Alessandra Negrini, que vive a Guida de “Travessia”, afirma que a relação da personagem
com a irmã Leonor, vivida por Vanessa Giácomo, transita entre o amor e o ódio
JOÃO MIGUEL JÚNIOR/GLOBO
Alessandra Negrini dá vida à complexa Gui-
da em “Travessia”. Na novela das 21h da Globo,
a personagem se desentendeu com a irmã, Leo-
nor (Vanessa Giácomo), por conta do marido,
Moretti (Rodrigo Lombardi). O empresário do Guida é uma personagem da vida real.
ramo da construção civil namorou a cunhada Ela tem relações sólidas. Então, é muito
no passado e provocou briga entre elas ao se ca-
sar com a irmã da ex, a quem abandonou sem gostoso interpretá-la”
dar explicações.
"Guida é uma personagem da vida real. Ela “Estou me divertindo por trabalhar
tem relações sólidas. Então, é muito gostoso in-
terpretá-la. Estou me divertindo por trabalhar com a Vanessa ( Giácomo) e o Rodrigo
com Vanessa e Rodrigo. Escolhi ser atriz para ficar (Lombardi). Escolhi ser atriz para ficar
brincando com os meus colegas em cena", afirma.
Na trama escrita por Gloria Perez, Guida criti- brincando com os meus colegas em cena”
cava a relação que a caçula tinha com Moretti,
mas foi capaz de se casar com ele, o que magoou
Leonor profundamente. De acordo com a intér- “Leonor e Guida são unidas, porque
prete, a personagem não teve a intenção de pro- cuidaram uma da outra desde que a
vocar a irmã. Como aconteceu uma passagem de
cerca de 20 anos na história, ela acreditava que as mãe morreu (...) elas se amam e se
dores do abandono tivessem sido superadas. odeiam. Existe essa relação fraternal de
"Leonor e Guida são unidas, porque cuidaram verdade. Você tem a liberdade de brigar
uma da outra desde que a mãe morreu. A trama
é meio Nelson Rodrigues, pois elas se amam e se com o irmão, não tem muito filtro,
odeiam. Existe essa relação fraternal de verdade. e isso é legal de ver”
Você tem a liberdade de brigar com o irmão, não
tem muito filtro, e isso é legal de ver", ressalta.
“Mauro Mendonça Filho é um diretor
CONFLITOS Além do complexo laço afetivo entre
Guida e Leonor, a sobrinha de Cotinha (Ana Lucia de quem gosto muito. Acho a Guida
Torre) tem uma convivência difícil com o filho, divertida. Ela foge dos papéis que a
Rudá (Guilherme Cabral). O adolescente não con-
segue se conectar à mãe, que não entende o fato Globo costuma me dar e eu já
de ele não sentir atração sexual por ninguém. As- estava cansada de fazer”
sim, a novela abre espaço para uma discussão so- União de Moretti (Rodrigo Lombardi) e Guida (Alessandra
bre assexualidade. Os conflitos entre ambos tor- Negrini) provocou a briga da noiva com a irmã ■ Alessandra Negrini, atriz
naram-se ainda maiores depois de ele ter ido es-
tudar no exterior, por uma longa temporada, in- PAULO BELOTE/GLOBO CAMILLA MAIA/GLOBO
fluenciado pela progenitora.
"É um prazer voltar a estar com as pessoas. É
uma delícia poder conviver com o outro. Tem um
lado que é uma festa, uma celebração por atuar
de novo. Todo mundo estava cansado de ficar em
casa", relata.

DIFERENTE Para Alessandra, “Travessia” simboli-

za a oportunidade de retornar às novelas com
uma personagem diferente do que se acostu-
mou a fazer na televisão aberta. O seu último
trabalho na Globo havia sido na pele da vilã Su-
sana de “Orgulho e paixão” (2018).
"Estou feliz. Mauro Mendonça Filho é um dire-
tor de quem gosto muito. Acho a Guida divertida.
Ela foge dos papéis que a Globo costuma me dar Irmãs, Guida e Leonor (Vanessa Giácomo) Relação conflituosa de Guida com o filho
e eu já estava cansada de fazer", conta a atriz. mantêm relacionamento complexo por causa de Rudá (Guilherme Cabral) abre espaço para
(Estadão Conteúdo) paixão pelo mesmo homem a discussão sobre assexualidade

4 TV
❚ NOVELA
Depois de Taís Araújo em “Cara e coragem”, Sheron Menezzes será a estrela de “Vai na fé”,
a próxima trama da Globo. Fato inédito significa avanço importante, avaliam especialistas
PROTAGONISMO NEGRO
Marcada para estrear em janei-
ro,anovanoveladas19hdaGlobo,
"Vai na fé", terá pela segunda vez
consecutiva uma pessoa negra co-
mo protagonista no horário. De-
pois de Taís Araújo em "Cara e co-
ragem", em 2023 o público poderá
ver Sheron Menezzes no papel
principal da trama de Rosane
Svartman,comdireçãoartísticade
Paulo Silvestrini.
Sol, personagem de Sheron, le-
vanta todos os dias antes das seis
da manhã para trabalhar. Mulher
de fé, mãe, guerreira, moradora de
Piedade,bairrotradicionaldaZona
Norte do Rio de Janeiro ,é vende-
dora de quentinhas no Centro da
cidade.Ela,assimcomomilhõesde
brasileiros,sonha,lutaecorreatrás.
Sua trajetória dá o tom do enredo
de“Vai na fé”.
ORIGEM AFRO O fato de haver,
seguidamente, protagonistas
pretas na mesma faixa de horá-
rio é inédito na emissora. Isso re-
presenta avanço, até onde se re-
corda Mauro Alencar, doutor em
teledramaturgia brasileira e lati-
no-americana pela USP. "Real-
mente é totalmente nova essa vi-
são. Felizmente, o Brasil começa
a ganhar consciência de sua ori-
gem afro", afirma.
Na história das novelas, houve
outrosmomentosemqueonegro
esteve à frente da dramaturgia,
“DOMINGO LEGAL”
CASAIS FAMOSOS SE ENFRENTAM NO “PASSA OU REPASSA”
Você quer música boa? Ou
diversão? Humor para animar o
seu dia? Se a resposta for sim
para estas três perguntas, então
é hora de sentar no sofá e assi-
tir ao “Domingo legal” deste
domingo (27/11), a partir das
11h, no SBT/Alterosa.
Apresentado por Celso Por-
tiolli, o programa está imperdí-
E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O ,
JOÃO MIGUEL JÚNIOR /GLOBO
Em “Vai na fé”, Sheron Menezzes viverá Sol,
mãe batalhadora e vendedora de quentinhas
no Centro do Rio de Janeiro
mas foram casos esporádicos. Em
1965, por exemplo, a atriz Iolanda
Braga (1941-2021) se destacava pe-
la TV Tupi em "A cor da sua pele" e
deuoprimeirobeijointer-racialda
televisão brasileira. A cena foi gra-
vada com o ator Leonardo Villar
(1923-2020). Vanguarda, Iolanda
também foi a primeira mulher
preta a fazer propaganda de pro-
dutos de beleza.
Em1969,nofolhetim"Vidasem
conflito", da TV Excelsior, havia
quarteto amoroso do qual fazia
parte o personagem vivido pelo
ator negro Zózimo Bulbul (1937-
2013). Porém, naquela trama, co-
vel. No quadro “Passa ou repas-
sa”, a disputa promete com ca-
sais famosos se enfrentando.
Vestindo o colete azul, Hariany
Almeida, Zoo e Paula Amorim
competem com Netto, Chris-
tian Figueiredo e Breno Si-
mões, todos de amarelo.
A pergunta que não quer ca-
lar: qual dos dois times conse-
2 7 D E
Taís Araújo se divide entre a empresária
Clarice e massagista Anita
mo relembra Alencar, a negritude
aparecia em forma de objetivação
sexual. "Uma das personagens co-
meçava a namorar um negro co-
movingançaparaprovocaramãe,
que se apaixonava pelo mocinho
de Paulo Goulart (1933-2014)."
Depois disso, a Globo cometeu
alguns erros em relação a essa te-
mática. Um dos mais crasso foi
quando, no mesmo ano de 1969,
nanovela"AcabanadoPaiTomás",
Sérgio Cardoso, tido como maior
destaque da dramaturgia naquele
tempo, tinha de pintar o rosto de
preto para viver o astro da narrati-
va, por uma imposição de patroci-
guirá escapar das tortadas na
cara no “Domingo legal”?
PRÊMIO Já no quadro "Comprar
é bom, levar é melhor!", a família
Pedrini vem de Brusque, em San-
ta Catarina, para tentar prêmio
de até R$ 80 mil, mas desde que
acerte as temidas sete perguntas
feitas por Portiolli.
N O V E M B R O D E 2 0 2 2
FÁBIO ROCHA/GLOBO
em “Cara e coragem”
nador. A emissora optou pelo "bla-
ck face" mesmo tendo nomes co-
mo Milton Gonçalves (1933-2022)
à disposição.
DIVERSIDADE Mais recentemen-
te, em "Segundo sol" (2019), a tra-
ma passada na Bahia não conta-
va com negros no elenco, o que
gerou protestos. "Cerca de 80%
deste estado é composto por pre-
tos e pardos. Como pode um país
virar as costas para isso? A Globo
aprendeu com o episódio", opina
Mauro Alencar.
"Cara e coragem", atual nove-
la das 19h, vai contra esse estig-
Hariany Almeida, ex-BBB, e DJ Netto viram “rivais”
no “Domingo legal”, no SBT/Alterosa
ma e possui muitos negros no
elenco, em papéis de poder. Um
exemplo é Ícaro Silva, que vive o
gestor de uma grande empresa
ao lado da mãe, interpretada pe-
la atriz Claudia di Moura. E a au-
tora Rosane Svartman vai pro-
por mais diversidade ainda com
"Vai na fé", assim como já havia
feito em "Bom sucesso" (2019),
quando quis que em sua equipe
fora de cena houvesse pelo me-
nos um negro e uma mulher em
cada setor.
Rosane Borges, ativista da cau-
sa, jornalista e pesquisadora da
ECA-USP, avalia que tem constata-
do uma escala crescente de ne-
gros no audiovisual. "Vemos hoje
novelas com percentuais numéri-
cos mínimos de negros. Mas co-
mo antes isso não acontecia, é al-
go que deve ser celebrado como
conquista do movimento mesmo
estando longe do ideal", analisa
ela ao comparar a atualidade com
duas décadas passadas.
REPARAÇÃO A pesquisadora
completa que "é preciso ter uma
reparação histórica para que ne-
gros, mulheres e membros da co-
munidade LGBTQIA+ participem
do sistema de representação e
possam projetar possibilidades".
"Somos capazes enquanto seres
humanos", finaliza. (Folhapress,
com redaçao)
INSTAGRAM/REPRODUÇÃO
ESTADO DE MINAS ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2 ● EDITORA: Anna Marina ● E - M A I L : f e m i n i n o . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 2 6 0 WhatsApp: (31) 99918-4155

Feminino &

DIVULGAÇÃO
MASCULINO PRESENTE ARTESANAL

Up Showroom, feira
que está na sua sexta
edição, mostra variados
presentes natalinos, de
3 a 5 no Hotel Ramada

PÁGINA 6

Estilo
verde e
amarelo
A 54ª. Edição do SPFW – São Paulo
Fashion Week, realizada entre os
dias 16 e 20 deste mês voltou à
proposta antiga. O espaço foi
transformado em hub, com
salas de desfile, lounges de
patrocinadores e uma ocupação
artística, com exposição de
murais, instalações e pinturas e
onde aconteceu a maior parte
dos 48 desfiles, 43 dos quais
presenciais. Na passarela, a
criatividade da moda nacional,
MARCELO SOUBHIA/ AGFOTOSITE

que inspira o estilo nacional

PÁGINAS 4 E 5
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

2 FEMININO&MASCULINO

VIDA
PAT R Í C I A E S P Í R I TO S A N TO
Sempre gostei

COMPORTAMENTO
muito de torcer

>>p a t r i c i a e s a n t o @ u a i . c o m . b r
Qual é nossa bandeira?
Hasteamos uma grande bandeira do Bra-
sil na porta de nossa casa em setembro de
2002 logo após nos mudarmos, coinciden-
temente pouco depois de nossa seleção con-
quistar o último título de uma Copa do
Mundo. A ideia era prestigiar e homenagear
nossa pátria, ou seja, nada além de passar-
mos a mensagem de que ali morava uma fa-
mília que se orgulhava de ser brasileira, o
que não nos tornava melhor ou pior que os
demais compatriotas ou não.
Naquele mesmo ano chegaram a nos
perguntar se naquela casa vivia algum ge-
neral ou portador de qualquer outra pa-
tente. Sinal de que nossa bandeira era
posse de militares, pois era vista apenas
em quartéis e repartições públicas, ou
ainda esporadicamente nas escolas em
datas comemorativas.
Havia também a ideia de que era pro-
priedade do futebol, pois durante campeo-
natos internacionais todo mundo toma pos-
se dela como acessório imprescindível e es-
sencial para atingir a tão sonhada sucessão
de vitórias até o erguimento da taça. cvv co-
mo se pudéssemos nos reduzir a um time de
futebol. Depois do furor das copas, ela cai em
desuso ou vira algo cafona e sem utilidade.
Não preciso dizer que durante todo o úl-
timo período eleitoral os que não conhe-
ciam nossa bandeira ou nunca a haviam re-
parado interpretaram que declarávamos ali
uma posição partidária, o que pra mim pou-
co importou. Afinal, somos todos "donos"
daquele símbolo independente de nossa
ideologia política. Então pensem o que qui-
serem, interpretem o que bem entenderem.
Enfim, cá estamos em meio a mais uma
copa do mundo e confesso que para mim
até agora não é o futebol o que mais tem
me chamado a atenção. Sempre gostei
muito de torcer. De uma maneira geral,
PIXABAY
visto a camisa da seleção além de acessó-
rios verde e amarelo, tendo chegado ao
ponto de comprar uma coisa ou outra nes-
tas duas cores nos intervalos entre uma e
outra competição.
Sempre gostei de reunir os amigos do pré
ao pós jogo, pois é quando conseguimos to-
dos cruzeirenses, flamenguistas, atleticanos
e corintianos defender a mesma bandeira.
Porém este ano estou mais interessada em
saber que destino tomarão as braçadeiras
dos capitães de seleções europeias que pre-
gavam a valorização de toda forma de amor.
Torço também para que saibamos apro-
veitar as discussões que estão surgindo
quanto aos direitos humanos escancarados
através do desprezo à vida dos que classifi-
camos como "atrasados". Porém eles nos
mostram o quanto temos que caminhar pa-
ra evoluir como seres de fato humanos em
relação aos direitos de todos nós.
FOTOS/DIVULGAÇÃO
INTEGRAL
Ainda a astrologia
Semana passada falamos sobre astrologia e
indicamos alguns livros. O tema é importante e
extenso, por isso, continuamos no mesmo
tema. A astrologia é muito mais do que horós-
copo, por sinal, acredito que essa seja a área me-
nor desse segmento. Se os astros e a lua influen-
ciam tanto na agricultura, desde a plantação até
a colheita, porque não teria influencia em nos-
sas vidas? Por isso, indicamos mais alguns livros
para quem deseja se aprofundar mais no tema:
“Planets in Transits: Life cycles for living”(Pla-
netas em Trânsito: Ciclos de Vida para a Vida),
de Robert Hand, ainda não tem edição em por-
tuguês. O livro traz informações tanto para as-
trólogos profissionais quanto para entusiastas
do tema, e foca em todos os trânsitos principais
que ocorrem entre o Sol, a Lua e todos os plane-
tas em relação ao
mapa natal.
“A astrologia é Outro livro é da
astróloga Jan Spiller
como um elixir , o “Astrologia da al-
ma”, que ajuda o
da vida para a leitor a descobrir
humanidade” seus talentos es-
condidos, desejos
mais profundos e
as maneiras de evitar influências negativas que
podem desvirtuar o caminho do propósito de
vida. Com informações mais profundas do que
os perfis comuns baseados nos signos solares,
os Nódulos da Lua explicam lições de vida que
viemos aprender e também como alcançar a
paz que desejamos.
Dizem que a astrologia esotérica é a ciência
oculta do futuro. No livro “Astrologia esotérica”,
de Alice A. Bailey, a autora descreve essa área co-
mo o estudo dos relacionamentos, um conheci-
mento que lida com aquelas energias e forças
condicionantes que atuam através e sobre todo
o campo do espaço e tudo o que nele se encon-
tra. Esse livro é parte de uma série de livros para
quem deseja se aprofundar na alma humana
.Segundo Alice,“a astrologia ainda não demons-
trou realmente seu valor para o mundo do pen-
samento e da ciência, apesar de muitos sucessos
demonstram. A astrologia intuitiva substituirá

LÁ&CÁ
a astrologia, retornando assim ao conhecimen-
to daquela antiga ciência que ligava as constela-
ções e nosso sistema solar, e informava a huma-
nidade sobre as inter-relações, princípios bási-
cos que governam e controlam os mundos fe-
nomenal e subjetivo.”
Por fim, tem o “Astrologia Real: O que teu sig-
no quer dizer a você”, de Oscar Quiroga. O au-
tor reforça o histórico da origem comum en-
tre a astrologia e a astronomia e a adoção do
ISABELA TEIXEIRA
primeiro por supostos magos e videntes. Ele
também oferece uma visão muito mais ampla
dos signos solares que apontam experiências
coletivas que trazem à tona o que a humani-
dade tem em comum.

CONTATOS
LAYA IOGA – participe de uma sessão de laya
ioga com a mestra Maria José Marinho. É a
modalidade de ioga onde você alcança a dis-
solução do eu e a fusão com a consciência su-
prema. Laya significa "dissolver". Outros be-
nefícios: alivia o estresse, angústia e depres-
Pop são; cura mudanças de humor; promove es-
Crianças tabilidade emocional; melhora o sistema
imunológico; equilibra energias etc. Sessões
A Puma e a CCXP lançam, dia 30, coleção exclusiva de
vestuário e calçados que celebra a cultura pop, na Spoiler A Petit Cheval, marca de calçados infantil lançou uma em grupo e individuais, online e presenciais.
Night, que será vendida exclusivamente nos quatro dias linha para as festas de fim de ano. A criação é da De 7h às 19h. Agendamentos e informações
de CCXP22.As duas empresas criaram a campanha proprietária e estilista, Luiza Lisot, para as crianças Whatsapp (31) 99145-7178 ou 3225-4222.
#VistaOÉpico, com releituras de cenas icônicas de filmes brincarem com comodidade e conforto, sem abrir mão
e séries da cultura pop. A coleção tem calçados, agasalho dos detalhes mimosos que são marca registrada da grife. EQUILÍBRIO ENERGÉTICO – A terapeuta energé-
T7, camisetas e os tênis Suede e Mayze na paleta épica de O cavalinho símbolo da marca está desenhado também tica Renata Moon aplica diversos tipos de téc-
cores da CCXP. Todos os modelos de sneakers da coleção na sola do calçado, deixando uma pegada divertida na nicas em seções on-line e presenciais com
apresentam detalhes gráficos coloridos e caixas areia dos parquinhos objetivo de proporcionar para a pessoa
exclusivas da edição.
equilíbrio mental, emocional, físico e espi-
AGÊNCIA FOTOSITE/DIVULGAÇÃO
ritual. O trabalho é feito a partir da leitura
Verão intuitiva de arquétipos, que mostra qual o
tratamento ideal para cada um. Informa-
Copa do Mundo A Brizza – marca ções e agendamentos pelo telefone e What-
de sun sandals e sApp (31) 98597-8885.
Entrando no clima de Copa do flip flops do
Mundo, Life by Vivara, lançou grupo TARÔ E RADIÔNICAS – A terapeuta Rose Ferraz
pingentes nas cores da Arezzo&Co – está atendendo com tarô dos anjos, mesa ra-
bandeira do Brasil. A coleção Zé conta com
Carioca também chega para diversas
diônica, limpeza aurica, abertura de cami-
conquistar os torcedores, estampas nhos e aconselhamentos. Faz atendimentos
trazendo toda a brasilidade do inspiradas em on-line e presenciais. Informações e agenda-
personagem, que acaba de uma das maiores mentos: (31) 97509-2732.
celebrar seus 80 anos, para as maravilhas do
composições brasilcore. Brasil: a Chapada MAPA DE ARQUÉTIPOS – Desenvolvido pela psi-
Composta por cinco top rings: dos Veadeiros, cóloga Luciana Diniz, é um método de levan-
o papagaio, o chapéu e guarda- em uma collab tamento de potenciais. Focada em consciên-
chuva, o violão e o pandeiro, com a Triya.
cia estratégica, utiliza a análise simbólica da
representando o samba, e o Estampas
abacaxi, além de um divertido psicodélicas em astrologia sem misticismos, mas com sincro-
Bead com estampas diferentes shapes fluidos e nismo, conceito criado por Carl Gustav Jung.
em cada face do cubo. Também bem justos da Triya, em sintonia com as sun sandals, flip flops e O Mapa de Arquétipos com foco vocacional
tem separadores com a bolsas da Brizza. A coleção tem texturas diferenciadas, ressaltando onde responde à pergunta “Para o que eu sou
bandeira e mapa do Brasil, a influência das paisagens, cachoeiras e montanhas, com uma necessário?”. São quatro sessões de até 1h30.
além coleção Life Esporte, nas cartela de cores de tons intensos, baseada nas pedras naturais, Informações (31) 99947-4967 ou no ht-
cores: verde, azul e amarelo. unindo o tom místico da coleção com charme e alta tecnologia tps://linktr.ee/lucianadiniz.psi
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FEMININO&MASCULINO 3

anna
ESQUINA feminino.em@uai.com.br MUSEU DA MODA
DO MUNDO anna.marina@uai.com.br MESA REDONDA

A Copa do Catar acabou O Minas Trend terminou, oficialmente, na quarta-feira passada,

levando o assunto para além com a realização de um talk entre Mary Arantes, curadora da
do futebol. Não se pode dizer exposição “O Papel do Tempo”, e o estilista Luiz Cláudio, idealizador
que as criticas feitas ali sob a das vestimentas de papel da mostra, com intermediação da
ótica de valores ocidentais, jornalista Heloisa Aline. O evento foi no Museu da Moda de Belo
tenha ofuscado o brilho do Horizonte para onde, tradicionalmente, as exposições principais do
gigantesco e eficiente trabalho maior salão de negócios do Brasil se deslocam, ficando em exibição
realizado pelo pequeno e rico até o final do mês. Além dos fashionistas, contou com a presença
país árabe. Mas esse debate da secretaria municipal de Cultura, Eliane Parreiras, que em sua
revela o inquietante dilema do fala ressaltou a importância do trabalho realizado pela dupla de
estilistas, colocando a moda em status relevante, enriquecendo o

mundo atual: consolidar a
liberdade plena do Ocidente,
mesmo gerando ambiente
visivelmente anárquico e
decadente, ou adotar a
liberdade relativizada do
Oriente que, por outro lado,
prioriza o crescimento, a
pujança, a ordem e
segurança social
ENTREGAS
CONFUSÃOEPREJUÍZO
Nofimdeano,asfestasde
confraternizaçãoexplodemeas
encomendasdetortas,salgadose
docestambém,amaioriadelas
paraentreganolocaldoencontro.
Asempresastêmqueterum
controlemuitoeficazparadar
contadorecado,porém,
infelizmentenãoéissoqueestá
ocorrendo.Acolunatomou
conhecimentodeváriasentregas
trocadas,enahoradafestaolocal
jáestáfechadoeareclamaçãosóé
recebidanodiaseguinte.Asolução
ficaemummeropedidode
desculpase,seforocaso,devolução
dovalorpagoamais,casoo
produtocomprado–enão
entregue–sejamaiscaro.Outrodia
umaamigadaclunaencomendou
naPastelariaMaríliadeDirceu
umatoradecamarão.Foientregue
nohoráriomarcado,masninguém
vaicortarumatortaantesdafesta
paraconferirorecheio.Qualnão
foiasurpresaquandoserviramea
tortaeradefrango.Quem
encomendounãocomefrango,e
sónãoficouavernaviosporque
tinhaoutrosquitutes.Quem
recebeuadecamarãodeveter
puladodealegria,oupassouaperto
seforalérgico.
BAZAR PRIME
JORNADASOLIDÁRIA
AJornadaSolidáriaEstadode
Minasencerrasuasatividadesde
2022commaisumaediçãodo
BazarPrime,noHotelFasano,nos
dias5e6dedezembro.Alémda
áreadaJornada,comroupasnovas,
recebidasdedoaçãopor
aos domingos
repertório da cultura e reafirmando o diálogo entre moda e arte.
Quem marcou presença foi Mariângela Miranda Marcon,
presidente da Câmara da Indústria do Vestuário e Acessórios da
Fiemg. Ela salientou os novos caminhos do Minas Trend, que, na
última edição, já abarcou o segmento de lingerie e pretende
LUISA CARNEVALI
também abraçar o universo kids. Na exposição, Mary Arantes
reflete sobre o papel, matéria-prima essencial na construção dos
croquis e moldes, sobre o papel do tempo, o papel no tempo, o
ILUSÕES papel da moda e o papel na moda. Parceiro antigo, Luiz Cláudio
PERDIDAS encontrou na alfaiataria a forma de representar brilhantemente
todas as simbologias propostas pela curadora.
Na semana passada,
comentamos sobre o
desencanto de estilistas FORA
com a ‘moda gestão’ – DA GUCCI
citando o caso da
venda pelo Tom Ford Alessandro Michele não é mais o diretor de criação da Gucci. Após
20 anos na marca italiana, sendo os últimos sete como diretor,
da sua empresa. Há
fazendo desfiles grandiosos em castelo, introduzindo a moda
outros casos similares,
agênero e fazndo collabs importantes, decidiu mudar de rumo.
embora com decisões
Resta saber quem ocupará o lugar e como será a nova fase Gucci.
diferentes – como a do
Jean Paul Gaultier, que
resolveu fazer apenas
as duas coleções de
alta-costura por ano. BETHÂNIA
Pois, nessa semana, o POTENTE E CRISTALINA
belga Raf Simons,
anunciou que fechará Em sua recente passagem por BH, a cantora Maria
sua marca após 27 anos Bethania deixou a plateia fascinada com a potência
de labuta. Passa a forte e cortante da sua voz. Embora isso não seja
trabalhar, em tempo nenhuma surpresa, parece que sua energia está
integral, na Prada. aumentando e se revelando ainda com maior brilho
e mais cristalina. Como o bom vinho, rompe o
Antes, passou pela Dior
tempo. O roteiro, montado por ela própria, foi um
e Calvin Klein – entre
sucesso – tanto que teve que reprisar o show no
Vera Comini, Maria Antônia Calmon, Adriana Vasconcelos, outras. Traduzindo:
domingo. Nas suas apresentações, prestou uma
Mirele de Castro Veado, Regina Teixeira da Costa, Sandra Botrel, continua na criação,
emocionada homenagem à amiga Gal Gosta. Quem
Tânia Salles, Carla Calvo, Patrícia Duque, Andrea Dayrell, mas deixa gestão.
foi, saiu de lá com alma nova.
Valéria Junqueira, Isabela Teixeira da Costa, Vania Myrrah
NATAL CIDADE
ANTECIPADO DE NATAL ESQUEMAS
OBSCUROS
O grupo de amigas da cidade, intitulado as Lindidinhas fez, na última O Papai Noel já está na
quarta-feira, sua reunião de confraternização de fim de ano, para evitar a Cidade de Natal, pronto para A Netflix está exibindo o documentário ‘Esquemas da Fifa’,
concorrência com outros compromissos em dias mais próximos do receber os visitantes. A revelando negócios estranhos ali realizados durante anos.
Natal. O encontro foi animadíssimo, com direito a amigo-oculto e, claro, Um deles, foi transferir decisões cruciais da instituição ao
megacidade cenográfica
muitas fotos para ficar na lembrança. Entra as presenças Mirele Castro dono da Adidas – em troca de bom faturamento em
natalina, instalada em BH, já
Veado, Carla Calvo, Maria Antônia Calmn, Adriana Vasconcelos, Isabela e
Regina Teixeira da Costa, Sandra Botrel, Tânia Salles, Patrícia Duque,
está em funcionamento,
marketing. O interessante é que conhecido da coluna sentiu
de perto esse poder, ao ver os serviços que prestaria na
com três andares e mais de
Andrea Dayrell, Valéria Junqueira, Vânia Myrrah. Copa de 2014 (aprovados em todas as instâncias) serem
4 mil metros quadrados. O
dispensados durante reunião decisiva na sede da entidade,
clima natalino está de em Zurique. A beneficiada direta com isso, acabou sendo a
encher os olhos e tem até Adidas. Agora, entende-se a razão. Dizem que, após a saída
MOSTRA DE ARTES neve artificial caindo na
Praça das Luzes, onde está a
do Blatter, tudo mudou – para melhor.
DE TIRADENTES
árvore-de-natal. Tem
Hoje, Tiradentes recebe uma coleção exclusiva de Tadeu também o Parque dos
Bandeira e inaugura o MARTIR – Mostra de Artes de Tiradentes, Duendes, a Oficina dos Elfos, FOTOS LECA NOVO

importantesmarcasdeBH,a
preçosespeciais,comoBarbara
Bela,Essenciale,Printing,Equipage,
entreoutras,váriasgrifeselojas
terãoumespaçopróprioedarão
partedavendaparaaJornada
Solidária.Jáconfirmaram
participação:Átmo,B.Boucle,De
LuxeBasic,LolaLipi,MariaAntônia
Calmon,MiFlorcita,Perfetto
Saboaria.Muitasoutrasaindavão
aderir.OBazarPrimetemapoioda
CentralPress,doHotelFasanoe
abriráasportasnodia5,às14h.
um espaço que faz parte do Instituto Tragaluz e é totalmente a Cabana do Noel e o Correio
dedicado à arte contemporânea mineira, em evento fechado para Mágico, localizado na Vila do
convidados. O Martir valorizará ainda mais a arte Noel, onde as crianças
contemporânea em Minas Gerais. A coleção é uma exposição podem enviar as cartinhas
permanente que poderá receber outras ao longo do tempo. O direto para o Polo Norte. No
espaço foi cuidadosamente restaurado, localizado na Rua Direita. térreo, os brinquedos são
Entre os artistas que compõem o acervo estão: Adriane Gallinari, destaque: tem o trenzinho
Ângelo Marzano, Ana Horta, Arlindo Daibert, Carlos Bracher, de Natal e o Parque Hello
Cristiano Rennó, Fani Bracher, Fernando Cardoso, Fernando Kitty and Friends©; a pista
Lucchesi, Isaura Pena, Jorge Fonseca, João Castilho, José Alberto de patinação no gelo; o
Nemer, José Bento, Léo Brizola, Marcos Coelho, Benjamin, Marilá cinema 8D; etc. Já no terraço
Dardot, Mônica Sartori, Nello Nuno, Pedro David, Pedro Motta, está uma das principais
Pedro Neves, Ricardo Homem, Rodrigo Mogiz. atrações gastronômicas, o
restaurante O Italiano, e o
Grande Teatro mágico, onde

ITÁLIA DESIGN são esperadas atrações como

CASABARATA
Algumascidadesitalianasestão
“minguando”.Apopulaçãoémais
velha,portantodiminuindocada
vezmais,eogovernojátomou
algumasmedidaspararesolvero
problema:estáoferecendo
incentivosparaestrangeiros
compraremesemudarempara
suascasashistóricas.Umadelaséa
cidadedePresicce,naregiãoda
Puglia.Por30mileuros(R$166mil)
vocêcompraacasa.Presicceéuma
charmosavilaconhecidacomoa
“cidadedoouroverde”,graçasaos
olivaisaoredor,situadaemuma
regiãodosuldeterrasagrícolase
litoralmediterrâneointocado.
o espetáculo Música de
E MODA
Brinquedo, da banda Pato Fu,
A A.Criem - Associação dos Criadores e Estilistas de Minas Gerais - e O Tubarão Martelo, o Circo
o Fórum Estadual do Design promovem, nesta terça-feira, 29, uma dos Sonhos de Marcos Frota
rodada de conversas envolvendo todos os braços do design e a inter- e muito mais ao longo da
locução com a moda. Serão dois painéis de debate: o primeiro con- temporada. A Cidade de
tará com as presenças de Jonas Laktin (design de ambientes), Thiago Natal fica no Espaço 356
Mirandes (design gráfico), Maria Clara (design VM), Bruna Machado (bairro Olhos d'Água), até o
(design web), com mediação de Silvia Fernandes, conselheira de dia 23 de dezembro, com
moda do Comuc. No segundo, que abordará a moda nos diferentes realização da naSala e
segmentos de produtos, estarão presentes o estilista Victor Dzenk patrocínio master da Cemig, Fabíola e Daniel Vorcaro
(vestuário), Tati Azi Ado (bolsas), Cissa Ribeiro (joias), Gissa Bicalho por meio da Lei Estadual de
(bijoux), Tay Duta (Têxtil), Gabriel Lima (estamparia digital). A Incentivo à Cultura. As
mediação será de Fanny Littmann. O encontro será no P7 Criativo. entradas custam a partir de
R$ 30 (com meia entrada
POR AÍ...
social mediante doação de
● O circuito das artes plásticas lamentou a morte, na
alimento não-perecível).
semana passada, do artista Chico Ferreira – um dos mais
cotados nesse circuito na Capital. Afastado das atividades
DARCY RIBEIRO nos últimos anos, deixa um legado de belas obras e
alto prestigio nesse disputado mercado.
QUARUP PAULISTA

FEIRA
PANORAMA
OParquedoPaláciorecebea
primeiraediçãodaFeiraPanorama,
projetoquecelebramarcas,
produtosedesigners,nosdias3
(das11hàs18h)e4(das9hàs18h)
dedezembro.Comcuradoriado
designerdejoiasCarlosPenna,a
ideiaécriarumespaçopluralonde
amodaeodesignnacionalsãoos
carros-chefes.Participammarcas
comoacariocaPrebay,acuritibana
ReptiliaeasmineirasHanaKahlil,
P.O.ReGeorgia,entreoutras.O
RestaurantedoPaláciomontará
umbardevinhosjuntoàfeira,que
tambémcontarácomumDJ
comandandoosom.
Quem chega de São Paulo,
conta maravilhas da
exposição montada no Sesc
24 de Maio, comemorando os
cem anos de nascimento de
Darcy Ribeiro. Desde a
entrada, com a reconstituição
de uma aldeia indígena (a
paixão de sua vida
acadêmica), há trabalhos
superinovadores – com a
sonora do compositor Tom
Zé e as fotos do Bob
Wolfenson. Por aqui, também
continuam as homenagens –
como a que foi prestada em
Montes Claros (sua terra
natal) com debates na
Unimontes.
Pedro Hermanny Diniz e Luciana Saraiva
● O Grupo Arezzo & Co. vai ampliando seus domínios
na moda nacional. Desta vez, a marca BAW Clothing, que
integra o pool de empresas do grupo e é dedicado à moda
casual, abriu endereço no Morumbi Shopping (SP).
Anteriormente já havia inaugurado outra flagship, no Rio, no
BarraShopping.· A Fundação Libanesa de
Minas Gerais (Fuliban), realizou cerimonia de entrega
do Mérito Líbano-Brasileiro de Minas Gerais, ano 2022 –
sendo agraciado o empresário e chef de culinária
internacional, José Zaharam Junior. Em suas criações ele
contempla sabores do Líbano, Brasil e Itália. Segundo o
presidente da entidade, Frederico Aburachid, ele é um dos
mais destacados associados daquela comunidade.
● A revista ‘Marimbondo’ (que fala sobre artes & afins) voltou a
circular, depois de um ‘hiato estendido’. Nesta edição de retorno,
o assunto principal é a literatura – mostrando a evolução do
tema por aqui. A obra é criação da dupla Carol Macedo e
Julia Moysés e o lançamento foi na Livraria Quixote.
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4 FEMININO&MASCULINO 5

SPFWN54

NOVA FORMA DE
RELACIONAMENTO
ALÉM DA INUSITADA VENDA DE INGRESSOS, EVENTO
TROUXE CASTINGS DIVERSOS, A VOLTA DOS
LOUNGES DE PATROCINADORES E CELEBRIDADES
RETORNANDO À PASSARELA E COMO CONVIDADOS
MARTA DE DIVITIIS
Sou de algodão Santa Resistência especial para o EM
Ellus
ZE TAKAHASHI/AGFOTOSITE
São Paulo - A Mooca, tradicio-
nal bairro paulistano da zona les-
te da cidade, historicamente ca-
racterizado pela grande quantida-
de de imigrantes italianos, abrigou
o galpão Komplexo Tempo, quar-
tel-general da 54ª. Edição do SPFW
– São Paulo Fashion Week, que
aconteceu entre os dias 16 e 20 de
novembro. O espaço foi transfor-
mado em hub, com salas de desfile,
lounges de patrocinadores e uma
ocupação artística, com exposição
de murais, instalações e pinturas e
onde aconteceu a maior parte dos
48 desfiles, 43 dos quais presen-
ciais. Além dele, o Shopping Igua-
temi recebeu várias apresentações
e o luxuoso hotel RoseWood, o des-
file da Ellus, comemorativo dos 50
anos da marca.
O Festival SPFW+IN.PACTOS -
Criatividade, Moda, Arte, Sustenta-
bilidade, Inovação, Conhecimento,
iniciado na edição passada e se en-
cerrandoagora,provocoureflexões
sobre as mudanças que precisam
ser feitas hoje para atingir as metas
de um planeta mais humano e har-
monizado até 2030.
A diversidade, tão cobrada em
outras edições, era uma tendência
Meninos Rei Neriage Thear que vinha crescendo e foi consoli-
ZE TAKAHASHI/AGFOTOSITE dada nesta temporada. Nas passa-
relas a diversidade de biotipos e de
raças se fez presente. Modelos
Curves, Plus Size, trans e PCD vie-
ram em quase todas as coleções,
assim como castings totalmente
compostos por modelos pretos
como na passarela de Meninos
Rei, Apartamento 03 e Naya Viole-
ta, estes dois últimos que ocorre-
ram significativamente dia 20, Dia
da Consciência Negra.
MODELANGENS CONTRATANTES
Noscincodiasdoeventoficouclaro
a existência de duas vertentes, uma
das quais que trabalha volumes
exagerados, especialmente nas
mangas, como em Silverio e Anacê.
O balonê foi resgatado dos anos
1980 para a passarela, aterrissando
em barras de saias e vestidos como
em Ângela Brito e ora como baba-
do em decotes e mangas. Foi visto
inclusive no masculino de João Pi-
menta, que detalhou mangas e la-
teral de calças com volumes obti-
dos de pregas horizontais. O estilis-
ta sobrepôs ainda aplicação de es-
tampa em peças como sobretudos
FOTOS: MARCELO SOUBHIA/ AGFOTOSITE
neiro Célio Dias, à frente da Led,
trouxeocrochê,suamarcaregistra-
da, em novas possibilidades, como Isaac Siva Anacê Patrícia Vieira
na faixa presidencial, irreverente-
mente colocada sob um costume
vermelho, desfilado pela recém-
eleita deputada federal trans, Erika
Hilton. A De Pedro, que colocou na
passarela o artista Vitão (visto re-
centemente na Dança dos Famo-
sos, da Re(de Globo), com calça de
franjas e, no fim, com uma saia am-
pla, também em crochê com fran-
jas. O crochê da marca foi compos-
to ainda em looks com tecidos pla-
nos. O Projeto Ponto Firme, que tra-
balha com egressos do sistema pe-
nitenciário, sob a coordenação do
designer Gustavo Silvestre, apre-
sentou jacquard em vestido longo,
calças e tops, num franco desenvol-
vimento desde sua primeira apari-
ção há alguns anos. O ateliê Mão de
Mãe, que começou a se apresentar
duranteapandemia,trabalhaocro-
chê de forma suntuosa e elaborada.
Retalhos costurados em tecido
detalharamsobrevestenaSantaRe-
sistência vestida pela cantora Iza e
a Thear trouxe o macramê em de-
talhes e peças sobrepostas. O pa-
tchwork surgiu em Sou de Algo-
dão e o bordado em talagarça, nor-
malmente usado em almofadas e
tapetes, detalhou minipelerine
franjada, no mesmo desfile. Lino Ponto Firme João Pimenta Lino Villaventura
Villaventura, que encanta por
meio de bordados, apliques de te-
cidos e nervuras, fazendo de cada
peça uma obra de arte, trouxe pa-
ra a passarela vestidos fluidos ou Weider Silvério
estruturados, boa parte deles no
comprimento curto. A Thear usou
aplicação de faixas onduladas so-
brepostas a peças lisas, além de
macramê sobre blusas.
ESTAMPASVIBRANTES A marca Me-
ninos Rei tem na estampa, que re-
mete aos tecidos africanos, seu
ponto forte. Ela surgiu em tonalida-
des vibrantes, geométricas ou orgâ-
nicas. Ela veio ainda nas frutas gi-
gantes da Santa Resistência. Outra
marca que traz as estampas para o
centro da discussão é Naya Violeta,
que trouxe um colorido exuberan-
te, em tons fortes. Estampa de xíca-
ra de café e de peixes ofereceram
um certo ar divertido às peças. Es-
tampas em formas orgânicas vie-
ram em Dendezeiro e pinturas à
mão, que nos levam para a floresta
amazônica, apareceu no estreante
Maurício Duarte. Triya Misci Renata Buzzo

Lenny Niemeyer TA Studio Lucas Leão

e jaquetas. Lenny Niemeyer trouxe
para a moda praia volumes de ba-
bados ondulados, em peças curtas
e vestidos longos, exuberantes. Re-
nata Buzzo usou franzidos redon-
dos na parte de cima e os franzidos
vieram ainda em formato redondo
nos tops, oferecendo um aspecto
de estranheza às peças.
Por outro lado, algumas marcas
optaram por peças mais soltas no
corpo, com modelagem básica, po-
rém sofisticada. Misci, que desfilou
num dos ambientes da Sala São
Paulo, no bairro da Luz, veio com
peças confortáveis e uma alfaiata-
ria luxuosa. Essa alfaiataria impecá-
vel surgiu também em A. Nie-
meyer e na Neriage. Another Place
trouxe calças com vazados laterais
embaixo do cós. A alfaiataria da
Ellus emprestou sofisticação em li-
nhas retas, sem deixar de lado o es-
tilo rock&roll. Lilly Sarti mostrou
peças fluídas e leves, com um pou-
co de transparência. Na Soul Básico,
masculina, as formas confortáveis,
com acabamentos em cores con-
trastantes predominaram. Sofisti-
cada, a modelagem reta com recor-
tes vazados veio em Modem.
TRABALHO ARTESANAL Os traba-
lhos artesanais que antes apenas
detalharam peças, ganharam gran-
de destaque nesta temporada, in-
A.Niemeye Ateliê mão de mãe Dendezeiro clusive na moda masculina. O mi-
PLISSADOS E LAMINADOS Os teci-
dos laminados, coloridos ou doura-
dos e prateados estavam presentes
em Patrícia Vieira, tanto em vesti-
dos como em costumes femininos.
Apareceu também nos plissados
prata de Apartamento 03 e nas
mangas bufantes e calças compri-
das de Weider Silvério. O brilho
mais discreto veio no costume fe-
minino do À La Garçonne. Até mes-
mo na moda praia da Tryia o brilho
surgiu, em cós de biquíni e top. Li-
lly Sarti colocou na passarela teci-
dos laminados como no paletó e a
Ellus usou em jaqueta bomber. O
plissado reinou em Neriage, espe-
cialmente num vestido vinho, só-
brio, usado pela ex-modelo e atriz,
ícone dos anos 90, Silvia Pfeifer.
FRESCOR DOS ESTREANTES Greg
Joey apresentou peças com mode-
lagem confortável, franzidos locali-
zados e nervuras detalhando peças
como um vestido chemisier. Traba-
lhou o tricô em pontos gigantes,
que fizeram as vezes de acessório,
ora como uma estola, ora como
bolsa. Buzina desfilou o xadrez Vi-
chy em saias, tops e sobre vestes e
trabalhou a modelagem com am-
plos volumes. Algumas peças – ves-
tido e macacão, por exemplo, vie-
ram em modelagem mais reta,
acinturadas por faixas de tecido co-
mo os obis japoneses.
Heloisa Faria trabalhou tanto os vo-
lumes como as estampas, em peças em
que algumas mangas podem ser des-
tacadas, oferecendo mais possibilida-
des de uso. Cores vibrantes e modela-
gem ora ampla, como nos caftans ves-
tidos por homens e mulheres, ora mais
ajustada, numa variedade de estilos.
Maurício Duarte é o primeiro estilista
natural do estado do Amazonas a par-
ticipar do evento e se apresentou por
meio de um fashion film. O profissio-
nal, que trabalha promovendo a eco-
nomia circular, mostrou peças pinta-
das com técnicas manuais com as co-
res da natureza.
CRIA COSTURA Em sua segunda parti-
cipação no evento, o projeto Cria Cos-
tura, de aceleração criativa desenvolvi-
do pelo INMODE, em parceria com a
SMDET – Secretaria Municipal de De-
senvolvimento Econômico e Trabalho,
MINAS MARCA PRESENÇA
LUIZ CLÁUDIO, À FRENTE DA APARTAMENTO 03, APONTA
A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE
Qual a sensação de voltar ao
desfile presencial? O que essa
coleção representa para você neste
retorno às passarelas?
Lenny Niemeyer Já havia dito em algumas entrevis-
tas que não sou muito entusiasta
com o digital, ainda hoje desenho
contemplou mulheres da periferia minha coleção a mão e tenho real-
paulistana, que foram capacitadas mente paixão por tudo que é exe-
em técnicas de modelagem sob cutado manualmente. Tem um
orientação do estilista e consultor Je- significado sobre o tempo das coi-
fferson de Assis. Assim puderam de- sas, é estar grato por passar por
senvolver habilidades de criação e uma pandemia diante do cenário
design, numa metodologia de zero que vimos e continuar a estar
desperdício. Em parceria com as em- aqui realizando o que mais gosto.
presas Ellus e Vicunha, a aceleradora Essa coleção faz uma conexão di-
criativa Cria Costura formou 42 no- reta com minha última apresen-
vos profissionais da moda. tação presencial que coincide em
Na passarela foram apresentados acontecer exatamente mesmo
trabalhos alinhados com as tendências dia um ano atrás, e havia toda
de moda, com muitos volumes, peças uma emoção por retornar a ver
assimétricas e em tonalidades vibran- os amigos, após tantos meses de
tes como o roxo e o amarelo, além do pandemia. A imagem daquele
preto, branco e prata. O desfile mos- casting usando peças em ouro
trou a evolução das profissionais, des- me deu o que precisava para esse
de a última edição, que na primeira fi- momento.
la de convidados, se emocionaram ao
ver suas criações na passarela. Porque Como você avalia a necessidade
a moda, além de prover lares, tem essa de inclusão na moda?
magia que traz o brilho no olhar. Apartamento 03 O meu trabalho é sobre beleza,
sempre. E ao externar meu olhar
sobre o que é belo eu preciso me
enxergar no outro. É incrível os
anos que o mercado de moda
existe e o quanto precisou cami-
nhar para que na imagem hou-
vesse uma real mudança. Não é
absurdo lembrar que há poucos
anos um desfile com casting de 35
modelos só houvesse 2 ou 3 ne-
gras? O Brasil tem aproximada-
mente 65% da população preta e
como ela consumiria moda se ela
não se enxergasse nas campanhas
das marcas? Se ela não vê pessoas
pretas em cargos de decisão?
Para você, qual o significado e men-
sagem que você quer passar do des-
file que acontece no Dia da Cons-
ciência Negra?
É muito significativo ocupar es-
se lugar, nesse dia, lembrando
que eu não via representativi-
dade quando adolescente que
pudesse me mostrar que era
possível querer ser designer.
Então acredito que esse meu lu-
gar é exatamente a imagem
que não tive.
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

6 FEMININO& MASCULINO

UP SHOWROOM

CRIATIVIDADE
ARTESANAL
SUGESTÕES DE PRESENTES NATALINOS PODEM SER
CONFERIDOS NA SEXTA EDIÇÃO DO UP SHOWROOM

S
FOTOS/DIVULGAÇÃO
ão milhares de mãos elabo-
rando produtos artesanais
pelo Brasil afora, reprodu-
zindo saberes e fazeres, in-
ventando formas originais de
construir novas histórias. Minas
Gerais se destaca nessa“indústria
da criatividade”, que tem como
base tradições do passado que
surgem atualizadas, valorizando Vestindo Bia
a cultura local.
A economia criativa mostra to-
da sua potência como geradora de
renda para pessoas que, isolada-
mente, no interior de suas casas,
ou em grupos organizados social-
mente, se dispõem a explorar suas
habilidades e a exibi-las em even-
tos de pequeno porte.
Comprar dos pequenos pro-
dutores é um convite a descobrir
um universo de surpresas e dar
continuidade a um trabalho an-
cestral que, na maioria das vezes,
T Chic flerta com a sustentabilidade,
convite que se renova com a pro-
ximidade do Natal.
O Up Showroom, feira que es-
tá na sua sexta edição e será reali-
zada dias 3 e 4 de dezembro, no
hotel Ramada Lourdes, por
exemplo, já se tornou um veícu-
lo que busca se aproximar da es-
sência do artesanal, reunindo
produtores e público através da
seleção de técnicas como borda-
do, crochê, richelieu, macramê,
É Tudo Cerâmica
patchwork, cerâmica, uso da ma-
deira, das pedras, do vidro.
São muitas as histórias envolvi-
dasnoevento.Nascidaemumafa-
mília de bordadeiras de Esmeral-
Home Clô das, Silvana Alves de Souza dá con-
tinuidade a uma tradição antiga,
criando peças valorizadas pelo ri-
chelieu aplicado em jogos de ca-
ma, mesa e banho. Suas toalhas de
mão e panos de copa engomados
jáganharamfamaentredecorado-
ras, que aproveitam o evento para
abastecer os clientes.
Advogada e pós-graduada em
moda e designer de ambientes,
Ana Valle começou a fazer experi-
mentações com descartes de mar-
cenaria, sobretudo o MDF, em
2017, compondo acessórios de di-
ferentes níveis, cores e texturas. A
marca Anamariamariana é uma
junção do seu nome e o das duas
Regina Ladeira Rosângela Assis Bordados filhas e utiliza, entre outros recur- Sal e Flor
sos, flores desidratadas, cordões,
nós, pintura a mão com tinta acrí- vendidos separadamente. corpo e mente provocando bem-
lica, flertando com o slow fashion Geóloga por formação, Silvana estar físico e emocional.
e o upcycling. Bernardes encaminhou seus co- A loja colaborativa da Anjo e
Já Vânia Castro é bordadeira de nhecimentos na área para a cria- Cia, por sua vez, é um achado de
mãocheia.Dainteraçãoentreagu- ção de acessórios originais nos opções: tem difusores de aromas,
lha e linha nascem motivos inspi- quais as pedras naturais – amazo- homespray,caixasdecorativas,ve-
rados na fauna e na flora e traba- nita, jaspe, quartzo rosa, quartzo las e terrariums, que poderão ser
lhados com matérias-primas no- verde – se unem a bases de alumí- apreciados pelos visitantes. E, ain-
bres, como linho e cambraia im- nio, cobre e couro. São colares, da, mesaria com propostas natali-
portados, fitas e rendas especiais. gargantilhas, anéis, braceletes, nas. No mesmo setor, a Home Clo
Rosângela Assis também se inspi- brincos poderosos que levantam chega com jogos americanos,
ra na natureza para elaborar seus qualquer produção. guardanapos e porta-guardana-
bordados manuais explorando A meninada também tem es- pos criativos, para alegrar a mesa e
flores,borboletas,folhagens,paisa- paço na feira. As bonecas e bichi- tornar os encontros mais festivos.
gens, passarinhos, em cenários nhos da Arte Afeto são perfeitos Para os fashionistas, uma dica
que trazem encantamento. para as crianças brincarem ou pa- são as t-shirts da TChic. Elaboradas
O crochê está bem representa- ra decorarem quartos infantis. Ca- em malha confortável, cores neu-
do no UP Showroom. A Lalaland da modelito vem com um figuri- tras – branca, preta e cinza mescla
tece bolsas e carteiras atempo- nodiferente,asroupinhassãocria- – investe em estampas exclusivas,
rais com pontos preciosos, que das por Patrícia Poubel. No mes- que vão do logotipo e aplicação de
Fricôte Loja Colaborativa Anjo e Cia enriquecem as peças, estenden- mo segmento, a Vestindo Bia ex- slogans até prints alusivos à cida-
do sua produção aos vasos e ca- plora vestidos românticos, saias des europeias. As blusas da Zoi res-
chepôs decorativos. E a Pontapé rodadas, babados e estampas ex- gatamofeitoàmãoeaculturami-
Arte em Malhas investe na mes- clusivasnacoleçãocriadaparaves- neira através dos bordados, crochê
ma técnica, mas usando a malha tir meninas. e aplicações de renda, Já os shapes
como material. minimalistas da coleção de Regina
Na seara da porcelana pintada SUSTENTÁVEL Velas são elemen- Ladeira combinam bem com o es-
à mão, Dalila Moura espalha moti- tos fundamentais para criar um pírito descontraído e casual das fé-
vos variados sobre as superfícies. clima de mistério, celebração ou rias de final de ano.
Dos românticos ao animal print, a reconexão energética. As da L’É- E, como em toda feira que se
seleção de utilitários e adornos nergie apresentam um diferen- preze, o Up Showroom oferece
apresentada pela artesã inclui ca- cial: são fabricadas com cera 100 uma área gastronômica com pe-
necas, bandejas, copos, travessas, natural, com certificação de pro- tiscos deliciosos – pão de queijo,
pratos e xícaras. O destaque são os cedência para uma queima limpa pastel de nata, geleias, antepastos,
objetos com temas natalinos que e ecológica, além de virem com pães, bolos, biscoitos, café – com
ela levará para a feira. pavio de algodão. Blends com direito a cerveja artesanal da Harp
Já Aline Souto prepara uma li- óleos essenciais puros trazem para brindar os bons momentos.
nha especial de saboaria com perfume e benefícios terapêuti-
apresentação de vários kits perfu- cos para os produtos.
mados englobando manteiga cor- E para quem aprecia óleos es- SERVIÇO
poral, escalda pé e os sabonetes senciais, os doTerra também estão
Feira Up Showroom
pintados da É tudo sabão. Nessa no Up Showroom. Os vidrinhos Dias: 3 e 4 de dezembro
edição, ela investe ainda na criação mágicos, cada um com suas pro- Sábado: das 9h às 20h
de peças em cerâmica – bolws, sa- priedades, despertam os sentidos Domingo: das 9h às 19h
boneteiras, copos, canecos - que por meio de suas composições, Ramada Lourdes
Lalaland Geo Design podem ser anexados aos kits ou fragrâncias e aromas que abraçam Avenida Álvares Cabral, 967 - Lourdes

ARTE FINAL
EM SE CONSOLIDA COM RECORDE DE
AUDIÊNCIA E ALCANCE NAS ELEIÇÕES
A tecnologia se tornou nos últi-
mos anos ferramenta fundamental
nas coberturas de grandes eventos
no Estado de Minas. Este ano, dian-
te de cenários de polarização, explo-
ração de fake news para desinformar
e desacreditar o jornalismo profis-
sional, e tantas outras turbulências
previstas o Estado de Minas plane-
jou e desenvolveu uma cobertura
das eleições que reafirmou ao mer-
cado a importância das mídias dos
Diários Associados na vida do povo
brasileiro. Com visão ampla e plural,
transparência e foco em informa-
ções justas, igualitárias, antirracista
- sempre guiadas por dados pró-
prios gerados em tempo real - a au-
diência do Estado de Minas teve au-
mento de 154% no período de julho
a outubro, com recordes sucessivos,
segundo o Google Analytics.
CONSTRUÇÃO Os números impac-
tam o mercado e consolidam o EM
por sua capacidade de se conectar e
engajar com todos os públicos. Po-
rém, internamente, esse crescimen-
to foi estrategicamente construído.
Com investimentos em profissio-
nais especializados e a utilização de
ferramentas modernas e adequa-
das, os resultados foram surgindo
dia a dia, como explica Alexandre
Magno, Diretor de Operações do
Grupo Diários Associados. “Olhan-
do só para os números, eles são
muito agressivos. Mas o crescimen-
to não chegou de uma vez. Ele vem
desde de abril, com uma cobertura
executada mês a mês, e tivemos
crescimento todos os meses. Foi um
crescimento construído ao longo
do ano, na integração da tecnologia
com a redação para, no final, colhe-
mos os louros”, avalia o diretor.
CONCORRÊNCIA NACIONAL Orien-
tados em tempo real por dados sóli-
dos, com o acompanhamento dos
movimentos e tendências políticas e
sociais provocados pelos presiden-
ciáveis e candidatos ao governo de
Minas e ao Senado, a equipe da reda-
ção produziu conteúdos equilibra-
dos e manteve seu foco nas frentes
estadual e nacional. Debates, como
dos presidenciáveis no primeiro e se-
gundo turnos, por exemplo, recebe-
ram intensa cobertura, com média
de 50 reportagens a cada evento.
Com essa dinâmica e um segundo
turno presidenciável ainda mais po-
larizado, além das presenças cons-
tantes do atual presidente Jair Bolso-
naro e do presidente eleito Lula, na
busca dos votos dos mineiros, o Esta-
do de Minas também alcançou uma
amplitude nacional surpreendente.
DADOS ANALÍTICOS “O Estado de Mi-
nas é um veículo regional que sem-
pre se propõe à cobertura de todos
os fatos nacionais. Só que nos torna-
mos concorrentes dos veículos na-
cionais com esse nosso alcance. Tive-
mos em São Paulo alcance de 20%,
no mesmo percentual médio dos
veículos nacionais e igual ao alcance
em Minas. No Rio, onde temos ou-
tros grandes veículos nacionais, nos-
so alcance foi de 10%. No Sul, na so-
PROJETO LAPIDAR FORMA PROFISSIONAIS
NEGROS EM CURSO DE EXTENSÃO GRATUITO
No mês da consciência negra,
uma inciativa inédita promovida
pelaGerdauemparceriacomoIB-
DM (Instituto Brasileiro de Direito
Minerário)realizouaformaturade
29 advogados e advogadas negros
em um curso de extensão 100%
gratuito, exclusivamente voltado
paraessepúblico.Oevento,restrito
a convidados, aconteceu no MM
Gerdau - Museu das Minas e do
Metal. A iniciativa inédita contou
com professores renomados que
ao longo do curso ofereceram dis-
ciplinas com temas dentro da ca-
deia de aço e mineração para alu-
nos de todo o Brasil.
DIREITO Nesse primeiro ciclo, o
projeto ofereceu curso de Direito
Minerário, com o objetivo de for-
mar profissionais autodeclarados
negros que estejam cursando ou
tenham se formado em Direito,
E STA D O D E M I N A S
E-mail para esta coluna:
carloscruz@uaigiga.com.br
ma dos principais estados, che-
gamos a 14%; no Nordeste al-
cançamos 18%. Enfim, um al-
cance sensacional”, comemora
Alexandre Magno, que destaca
a importância da sintoniza da
redação com o Núcleo de Cria-
ção Multimídia do Estado de
Minas e Portal Uai. “Quando
editores trabalham com dados
analíticos e vai interpretando e
intensificando a cobertura com
conteúdos de qualidade, é pos-
sível alcançar excelência na co-
considerando a necessidade e o in-
teresse de se viabilizar o aumento
donúmerodeprofissionaisnegros
nomercadojurídicodacadeiapro-
dutivadoaço.Ocursoteveduração
de quatro meses e foi realizado de
forma on-line. Dividido em seis
módulos, os alunos puderam
aprender sobre Mineração, Direito
e Regulação; Mineração, Contratos
empresariais e Responsabilidade
Civil; Direito Ambiental e Gover-
nança; Advocacia de Alta Perfor-
mance; Mineração e Contencioso
Estratégico e Tópicos em Direito
Tributário aplicado à Mineração.
"O objetivo desse curso é am-
pliar a participação desses profis-
sionais no mercado de trabalho,
alémdaoportunidadedefazerum
networking, não só com os colegas,
mas também com os professores",
destaca Fabio Spina, diretor Jurídi-
co e de Relações Institucionais da
● D O M I N G O ,
FEMININO&MASCULINO
bertura regional e nacional. To-
da nossa equipe é preparada
para saber ler e interpretar es-
ses dados oferecidos por nossa
tecnologia, e devolver ao públi-
co conteúdos mais qualifica-
dos”, acrescenta.
REDES SOCIAIS O grupo inves-
tiu também nas redes sociais,
para produção de conteúdos
mais dinâmicos e factuais. Em
maio, a empresa contratou pro-
fissionais exclusivos para traba-
Gerdau."Anossaexpectativaéque
os formandos saiam daqui com
ótimas referências, possibilitando
que eles se recoloquem no merca-
do de trabalho ou assumam im-
portantes cargos em grandes em-
presas do setor", completa.
"O Projeto Lapidar é a materia-
lização de um sonho antigo do IB-
DM: a democratização do Direito
Minerário. É uma iniciativa total-
mente alinhada com o objetivo do
instituto de expandir o acesso a
esse tipo de conhecimento, histo-
ricamente restrito a poucos. Ver
uma turma, tão qualificada quan-
to diversa, se formando neste cur-
so é motivo de orgulho e energia
para novos projetos, especialmen-
te focados na redução de barreiras
à educação e à inclusão de pes-
soas, em toda a sua pluralidade,
em posição de destaque na área
jurídica mineral", explica o presi-
2 7 D E N O V E M B R O
lhar na distribuição desse novo
conteúdo e realizou obras de ade-
quação de um estúdio na Reda-
ção para a gravação de video-
casts. E o resultado veio com o
EM conseguindo avançar de for-
ma expressiva no público mais
jovem. A empresa também ado-
tou as melhores práticas de Sear-
ch Engine Optimization, ou SEO,
o que garante um melhor posi-
cionamento do jornal nos resul-
tados do Google. Com isso, conse-
guiu dominar as buscas nos tópi-
cos regionais, e foi o único veícu-
lo regional de comunicação a
quebrar constantemente o domí-
nio de portais sediados em São
Paulo e Rio de Janeiro.
VITRINE O Twuitter, classificado
pelo Statcounter GlobalStats co-
mo a quinta rede social em per-
centagem de uso no Brasil, trans-
formou-se na vitrine da produ-
ção de conteúdo do EM, onde vá-
rias informações foram divulga-
das primeiro. E com a prática diá-
ria de criar Moments sobre te-
mas relevantes, o EM, por várias
vezes, conseguiu destaque nessa
ferramenta, criada para organi-
zar histórias de forma prática pa-
ra os leitores sobre fatos atuais.
No Instagram, a terceira rede
social mais usada no Brasil, o al-
cance do EM aumentou em mais
de 70% somente em outubro. E,
no Facebook, que lidera com folga
o percentual de uso no Brasil, con-
forme o Statcounter, o alcance da
página do EM subiu mais de 100%
no mesmo mês.“E este ano entra-
mos também no Tik Tok com pro-
dução de conteúdos específicos,
com linguagem adequada, dire-
cionada ao público mais jovem. E
o nosso YouTube do Portal Uai
também ganhou conteúdo novo,
mais quente. Passamos a usar
pautas mais factuais, o que resul-
tou em audiência excelente (mais
de 400 mil inscritos)”, enumera
Alexande Magno.
FUTURO O Estado de Minas faz
parte do Portal Uai, que teve mais
de 178 milhões de pageviews no
período de cobertura eleitoral.
“Agora, o trabalho é manter nossa
ampla cobertura política, que
continua como assunto muito
forte. Mas já começamos fortes
também com a cobertura da Co-
pa do Mundo, uma tradição no
grupo. Temos um repórter multi-
mídia no Catar, para trazer os bas-
tidores exclusivo do evento. A co-
bertura diária, no Superesportes,
está intensa, com números em
tempo real e muita informação e
tecnologia. E o site Sou BH, que já
faz parte do portfólio do Portal
Uai, está preparando ampla co-
bertura do Natal, do Réveillon e
das férias. Enfim, mudamos a
pauta, mas mantemos nosso foco
de cobertura intensa, com utiliza-
ção de todas nossas mídias, que
inclui também a TV Alterosa, e
sempre buscando novos recursos
tecnológicos”, conclui.
dente do IBDM, Tiago de Matos.
CONHECIMENTO O formando Die-
go Pinto conta que falar do Lapi-
dar é falar de inclusão e da neces-
sidade de reparação histórica que
temos para com a população ne-
gra no Brasil, é falar também so-
bre o combate ao racismo corpo-
rativo, o que é essencial debater
nos dias atuais. "Para além das
questões do racismo, o projeto
Lapidar trouxe um ganho de co-
nhecimento sobre o Direito Am-
biental e principalmente sobre o
Direito Minerário, além do inter-
câmbio cultural imenso, até por-
que temos alunos de vários esta-
dos do Brasil. No decorrer do cur-
so fomos acumulando conheci-
mento e realizando trocas de ex-
periencias profissionais. Tudo is-
so agregou muito para o aprendi-
zado", destaca.
D E 2 0 2 2
7
BRIEFING
ANDREJ ISAKOVIC/AFP VIA GETTY IMAGES
■ OS BILHÕES DA FIFA
A escolha do Catar como sede da Copa do Mundo ainda gera
polêmica. A eleição do país, inclusive, foi investigada por
suspeita de corrupção, o que não se confirmou. Mas do ponto
de vista econômica a Fifa não tem dúvida de que acertou na
mosca. A entidade divulgou sua receita recorde de US$ 7,5
bilhões no ciclo 2019/2022. Segundo seu presidente, Gianni
Infantino, todas as cotas foram comercializadas. Ele projeta
faturamento líquido de US$ 1 bilhão e promete que o dinheiro
será investido para "fazer o futebol crescer ainda mais em
todo o mundo".
■ PODER DA MULTIPLICAÇÃO
Para alcançar o faturamento recorde, a Fifa comercializou três
níveis de cotas. O primeiro, considerado a "Cota Principal",
chamada Fifa Partners, reúne sete marcas: Adidas, Coca-Cola,
Wanda, Hyundai/Kia, Visa, QatarEnergy e Qatar Airways. O
segundo nível, de "Patrocinadores Oficiais", também tem sete
investidores: Budweiser, Byju's, Crypto.com, Mengniu,
Hisense, McDonald's e Vivo. Mas o leque se ampliou mesmo
foi no terceiro nível chamado de "Regional Support" e reúne
mais 15 empresas, separadas em cinco regiões: Algorand,
BOSS Zhipin, Claro, Fine Hygienic Holding, Frito-Lay, GWC,
Inter Rapidísimo, Nubank, Ooredoo, QNB, The Look Company,
UPL, Visit Las Vegas, Yadea e YouTube.
■ MAIS RECORDE
Apesar do alto custo do país, a Fifa divulgou que, antes
mesmo de rolar a bola no Catar, já havia atingido o recorde
na venda de 240 mil pacotes de hospitalidade, sendo 63%
para estrangeiros, e cerca de três milhões de ingressos. O
Brasil é o nono consumidor no ranking dos dez países de
maior demanda, atrás de Catar, EUA, Arábia Saudita,
Inglaterra, México, Emirados Árabes, Argentina, França, e à
frente da Alemanha. Porém, a entidade espera recorde
também na audiência global, impulsionada pelas redes
sociais. A Copa está sendo transmitida por TV, rádio e
plataformas digitais para 223 territórios do mundo. No Brasil,
os jogos são exibidos por Globo (TV aberta), SporTV (TV
paga), GE (digital), Globoplay, Fifa+ (streaming) e pelo
streamer Casimiro no YouTube, Twitch e TikTok, em parceria
com Fifa e Live Mode. A expectativa é que as 64 partidas
sejam vistas por 5 bilhões de telespectadores, superando o
recorde de 3,5 bilhões da Copa da Rússia, em 2018.
■ RITMOS DA COPA
Enquanto as seleções brigam pelo título mundial, fora das
quatro linhas as marcas disputam o gosto do consumidor. E as
"Músicas de Copa" são tradição no mercado. Este ano, a Fifa
escalou um time de artistas para dar o tom oficial da Copa.
Mas patrocinadores oficiais e outras marcas aproveitam o
clima para engajar o público. Muitos "requentaram" sucessos
anteriores. Caso do Itaú, com nova versão de "Mostra Tua
Força, Brasil", criado em 2014. A Brahma transformou o
famoso "Waka Waka", que ganhou o mundo na voz de
Shakira em 2010, em "Waka Brahma", agora interpretada por
Zeca Pagodinho junto de Tierry e Bárbara Labres. A Sadia
resgatou o funk "Passinho do Volante", comparando seu
refrão, "Lek Lek", ao nome do mascote da marca, o Lek Trek,
que aparece no comercial dançando com o jogador Neymar. A
Budweiser ganhou o clipe com a música "Atura o Baile",
produzido pela KondZilla, o clipe traz um feat entre Mano
Brown, L7NNON, Papatinho e Lil Baby.
■ "COM TIGGO"
Porém, para quem não comprou direitos da Copa, o negócio é
investir em criatividade. E como ensina a sabedoria popular,
"o difícil é fazer fácil". E quem marcou um golaço, até agora,
foi a Coa Cherry, com o comercial "Com Tiggo". Usando o
nome do carro Tiggo, a a música é um show de criatividade e
leva o telespectador à Copa. Porém, sem usar escudo da Fifa,
CBF, jogadores da seleção, absolutamente nada que simbolize
diretamente a Copa do Catar. O hit é leve, no melhor estilo
nacional, fala de brasilidade, remete a valores do futebol e
conecta o torcedor o esporte. Em sua primeira frase já
empolga: "Com Tiggo o Brasil sempre chega na frente/Com
Tiggo o Brasil é mais coração"... Bela sacada! Enquanto faz
trocadilhos com o nome do carro, o comercial vai
apresentando suas versões e fecha com o refrão, que é o gol
de placa: "Futebol com Tiggo, não tem nada igual/Com Tiggo
o Brasil é paixão nacional". Parabéns!
■ PRÊMIO ARCANJO
O Tiradentes em Cena, festival de teatro e artes cênicas que
acontece anualmente na cidade de Tiradentes, conquistou o
prêmio Arcanjo de Cultura, em sua primeira participação. O
Tiradentes em Cena completou 10 anos sob a direção de Aline
Garcia. O prêmio foi realizado pela primeira vez no Teatro
Sérgio Cardoso em São Paulo e é idealizado pelo jornalista e
crítico de arte Miguel Arcanjo Prado. Apresentado pelo Itaú
Cultural, a cerimônia foi marcada pela diversidade das artes e
que comemorou dez anos do Blog do Arcanjo, site de
referência no jornalismo cultural.
■ USIMINAS
A Usiminas mantive o título de uma das "Empresas que
Melhor se Comunicam com Jornalistas" ao ser reconhecida
novamente por seu relacionamento com a imprensa de todo o
país. A cerimônia de entrega da premiação aconteceu em São
Paulo. A diretora de Comunicação e Responsabilidade Social,
Ana Gabriela Dias Cardoso, e o coordenador de Relações com
a Mídia, Marcone Andrade, representaram a Usiminas na
premiação. O prêmio "Empresas que Melhor se Comunicam
com Jornalistas" é promovido pelo CECOM - Centro de
Estudos da Comunicação e pela Plataforma Negócios da
Comunicação. Para a seleção dos vencedores, as entidades
realizam uma pesquisa com profissionais de imprensa de todo
o país, que são convidados a indicar, de forma livre e direta,
as empresas com ações de comunicação eficientes e que
construíram um bom relacionamento com os profissionais das
redações. São premiadas as três mais votadas em diversos
setores econômicos contemplados. A votação é auditada pela
consultoria britânica BDO Brazil.
 E STA D O D E M I N A S
8 FEMININO& MASCULINO
O esperado abraço do Bom Velhinho
A Fada Fogo distribuiu amor e carinho
A entrada das crianças, sendo recebidas pelos
A voluntária Cláudia Souza Lima não parou de
servir lanche para as crianças nem um minuto
Todos amaram as comidas servidas por Vera Comini
Henrique Teixeira da Costa e Izabel, do Alterosa
Esporte, fizeram tatoo nas crianças
Bela Adormecida e a fada Sininho
foram muito requisitadas
● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2
ENCANTO DO
PAPAI NOEL
Ninguém consegue medir a alegria de uma criança ao ver, dar e receber uma
abraço do Papai Noel. Os voluntários que ajudam na Festa de Natal da Jornada
Solidária Estado de Minas conseguem sentir essa emoção, quando veem mais de
700 crianças abandonarem brinquedos, princesas, super heróis e lanches Nazareth, Isabela e Álvaro Teixeira da Costa
com o Papai Noel Pedro Reis
deliciosos simplesmente ao ouvir o ho,ho,ho do Bom Velhinho. E a alegrias delas,
contagia. Essa é uma das milhares de cenas lindas que a Jornada proporciona para
os pequenos. Confiram nas fotos. A festa teve o apoio do Luminis Urban Play, Casa
do Sol, Padaria Pedro Padeiro, Rede Mater Dei de Saúde e Supermercado Epa.
FOTOS JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS
Muita alegria de ver de pertinho a Cinderela
Voluntários que ajudaram na Festa de Natal da Jornada Solidaria Estado de Minas
Nazareth, Henrique, Laura, Leonardo,
Álvaro e Maria Eduarda Teixeira da Costa
Princesas, superheróis e Papai Noel fizeram alegria das crianças As crianças de divertiram com a banda música que a
princesa Bela e a Sininho fizeram com a ajuda do
músico Marcelo Teixeira da Costa
Diretores, coordenadores e professores das creches com a presidente da Jornada,
Nazareth Teixeira da Costa e a coordenador, Isabela Teixeira da Costa
A Branca e Neve ficou rodeada de crianças
O amplo salão do Luminis Urban Play ficou cheio com
mais de 730 criancas de 3 a 6 anos das 13 creches Nada como o abraço da
beneficiadas pelas Jornada Solidária As voluntárias Babi Vasconcelos, Vera Comini e
Mulher Maravilha
Vera Faria com Isabela Teixeira da Costa
Todos se aglomeraram para ver de perto a chegada do A crianças se encantaram Meninos e meninas brincaram
Papai Noel e ouvir o seu recado com a Rapunzel a valer com o Batman
degustaEDITORA: ANNA MARINA
ESTADO DE MINAS
● Domingo, 27 de novembro de 2022

VISITFOODS/DIVULGAÇÃO
Arroz cremoso de
siri com lagostim do
rio e pistache

Mergulho em BH CHEF PORTUGUÊS SE ENCANTA

PELA CIDADE E SUA GASTRONOMIA:
“ME SENTI EM CASA”
PÁGINAS 2 E 3

2 degusta
●●●
Viagem
inspiradora
DONO DO Ó
BALCÃO, EM
SANTARÉM,
RODRIGO
CASTELO SE
APAIXONOU
RAPIDAMENTE
POR BH
E DIZ QUE VAI
USAR OS
SABORES DA
COZINHA
MINEIRA COMO
INSPIRAÇÃO PARA
NOVAS RECEITAS
CELINA AQUINO
B
astou pisar em Minas Ge-
rais para se sentir em casa.
Era a primeira vez que Ro-
drigo Castelo visitava Belo
Horizonte, mas não demorou pa-
ra ele se identificar com o povo e
a comida. “Uma vez disse que, se
não vivesse em Portugal, viveria
no Brasil, especificamente no Rio
de Janeiro. Agora já não tenho
mais certeza. Gostei muito de
BH”, confessa o chef português.
Rodrigo é o dono do Ó Balcão,
em Santarém, na região do
Alentejo. É o único restauran-
te da pequena cidade, banha-
da pelo rio Tejo, a ser indicado
pelo Guia Michelin na catego-
ria Bib Gourmand. Ou seja,
oferece uma cozinha de quali-
dade a um bom preço.
Curiosamente, Santarém tem
uma ligação direta com o nosso
país, não só pelo nome, idêntico
ao da cidade do Pará. Ali Pedro
Álvares Cabral, descobridor do
Brasil, viveu seus últimos anos.
Há uma estátuta em sua home-
nagem, seu túmulo em uma
igreja e o centro cultural Casa do
Brasil, que ocupa o sobrado onde
ele morou com a família. Portan-
to, virou um destino turístico pa-
ra brasileiros.
O chef cresceu muito próxi-
mo dessa história e sempre gos-
tou do Brasil. Até então, já tinha
estado em São Paulo e Rio de Ja-
neiro (a trabalho) e Trancoso e
Fortaleza (de férias). Desta vez,
passou cinco dias em Belo Hori-
zonte a convite do Projeto Fartu-
Casquinha
com ceviche
de peixe do
rio (tainha)
e do mar
(atum) e
ovas de truta
ra. “Gostei muito da vossa cida-
de. Achei segura, pelo menos por
onde andei, tudo é de fácil aces-
so e me senti muito bem recebi-
do”, revela.
Pelo lado da gastronomia, ah,
esse é um capítulo à parte. Rodri-
go relata experiências“incríveis”
em vários restaurantes da cida-
de. Visitou, por exemplo, o Turi
do seu conterrâneo Cristóvão La-
ruça, que o acompanhou em boa
parte do tour. Conheceu tam-
bém o Birosca de Bruna Martins,
o Glouton de Leo Paixão, o Cozi-
nha Tupis de Henrique Gilberto
e o Xapuri de Flávio Trombino.
“A cidade está muito forte a
nível gastronômico e muito bem
representada por seus cozinhei-
ros”, ele resume.
O chef fala com bastante en-
E STA D O D E M I N A S
tusiasmo sobre o Mercado Cen-
tral. Diz que se sentiu como
uma criança em um parque de
diversões. Como todo turista
em Minas, encheu a mala de
queijos, mas ficou frustrado
porque não pode cozinhar com
eles. A bagagem de 25kg foi
apreendida pela alfândega no
desembarque. Ele não sabia
que era proibido transportar
queijos em voos internacionais.
Rodrigo protagonizou o se-
gundo jantar com chefs estran-
geiros da Temporada Fartura
em BH (depois do francês Patri-
ck Terrien e antes da espanhola
Nieves Barragán). Nessa aproxi-
mação com os mineiros, deci-
diu trazer um menu mais se-
melhante possível ao que serve
no restaurante. Tanto que não
abriu mão de preparar aqui os
caldos e outras bases dos pra-
tos. Isso levou dois dias.
Adaptações foram necessá-
rias, já que sua cozinha privile-
gia ingredientes locais. Lá, em
especial, peixes e mariscos do
rio (em um menu degustação
do Ó Balcão, ele chega a apre-
sentar quase 10 espécies de
água doce). Mas não teve do
que reclamar. “Consegui óti-
mos ingredientes. Alguns pra-
tos até resultaram melhores,
porque os produtos eram me-
lhores”, comenta, muito satis-
feito com o resultado.
O cardápio impresso na me-
sa listava cinco pratos. Mas logo
chega a primeira surpresa: um
peixe curado tipo sashimi com
alga kombu marinada em sa-
quê, shoyu e cítricos. A entrada
inesperada havia sido feita com
as sobras do peixe que estaria
em um etapa adiante. Na se-
quência, uma versão de fish
and chips, que também não es-
tava prevista, com chips de cas-
ca de batata e molho de peixe
com as aparas.
ZERO DESPERDÍCIO Naquele
momento, ficava evidente uma
característica marcante da cozi-
nha de Rodrigo: desperdício ze-
ro. “Nada se desperdiça e tudo
se transforma. Essa é uma lei
dentro do restaurante. Não des-
perdiçamos nada e tentamos
levar tudo para a mesa”, explica
o chef, que gera o mínimo de li-
xo, porque ainda “alimenta”
uma pequena compostagem.
Oficialmente falando, o me-
nu começou com uma casqui-
nha (com as que comemos
com doce de leite) recheada
com ceviche de peixe do rio
● D O M I N G O ,
Gelado de limão, lemon curd, caramelo salgado, merengue de amêndoas e queijo ralado
Peixe achigã curado, caldo defumado de espinha e cabeça de peixe, gema de ovo e ovas de barbo
(tainha) e do mar (atum). Em
seguida, sopa de peixe curado
com caldo de aparas de peixe
e ovas, que até se confundem
com canjiquinha pelo efeito
granulado. Segundo o chef,
esta foi a receita que ficou
mais parecida com a original.
O prato com bacalhau diz
muito sobre sua origem.
Apesar de não ser pescado lá,
o peixe é muito presente nas
mesas de Santarém. Confita-
do em baixa temperatura, fi-
ca impecavelmente translú-
cido. De acompanhamento,
magusto, preparo típico da
2 7 D E N O V E M B R O
região, com sobras de pão,
feijão, batata e couve. O azei-
te do bacalhau emulsionado
vira um creme branco e o
óleo verde reúne aparas de
coentro e salsa.
Em Santarém, ele usa la-
gostim do rio. Aqui Rodrigo
teve que recorrer ao lagostim
do mar (“estava num ponto
incrível”) para a etapa seguin-
te, curado em sal e água com
gás e braseado com maçarico.
Era para acompanhar o arroz
português carolino cozido
em caldo de siri (lá chamado
de caranguejo de água doce) e
D E
FOTOS: VISITFOODS/DIVULGAÇÃO
saborizado com caldo de apa-
ras de lagostim. Na finaliza-
ção, pistache triturado.
Para encerrar o jantar, o
chef escolheu uma sobreme-
sa famosa do seu restaurante,
que tem um nome curioso:
Nem tudo é limão. Leva-se a
crer, pela apresentação, que o
prato se resume à fruta, mas
não é bem assim. Em contras-
te com o azedinho do sorvete
e do creme de limão, fomos
agraciados com o dulçor do
merengue de amêndoas, o sal-
gado do queijo ralado e a mis-
tura do caramelo salgado.
2 0 2 2
3
Cozinheiro desde criança
●●●
Arroz cremoso de
siri com lagostim Por influência dos pais, Ro- Sem perder muito tempo, lejos hidráulicos centenários.
e pistache drigo sempre esteve muito li-
gado à gastronomia. Nas via-
Rodrigo seguiu a sua intuição
e foi criando pratos que fazi-
Na parede ao lado, estã pen-
duradas louças portuguesas.
✔ INGREDIENTES gens de férias, a família saía am sentido para ele, com sa- Recentemente, o espaço pas-
em busca de bons restau- bores que gostava e técnicas sou por uma reforma, dei-
5kg de siri; 600g de alho-poró; 200g rantes. O filho começou a co- que aprendeu sozinho. “Os xando o balcão ainda mais
de alho; 335g de raiz de coentro; 1700g zinhar aos oito anos, mas, à pratos são uma continuação em evidência.
de cebola; 200g de azeite; 100g de sal princípio, não quis ser chef. de quem eu sou”aponta. “Sou Em março, nove anos de-
grosso; 230g de manteiga; 1500g de Estudou produção animal e uma pessoa com coração pois de abrir o restaurante, Ro-
vinho branco; 15 litos de água; 100g de foi trabalhar na área das ven- grande, que gosta de receber, drigo se tornou embaixador
amido de milho; 55g de açafrão; 90g das e de suporte clínico de muito intenso, justo, sincero, da gastronomia da cidade de
de colorau; 10g de raiz forte; 100ml de
uma indústria farmacêutica. humilde e muito apaixonado Santarém. Nada mais justo, já
Macieira (destilado português); 50g de
gengibre; 350g de carne de siri; 45g de Cozinhava por pura satisfação. pela gastronomia, pela minha que ele tem um trabalho de
destilado de uva; 50 de vinagre; 10kg Quando uma crise se ins- família, por tudo.” valorização de produtores e
de lagostim; 1,2 kg de cebola picada; talou em Portugal, ele teve a O restaurante já estava produtos locais. Como exem-
200g de alhos laminados; 250g de
azeite virgem; 1 talo (40g) de capim-
“sorte” de ser demitido e,
com o dinheiro do acerto,
pronto, mas ainda não tinha
nome. Foi, então, que Rodrigo
plo, o grão-de-bico do Ribate-
jo, servido com o peixe preda-
limão; 30g de tomilho; 30g de poejo;
sal e pimenta a gosto; 2l de vinho
decidiu realizar o sonho de
abrir um restaurante. Deta-
teve a ideia de homenagear o
balcão de serviço, elemento
dor siluro, raro de se ver à
mesa. Para experimentar esse
branco; 3l de água; 500g de manteiga;
lima a gosto; 50g de pistache; 150g de
lhe: nunca tinha trabalhado chamativo do salão. Destaca- prato, não tem jeito, tem que
em uma cozinha. se por ser revestido com azu- ir à Santarém.
arroz carolino; coentro a gosto; sumo
de 4 limões; 600ml de caldo de siri; 10
lombos de lagostim; 15 folhas de wasabi
ALBERTO SILVA/DIVULGAÇÃO
✔ MODO DE FAZER
Num tacho, coloque 100g de azeite e
esmague os siris. Deixe suar bem até
secarem. Em seguida, coloque a
Macieira e flambe para evaporar o
álcool. Junte o alho-poró, metade da
raiz de coentro, 700g de cebola e deixe
cozinhar por 10 minutos em fogo
brando. Adicione o vinho branco e,
quando evaporar o álcool, junte a
água. Deixe reduzir durante 2 horas
(aproximadamente). Coe o caldo. À
parte, num tacho, refogue o alho, raiz
de coentro, o restante da cebola ,
açafrão, colorau, raiz forte, gengibre e a
carne do siri em 100g de azeite.
Adicione o destilado e o vinagre. Depois
o caldo coado. Adicione o amido de
milho e tempere com sal. Triture a
mistura durante 10 minutos. Para Couve grelhada com peixe pimpão
preparar os lagostins, separe as cabeças
e maionese de açafrão
das caudas. Coloque as caudas em sal
moura líquida de 10%. Separe as pinças
das cabeças. Retire o coral do interior “Nada se
das cabeças. Refogue as cebolas, os desperdiça e tudo
alhos e as pinças em azeite. Deixe se transforma.
reduzir. Junte a manteiga. Adicione Essa é uma lei
vinho branco e faça a deglaçagem.
Adicione o vinho restante e deixe
dentro do
evaporar o álcool. Junte a água e restaurante",
tempere com sal e pimenta. No fim, aponta o chef
junte as ervas aromáticas. Por fim, Rodrigo Castelo
junte os miolos e deixe reduzir. Triture
durante 10 minutos. Junte o arroz
carolino ao caldo de siri. Adicione o
caldo até o arroz ficar cremoso. No
final, adicione coentro picado.
Descasque os lombos dos lagostins, Peixe siluro com
pincele com a bisque das pinças e passe
emulsão da
o maçarico. Coloque o arroz embaixo e
os lagostins por cima. Finalize com gordura do
pistache picado, folhas de wasabi e a próprio peixe e
bisque das pinças ao redor. grão-de-bico
do Ribatejo
 E STA D O D E M I N A S
4 degusta
NOVIDADES na cozinha
A todo vapor
AGNES FARKASVÖLGYI ACABA DE
COMPLETAR 60 ANOS CHEIA DE ENERGIA
E CRIATIVIDADE NA GASTRONOMIA
A Casa
da Agnes
ISABELA TEIXEIRA DA COSTA
Q uem diz que as pessoas que en-
tram na terceira idade perdem
energia e não conseguem produzir
como antes, não conhecem os atuais ses-
SERVIÇO: ● ACasadaAgnes-Informaçõesedelivery:(31)98738-7066 -RuaPauloAfonso,833-SantoAntônio@acasadaagnes ● BouquetGarni-@bouquetgarni- ● Chafariz-Informações:(31)98948-9976-SãoJosé,167-OuroPreto/MG-@chafarizrestauranteop/
● D O M I N G O ,
FOTOS: ESTUDIO DARA/DIVUJGAÇÃO
sentões e, com certeza, nunca ouviram fa-
lar de Agnes Farkasvölgyi. A chef mineira es-
táportrásdosrestaurantesACasadaAgnes,
emBeloHorizonte;Chafariz,emOuroPreto;
alémdecontinuarnocomandodoconheci-
do bufê Bouquet Garni.
2 7 D E N O V E M B R O
Agnes sempre se destacou pela sua
criatividade tanto na criação dos menus,
quanto na forma diferenciada e artística
na montagem dos pratos e das mesas. A
chef e artista plastica sempre uniu em
seu trabalho suas duas paixões, e leva seu
universo lúdico para a cozinha dos três
empreendimentos. "Enquanto chef uso a
cozinha e seu entorno como ferramentas
para contar uma história construída so-
bre um tripé de memória/afeto, curiosi-
dade e diversão. Minha cozinha se parece
muito comigo. É colorida, alegre, mistu-
rada. Todos os pratos que faço tem uma
história por trás. As que vivi e ainda vivo,
as que ouço e aprendo. Desde quando co-
mecei em 1989”, explica.
A Casa da Agnes abriu as portas em 29
de janeiro de 2020. O projeto nasceu a
partir de um desejo de diminuição da es-
trutura do bufê e de um contato mais di-
reto com os clientes. "Sempre gostei do
tete a tete com o cliente, da conversa",
conta. Ali, Agnes divide as panelas e o
atendimento com sua filha Camila. Sua
mãe Lelete, depois de anos inserida no
mundo da moda, também está por lá,
cuidando de cada detalhe da casa. No
menu, pratos frescos que mudam com a
estação e algumas clássicas criações.
Seu mais recente projeto é no restau-
rante Chafariz, em Ouro Preto. Desde se-
tembro deste ano, Agnes é chef executi-
va do tradicional restaurante da cidade
histórica, colocando seu toque contem-
porâneo e criativo na culinária mineira.
"Eu pratico uma cozinha atenta às mi-
Camila e Agnes Farkasvölgyi
D E 2 0 2 2
nhas referências, ao mesmo tempo aber-
ta e curiosa ao novo. Acredito e uso a tec-
nologia nos preparos e acho que cozinha
pode ser arte, desde que, quem a faz, as-
sim queira. Quanto mais misturamos
tecnologia com histórias e conhecimen-
to, mais estamos aptos a criar enredos
com os pratos", explica a chef, que nos
seus mais de 30 anos na gastronomia
criou pratos que se tornaram icônicos e
que vez ou outra precisa relembrar para
seus fiéis clientes do Bouquet Garni. Ca-
so do lombinho de porco com espaguete
com couve e torresmo, o camarão empa-
nado harumaki sobre caldinho de feijão-
branco, os bolinhos de arroz com ovas, a
feijoada com pequi, entre outros, afinal, a
lista é grande.
"O processo de criação de um prato
ou um menu é muito parecido com
meu processo artístico, seja para pintar,
desenhar, escrever ou montar. Se desco-
nheço um assunto ou tema, faço uma
pesquisa. Anoto e desenho o que acho
relevante e vou construindo um cami-
nho. Todas as referências me interessam:
forma, cor, textura e conteúdo”, diz.
Agnes Farkasvölgyi acabou de com-
pletar 60 anos e está em seu auge criati-
vo, com muitos planos e ideias. "Com A
Casa da Agnes comecei a construir um
sonho. Um espaço que abrigasse cozi-
nha e arte, jantares e almoços inusita-
dos, todo o meu trabalho com o buffet e
ainda um bistrô". A comemoração de
seu aniversário, um evento eat art, foi o
início dessa nova fase.
ESTADO DE MINAS ● D O M I N G O ,
BEM VIVER
MEDIUNIDADE E LOUCURA
CONTATO ESPIRITUAL NÃO ENVOLVE APENAS UM DIÁLOGO ENTRE VIVOS E MORTOS, MAS
ACONTECE TAMBÉM ENTRE VIVOS. PSIQUIATRA ABORDA A RELAÇÃO ENTRE OS DOIS ASPECTOS
IRACEMA AMARAL
Loucura e razão. “De perto nin-
guém é normal”, crava Caetano
Veloso em uma de suas letras,“Va-
ca Profana”, que ficou imortaliza-
da na voz de outro ícone da cultu-
ra nacional: Gal Costa (1945-2022).
E quando o assunto é a mediu-
nidade? As pessoas enlouquece-
ram de vez? Loucura e mediuni-
dade se confundem? Para nos
ajudar a responder essas ques-
tões, pautadas desde sempre pe-
la humanidade, o Estado de Mi-
nas entrevistou o psiquiatra Ro-
berto Lúcio Vieira de Souza, de
64 anos, formado em 1982 pela
Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
Roberto Lúcio, após ocupar du-
rante 15 anos os cargos de dire-
tor clínico e médico do Hospi-
tal Espírita André Luiz, em Belo
Horizonte, vai compartilhar
conosco sua experiência na
unidade hospitalar e, em seu
consultório particular, onde
exerce a profissão.
Antes de prosseguirmos, a
ressalva do profissional: os pa-
cientes acometidos de qualquer
tipo de psicopatologia não po-
dem prescindir da ciência.
Dito isso, partimos para a
abordagem que faremos sobre a
loucura, que levará em conta o
viés do estudo ao qual Roberto
Lúcio também se dedica há
anos: os mecanismos da mediu-
nidade, tendo em vista que ele é
espírita cristão e kardecista.
2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2 ● E D I T O R A : E l l e n C r i s t i e ● E - M A I L : b e m v i v e r. e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 7 8 4
INTERAÇÃO Em uma de suas inú-
meras palestras – disponíveis no
YouTube –, o psiquiatra fala tam-
bém sobre a interação da mediu-
nidade com a doença psiquiátrica.
Ou melhor, o que se convencio-
nou pela ciência a ser chamado de
transtorno mental.
Um dos fundadores das asso-
ciações médicas espíritas no pla-
no estadual, nacional e internacio-
nal, ele coloca para a plateia as se-
guintes questões:“Até onde a lou-
cura apresenta mediunidade? Es-
ses dois aspectos podem estar
juntos? Ou estão sempre juntos?”.
De imediato, sem delongas, Ro-
berto Lúcio dissipa quaisquer dú-
vidas com um dos trechos do “Li-
vro dos Espíritos”, de Alan Kardec.
“Muitos epilépticos ou loucos,
que mais necessitavam de médi-
co que de exorcismos, têm sido
tomados por possessos”, elucida
uma das entidades a Kardec, que
o ajudaram a formatar o livro,
editado pela primeira vez em 18
de abril de 1857.
Para assunto tão complexo,
que às vezes pode cair na esfera
do misticismo, o psiquiatra es-
clarece que “hoje existem méto-
dos e parâmetros que diferen-
ciam o fenômeno mediúnico do
quadro psiquiátrico”.
E quais seriam esses balizado-
res para um diagnóstico seguro?
O psiquiatra aponta artigos e li-
vros assinados por profissionais li-
gados à saúde mental que se de-
bruçam no estudo do assunto , e
que, segundo ele, estão construin-
LELIS
Hoje existem métodos e parâmetros
que diferenciam o fenômeno
mediúnico do quadro psiquiátrico”
■ Roberto Lúcio Vieira de Souza,
psiquiatra
do uma literatura médica baseada
em evidências.
Mas será que todos os profissio-
nais da área de saúde estariam pre-
parados para fazer esse diagnóstico
diferenciado?Arespostadeleé“não”.
Até porque, lembra o psiquia-
MARCOS VIEIRA/EM/D. A PRESS
ARQUIVO PESSOAL
inventado pelos espíritas.
Ele lembra que o contato espi-
ritual entre os seres humanos está
descrito no Antigo e no Novo Tes-
tamento. Vale destacar ainda que
essa comunicação não envolve
apenas um diálogo entre vivos e
mortos, mas acontece também
entre vivos, que o digam as mães
em suas“premonições”com os fi-
lhos, por exemplo.
TERCEIRO OLHO Por que então,
diante da mediunidade – o que
os indianos chamam de terceiro
olho –, a humanidade, em geral,
encara com feição de espanto e
descrença algo afeito aos místi-
cos, senão loucos?
Conforme o espírita e psiquia-
tra, para a pergunta não há res-
posta simples e acabada. Requer
reflexão e estudo aprofundado.
Entretanto, ele lembra que
Moisés – um dos primeiros mé-
diuns conhecido pela humani-
dade e que foi para a posterida-
de, com os 10 mandamentos –
proibiu seus seguidores de "con-
sultar os mortos".
Talvez esteja aí, nessa proibi-
ção, uma pista para o início do
cerco à mediunidade baseado na
desconfiança. Ao fazer a proibi-
ção, destaca Roberto Lúcio, Moi-
tra, no ofício em que ele se espe- sés iniciava o movimento para
cializou a grande maioria de seus frear o uso vulgar na comunica-
colegas se diz ateu ou agnóstico. ção mediúnica.
Numa breve explicação sobre o Mas voltemos aos ditos loucos,
que é mediunidade, Roberto Lú- conforme o senso comum. Quan-
cio esclarece que esse não é um fe- tos estariam também nesse lugar
nômeno cunhado, muito menos de medianeiros – tendo em vista
WhatsApp: (31) 99918-4155
CONHEÇA SEU BEBÊ
Michelle e Lucas
aprenderam como
lidar com o choro
da Larissa, primeira
filha do casal.
PÁGINA 6
que a mediunidade é uma dispo-
sição orgânica do indivíduo, co-
nhecida ainda como o sexto sen-
tido, não tendo, portanto, nada a
ver com um dom especial, como
são os demais cinco sentidos.
“A mediunidade é um sentido,
faz parte de um recurso da per-
cepção”, ensina. Mas essa é uma
faculdade que pode levar à loucu-
ra?”, lembrando que sempre foi e
continua sendo comum tratar
um médium com desconfiança,
deslumbramento e até interpre-
tá-lo como portador de algum
transtorno mental.
O psiquiatra e espírita explica
que hoje há parâmetros e normas
formatados pela ciência que difi-
cultam o preconceito de prospe-
rar. Mesmo diante de um médi-
co ateu ou agnóstico?
A resposta dessa vez é sim. Is-
so porque, sublinha Roberto Lú-
cio, é recomendação da Organiza-
ção Mundial de Saúde (OMS) que
“uma crença espiritual não pode
ser considerada algo delirante”.
O assunto é delicado e envolve,
como citamos acima, estudo
aprofundado. Para aqueles que
se identificaram com o assunto e
querem mais informações, Ro-
berto Lúcio sugere que busquem
o Departamento de Assistência
Espiritual do Hospital André Luiz
e/ou a Associação Médica Espíri-
ta de Minas Gerais.
LEIA MAIS SOBRE MEDIUNIDADE
PÁGINA3
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

2 BEMVIVER

❚ LITERATURA
A terapeuta Patrícia Figueiredo, autora de “Enfrentando o câncer com leveza",
narra sua trajetória contra a doença e conta como fez para conseguir a cura

Luta contra o câncer vira livro inspirador

ASPAS E VÍRGULAS/DIVULGAÇÃO REPRODUÇÃO
AMANDA SERRANO* A autora destaca que o câncer foi do no processo e esse livro tam-
um convite à mudança de vida: bém tem por objetivo atingir
“Descobri que tinha câncer “A travessia depende, também, mais camadas e pessoas que por
em 2014, durante as férias, em desse olhar para si, que muitos qualquer motivo não consigam
uma viagem à Alemanha. Mal sa- não se importam” ter esse contato mais próximo
bia eu que estava de férias para com a terapeuta.
tratar da saúde... só não sabia dis- Em suas redes sociais, que so-
so ainda”. Foi dessa forma que Pa- vou reagir?” foram alguns dos mam dezenas de milhares de
trícia Figueiredo foi diagnostica- fantasmas que a assombraram. pessoas, Paty divide sua rotina
da com câncer de mama infiltra- Foi então que tomou a decisão com orientações, depoimentos e
do grau 3, aos 39 anos. de olhar para si como prioridade um pouco de sua rotina, total-
Saudável, sem histórico de ca- e largar a vida de “piloto auto- mente voltada para a manuten-
sos na família, a terapeuta se mático” para sempre. ção da saúde de que hoje goza.
achava um perfil pouco propen- “O câncer pode ser o grande Foram 13 meses de tratamen-
so a sofrer com a doença. Eis que ponto de virada na vida de to oncológico que envolveu,
a vida lhe deu um duro golpe quem recebe o diagnóstico. E, além da mastectomia radical SERVIÇO
que a fez refletir sobre sua cami- acredite, ele me ensinou muito. com reconstrução imediata da
nhada. Hoje, já curada após o Esse desafio me trouxe uma vi- mama, sessões de quimioterapia “Enfrentando o Câncer com Leveza”
tratamento e com uma série de da com mais propósito e equilí- branca e vermelha, radioterapia Autora: Patrícia Figueiredo
Editora: Paco Editorial
mudanças em sua vida, ela quer brio”, afirma a autora. e hormonioterapia. Mas o trata-
Preço: R$ 97 (combo de livro físico,
espalhar uma mensagem positi- Patrícia nos ensina em “En- mento certamente não teria o audiobook e e-book, com atividades
va e ensinar como fez para ven- frentando o câncer com leveza” mesmo êxito se antigos hábitos para aplicar o aprendizado do livro)
cer a doença. Seu livro “Enfren- exercícios que aborda com suas não fossem mudados. Para ela, o Venda: http://cancercomleveza.com/
tando o câncer com leveza” (Pa- mentorias em grupo e indivi- câncer foi um “convite à mudan- livrocomoenfrentarocancer/
co Editorial) é uma forma de duais de como enfrentar o câncer ça de vida”, onde a travessia de-
atingir mais pessoas e ensiná-las com a leveza necessária e a nova pende, também, desse olhar para
a encarar a situação. perspectiva de vida que o diag- si, que muitos não se importam. morre. Então o câncer, esse sim,
A obra responde, de forma le- nóstico traz para a pessoa. “A luta contra o câncer não é nunca ganha nada”, declara Patrí-
ve e cuidadosa, várias perguntas Suas pacientes oncológicas um jogo. Acho injusto quando di- cia, autora de um relato de al-
que surgiram na cabeça de Patrí- passam por jornadas de cura físi- zem que uma pessoa que se cu- guém que vive a plenitude da vi-
cia quando o diagnóstico positi- ca, mental, espiritual e emocio- rou é vencedora e quem morreu da e que convida o leitor a fazer o
vo caiu no seu colo. “Como será nal através da adoção de“hábitos não tem o mesmo mérito. Quem mesmo por si mesmo.
minha vida daqui pra frente?”; anticâncer” eficazes para mini- luta bravamente, mas perde a ba-
“Vou sobreviver?”; “Quando fizer mizar os efeitos colaterais do tra- talha é um perdedor? Quando a * Estagiária sob supervisão da
a quimio e ficar careca, como tamento. Nada pode ser esqueci- pessoa morre, o câncer também editora Ellen Cristie

conta-gotas
EDUARDO ALMEIDA/RA STUDIO

Sugestões para esta coluna, enviar no e-mail bemviver.em@uai.com.br

FOTOS: FREEPIK

VEGANISMO E IDENTIDADE
Uma pesquisa feita pela Faunalytics mostrou que entre os
obstáculos mais mencionados por veganos estão
inseguranças sobre a saúde e dificuldades de incorporar o CADEIRA ERGONÔMICA
veganismo à própria identidade. “A boa notícia é que há
uma forte comunidade em torno desse estilo de vida que Segundo um estudo feito por cientistas do Reino
fornece dicas nutricionais gratuitas e apoio social”, afirma Unido, cerca de 80% das pessoas que trabalharam
Fernanda Vieira, diretora de Políticas Alimentares da no formato home office ao longo da pandemia,
Sinergia Animal. Segundo o relatório, algumas das melhores sentiram alguma dor, seja nas costas, pescoço ou
estratégias incluem o fortalecimento do apoio social e a ombro. Segundo Pamela Paz, CEO da John Richard,
habilidade de seguir uma alimentação vegetal. “Encontrar empresa de assinatura de móveis para escritórios
apoio em seu próprio grupo social ou conhecer pessoas do Brasil, isso acontece principalmente diante da
com os mesmos interesses pode fazer toda a diferença na ausência de itens ergonômicos, como mesas e
construção da identidade vegana e na continuidade da cadeiras, no lar. Por isso, a dica de Pamela é investir
transição para o veganismo”, explica Fernanda. em uma cadeira ergonômica com ajustes e
regulagens para altura do assento, braços e encosto,
além de dispor de uma boa profundidade. “Seu
principal benefício é no alívio da pressão sobre a
coluna vertebral, o que evita dores nas costas e
lombares, além de melhorar a postura e minimizar
os vícios posturais”, afirma.

LAVAGEM NASAL INFANTIL

Diversos são os motivos que levam as crianças a ficarem
com uma produção nasal excessiva de secreções. Uma das
soluções cada vez mais recomendadas pelos pediatras é a
lavagem nasal infantil com soro fisiológico. “Orientamos os
pais a fazê-la diversas vezes ao dia, conforme a necessidade,
mantendo a higienização das mucosas, fluidificando a via
aérea e diminuindo a inflamação local”, explica a pediatra e
neonatologista Gabriela Facchini. A lavagem nasal é uma
maneira natural de desentupir o nariz, evitando-se o uso
de descongestionantes nasais locais, que podem trazer
efeitos colaterais e antialérgicos. De acordo com a
fisioterapeuta respiratória Genai Latorre, a lavagem nasal
infantil deve ser um hábito assim como escovar os dentes.

OSTEOPOROSE E A SAÚDE
DA
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CORRENTE DO BEM DE OMBROS E COTOVELOS

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Você já ouviu falar no Dia de Doar? O evento, que será Só no Brasil, mais de 10 milhões de pessoas sofrem com
realizado na próxima terça (29/11) faz parte do a osteoporose, segundo a Associação Brasileira de
movimento por uma cultura de doação, que promove Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).“A
o engajamento de pessoas com causas e organizações osteoporose tem como principal consequência a fratura
da sociedade civil por meio da doação como por fragilidade óssea, que pode acontecer após uma
instrumento de fortalecimento da inclusão social. Para simples queda ou esbarrão. Esse problema também
impulsionar a iniciativa, o Movimento Bem Maior pode causar dores nos membros afetados, perdas de
participa da mobilização com a campanha Corrente do estatura e alteração na estrutura do ombro,
Bem nas redes sociais, convidando personalidades comprometendo, inclusive, a postura”, explica o
públicas e civis a gravarem vídeos contando qual é a ortopedista especialista em cirurgia do ombro e cotovelo,
causa que as move, usando a hashtag #diadedoar . Layron Alves. O diagnóstico pode ser feito por meio da
"Investimos no debate sobre o tema, visando história clínica do paciente, radiografias, densitometria
conscientizar mais pessoas a doarem”, pontua Carola óssea e laboratoriais especializados. O especialista ressalta
Matarazzo, diretora-executiva do Movimento Bem que mulheres a partir dos 45 anos devem ser submetidas
Maior. Informações: diadedoar.org.br. a um teste de densitometria óssea.

❚ REPORTAGEM DA CAPA
A mediunidade é um fenômeno pouco compreendido até mesmo para os adeptos do
espiritismo. Allan Kardec e, mais recentemente, Chico Xavier são referências da doutrina
INFLUÊNCIA
DOS ESPÍRITOS
IRACEMA AMARAL
A
doutrina espírita surgiu na
França na metade do século 19
com a publicação do“Livro dos
Espíritos”, organizado por Allan Kar-
dec, pseudônimo de Hippolyte Léon
Denizard Rivail (1804-1869), notável
pedagogo em sua época, autor e tra-
dutor francês.
Um dos médiuns mais conheci-
dos na atualidade, em especial no
Brasil, Francisco Cândido Xavier, ou
simplesmente Chico Xavier (1910-
2002), dizia que o fenômeno mediú-
nico não deveria ser o centro das
atenções no espiritismo.
Ao contrário, Chico ensinava que,
na maior parte do tempo, devería-
mos nos ocupar da prática do amor –
entendido como um mix de senti-
mentos virtuosos.
Junto à caridade, que é o amor em
exercício, sublinhava Chico, também,
em paralelo, deveríamos nos ocupar
do estudo. Ele recomendava que não
deveríamos nos restringir aos livros da
doutrina espírita – que Kardec publi-
cou, em cinco obras, e em artigos da
chamada revista espírita.
Compreender em sua essência o es-
piritismo demanda muito tempo de
estudo. Para os espíritas, não há dú-
vidas: são necessárias muitas encar-
nações para apreender os ensina-
E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O ,
mentos contidos nas obras de Chico
Xavier e Allan Kardec.
Além das cinco obras de Kardec, a
psicografia de Chico está contida em
mais de 500 livros. E os estudiosos da
obra do médium afirmam que esse
número tende a crescer, já que ele não
tinha o costume de ficar com o origi-
nal de suas psicografias. Então, vez ou
outra aparecem textos recebidos pela
psicografia de Chico Xavier que são
reunidos e publicados.
Feito esse preâmbulo, voltamos à
pergunta que intriga, deslumbra e,
também, causa ceticismo: o que é me-
diunidade?
O estudioso da doutrina espírita, o
médicoespecialistaemcirurgiaendos-
cópica,DécioIandoliJúnior,de58anos,
com doutorado pela Escola Paulista de
Medicina e professor da Universidade
para o Desenvolvimento do Estado e
da Região do Pantanal (Uniderp), res-
ponde a pergunta. “A mediunidade é
uma faculdade inerente a todos”, pon-
tua, para em seguida acrescentar que a
melhor definição do termo está em“O
Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec.
“Todo aquele que sente, num grau
qualquer, a influência dos espíritos é,
por esse fato, médium. Essa faculdade
é inerente ao homem, não consti-
tuindo, portanto, um privilégio ex-
clusivo. Por isso mesmo, raras são as
pessoas que dela não possuam al-
ARQUIVO PESSOAL
2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2
BEMVIVER 3
MICHAELA/PIXABAY
ARQUIVO EM/1980
guns rudimentos”, escreve Kardec na
obra citada. Mais adiante, Kardec
afirma que, entretanto,“só se qualifi-
cam na mediunidade ostensiva
aqueles cuja faculdade mediúnica se
mostra bem caracterizada e se tra-
duz por efeitos patentes”.
O “codificador do espiritismo” ex-
plica que “geralmente, os médiuns
têm uma aptidão especial para os fe-
nômenosdestaoudaquelaordem,for-
mando-se tantas variedades quantas
são as espécies de manifestações. As
principais são: a dos médiuns de efei-
tosfísicos;adosmédiunssensitivosou
impressionáveis; a dos audientes; a
dos videntes; a dos sonambúlicos; a
dos curadores; a dos pneumatógrafos;
a dos escreventes ou psicógrafos”.
DIAL PARA SINTONIZAR “A mediuni-
dade é uma ferramenta que pode ser
usada para fazer coisas boas ou
ruins”, avalia Décio, ao ser indagado
como saber da veracidade ou propó-
sito do médium.
“O que determina (o bom resul-
tado) é a natureza do médium”,
acrescenta o médico, ou seja, qual o
dial que ele usa para sintonizar-se
com os espíritos. E como avaliar
nesse caso?
“O reino de Deus está dentro de
nós”, afirma.“A construção da verdade Chico Xavier
é individual e, portanto, subjetiva”.
Para encerrar, Chico Xavier sempre RECORD EDITORA/DIVULGAÇÃO
respondia àqueles que o perguntavam
como desenvolver a mediunidade. E
ele tinha sempre uma resposta que
passava necessariamente por apren-
der a amar incondicionalmente, sem
esperar nada em troca.
Todo aquele que
sente, num grau
qualquer, a
influência dos
espíritos é, por esse
fato, médium”
■ Décio Iandoli Júnior,
estudioso da doutrina espírita
Allan Kardec
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

4 BEMVIVER
SANDRA KIEFER Os filhos ensinam a mãe a jogar
videogame. Ela percebe, pelos olhares, que
MAIS LEVE eles a estão deixando ganhar a partida”

JORNALISTA E ESCRITORA. APRESENTA O CANAL DO YOUTUBE CHÁ COM LEVEZA » sandrakieferjornal@gmail.com

Poesias do cotidiano
com o sabor. O gostoso é fazer bagunça
juntos.

●Os filhos ensinam a mãe a jogar vi-

O vaso com as folhagens está na sala
de visitas, no mesmo lugar, há 10 anos.
Exige pouco: sombra e alguma água
fresca. Faz parte da decoração. Bastou o
filho ter aulas de música no mesmo am-
biente, porém, para acontecer o milagre.
A planta floriu, pela primeira vez.
● Ela abre a gaveta do armário do
banheiro e encontra um frasco novo de
desodorante, do mesmo que costuma
usar, de lavanda e lilás. O dela já estava
no fim. Ela se sente abraçada pelo pre-
sente.
● Na pista de cooper, o morador do
bairro passeia com o seu cão Pug. Os dois
têm a mesma cara amarrada, mas ao vê-
la, o bichinho late para ela, como se esti-
vesse cumprimentando, dando um “oi”.
O tutor dele, então, é obrigado a sorrir.
● Durante a caminhada, na mesma
noite, ela quase pisa em uma peninha
branca, linda, parecendo uma pluma.
Dizem que, quando isso acontece, é
sinal de que o anjo da guarda está por
perto. Verdade ou não, ela se sente
protegida.
● Ela vai buscar o filho na casa do
amigo, que mora no Santa Lúcia. Já co-
nhece as ruas do bairro, que levam no-
mes de estrelas e planetas, mas erra o
caminho. Em vez de passar pela Via
Láctea, vai pela Lua. E agora? Pega o
Cosmos ou entra em Marte? O destino
é a Rua Universo.
● No Gutierrez, uma senhora de ca-
belos brancos toma sol deitada no pas-
seio em frente de casa. Um velho tron-
co de árvore serve de espreguiçadeira.
Quando dá um tempo bom, ela desce
de maiô e viseira para a calçada. Pode
ser vista até lá pelas 9h, na Rua Almi-
rante Alexandrino, perto do Barroca
Tênis Clube.
● O pássaro constrói o ninho em ci-
ma da janela do seu escritório. Vira e me-
xe ele tenta entrar, batendo a cabeça no
vidro. Ela daria tudo para trocar com ele
de lugar. “Voa passarinho, voa!”, pensa
ela, lembrando a letra de um hino antigo
da Copa do Mundo.
● Na volta do parque, a mãe pede a
ajuda dos filhos para preparar o lanche.
O caçula propõe um suco improvável
de mexerica, limão e maçã. O mais ve-
lho acrescenta catchup e tomate ao
misto quente. Ninguém se importa
deogame. Ela percebe, pelos olhares, que
eles a estão deixando ganhar a partida.
Erram os lances, de propósito. Quando
ela consegue passar na primeira fase do
jogo, fazem festa. Viva a mamãe! Ela se
sente uma dinossaura, mas feliz.
●A leitora Jamily Nacur, de 84 anos,
encaminha o seu primeiro livro para a co-
luna. Envia o exemplar pelos Correios e
convida para ir até a casa dela, em um
gesto de delicadeza. O título da obra já en-
canta: “A Sonoridade do Silêncio”.
● Nas 79 páginas, ecoam os versos:
“Não te esquives da morte, apresente a
ela o seu projeto de vida”; “Que a tua
roupagem seja de fácil descarte”; “Rego-
zija-te sob o seu silêncio e aprenderás a
tua linguagem”.
● Como ensina a autora, o silêncio fa-
la, as pequenas coisas inspiram, a vida
pode ser mais simples e bela. O cotidia-
no respira poesia.

ARQUIVO PESSOAL

❚ COMPORTAMENTO

CRIANÇAS E
PETS: AMIZADE
PROMISSORA
Crescer em família com bichos de estimação
é positivo para corpo e mente. Veja como
adaptar o lar e a rotina para a chegada dos
peludos, e os benefícios a longo prazo

LETÍCIA MOUHAMAD*
Em algum momento, você cer-
tamente se apegou a um animal,
mesmo àqueles da ficção. Afinal,
eles estão em todos os lugares —
se não na sua casa, no lar de algum
familiar ou no jardim do vizinho.
Na tevê, ao menos três gerações
assistiram a desenhos nos quais
os bichos eram protagonistas,
sem contar os inúmeros filmes da
Sessão da Tarde em que eram o
braço direito do personagem
principal.“Scooby-Doo”,“101 Dál-
matas”,“Procurando Nemo”,“Bee-
thoven” e “Marley & Eu” são ape-
nas alguns exemplos.
Na vida real, muitos tutores vi-
venciam a força dessa amizade e,
quando crianças, os benefícios se
multiplicam. Pensando nisso, con-
versamos com tutores que têm
histórias bastante especiais com
seus amigos de quatro patas, da-
quelasdeencheropeitodesatisfa-
Gabriela Matos, de 27 anos, tem um hotel para
gatos e se especializou em geriatria animal
ção. E mais: preparamos o breve
guia da adoção (leia ao lado), para
os pais que ainda sentem receio
em juntar criançada e pets. Antes,
umspoiler:essecompanheirismo,
apesardasboasbagunças,podege-
rar bons frutos para ambos! Então,
por que não tentar?
O gato Chuvisco não recebeu
esse nome por acaso. Como a
chuva de verão, que chega de re-
pente, ele caiu do telhado, inespe-
radamente, para ganhar uma no-
va vida na família da auxiliar ad-
ministrativa Cleidiane Silva Soa-
res, de 38 anos. A adoção do feli-
no, ainda filhote e indefeso, foi
motivo de insistência dos peque-
nos Rafael, de 5 anos, e Clarice Sil-
va Soares, de 10.
A resistência da mãe em pegar
um pet para cuidar se deu pela
experiência passada, com a cade-
la Malu, que, há cinco anos, fugiu
ao ser adotada, não deixando
qualquer rastro aos tutores. Com
MARCELO FERREIRA/CB/D.A PRESS
Chuvisco seria diferente, garanti-
ram as crianças.
Para elas, então, Cleidiane des-
tinou funções: colocar comida e
água para o peludo todos os dias,
limpar sua caixa de areia e cuidar
do cantinho em que dorme. O
apego foi tanto que, quando Ra-
fael está com o felino no colo, Cla-
rice sente ciúmes. E vice-versa.
“Apesar dos conflitos, é maravi-
lhoso ver o carinho e o cuidado
da criançada com ele, que faz fes-
ta quando chegamos em casa.”
No quintal, não falta diversão.
Em um carro de brinquedo com
uma cordinha, gostam de colocá-
lo para“passear”, além dos passa-
tempos com bolas de papel e
brinquedos com barulho. Para o
caçula, o gato é seu “amigãozão”.
Mesmo sem a intenção de
adotar outro pet posteriormente,
a tutora reconhece os benefícios
dessa amizade, dado que tem
percebido os pequenos mais res-
ponsáveis com suas respectivas
obrigações. “É lindo ver o afeto
que têm construído nos últimos
meses, fico orgulhosa”, comenta.
RESPEITO AOS PELUDOS Para
que as crianças tenham uma in-
teração saudável com seus ani-
mais, é preciso que os pais conhe-
çam bem a raça, o tamanho e a
espécie, antes de adquiri-los, pa-
ra orientar os filhos da melhor
forma. No caso de cães e gatos, os
adultos devem ensinar sobre li-
mites e responsabilidades, como
evitar puxões de orelha, de cauda
e de pelo; oferecer carinho quan-
do o bichano se sentir à vontade;
e ensinar que eles gostam de ter
espaço e que nem todo pet gosta
de colo e abraço.
Vale lembrar que existem ani-
mais que se sentem ameaçados
ou estressados com os peque-
nos. Nessas situações, eles de-
monstram insegurança de inú-
meras formas (colocar a cauda
entre as pernas, desviar o olhar,
abaixar a orelha, bocejar cons-
tante, procurar local para fuga,
sentir tremores etc). Então, esteja
atento aos sinais e promova es-
sa interação com cautela.
Os irmãos Rafael, de 5 anos, e Clarice, de 10, curtem o pequeno Chuvisco, um amigo fiel
AFETO COM REFLEXOS NO FUTURO
Os felinos, para a jovem Ga-
briela Matos, de 27 anos, têm um
ar de mistério que sempre a in-
trigou. Aliado ao fato de serem
caseiros e menos enérgicos que
os cães, tornaram-se seus ani-
mais preferidos, além de fonte
de desejo. Em 2005, o sonho co-
meçou a se concretizar com a
chegada de Pirata, um gato nas-
cido em meio selvagem, conhe-
cido como feral.
“Começou a se concretizar”,
porque a experiência não foi co-
mo o esperado. O peludo não se
adaptou ao lar e, ao ser devolvi-
do ao abrigo, fugiu. “Não tínha-
mos experiência alguma com
gatos, na época, e eu o quis jus-
tamente por ele não ter um olho
e por saber que sua adoção seria
pouco considerada por outros
tutores”, recorda.
Apesar da decepção, ela não
desistiu da ideia e, pouco tempo
depois, adotou a persa Samara e
a vira-lata Serena, suas parceiras
por 17 anos, idade em que, já
bastante idosas, se foram. Os
aprendizados e a saudade, entre-
tanto, são eternos. Sentimentos
como responsabilidade e cari-
nho só cresceram ao longo dos
anos de convivência.
Companheiras fiéis, as felinas
estavam sempre por perto, na
hora de dormir, nos estudos e,
claro, nas brincadeiras. Gabrie-
la reconhece, porém, que a
maior parte dos cuidados fica-
vam por conta da mãe, também
tutora de outra gata, chamada
Sabrina, ainda viva. Já adulta,
porém, assumiu mais respon-
sabilidades, dado que as pelu-
das, adoecidas, precisavam de
auxílio para quase tudo.
“Aprendi a valorizar amigos
que também gostam de animais.
Nos melhores e piores momen-
tos da minha infância, elas esti-
veram lá comigo. E melhor, fa-
ziam sempre minha mãe sorrir…
Isso não tem preço. Aprendi,
principalmente, que eles vivem
pouco demais para deixarem de
existir neste plano sem saber o
que é amor”, conta.
Nesse contexto, desenvolveu
grande interesse pela geriatria
animal e, hoje, além de protetora,
ela tem um hotel para gatos, o
The Potatos Pet Sitter (@thepota-
tos_pet), ao lado do sócio e ex-
marido. O local, há seis anos,
sempre abriga, no mínimo, 20 fe-
linos, mais os cinco do qual é tu-
tora: Kuriboh, Branquinho, Auro-
ra, Pulga e Vivi.
Para ela, a escolha da profissão
está totalmente vinculada a esse
afeto que desenvolveu ainda
criança.“Fiz daquilo que descobri
ser talento algo rentável. Vivo pa-
ra servir e sirvo para viver por
eles”, frisa. E, como em todo tra-
balho, nem tudo são flores, a em-
preendedora já presenciou situa-
ções lamentáveis, nas quais tuto-
res se desfizeram do pet – muitas
vezes doente, idoso ou prenhe –
abandonando-o em sua casa pa-
ra adoção, após cinco ou mesmo
10 anos de convivência.
Entre tantas histórias, ela pre-
fere lembrar-se das mais alegres,
combustíveis para sua atuação.
Recorda-se, por exemplo, de um
episódio marcante, no qual co-
nheceu um casal que precisava
de doação de sangue, do tipo B,
bastante raro, para sua gatinha
Felv+. No The Potatos Pet Sitter,
Gabriela tinha um possível doa-
dor. Mediação feita com a tuto-
ra do felino, a transfusão ocor-
reu com sucesso.
“O casal ficou tão agradecido
❚ QUAL RAÇA É A IDEAL?
● Afinal, existem espécies ou raças
que melhor se adaptam à energia da
garotada? Todas têm algo a ensinar,
tanto aos pais quanto aos
pequenos. No entanto, na hora de
escolher um animal de estimação,
os tutores devem avaliar qual tipo
de interação procuram e qual é o
estilo de vida da família.
● Espécies diferentes agem de forma
distinta e têm necessidades díspares.
Cães e gatos precisam de maior
atenção e interação, gostam de
receber carinho, de brincar e de
passear. Já um peixe pode estimular
a observação, a criatividade, a
responsabilidade e demanda menos
atenção do que os peludos.
● No que tange à idade do pet, é
preciso considerar que crianças,
normalmente, têm muita energia e
gostam de uma interação maior com
os animais. Logo, aqueles mais
jovens são indicados. Mas atenção:
bichos com mais energia,
consequentemente, demandam mais
passeios longos, exercícios, interação,
enriquecimento ambiental etc. Assim,
vale escolher com responsabilidade.
por eu ter ajudado a salvar a vida
de sua pequena que me ofereceu
uma inesperada recompensa em
dinheiro. Depois de tantas despe-
sas com o tratamento, ainda
agradeceram dessa forma. Fiquei
muito emocionada, pois só que-
ria ajudar. Realmente, quando há
amor pelos bichos, há também
dedicação e cuidado”, conclui.
* Estagiária sob supervisão de
Sibele Negromonte
 E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 7 D E N O V E M B R O D E 2 0 2 2

BEMVIVER 5
SOFIA BAU ER
A meditação nos ensina a observar o agora,

PSICOLOGIA POSITIVA
o que acontece agora. Não é parar de pensar,
mas sim diminuir a velocidade do pensamento”
MÉDICA PSIQUIATRA E ESPECIALISTA EM PSICOLOGIA POSITIVA

Meditação: uma moda necessária Osresultadosforamfantásticos

O presente para o seu futuro.
Estar presente e viver cada mo-
mento se tornou a chave do
bem-estar. Meditação está na
moda ou faz bem?
Além de ter virado moda no
Ocidente, a meditação realmen-
te faz bem. Os estudos dos últi-
mos 10 anos de neurociências,
baseados em evidências de ra-
dioimagem, amostras de sangue
e exames médicos de rotina, fei-
tos antes e depois de dois meses
de meditação, comprovam os
inúmeros benefícios dessa práti-
ca milenar do Oriente.
Meditação é religião? Não! Ela
é uma prática que diminui os ruí-
dos dos pensamentos e desacele-
ra os nossos pensamentos. Acal-
ma a mente. Produzimos por vol-
ta de 60 a 80 mil pensamentos
por dia. Muito, não é mesmo?!
Os meditadores mais antigos, e
que o fazem numa frequência
diária, conseguem diminuir seus
pensamentos para, em média, 40
mil em um dia.
Mas o que isso quer dizer?
Trocando em miúdos, quando
conseguimos diminuir o núme-
ro de pensamentos, damos pe-
quenos espaços em branco na
mente, diminuímos a velocidade
do pensamento. Abrimos um
tempo de absorver, sentir e ouvir
a nós mesmos. Ganhamos mais
foco e criatividade. Ficamos mais
calmos e assertivos. Temos me-
lhores ideias. E ganhamos mais
vida e saúde.
O tempo é único. Um dia tem
24 horas para todos. Mas por que
para alguns passa tão depressa? E
muitos até dizem que na infância
o tempo demorava a passar, as fé-
rias pareciam longas. O que há de
diferente? Quem faz muitas coi-
sas ao mesmo tempo, modo mul-
titarefas, não vê o tempo passar.
Enquanto aquele que absorve
o tempo, aprende, sente-se como
a criança curiosa e desfruta de ca-
da momento. Outros vão se res-
sentir mais velhos do tempo que
perderam. Sim, aproveite bem o
tempo. Para o que medita, para
aquele que contempla a natureza,
sente cada momento, o tempo
não passa depressa.
Como funciona o meditar para
resolver e trazer tantos benefícios
com tão pouca coisa? Pois é! Os
orientais descobriram primeiro e
vivemmelhorhámuitosanos.São
mais tranquilos, longevos e sabem
apreciar cada tempo e o que vier.
Desfrutammelhorajornadadavi-
da. Que bom que a meditação che-
gou ao Ocidente para ficar.
Os neurocientistas estão muito
interessados nessa prática e na
prevenção à saúde. E viram que
tanto a meditação como o yoga
trazem tais benefícios.
Hoje, a queridinha de todos é a
meditação. Primeiro, ela é uma
práticasimplesdeaquietaramen-
tepormeiodarespiraçãoedepres-
taratençãoaomomentopresente.
O agora. Ficar presente e sentir-se
ali respirando e observando a si
mesmo sem julgamento.
Deixar que seus pensamentos
venham e que possam ir embora
sem que você fique preso a nada.
Apenas soltando sua mente e sen-
tindo mais do que pensando. O fo-
co fica na respiração e no seu cor-
po. Observando. E pronto.
Ah! Como vou parar de pensar?
Meditar precisa parar de pensar?
Impossível! Ninguém fica sem
pensar. A meditação nos ensina a
observar o agora, o que acontece
agora. Não é parar de pensar, mas
sim diminuir a velocidade do
pensamento, pois colocamos o
foco nas sensações físicas. E fica-
mos ali, sentados ou deitados, ob-
servando o presente momento
em silêncio. A mente vai ativan-
do a área pré-frontal do córtex do
lado esquerdo. Ficamos mais fo-
cados, atentos e descansamos o
cérebro, além de organizá-lo.
Portanto, é bom parar todos
os dias por um período de 10 a 20
minutos em silêncio, fazendo
uma meditação guiada. Ou, se
preferir, ficar observando-se em
silêncio, rezando um mantra ou
uma oração, contemplando uma
vista bonita ou fechando os
olhos, você estará meditando.
Até mesmo quando ouvimos
uma música suave que acalma,
estamos meditando. Ou andan-
do devagar e sentindo onde pisa-
mos. Se é um carpete, se ele é ma-
cio. Se for o mármore, se está frio.
Apenas ficar ali parado, quieto
pensando no que estiver ao al-
cance dos seus cinco sentidos. Pa-
re, observe e respire fundo.
Hoje, temos vários aplicativos,
sites, vídeos que ensinam a
meditar. Isso ficou fácil. O
que importa mesmo é você
saber que meditar traz saúde.
Quem medita diariamente é
mais longevo, tem melhor
imunidade e diminui os ge-
nes de inflamação do corpo.
Nos estudos feitos tanto por
Deepak Chopra no Centro Chopra,
bem como nos estudos de Jon Ka-
bat-Zinn em seu Centro Ômega,
há inúmeros experimentos e pes-
quisas que revelam os benefícios
da meditação.
Eu tive a oportunidade de ir a
ambos lugares e ver de perto a se-
riedade e conquistas já realizadas
nesses lugares. Richard Davidson,
professor e neurocientista da Uni-
versidade de Madison (EUA), teve
a oportunidade de estudar o cére-
bro de um monge tibetano famo-
so, Matthieu Richard, por convite
de Dalai Lama.
Dalai queria que todos soubes-
sem como era o cérebro de uma
pessoa mais feliz e altruísta. Pois
Richard Davidson, na época, estu-
dava o cérebro de pessoas depres-
sivas. Foram feitos estudos de ra-
dioimagem, além de coletar seu
sangue e fazer testes para ver a
imunidade e sua saúde.
e têm entusiasmado a classe mé-
dica com uma nova medicina – a
preventiva. Esses últimos estudos
revelaram que a meditação pode
aumentar o tamanho dos telôme-
ros em até 40%. Isso quer dizer que
podemos rejuvenescer em até
40%ascélulasdetodoocorpo. Em
2008, Elizabeth Blackburn ganhou
o Prêmio Nobel por essa maravi-
lhosa descoberta.
Além disso, viram que a partir
do momento em que você come-
çaameditar,vocêativaosgenesde
desinflamação em seu corpo. Di-
minuindo doenças inflamatórias
comodiabetes,cólonirritável,aler-
gias, enxaquecas e até mesmo di-
minuindo compulsões alimenta-
res e vícios em geral. Eles observa-
ram que há um predomínio da re-
novação celular boa, o que ajuda
naprevençãodedoençasmaisgra-
ves, como o câncer.
Bom, a essa altura acho que já
te convenci de que meditar é bom.
Mas tem mais. A meditação
melhora o sono, diminui a ansie-
dade, depressão e hábitos viciosos.
Ativa a memória, criatividade e
traz mais foco no que precisa ser
feito.Diminuiahiperatividadenas
crianças. Diminui as fobias e o pâ-
nico também.
Meditar faz bem. Medite todos
os dias e depois de dois meses, me
conte o resultado!
Você pode e deve aprender a
meditar e tornar isso um hábito
diário em sua vida.

❚ MEIO AMBIENTE
Preocupados com a crise climática, jovens se engajam em atos a favor da natureza e da
sustentabilidade. Segundo o Unicef, 40 milhões de crianças no mundo estão sob risco

A NOVA GERAÇÃO E O CLIMA FOTOS: RAUL DE LIMA/DIVULGAÇÃO

ISABEL DOURADO*
Considerados o futuro do pla-
neta, os jovens estão cada vez
mais engajados em pautas liga-
das ao meio ambiente e a favor
de bandeiras sustentáveis. O pro-
tagonismo cresceu à medida em
que são sentidos os efeitos das
mudanças climáticas. Um estu-
do do Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef) apontou
que mais de 40 milhões de crian-
ças e adolescentes do Brasil estão
expostos a um ou mais riscos
ambientais agravados pelo aque-
cimento global.
O ativista indígena João Vitor
Pankararu, de 25 anos, é um dos
jovens que lutam por um mun-
do mais ecossistêmico. Inte-
grante da Articulação dos Povos
e Organizações Indígenas do
Nordeste, Minas Gerais e Espíri-
to Santo (Apoinme), ele teve a
oportunidade de participar da
COP 27 — conferência do clima
da Organização das Nações Uni-
das (ONU), no Egito.
"Foi muito significativo para
mim, enquanto jovem, e en-
quanto morador de uma região
do Nordeste, que tem um bioma,
a caatinga — muito pouco falado.
Levar a esses espaços, esses dife-
rentes contextos, essas diferentes
realidades é muito importante
para que as pessoas do mundo
conheçam e tomem ciência de
que existem muitos agentes fa-
zendo essa transformação e que
nós, jovens, estamos envolvidos
nessa grande proteção ao meio
ambiente", disse.
Pankararu também esteve
presente na Semana do Clima
em Nova York, Estados Unidos,
em setembro. No Egito, teve a
oportunidade de trocar expe-
riências com outros jovens enga-
jados em pautas ambientais.
"Ações como reflorestamento,
plantio de mudas, monitora-
mento dos territórios indígenas,
tudo isso são práticas que nos
aproximam da terra e a gente
consegue ouvir os sinais que a
terra tem dado", apontou.
"A gente está diretamente nos
territórios, entendendo como as
coisas têm acontecido, como a
Terra tem se comportado e esta-
mos tentando difundir esse reca-
do, que a Terra precisa de ajuda'',
destacou Pankararu.
Na mesma direção, a jovem
indígena Bruna Flávia Tabajara,
de 23 anos, moradora da Aldeia
Vitória, em João Pessoa (PB), res-
saltou que as pautas verdes estão
cada vez mais presentes nos de-
bates de sua faixa etária. Ela tam-
bém destacou as discussões so-
bre os povos originários.
"Cuidar do clima e do meio
ambiente é cuidar do nosso futu-
ro e isso é muito importante.
Quando se trata de pautas am-
INSTAGRAM/REPRODUÇÃO
Bruna Flávia Tabajara, de 23 anos, diz que pautas
verdes estão em alta nos debates entre os jovens
bientais, a população, seja indí-
gena ou não indígena, tem que
agir conjuntamente. Os indíge-
nas são mais atingidos, porque o
meio ambiente está sendo de-
gradado e nos atinge de forma
direta", observou.
Bruna Tabajara ressaltou que
o reflorestamento, a plantação
de mudas e o monitoramento
dos territórios indígenas são al-
gumas das ações que ajudam na
preservação da biodiversidade
do país. "Temos realizado uma
ação de reflorestamento na mi-
nha aldeia com o apoio do insti-
tuto Hans Haller Stiftung —
fundação de apoio a crianças e
adolescentes do Nordeste. Eles
fizeram a doação de mudas de
árvores e a ação foi essencial pa-
ra cuidar e olhar para o nosso
futuro", afirmou.
Clima extremo Segundo dados
do relatório “Crianças, Adoles-
centes e Mudanças Climáticas no
Brasil”, publicado em novembro
deste ano pelo Unicef, mais de 40
milhões de crianças e adolescen-
tes estão expostas a um ou mais
riscos ambientais no Brasil. O es-
tudo apontou que faltam no país
Integrante da Articulação dos
Povos e Organizações Indígenas
do Nordeste, Minas Gerais e
Espírito Santo (Apoinme), João
Pankararu, de 25 anos,
participou da COP 27
políticas públicas de combate à
crise climática que priorizem as
populações mais vulneráveis.
Crianças, principalmente as em
situação de vulnerabilidade, co-
mo as negras, pobres e indíge-
nas, são as mais sujeitas aos efei-
tos ambientais. Os impactos se-
Nós, jovens,
estamos
envolvidos
nessa grande
proteção ao
meio ambiente”
■ João Pankararu,
ativista indígena
riam desde a frequência de chu-
vas até a amplitude térmica e as
ondas de calor; da quantidade e
da intensidade de eventos ex-
tremos, como ciclones e quei-
madas, até o prolongamento de
secas extremas. Todos esses fe-
nômenos afetam a vida huma-
na de diversas formas, colocan-
do em risco o bem-estar, o de-
senvolvimento e a própria so-
brevivência das pessoas.
De acordo com o estudo “Ín-
dice de Risco Climático das
Crianças”, do Unicef, em todo o
mundo passa de 2 bilhões o
número de crianças expostas a
mais de um efeito negativo,
choque ou estresse climático.
O levantamento indicou tam-
bém que mais de 8,6 milhões
de meninas e meninos brasilei-
ros podem sofrer com a falta
de água, e mais de 7,3 milhões
estão expostos ao risco de en-
chentes de rios.
A antropóloga e indigenista
Amanda Signori indica que a
ecologia é um assunto essencial
para a sobrevivência dos povos
originários. Ela destacou que a
escalada do desmatamento, o
avanço do garimpo e outras prá-
ticas de destruição do meio am-
biente afetam diretamente a vi-
da dos indígenas.
"Há muito tempo os povos
originários (indígenas, quilom-
bolas, ribeirinhos) nos informam
como preservar a natureza e to-
das as formas de vida existentes.
E se são eles hoje os mais afeta-
dos, é justamente porque não
têm essa separação natureza e
cultura. Ou seja, os seus modos
de vida estão diretamente asso-
ciados e interligados à preserva-
ção da natureza", explicou.
Na avaliação da antropóloga,
os jovens devem estar inseri-
dos nos debates socioambien-
tais. "É importante que o tema
seja abordado nas escolas, mas
considerando sempre a rela-
ção do movimento ambienta-
lista com o movimento indíge-
na. Os jovens precisam ser es-
timulados cada vez mais a
pensar nisso", disse.
*Estagiária sob supervisão de
Carlos Alexandre de Souza

6 BEMVIVER
PADECENDO
FUNDADORA DA REDE MATERNA PADECENDO NO PARAÍSO » padecendo@gmail.com
Adolescência, desafio para os pais
Outro dia uma amiga pergun-
tounumgrupodeWhatsAppseal-
gumdosnossosfilhosadolescentes
conhecia os desafios do TikTok.
Tem desafio de fumar cotonete,
desafio do desodorante (que asfi-
xia), desafio da corda no pescoço,
entre outros. Fui perguntar para
o meu filho se ele já havia feito al-
gum, ele respondeu: “Não”. Co-
nhece alguém que já fez? “Não”.
Sabe quais são os desafios? “Não
sei e não quero saber”. Assunto
encerrado no modo adolescente
de não render quando não está a
fim de conversa.
O Comitê Gestor da Internet
no Brasil (CGI.br), na edição mais
recente da pesquisa TIC Kids On-
line Brasil, coletou dados que in-
dicam que 93% dos brasileiros
com idades entre 9 e 17 anos são
usuários de internet.
❚ COMPORTAMENTO
O CHORO
DO BEBÊ
Estudo observou reações
dos pequenos ao serem
carregados e deitados, e
a movimentação das mães
JOANA GONTIJO
Se o choro insistente de um re-
cém-nascido tira a paz dos pais,
imagina para os de primeira via-
gem. Mas nada que seja um bicho
de sete cabeças. A ciência também
se debruça sobre o tema. Estudo
recente dá dicas preciosas para
acalmar o pequeno. Publicada na
revista “Current Biology”, a pes-
quisa elabora um passo a passo
para deixar o bebê menos irrita-
do. O trabalho avaliou as reações
de 21 bebês saudáveis chorando
após serem segurados, carrega-
dos e deitados. O resultado é
uma ajuda importante.
Osbatimentoscardíacosdosbe-
bêsforamacompanhadosporapa-
relhos, e os movimentos das mães,
por câmeras, enquanto tentavam
acalmar os filhos. A combinação
mais assertiva para tranquilizar a
criança seria andar com ela no co-
lo por cinco minutos e, depois, fi-
car sentada por mais oito minu-
tos antes de colocá-la no berço.
"Surgem de forma recorrente
novos métodos, técnicas e pro-
gramas que visam orientar os
pais na forma de melhorar o
choro. Mas nenhum deles tem
uma recomendação que seja
realmente conclusiva", pondera
a médica pediatra da Saúde no
Lar Claudia Drumond.
Oestudoconstatouquecercade
20% a 30% dos bebês choram de
maneira excessiva e apresentam
dificuldades para dormir sem um
motivo aparente. Participaram
crianças saudáveis entre 14 dias e
7 meses e que choravam muito ao
serem carregadas, seguradas ou
quando estavam deitadas, explica
a pediatra. Elas foram submetidas
a 32 sessões (30 feitas em laborató-
rio e as outras duas, em casa), em
queaparelhosmonitoravamosba-
timentos cardíacos, enquanto as
câmeras de vídeo capturavam as
imagens das mães tentando acal-
má-las a partir de abordagens co-
mo segurá-las e caminhar, segurá-
las assentadas, colocá-las no berço
ou colocá-las no carrinho e fazer
movimentos nele.
Os resultados foram: batimen-
tos mais calmos quando a criança
estavanocolodamãeenquantoela
caminhava,ouficavaparadaquan-
do estava no colo da mãe assenta-
da. E, ao colocá-la direto na cama,
E STA D O D E M I N A S
BEBEL SOARES
A internet é terra sem dono. A
genteentregaumcelular,compu-
tador para os filhos, e acha que
eles estão seguros usando-os só
em casa e se esquece de que den-
tro da rede os riscos são muitos.
Os desafios matam crianças e
adolescentes em todos os cantos
do mundo. Existem comunida-
des que manipulam crianças e
adolescentes, que os levam a par-
ticipar de desafios mortais.
Também tem perfis falsos de
pedófilos , além do cyberbullying
e centenas de outras bizarrices
muito perigosas. E jogos on-line
em que as pessoas perdem di-
nheiro de verdade.
Adolescentes precisam de es-
paço,masaindaprecisamdeorien-
tação. Para complicar o que já não
era fácil, ainda passamos por um
longo isolamento social devido à
chorava. "Por isso a importância
desses minutos da mãe assentada
com o bebê como forma de fazer
umatransição,quandoacriançafi-
carrealmentedeitadaeparada",en-
sina a médica.
O choro do bebê é uma impor-
tante forma de ele se comunicar,
chamaraatenção dos pais e de ex-
pressar o que quer, acrescenta
Claudia. Assim, ela destaca, é fun-
damental que os pais saibam dis-
cernir pequenos detalhes para en-
tender quais são as necessidades
de cada momento. "Com o choro,
a criança mostra aos pais que algo
está gerando incômodo. Normal-
mente, tem relação com dor, fo-
me, fralda suja, cansaço, frio ou ca-
lor, excesso de estímulo ou tédio,
medo, ou devido à posição na
qual foi colocada. Toda atenção,
cuidado e paciência por parte dos
responsáveis deve existir nesse
momento", orienta.
O choro também pode indicar
quandoalgonãovaibemesinaliza
problemasmaisgraves.Algunssin-
tomas devem ser analisados antes
de levar a criança ao médico, reco-
mendaapediatra.Entreeles,dificul-
dade para respirar, algum hemato-
ma pelo corpo ou na face e cabeça,
movimentaçõesquefujamdanor-
malidade, contrações abdominais,
irritabilidadeexcessiva,choroinsis-
tente e febre alta. Quando a criança
estivercomalgumdessessintomas,
é preciso procurar ajuda. "É muito
importante que as mães tenham,
nos primeiros dias e meses de vida,
uma rede de apoio, tanto familiar,
quanto de profissionais qualifica-
dos,quepossamestarnoambiente
decasa,prestandoassistênciaeins-
trução sobre como agir em cada
uma dessas situações", diz.
Outras estratégias, além da apli-
cada na pesquisa, são eficazes para
ajudar a acalmar e controlar o cho-
ro da criança. Entre elas, continua
Claudia, falar em um tom de voz
mais baixo e suave, observar a for-
macomoacriançaestárespirando
e no momento da expiração, que é
quando a criança recupera o ar na
horadochoro,aproveitarparafalar
de forma calma com ela no colo,
além de evitar fazer a voz de bebê e
sempre seguir um ritmo de fala
mais lento e constante.
Para a enfermeira obstetra da
Saúde no Lar Karina Souza, não
existem fórmulas mágicas que
● D O M I N G O ,
pandemia do coronavírus, que fez
com que todo mundo passasse
muito mais tempo conectado, e
nossosfilhos,alémdeassistiràsau-
las on-line, ainda tinham que se
contentar com a socialização com
osamigostambémnovirtual.
Doisanosnavidadequemtem
menosde20anosétempodemais,
o isolamento gerou um adoeci-
mentopsíquico.
No início do mês, o filho da Ca-
mila, adolescente que gostava de
anime e participava de comunida-
des na internet, acreditou que era
capazdeterêxitonodesafiodacor-
danopescoço,achouquedariacon-
tadeaguentarpor20segundos,efoi
assimqueCamilaperdeuseufilho;
20 segundos foi tempo suficiente
paraqueOtávioperdesseavida.
E qual é o nosso papel? O papel
depais,mães,cuidadores,professo-
consigam acalmar e adormecer
um bebê. "Eles não obedecem a
padrões, pois são únicos e cada
família é única. Certo é que, de-
pois de passar um tempo com es-
se bebê recém-chegado em casa,
de conhecê-lo melhor e ele tam-
bém se adaptar ao ambiente on-
de está inserido, a família chega
naturalmente a formas mais ade-
quadas de acalmá-lo e dormir
melhor", pontua.
Paraaenfermeira,nãoexistere-
ceita de bolo na maternidade e na
parentalidade. Cada família, aces-
centa, vai adaptando a forma de
agir, de estar, de atender o bebê, de
acordo com suas particularidades,
inclusive aprendendo a identificar
a linguagem verbal (choro) e não
verbal dessa criança.
"Osestudosquehojenóstemos
a respeito do sono do bebê, princi-
palmente no recém-nascido, aju-
dam-nosachegaraessasmelhores
formas de acalmar e/ou adorme-
cer um bebê. O que funciona no
dia de hoje pode simplesmente
não servir amanhã. O que foi óti-
mo para uma vizinha, prima ou ir-
mã, pode não surtir nenhum efei-
to positivo na nossa casa", reforça.
Karina lembra que, na internet,
são facilmente encontrados estu-
dos, cursos, livros, artigos e relatos
de experiências que ajudam, de al-
guma forma, a tentar controlar o
incontrolável,emsuaspalavras.Ela
ensina que respeitar as janelas de
sono da criança pode ser uma boa
estratégia para ter sucesso ao colo-
cá-la para dormir, promovendo
uma boa alternância entre perío-
dos de sono e vigília.
"Não adianta tentar manter o
neném acordado ao longo do dia
porpensarqueassimteráumanoi-
2 7 D E N O V E M B R O
resnaorientaçãodascriançaseado-
lescentes? É possível proibi-los de
usar a internet, de terem contas
emmídiassociais?Dariacerto?Ou
émelhormanterodiálogoaberto,
ficardeolhonoconteúdoqueeles
consomem, explicar, orientar?
Excesso de tela é prejudicial à
saúde, já existem estudos sobre o
assunto. Regular o tempo de tela
éimportante,masnãoésuficien-
te. A nossa tarefa não é fácil.
te de sono melhor, pois isso pode
apenas deixá-lo mais irritado.
Importante é entender e respei-
tar os sinais de sono do seu fi-
lho, tais como coçar os olhos,
bocejar, arquear as costas, esfre-
gar as orelhinhas e o nariz ou es-
tar mais manhoso, choroso ou
irritado", esclarece.
SONO Também é importante, en-
sina Karina, deixar claro para o be-
bê o que é sono diurno e sono no-
turno. Se o bebê dormir durante o
dia, é indicado deixar o ambiente
ainda com alguma luz e manter a
rotina da casa com os seus ruídos.
Já à noite, promover um ambien-
te calmo, com pouca ou nenhu-
ma luz, e o mínimo de ruído pos-
sível, ensinando o bebê a diferen-
ciar o sono do dia e o da noite.
"Criar uma rotina para dormir
e acordar, manter um tempo ade-
quado de sono, dormir onde a
criança e seus pais se sintam mais
confortáveis, promover tempo de
qualidade durante o período de
vigília, ter atenção com a alimen-
tação antes de dormir e deixar o
ambiente onde esse período de
sono irá acontecer o mais adequa-
do possível são situações que con-
tribuem para o sucesso da rotina
diária de uma família como um
todo", diz a enfermeira.
EMOÇÕES ApequenaLarissaEma-
nuellyacabadecompletarumano
de vida. É a primeira filha da pro-
motora Michelle Campbell, de 26,
e do coordenador de elétrica Lucas
Henrique Guimarães, de 28. Mi-
chelle diz que ser mãe de primeira
viagem é um turbilhão de emo-
ções, desde a constatação da gra-
videz. E a cada dia, mais descober-
ARQUIVO PESSOAL
D E 2 0 2 2
A gente entrega um celular, computador
para os filhos, e acha que eles estão
seguros usando-os só em casa, e se esquece de
que dentro da rede os riscos são muitos”
DEPOSITPHOTOS
Tem três livros que eu gosto
muito e recomendo:
“A Geração do Quarto – Quan-
do crianças e adolescentes nos
ensinam a amar”– Hugo Montei-
ro Ferreira.
“Crianças e Adolescentes no
Mundo Digital: Orientações es-
senciais para o uso seguro e cons-
ciente das novas tecnologias” –
Alessandra Borelli.
“Meu Adolescente” – Anna
MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS
Larissa é filha de Michelle e
Lucas. Agora que ela tem 1 ano,
eles já sabem como lidar com os
choros da pequena
❚ COMO IDENTIFICAR
● Fome e sede, para o recém-nascido,
podem ser interpretadas como uma
“quase dor”. A melhor forma de identi-
ficar se é isso que está causando o choro é
através de pequenos sinais, como abrir e
fechar as mãos, chupar o dedo ou choro
juntamente com a mão na boca.
● No caso de desconforto, seja por conta
de alguma posição ou por conta da
roupinha muito apertada, o choro
vem acompanhado de movimentos
corporais insistentes.
● Quando a criança sente dor, o choro é
alto e longo. Vale aferir a temperatura,
tirar a roupinha da criança para saber se
algo está levando ao incômodo e, se
necessário, consultar o pediatra.
● Se o bebê estiver cansado, ele chora
esfregando os olhos e bocejando.
● Ao dar sinais de desconforto, seja com
frio ou calor ou por conta da fralda suja, a
criança pode contorcer as costas ou
arqueá-la. Vale tirar a roupinha para
saber o que está acontecendo.
● No caso da cólica, o choro é longo
e inconsolável tanto na parte da
manhã quanto à noite.
Fonte: Claudia Drumond,
pediatra da Saúde no Lar
tas e novos desafios. "Depois que
conheci minha princesa, mais
um turbilhão de emoções. Co-
nhecer aquela coisinha tão pe-
quena e saber que era tão depen-
dente de mim era sinal de que a
Michelle já não pensava mais só
nela. A partir de agora, a Michelle
e o Lucas Henrique seriam res-
ponsáveis por uma criança que
necessita de cuidados", diz.
Michelle conta que, aos pou-
cos, se sentiu preparada para re-
ceber essa nova vida e muito ale-
gre por realizar o sonho de ter a
filha nos braços. De repente, co-
mo conta Michelle, tudo começa
a fluir. "Aprendi a me comunicar
com ela. A cada choro, sei exata-
mente o que ela quer, é inexpli-
A pediatra Claudia Drumond
explica que o choro do bebê é
uma forma de ele se comunicar
e de expressar o que quer
Cláudia Eutrópio, Carolina Dantas
e Carolina Lentz.
Ostrêslivros,alémdefalaremso-
breadolescência,nosmostramova-
lor da comunicação e da conexão
com os nossos filhos em todos os
momentosdavida.Anecessidadedo
exercício de uma parentalidade res-
ponsável é equilibrada, que não seja
nemrígidanempermissivademais.
A gente até sabe, mas a teoria é bem
maisfácilqueaprática.
Esse assunto rendeu, mas rende
muito. Eu sigo com muito mais dú-
vidas do que certezas. Na próxima
quarta (30/11), temos um encontro
marcadonoCafédoCentroCultural
MinasTênisClubeparacontinuares-
sa prosa. A psicóloga e doutora em
educaçãoAnnaCláudiaEutrópiovai
darumapalestrasobreolivro“AGe-
raçãodoQuarto”eo“MeuAdolescen-
te”. Esse encontro é gratuito, aberto
ao público e começa às 19h. Depois
dapalestratemrodadeconversapa-
raquepossamosaprendermais,tro-
candoideias.Esperamosvocês!
PALAVRA DE ESPECIALISTA
KARINA SOUZA, ENFERMEIRA
OBSTETRA DA SAÚDE NO LAR
Um bom banho
acalma e relaxa
Incluir um banho relaxante como
parte da rotina do sono noturno
pode ser uma boa estratégia para
ensinar ao filho que está chegando
a hora de dormir. Uma banheira
ou ofurô com água abundante e
quentinha, luz baixa, música
agradável e calma ao fundo, ou
ruído branco, e uso de óleo essen-
cial, como o de lavanda, podem
fazer a diferença. Nesse banho, o
bebê pode ser colocado na água
enrolado em uma fralda, o que irá
remetê-lo à mesma sensação que
ele tinha quando estava no útero.
Essa estratégia também pode ser
utilizada para acalmar o bebê
quando ele estiver na fase das cóli-
cas, não tendo como objetivo a
limpeza do bebê, mas sim um certo
nível de relaxamento. Vale ressaltar
que as necessidades e cuidados
com um bebê vão mudando de
acordo com a idade e também de
acordo com sua individualidade.
Cada criança é única e não adianta
comparar um recém-nascido com
um outro bebê que já esteja com
três, cinco ou sete meses de idade. À
medida que eles crescem, tornam-
se menos dependentes da
mãe/pai/cuidador, passando a
perceber mais do mundo ao
seu redor e criando novas
formas de comunicação.
cável. Só quem é mãe sabe", diz.
A partir dos 7 meses, Michelle
lembra da fase em que a pequena
chorava basicamente por querer o
colo, o que continua até hoje, e
tambémdosapertos na época das
cólicas, um pouco antes. Mesmo
sendo uma criança tranquila,
chorar é inevitável. Larissa, conta
a mãe, geralmente chora por es-
tar com fome, com sono, quando
quer pegar alguma coisa, ou ir
para algum lugar. Também já
consegue se expressar ensaiando
algumas palavras, como quando
quer o bico ou a mamadeira.
"Quando é algo que representa
perigo para ela, eu não deixo. É
nessa hora que ela faz birra, cho-
rando e agachando. Aí eu tento
distraí-la de alguma forma", conta
Michelle. Ela sabe o que significa
quando o choro é acompanhado
de agitação, geralmente sinal de
fome, ou quando é um choro in-
tenso, que indica dor. "Parece que
ela mesmo fala com a gente. Com
o tempo de convívio, já consigo
saber o que cada tipo de choro
quer dizer. A maternidade mes-
mo ensina. No geral, ela chora
quando realmente está precisan-
do de alguma coisa", diz.