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aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher,

quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. A lei entrou em vigor


no dia 22 de setembro, e, já no dia seguinte, o primeiro agressor foi
preso, no estado do Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa.
O caso de Maria da Penha Maia foi apenas uma gota num oceano de
impunidade que norteou o Brasil em todos esses anos, a figura da
mulher agredida sempre foi encarada como o simbolo do machismo
exacerbado e, dentre alguns homens, um símbolo de “status”. 
As implicações sociais oriundas da promulgação da Lei Maria da Penha
são uma realidade nunca vivida em nosso País. A realidade enfrentada
pelas mulheres brasileiras foi modificada por meio desse instituto,
que trouxe proteção e dignidade à pessoa da mulher brasileira.
Antes da entrada em vigor da Lei 11.340, era comum ver em portas
de delegacia mulheres agredidas por seus companheiros ou maridos
atrás de auxílio para verem seus agressores punidos, o que quase
sempre era impossível.

Essas mulheres peregrinavam pelas delegacias e Instituto Médico Legal


para conseguirem o exame de corpo de delito para instrução do processo,
e, por fim, pelas agressões físicas serem consideradas crimes de menor
monta, os agressores, no máximo, eram punidos com o pagamento de
cestas básicas a instituições de caridade. E, após isso, o inferno voltava
a tomar conta da vida das agredidas, mas, dessa vez, com maior
intensidade e raiva por parte do agressor por já terem sido denunciados.

O que se vê hoje é um aumento significativo no número de denúncias


de mulheres vítimas de maus-tratos de companheiros e maridos
agressores. O silêncio parece ter acabado. Enfim os clamores dos
movimentos feministas estão ecoando por este Brasil afora, mulheres de
todos os níveis sociais e culturais estão buscando seus direitos e exigindo
a punição de seus agressores.

Enfim, pela luta de Maria da Penha Maia, a sociedade brasileira


pode evoluir para uma esfera de respeito aos direitos humanos,
nunca antes experimentados, em relação aos direitos da mulher. Em
toda a História, a mulher sempre teve seu valor relegado a dona-de-casa,
mãe e objeto de prazer de seu companheiro, sempre foi discriminada em
seu trabalho e sempre percebeu salários inferiores aos dos homens.
As duras penas impostas pelo novo instituto fizeram com que
homens refletissem bem antes de agredirem suas esposas, visto que a
denúncia da ofendida às autoridades policiais e o suficiente para começar
o procedimento de investigação do crime. Hoje, mesmo que a mulher se
arrependa de denunciar o agressor, tornou-se mais difícil o criminoso
escapar das mãos da Justiça, pois a renuncia da ofendida terá que ser
feita antes da denúncia do Ministério Público ao Juiz.

Hoje, no que diz respeito a convívio familiar, nota-se que existe um


maior respeito à figura da mulher em função dessa lei. Esse fenômeno é
mais bem observado nos bairros de classe média e nas favelas, onde o
que antes imperava era o machismo, fruto de anos de impunidade,
quando o homem era quem mandava em casa e à mulher somente cabia
obedecer a suas ordens.

Casos de estupro e violência sexual são comuns em bairros onde o poder


aquisitivo dos moradores é menor, muitas mulheres e adolescentes são
corrompidas e têm sua dignidade abalada por terem medo de denunciar
seus agressores, em função de imaginarem a via-crúcis que teriam de
enfrentar caso resolvessem promover um processo judicial. Com o
advento da Lei Maria da Penha, esse caminho se tornou menos
desgastante, e o resultado é quase sempre positivo para a vítima.

O que mais levavam à impunidade do agressor era o fato de que, após o


registro da ocorrência, a agredida tinha de voltar a sua residência, por
falta de lugar seguro onde pudesse ficar com seus dependentes até o
trâmite final do processo. Hoje uma nova realidade começa a ser
desenhada, com a criação de casa-abrigo, a mulher se sente mais segura
para efetuar as denúncias.

As medidas protetoras que podem afastar do lar o agressor configuram-


se em uma vitória extraordinária para a garantia da efetivação dos direito
humanos.

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