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Estado de Goiás

Secretaria de Estado da Educação


Superintendência de Ensino Médio
Gerência da Mediação Tecnológica

2023
ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Governador do Estado de Goiás


Ronaldo Ramos Caiado

Vice Governador do Estado de Goiás


Daniel Elias Carvalho Vilela

Secretária de Estado da Educação


Aparecida de Fátima Gavioli Soares Pereira

Secretária de Estado da Educação


Aparecida de Fátima Gavioli Soares Pereira

Diretoria Pedagógica
Márcia Rocha de Souza Antunes

Superintendente de Ensino Médio


Osvany da Costa Gundim Cardoso

Gerente de Mediação Tecnológica


Denise Cristina Bueno

Coordenadoras Pedagógicas de Mediação Tecnológica


Luciane Aparecida de Oliveira Rodrigues
Wanda Maria de Carvalho

ELABORARDORES/AS
Linguagens e suas Tecnologias
Daniela de Souza Ferreira Mesquita – Coordenadora de Área/Língua Portuguesa
Carlos César Higa – Mundo do Trabalho
Daniela Amâncio Cavallari – Língua Estrangeira - Inglês
Daniella Ferreira da Conceição – Língua Estrangeira - Espanhol
Ivair Alves de Souza – Língua Portuguesa
Luiz Carlos Silva Junior – Educação Física
Maria Caroline Guimarães Leite Logatti – Arte/Mundo do Trabalho

Matemática e suas Tecnologias


Luan de Souza Bezerra – Coordenador de Área
Luara Laressa Ferreira dos Santos Lima

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


Pedro Ivo Jorge de Faria – Coordenador de Área/História
Alejandro de Freitas Paulino Matos – Geografia
Bruno Martins Ferreira – Geografia
Carlos César Higa – Sociologia
Gustavo Henrique José Barbosa – Sociologia/Filosofia/Projeto de Vida

Ciências da Natureza e suas Tecnologias


Núbia Pontes Pereira – Coordenadora de Área / Biologia / Ciências
Francisco Rocha – Física / Ciências
George Fontenelle Costa – Física
Luiz Carlos Silva Júnior – Biologia
Rosimeire Silva de Carvalho – Química

Revisão
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Designer Gráfico
Hugo Leandro de Leles Carvalho – Capa

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TELEFONE: 3201-3253
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“Todos os direitos reservados”
Sumário

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS ............................................................................ 5

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS ....................................................... 165

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS ........................................................................ 237

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS ............................................................. 253

PROJETO DE VIDA ..................................................................................................... 297


Linguagens e
suas Tecnologias
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR – ARTE

OBJETIVOS DE OBJETOS DE CONHECIMENTO


HABILIDADES DA BNCC
APRENDIZAGEM DO DC-GOEM DO DC-GOEM
(GO-EMLGG601A) Compreen-
der a diversidade de manifesta-
ções ar�sticas, analisando seus
contextos e práticas em Artes
Artes Visuais - As artes visuais como
Visuais, Dança, Música ou Tea-
manifestação ar�stica das diferentes
tro para validar sua importância
linguagens e formas. Práticas das ar-
sócio-históricocultural.
tes visuais encontradas em trabalhos
(GO-EMLGG601B) Examinar di- de artistas em diversos contextos e
ferentes espaços e tempos das períodos. Aspectos sócio-históricos
práticas ar�sticas, distinguindo e culturais representados nas artes
seus contextos e práticas em visuais.
Artes Visuais, Dança, Música ou
Teatro para valorizar os proces- Dança - A dança como manifestação
sos constitutivos de suas mani- ar�stica, linguagem humana e/ou fe-
festações. nômeno social. Dança: aspectos só-
ciohistórico-culturais constitutivos.
(GO-EMLGG601C) Investigar
(EM13LGG601) Apropriar-se Práticas culturais e corporais no uni-
processos de legitimação das
do patrimônio ar�stico de dife- verso da dança. Sujeitos, personali-
práticas ar�sticas, observando
rentes tempos e lugares, com- dades e/ou referências em dança.
seus contextos e práticas em
preendendo a sua diversidade,
Artes Visuais, Dança,Música ou
bem como os processos de legi- Música - As diferentes sonoridades e
Teatro para avaliar o grau de de-
timação das manifestações ar- ritmos das manifestações ar�sticas.
terminação e relevância destas
�sticas na sociedade, desenvol- Elementos sócio-histórico-culturais,
manifestações para a sociedade.
vendo visão crítica e histórica. observados em seus contextos e
(GO-EMLGG601D) Explorar di- práticas. Formações musicais encon-
versas formas e o conteúdo do tradas nas manifestações culturais.
patrimônio ar�stico, ressaltan- Identidade e sujeitos: aspectos com-
do seus contextos e práticas em posicionais e mercado de trabalho.
Artes Visuais, Dança, Música ou
Teatro para apreciar a totalidade Teatro - Teatro: invenção humana e
de suas manifestações. construção histórica. Teatro: patri-
mônio material, imaterial, cultural e
(GO-EMLGG601E) Analisar as-
ar�stico. Teatro: sociedade e diversi-
pectos sócio-histórico-culturais
dade cultural. Práticas teatrais em di-
constitutivos das manifestações
versos contextos e períodos: artistas,
ar�sticas, debatendo seus con-
grupos e companhias teatrais e suas
textos e práticas em Artes Vi-
produções ar�sticas.
suais, Dança, Música ou Teatro
para potencializar o desenvolvi-
mento de uma visão crítico-re-
flexiva da realidade.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
INTRODUÇÃO ças escritas por Shakespeare (c. 1564-1616), as telas
pintadas por Van Gogh (1853-1890) ou as músicas
O que é cultura e o que é arte? * compostas por Villa-Lobos (1887-1959) são arte. Se
lançarmos um olhar para a História, constataremos
Cultura e arte são fenômenos diferentes que al- que algumas obras tiveram tamanha força, influen-
gumas vezes podem ser confundidos. São dois con- ciaram de tal modo a produção de outros artistas e
ceitos bem di�ceis de definir, embora sejam tema de comportamentos da sociedade no decorrer do tempo,
calorosos debates desde a Antiguidade. que se tornaram modelos do que seria a “grande arte”.
Há diversos sentidos possíveis para a palavra “cul- Nas últimas décadas, no entanto, os modelos, em
tura”, mas podemos defini-la como a maneira pela especial aqueles provenientes de países da Europa
qual uma sociedade se estrutura e como se comporta ocidental, têm sido questionados, e a criatividade e
– incluindo o que ela produz. A cultura é um fenômeno a diversidade passaram a guiar a atividade ar�stica
integral, que abrange tudo o que uma coletividade é e ao redor do mundo. Hoje entendemos a arte como
faz. Trata-se do patrimônio material e intelectual com- um processo que se manifesta de formas bem varia-
partilhado por um grupo social, recriado e transmitido das em todas as comunidades. Mais importante que
no decorrer do tempo. A cultura engloba linguagem, louvar uma grande arte é instaurar ou estimular um
comportamento, símbolos, técnicas, objetos, ideias, processo ar�stico em um grupo social, por exemplo,
regras, crenças – todas as realizações materiais e ima- em uma vizinhança ou na escola.
teriais que se transmitem de geração em geração e se Uma estratégia para nos envolvermos com arte
produzem em cada indivíduo inserido em um grupo é fruí-la, observá-la, escutá-la e tentar alcançar uma
social. compreensão do contexto em que foi concebida, em
Cada cultura tem elementos específicos, particu- uma espécie de diálogo apaixonado. Quanto mais pró-
larmente aqueles que unem uma comunidade e seus ximos estivermos de uma obra, mais sensibilizados
ancestrais, suas tradições, seus mortos. Entretanto, ficaremos para apreciá-la.
aspectos culturais de um grupo social podem se difun- De maneira geral, o conceito de arte na cultura
dir para seus vizinhos ou mesmo para povos que vivem ocidental tem se ampliado. Assim, algo que não era
em regiões distantes – por meio, por exemplo, da ati- considerado arte há cinquenta anos agora pode ser
vidade comercial ou de redes de comunicação. Desse visto como tal. Isso porque os próprios artistas têm
modo, elementos de uma cultura acabam sendo assi- questionado os critérios que poderiam definir o que
milados por outra – o que contribui para transformar é arte.
a vida social de diferentes grupos. Por meio desse
processo, técnicas como a roda ou sistemas políticos CULTURAS INDÍGENAS
como a democracia, que nasceram em determinada
cultura, puderam se universalizar. Arte indígena: Identifique elementos da cultura que
É preciso ressaltar, porém, que as relações cultu- ultrapassa gerações
rais na maioria das vezes são atravessadas por domi-
nações, conflitos e consequentemente são marcadas Por ISABELLE LIMA - ISABELLE.LIMA@AMAZONSAT.
por preconceitos e discriminações. COM.BR
Com a revolução digital – que é bastante recente Portal Amazônia - 14/09/2021
se considerada a extensão da história da humanidade
-, o impacto da cultura que teve origem na Europa Repassada por gerações, a arte indígena conta a
ocidental sobre outras, e que já era grande, tornou-se história de seu povo e representa simbologias, tradi-
enorme – como podemos observar, por exemplo, em ções e rituais.
determinados grupos nômades, que utilizam meios No Brasil, há uma diversidade de povos indígenas
eletrônicos e digitais. Ao mesmo tempo, essa cultura e cada um possui suas tradições, lendas e aspectos
globalizada resultou em uma fascinação pelas culturas culturais. A cultura indígena, muitas vezes representa-
locais. da através da arte, faz parte da história do país, desde
A cultura digital propiciou, assim, novas formas de antes da colonização. Um dos aspectos dessa arte, é
articulação entre pessoas de uma mesma sociedade que ela é repassada através das gerações, o que marca
e de sociedades muito diferentes. Também facilitou a importância da tradição para os povos indígenas.
o aparecimento, no cenário ar�stico, de novas vozes, Máscaras, cerâmicas, pinturas corporais, plumas
novos olhares, novos gestos, mais livres e menos pa- e cestarias fazem parte do dia a dia desses povos.
dronizados. Objetos feitos através de elementos encontrados na
Definir arte é bem mais complicado que definir natureza como sementes, cipó, palha, penas, fibras de
cultura. Alguns artistas são reconhecidos por toda a plantas, dentre outras coisas, reforçam a conexão e
humanidade como tais. Ninguém questiona se as pe- preservam a proximidade dos povos com a natureza.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
1. Cerâmica indígena zidos por homens, a confecção passa por um ritual:
primeiro tem a caça, depois passa pela tapiragem (que
Com diversas funcionalidades, a cerâmica é um é a colorização das plumas), pelo corte e por fim pela
dos elementos mais utilizados justamente por sua amarração.
versatilidade: pode ser utilizada tanto para decora- Servem também para ornamentar máscaras, co-
ção quanto para utensílios domésticos, como jarros, lares, braçadeiras, brincos, pulseiras e cocares, que
panelas e vasilhas para armazenar coisas. Geralmente, são feitos de penas e de caudas de aves.
é produzida pelas mulheres e não utilizam a roda de
oleiro. Para deixá-las mais ar�sticas, criam padrões
gráficos próprios da tribo.
Uma das cerâmicas mais conhecidas é a marajo-
ara. Criada na Ilha de Marajó, no Pará, é considera-
da uma das produções de cerâmicas mais antigas do
Brasil e até hoje, os indígenas mantém a produção.

Foto: Divulgação Portal Amazônia

4. Cestarias

Assim como a cerâmica, a confecção de cestas


Foto: Reprodução/Ubá Brasil serve também para o armazenamento e transporte
de alimentos e recentemente, passaram a ser utiliza-
2. Pintura corporal das como itens de decoração. Feito, principalmente
por mulheres, e a partir de folhas de árvore, palhas,
A pintura corporal pode estar relacionada às fun- junco e folhas de palmeiras, existem alguns tipos de
ções sociais dos indivíduos na tribo, ao gênero, idade e formatos de cestas, os mais comuns são:
até à família. Muito utilizada em rituais de passagem, - Cestos-coadores - para coar líquidos;
celebrações e outros momentos específicos daquela - Cestos-tamises - para peneirar farinha;
tribo. - Cestos-recipientes - para guardar diferentes ma-
As tintas utilizadas são obtidas através da extração teriais;
de óleos de sementes de flores e outros elementos - Cestos-cargueiros - para transportar cargas.
encontrados na natureza.

Foto: Reprodução/Terravista
Foto: Reprodução/Coletivo Cultural - Cidade e Cultura
3. Plumas
5. Máscaras
Como a pintura corporal, a arte da plumagem
também identifica grupos sociais dentro das tribos Em geral o uso de máscaras nas etnias indígenas
indígenas e é utilizada em rituais. Geralmente produ- é carregado com simbologias de seres sobrenaturais

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
como antepassados e espíritos da floresta. Algumas teratura especializada sobre arte contemporânea pro-
etnias utilizam as máscaras em seus rituais como uma duzida no Brasil, não temos autores artistas indígenas.
maneira de levar alegria e bons sentimentos às entida- Nesse sentido, o componente novo surpreende por
des espirituais que tiveram conflitos com os indígenas seu protagonismo histórico. Convidamos a um inteiro
em tempos passados. desconstruir para outros preenchimentos.

Foto: Reprodução/Acervo do Museu de Arte Indígena


Reestruturação conceitual
Arte indígena contemporânea e o grande mundo
Indígena e arte são de origem comum e indissoci-
Por Jaider Esbell, Revista Select ável. Aceitar essa sentença adianta o entendimento. O
Publicado em 22/01/2018 sistema de arte é algo paralelo e hoje eles se tocam,
envolvendo-se para além das percepções dos espe-
Não há como falar em arte indígena contempo- cialistas. A arte indígena contemporânea seria então o
rânea sem falar dos indígenas, sem falar de direito à que se consegue conceber na junção de valores sobre
terra e à vida. o mesmo tema arte e sobre a mesma ideia de tem-
po, o contemporâneo, tendo o indígena artista como
peça central. Um componente trans-tempo histórico
e trans-geográfico é requerido. Falamos de ideia de
país, mas a arte entre os indígenas hoje brasileiros
vem desde antes de tudo isso.
A imagem sugere o encontro da relação de valo-
res que têm os indígenas brasileiros (sic) com a arte
e com os valores do sistema clássico europeu. Uma
leitura corriqueira é percebida: como é o encontro,
ou como é o acesso da arte indígena contemporânea
ao sistema de arte geral?
Refazendo o caminho da pergunta, ressignifica-
mos as respostas. Entende-se com essa pergunta
Obras da coleção It Was Amazon (2016), de Jaider Esbell (Fotos: que o sistema de arte seja algo que realmente não
Marcelo Camacho)
compreende, no sentido de não conter, a arte dos
indígenas. Percebe-se também que o sistema de arte
Ao longo deste texto devemos passear por ter-
de natureza ocidental não vê, não percebe e não faz
ritórios distintos do pensar e logo nos remeter ao
qualquer relação com seu próprio paralelo: o sistema
pensar extrapolado. Para maior sentido, começamos
de arte indígena, digamos assim. O sistema de arte
a nossa abordagem por ressignificar conceitos bási-
europeu desconhece e, portanto, não reconhece que
cos. Antes, devo dizer que, como autor, me construo
entre os indígenas há um sistema de arte próprio, com
de representatividade; e a socialização desse pensa-
sentidos e dimensões próprios.
mento compreende bem mais que a minha posição
A arte indígena contemporânea seria essa for-
individual sobre tão vasto universo. Não há como falar
ça-poder de atração, ou mesmo atracação. Uso um
em arte indígena contemporânea sem falar dos indí-
termo-metodologia empregado pelos europeus e que
genas, sem falar de direito à terra e à vida. Há mesmo
ainda hoje é utilizado para atrair aquele intocável sel-
que se explicar o porquê de chamarmos arte indígena
vagem desconhecedor misterioso para um encontro
contemporânea e não ao contrário. Na história da li-

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
futuro decisivo. Colocamos um pote de mistério na Os propósitos da arte indígena contemporânea
borda da floresta escura e esperamos que alguém ve- vão muito além do assimilar e usufruir de estruturas
nha buscar e paulatinamente vá adquirindo confiança econômicas, icônicas e midiáticas. A arte indígena
para um encontro pessoal à luz da arte maior. Vivemos contemporânea é, sim, um caso específico de em-
com a arte indígena contemporânea um real encontro poderamento no campo cosmológico de pensar a
com o Brasil do momento em relação ao sistema de humanidade e o meio ambiente.
arte prevalecente. Ao receber o convite para escrever
sobre o assunto para esta revista, eu não poderia co- O elemento colonizador
meçar com outra abordagem. Digo que isso significa
um avanço dentro de uma lógica de resistência e de Como pensar a arte indígena em contato com a
uma lógica de legitimidade que a arte indígena obtém ideia de cultura brasileira? Arte e indígenas é um pas-
por força própria. Minha contribuição é no sentido de sar performático ao longo do tempo e da geografia
oferecer ao leitor-pesquisador uma visão panorâmica e para esses sentidos temos de abordar o elemento
do momento grandioso em que estamos envolvidos. colonizador.
Hoje, no Brasil, posso bem representar o encontro O indígena aparece primeiro nas cartas enviadas
do sistema de arte entre os indígenas com o sistema para a Europa, logo após a chegada dos primeiros
de artes global no contexto contemporâneo. Falo do navios. Ele aparece em representações de artistas
reconhecimento que tenho a partir de minha identi- europeus numa cena de primeira missa. Assim é o
dade indígena. Falo com a potência que tem a força encontro do sistema de artes europeu com os artistas
do meu trabalho. Falo desse boiar no agora com toda selvagens. Para os nativos, a arte sempre será outra
essa conquista e partilha abertas. Hoje sou um artista coisa além. O indígena é posto a cantar na catequese,
reconhecido com prêmios. Hoje posso dizer que o sis- é posto a ilustrar documentos de pesquisadores das
tema de arte global já me absorveu. Hoje tenho tudo o mais diversas áreas do conhecimento. Sobre esses
que precisa e a que se propõe a indústria cultural. Hoje artistas pouco é falado.
escrevo a partir de uma experiência de vivência pro- Devemos atender a um sentido a mais. Quando
fissional nos Estados Unidos, além de experimentar a arte indígena encontra o sistema de arte global, a
a função de galerista. A exposição midiática máxima assinatura do artista ou do coletivo de artistas é reque-
de um trabalho ar�stico em ambientes polivalentes rida. É requerido algo emoldurável para o que nunca
me dá surpreendente vantagem. Atuar na internet e caberá em molduras. Esse atributo de valor influencia
ir pessoalmente ao encontro do povo me possibilita e faz toda a diferença no contexto contemporâneo.
ler realidades e estratificá-las em possibilidades de O tempo passa e o sentido da arte entre os in-
análises sobre um Brasil em si, um Brasil em relação dígenas sofre severas influências da colonização.
à América Latina e em relação ao planeta. Aqui devemos pensar o conceito de arte indígena
Nessa leitura de realidade atual, a arte entre os in- contemporâneo como algo estendido para todas as
dígenas representa em sua máxima capacidade o aces- realidades que temos hoje no Brasil. Como pensar
so ao mundo complementar que representa a falta de esse conceito sem compreender e aceitar que ainda
sentido que há no mundo moderno, no mundo-força hoje nas florestas remotas da Amazônia brasileira há
que dominou e em que se evidencia o colapso. A arte “tribos selvagens” sem qualquer contato com essa
indígena contemporânea nesse sentido está para muito ideia de mundo? Que, entre elas, a arte tem seu sen-
além das molduras e estruturas. A arte indígena contem- tido próprio?
porânea purifica-se filtrando em si mesma com a força Em certo ponto, sinto-me em atuação performá-
da espiritualidade, seu núcleo. A arte indígena encosta tica para além do figurativo. Não seria exatamente
na arte geral enquanto sistemas próprios, mas elas não uma total abstração, mas um sentido corpóreo e bem
se fundem nem se confundem totalmente, a priori. definido para o que é exigido da arte indígena con-
temporânea para o tempo agora.
A arte indígena contemporânea chega em ícones
corporificados e depurados em uma trajetória de re-
presentação até um estado pleno de identidade cos-
mo-consciente. De Chico da Silva, artista mestiço, já
temos mais energia que em Tarsila do Amaral. Nossa
literatura já não é mais tão colonizada e hoje somos
vistos como autores em salões nobres. Não é possível
concluir este texto sem abordar Macunaíma e logo
chamá-los para conhecer meu avô Makuniamî. Aqui
temos outro paralelo multidimensional para todos
que se aventurarem a abordar um assunto tão alheio

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
como a arte indígena contemporânea. A consciência 3. CULTURAS AFRICANAS
de um buscar além das referências habituais.
A expressão “arte africana” pode parecer muito
redutora e limitar uma extensa produção de centenas
de sociedades, reinos e culturas da África tradicional.
Mas essa expressão nos permite sempre lembrar que
as artes das sociedades da África foram, antes, rotu-
ladas no singular, depois de terem sido chamadas de
“arte primitiva” ou “selvagem”.

“Isso quer dizer que, ao mesmo tempo que


plural, trata-se de uma arte única diante do
mundo, mas que foi minimizada diante das
ideologias que se vêm construindo desde o
renascimento europeu, que culminaram na
escravidão nas Américas e na colonização
do continente africano, e que ameaçam até
Desenhando a política hoje a aceitação das diferenças individuais e
coletivas e do pluralismo cultural em todo o
Definitivamente, a juventude indígena artista do mundo.” (2015, USP)
Brasil vem com todas as forças a que acessam ao en-
tregarem seus talentos sem reservas a uma sabedoria
maior. Hoje surgimos desenhando a política tão bem
ilustrada por Ailton Krenak em sua performance de
pintar o rosto com jenipapo no Palácio do Planalto, ao
defender o indígena na Constituição de 1988. A arte
indígena contemporânea vem juntamente com tudo
o que há de tecnologia. O livro de Davi Kopenawa
Yanomami – A Queda do Céu – é uma bíblia. Temos
o Coletivo Maku, com exposição na Fundação Cartier,
em Paris. No salão da Bienal de Arte Naïf do Sesc
Piracicaba-SP, o maior do País, temos Carmézia Emi-
liano como a mulher artista mais premiada. Carmézia
é indígena Makuxi e está totalmente absorvida pelo
sistema de arte internacional. Embora seja grande em
seu fazer, a artista é pouco conhecida e mesmo a arte
naïf continua em uma posição periférica em relação ao
eixo do sistema. Em 2016, tivemos três artistas indíge-
Ao dizermos “artes da África” (no plural), em vez
nas indicados ao Prêmio PIPA. Desse feito temos eu,
de “arte africana”, podemos estar enfatizando: a África
Jaider Esbell, como vencedor do Prêmio PIPA Online
tem Arte. Isso de certa forma minimiza o modo como
2016 e Arissana Pataxó em segundo lugar. Também foi
tem sido tratada a produção estética dos africanos até
indicado Ibã Sales Hunikuin representando o Coletivo
nossos dias: como objeto cien�fico. Sob o lema “co-
Maku. Essas evidências são pontos fundamentais para
nhecer para melhor dominar”, dizia-se que ela servia a
todos os atentos que buscam estar a par desse encon-
“rituais e sacri�cios selvagens” e que era feita apenas
tro de sistemas. Devo dizer que meu atuar ecoa para
de “ídolos toscos e disformes” — de “fetiches”. Mas,
um sentido da arte que puxamos para nós indígenas
se todas as sociedades - antigas ou atuais - têm sua
em relação ao grande mundo. Fazemos política de
arte, então por que a necessidade dessa ênfase? Antes
resistência declarada com a arte em contexto contem-
de mais nada, é importante percebemos que, mesmo
porâneo aberto. Em contexto fechado, ressignificamos
indiscriminada nos depósitos dos museus da Europa,
nossas estruturas culturais e sociais com arte e espi-
essa - que se convencionou um dia chamar de arte
ritualidade em um mútuo alimentar de energias para
africana - nunca deixou de resplandecer sua beleza e
compor a grande urgência de sustentar o céu acima
vitalidade. Apesar da depreciação e preconceito com
de nossas cabeças.
que foi antes julgada, ela é, hoje, procurada pelos
grandes colecionadores e apreciadores internacionais
de arte. Além da produção dos artistas modernos e
contemporâneos da África (aliás, muito pouco difun-

11
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
didos entre nós) são muitas as artes desse grande
continente, entre elas, as chamadas “tradicionais”. É a
essas criações, vindas de centenas de culturas que se
dá o nome de “arte africana” — como se fosse uma só!
Atualmente são reconhecidas suas técnicas milenares,
suas formas sofisticadas e suas “mãos-de-artistas”. A
recente exposição das obras-primas da África trazi-
da ao Brasil pelo Museu Etnológico de Berlim tentou
mostrar que não há máscaras sem música nem dan-
ça, e que há um design digno de nota desde tempos
imemoriais na África. Pois, de fato, a arte africana é
plural e multidimensional. Mas exposição nenhuma
jamais poderia recuperar a força das rochas, fontes e
matas que abrigavam estátuas, nem o ambiente dos Bronze head from Ife, British Museum Objects in Focus,2010.
Cabeça desenterrada em 1938 em Ifé, junto com outras 12
palácios, templos, altares em que se situavam. Forma-
vam conjunto com outras peças e seu entorno: eram
arquiteturais e espaciais, porém muitas não podiam A arte africana, porém, não é apenas “religiosa”
ser tocadas, nem ao menos vistas. E daí tirarmos: nem como se diz, mas sobretudo filosófica. A evocação dos
toda produção plástica da África era visual. mitos nas artes da África é um tributo às origens, ao
A arte africana não é primitiva nem estática. Há passado —, com vistas à perpetuação — no futuro
peças datadas desde o século V a.C. atestando uma — da cultura, da sociedade, do território. E, assim,
história da arte africana, mesmo que ainda não es- essas artes “relatam” o tempo transcorrido; tocam
crita por palavras. É certo que muitos dados estão no problema da espacialidade e da oralidade.
irremediavelmente perdidos: objetos foram destruí- Muitas esculturas, como a máscara kpelié dos
dos, queimados ou fragmentados ao gosto ocidental senufo, não é feita apenas para dançar, mas para
e moral cristã; ateliês renomados foram extintos e celebrar mitos. A estatueta feminina que vai no alto
muitas produções interrompidas durante o período do crânio da face esculpida de que se constitui essa
colonial na África (1894-c.1960). Mesmo assim, as máscara, parece estar gestando, prestes a dar à luz a
peças dessa arte africana remanescente “falam” de um filho. O interessante é que, em muitos exemplares
dentro de si e por si mesmas através de volumes, tex- similares, essa forma superior da máscara kpelié não
turas e materiais; veiculam um discurso estruturado é o de uma mulher, mas de um pássaro associado à
reservado aos anciãos, sábios e sacerdotes. Alguns origem dessa cultura. Ela, assim como outras criações
artistas, como os do Reino de Benim, exerciam função estéticas da África, constela aspectos da existência e
de escriba, descrevendo a história do reino por meio do cosmo, ou seja, tudo o que envolve a humanida-
de ícones figurativos em placas de latão que teriam de — o Homem em sua interioridade sensorial e na
recoberto as pilastras do palácio real. sua relação com o mundo ao redor. E nisso, vemos
O desenho de joias e as texturas entalhadas na também que a arte africana é dual. É uma clara alusão
super�cie de certos objetos da arte africana também à consciência do Homem sobre a magnitude da Na-
constituem uma linguagem gráfica particular. São pa- tureza e de sua relação intrínseca com ela. Podemos
drões e modelos sinalizando origem e identidade que dizer que vem desse diálogo entre continente-conte-
aparecem também na arquitetura, na tecelagem ou údo, matéria-pensamento, espaço-energia - diálogo
na arte corporal. A arte africana é multivocal. que caracteriza a arte na África - o sopro que renova
Por exemplo, o tratamento do penteado dado a a Arte Mundial.
estátuas e estatuetas pelos escultores revela, muitas
vezes, o elaborado trançado do cabelo das pessoas, África: cultura material e história
e, mesmo, a prática cultural, em algumas sociedades,
da modelagem paulatina do crânio dos que tinham Para compreendermos a cultura material das so-
status (caso dos mangbetu, do ex-Congo Belga, atual ciedades africanas, a primeira questão que se impõe
República Democrática do Congo-RDC). É, para eles, é a imagem que até hoje perdura da África, como se
ao mesmo tempo, expressão do belo. Atribuía-se até sua “descoberta”, fosse esse continente perdido na
significado até às matérias-primas empregadas na obscuridade dos primórdios da civilização, em plena
criação estética — elas davam “força” à obra, acres- barbárie, numa luta entre Homem e Natureza.
cida, por fim, quando ela ganhava um nome, uma De fato, a história dos povos africanos é a mesma
destinação. Tornava-se, então, parte integrante da de toda humanidade: a da sobrevivência material, mas
vida coletiva. Por isso, diz-se que a arte africana é também espiritual, intelectual e ar�stica, o que ficou
uma “arte funcional”. à margem da compreensão nas bases do pensamento

12
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ocidental, como se a reflexão entre Homem e Cultura XIX. É necessário, pois, ver de que História e de que
fosse seu atributo exclusivo, e como se Natureza e Civilização se trata. E do ponto de vista histórico-e-
Cultura fossem fatores antagônicos. conômico, o imperialismo colonial na África é meio e
produto do Capital, uma das grandes invenções que
vem desde a era dos Descobrimentos reforçada ainda
mais pela consolidação do Liberalismo.
As sociedades africanas tradicionais (ou pré-co-
loniais) tinham em suas atividades econômicas uma
das formas de sobrevivência, de acordo com o meio
ambiente em que viviam, de suas necessidades ma-
teriais e espirituais, e de toda uma tradição anterior
de várias técnicas e tipos de produção. Havia muitos
povos nômades, que precisavam se deslocar periodi-
camente, e havia povos sedentários, que fundando
seus territórios, chegaram a constituir grandes reinos,
desenvolvendo atividades econômicas produtivas,
tanto de bens de consumo como de bens de pres�gio
(em que se destacam várias de suas artes de escultura
Máscara kpelié dos senufo
e metalurgia).
O que a história oficial procurou velar é que os afri-
E é isso que fez com que a distorção da imagem
canos desenvolveram várias formas de governo muito
do continente africano, atingisse também os povos
complexas, baseando-se seja em uma ordem genea-
que ali habitavam. De acordo com as ciências do sé-
lógica (clãs e linhagens), seja em processos iniciáticos
culo XIX, inspiradas no evolucionismo biológico de
(classes de idade), seja, ainda, por chefias (unidades
Charles Darwin, povos como os africanos estariam
políticas, sob várias formas). Algumas grandes chefias,
num estágio cultural e histórico correspondente aos
consideradas Estados tradicionais, são conhecidas
ancestrais da Humanidade. Dotados do alfabeto como
desde o século IV (como a primeira dinastia de Gana),
instrumento de dominação não apenas cultural, mas
mesmo assim posteriores a grandes civilizações, cuja
econômica também, os europeus estavam em busca
existência pode ser testemunhada pela arte, como a
de suas origens, sentindo-se no vértice da pirâmide
cerâmica de Nok (Nigéria), datada do século V a.C.
do desenvolvimento humano e da História. Vem daí
ao II século d.C. Aliás, ela é uma das produções mais
as relações estabelecidas entre Raça e Cultura, cor-
atingidas pelo tráfico do mercado negro das artes na
roborando com essa distorção.
África que coloca em risco toda uma história ainda
Por isso, a história da África, pelo menos antes do
não completamente estudada.
contato com o mundo ocidental, em particular antes
Importante lembrar que a “ação civilizadora”
da colonização, não pode ser compreendida tomando-
europeia era para tirar suas elites da emergência de
-se como referência a organização dominante adota-
sua própria falência econômica: os europeus preci-
da pelas sociedades ocidentais. Normalmente fica no
savam se apropriar de novas terras e mercados para
esquecimento, dado ao fato colonial, que não existe
alcançar hegemonia. E fizeram isso na perspectiva da
uma África anterior, a que se convencionou chamar
exploração, sob pretexto de “descobrir” o que estava
África tradicional, diversa e independente, com suas
“perdido”, tanto no globo terrestre (como se fosse
particularidades sociais, econômicas e culturais.
seu quintal) como na história (como se ela fosse um
As sociedades ocidentais, assim chamadas por
produto acabado), sendo eles os sujeitos, no presente,
oposição às não-ocidentais (não-europeias), se es-
do tempo e do espaço - passado e futuro. Ignoraram
truturaram fundamentalmente sob o modo de pro-
que os africanos já mantinham contatos seculares
dução capitalista. Além disso, o modo de produção
(provavelmente milenares) com outras civilizações:
dominante (não existe apenas um) numa sociedade
a egípcia, por exemplo, é africana, apesar das rela-
pode nos dizer muito sobre a vida dessa sociedade,
ções estabelecidas, e reconhecidas historicamente,
mas certamente não comporta explicações de todas
com o Mediterrâneo antigo. Os estados tradicionais
as dimensões de como os homens que a constituem
africanos não foram apenas instrumentos de governo
compreendem sua vida e modelam sua existência.
eficazes e agentes da história, mas estimularam a pro-
A degeneração da imagem das sociedades africa-
dução de grandes patrimônios materiais. É o caso das
nas, de suas ciências, e de seus produtos é resultado
artes de Ifé e Benin, bem como das artes luba e kuba.
do projeto do Capitalismo, que difundiu a ideia de que
o continente africano é tórrido e cheio de tribos per-
didas na História e na Civilização. É resultado também
do etnocentrismo das ciências europeias do século

13
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ou festas populares há, assim como no Brasil, na Áfri-
ca atual, uma cultura material, que, apesar de sua
qualidade estética, é considerada, também pelos afri-
canos de hoje, “religiosa” ou “popular” nos moldes
ocidentais, onde o antigo e moderno são historica-
mente discerníveis. Isso não quer dizer, no entanto,
que, através de conteúdos e símbolos, a arte africana
atual não esteja impregnada do tradicional, ainda que
se manifestando em novas formas. Ao contrário, as
especificidades da estética tradicional africana são
visíveis também, nos dias atuais, nas produções ar-
�sticas dos países de fora da África, principalmente
daqueles, como o Brasil, cuja população e cultura
Terracota de Ifé
foram formadas por grandes contingentes africanos.
África: cultura material e arte africana
Por enquanto, estamos tratando sempre des-
sas produções realizadas pelos africanos antes da
As artes plásticas da África que vemos nos livros
ruptura entre tradição e modernidade. Daqui para
e coleções são produtos desenvolvidos ao longo de
frente, devemos relativizar o uso do tempo verbal, e
séculos. Sejam esculpidos, fundidos, modelados,
lembrar que a expressão arte africana é, queiramos
pintados, trançados ou tecidos, os objetos da África
ou não, um reducionismo inventado por estrangei-
nos mostram a diversidade de técnicas ar�sticas que
ros, mas que está cristalizada entre nós, relativa a
eram usadas nesse continente imenso, e nos dão a
toda produção material estética da África produzida
dimensão da quantidade de estilos criados pelos po-
antes e durante a colonização, até meados do século
vos africanos.
XX, trazida à Europa por viajantes, missionários e
Tais estilos são a marca da origem dos objetos, isto
administradores coloniais.
é, cada estilo ou grupo de estilos corresponde a um
produtor (sociedade, ateliê, artista) e localidade (re-
Não seria di�cil encontrarmos nessa arte africana
gião, reino, aldeia). Mesmo assim, devemos lembrar
alguns elementos de aproximação com os de corren-
que os grupos sociais não podem ser considerados no
tes da arte ocidental, do naturalismo ao abstracio-
seu isolamento, e, portanto, é natural que a estética
nismo. Mas esse tipo de comparação não é capaz de
de cada sociedade africana compreenda elementos
nos desvendar o verdadeiro sentido da arte africana
de contato. Além disso, cada objeto é apenas uma
tradicional, porque esta não foi feita para ser realista
parte da manifestação estética a que pertence, cons-
ou cubista, isto é, ela não era um exercício de reflexão
tituída por um conjunto de atitudes (gestos, palavras),
sobre a forma, ou sobre a matéria, como nas artes
danças e músicas. Isso pode determinar as diferenças
plásticas entre nós. Apesar disso, podemos identifi-
entre a arte de um grupo e de outro, tendo-se em
car na arte africana os elementos que permitiram a
vista também o lugar e a época ou período em que o
artistas, como Picasso, a revolucionar a arte ocidental.
objeto estético-ar�stico era visto ou usado, de acordo
O cubismo, portanto, é uma invenção intelectual
com a sua função.
dos europeus, que nada tem a ver com a intenção dos
Portanto, a primeira coisa a reter é que, na Áfri-
africanos: enquanto no cubismo a representação do
ca, cada estátua, cada máscara, tinha uma função
objeto se dá de diversos pontos de vista, em diver-
estabelecida, e não eram expostas em vitrines, nem
sas de suas dimensões formais ao mesmo tempo, a
em conjunto, nem separadamente, como vemos
estética africana busca, ao contrário, uma síntese do
dos museus. Outra coisa deve ser lembrada: a arte
objeto ou do tema construído materialmente, plena
africana é um termo criado por estrangeiros na in-
de objetivo, inspiração e conteúdo.
terpretação da cultura material estética dos povos
Uma estátua não representa, normalmente, um
africanos tradicionais, diferente das artes plásticas
Homem, mas um Ser Humano integral, que tem uma
da África contemporânea que se integram, como as
parte �sica e espiritual - do passado e do futuro.
nossas, brasileiras e atuais, no circuito internacional
Tem, por isso, um lado sagrado, ligado às forças da
das exposições.
Natureza e do Universo. Uma máscara ou uma es-
Se hoje ainda há uma produção similar aos ob-
tátua concentram forças inerentes do próprio ma-
jetos tradicionais, ela deve-se no maior das vezes às
terial de que são constituídas, ou que comportam
demandas de um mercado turístico, motivado pela
em seu interior ou super�cie, além de sua própria
curiosidade e exotismo.
força estética. Elas não têm, portanto, uma função
Com referência aos objetos muito semelhantes
meramente formal.
aos tradicionais ainda em uso em rituais religiosos

14
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Os procedimentos técnicos e a matéria-prima outros, são características diferenciais do estilo com
usados na produção material podem “falar” muito que cada sociedade representa uma forma e um tema.
sobre o estilo, assim como sobre o meio ambiente em Mas existe uma série de características culturais co-
que determinadas sociedades vivem. A madeira era muns entre os povos da África e diversas das de socie-
muito usada nas regiões de floresta. O uso do metal, dades de outros continentes que permeiam suas artes
embora tenha sido corrente em todo o continente, tradicionais de uma forma singular: seus sistemas de
caracterizou as produções ar�sticas da savana, onde pensamento e de crenças.
floresceram grandes reinos, tanto na África ocidental
quanto na central, onde a arte era fundamentalmente África: cultura material, filosofia e religião
ligada à organização social e política, a serviço de man-
datários, através de ateliês oficiais - caso da chamada A dissociação entre Religião e outras esferas da
“arte de côrte” de Ifé e Benin. Cultura existente no Ocidente, e na Modernidade, não
Junto a essas produções de metal devemos men- faz parte da natureza da Humanidade. As socieda-
cionar a escultura em marfim, renomada não apenas des da África pertencem a complexos culturais muito
entre povos do Golfo da Guiné e do Benin (como os antigos, reciclando valores arraigados pela Tradição,
ioruba) mas também entre os da embocadura do Rio caracterizando-se por uma maneira de produzir bens
Congo (como os Bakongo), que desde o século XV espirituais e materiais de acordo com sua história e
era requerida pelos “gabinetes de curiosidade” da com o meio ambiente onde se formaram.
Europa. Bruto ou trabalhado, o marfim, assim como Para compreendermos os sistemas de pensamen-
o cobre, era considerado precioso em todas as socie- to e de crenças das sociedades africanas, devemos ter
dades africanas, desde muito antes do tráfico (desde sempre em mente a dinâmica tradição-modernidade
a antiguidade, pelo Vale do Nilo e pelo Saara), mas é e relativizar o que pertenceu ao passado e o que, e
certo que o contato com o mundo ocidental, desde sob que forma, permanece no presente.
o Renascimento europeu, promoveu um desenvolvi- Cada cultura africana tinha, antes da ruptura so-
mento de uma arte africana em marfim já voltada para cial, sua forma de conceber o mundo, de explicar suas
o comércio e turismo como a da atualidade. origens e de formular o que lhes convêm, conforme
Outras artes, como a cerâmica, cestaria, adornos mostram os mitos e lendas, bem como o discurso das
corporais, eram feitas tradicionalmente por todas as pessoas mais antigas, que viveram antes ou durante a
sociedades, respondendo às necessidades cotidianas situação colonial. Isso demonstra a grande diversidade
e rituais, sendo que podemos destacar algumas em cultural no continente, correspondente à diversidade
que essas técnicas eram mais usadas do que a escultu- de formas e estilos na arte tradicional.
ra, de acordo com o modelo de organização social e as Apesar disso, no plano filosófico, podemos assi-
formas de expressão estética. Nesses casos, os recur- nalar um aspecto que dá unidade aos povos da Áfri-
sos gráficos eram mais aplicados do que os recursos ca tradicional: o indivíduo é considerado vivo porque
representativos da escultura. Aqui podem ser compre- tem um ascendente (é filho, neto de alguém), e quem
vai lhe garantir a finalidade e memória de sua vida e
endidos, particularmente, os produtos de sociedades
existência é a perspectiva de seu descendente (seu
situadas em regiões semi-áridas, que, em busca perió-
futuro filho e neto). Portanto a noção de morte está
dica de novos territórios, não podiam transportar com
concretamente ligada à de vida: morrer significa não
facilidade bens móveis de grande porte. Mas às vezes
procriar. Sem filhos, a linhagem familiar se extingue -
esses modelos de análise se mostram arbitrários, pois
vida e morte não são apenas biológicas, mas sociais
a arte decorativa pode imperar também onde as fi-
principalmente. A existência do indivíduo se traduz
gurativas e realistas são muito destacadas, e onde a
através do seu ser-estar (o que implica em tempo e
produção estética está voltada à legitimação de um
espaço ou lugar) no mundo, através do cotidiano, no
poder monárquico e centralizado como dos Bakuba.
trabalho ou no lazer, sempre conectado ao univer-
Assim, o material nem sempre era usado por sua
so social, cósmico, natural e sobrenatural ao mesmo
abundância ecológica e a escolha do material não era tempo, sendo impossível separar o que é concreto e
arbitrária: como o objeto que iria ser produzido, o mate- espiritual, ou determinar o que é sagrado ou profano,
rial tinha um valor simbólico em cada centro de produ- na vida desses povos.
ção. Algumas máscaras e estátuas deveriam ser esculpi- Nesse contexto, o exercício da existência volta-se
das em madeira de árvores determinadas; a confecção para questões que vão além do poder econômico,
de adornos implicava no uso de determinadas fibras e o que não exclui a preocupação social e individual
sementes, e, em alguns casos, de tipos diferentes de com o status (disputado e atribuído a indivíduos de
contas, se não de um tipo de liga metálica, de marfim pres�gio como sábios e dirigentes), já que ele é uma
e outros materiais de origem inorgânica e animal. das chaves para que o grupo tenha uma estrutura
Certos detalhes morfológicos dos objetos, como para permanecer unido e forte visando ao advento
a posição, o tamanho, a distribuição de cores, entre de futuras gerações.

15
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Daí, a profusão de imagens antropomórficas escul- Esse tipo de pensamento comporta uma perspec-
pidas a que se chama de “ancestrais”, já que normal- tiva dinâmica que não corresponde à ideia de que
mente, mas nem sempre como se divulga através de esses povos não teriam história antes dos europeus
publicações, eram relacionadas, e usadas, no culto de chegarem, e que eles viviam sempre do mesmo modo
antepassados. Os chamados “fetiches”, aí colocados que seus avós e bisavós. Outro provérbio africano
em oposição aos “ancestrais”, são objetos, esculpidos nos permite constatar essa característica de perio-
ou não, constituídos de vários materiais agregados. dicidade, de que a vida é periódica - e histórica: “as
O conceito de fetiche é discu�vel, pois, significando coisas de amanhã estão na conversação das pessoas
“coisa feita”, é relacionado sempre à magia e a feiti- de amanhã”.
çaria num sentido distorcido. Vemos aqui uma preocupação em regrar o que
acontece no presente, o que é uma responsabilidade
dos que vivem para garantir a existência do futuro, e
que não há nada de estático nisso, ao contrário, há
uma previsão de mudança, uma consciência de que
há um dinamismo na vida, na existência, não apenas
por modificações ambientais naturais, mas também
modificações técnicas e filosóficas determinadas pela
sucessão de gerações.
Desse modo, os africanos preservavam regras de
sua Cultura, modificando-as quando necessário, sem
precisar de outras normas vindas de fora, coisa que
os Europeus não podiam entender, pois eles se consi-
deravam superiores a todos os povos não-europeus.
Esse sentimento de superioridade vem da cons-
tatação da diferença. Na visão judaico-cristã, por
exemplo, os africanos foram tidos como povos ani-
mistas, isto é, aqueles que atribuem vida às coisas e
seres inanimados, e acreditando que plantas e ani-
mais são dotados de “alma”, sendo, portanto, capa-
zes de agir como seres humanos. Isso não é verda-
de e deturpa as formas autênticas de concepção do
Estatueta “buti”, do tipo chamada de “fetiche”, arte teke, República
mundo dos africanos, colocando-os como inferiores,
Democrática do Congo, acervo MAE-USP. ou “primitivos”.

Na verdade, os materiais dos “fetiches” entre os O que ocorre, na verdade, é que na África tradi-
quais são também classificadas estatuetas dos Bateke cional a concepção de mundo é uma concepção de
simbolizam partes dos mundos animal, vegetal e mi- relação de forças naturais, sobrenaturais, humanas
neral, aludindo uma ideia de totalidade construída pe- e cósmicas. Tudo que está presente para o Homem
los africanos, baseada em seu conhecimento sobre as tem uma força relativa à força humana, que é o
forças da Natureza (muitas vezes relacionados à cura princípio da “força vital”, ou do axé - expressão
medicinal) e do Cosmo. Isso explica porque muitas das ioruba usada no Brasil. As árvores, as pedras, as
estatuetas chamadas de “fetiches”, em contrapartida, montanhas, os astros e planetas, exercem influên-
tinham relações diretas com o culto de antepassados, cia sobre a Terra e a vida dos humanos, e vice-versa.
fundado na ideia de acúmulo de forças através de Enquanto os europeus queriam dominar as coisas
gerações sucessivas e da apropriação do território. indiscriminadamente, os africanos davam impor-
Outras duas características nos sistemas filosófico tância a elas, pois tinham consciência de que elas
e de crenças das sociedades africanas tradicionais é faziam parte de um ecossistema necessário à sua
a consciência de periodicidade e infinitude, isto é, a própria sobrevivência. As preces e orações feitas
ideia de que o descendente vem do ascendente e a a uma árvore, antes dela ser derrubada, era uma
ideia, que vem em decorrência disso, de que o passa- atitude simbólica de respeito à existência daquela
do está intimamente ligado ao futuro, passando pelo árvore, e não a manifestação de uma crença de que
presente. ela tinha um espírito como dos humanos. Ainda que
Há um provérbio de origem africana em que po- se diga de um “espírito da árvore”, trata-se de uma
demos constatar essa característica de infinitude, de força da Natureza, própria dos vegetais, e mais es-
que a vida é infinita: “uma vez que é dia, depois noite, pecificamente das árvores. Assim, os humanos e os
qual será o fim deles?”. animais, os vegetais e os minerais enquadravam-se

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
dentro de uma hierarquia de forças, necessária à antagônicos (dia-noite, homem-mulher). Todas essas
Vida, passíveis de serem manipuladas apenas pelo formas gráficas e representativas são um recurso para
Homem. Isso, aliás, contrasta com a ideia de que apresentar, sob forma material, um conjunto de ideias
os povos africanos mantinham-se sujeitos às forças sobre a existência concebida visando ao equilíbrio e
naturais, e, portanto, sem cultura. Os povos da Áfri- à perpetuação biológica e espiritual do grupo social.
ca tradicional admitem a existência de forças desco- Dizem que os africanos não tinham Deus, ou que
nhecidas, que os europeus chamaram de mágicas, tinham vários deuses, o que não parece ser muito
num sentido pejorativo. Mas a “mágica”, entre os preciso. Em quase todas as populações da África fo-
africanos, era, na verdade, uma forma inteligente ram registrados depoimentos da criação do mundo,
- de conhecimento - de se lidar com as forças da em que existe apenas um único “Deus”. Trata-se de
Natureza e do Cosmo, integrando parte de suas uma força primordial, um Criador que criou o Mundo
ciências e sobretudo sua Medicina. e os Homens, colocou-os na Terra, e deixou-os ao seu
Destino (FIG 10).
Esses elementos filosóficos podem ser vistos ex- Essas histórias de origem podem ser chamadas
pressados graficamente nas decorações de super�- de mitos porque se trata de seres não conhecidos em
cie de esculturas, na tecelagem e no trançado, e na vida (que estão na memória coletiva), sendo por isso
própria arquitetura, através de figuras geométricas míticos, sem que se caia no erro de desconsiderá-los,
(zigue-zagues, linhas onduladas, espirais - con�nuas como fizeram os ocidentais, como ideias sem valor
e infinitas), de figuras zoomorfas (cobras, lagartos, cien�fico e histórico. Tais mitos de origem compor-
tartarugas - que, além de sua forma, estão associadas tam frequentemente o relato de pares primordiais,
à ideia de vitalidade e longevidade). de gêmeos ou duplas, que vieram para cultivar e
Trata-se de uma linguagem gráfica simbólica, povoar o mundo, e, muitas vezes, seres zoo-antro-
equivalente à da figura antropomórfica em estátuas pomorfos que, dotados da tecnologia (instrumentos
e estatuetas, onde se ressaltam cabeça, mãos e pés, agrários ou de caça), vieram para ensinar os Homens
seios, ventre, órgãos sexuais (todos considerados, de a produzir e obter alimento, para se multiplicarem,
um modo geral, centros de força vitais). Elas expres- zelando, eles - os Homens -, pela sua própria per-
sam, do mesmo modo que os grafismos, aspectos manência em vida.
relacionados ao tema da reprodução humana e à Uma das diferenças dessas ideias com relação às
capacidade de produção do conhecimento necessá- ideias de mundo cristãs é a consciência de que cada
rio à perpetuação da espécie humana, mesmo que ser que está presente no mundo tem seu papel, e
individualmente, venham a desempenhar funções e que a força dos Homens é humana, e não divina. Daí
a expressar significados específicos. a necessidade de uma relação constante com os an-
tepassados, visando às futuras gerações. Esse pode
ser apontado como um significado substantivo das
várias formas de culto de ancestrais.
É por isso que a vida dos povos africanos é tida
como muito mais ritualizada que no mundo cristão.
O mundo material e o espiritual são concebidos jun-
tos, quase que inseparáveis, o que implica em mode-
los de culto e religião completamente diferentes do
que se adotou no Ocidente, que por sua vez serviu
de modelo para outros povos formados na moder-
nidade, como é o caso brasileiro.
Os Candomblés (são várias as formas como essa
religião brasileira de origem africana se apresenta)
conservam formas de culto muito próximas às de cul-
tos tradicionais da África ocidental (sobretudo dos Fon
e dos Ioruba), adotando emblemas, nomes e outras
características de suas divindades (e, às vezes, das
Estatueta “akua-ba”, arte ashanti, Gana, acervo MAE-USP
divindades dos povos de línguas bantu, ou dos chama-
dos Bantos, da África central), bem como a hierarquia
Temas como a fertilidade da mulher e fecundidade
de poder iniciático.
dos campos são frequentes e quase que indissociáveis
na expressão ar�stica, estabelecendo a relação entre
a abundância de alimento e a multiplicação da prole,
um fator concreto em sociedades agrárias. O tema do
duplo remete à relação de fatores complementares ou

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Para concluir, grande parte da escultura antro-
pomórfica seja da África ocidental, seja da central,
é uma “presentificação” desses personagens míticos
ou mesmo conhecidos em vida - antepassados fun-
dadores de territórios, chefes de linhagem ou chefes
eleitos renomados por feitos realizados durante seus
governos. Em peças desse tipo transparece a grande
relação entre política e religião, motivo pelo qual es-
tátuas, bustos e cabeças, tendo uma força acumulada
de vários níveis, não podiam ser vistas por todas as
pessoas, se não os altos iniciados nos cultos, ou seja,
aqueles que tinham status social e religioso, sendo
que em muitas sociedades, o chefe político era tam-
Colar de babalaô, arte nagô, República Popular do Benim, acervo
MAE-USP bém o sacerdote supremo.
E, neste final, resta a contradição: grande parte
da arte africana, que tanto nos mobiliza o olhar pelo
impacto estético, era feita, antes de ser tirada de seu
contexto, para não ser vista, a menos que houves-
se uma ocasião precisa para isso. Está aí está a de-
monstração da grandeza e do poder de uma cultura
material, depositária não de segredos, mas de fun-
damentos, a serviço da história e cultura dos povos
africanos, que dentro e fora de seu território original,
continuam sua existência, formando novos valores,
como acontece entre nós, no Brasil.

Estátua de Iemanjá, arte afro-brasileira, Salvador/Brasil, acervo CULTURA OCIDENTAL – GRÉCIA ANTIGA
MAE-USP
A busca pelo ideal de beleza, proporção e harmo-
nia. Desenvolvimento do chamado “estilo clássico”,
responsável por determinar os padrões de perfeição
técnica.
Apontada como o berço da civilização ocidental, a
Grécia Antiga marcou profundamente o modo como
encaramos e reproduzimos a arte, a cultura e as pró-
prias relações humanas, sociais e políticas.
O seu legado é extremamente vasto e continua
presente no nosso cotidiano, tratando-se de uma
Opaxorô, arte afro-brasileira, Salvador/Brasil, acervo MAE-USP
influência riquíssima e intemporal que merece ser
explorada com atenção.
Mas, numa aproximação ainda que a grosso Os gregos trouxeram grandes contribuições para
modo, eles teriam uma estrutura de panteão, como o mundo ocidental, sobretudo, no que diz respeito
a das religiões grega e cristã. Isso quer dizer que existe às artes. Não é à toa que suas esculturas, pinturas
um Criador e uma porção de outras divindades articu- e arquitetura impressionam, até os dias atuais, pela
ladas em camadas subalternas. Os cultos tradicionais beleza e perfeição de suas formas. Os artistas gregos
da África, por sua vez, voltavam-se, em linhas gerais, buscavam representar, por meio das artes, cenas do
aos antepassados ou a divindades da Natureza. Neste cotidiano grego, acontecimentos históricos e, princi-
último caso, poderia ser enquadrado o Culto de Orixás palmente, temas religiosos e mitológicos.
- apelação dada às divindades de origem ioruba ou A arte grega liga-se à inteligência, pois os seus
nagô (os voduns, inquices e caboclos são divindades reis não eram deuses, mas seres inteligentes e justos,
de povos africanos de outras origens) -, em que se que se dedicavam ao bem-estar do povo. A arte grega
baseiam a maioria dos candomblés, muito embora volta-se para o gozo da vida presente.
muitas dessas divindades celebram chefes políticos Os gregos (ou helenos, como eles preferiam-se
sacralizados, com uma qualidade divina, de uma loca- designar-se) eram, mais do que um povo homogêneo,
lidade (ou reino) determinado, onde são considerados uma série de tribos que tinham em comum a língua,
como antepassados. os principais deuses e a noção de que descendiam de

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
antepassados em comum. empresta uma ideia de solidez e imponência.
Nessa civilização predomina o racionalismo, o O fuste da coluna da ordem dórica é monolítico,
amor pela beleza entendida como suprema harmonia composto de uma série de tambores de pedra sobre-
das coisas, o interesse pelo homem, essa pequena postos, não é liso, possui em toda a sua longitude, com
criatura que é “a medida de todas as coisas”. Ali nasce uma série de caneluras verticais, cujo número varia
a democracia, o governo do povo. de dezesseis a vinte e quatro, conforme o templo e
A mitologia cria um conceito religioso, pois os a época, mas que tende a fixar-se em vinte na época
gregos não possuem um conceito cien�fico das suas clássica, por volta do século V a.C. Outra caracterís-
origens, então usam a sua criatividade. Os deuses pos- tica é a sutileza com que trata a proporção do fuste,
suem as qualidades e os defeitos humanos. o qual arranca do estilóbata com um certo diâmetro,
Contemplando a natureza, o artista se empolga que vai aumentando até atingir a máxima espessura
pela vida e tenta, através da arte, exprimir suas mani- a um terço médio da sua altura, para se estreitar logo,
festações. Na sua constante busca da perfeição, o ar- à medida que ascende até o capitel. A coluna adquire
tista grego cria uma arte de elaboração intelectual em assim perfil bojudo, quase parece que se acachapa
que predominam o ritmo, o equilíbrio e a harmonia elasticamente sob o peso do teto. Esse efeito era
ideal. Tudo isso provoca consequências fundamentais chamado pelos gregos de êntasis, engrossamento.
na história da arte que determinam a sobrevivência A coluna termina com o capitel que se parece com
de muitos conceitos e formas desde então até hoje. uma almofada de pedra. Ele compreende três partes:
um colarinho, canelado, mas separado do fuste por
ARQUITETURA um pequeno corte; um pequeno coxim de mármore
chamado equino; e um dado achatado, o ábaco. Essa
Ainda que as suas cidades tivessem necessidade sucessão de diferentes elementos serve para evitar
de muralhas, de casas e palácios, de praças, de ruas e as transições bruscas.
aquedutos, ainda que todas essas necessidades tives- As partes do entablamento estão também gra-
sem sido satisfeitas a sua investigação apontou para duadas de maneira semelhante. Assim, os capitéis
um só tipo de edi�cio: o templo, a casa dos deuses. sustentam uma arquitrave, isto é, um bloco de pedra
lisa. Sobre este, apoia-se uma parte muito mais deco-
rada, o friso, que se compõe de uma série de blocos
retangulares com tripla canelura vertical, os tríglifos,
separados entre si pelas métopas, pequenas lousas
quase quadradas e que muitas vezes têm decoração
esculpida. Em cima do friso está colocada a cornija,
saliente, para desviar, quando chove, a queda da água.
Finalmente, a cobertura é em duas vertentes e forma
dois triângulos nos dois lados menores do templo:
os frontões.

ORDEM JÔNICA

A ordem jônica representa a graça e o feminino


em contraste com a austeridade e a masculinidade da
ordem dórica. A coluna apresenta fuste mais delgado
e não se firma diretamente sobre o estilóbata, mas
sobre uma base decorada. O capitel torna-se muito
mais complicado. As suas faces não são todas iguais,
mas apenas de duas em duas. As paralelas à fachada
do templo, e por isso destinadas a verem-se melhor,
apresentam duas volutas ou espirais unidas por linhas
curvas: exatamente como um rolo de papel que se
tivesse estendido pelo meio, enquanto as extremida-
ORDEM DÓRICA des se enrolavam. As fachadas secundárias expõem a
parte exterior do rolo, isto é, praticamente lisas. Na
A ordem dórica é austera e maciça. Nascida do época helenística, apareceu a solução de colocar um
sentir do povo grego, nela se expressa o pensamento. par de volutas de cada lado do capitel, tornando-o
Sendo a mais antiga das ordens arquitetônicas gregas, simétrico. Mas na arte grega propriamente dita, não
a ordem dórica, por sua simplicidade e severidade, se encontra um capitel assim.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A arquitrave é composta por três faixas, cada uma tragédias e comédias foram as primeiras expressões
um pouco mais saliente do que a inferior. O friso é daquilo a que chamamos de teatro. Era necessário,
con�nuo à volta de todo o templo e costuma ser or- para isso, um lugar adequado que, coerentemente
namentado com decoração escultórica. Na fachada, à concepção grega, não foi um espaço fechado, mas
as colunas são mais esbeltas do que as dóricas, tem a encosta aberta de uma colina. Composto de três
uma êntase muito menor, e estão colocadas a maior partes: cena, skéne, em grego, para os atores; a or-
distância uma das outras. questra, konistra, em grego, destinado às evoluções,
danças e cantos do coro; arquibancada, koilon, em
ORDEM CORÍNTIA grego, para os espectadores.
Um exemplo �pico é o Teatro de Epidauro, cons-
A terceira ordem grega, depois da dórica e da jôni- truído, no séc. IV a.C., ao ar livre, composto por 55
ca, é a coríntia, variante decorativa da jônica. De fato, degraus divididos em duas ordens e calculados de
muitos pormenores são quase idênticos, exceto as acordo com uma inclinação perfeita. Chegava a aco-
proporções. Em contrapartida, são diferentes a base modar cerca de 14.000 espectadores e tornou-se fa-
da coluna, muito mais trabalhadas, e principalmente moso por sua acústica perfeita.
o capitel, onde aparecem as volutas da ordem jônica,
aplicadas nas quatro faces, mas elas são agora um
elemento menor, em forma de sino invertido, envol-
vido por duas filas de folhas de acanto – uma planta
herbácea de folhas grandes e muito decorativas. É
mais decorativa do que funcional, sugerindo luxo e
ostentação.
Um pouco antes tinha aparecido, ainda um exem-
plo quase único, mas famosíssimo, uma variante ain-
da mais decorativa da ordem jônica: a substituição
da coluna por uma estátua, que se chamou cariátide
Teatro de Epidauro, Grécia
como reminiscência de uma antiga lenda alusiva às
mulheres de Cária, na Ásia Menor, que haviam sido
GINÁSIO
condenadas a trabalhos forçados por um sátrapa per-
sa, governador de província.
São os edi�cios destinados à cultura �sica.

PRAÇA

Chamado de Ágora, era um espaço de convivên-


cia onde os gregos se reuniam para discutir os mais
variados assuntos, principalmente a filosofia.

Ágora de Atenas

PINTURA

TEATRO A pintura grega encontra-se na arte cerâmica, por-


que, infelizmente, tivemos quase o desaparecimento
Se há um povo atento à análise de si próprio, à total da pintura maior. Os vasos gregos são também
sua própria representação, era o povo helênico cujas conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas

20
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
também pela harmonia entre o desenho, as cores e esquema decorativo se inverte, agora o fundo do vaso
o espaço utilizado para a ornamentação. é negro e sobre este fundo homogêneo destaca-se,
Além de servir para rituais religiosos, esses vasos em vermelho, a figura. Esta inversão não foi uma sim-
eram usados para armazenar, entre outras coisas, ples variante gráfica, porque realizar a figura reservan-
água, vinho, azeite e mantimentos. Por isso, a sua do uma parte do fundo vermelho, natural, que podia
forma correspondia à função para que fossem desti- ser enriquecido com traços negros, constitui o ponto
nados. Como por exemplo, a ânfora, uma vasilha em de partida para dar movimento à simples silhueta,
forma de coração, com o gargalo largo ornado com mediante linhas que sugerem volumes. Finalmente,
duas asas; a hidra, que como o nome indica, (derivado chegou-se à aplicação de novidades como o escorço
de ydor, água) era utilizado para recolher água das fon- (a representação com simples linhas da profundida-
tes e caracterizava-se por três asas, uma vertical para de espacial das três dimensões) e a perspectiva, são
segurar enquanto corria a água e duas para levantar; as cerâmicas com figuras vermelhas sobre o fundo
a cratera, com uma boca muito larga, com o corpo em branco.
forma de um sino invertido, servia para misturar água
com o vinho (os gregos nunca bebiam vinho puro); o
oinokoe (nome que provém de oinos, vinho e chêin,
verter), quer dizer, jarro para o vinho, o lekithos que
era um vaso para óleos ou perfumes, etc.

ESCULTURA

Das obras originais, muito pouco nos chegou, tal-


vez porque foram realizadas com materiais preciosos
(como por exemplo, a grande estátua da deusa Atena,
esculpida por Fídias para o interior do Paternon, toda
As primeiras pinturas tinham caráter geométri-
em ouro e marfim) e, portanto, incitavam ao roubo;
co, séculos VIII e VII a.C., e as figuras humanas e de
ou porque desapareceram no decurso dos séculos,
animais eram bem estilizadas. As pinturas dos vasos
devido às pequenas dimensões e maior fragilidade
representavam pessoas em suas atividades diárias e
em relação à arquitetura.
cenas da mitologia grega. O maior pintor de figuras
O que conservamos, sobretudo da época clássica,
negras foi Exéquias.
são as cópias que os romanos ricos encomendaram
para o adorno das suas residências. Cópias que se
revelam, ao compará-las com os poucos originais
que sobreviveram, de qualidade decadente. Realiza-
das muitas vezes em mármore, quando o original era
em bronze, ou vice-versa, trazem consigo todas as
adaptações necessárias à mudança de material, sendo
brancas da cor do mármore, enquanto que os originais
gregos estavam vivamente decorados: negro para os
cabelos e para os olhos, vermelho para os lábios, vá-
rias cores para o vestuário, até em tons contrastados
de vermelho e azul nas inúmeras obras do período
mais antigo. Contudo, frequentemente sobressaem
nas cópias precisamente os detalhes formais mais
A pintura grega apresenta cerâmicas com figuras úteis para o nosso objetivo: reconhecer o estilo.
negras sobre o fundo vermelho, as figuras eram dadas A estatuária grega nasceu para venerar os deu-
pelas linhas de contorno cheia de cor, sem nenhuma ses. Mas os deuses gregos são concebidos à imagem e
profundidade ou perspectiva. Por volta de 500 a.C., o semelhança do homem, têm paixões e pensamentos

21
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
humanos. Na escultura, o antropomorfismo – escul- congelamento da ação em movimento e, também
turas de formas humanas – foi insuperável. As está- pelo abandono da rigidez e atitude estática do corpo,
tuas adquiriram, além do equilíbrio e perfeição das aparece maior naturalismo e um estudo bem mais
formas, o movimento. detalhado da anatomia.
As esculturas também ocupavam os �mpanos
dos templos. Nas métopas colocavam-se cenas míti- Período Clássico - século V a.C.
cas com dois ou três personagens, com histórias de Passou-se a procurar movimento nas estátuas,
heróis, gigantes e centauros. No friso jônico, o artista há maior uso do bronze, mais resistente do que o
tinha maior liberdade criativa, desenvolvendo uma mármore, podendo fixar o movimento sem se que-
ação sequenciada, numa secessão narrativa sem inter- brar. Surge o nu feminino, pois no período arcaico, as
rupção. Os temas mais utilizados eram as procissões, figuras de mulher eram esculpidas sempre vestidas.
os desfiles e as corridas de cavalos.
Dividimos a escultura grega em três períodos:

Período Arcaico - séculos VIII-VI a.C.


Os gregos começaram a esculpir, em mármores,
grandes figuras de homens.
Primeiramente, aparecem esculturas simétricas,
em rigorosa posição frontal, braços e pernas colados
ao corpo, com o peso do corpo igualmente distribuí-
do sobre as duas pernas ou um dos pés ligeiramente
avançado, uma postura estática e, sobretudo por uma
expressão facial conhecida como o sorriso grego. Essa
expressão, na verdade, era fruto de um domínio restri-
to na exploração das feições humanas, que fazia com Mestre de Olímpia: Apolo, original. Museu Arqueológico de
que o escultor arcasse as sobrancelhas, repuxasse os Olímpia.
lábios, mas não fizesse com que as maxilas acompa-
nhassem o sorriso. Percebe-se a influência egípcia em As principais características desse período são o
virtude da frontalidade e rigidez das formas. realismo idealizado, o naturalismo, o equilíbrio e a
Esse tipo de estátua é chamado Kouros, palavra serenidade.
grega que significa homem jovem, simboliza o deus
da juventude e da plenitude. A versão feminina é cha-
mada de Koré, representam jovens virgens, graciosas
e encantadoras, com longas túnicas pregueadas, que
eram pintadas cde cores vivas, luminosas e cintilantes.

O Doríforo, de Policleto, paradigma do cânone clássico masculino.


Cópia no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles

Kouros e Korés de Anavisos, 525 a.C., mármore de paros com Período Helenístico - século IV-I a.C.
restos de policromia, altura 194 cm, Museu Arqueológico Podemos observar o crescente naturalismo: os
Nacional, Atenas seres humanos não eram representados apenas de
acordo com a idade e a personalidade, mas também
Período Severo - 500-450 a.C. segundo as emoções e o estado de espírito de um
É um período transitório entre os estilos Arcai- momento. O desafio e a grande conquista da escultura
co e o Clássico. Caracteriza-se pela severidade e so- do período helenístico foi a representação não de uma
briedade no tratamento dos corpos e rostos, há um figura apenas, mas de grupos de figuras que manti-

22
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
vessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos seis palmos, e a mesma medida deverá haver
de todos os ângulos que pudessem ser observados. também entre o joelho e o centro do abdômen.
Além disso, aparece o pathos muito pronunciado, a Para demonstrar com exatidão o seu cânone,
composição desequilibrada para valorizar o drama- esculpiu uma estátua que chegou até nós em
tismo, a expressão da dor �sica através do rosto e na inúmeras cópias romanas: o Doríforo, que sig-
tensão muscular e o abandono do realismo idealista nifica o portador de lança. O contraposto é uma
e da serenidade. característica do período clássico, onde o corpo
da escultura dispõe-se a ¾, levemente torcidos,
com o peso assente numa das pernas e a outra
semiflexionada.
• Lisipo, último dos grandes escultores da arte
helênica e artista predileto de Alexandre Mag-
no, ele introduziu na escultura qualidades ainda
mais fortes de realismo e individualismo. Repre-
sentava os homens “tal como se vêem” e “não
como são” (verdadeiros retratos). No século IV
a.C., ele introduziu que a altura ideal do corpo
humano deveria ter a medida de oito vezes o
tamanho da cabeça. Isto traduz-se no alonga-
mento e sinuosidade da figura humana, as figu-
ras são mais torcidas e precisam de apoio, por
exemplo, uma coluna ou um tronco de árvore.

Agesandro, Atenodoro e Polidoro: Grupo de Laocoonte, século Uma das manifestações ar�sticas marcantes da
I a.C.
Grécia Antiga é o Teatro, cuja origem tem caracte-
rísticas que perduram até os nossos dias.
Os principais mestres da escultura clássica grega
são: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Fídias (c. 500-c-432 a.C.), talvez o mais famoso
de todos. Suas obras-primas foram a estátua de ARTE AFRICANA. Núcleo de apoio à pesquisa (NAP)
Atena, no Paternon, e a de Zeus, no templo de Brasil-África, USP. Disponível em: <h�p://brasilafrica.
Zeus Olímpico. Além disso, ele projetou e super- fflch.usp.br/> Acesso 29 mar. 2022.
visionou a execução dos relevos do Paternon:
as esculturas dos frontões, métopas e frisos. ARTE AFRICANA. ÁFRICA-BRASIL. Disponível em:
• Míron, um dos mais renomados escultores do <h�p://www.arteafricana.usp.br> Acesso 29 mar.
século V, autor da estátua Discóbolo (homem 2022.
arremessando disco) prezava pela glorificação
ARTE DA ÁFRICA. Portal da Cultura Afro-brasileira.
dos corpos atléticos.
Disponível em: <h�ps://www.faecpr.edu.br/site/
• Praxíteles, célebre por suas representações de
portal_afro_brasileira/2_V.php> Acesso 29 mar. 2022.
divindades humanizadas, com corpos esguios
e graciosos, pela lânguida pose em “S”, como ARTE GREGA. Arte na Antiguidade. História das Artes.
na estátua Hermes com Dionísio menino. Foi o Disponível em: <h�ps://www.historiadasartes.com/
primeiro artista que esculpiu o nu feminino. nomundo/arte-na-antiguidade/arte-grega> Acesso 29
• Escopas, contemporâneo mais velho de Praxí- mar. 2022.
teles, ganhou fama como escultor emocional.
Uma das suas melhores criações foi a estátua LIMA, Isabelle. Arte indígena. Portal Amazônia, 2021.
de um religioso em êxtase, um adorador de Dio- Disponível em: <h�ps://portalamazonia.com/amazo-
nísio, em estado de exaltação mística. nia/conheca-5-elementos-da-arte-indigena> Acesso
• Policleto, estabeleceu um manual chamado 29 mar. 2022.
Cânone, um sistema de relações matemáticas ESBELL, Jaider. Arte indígena contemporânea e o gran-
estabelecidas entre todas as partes do corpo, de mundo. Revista Select Art, 2018. Disponível em:
no qual descrevia suas noções de beleza, das <h�ps://www.select.art.br/arte-indigena-contempo-
proporções e conhecimentos do corpo humano. ranea-e-o-grande-mundo> Acesso em: 29 mar. 2022.
Ele afirmava que a cabeça seja a sétima par-
te da altura total da figura, o pé três vezes o POVOS INDÍGENAS no Brasil. O conceito de arte e os
comprimento da palma da mão, enquanto que índios. Disponível em: <h�ps://pib.socioambiental.
a perna, desde o pé até o joelho, deverá medir org/pt/Artes> Acesso 29 mar. 2022.

23
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR Assim a dança está presente em todo processo de
EDUCAÇÃO FÍSICA civilização e acompanha a evolução social, percebe-
-se com os professores de Educação Física que a tem
HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e como conteúdo escolar, com as academias de alto
utilizar movimentos corporais de forma consciente rendimento, com a mídia extremamente acessível. En-
e intencional para interagir socialmente em práticas fim, continuará existindo expressão de movimentos e
corporais, de modo a estabelecer relações constru- sentimentos se houver compreensão histórica da arte
tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças. mais completa e antiga do mundo. (SANTOS, 2016)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


• (GO-EMLGG501C) Reconhecer etapas de desen-
volvimento da dança, compreendendo o processo
histórico para estabelecer relações das diferenças
existentes entre as regiões brasileiras e das relações
construtivas, empáticas, éticas e de respeito.
• (GO-EMLGG501D) Analisar as características das
danças compreendendo os elementos (ritmos, es-
paço, gestos) para recriar coletivamente os movi-
mentos vinculados à sua prática.

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


• Danças (danças de matrizes indígena, europeia e
africana, danças do contexto comunitário e regional
e/ou danças do Brasil e do mundo) Ao longo da história da dança variados modos
foram propostos acerca do uso da música, do uso
do espaço, de temáticas místicas, etéreas ou étnicas.
Cada criador(a) ou professor(a) tem seu próprio modo
de criar ou dar aulas, entretanto, de modo geral, há
características de uma época. Houve períodos em que
a dança era concebida como combinação de passos
já existentes, sendo buscada a repetição, a mais fiel
possível, deles. O público era entendido como um
receptor passivo de uma dança que era para entre-
tenimento, para distrair, ou seja, uma dança para não
se refletir ou pensar... como se possível não pensar.
Houve também momentos na história em que se bus-
Aula 01 - Contexto histórico da dança cou o não formalismo, o não entretenimento e a não
padronização de um modelo ideal de corpo que dança.
O movimento e o gesto são as formas elementares Houve ainda a adoção da improvisação, fosse na sala
e primitivas da dança e constituem assim a primeira de ensaio e/ou aula para se criar coreografia ou na
forma de manifestação de emoções do homem e, própria cena do palco e o público chamado a ser mais
consequentemente, de sua exteriorização. participativo. (RENGEL; SHAFFNER; OLIVEIRA, 2016)
A dança é fruto da necessidade de expressão do A dança tem história e essa história acompanha
homem, representando, naquele período, todas as a evolução das artes visuais, da música e do teatro.
formas de acontecimentos sociais: o nascimento, o
casamento, a colheita, a caça, festa do sol, da lua.
Dessa forma, a dança, para o homem primitivo, estaria
totalmente ligada à magia.(FRANCO, NEIL; FERREIRA,
2016)
Quando o homem sai do seu estado primitivo,
estado selvagem, e passa a outro padrão de vida que
é o de viver em sociedade, surge à organização do
trabalho para a sobrevivência comum, e esse trabalho
é a caça, a trituração de raízes, sementes, folhas etc.
Muitos desses trabalhos eram efetuados e regulados
por marcações rítmicas, como pancadas e gritos.

24
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Dança Primitiva OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
• Danças (danças de matrizes indígena, europeia e
A dança nasceu associada às práticas mágicas do africana, danças do contexto comunitário e regional
homem, com o desenvolvimento da civilização, o rito e/ou danças do Brasil e do mundo)
separou-se da dança.
O homem dançava pela sobrevivência, dançava
para a natureza em busca de mais alimentos, água Aula 02 - Contexto histórico da dança II
e em forma de agradecimento. A dança era quase
um instinto e esses acontecimentos registrados nas Dança no Brasil
paredes de cavernas em forma de desenhos, ficaram
conhecidos como arte rupestre.
O homem primitivo pintava nas paredes das gru-
tas, cavernas e galerias subterrâneas cenas de caça e
rituais que representavam a caçada. Pareciam acredi-
tar ser possíveis, pela representação pictórica, alcan-
çar determinados objetivos, como abater um animal,
por exemplo.
Extraído de: h�p://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/
conteudo/conteudo.php?conteudo=102 dia 31/05/2021

Danças Milenares

Egito: a dança no antigo Egito era ritualística e


tinha características sagradas. Dançava-se para os
As histórias da dança no Brasil e do Brasil são dois
Deuses, em casamentos e funerais.
universos que começam, aos poucos, a se tocar. Se a
Grécia: a dança originou-se de rituais religiosos, dança cênica neste País já se desenvolve há muito, a
os gregos acreditavam no seu poder mágico, assim pesquisa sobre sua história e a iniciativa de preservar
os vários deuses gregos eram cultuados de diferen- seus registros ainda são bastante jovens.
tes maneiras. As danças preparavam fisicamente os Um dos pioneiros, nesse sentido, é o bailarino e
guerreiros e sempre eram feitas em grupos. A dança pesquisador Eduardo Sucena, que lançou, ainda em
era muito difundida na Grécia Antiga, importante no 1988, o seu livro A dança teatral no Brasil, ainda hoje
teatro, a dança se manifestava por meio do coro. um marco em nossa historiografia de dança. Outros
Roma: a dança entra em decadência, pois nunca tantos, como Antônio José Faro, seguiram sua trilha.
foi privilegiada e só vai recuperar sua importância no E timidamente a história da dança brasileira começou
Renascimento. a ser contada.
Idade Média: nesse período, a dança, como todos De lá para cá, muita coisa vem mudando. Novas
os outros movimentos ar�sticos, sofreu um retroces- pesquisas, sobretudo no âmbito acadêmico, vêm sen-
so. A dança, pelo fato de se utilizar do corpo como do desenvolvidas, e essa história encontrou em dis-
expressão, foi considerada profana, porém, continuou sertações e teses nova e pro�cua possibilidade de ser
sendo praticada pelos camponeses. abordada. Nesse percurso, o que se pode comemorar
é que tais pesquisadores desenvolvem suas pesqui-
HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e sas sobre a dança em seu ambiente, compondo um
utilizar movimentos corporais de forma consciente grande mapa histórico da dança neste País. (PEREIRA;
e intencional para interagir socialmente em práticas MEYER; NORA, 2008)
corporais, de modo a estabelecer relações constru- A história da dança no Brasil remonta as primeiras
tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças. expressões ar�sticas presenciadas. Alguns relatos pro-
duzidos pela Companhia de Jesus (Jesuítas) que veio
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM ao país no século XVI, que indicavam que os povos
• (GO-EMLGG501C) Reconhecer etapas de desen- indígenas já faziam apresentações de dança. Nesse
volvimento da dança, compreendendo o processo sentido, pode-se dizer que a dança indígena foi a pio-
histórico para estabelecer relações das diferenças neira no Brasil.
existentes entre as regiões brasileiras e das relações A manifestação era carregada de aspectos religio-
construtivas, empáticas, éticas e de respeito. sos, fazendo parte dos rituais em diversas ocasiões
• (GO-EMLGG501D) Analisar as características das como, por exemplo, para celebrar acontecimentos
danças compreendendo os elementos (ritmos, es- como forma de agradecimento, marcar etapas da
paço, gestos) para recriar coletivamente os movi- puberdade, espantar doenças, festejos fúnebres, ri-
mentos vinculados à sua prática. tos de passagem.

25
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Questão 02 – Podemos afirmar que a história da dança
no Brasil contempla as seguintes características EX-
CETO:

a) A manifestação era carregada de aspectos religiosos


Imagem extraída de: h�ps://cimi.org.br/2020/01/raoni-e-45- b) Momentos sempre foram acompanhados de ins-
povos-indigenas-lancam-manifesto-pela-vida-2/ dia 31/05/2021
trumentos musicais, marcações rítmicas, máscaras,
imagens, elementos muito importantes
Esses momentos sempre foram acompanhados de c) A dança tem muitas expressões. Na cultura popular,
instrumentos musicais, marcações rítmicas, máscaras, temos as danças indígenas e folclóricas.
imagens, elementos muito importantes durante os ri- d) Alguns relatos produzidos pela Companhia de Jesus
tuais. Atualmente, a toré e o kuarup ainda são pratica- (Jesuítas) que veio ao país no século XVI.
das durante os encontros dos povos indígenas. Extra- e) A dança originou-se de rituais religiosos, os brasi-
ído de: h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/ leiros acreditavam no seu poder mágico, assim os
artes/historia-da-danca-no-brasil dia 31/05/2021 vários deuses eram cultuados de diferentes ma-
No Brasil a dança tem muitas expressões. Na cul- neiras.
tura popular, temos as danças indígenas e folclóricas.
Já as formas mais eruditas, foram introduzidas por
renomados bailarinos europeus por volta dos anos HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e
1930 com as primeiras escolas de balé. utilizar movimentos corporais de forma consciente
A dança é uma linguagem universal, um meio de e intencional para interagir socialmente em práticas
expressão importante desde épocas remotas, assim corporais, de modo a estabelecer relações constru-
como a música. tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
Essa manifestação ar�stica consiste em uma co-
ordenação estética de movimentos corporais, com- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
binando os elementos plásticos, os grandes gestos • (GO-EMLGG501G) Utilizar a experiência de dan-
ou posturas corporais em composição coerente e çar, de forma proficiente e autônoma, apreciando
dinâmica. as formas singulares de realização para recriar a
Extraído de: h�ps://www.todamateria.com.br/historia-da-
danca-no-brasil/ dia 31/05/2021. concepção de dança como forma de lazer.
Atividades Complementares
Questão 01 – Prefeitura de Manaus 2018 - Dançar OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
ultrapassa o limite de executar movimentos, é tam- • Danças (danças de matrizes indígena, europeia e
bém viver, expressar, refletir e produzir simbologias. africana, danças do contexto comunitário e regional
Por isso, um ensino da dança, essencialmente numa e/ou danças do Brasil e do mundo)
proposta curricular escolar, que englobe uma visão de
totalidade passa necessariamente por suas:
a) Possibilidades expressivas e de linguagem não verbal Aula 03 - Dança e suas relações com a di-
b) Considerações amplas e vagas versidade
c) Funções utilitárias e formação profissional
d) Categorias hegemônicas e exclusivas. Eu, você, vivemos numa sociedade plural, a qual
abarca, por exemplo, diferentes relações socioeco-
nômicas, culturais, políticas, ambientais, comunica-
Imagem: Surgimento
na Pré-História aon-
cionais, corporais, étnicas, religiosas e de gênero. A
de sua utilização era escola é um dos ambientes que é atravessado pela di-
voltada para rituais versidade cultural, por distintas identidades, culturas
realizados pelo ho- (social, cien�fica, ar�stica, filosófica) e experiências.
mem. h�ps://br.pin-
Entretanto, geralmente, a escola, em seus currículos,
terest.com/
traz uma perspectiva monocultural (conhecimentos

26
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
hegemônicos, metodologias tradicionais, professor cupação de pesquisa assentam-se no desafio de
como transmissor do conhecimento, permanência colocar em cena essas expressões “quase silen-
das desigualdades sociais etc.), o que torna mais ciadas” (BRASILEIRO, 2010)
complexa a tarefa de mediar as relações presentes
nesse contexto social.
HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e
A escola é um espaço de produção cultural, que utilizar movimentos corporais de forma consciente
apresenta consensos e dissensos, a partir dos e intencional para interagir socialmente em práticas
encontros e confrontos entre distintas singulari- corporais, de modo a estabelecer relações constru-
dades e modos de subjetivação dos sujeitos que tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
a compõem (professores, estagiários, alunos,
gestores, merendeira, seguranças, pais etc.). OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
Assim, modos de subjetivação, aponta a ne- • (GO-EMLGG501F) Relacionar os aspectos das dan-
cessidade de compreendermos os distintos pro- ças com saúde, lazer e trabalho, desenvolvendo va-
cessos de constituição dos sujeitos, com suas lores, atitudes, afetividade, confiança, criatividade,
individualidades e modos de estar no mundo. sensibilidade para promover atitudes colaborativas
(EDUARDO OLIVEIRA et al., 2018). e de inclusão.

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


• Danças (danças de matrizes indígena, europeia e
africana, danças do contexto comunitário e regional
e/ou danças do Brasil e do mundo)

Aula 04 - Dança e suas relações com a di-


versidade II

As festas da cultura popular brasileira são reco-


nhecidas por terem um papel importante na conso-
Organização das Nações Unidas para Educação,
lidação das identidades sociais. Além das festas car-
a Ciência e a Cultura (UNESCO), estabelece a
navalescas, a festa junina, a natalina, a da produção
“Convenção Sobre a Proteção e Promoção da
agrícola de regiões, as de ordem religiosa (com santos
Diversidade das Expressões Culturais”, a qual
e orixás), as de homenagens cívicas, entre outras, ga-
é assinada por mais de 100 países, incluindo o
nham visibilidade ao longo dos anos e incorporam-se
Brasil. Esse documento reconhece a diversida-
aos modos de ser dessa população. Isso que parece
de cultural como uma característica essencial
parte fundamental da formação humana, suas festas e
da humanidade e aponta que a diversidade
as variadas manifestações nelas inseridas, está quase
deve “florescer em um ambiente de democra-
totalmente ausente da literatura acadêmica dos cur-
cia, tolerância, justiça social e mútuo respeito
sos de formação. (BRASILEIRO, 2010)
entre povos e culturas” (UNESCO, 2005).
As danças brasileiras surgiram da fusão da cultura
europeia, africana e árabe aliada às manifestações
Os Parâmetros Curriculares Nacionais abordam o
oriundas do próprio país. A dança é uma expressão
tema ressaltando a importância da heterogenei-
ar�stica considerada um elemento fundamental para
dade notável em sua composição populacional, o
a cultura local e, sobretudo, mundial. No Brasil, mui-
Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do País
tas tiveram grande destaque e se tornaram atrações
consigo mesmo, é comum prevalecerem vários
populares, como as danças folclóricas, por exemplo.
estereótipos, tanto regionais quanto em relação
As danças brasileiras são datadas em diferentes
a grupos étnicos, sociais e culturais. (PCNs, BRA-
períodos e estão difundidas em cada região do país.
SIL, 1997, pág. 20)
As mais conhecidas nacional e internacionalmente são
o Samba e o Frevo. Por conta dessa grande gama de
Refletir sobre a dança como “uma manifestação
movimentos ar�sticos o Guia Enem reuniu as prin-
ar�stica que tem presença marcante na cultura
cipais danças brasileiras. Extraído de: h�ps://www.
popular brasileira” implica colocá-la nesse cam-
educamaisbrasil.com.br/enem/educacao-fisica/dan-
po de discussão no qual a cultura popular se faz e
cas-brasileiras dia 31/06/2021
refaz. No caso da dança, os estudos que buscam
tratar de temáticas populares com efetiva preo-

27
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Questão 04 – A Organização das Nações Unidas para


Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em rela-
ção à diversidade reconhecem: (Marque a alternativa
Danças Folclóricas correta)
a) a modos de subjetivação e aponta a necessidade
As danças folclóricas são fortes elementos ar�s- de compreendermos os distintos processos de
ticos que contribuem para o acervo cultural do país. constituição dos sujeitos, com suas individualida-
Elas são baseadas, principalmente, em tradições e cos- des e modos de estar no mundo.
tumes próprias das regiões. Realizada de diferentes b) a diversidade cultural como uma característica es-
maneiras de acordo com o estado, ela pode ser feita sencial da humanidade e aponta que a diversidade
em pares ou em grupos e a forma original de dançar deve “florescer em um ambiente de democracia,
e cantar permanece praticamente a mesma. tolerância, justiça social e mútuo respeito entre
No país, as danças brasileiras de caráter folclórico povos e culturas”.
receberam influências dos povos africanos, árabes, c) refletir sobre a dança como “uma manifestação
indígenas e europeus. As religiões, sobretudo a Igreja ar�stica que tem presença marcante na cultura
Católica, teve forte influência no surgimento de perso- popular brasileira”.
nagens e contos da história brasileira. Uma das carac- d) a dança como uma expressão ar�stica considerada
terísticas marcantes das danças brasileiras folclóricas um elemento fundamental para a cultura local e,
são as músicas simples e os personagens chamativos. sobretudo, mundial.
Atividades Complementares
Questão 03 – Prefeitura de Massaranduba - SC 2020
- “O movimento é a base da dança, assim, o fenôme- HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e
no corporal que a música traz, por meio do ritmo, utilizar movimentos corporais de forma consciente
poderá se traduzir na __________________ de cada e intencional para interagir socialmente em práticas
aluno, para que seja atingido o objetivo principal que corporais, de modo a estabelecer relações constru-
é mover o aluno durante as aulas de maneira mais tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
coordenada” (VERDERI, 2009).
Assinale a alternativa que completa corretamente a OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
lacuna dessa citação: • (GO-EMLGG502C) Examinar características estéti-
a) expressão corporal cas, histórico-culturais, valores, objetivos e técnicas
b) liberdade de movimento presentes nas danças urbanas, compreendendo sua
c) experiência transcendente evolução para valorizar a diversidade cultural.
d) percepção do corpo
e) experiências de recriação OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
• Danças (danças de matrizes indígena, europeia e
africana, danças do contexto comunitário e regional
e/ou danças do Brasil e do mundo)

Aula 05 - Danças Folclóricas e regionais

As danças folclóricas representam um conjunto de


danças sociais, peculiares de cada estado brasileiro,
oriundas de antigos rituais mágicos e religiosos. As
danças folclóricas possuem diversas funções como
a comemoração de datas religiosas, homenagens,
agradecimentos, saudações às forças espirituais etc.

28
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
PRINCIPAIS DANÇAS FOLCLÓRICAS FREVO

No Brasil, o folclore brasileiro possui muitas dan-


ças que representam as tradições e as culturas de
determinada região. No país, as danças folclóricas
surgiram da fusão das culturas europeia, indígena
e africana. Elas são celebradas em festas populares
caracterizadas por músicas, figurinos e cenários re-
presentativos. Confira abaixo as principais danças
folclóricas brasileiras:

SAMBA DE RODA

Este estilo pernambucano de carnaval é uma es-


pécie de marchinha muito acelerada que, ao contrário
de outras músicas de carnaval, não possui letra, sen-
do simplesmente tocada por uma banda que segue
os blocos carnavalescos enquanto os dançarinos se
divertem dançando. Os dançarinos de frevo são, ge-
ralmente, um pequeno guarda-chuva colorido como
elemento coreográfico.

BUMBA MEU BOI

Estilo musical caracterizado por elementos da


cultura afro-brasileira. Surgiu no estado da Bahia, no
século XIX. É uma variante mais tradicional do samba.
Os dançarinos dançam numa roda ao som de músicas
acompanhadas por palmas e cantos. Chocalho, pan-
deiro, viola, atabaque e berimbau são os instrumentos
musicais mais utilizados.

MARACATU

Esta dança folclórica, conhecida em outras regi-


ões brasileiras como boi-bumbá, é �pica do norte e
do nordeste. O bumba meu boi possui uma origem
diversificada, pois apresenta traços das culturas: es-
panhola, portuguesa, africana e indígena. Além disso,
o bumba meu boi é uma dança na qual a representa-
ção teatral é um fator marcante, posto que a história
da vida e da morte do boi é declamada enquanto os
personagens realizam suas danças.

JONGO

O maracatu é um ritmo musical com dança �pico


da região pernambucana. Reúne uma interessante
mistura de elementos culturais afro-brasileiros, indí-
genas e europeus. Possui uma forte característica re-
ligiosa. Os dançarinos representam personagens (du-
ques, duquesas, embaixadores, rei e rainha). O cortejo
é acompanhado por uma banda com instrumentos de
percussão (tambores, caixas, taróis e ganzás).

29
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Dança folclórica de origem africana, em alguns os momentos da dança. Os dançarinos (casais) usam
lugares conhecida pelo nome “caxambu”. O jongo é vestidos com roupas �picas da cultura caipira (cami-
uma dança da zona rural, acompanhada de instrumen- sas e vestidos xadrezes, chapéu de palha) e fazem
tos de percussão, e muitas vezes considerada uma uma coreografia especial. A dança é bem animada,
variante do samba. com muitos movimentos e coreografias. As músicas
de festa junina mais conhecidas são: Capelinha de
BAIÃO Melão, Pula Fogueira e Cai, Cai balão.
(MANGARATIBA; LAZER, [s.d.])

Construção do por�olio

Sugestão 1 – O estudante
pode fazer um resumo das
aulas assistidas em seu ca-
derno e apresentar para seu
mediador(a) como forma de
avaliação
Ritmo musical, com dança, �pico da região nor- Sugestão 2 – O estudante
deste do Brasil. Os instrumentos usados nas músicas poderá escolher uma dança �pica da sua região, e a
de baião são: triângulo, viola, acordeom e flauta doce. partir de um vídeo gravado e enviado ao mediador(a)
A dança ocorre em pares (homem e mulher) com mo- reproduzir esta dança, com música e roupas �picas.
vimentos parecidos com o do forró (dança com corpos Dica 1 minuto de vídeo.
colados). O grande representante do baião foi Luiz Sugestão 03 – A partir de mapas mentais o estudante
Gonzaga. pode levantar os principais tópicos estudados e en-
tregar para seu mediador(a).
CATIRA O mediador e mediadora deverá levar em conside-
ração
1. Criatividade
2. Organização
3. Conteúdo apresentado
4. Participação do estudante
5. Prazo de entrega

HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e


utilizar movimentos corporais de forma consciente
e intencional para interagir socialmente em práticas
corporais, de modo a estabelecer relações constru-
Também conhecida como cateretê, é uma dança tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
caracterizada pelos passos, batidas de pés e palmas
dos dançarinos. Ligada à cultura caipira, é �pica da re- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
gião interior dos estados de São Paulo, Paraná, Minas • (GO-EMLGG501A) Identificar os princípios téc-
Gerais, Goiás e Mato Grosso. O instrumento utilizado nicos e táticos dos esportes de marca, de campo,
é a viola, tocada, geralmente, por um par de músicos. de arremesso e taco, sintetizando essas semelhan-
A catira ou cateretê é uma dança folclórica, presente ças em uma nova prática, aplicando em diferentes
em vários estados brasileiros. Há controvérsias em contextos para estabelecer relações construtivas,
relação à sua origem, entretanto, acredita-se que a empáticas, éticas e de respeito às diferenças, além
catira contém influência indígena, africana, espanhola de apreciar a prática como entretenimento.
e portuguesa. Ela apresenta muitos elementos ligados
à cultura caipira, sendo caracterizada pelo figurino OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
dos dançarinos que acompanham o som das violas. • Esportes (esportes de marca, esportes de preci-
são, esportes de invasão, esportes técnico-combi-
QUADRILHA natórios, esportes de campo e taco, esportes de
rede/parede, esportes de invasão e/ou esportes
É uma dança �pica da época de festa junina. Há de combate).
um animador que vai anunciando frases e marcando

30
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Aula 06 – Jogos Olímpicos

A arqueologia registra a presença de competições


e jogos desde 2600 a.C.. Os jogos são elementos uni-
versais em todas as culturas humanas. O jogo Real
de Ur, Senet, e Mancala são alguns dos mais antigos
exemplares. O jogo do tavolado é o mais antigo jogo
ao qual há referência, em Portugal.
Os jogos de tabuleiro, especificamente, foram
inventados e jogados em quase todas as partes do Fonte: h�ps://pt.wikipedia.org/wiki/Jogo
mundo. Somente entre os aborígenes australianos e
os esquimós não se encontraram jogos de tabuleiro. Um pouco de história
Desde o século X aC. os jogos de cartas têm fasci-
nado a humanidade. Desde as simples tiras de papel Era Moderna
nascidas no oriente às cartas que se tornaram conhe- Atenas foi a cidade que sediou a primeira olimpía-
cidas na Europa a partir do século XVI, as cartas se da da Era Moderna, em abril de 1896, com delegações
tornaram um fenômeno universal. de 14 países. Ao todo, 241 atletas competiram em
nove modalidades.
OS JOGOS OLÍMPICOS Desde essa época, os Jogos Olímpicos passaram
a ser realizados de quatro em quatro anos, à exceção
de 1914 e 1918 e 1939 e 1945, quando ocorreram a
Os Jogos Olímpicos, no formato que conhece-
Primeira e Segunda Guerra Mundial, respectivamente.
mos, foram disputados pela primeira vez em 1896
na cidade de Atenas, na Grécia. Mas a origem da
Jogos Olímpicos de Inverno
Olimpíada vem da Antiguidade, época em que a
O evento esportivo começou a ser realizado em
competição significava um período de trégua num
1924 como “Semana Internacional dos Desportos de
mundo recheado de guerras e conflitos.
Inverno”. Dois anos depois, ganhou o status de Jogos
Só podiam participar dos Jogos Olímpicos ci-
Olímpicos. Eles também ocorrem a cada quatro anos,
dadãos nascidos em alguma das cidades-estados
mas são contemplados apenas esportes que envolvem
que formavam a Grécia Antiga. Eram proibidos de
gelo ou neve, tais como Biathlon, Curling, Hóquei no
competir os estrangeiros, chamados de bárbaros,
gelo, Esqui e Patinação.
os escravos e as mulheres.
Assim como acontece nos dias de hoje, os Jogos
eram disputados de quatro em quatro anos, perío-
do a que se dá o nome de Olimpíada. A competição
sempre foi marcada pela celebração de uma tré-
gua entre as cidades-estados gregas, que viviam em
conflito. Mas diferente dos tempos atuais, apenas
o campeão era premiado.

PAZ ENTRE AS CIDADES-ESTADO


Fonte: h�ps://mundoeducacao.uol.com.br/educacao-fisica/os-
Dois meses antes de cada edição, uma espécie
jogos-olimpicos.htm dia 12/02/2021
de Senado Olímpico decretava a trégua, que era
comunicada por mensageiros escolhidos entre os
HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e
cidadãos de Élis, reino responsável pela organização
utilizar movimentos corporais de forma consciente
dos Jogos. A partir deste momento, atletas, juízes,
e intencional para interagir socialmente em práticas
artistas e familiares podiam viajar em segurança
corporais, de modo a estabelecer relações constru-
e tinha direito a um mês de preparação para as tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
competições.
Fonte: olimpiadatododia.com.br/curiosidades-olimpicas/
237903-jogos-olimpicos-da-grecia-antiga OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
• (GO-EMLGG501A) Identificar os princípios téc-
nicos e táticos dos esportes de marca, de campo,
de arremesso e taco, sintetizando essas semelhan-
ças em uma nova prática, aplicando em diferentes
contextos para estabelecer relações construtivas,
empáticas, éticas e de respeito às diferenças, além
de apreciar a prática como entretenimento.

31
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• (GO-EMLGG501B) Enumerar os espaços de in- Nos anos seguintes, os professores perceberam a
fraestrutura (quadras, praças, galpões, pátios), necessidade de modificar algumas regras no esporte
discriminando os que possuem condições dentro no Brasil. E em 1950, chegaram ao modelo atual, com
e fora da escola para organizar práticas corporais limite de cinco jogadores e as marcações na quadra.
em condições seguras para a comunidade. Com objetivo de uniformizar as regras do futsal,
em 1957 foi criado por Sylvio Pacheco o Conselho
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM Técnico de Assessores de Futebol de Salão. A entidade
• Esportes (esportes de marca, esportes de preci- também foi responsável por conciliar divergências e
são, esportes de invasão, esportes técnico-combi- dirigir os destinos do futsal no Brasil.
natórios, esportes de campo e taco, esportes de Consequentemente, surgiram no país outras enti-
rede/parede, esportes de invasão e/ou esportes dades. Em 1954 foram criadas a Federações Metropo-
de combate). litana e Mineira de Futebol; em 1955, as Federações
Paulista, Cearense, Paranaense, Gaúcha e Baiana de
Futebol de Salão.
Aula 07 – Futsal No ano posterior, em 1956 foi fundada a Federação
Catarinense, 1957 a Norte Rio Grandense e 1959 a Ser-
O futsal, também conhecido como futebol de gipana. Nas décadas seguintes todos estados possuíam
salão, teve origem em Montevidéu, no Uruguai, em entidades próprias, tal ponto fortaleceu o futsal no país.
Fonte: h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/
1934. O esporte surgiu a partir da tentativa do seu educacao-fisica/futsal
idealizador, Juan Carlos Ceriani Gravier, em criar uma
modalidade que misturasse futebol, handebol, bas-
quete e polo aquático.

A instituição responsável pelo futsal no brasil é


Confederação Brasileira de Futebol de Salão.

HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e


utilizar movimentos corporais de forma consciente
e intencional para interagir socialmente em práticas
Na década de 30, o Uruguai era considerado uma corporais, de modo a estabelecer relações constru-
grande potência do futebol. Em 1930, o país foi a pri- tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
meira sede da Copa do Mundo de Futebol, quando se
consagrou campeão. Dentro desse contexto, surgem OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
vários nomes do esporte como o argentino Juan Carlos • (GO-EMLGG501A) Identificar os princípios téc-
Ceriani Gravier. nicos e táticos dos esportes de marca, de campo,
Gravier formou-se como Secretário Geral da YMCA de arremesso e taco, sintetizando essas semelhan-
e Professor de Educação Física e Esporte em Buenos ças em uma nova prática, aplicando em diferentes
Aires, na Argentina. Por volta de 1930, como membro contextos para estabelecer relações construtivas,
da Associação Cristã de Moços (ACM), criou futsal, empáticas, éticas e de respeito às diferenças, além
mas como o nome “Indoor Football”, cuja tradução de apreciar a prática como entretenimento.
literal é “futebol no interior”. • (GO-EMLGG502B) Compreender o desempenho
relacionado ao gênero no esporte, identificando as
História do futsal no Brasil diferenças biológicas existentes que determinam
esses aspectos, para estabelecer relações constru-
O futsal de Gravier chegou ao Brasil em 1935 atra- tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças
vés dos professores João Lotufo e Asdrubal Monteiro, em diversos contextos.
que se graduaram no Instituto Técnico da Federação
Sulamericana das ACM. No país, o esporte ficou mais OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
conhecido como futebol de salão. • Esportes (esportes de marca, esportes de preci-
são, esportes de invasão, esportes técnico-combi-

32
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
natórios, esportes de campo e taco, esportes de O Basquete no Brasil
rede/parede, esportes de invasão e/ou esportes
de combate). O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a
conhecer o esporte. Em 1896, um professor america-
no chamado Augusto Shaw foi convidado para lecio-
Aula 08 – Basquetebol nar no Colégio Mackenzie em São Paulo e introduziu
o jogo no país.
O basquetebol é um esporte coletivo criado nos Os primeiros torneios de basquete aconteceram
Estados Unidos e praticado em todo o mundo. Seu em 1912 e o primeiro clube a adotar a modalidade foi
nome (basketball) está relacionado com dois de seus o América do Rio de Janeiro, no ano seguinte.
elementos principais: a cesta (em inglês, basket) e a A primeira liga de basquete aconteceu em 1919,
bola (ball). também no Rio de Janeiro, e foi vencida pelo Flamen-
Desde sua criação até os dias de hoje, o basquete go. Já a primeira seleção brasileira convocada para
se desenvolveu muito. Algumas regras mudaram e o um torneio ocorreu em 1922. O Brasil disputou jogos
basquete é hoje, segundo o site especializado Total contra a Argentina e o Uruguai e sagrou-se campeão.
Sportek, o segundo esporte mais popular do mundo
(atrás apenas do futebol).

Origem do Basquete
O basquete foi inventado nos Estados Unidos da
América no início de dezembro de 1891 na Associação
Cristã de Moços (YMCA) de Springfield, Massachuse�s,
pelo professor canadense James Naismith (1861-1940).
O professor buscava um esporte intenso que pu-
desse ser praticado pelos alunos dentro do ginásio
por conta do inverno rigoroso e da chuva no norte
dos Estados Unidos.
O Brasil foi campeão mundial por três vezes: em
1959 e 1963, com a equipe masculina, e em 1994
com a equipe feminina comandada por Magic Paula,
Hortência e Janeth.
Oscar Schmidt, o maior jogador brasileiro de todos
os tempos, é o detentor da marca de maior pontuador
da história do esporte com incríveis 49.737 pontos.
Foi campeão do Pan-americano de Indianápolis,
em 1987. Essa foi a primeira derrota do time ameri-
cano em casa.
O professor prendeu então dois cestos de pêsse-
go no alto de uma parede e as equipes tinham que
encestar a bola. O professor Naismith mediu a altura
das cestas e registrou 3,05 metros, essa altura é a
mesma até hoje.

Fonte: todamateria.com.br/historia-do-basquete/

O professor Naismith e seu jogadores da Universidade do Kansas


(1899)

33
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e de 1,98 metros, sobre a qual uma câmara de bola de
utilizar movimentos corporais de forma consciente basquete era batida, surgindo assim o jogo de vôlei.
e intencional para interagir socialmente em práticas
corporais, de modo a estabelecer relações constru-
tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


• (GO-EMLGG501A) Identificar os princípios téc-
nicos e táticos dos esportes de marca, de campo,
de arremesso e taco, sintetizando essas semelhan-
ças em uma nova prática, aplicando em diferentes
contextos para estabelecer relações construtivas,
empáticas, éticas e de respeito às diferenças, além
de apreciar a prática como entretenimento.
• (GO-EMLGG503G) Selecionar informações sobre
os bene�cios referentes a prática de atividades e
exercícios �sicos, organizando momentos de divul- A primeira bola usada era muito pesada e, por
gação através de diversas mídias (folhetos, redes isso, Morgan solicitou à firma A.G. Spalding & Brothers
sociais, rádio escola etc.) para promover saúde, a fabricação de uma bola para o referido esporte. No
bem-estar e integração da comunidade na escolar. início, o mintone�e ficou restrito à cidade de Holyoke
e ao ginásio onde Morgan era diretor. Um ano mais
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM tarde, numa conferência no Springfield’s College, en-
• Esportes (esportes de marca, esportes de preci- tre diretores de educação �sica dos EUA, duas equipes
são, esportes de invasão, esportes técnico-combi- de Holyoke fizeram uma demonstração e assim o jogo
natórios, esportes de campo e taco, esportes de começou a se difundir por Springfield e outras cidades
rede/parede, esportes de invasão e/ou esportes de Massachusse�s e Nova Inglaterra.
de combate). Em Springfield, o Dr. A.T. Halstead sugeriu que o
seu nome fosse trocado para volley ball, tendo em
vista que a idéia básica do jogo era jogar a bola de
Aula 08 – Voleibol um lado para outro, por sobre a rede, com as mãos.
Em 1896, foi publicado o primeiro artigo sobre
o volley ball, escrito por J.Y. Cameron na edição do
“Physical Education” na cidade de Búfalo, Nova Iorque.
Este artigo trazia um pequeno resumo sobre o jogo
e de suas regras de maneira geral. No ano seguinte,
estas regras foram incluídas oficialmente no primeiro
handbook oficial da Liga Atlética da Associação Cristã
de Moços da América do Norte.
O volley ball foi rapidamente ganhando novos
adeptos, crescendo vertiginosamente no cenário
mundial ao decorrer dos anos. Em 1900, o esporte
chegou ao Canadá (primeiro país fora dos Estados Uni-
dos), sendo posteriormente desenvolvido em outros
O vôlei foi criado em 1895, pelo americano países, como na China, Japão (1908), Filipinas (1910),
William G. Morgan, então diretor de educação �sica México entre outros países europeus, asiáticos, afri-
da Associação Cristã de Moços (ACM) na cidade de canos e sul-americanos.
Holyoke, em Massachuse�s, nos Estados Unidos. O Na América do Sul, o primeiro país a conhecer o
primeiro nome deste esporte que viria se tornar um volley ball foi o Peru, em 1910, através de uma missão
dos maiores do mundo foi mintone�e. governamental que tinha a finalidade de organizar a
Naquela época, o esporte da moda era o basque- educação primária do país.
tebol, criado apenas quatro anos antes, mas que tivera O primeiro campeonato sul-americano foi patro-
uma rápida difusão. Era, no entanto, um jogo muito cinado pela Confederação Brasileira de Desportos
cansativo para pessoas de idade. Por sugestão do pas- (CBD), com o apoio da Federação Carioca de Volley
tor Lawrence Rinder, Morgan idealizou um jogo menos Ball e aconteceu no ginásio do Fluminense, no Rio,
fatigante para os associados mais velhos da ACM e entre 12 e 22 de setembro de 1951, sendo campeão
colocou uma rede semelhante à de tênis, a uma altura o Brasil, no masculino e no feminino.
Fonte: fpv.com.br/historia_volleyball.asp

34
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADES DA BNCC(EM13LGG501) Selecionar e
utilizar movimentos corporais de forma consciente
e intencional para interagir socialmente em práticas
corporais, de modo a estabelecer relações constru-
tivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


12. (GO-EMLGG501A) Identificar os princípios téc-
nicos e táticos dos esportes de marca, de campo,
de arremesso e taco, sintetizando essas semelhan-
ças em uma nova prática, aplicando em diferentes
contextos para estabelecer relações construtivas,
empáticas, éticas e de respeito às diferenças, além
de apreciar a prática como entretenimento.
13. (GO-EMLGG503G) Selecionar informações so-
bre os bene�cios referentes a prática de atividades
Karl Schelenz, criador do handebol
e exercícios �sicos, organizando momentos de di-
vulgação através de diversas mídias (folhetos, re-
des sociais, rádio escola etc.) para promover saúde, História
bem-estar e integração da comunidade na escolar.
14. (GO-EMLGG503J) Compreender os tipos de Desde sua criação, o handebol tal qual o conhe-
lesões, analisando nas práticas esportivas aquelas cemos hoje sofreu algumas modificações. O local de
mais comuns para empregar medidas de prevenção jogo, por exemplo, era ao ar livre (em gramados) e os
antes e durante as atividades �sicas e esportivas. espaços eram menores.
Agora, o esporte é executado em quadras fecha-
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM das de 40 por 20 metros. Além disso, no início o han-
15. Esportes (esportes de marca, esportes de pre- debol era um jogo exclusivo para mulheres.
cisão, esportes de invasão, esportes técnico-com- Mais tarde e com sua inclusão nos esportes olím-
binatórios, esportes de campo e taco, esportes de picos, ele passou a ser jogado por ambos os sexos.
rede/parede, esportes de invasão e/ou esportes Como foi criado por um alemão, ele começou a ser
de combate). jogado em Berlim, na Alemanha durante a primeira
guerra mundial.
No entanto, não demorou muito para que ele se
Aula 10 – Handebol difundisse pela Europa e ainda, para outras partes
do mundo.
O handebol foi criado pelo em 1919 pelo atleta Outro fator que o diferencia de sua origem é pelo
e professor de educação �sica alemão Karl Schelenz número de jogadores. Quando foi criado, ele conti-
(1890-1956). nha um total de 22 jogadores, ou seja, 11 em cada
equipe. Hoje o número foi reduzido para 14 no total
(7 jogadores em cada equipe).
No final dos anos 30 o handebol passou a ser um
esporte oficial Jogos Olímpicos de Berlim. Nesse mo-
mento, o jogo ainda era disputado por duas equipes
de 11 jogadores cada.
Com as novas mudanças (jogadores e espaço),
ele passou a fazer parte dos jogos olímpicos a partir
de 1972.
Além disso, o esporte se espalhou pelo mundo e
atualmente encontramos diversas competições que
ocorrem a nível nacional e internacional. Merece
destaque o Campeonato Mundial de Handebol nas
categorias feminina e masculina.
Em 1999 foi fundada a Federação Internacional
de Handebol com sede na Basileia, Suíça. Esse órgão
Nesse ano, ele e outros parceiros de trabalho é responsável pelo esporte a nível mundial.
reformularam um esporte para deficientes visuais Nos dias de hoje, o handebol é praticado em mais
chamado de torball. de 180 países do mundo.

35
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Handebol no Brasil PEREIRA, R.; MEYER, S.; NORA, S. Histórias em Mo-
vimentos: biografias e registros em dança. [s.l: s.n.].
No Brasil, o handebol pas-
RENGEL, L. P.; SHAFFNER, C. P.; OLIVEIRA, E. Dança ,
sou a ser reconhecido a partir
Corpo E Contemporaneidade. p. 42, 2016.
dos anos 30. Em 1940 foi fun-
dada em São Paulo a Federa- SANTOS, T. N. D. G. F. DE L. a Historia Da Dança. GEPEF/
ção Paulista de Handebol. Esse LAPEF - UEL, v. 4, n. 3, p. 57–71, 2016.
momento foi um importante UNESCO. Convenção Sobre a Proteção e Promoção da
passo para a consolidação do Diversidade das Expressões Culturais. Paris: UNESCO,
esporte no país. 2005.
BRASIL. PCN, pluralidade cultural. 1997.

Sites
h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/
historia-da-danca-no-brasil
h�ps://www.todamateria.com.br/historia-da-danca-
-no-brasil/
h�p://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/
conteudo.php?conteudo=102
h�p://www.vale.com/brasil/pt/aboutvale/news/pa-
Imagem fonte: h�ps://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/
noticia/2022-01/handebol-brasileiro-estreia-no-sul-centro- ginas/dia-mundial-da-diversidade-cultural-conheca-
americano-contra-o-paraguai -resultados-de-acoes-da-fundacao-vale.aspx
h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/educa-
Em 1979 foi fundada a Confederação Brasileira cao-fisica/dancas-brasileiras
de Handebol (CBHb) com sede na cidade de Aracaju h�ps://olimpiadatododia.com.br/curiosidades-olim-
(Sergipe). Esse órgão é responsável pelos eventos de picas/237903-jogos-olimpicos-da-grecia-antiga
handebol que ocorrem no país.
Fonte: todamateria.com.br/handebol/ h�ps://mundoeducacao.uol.com.br/educacao-fisica/
os-jogos-olimpicos.htm
Referências Bibliográficas h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/educa-
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h�ps://www.todamateria.com.br/historia-do-bas-
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h�ps://www.fpv.com.br/historia_volleyball.asp
h�ps://www.todamateria.com.br/handebol/
Imagens
h�ps://www.clipartkey.com/
h�ps://pt.vecteezy.com/
BRASILEIRO, L. T. A dança é uma manifestação ar�s- h�ps://cimi.org.br/2020/01/raoni-e-45-povos-indige-
tica que tem presença marcante na cultura popular nas-lancam-manifesto-pela-vida-2/
brasileira. Pro-Posições, v. 21, n. 3, p. 135–153, 2010. h�ps://br.pinterest.com/
EDUARDO OLIVEIRA, C. et al. Dança como Mediação h�ps://prezi.com/p/o�syurhlkkz/diversidade-cultu-
Educacional para Diversidade e Ações AArmativas I ral/
Licenciatura em Dança Dança como Mediação Edu- h�ps://stock.adobe.com/br/search?k=frevo
cacional para Diversidade e Ações AArmativas I. 2018. h�ps://pt.vecteezy.com/arte-vetorial/515094-bum-
FRANCO, NEIL; FERREIRA, N. V. C. Evolução da dança ba-meu-boi-bulls-vector
no contexto histórico: aproximações iniciais com o h�ps://sme.goiania.go.gov.br/conexaoescola/ensi-
tema. Repertório, v. 26, n. 1, p. 266–272, 2016. no_fundamental/arte-catira-uma-danca-tradicional/
MANGARATIBA, P. M. D. E.; LAZER, E. E. Prefeitura h�ps://pt.wikipedia.org/wiki/Jogo
municipal de mangaratiba secretaria municipal de
educação, esporte e lazer superintendência de en-
sino. [s.d.].

36
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR – LÍNGUA O Present Continuous é usado para expressar uma
ESTRANGEIRA MODERNA - INGLÊS situação que está em progresso, ou seja, uma ação
que ainda está acontecendo.
Em português é o equivalente à “ando”, “endo”
CLASS 01 (AULA 01)
e “indo”.
Ex: Comendo = Eating
INGLÊS EM TODA PARTE Veja esse trecho da música “Witness” de Katy
Perry
Habilidade(s):
(EM13LGG401) Empregar nas interações sociais, a We’re all just looking for connection
variedade e o estilo de língua adequados à situação Yeah, we all want to be seen
comunicativa, ao/ à interlocutor/a e ao gênero do I’m looking for someone who speaks my language
discurso,respeitando os usos das línguas por esse/a Someone to ride this ride with me
interlocutor/a e sem preconceito linguístico. Can I get a witness? (Witness)
Will you be my witness? (Witness)
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: I’m just looking for a witness in all of this
(GO-EMLGG401B) Identificar o vocabulário dos Looking for a witness to get me through this
objetos de conhecimento, fazendo exercícios de Disponível em h�ps://www.letras.mus.br/katy-perry/
compreensão auditiva, leitura e interpretação de witness-2/traducao.htmlv06/02/2023
textos diversos [scanning] para ampliar a percep-
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas A estrutura do Present Continuous é composta
que envolvem o desenvolvimento das habilidades pelo verbo to be + verbo principal com -ing.
receptivas (compreensão auditiva e leitora).
Ex:
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM We’re all just looking for connection.
Diálogos. Dados pessoais. Formas verbais no pre- =
sente do indicativo/simples. Perfil em redes sociais. We are all just looking for connection.
Simple Present. Present Continuous. Uma boa maneira de identificar o present conti-
nuous é procurar por expressões temporais que são
recorrentes, entre as quais se destacam: now, at the
moment, at presente, just, already e still.
Ex:
We’re all just looking for connection.
Com base nessas informações responda as ques-
tões a seguir.

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. Vamos praticar as técnicas de scanning e skimming


Como temos visto até agora o Simple Present é do texto, circule as palavras cognatas, passe um
usado para falar de eventos que acontecem no pre- traço embaixo dos verbos no simple present e
sente. dois traços em baixo nos verbos no present con-
tinuous.

Hi, Ben!
How are you? I’m on holiday in Spain with my
family. We’re staying in Malgrat de Mar. It’s a nice
town at the seaside. We’re living in a great hotel. I love
the food. I eat delicious seafood every day. Today is
“The Fruit Day” and I’m eating melons, bananas and
oranges. Yummy! Do you like melons, Ben?
In the morning we always go to the beach. I enjoy
sunbathing and swimming in the water. We are on
the beach now. My parents are swimming, my baby
brother is building a sandcastle. I’m not swimming at
the moment, because I’m writing to you J. And what
are you doing?

37
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
There are many shops in Malgrat de Mar. My mum 2. Com base nessa leitura preliminar responda o que
goes shopping all the time. My dad and my brother se pede:
don’t like shopping but I don’t mind. I o�en help mum
with bags and souvenirs. 2.1. Que tipo de texto é esse? Que finalidade ele
Guess what!? Today in the a�ernoon we’re going tem? A quem é dirigido?
to a waterpark. I’m so happy! My dad is very excited.
He loves waterslides.
Where are you? Are you having fun?
Write soon!
Jess.

2.2. Que informações vocês conseguem identificar


no texto?

3. Na atividade anterior você localizou os verbos


no present continuous com dois traços, mas se
prestar bem atenção o texto tem palavras termi-
nadas com ing que não representam o present
continuous, transcreva essas palavras no quadro
conforme o modelo:

morning manhã

Assim como no portgugês o inglês tem seus “Ar-


ticles” e seu uso é muito parecido com os nossos ar-
tigos.
Utilizamos “the” quando queremos especificar
algo, como vemos no texto quando o character Ben
diz:
I love the food. - Eu amo a comida.
Se escrevemos a frase sem o the
I love food. - Eu amo comida.
Nota a diferença entre os dois casos?
O meio digital hoje permite que acessem informa-
ções do mundo todo em tempo real e até no conforto
Na frase seguinte:
do celular, pesquisar sites, blogs, músicas em inglês
Today is “The Fruit Day” and I’m eating melons,
pode dar um UP nos seus estudos.
bananas and oranges.
Hoje é “O dia da fruta” e eu estou comendo me-
lões, bananas e laranjas.

38
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
veja sem the Article: Ou no diálogo do personagem Ben.
Today is “Fruit Day” and I’m eating melons, bana- How are you? I’m on holiday in Spain with my
nas and oranges. family. We’re staying in Malgrat de Mar. It’s a nice
Hoje é “dia de fruta” e eu estou comendo melões, town at the seaside. We’re living in a great hotel.
bananas e laranjas.
Observe que sem the Article a frases deixam de Na frase:
ser sobre coisas específicas e se tornam sobre situ- It’s a nice town at the seaside.
ações gerais. É uma bela/boa cidade à beira-mar.
Quem ama the food - ama um tipo específico de
comida, no caso do texto a comida que experimen- Embora o artigo esteja perto da palavra nice ele
tou durante “holiday in Spain” quem ama food, sem se refere à cidade que é um termo contável. É uma
o article the, ama comida em geral. Toda e qualquer cidade entre várias possíveis.
comida.
Além do artigo “the” em inglês ainda temos “a” 4. Complete com o artigo correto (a, an, the):
e “an”. Barbara spent her holidays at ………. seaside.
“A” e “an” são duas formas do mesmo artigo e My cousin never drinks ………… tea with milk.
é utilizado para coisas que podem ser contadas. No Johnny went to ……….. zoo with his parents. He
inglês eles não equivalem nem a masculino nem a saw many animals there. There were ………..gira-
feminino podendo ser usados em ambas situações, ffes and dolphins too.
apenas no portugês ao traduzir fazemos a equivalên- My mum lit ………. candles at night.
cia aos nossos artigos um, uma, uns, umas. Once upon …… time there was …….. li�le girl who
Utilizamos “a” na frente de palavras iniciadas com found ……. huge mushroom in the country.
consoantes e “an” na frente de palavras iniciadas com Rose feeds ………chickens and ……….rabbits in …….
vogais. farm.

Article: “A” 5. Neste outro trecho da música de Katy Perry “Wit-


ness” faltam as palavras que estão no quadro.
Exemplos: Coloque cada palavra em seu espaço correspon-
A book = Um livro dente.
A car = Um carro
A woman = Uma mulher looking / a / everything / anything / And
A man = Um homem
Article: “An” =
Exemplos: want / language / a /you / witness
An envelope = Um envelope
An animal = Um animal I’m just__________ for ____ witness in all of this
An apple = Uma maçã Looking for a witness to get me through this
An avocado = Um abacate When you tell me___________, and there’s no
holes
Veja o uso dos articles no trecho destacado da You can scroll through _________, you’ve got the
música de Kate Parry codes
We’re all just looking for connection Nothing to hide, it’s all in their eyes
Yeah, we all want to be seen _____we just know, ooh
I’m looking for someone who speaks my language We’re all just looking for connection
Someone to ride this ride with me Yeah, we all _____to be seen
Can I get a witness? (Witness) I’m looking for someone who speaks my ________
Will you be my witness? (Witness) Someone to ride this ride with me
I’m just looking for a witness in all of this Can I get ___witness? (Witness)
Looking for a witness to get me through this Will ____be my witness? (Witness)
Disponível em h�ps://www.letras.mus.br/katy-perry/
I’m just looking for a _____in all of this
witness-2/traducao.htmlv06/02/2023
Looking for a witness to get me through this
Can I get a witness?
6. Entre as palavras do quadro da atividade 7 tem
Posso obter uma testemunha?
alguma palavra terminada com ing que é um verbo
I’m just looking for a witness in all
no present continuous?
Eu só estou procurando uma testemunha em
tudo.

39
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 02 (AULA 02)

(EM13LGG401) Empregar nas interações sociais, a


variedade e o estilo de língua adequados à situação
comunicativa, ao/ à interlocutor/a e ao gênero do
discurso,respeitando os usos das línguas por esse/a
interlocutor/a e sem preconceito linguístico.
8. No quadro, quais palavras são terminadas em ing
e não são verbos? OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM:
(GO-EMLGG401B) Identificar o vocabulário dos
objetos de conhecimento, fazendo exercícios de
compreensão auditiva, leitura e interpretação de
textos diversos [scanning] para ampliar a percep-
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas
que envolvem o desenvolvimento das habilidades
receptivas (compreensão auditiva e leitora).

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


Formas verbais no presente do indicativo/simples.
9. Na atividade 5 tem frases com articles, destaque Simple Present. Present Continuous. interpretação
duas. de textos diversos [scanning] para ampliar a percep-
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas
que envolvem o desenvolvimento das habilidades
receptivas

QUANDO USAR O SIMPLE PRESENT?

40
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
EXEMPLO(S):
Fato, verdade: The sun is yellow. (O sol é amarelo). 3. Leia a receita das “American Fluffy pancakes”
Estado emocional: Juliana is sad today. (Juliana
está triste hoje).
Frequência, rotina, hábito: They never do the
dishes (eles nunca lavam as louças).
Observe o texto do blog “Deliciously Ella” O blog
compartilha ideias incríveis de refeições e experi-
ências culinárias com alimentos à base de plantas e
ingredientes não processados. Inspirou milhões de
leitores ingleses a cuidar melhor de seus corpos. O
texto é construído em simple present.

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. Sobre o texto “Blueberry Pancakes” Localize e


circule os verbos no simple present.

2. Observe a frase afirmativa;


These blueberry pancakes are the ultimate we-
ekend breakfast and take no time at all to make.
Reescreva a frase substituindo blueberry pancakes
pelo que normalmente você come no café da ma-
nhã.

Disponível em: h�ps://deliciouslyella.com/recipes/


american-fluffy-pancakes/ 07/03/2023

41
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
4. Marque a alternativa correta. CLASS 03 (AULA 03)
A) O texto está no formato story e é uma receita
dividida em duas partes, uma no simple present
e uma no present continuous. (EM13LGG401) Empregar nas interações sociais, a
B) O texto está no formato story e é uma receita variedade e o estilo de língua adequados à situação
e por indicar o modo de preparo é escrita com os comunicativa, ao/ à interlocutor/a e ao gênero do
verbos predominante no simple present. discurso, respeitando os usos das línguas por esse/a
C) O texto está no formato story e é uma receita interlocutor/a e sem preconceito.
e por indicar o modo de preparo é escrita com os
verbos predominante no present continuous. HABILIDADE: (EM13LP06) Analisar efeitos de senti-
D) O texto está no formato story e é uma receita do decorrentes de usos expressivos da linguagem,
e por indicar o modo de preparo é escrita sem da escolha de determinadas palavras ou expressões
nenhum verbo. e da ordenação, combinação e contraposição de pa-
E) O texto está no formato story e é uma receita lavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades
e por indicar o modo de preparo é escrita com os de construção de sentidos e de uso crítico de língua.
verbos predominante no simple past.
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM:
5. A receita apresentada é tradicional de uma outra (GO-EMLP06B) Analisar as funções da linguagem
cultura, mas tem diversas palavras cognatas. Lo- como recursos expressivos da língua, consideran-
calize essas palavras: do as diversas situações textuais para conhecer as
intencionalidades comunicativas.
(GO-EMLGG401B) Identificar o vocabulário dos
objetos de conhecimento, fazendo exercícios de
compreensão auditiva, leitura e interpretação de
textos diversos [scanning] para ampliar a percep-
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas
que envolvem o desenvolvimento das habilidades
receptivas (compreensão auditiva e leitora).

6. Na frase: Once the pancake starts to cook, sprinkle OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
some fresh blueberries on top and cook for 3-5 Analisar efeitos de sentido decorrentes de uso do
minutes until the bo�om feels cooked. simple present na forma afirmativa Elementos da
A) O verbo start, está na conjugado na terceira comunicação. Funções da linguagem com o verbo
pessoa no simple present: “It starts” por isso o to do.
“s” no fim da palavra.
B) A palavra sprinkle não está no simple present.
C) As palavras cook e cooked não são o mesmo
verbo.
D) A palavra cooked está errada porque aparece
com ed no final.
E) A frase está errada porque aparece o mesmo
verbo uma vez no simple present (cook) e no sim-
ple past (cooked).

42
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Simple Present Verb to read


AFFIRMATIVE

Singular I Watch tv

You Watch tv

He Watches tv

She Watches tv

It Watches tv
Plural We Watch tv

You Watch tv

They Watch tv

Para as formas negativas o verbo to do pode as-


sumir as formas contraídas don’t e doesn’t.
Observação: O verbo to do não é usado como
verbo auxiliar quando o verbo principal da frase for
“to be” ou quando houver a presença de outro verbo
auxiliar e um verbo modal.
Exemplos do verbo to do (auxiliar):

Simple Present Verb to watch (assistir)


NEGATIVE
FORMA AFIRMATIVA
Singular I Don’t watch TV
Os verbos no presente simples em frases afirmati-
vas não se utiliza o auxiliar do/does. Por isso quando every day
ele aparece na frase:
Linda does theater. - Linda faz teatro. Don’t Watch TV
O verbo to do está atuando como verbo principal.
Enquanto na frase: You every day
Don’t you want to eat pizza. - Você não quer co-
He Doesn’t watch tv
mer pizza.
Temos o verbo to do, verbo to want e verbo to eat.
E nesse caso o to do serve como auxiliar dos demais She Doesn’t watch tv
verbos para gerar um efeito de negação.

Na frase: It Doesn’t watch tv


Do you want to eat pizza? - Você quer comer pi-
Plural We Don’t watch TV
zza?
Temos o verbo to do, verbo to want e verbo to eat. every day
E nesse caso o to do serve como auxiliar dos demais You
verbos para formular uma pergunta.
Don’t Watch TV
Observe outros exemplos:
I watch TV every day. (Eu assisto TV todos os dias). They every day

43
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Observação: Ao utilizar o verbo to do na terceira 1. O texto é uma postagem de mídia social intitulada
pessoa do singular no simple present em frases ne- Dos and Don’ts for Self Confident. Com base nos
gativas e interrogativas o verbo principal perderá a usos do verbo to do marque a alternativa correta.
par�cula “s”; “ies”, “es” da sua conjugação e o auxiliar A) A tradução correta do �tulo é: O que fazer para
receberá a par�cula “es” autoconfiança.
Na interrogativa: o verbo to do será empregado B) A tradução correta do �tulo é: O que não fazer
antes do sujeito, exemplos : para autoconfiança.
C) A tradução correta do �tulo é: O que fazer e o
Simple Present Verb to watch (assistir) que não fazer para autoconfiança.
D) A tradução correta do �tulo é: O que ter e o
INTERROGATIVE
que não ter para autoconfiança.
E) A tradução correta do �tulo é: O que ser e o
Singular Do I watch TV?
que não ser para autoconfiança.

Do you watch TV? 2. No texto temos 4 perguntas com o verbo to do.


Refaça as perguntas trocando o you por he ou she
e ajustando o verbo.
Does he watch TV

Does she watch TV?

Does it read a book?


Plural Do we watch TV?

3. No texto temos 4 frases na forma negativa com o


Do you watch TV?
verbo to do. Refaça as frases trocando o you por
he ou she e ajustando o verbo.
Do they watch TV?

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

Leia o texto para responder às questões:

4. Translate the sentences below into English, using


the verb to do.
Você assiste Ne�lix?
Ex:Do you watch Netflix?
Ela ouve musica? (to listen)

Ele limpa o quarto?

Eles estudam inglês? (to study)

Disponível em:h�ps://www.canva.com/design/
DAFcicesCLo/ixt63Ms0OXAvy1IM1R9UUA/ Eu canto bem? (to sing)
view?utm_content=DAFcicesCLo&utm_
campaign=designshare&utm_medium=link&utm_
source=publishsharelink&mode=preview em 07/03/20123

44
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
que envolvem o desenvolvimento das habilidades
receptivas (compreensão auditiva e leitora).

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


Analisar efeitos de sentido decorrentes de uso do
simple present e Present Continuous. Elementos
da comunicação. Funções da linguagem, formas
afirmativa e interrogativa.

Sua formação é composta da seguinte maneira:


Sujeito + verbo to be + verbo com -ing + com-
plemento

EXEMPLO:
She is watching TV.

Além de observar a terminação verbal (ing) uma


boa maneira de identificar o present continuous é pro-
curar por expressões temporais que são recorrentes,
entre as quais se destacam: now, at the moment, at
CLASS 04 (AULA 04) present, just, already e stil.
Exemplo: What are you doing now? I’m studying
(EM13LGG401) Empregar nas interações sociais, a for our math test on Monday.
variedade e o estilo de língua adequados à situação Deve-se prestar atenção à ortografia dos verbos
comunicativa, ao/ à interlocutor/a e ao gênero do que terminam em -ing. Veja os casos em que são ne-
discurso, respeitando os usos das línguas por esse/a cessárias mudanças:
interlocutor/a e sem preconceito.
(EM13LP31) Compreender criticamente → Verbos de uma sílaba que terminam em conso-
textos de divulgação cien�fica orais, escritos e mul- ante + vogal + consoante — deve-se dobrar a última
tissemióticos de diferentes áreas do conhecimento, consoante e acrescentar -ing
identificando sua organização tópica e a hierarqui- Stop (parar) – stopping
zação das informações, identificando e descartando Run (correr) – running
fontes não confiáveis e problematizando enfoques Get (pegar) – ge�ng
tendenciosos ou superficiais. Dig (cavar) – digging
Exceto com verbos que terminam em -w ou -x:
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: Fix (consertar) – fixing
(GO-EMLGG401B) Identificar o vocabulário dos Mix (misturar) – mixing
objetos de conhecimento, fazendo exercícios de Snow (nevar) – snowing
compreensão auditiva, leitura e interpretação de
textos diversos [scanning] para ampliar a percep- → Verbos com duas sílabas se a última for tônica
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas — deve-se dobrar a consoante também (CVC):

45
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Prefer (preferir) – preferring 2. Sobre o texto marque a alternativa correta:
Begin (iniciar) – beginning A) O texto é um relato de experiência por isso não
utiliza o present continous.
→Verbos que terminam em -e — deve-se retirar B) O texto não é um relato de experiência por isso
a terminação e acrescentar -ing: utiliza o present continous.
Make (fazer) – making C) O texto é um relato de experiência e o uso do
Dance (dançar) – dancing present continuos demonstra que a ação inicia no
Live (viver) – living tempo presente, mas continua por um periodo de
Write (escrever) – writing tempo.
D) O texto é um relato de experiência e o simple
→ Verbos que terminam em -ie — deve-se subs- present deveria ser usado no lugar do present
tituir a terminação por y + -ing: continuous.
Lie (mentir) – lying E) O texto é um relato de experiência e não deveria
Die (morrer) – dying ter palavras terminadas com ing.

ACTIVITIES (ATIVIDADES) 3. Além dos verbos no present continuous existe al-


guma outra expressão temporal no texto? Qual ou
Leia o texto para responder as questões: quais?

4. Produza um parágrafo relatando uma experiência


pessoal com pelo menos um verbo no present
continuous e pelo menos uma dessas expressões:-
now, at the moment, at present, just, already e
stil.

Disponível em: h�ps://handluggageonly.


co.uk/2023/03/02/arriving-on-land-in-antarctica/
07/03/2023

1. Localize no texto palavras que indicam o present


continuous.

46
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Outro exemplo é: How are you doing?ou no po-


pular “how you doin” Que pode ser traduzido literal-
mente como o que você está fazendo e normalmente
é utilizado no mesmo sentido de “Como vai?” “Como
você está?
A expressão how is it going? ou ainda how is gon-
na? Que pode ser traduzida “como você está indo?”
também pode ser usada da mesma forma na fala in-
formal.
E essas perguntas feitas no present continuous
podem ser respondidas:
I’m doing ok / Estou bem
I’m doing alright / Estou bem Além do article “the”, que é utilizado quando
I’m doing great / Estou ótimo (a) queremos especificar exatamente de que substantivo
I’m doing fine / Estou bem estamos falando.”
I’m good / Estou bem.
Temos ainda:
CLASS 05 (AULA 05) “a/an” que são utilizados quando tratamos de for-
ma genérica a respeito do substantivo para nomes
(EM13LGG401) Empregar nas interações sociais, a contáveis.
variedade e o estilo de língua adequados à situação “I want to buy a book.”
comunicativa, ao/ à interlocutor/a e ao gênero do “Give me an apple please.”
discurso, respeitando os usos das línguas por esse/a a - é utilizado na frente de consoantes.
interlocutor/a e sem preconceito linguístico. an - é utilizado na frente de vogais.

OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: É importante ressaltar que o artigo não estará pre-


(GO-EMLGG401B) Identificar o vocabulário dos sente caso haja algum outro determinante do tipo
objetos de conhecimento, fazendo exercícios de any, some, my, her, his, their, our, your, this, that,
compreensão auditiva, leitura e interpretação de these, those:
textos diversos [scanning] para ampliar a percep-
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas ACTIVITIES (ATIVIDADES)
que envolvem o desenvolvimento das habilidades
receptivas (compreensão auditiva e leitora). Observe o uso dos artigos na postagem retirada do
site Deliciously Ella.
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
Análise linguística/semiótica focando o uso dos Ar-
ticle the, a, an. Ampliar a percepção do conteúdo
em atividades de práticas guiadas que envolvem o
desenvolvimento das habilidades receptivas.

47
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
3. Sobre o uso dos artigos a e the:
A) Na frase: “Starting from _____ recipe website,
_____ business has evolved into a restaurant” uti-
liza-se “an” que pode ser traduzido como um/
uma no primeiro espaço em branco e “a” que tem
o mesmo significado no segundo.

B) Na frase: “Starting from _____ recipe website,


_____ business has evolved into a restaurant” uti-
liza-se “a” que pode ser traduzido como um/uma
no primeiro espaço em branco e “an” que tem o
mesmo significado no segundo.

C) Na frase: “Starting from _____ recipe website,


_____ business has evolved into a restaurant” uti-
liza-se “a” que pode ser traduzido como um/uma
no primeiro e no segundo espaço em branco.

D) Na frase: “Starting from _____ recipe websi-


te, _____ business has evolved into a restaurant”
utiliza-se “a” que pode ser traduzido como um/
uma no primeiro espaço em branco e “the” que
pode ser traduzido como o/a.

E) Na frase: “Starting from _____ recipe website,


_____ business has evolved into a restaurant” uti-
liza-se “the ” que pode ser traduzido como o/a
no primeiro espaço em branco e “the” que pode
1. Na frase: Deliciously ella is a plant-based food & ser traduzido como um/uma.
wellness pla�orm sharing delicious ways to feel
be�er. 4. Complete com “A” ou “AN”:
A) “a plant-based” pode ser traduzido como “o A) ______ range
projeto baseado” - sendo o um artigo indefinido. B) ______ app
C) ______ collection
B) “a plant-based” pode ser traduzido como “pro- D) ______ podcast
jeto baseado” - sendo que a não tem valor de E) ______ growing
artigo nesse caso.
5. Como se traduz o �tulo do post: About us?
C) “a plant-based” pode ser traduzido como “um
projeto baseado” - em que o artigo funciona como
um determinante especificando que é um projeto
dentre outros.

D) “a plant-based” pode ser traduzido como “o


projeto baseado” em que o artigo funciona como
um determinante especificando que é um projeto
dentre outros.
6. Segundo o texto, o que é o Deliciously ella?
E) “a plant-based” pode ser traduzido como “um
projeto baseado” em que o artigo não funciona
como um determinante especificando que é um
projeto dentre outros.

2. Complete com o artigo correto a frase: Starting


from _____ recipe website, _____ business has
evolved into a restaurant.

48
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Leia a continuação do post retirado do site Deliciously LASS 06 (AULA 06)
Ella:
(EM13LGG401) Empregar nas interações sociais, a
variedade e o estilo de língua adequados à situação
comunicativa, ao/ à interlocutor/a e ao gênero do
discurso, respeitando os usos das línguas por esse/a
interlocutor/a e sem preconceito linguístico.

OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM:
(GO-EMLGG401B) Identificar o vocabulário dos
objetos de conhecimento, fazendo exercícios de
compreensão auditiva, leitura e interpretação de
textos diversos [scanning] para ampliar a percep-
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas
que envolvem o desenvolvimento das habilidades
receptivas (compreensão auditiva e leitora).

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


Análise linguística/semiótica focando nos graus
comparativos. Empregar graus comparativos nas
interações sociais, a variedade e o estilo de língua
adequados à situação comunicativa

7. Segundo o texto:
A) What happened a year a�er the character star-
ted recipes on deliciouslyella.com?

B) What was the character’s first commercial ven-


ture? Comparative of equality:
Form: AS __(adjective)__ AS
Affirmative: Woman is as capable as man.
Negative: Gregory is not as capable as Alfred.

C) According to the text, what was the big surpri- Comparative of inferiority:
se? Form: Less __(adjective)__than
Men are less energetic than women.

Comparative of superiority:
Short Adjectives: adjective + “er” + than
*Add “-er”, ex: old = older.

Exceptions:
*When the adjectives end in “e”, only add “r”. Ex:
nice = nicer.

49
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
*When the adjectives end in “y” and there is a ACTIVITIES (ATIVIDADES)
consonant before the “y”, change the “y” to “i” and Leia o texto:
add “er”. Ex: pre�y = prettier.
* When one-syllable adjectives end in consonant,
vowel, consonant (cvc), double the last consonant and
add “er”. Ex: thin = thinner.

Long Adjectives:
*Use more + adjective + than
Ex: Women today are more independent than
they were in the past.

Superlative:
We use the Superlative to compare one thing/per-
son/animal to many other things/people/animals etc.

Superlative of Inferiority:
Form: the least + adjective
Ex: This is the least difficult lesson in the book.

Superlative of Superiority:
Short Adjectives: the adjective + “est” Add “-est”,
ex: old = oldest.

EXCEPTIONS:
*When the adjectives end in “e”, only add “st”.
Ex: nice = nicest.
Adapdado de: h�ps://worldofwanderlust.com/a�er-10-
* When the adjectives end in “y” and there is a years-of-travel-these-are-the-best-airplane-essentials-
consonant before the “y”, change the worth-buying/ 08/03/2023
“y”to “i” and add “est”. Ex: pre�y = prettiest.
* When one-syllable adjectives end in consonant, 1. Segundo o texto:
vowel, consonant (cvc), double the last consonant and A) Sobre o que se trata a lista apresentada no
add “est”. story?
Ex: thin = thinnest.
Ex: She is the youngest girl in her family.

B) Long Adjectives: the most + adjective


Ex: The suffrage�e was one of the most significant B) Localize na frase “Water Bo�le: One of the
feminist movements. easiest ways to feel be�er a�er a long-haul flight
is to ensure you don’t get dehydrated.” Os termos
comparativos e diga qual o grau comparativo da
frase.

C) Localize na frase “Memory Foam Travel Pillow:


A memory foam neck pillow is the best choice.”

50
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Os termos comparativos e diga qual o grau com- CLASS 07 (AULA 07)
parativo da frase.
(EM13LGG401) Empregar nas interações sociais, a
variedade e o estilo de língua adequados à situação
comunicativa, ao/ à interlocutor/a e ao gênero do
discurso, respeitando os usos das línguas por esse/a
2. Leia o texto interlocutor/a e sem preconceito linguístico.

OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM:
(GO-EMLGG401B) Identificar o vocabulário dos
objetos de conhecimento, fazendo exercícios de
compreensão auditiva, leitura e interpretação de
textos diversos [scanning] para ampliar a percep-
ção do conteúdo em atividades de práticas guiadas
que envolvem o desenvolvimento das habilidades
receptivas (compreensão auditiva e leitora).

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


Análise linguística/semiótica focando nos no uso
dos tempos verbais simple present e Present Con-
tinuous, graus comparativos e uso de articles.
Empregar cada um deles nas interações sociais, a
variedade e o estilo de língua adequados à situação
comunicativa.

Revisão:

Disponível em fonte:http://titacbcosta.blogspot.
com/2012/07/sugestao-de-texto-para-trabalhar.html
acesso 10/02/2023 9:25

2. Fazer comparações sobre a forma �sica, altura ou


inteligência pode ser cruel com a outra pessoa.
Escreva uma frase como se você fosse a Jenny se
desculpando com as meninas que aparecem no
texto. Você pode usar palavras como Sorry, ou I
make a Mistake. (eu cometi um erro)

3. Observe a última estrofe do poema. Nele o verbo


to do está na forma negativa. Você concorda com
as afirmações das frases dessa última estrofe? Re-
escreva trocando o negativo pelo afirmativo

51
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
1. O texto pode ser considerado um texto com pre-
sent continuous? Quais palavras comprovam sua
resposta ?

2. Sobre a frase: Deliciously ella is a plant-based food


& wellness pla�orm sharing delicious ways to feel
be�er.
A) Qual o sujeito da frase?
O Present Continuous é usado para expressar uma
situação que está em progresso, ou seja, uma ação
que ainda está acontecendo.
Em português é o equivalente à “ando”, “endo”
e “indo”.
Sua formação é composta da seguinte maneira: B) Deliciously ella é uma plataforma de alimentos
Sujeito + verbo to be + verbo com -ing + com- e bem-estar à base de plantas que compartilha
plemento maneiras deliciosas de se sentir como?
Ex: Comendo = Eating
She is watching TV.

Além de observar a terminação verbal (ing) uma


boa maneira de identificar o present continuous é pro-
curar por expressões temporais que são recorrentes,
entre as quais se destacam: now, at the moment, at C) Passe a frase “Starting from a recipe website”
present, just, already e stil. para o simple present?
Exemplo: What are you doing now? I’m studying
for our math test on Monday.

ACTIVITIES (ATIVIDADES)
Leia o texto:

3. Com base no quadro:

52
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Utilize o grau comparativo para os objetos a se- B) something:
guir:
A) House (big):
Exemplo: My house is bigger than my mother’s
house.
My grandma’s house is the biggest in the family C) cake recipe:

B) book (important):

5. Leia esse trecho da música “Witness” de Katy Per-


ry e complete os espaços em branco com present
continuous.
C) cell phone (Modern): We’re all just ______(look) for connection
Yeah, we all want to be seen
I’m ______(look) for someone who speaks my
language
Someone to ride this ride with me
Can I get a witness? (Witness)
Will you be my witness? (Witness)
D) story (short): I’m just ______(look) for a witness in all of this
______(look) for a witness to get me through this

Disponível em h�ps://www.letras.mus.br/katy-perry/
witness-2/traducao.htmlv06/02/2023

Referências bibliográficas
E) Study (valuable):
MURPHY, R. Essential Grammar in Use. Cambridge:
Cambridge University Press, 1998.

The Advanced Learner’s Dictionary of Current English.


Oxford: OUP.

CAMPOS, Giovana Teixeira. Manual compacto de gra-


mática da língua inglesa. São Paulo: Rideel, 2010.

4. Utilize o verbo to do no present continuous:


A) homework:
Exemplo: I am doing my homework.

53
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR FUNÇÕES DA LINGUAGEM
LÍNGUA PORTUGUESA
As funções da linguagem são formas de utilização
TEMA: COMUNICAÇÃO EM AÇÃO da linguagem segundo a intenção do falante.
Elas são classificadas em seis tipos: função refe-
HABILIDADE: (EM13LP06) Analisar efeitos de senti- rencial, função emotiva, função poética, função fática,
do decorrentes de usos expressivos da linguagem, função conativa e função metalinguística.
da escolha de determinadas palavras ou expres-
sões e da ordenação, combinação e contraposi- Função Referencial ou Denotativa
ção de palavras, dentre outros, para ampliar as
possibilidades de construção de sentidos e de uso Também chamada de função informativa, a fun-
crítico de língua. ção referencial tem como objetivo principal informar,
referenciar algo.
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP06B) Voltada para o contexto da comunicação, esse
Analisar as funções da linguagem como recursos tipo de texto é escrito na terceira pessoa (singular
expressivos da língua, considerando as diversas ou plural) enfatizando seu caráter impessoal.
situações textuais para conhecer as intencionali- Como exemplos de linguagem referencial pode-
dades comunicativas. mos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos
e cien�ficos. Todos eles, por meio de uma linguagem
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Gêneros discursivos denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver
(poemas, contos, crônicas, tiras, charges, diários, aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
propagandas, classificados, receitas, reportagens).
Elementos da comunicação. Funções da linguagem. Exemplo de função referencial

Matéria disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPIV1080. Acesso em: 08 maio 2023. Adaptada by: Ivair Alves.

54
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Função Emotiva ou Expressiva

Também chamada de função expressiva, na função emotiva o emissor tem como objetivo principal trans-
mitir suas emoções, sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião.
Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o emissor, uma vez que possui um caráter
pessoal.
Como exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas, os diários. Todos eles são marcados pelo
uso de sinais de pontuação, por exemplo, reticências, ponto de exclamação etc.

Exemplo de função emotiva

Função Poética

A função poética é característica das obras literárias que possui como marca a utilização do sentido cono-
tativo das palavras.
Nessa função, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será transmitida por meio da escolha
das palavras, das expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunicativo é a
mensagem.
Note que esse tipo de função não pertence somente aos textos literários. Também encontramos a função
poética na publicidade ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas (provérbios,
anedotas, trocadilhos, músicas).
Exemplo de função poética

Função Fática

A função fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a comunicação de modo que o mais im-
portante é a relação entre o emissor e o receptor da mensagem. Aqui, o foco reside no canal de comunicação.
Esse tipo de função é muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas expressões de cumprimento, sauda-
ções, discursos ao telefone etc.

55
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo de função fática Função Metalinguística

A função metalinguística é caracterizada pelo uso


da metalinguagem, ou seja, a linguagem que se refe-
re a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um
código utilizando o próprio código.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual
ou um documentário cinematográfico que fala sobre
a linguagem do cinema são alguns exemplos.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que
merecem destaque são as gramáticas e os dicionários.

Exemplos de função metalinguística


Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto
— Consultório do Dr. João, bom dia! define o que é escrita, bem como exemplifica a função
— Bom dia! Precisava marcar uma consulta para metalinguística.
o próximo mês, se possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda
semana. Entre os dias 7 e 11, qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.

Função Conativa ou Apelativa

Também chamada de apelativa, a função conativa


é caracterizada por uma linguagem persuasiva que
tem o intuito de convencer o leitor. Por isso, o grande
foco é no receptor da mensagem. Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI948 . Acesso em:
Essa função é muito utilizada nas propagandas, 09 maio 2022.
publicidades e discursos políticos, de modo a influen-
ciar o receptor por meio da mensagem transmitida. PRATICANDO
Esse tipo de texto costuma se apresentar na se-
gunda ou na terceira pessoa com a presença de verbos ATIVIDADE 1 (SEDUC-MA)
no imperativo e o uso do vocativo.
TEXTO 1
Exemplos de função conativa
1. Vote em mim! A VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA
2. Entre. Não vai se arrepender!
3. É só até amanhã. Não perca! Além de ser um constrangimento �sico ou moral,
a violência é um ato vergonhoso que acontece dia-
riamente, em todos os lugares do Brasil e no mundo.
Ninguém sai mais à rua seguro de que vai voltar ao
seu lar, muitas pessoas morrem e deixam famílias em
sofrimento, por causa de um assalto, uma bala perdida
ou outra causa de violência. Ao andar pelas ruas, nin-
guém mais confia em ninguém, todos ao se aproximar
de qualquer pessoa já ficam preocupadíssimos, sem-
pre achando que irão ser assaltados ou coisa pior(...).
Disponível em:< h�p://www.coladaweb.com/sociologia/
aviolencia-na-sociedade-brasileira>. Acesso em: 10 de
junho de 2019.

Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI1180 . Acesso em:


07 mar. 2023.

56
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
TEXTO 2 Texto 2

Disponível em: <h�ps://essaseoutras.com.br/melhores-charges-


sobre-violencia-e-criminalidade- critica-engracada/>. Acesso em
30/06/2019.

Os textos 1 e 2 diferenciam-se, quanto ao


1. gênero textual.
2. tema abordado.
3. objetivo do tema.
4. nível de linguagem.
5. público a que se destinam.

ATIVIDADE 2

O texto 1 “A violência na sociedade brasileira” tem


a função de
1. estabelecer uma crítica sobre o assunto.
2. convencer ao interlocutor a posicionar-se sobre o Disponível em: <h�p://nanairundiara.blogspot.com.br/2016/09/
atividades.ht>. Acesso em: 23 fev. 2019.
assunto.
3. informar ao interlocutor sobre o assunto.
Os textos 1 e 2 têm em comum o/a
4. interromper a comunicação sobre o assunto.
1. tipologia textual.
5. referir-se a própria linguagem explicando o assunto.
2. gênero textual.
3. assunto abordado.
ATIVIDADE 3 (SEDUC-MA)
4. linguagem utilizada.
5. função de linguagem.
Texto 1
SUGESTÃO PARA TRABALHO EM GRUPO
NO MEIO DO CAMINHO
Carlos Drummond de Andrade
Leia o texto a seguir.
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
55% DO PÚBLICO-ALVO AINDA NÃO TOMOU
tinha uma pedra no meio do caminho
A VACINA CONTRA A GRIPE EM SÃO LUÍS
tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Meta é vacinar 286 mil pessoas na capital mara-
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
nhense. Campanha vai até o dia 31 de maio. Cerca de
Nunca me esquecerei
55% do público-alvo ainda não foi imunizado durante
que no meio do caminho tinha uma pedra
a campanha de vacinação contra a gripe em São Luís.
tinha uma pedra no meio do caminho
A campanha vai até 31 de maio e busca imunizar ao
no meio do caminho tinha uma pedra.
Disponível em:<h�p://www.algumapoesia.com.br/Drummond/ menos 90% - equivalente a 286 mil pessoas - dos gru-
drummond04.htm>. Acesso em: 25 jan.2019. pos prioritários contra influenza, que são:
1. Gestantes
2. Crianças de 6 meses a menores de 6 anos
3. Puérperas (até 45 dias após o parto)
4. Pessoas com 60 anos ou mais

57
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
5. Trabalhadores da saúde ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM
6. Professores de escolas públicas e privadas
7. Povos indígenas CAÇA PALAVRAS - Procure as palavras que estão des-
8. Portadores de doenças crônicas não transmis- tacadas (acentos e cedilha foram excluídos):
síveis e outras condições clínicas especiais
9. Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob me- No início do nosso estudo, estudamos sobre a diferen-
didas socioeducativas ça entre textos: LITERARIO e não literário. São exem-
10. População privada de liberdade e os funcio- plos de textos literários: CONTO, CRONICA, FABULA,
nários do sistema prisional LENDA, NOVELA, POEMA, ROMANCE. São exemplos
11. Policiais civis e militares, bombeiros e mem- de textos não literários: ARTIGO, BULA, GUIAS DE
bros ativos das Forças Armadas VIAGEM, NOTICIA, RECEITA, ANUNCIO PUBLICITARIO.
Disponível em: h�ps://g1.globo.com/ma/maranhao/ Também foi explicada a diferença entre CONOTACAO
noticia/2019/05/18/55percent-do-publico-alvo- ainda-
e DENOTACAO. Na sequência, o estudo foi sobre o
nao-tomou-a-vacina-contra-a-gripe-em-sao-luis.ghtml.
Acesso em: 10 de junho de 2019. TROVADORISMO, onde prevaleciam as CANTIGAS:
de AMIGO, AMOR, ESCARNIO, MALDIZER, que foram
reunidas em CANCIONEIRO, e havia também a PRO-
SA TROVADORESCA. Seguindo, estudou-se o HUMA-
SAIBA MAIS NISMO, que marcou o início do RENASCIMENTO e da
BURGUESIA, e tinha como características o ANTROPO-
CENTRISMO, CIENTIFICISMO, RACIONALIDADE, entre
TRABALHO EM GRUPO outras. O marco inicial foi a nomeação de Fernão Lo-
pes para cronista-mor da TORRE DO TOMBO, em 1418.
Grupo “A”: Na aula subsequente, o conteúdo foi CLASSICISMO,
Sugestão: um retorno aos clássicos. O escritor mais importante
Organizar em uma folha de papel, uma descrição desse período é Luiz Vaz de CAMOES, autor de Os
da informação presente no texto lido que julga- LUSIADAS. Agora iniciaremos o estudo da Literatura
ram ser principal. Primeiramente, irão escrever no Brasileira, que é dividida em era COLONIAL, LITERA-
papel para, na outra etapa, apresentar oralmente TURA DE INFORMACAO, QUINHENTISMO, BARROCO
para
todos da turma. e ARCADISMO, e era nacional.

Grupo “B”: organizar a simulação de uma mini


dramatização de que estão recebendo um convite.
Sugestão:
Os estudantes estão passeando no shopping e são
informados da campanha de vacinação e convida-
dos para ir tomar a vacina em um posto. No momen-
to da simulaçãodo convite, devem ser pontuadas
as informações contidas no texto com o intuito de
sensibilizar os estudantes a irem a um posto de
saúde tomar a vacina contra a gripe.

Grupo “C”:
Sugestão:
Elaborar uma campanha publicitária de conscien-
tização sobre a importância da vacina.

58
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

59
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE: (EM13LP40) Analisar o fenômeno da pós verdade discutindo as condições e os mecanis-
mos de disseminação de fake News e também exemplos, causas e consequências desse fenômeno e da
prevalência de crenças e opiniões sobre fatos, de forma a adotar atitude crítica em relação ao fenômeno
e desenvolver uma postura flexível que permita rever crenças e opiniões quando fatos apurados as con-
tradisserem.

OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP40A) Relacionar procedimentos de checagem de fatos noticiados


e demais informações veiculadas nos sistemas de comunicação e informação responsáveis pelo fenômeno
da pós-verdade, apurando a veracidade e identificando os interesses implícitos nessas informações para
ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua.

OBJETOS DE CONHECIMENTO: Implícitos: subentendidos e pressupostos. Análise do discurso. Comparação


entre textos.

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS

Leia a tirinha a seguir.

EXPRESSÃO ORAL

Quem é a personagem?
Qual o tema abordado na tirinha?
Quais as reflexões podemos extrair a partir do tema abordado na tirinha?

Você já teve a impressão de ler um texto e depreender dele


algumas informações que não estavam escritas? Pois é, essa si-
tuação é muito comum e ser capaz de perceber as informações
“escondidas”, subentendidas ou pressupostas nos textos constitui
uma habilidade essencial de leitura.
A compreensão de implícitos é essencial para garantir um bom
nível de leitura. Em várias situações, aquilo que não é dito, mas
apenas sugerido, importa muito mais do que aquilo que é dito
abertamente.

Informação implícita: É a informação subentendida (não está escrito no texto) que dependerá das carac-
terísticas e conhecimento prévio da situação pelas pessoas envolvidas.

Informação explicita: É a informação literal que está escrita bem clara no texto.

Exemplo:
Graças a Deus, João parou de beber.

60
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A informação explicita é que João parou de beber. Por fim, achando ser chegada a hora, convo-
As informações implícitas podem ser várias como: cou ela o marido para o conciliábulo apartado no
o autor da frase viu de forma positiva ele parar de quarto. E tendo decidido ambos, comovidos, pelo
beber, João bebia antes, João bebia demais, João era ato solene, foi à esposa mais uma vez à cozinha
um alcoólatra. assar a massa açucarada, confeitar a super�cie.
Pronto o bolo, saíram juntos para levá-lo ao
EXPLICITOS E IMPLÍCITOS tabelião, a fim de que se lavrasse ato de adoção,
tornando- se ele legalmente incorporado à famí-
ATIVIDADES lia, com direito ao prestigioso sobrenome Silva, e
nome Hermógenes, que havia sido do avô.
1. Vamos começar analisando um texto. Imagine a (COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de
Janeiro: Rocco, 1986. p.57.)
seguinte situação:
03. No conto “Como um filho querido”, a esposa e o
Um professor de matemática encontra um ex-alu-
esposo foram ao tabelião com intuito de
no. Depois de conversarem um pouco, o professor
1. regularizar a situação de um parente regis-
pergunta:
trando seu nome.
― Quem está dando Matemática para você este 2. registrar o nome do filho querido que há 40
ano? anos fazia parte da família, mas não tinha re-
E o aluno responde: gistro.
― O professor Edson. 3. lavrar o ato de adoção do bolo no tabelionato,
― Ah. O Edson também é um bom professor. e assim, incorporá-lo à família como um filho
com direito ao sobrenome da família Silva.
Disponível em h�p://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/
Polissemia/729375.html 4. lavrar o ato de adoção do filho querido para
que o mesmo recebesse o nome do seu avô
Repare que, ao ler esse texto, você pode tirar al- paterno, Hermógenes.
gumas “conclusões” que não aparecem escritas, 5. registrar a receita do bolo no tabelionato em
certo? Pois bem. Agora, responda: homenagem ao avô paterno, o senhor Her-
a) Qual é a informação implícita presente no mógenes.
texto?
Leia o texto a seguir.
b) Que palavra é responsável por veicular a in-
formação implícita?
O Feitiço do sapo
c) Se o autor não tivesse utilizado essa palavra,
o sentido do texto seria o mesmo? Explique.
Todo lugar sempre tem um doido. Piririca da
Serra tem Zoio. Ele é um sujeito cheio de ideias,
2. Agora, identifique quais informações implícitas
fica horas falando e anda pra cima e pra baixo,
estão presentes em cada um dos textos a seguir
numa bicicleta pra lá de doida, que só falta voar. O
e circule a palavra que aponta para tais informa-
povo da cidade conta mais de mil casos de Zoio e
ções.
acha que tudo acontece, coitado, por causa da sua
a) A professora ainda não entregou as notas das
sincera mania de fazer “boas ações”. Outro dia,
provas. Zoio estava passando em frente à casa de Carmela,
b) O tempo continua chuvoso. quando a ouviu cantar uma bela e triste canção.
c) Todos tiraram 10 na prova, até o Sérgio. Zoio parou e pensou: que pena, uma moça tão
d) Lourdes é a professora menos chata que eu bonita, de voz tão doce, ficar assim triste e sem
tenho. apetite de tanto esperar um príncipe encantado.
Isto não era justo. Achou que poderia ajudar Car-
Leia o texto a seguir. mela a realizar seu sonho e tinha certeza de que
justamente ele era a pessoa certa para isso. Zoio
Como um filho querido se pôs a imaginar como iria achar um príncipe
para Carmela. Pensou muito para encontrar uma
Tendo agradado ao marido nas primeiras se- solução e finalmente teve uma grande ideia de
manas de casados, nunca quis ela se separar da jerico: foi até a beira do rio, pegou um sapo verde
receita daquele bolo. Assim, durante 40 anos, a e colocou-o numa caixa bem na porta da casa dela.
sobremesa louvada compôs sobre a mesa o al- (FURNARI, Eva. O feitiço do sapo. São Paulo: Editora Ática,
moço de domingo, e celebrou toda data em que 2006, p. 4 e 5. Fragmento.)
o júbilo se fizesse necessário.

61
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
04. (Adaptada) Colocar um sapo na porta da casa de Leia o texto a seguir.
Carmela foi uma ideia de jerico porque essa ideia
é NO MEIO DO CAMINHO
(A) secreta.
(B) maldosa. No meio do caminho tinha uma pedra
(C) perversa. Tinha uma pedra
(D) absurda. No meio do caminho
(E) boa. Tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma
pedra.
Leia o texto a seguir.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
O beija-flor Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
O beija-flor é um dos menores pássaros do tinha uma pedra
mundo, chega a medir apenas 5,5 cm de compri- Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
mento… ANDRADE, C. D. de. Uma pedra no meio do caminho:
O beija-flor faz seu ninho em forma de taças, Biografia de um poema. Rio de Janeiro:Editora do Autor,
de construção delicada e ar�stica. O beija-flor se 1967.
alimenta de néctar das flores e insetos. O voo do
beija-flor é �pico… 07. O verso “No meio do caminho tinha uma pedra”,
O beija-flor põe dois ovos minúsculos, arre- infere-se que
dondados, de cor branca. (A) existem obstáculos ao longo da vida.
(O Estado de S. Paulo, Estadinho, 30/08/1997.) (B) a pedra impede nossa passagem.
(C) o caminho é feito de pedras.
05. Do trecho “O beija-flor faz seu ninho em forma de (D) os olhos enxergam apenas pedras.
taças, de construção delicada e ar�stica”, pode- se (E) a pedra existia por causa das retinas fatigadas.
entender que o beija-flor é
(A) original. Leia o texto a seguir.
(B) emotivo.
(C) habilidoso. O DRAMA DAS PAIXÕES PLATÔNICAS
NA ADOLESCÊNCIA
(D) compreensivo.
(E) descuidado.
Bruno foi aprovado por três dos sentidos de
Camila: visão, olfato e audição. Por isso, ela preci-
Leia o texto a seguir.
sa conquistá-lo de qualquer maneira. Matriculada
no 8º ano, a garota está determinada a ganhar o
Erro de português gato do 3º ano do Ensino Médio e, para isso, conta
com os conselhos de Tati, uma especialista na arte
Quando o português chegou da azaração. A tarefa não é simples, pois o moço
Debaixo de uma bruta chuva só tem olhos para Lúcia – justo a maior “crânio”
Vestiu o índio da escola. E agora, o que fazer? Camila entra em
Que pena! dieta espartana e segue as leis da conquista ela-
Fosse uma manhã de sol boradas pela amiga.
O índio tinha despido Fonte: Revista Escola, março 2004, p. 63
O português.
Disponível em: h�ps://www.escritas.org/pt/t/7797/erro- 08. No texto, pode se deduzir que Bruno
de-portugues . Acesso em: 10 maio 2022. (A) chama a atenção das meninas.
(B) é mestre na arte de conquistar.
06. Na primeira estrofe, os versos “Quando o portu- (C) pode ser conquistado facilmente.
guês chegou/ Debaixo de uma bruta chuva/ Vestiu (D) tem muitos dotes intelectuais.
o índio” está implícito que o (E) sabe sobre as leis da conquista.
(A) índio estava no inverno.
(B) português era educado. Leia o texto abaixo.
(C) índio era amistoso.
(D) português colonizou ao índio. Vaca Estrela e Boi Fubá
(E) português cuidou do índio.
Quando era de tardezinha
Eu começava a aboiar

62
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Ê, Vaca Estrela, ô, Boi Fubá. A onça não teve remédio senão largar o ma-
Aquela seca medonha caco, que escapou, e também o juiz atirando-se
Fez tudo se estropiar na água.
Não nasceu capim no campo Disponível em: <h�p://www.pt.wikisource.org/wiki/Triste_
Fim_de_Policarpo.../I/II.> Acesso em: 22 fev. 2010.
Para o gado sustentar
Ê, Vaca Estrela, ô, Boi Fubá.
Hoje nas terras do sul De acordo com esse texto, conclui-se que a onça
Longe do torrão natal era
Quando eu vejo em minha frente (A) humilde.
Uma boiada passar (B) ingrata.
As águas correm dos olhos (C) paciente.
Começo logo a chorar. (D) vingativa.
[...] (E) agradecida.
Disponível em: <h�p://www.vagalume.com.br/patativa-
do-assare/vaca-estrela-e-boi-fuba 11. (AvaliaBH). Leia o texto abaixo.
No ano 3000
09. Na letra da canção, a linguagem utilizada pelo eu No ano 3000
lírico, especialmente em alguns versos, caracte- Os homens já vão ter
riza-o como se cansado das máquinas
(A) cantor. e as casas serão novamente românticas.
(B) lavrador.
(C) vaqueiro. O tempo vai ser usado sem pressa:
(D) caboclo. gerânios enfeitarão as janelas,
(E) sertanejo. amigos escreverão longas cartas.

10. (AvaliaBH). Leia o texto a seguir e responda. Cientistas inventarão novamente o bonde, a char-
rete.
O macaco perante o Juiz de Direito Pianos de cauda encherão as tardes de música
e a terra flutuará no céu
Andavam um bando de macacos em troça, muito mais leve, muito mais leve.
pulando de árvore em árvore, nas bordas de uma MURRAY, Roseana. Casas. Belo Horizonte: Formato, 1994,
p.14.
grota. Eis senão quando um deles vê no fundo
uma onça que lá caíra. Os macacos se enternecem
e resolvem salvá-la. Para isso, arrancaram cipós, Na primeira estrofe, o eu lírico, ou seja, aquele
emendaram-nos bem, amarraram a corda assim que se expressa no poema,
feita à cintura de cada um deles e atiraram uma 1. apresenta os objetos abandonados.
das pontas à onça. Com o esforço reunido de to- 2. descreve as relações de amizade.
dos, conseguiram içá-la e logo se desamarraram, 3. mostra os novos inventos.
fugindo. Um deles, porém, não o pôde fazer a 4. prevê como será o mundo no futuro.
tempo e a onça segurou-o imediatamente. 5. discute a agilidade do tempo.
– Compadre macaco, disse ela, tenha paciên-
cia. Estou com fome e você vai fazer-me o favor (Equipe PIP). Leia o texto a seguir.
de deixar-se comer.
O macaco rogou, instou, chorou; mas a onça O IMPÉRIO DA VAIDADE
parecia inflexível. Simão então lembrou que a de-
manda fosse resolvida pelo juiz de direito. Foram Você sabe por que a televisão, a publicida-
a ele, o macaco sempre agarrado pela onça. É juiz de, o cinema e os jornais defendem os músculos
de direito, entre os animais, o jabuti, cujas audi- torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos
ências são dadas à borda dos rios, colocando-se longilíneas e as academias de ginástica? Porque
ele em cima de uma pedra. Os dois chegaram e o tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala
macaco expôs as suas razões. do afeto e do respeito entre duas pessoas comuns,
O jabuti ouviu e no fim ordenou: mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem
– Bata palmas. piquenique na praia?
Apesar de seguro pela onça, o macaco pôde Porque isso não dá dinheiro para os nego-
assim mesmo bater palmas. Chegou a vez da onça, ciantes, mas dá prazer para os participantes. O
que também expôs suas razões e motivos. prazer é �sico, independentemente do �sico que
– Bata palmas. se tenha: namorar, tomar milk-shake, sentir o sol

63
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, HABILIDADE: (EM13LP06) Analisar efeitos de senti-
ficar em casa sem fazer nada. Os melhores pra- do decorrentes de usos expressivos da linguagem,
zeres são de graça - a conversa com o amigo, o da escolha de determinadas palavras ou expressões
cheiro do jasmim, a rua vazia de madrugada – e e da ordenação, combinação e contraposição de pa-
a humanidade sempre gostou de conviver com lavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades
eles. Comer uma feijoada com os amigos, tomar de construção de sentidos e de uso crítico de língua.
uma caipirinha no sábado também é uma grande
pedida. Ter um momento de prazer é compensar OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP06A)
muitos momentos de desprazer. Relaxar, descan- Empregar os recursos linguísticos de coesão (pre-
sar, despreocupar-se, desligar-se da competição, posições, conjunções, pronomes, advérbios), anali-
da áspera luta pela vida - isso é prazer. sando textos de diferentes gêneros discursivos para
Mas vivemos num mundo onde relaxar e des- permitir a produção crítica de relações lógico-dis-
ligar-se se tornou um problema. O prazer gratui- cursivas em vários tipos de possibilidades textuais.
to, espontâneo, está cada vez mais di�cil. O que
importa, o que vale, é o prazer que se compra e OBJETOS DE CONHECIMENTO: Argumentação. Vo-
se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da zes do discurso. Polissemia. Fato e opinião.
competição. Estamos submetidos a uma cultura
atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neu- Argumentação
róticos. As filhas precisam ser Xuxas, as namora-
das precisam ser modelos que desfilam em Paris, Argumentação é um recurso da linguagem usada
os homens não podem assumir sua idade. na defesa de um ponto de vista acerca de um assunto
Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu em situações de debate e discussão de ideias.
contrário: um massacre da indústria e do comér-
cio. Querem que sintamos culpa quando nossa
silhueta fica um pouco mais gorda, não porque
querem que sejamos mais saudáveis - mas por-
que, se não ficarmos angustiados, não faremos
mais regimes, não compraremos mais produtos
dietéticos, nem produtos de beleza, nem roupas
e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da
nossa insegurança, da nossa angústia.
O único valor coerente que essa cultura apre-
senta é o narcisismo.
(LEITE, Paulo Moreira. O império da vaidade. Veja, 23 ago. Os debates formais, ou mesmo os informais, exi-
1995. p. 79) gem uma ótima capacidade argumentativa por parte
dos participantes.
12. O autor pretende influenciar os leitores para que A argumentação é um processo linguístico que
eles envolve a defesa de uma ideia ou ponto de vista por
(A) evitem todos os prazeres cuja obtenção de- parte de quem argumenta. Ela é usada em diversas
pende de dinheiro. situações do cotidiano, como em debates formais ou
(B) excluam de sua vida todas as atividades in- informais ou mesmo em situações familiares.
centivadas pela mídia. Apesar de muito usual nas relações humanas, uma
(C) sejam mais críticos em relação ao incentivo boa argumentação pede melhor clareza na exposição
do consumo pela mídia. do raciocínio que embasará uma tese (ponto de vista)
(D) fiquem mais em casa e voltem a fazer os pro- a ser defendida, principalmente em sua composição
gramas de antigamente. escrita. Em textos como o dissertativo-argumentativo
(E) se tornem adeptos da televisão, publicidade ou a carta argumentativa, o autor precisa, além do
e cinema. conhecimento do gênero, saber fazer uso dos princi-
pais recursos linguísticos e entender o contexto para
a escolha do tipo de argumentação mais adequado.

Resumo sobre argumentação


• A argumentação é um recurso linguístico usado
para influenciar o leitor sobre um ponto de vista
ou uma opinião.
• Os operadores argumentativos compõem a
construção linguística dos argumentos, sendo

64
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
também conhecidos por dar linearidade e se- • Condição: apresenta um enunciado como sendo
quência no raciocínio. condição para que outro ocorra. Os operadores mais
• A argumentação pode ser feita pelos seguintes conhecidos são: se; caso; desde que; contanto que;
tipos: argumento de autoridade, argumento a menos que; a não ser que etc.
histórico, argumento de exemplificação, argu- Exemplo: Desde que você estude, poderá ser
mento de comparação e argumento de racio- aprovado no exame.
cínio lógico.
• Comparação: utilizada com frequência para se
O que é argumentação estabelecer uma relação comparativa de igualdade,
superioridade ou inferioridade. Os conectivos utiliza-
Argumentação consiste em uma atividade dis- dos são: tão… quanto; tão menos… quanto; tão mais…
cursiva (falada ou escrita) utilizada no intuito de in- quanto; tanto quanto; menos… (do) que; mais … (do)
fluenciar determinado interlocutor por meio de ar- que.
gumentos. Os argumentos demandam uma estrutura Exemplo: As instituições são tão importantes
composta por: quanto as pessoas.
a) apresentação e organização de ideias;
b) estruturação do raciocínio em defesa de um • Finalidade: constrói uma ideia de propósito por
ponto de vista (tese). meio dos seguintes operadores: para; a fim de; com
A argumentação, nesses termos, pode ser en- o objetivo de; com o intuito de; com o propósito de;
tendida como um processo em que, em diferentes com a intenção de etc. Exemplo: A teoria foi desen-
contextos, o indivíduo precisa defender uma tese e volvida a fim de explicar determinados fenômenos
persuadir o seu interlocutor. nas relações sociais.

Operadores argumentativos • Conclusão: corresponde ao fechamento de uma


ideia, envolvendo um raciocínio geral ou específico
A argumentação apresenta, em sua construção, de uma questão apontada. Apresenta-se com os se-
um elemento linguístico essencial em sua elabora- guintes operadores: portanto; logo; então; assim; por
ção: os operadores argumentativos. Eles correspon- isso; por conseguinte; de modo que; em vista disso;
dem a um conjunto de conjunções, advérbios e ex- pois (após o verbo).
pressões de ligação que estabelecem uma diversidade Exemplo: Foucault, portanto, defende a ideia de
de relações. uma sociedade construída por meio de uma série de
mecanismos de controle.
Assim, a depender do tipo de relação que o ope-
rador argumentativo estabelece, ele pode ser classi- → Videoaula sobre operadores argumentativos
ficado de maneira específica. Vejamos alguns dessas
relações postas em funcionamento: Tipos de argumentação

• Junção: faz um acréscimo de argumentos em Existem várias formas de se construir a argumen-


favor ou contra uma conclusão. Os mais conhecidos tação em um texto. A seguir, listaremos os cinco tipos
são: e; e nem; e também; como também; mas tam- de argumentação mais utilizados e conhecidos.
bém; tanto… como; além de; além disso; ainda etc.
Exemplo: Ele foi e não voltou. 1) Argumento de autoridade: é quando se utiliza
uma personalidade de determinada área ou institui-
• Oposição: faz uma relação de termos/frases/ ção conceituada de pesquisa para reforçar as ideias
orações com orientações opostas. Geralmente é re- e persuadir o leitor sobre uma opinião.
presentado por: mas; porém; contudo; todavia; en- Exemplo: Segundo pesquisa do Centro de Pes-
tretanto; no entanto etc. Exemplo: O governo fez altos quisa em Macroeconomia das Desigualdades da Uni-
investimentos em educação, mas o Brasil ainda ocupa versidade de São Paulo (Made/USP), 1% dos homens
os piores lugares nos rankings internacionais. brancos ricos recebe mais do que todas as mulheres
negras do Brasil.
• Causa: os enunciados se apresentam como cau-
sa ou explicação para que outro ocorra. Os principais 2) Argumento histórico: utiliza como forma de
operadores são: porque; pois; como; por isso que; já comprovação uma série de acontecimentos e fatos
que; visto que; uma vez que etc. históricos que remetem ao tema em discussão.
Exemplo: Devemos racionar o consumo de água, Exemplo: Os problemas de desigualdade social
pois ela está em extinção. no país nos remetem às práticas racistas herdadas

65
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
pelas instituições e pela população desde o período Em quarto, a argumentação precisa fechar o seu
escravista, com início no século XVI. ciclo retomando a tese inicial. É importante que o lei-
tor identifique que os argumentos utilizados possuem
3) Argumento de exemplificação: pode apresen- relação com o ponto de vista defendido pelo autor.
tar, por exemplo, narrativas cotidianas para evidenciar Por isso, a argumentação precisa ser linear e feita de
um problema e, assim, ajudar na fundamentação do maneira lógica e estratégica, evitando confusões in-
ponto de vista. Exemplo: A violência contra a mulher terpretativas por parte do leitor.
pode ser percebida, em termos práticos, por exemplo, Com o projeto textual definido, é possível partir
nas sucessivas agressões sofridas por Maria da Penha para a escrita. Nessa etapa, vale o domínio da es-
durante o seu casamento; hoje, além de ela ser uma trutura do gênero textual e da linguagem a serem
ativista pela causa, tem seu nome designando a lei de utilizadas. Os operadores argumentativos são os ele-
proteção às mulheres. mentos linguísticos responsáveis, durante o processo
de produção textual, pela construção de uma boa ar-
4) Argumento de comparação: faz um comparati- gumentação. O uso inadequado dos operadores pode
vo entre ideias distintas a fim de construir um ponto resultar em um problema ou falha na argumentação,
de vista apontando semelhanças ou diferenças entre tornando o seu texto confuso e incapaz de persuadir
as noções comparadas. Exemplo: Na Finlândia, as me- o leitor.
lhorias na educação passaram, nos últimos 20 anos,
pelo menos, por uma sucessão de políticas voltadas Gêneros argumentativos
para a valorização do professor e capacitação profis-
sional. Já no Brasil, o piso nacional continua muito A argumentação, enquanto recurso de linguagem,
abaixo da média nacional e há um déficit na formação pode ser usada em textos com características distin-
de boa parte dos profissionais. tas, apesar de manterem a ideia central de persuadir
o leitor. Como exemplos de texto argumentativo, te-
5) Argumento por raciocínio lógico: uma forma mos a crônica argumentativa, a carta argumentativa,
de compor as ideias com base nas relações de causa o editorial e o texto dissertativo-argumentativo.
e efeito, gerando uma interpretação que pode ir de
encontro com a tese defendida. Exemplo: O aumen- Como fazer um bom texto argumentativo
to da pena e da lógica punitiva no sistema penal em
outras regiões do globo não resultou em uma diminui- A criação de um bom texto argumentativo passa
ção da violência, logo, o aumento da pena e a maior pelas seguintes etapas:
rigidez no sistema brasileiro devem gerar as mesmas • estudar os aspectos gramaticais pertinentes ao
consequências. desenvolvimento de um bom texto argumen-
tativo;
Como fazer uma boa argumentação • ter bom domínio sobre o tema, realizando pes-
quisas e coletando informações necessárias
Para desenvolver uma boa argumentação, é pre- para uma melhor preparação;
ciso ter definido, primeiramente, a tese ou o ponto • compreender o gênero textual, isto é, sua es-
de vista a ser defendido. Em outros termos, é preciso trutura e regras de formação;
responder à seguinte questão: qual é a minha opinião • identificar o público — para quem você está
sobre o assunto? escrevendo? — e, com base nessa informação,
Em segundo, com a tese definida, a argumentação fazer as escolhas de acordo com o contexto;
deve girar em torno dela. Assim, deve-se pensar na se- • expor as ideias de forma linear e clara ao pú-
guinte questão: quais são os argumentos que melhor blico;
se encaixam e validam minha opinião? (Lembre-se, • marcar o posicionamento ou, em outras pa-
aqui, dos tipos de argumentação e quais estão mais lavras, deixar explícito ao leitor qual é a tese
adequados ou você considera mais interessante de defendida.
serem usados).
As etapas anteriores correspondem ao processo
de planejamento da argumentação. No processo de
escrita, ou terceira etapa, o autor precisa conhecer o
formato em que o seu texto vai aparecer, ou seja, qual
gênero textual será usado. Trata-se de um debate?
Um texto dissertativo-argumentativo? Conhecer as
regras de construção do texto ajuda em uma melhor
elaboração da argumentação.

66
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
FUNÇÃO DA CONEXÇÃO CONECTIVOS
e, além disso, não só..., mas também, depois, finalmente, seguidamente,
ADIÇÃO em primeiro lugar, em seguida, por um lado, por outro lado, adicional-
mente, ainda, mesmo modo, pela mesma razão, igualmente, também,
de novo etc.
OPOSIÇÃO Porém, contrariamente, em vez de, pelo contrário, por oposição, ainda
assim, mesmo assim, apesar de, contudo, no entanto, por outro lado etc.
CONCLUSÃO Logo, pois, assim, por isso, por conseguinte, portanto, enfim, em conclusão,
concluíndo, em suma etc.
CONCESSÃO Apesar de, ainda que, embora, mesmo que, por mais que, se bem que,
ainda assim, mesmo assim...
DÚVIDA Talvez, é provável, é possível, provavelmente, porventura etc.
CERTEZA é evidente que, certamente, decerto, com toda a certeza, naturalmente,
evidentemente etc.
CAUSA pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa
de, posto que, em virtude de, devido a, graças a etc.
EXEMPLIFICAÇÃO por exemplo, exemplificando, isto é, tal como, em outras palavras, em
particular etc.
COMPARAÇÃO da mesma maneira, da mesma forma, como, similarmente, correspon-
dentemente, assim como etc.

MOMENTO ENEM O texto publicitário apresenta a oposição entre “im-


possível”, “impraticável”, “não” e “sim, “sim”, “sim”.
ATIVIDADES Essa oposição, usada como um recurso argumentati-
vo, tem a função de
QUESTÃO 1 (A) minimizar a importância da invenção do avião por
(Enem) Santos Dumont.
(B) mencionar os feitos de grandes empreendedores
DIGA NÃO AO NÃO da história do Brasil.
Quem disse que alguma coisa é impossível? (C) ressaltar a importância do pessimismo para pro-
Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que, mover transformações.
segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido. (D) associar os empreendimentos da empresa petro-
“Impossível”. lífera a feitos históricos.
“Impraticável”. (E) ironizar os empreendimentos rodoviários de Vis-
“Não”. conde de Mauá no Brasil.
E ainda assim, sim.
Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar QUESTÃO 2
a bordo de um (Enem)
avião, impulsionado por um motor aeronáutico.
Sim, Visconde de Mauá, um dos maiores empreen- COM NICIGA, PARAR DE FUMAR FICA MUITO MAIS
dedores do Brasil, FÁCIL.
inaugurou a primeira rodovia pavimentada do país. 1. Fumar aumenta o número de receptores do seu
Sim, uma empresa brasileira também inovou no país. cérebro que se ativam com nicotina.
Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro. 2. Se você interrompe o fornecimento de uma vez, eles
Foi a primeira empresa privada a produzir petróleo enlouquecem e você sente os desagradáveis sintomas
na Bacia de Campos. da falta do cigarro.
Desenvolveu um óleo combus�vel mais limpo, o OC 3. Com seus adesivos transdérmicos, Niciga libera
Plus. nicotina terapêutica de forma controlada no seu or-
O que é necessário para transformar o não em sim? ganismo, facilitando o processo de parar de fumar e
Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar. ajudando a sua força de vontade. Com Niciga, você
E quando o problema parece insolúvel, quando o de- tem o dobro de chances de parar de fumar.
safio é muito
duro, dizer: vamos lá. Para convencer o leitor, o anúncio emprega como re-
Soluções de energia para um mundo real. curso expressivo, principalmente,
(Jornal da ABI. Número 336, dez. De 2008 – adaptado) (A) as rimas entre Niciga e nicotina.

67
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(B) o uso de metáforas como “força de vontade”. dade está ficando muito chata’’, disse desconsolado.
(C) a repetição enfática de termos semelhantes como Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
“fácil” e “facilidade”. práticas de linguagem, assumindo funções específicas,
(D) a utilização dos pronomes de segunda pessoa, que formais e de conteúdo. Considerando o contexto em
fazem um apelo direto ao leitor. que circula o artigo de opinião, seu objetivo básico é:
(E) a informação sobre as consequências do consumo (A) definir regras de comportamento social pautadas
do cigarro para amedrontar o leitor. no combate ao preconceito.
(B) influenciar o comportamento do leitor por meio
QUESTÃO 3 de apelos.
Principal investigação sobre “black blocs” termina (C) defender a importância do conhecimento das vá-
sem acusar ninguém. rias condutas morais na sociedade.
Folha de São Paulo – 25/01/2016 (D) apresentar as diversas opiniões sobre as diferen-
ças sociais.
Dois anos e cerca de 300 testemunhos depois, a princi- (E) ironizar determinada prática social em relação às
pal investigação sobre a tática de destruição dos “bla- diferenças.
ck blocs” durante as manifestações de 2013 e 2014 em
São Paulo foi concluída sem um único indiciamento. 5- Leia o texto a seguir.
A cargo da Polícia Civil, o chamado “inquérito-mãe”
sobre o tema não teve êxito, segundo policiais e pro- Coragem
motores entrevistados, porque não conseguiu indivi-
dualizar as condutas criminosas. “A pior coisa do mundo é a pessoa não ter cora-
Os investigados foram arrolados pela suspeita de orga- gem na vida”. Pincei essa frase do relato de uma moça
nização criminosa, que se configura pela associação de chamada Florescelia, nascida no Ceará e que passou
três ou mais pessoas para a prática de crimes. Ainda (e vem passando) poucas e boas: a morte da mãe
assim, faltaram elementos para responsabilizá-los e quando tinha dois anos, uma madrasta cruel, uma vida
uma argumentação jurídica sólida. sem porto fixo, sem emprego fixo, mas com sonhos
diversos que lhe servem de sustentação. Ela segue em
A no�cia, do ponto de vista de seus elementos cons- frente porque tem o combus�vel que necessitamos
titutivos, para trilhar o longo caminho desde o nascimento até
(A) apresenta argumentos contra o movimento “black a morte. Coragem.
blocs”. Quando eu era pequena, achava que coragem era
(B) informa sobre uma ação e o resultado dessa ação. o sentimento que designava o ímpeto de fazer coisas
(C) dirige-se aos órgãos governamentais dos estados perigosas, e por perigoso eu entendia, por exemplo,
envolvidos na referida operação. andar de tobogã, aquela rampa alta e ondulada em
(D) introduz um fato com a finalidade de incentivar que a gente descia sentada sobre um saco de algodão
movimentos sociais. ou coisa parecida.
(E) questionar a tática de destruição dos “black blocs”. Por volta dos nove anos, decidi descer o tobogã,
mas na hora H, amarelei. Faltou coragem. Assim como
QUESTÃO 4 faltou também no dia em que meus pais resolveram
Fomos treinados para o preconceito. Libertar-se ir até a Ilha dos Lobos, em Torres, num barco de pes-
disso pode ser assustador – Leonardo Sakamoto – cador. No momento de subir no barco, desisti. Foram
16/01/2016 meu pai, minha mãe, meu irmão, e eu retornei sozi-
Deve ser assustador para uma pessoa que cresceu nha, caminhando pela praia, até a casa da vó.
no seio da tradicional família brasileira, foi educada Muita coragem me faltou na infância: até para
em escolas com métodos e conteúdos convencionais colar durante as provas eu ficava nervosa. Mentir para
e espiritualizada em igrejas e templos conservadores, pai e mãe, nem pensar. Ir de bicicleta até ruas muito
conviveu em espaços de socialização que não questio- distantes de casa, não me atrevia. Travada desse jeito,
nam o passado apenas o reafirmam e, é claro, assistiu desconfiava que meu futuro seria bem diferente do
a muita, muita TV, de repente, ser bombardeada com das minhas amigas.
novas “regras’’ e “normas’’ de vivência, diferentes da- Até que cresci e segui medrosa para andar de he-
quelas com as quais está acostumada. licóptero, escalar vulcões, descer corredeiras d’água.
Ouvi um desabafo sincero do pai de uma amiga que No entanto, aos poucos fui descobrindo que mais
não entendia como as coisas estavam mudando as- importante do que ter coragem para aventuras de
sim tão rápido. Ele reclamava que tirar uma da cara fim de semana, era ter coragem para aventuras mais
do “amigo que era mais gordinho’’ era só “coisa de definitivas, como a de mudar o rumo da minha vida
criança’’ e não bullying passível de punição. “A socie- se preciso fosse.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Coragem, mesmo, é preciso para terminar um HABILIDADE: (EM13LP06) Analisar efeitos de senti-
relacionamento, trocar de profissão, abandonar um do decorrentes de usos expressivos da linguagem,
país que não atende nossos anseios, dizer não para da escolha de determinadas palavras ou expressões
propostas lucrativas, porém vampirescas, optar por e da ordenação, combinação e contraposição de pa-
um caminho diferente do da boiada, confiar mais na lavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades
intuição do que em esta�sticas, arriscar-se a decep- de construção de sentidos e de uso crítico de língua.
ções para conhecer o outro lado da vida convencional.
E, principalmente, coragem para enfrentar a própria OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP06B)
solidão e descobrir o quanto ela fortalece cada ser Analisar as funções da linguagem como recursos
humano. expressivos da língua, considerando as diversas
Não subi no barco quando criança – e não gosto situações textuais para conhecer as intencionali-
de barcos até hoje. Vi minha família sair em expedi- dades comunicativas.
ção pelo mar e voltei sozinha pela praia, uma criança (GO-EMLP06A) Empregar os recursos linguísticos
ainda, caminhando em meio ao povo, acreditando que de coesão (preposições, conjunções, pronomes,
era medrosa. Mas o que parecia medo era a coragem advérbios), analisando textos de diferentes gêne-
me dando as boas-vindas, me acompanhando naque- ros discursivos para permitir a produção crítica de
le recuo solitário, quando aprendi que toda escolha relações lógico-discursivas em vários tipos de pos-
requer ousadia. sibilidades textuais.
MEDEIROS, Marta. A graça das coisas. Porto Alegre – RS:
L&PM, 2014. p.90-91 (adaptado).
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Argumentação. Vo-
Nota-se no texto uma exposição subjetiva sobre o zes do discurso. Gêneros discursivos (poemas, con-
conceito de coragem. Nessa exposição, como a co- tos, crônicas, tiras, charges, diários, propagandas,
ragem foi definida? JUSTIFIQUE com elementos do classificados, receitas, reportagens). Modalização.
texto.

TEXTOS ARGUMENTATIVOS

É um tipo textual que consiste na defesa de uma


ideia por meio de argumentos, opinião e explicações
fundamentadas.
Este tipo de texto tem como objetivo central a for-
mação de opinião do leitor. Assim, ele é caracterizado
por tentar convencer ou persuadir o interlocutor da
mensagem através da argumentação.
Ao produzirmos um texto, o nosso foco principal
deve ser a função social que ele tem, ou seja, devemos
tentar entender as razões que nos levam a produzir
determinado tipo de texto. No caso dos textos argu-
mentativos, devemos ter em mente que a principal
função é: defesa de posicionamento.

Estrutura do texto dissertativo-argumentativo

Introdução – Na introdução deve ser mencionado


o tema central que será abordado no texto de modo
a situar o interlocutor.
Desenvolvimento – Todas as ideias mencionadas
na introdução devem ser desenvolvidas de forma opi-
nativa e argumentativa nessa parte do texto, cuja di-
mensão deve compreender cerca de 50% do mesmo.
Conclusão - A conclusão deve ser uma síntese
do problema abordado, mas com considerações que
expressam o resultado do que foi pensado ao longo
do texto.

69
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A impessoalização da linguagem • Dica 3: Opte por um agente inanimado
Essa é outra maneira eficiente de impessoalizar
A impessoalização da linguagem é uma técnica a linguagem do texto. Ao optar por um agente inani-
muito utilizada nos textos do tipo dissertativo-argu- mado, a responsabilidade em relação à ação estará
mentativo, servindo para eliminar marcas de subjeti- diluída, já que não será possível identificar com pre-
vidade do discurso. cisão seu agente. Exemplos:
Você já deve saber que uma das características A diretoria da empresa indicou um novo coorde-
principais do texto dissertativo-argumentativo é a nador.
impessoalidade da linguagem. Para escrever textos Os parlamentares votaram um projeto de lei.
de uma maneira mais formal, às vezes é necessário O governo não entregou a obra.
impessoalizá-los, isto é, omitir os agentes do discurso
para ocultar nossa opinião pessoal e as diversas vozes • Dica 4: Uso gramatical do sujeito indetermi-
que compõem um texto. Esse tipo de postura serve nado
para atenuar a dialogia e contribuir para uma posição Ao adotar essa técnica, você não permitirá que o
impessoal sobre determinados assuntos. leitor identifique com precisão o agente da ação. Ela
Quer um exemplo? Imaginemos a seguinte situa- é muito útil principalmente quando, no texto, surgir
ção: Você vai prestar algum concurso ou vestibular e alguma informação da qual você desconhece a exata
o tema da redação é “A redução da maioridade penal: procedência:
você concorda?”. Provavelmente você deve ter uma Aprende-se na escola a importância da preserva-
opinião formada sobre o tema, o que não significa, ção da natureza.
no entanto, que você precise redigir a defesa de seu Acreditava-se que o Brasil erradicaria a miséria
ponto de vista na primeira pessoa. Pode ser que você e a pobreza.
tenha passado por alguma experiência pessoal que Fala-se muito sobre o problema da violência.
justifique o desenvolvimento de seu raciocínio, mas
ainda assim é preciso deixar a narrativização de lado • Dica 5: Uso da voz passiva
e optar por elementos que afastem as emoções e as Empregar a voz passiva é uma outra maneira que
questões pessoais de seu texto. contribui bastante para a impessoalização do discurso.
Gramaticalmente, há várias maneiras para que Isso acontece porque, ao utilizarmos a voz ativa, apre-
você alcance a impessoalização da linguagem do seu sentamos um agente explícito, enquanto na voz passi-
texto. Para que você entenda melhor sobre o assunto, va esse agente poderá estar oculto. Veja os exemplos:
o Brasil Escola preparou algumas dicas de redação As novas descobertas sobre a cura da AIDS fo-
que certamente irão facilitar esse processo. Vamos ram realizadas em centros de estudo e laboratórios
lá? Boa leitura e bons estudos! cubanos.
Está sendo comprovada a importância da escrita
• Dica 1: Generalizar o sujeito, colocando-o no à mão no processo de aprendizado.
plural
Essa é uma maneira eficiente de distanciar-se das RECORDANDO
emoções e da subjetividade em um texto dissertativo- Conectivos são palavras ou expressões que inter-
-argumentativo. Para isso, você deverá evitar o discur- ligam as frases, períodos, orações, parágrafos, permi-
so na primeira pessoa (eu) e adotar o uso da primeira tindo a sequência de ideias.
e da terceira pessoa do plural (nós e eles): expressões Esse papel é desempenhado, sobretudo, pelas
como cientistas reconhecem, nossas conclusões e conjunções, palavras invariáveis usadas para ligar os
procuramos demonstrar são menos pessoais do que termos e orações em um período. Além disso, alguns
reconheço, minha conclusão e procurei demonstrar. advérbios e pronomes também podem exercer essa
função.
• Dica 2: Ocultar o agente
Expressões do tipo: é importante, é preciso, é in- FUNÇÃO DA CONECTIVOS
dispensável, é urgente contribuem com o propósito da CONEXÇÃO
neutralidade, pois ocultam o agente da oração. Para e, além disso, não só..., mas tam-
quem é importante? Para quem é preciso? Para quem ADIÇÃO bém, depois, finalmente, segui-
é indispensável? Para quem é urgente? As perguntas damente, em primeiro lugar, em
ficam sem respostas porque não é possível definir o seguida, por um lado, por outro
agente com clareza, o que neutraliza o discurso, além lado, adicionalmente, ainda, mes-
de deixá-lo mais objetivo. mo modo, pela mesma razão,
igualmente, também, de novo etc.

70
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
OPOSIÇÃO Porém, contrariamente, em vez tencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece,
de, pelo contrário, por oposição, porque, como já estudado pelo historiador José Murilo
ainda assim, mesmo assim, apesar de Carvalho, para que haja uma cidadania comple-
de, contudo, no entanto, por outro ta no Brasil é necessária a coexistência dos direitos
lado etc. sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se
CONCLUSÃO Logo, pois, assim, por isso, por con- que, quando o pilar civil não é garantido – em outras
seguinte, portanto, enfim, em con- palavras, a não efetivação do direito devido à falta do
clusão, concluíndo, em suma etc. registro em cartório –, não é possível fazer com que a
CONCESSÃO Apesar de, ainda que, embora, cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma,
mesmo que, por mais que, se bem da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais velho”
que, ainda assim, mesmo assim... de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros
DÚVIDA Talvez, é provável, é possível, pro- continuam por ser invisibilizados: sem nome oficial,
vavelmente, porventura etc. sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a
CERTEZA é evidente que, certamente, de- dignidade de um cidadão.
certo, com toda a certeza, natural- Além disso, a falta do sentimento de cidadania na
mente, evidentemente etc. população não registrada reflete, também, na manu-
CAUSA pois, pois que, visto que, já que, tenção de uma sociedade historicamente excludente.
porque, dado que, uma vez que, Tal questão ocorre, pois, de acordo com a análise da
por causa de, posto que, em virtu- antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Inde-
de de, devido a, graças a etc. pendência do Brasil, não há a formação de um ideal
EXEMPLIFICAÇÃO por exemplo, exemplificando, isto de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés
é, tal como, em outras palavras, de, meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de
em particular etc.
desigualdade social e exclusão do diferente se man-
COMPARAÇÃO da mesma maneira, da mesma for- tém, sobretudo, no que diz respeito às pessoas que não
ma, como, similarmente, corres-
tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequen-
pondentemente, assim como etc.
temente, são obrigadas a lidar com situações humi-
lhantes por parte do restante da sociedade: das mais
MOMENTO ENEM diversas discriminações até o fato de não poderem
ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem
PRATICANDO sua identificação oficial.
Portanto, ao entender que a falta de cidadania
O ENEM 2021 apresentou o se- gerada pela invisibilidade do não registro está direta-
guinte tema: “Invisibilidade e re- mente ligada à exclusão social, é tempo de combater
gistro civil: garantia de acesso à esse grave problema. Assim, cabe ao Poder Executivo
cidadania no Brasil” Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso
Leia o texto a seguir. (Redação nota 1000, Fernanda aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer
Quaresma, 20 anos - Iguaracy (PE). por meio da implantação de um Projeto Nacional de
Vamos analisar o texto de acordo com as atividades Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos
propostas a seguir. gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divul-
gadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem
Em “Vidas secas”, obra literária do modernista sobre a importância do registro oficial para garantia da
Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma cidadania, além de instruções para realizar o processo,
situação degradante marcada pela miséria. Na trama, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta
os filhos do protagonista não recebem nomes, sen- dessa documentação. Afinal, assim como os meninos em
do chamados apenas como o “mais velho” e o “mais “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia
novo”, recurso usado pelo autor para evidenciar a e o reconhecimento do seu nome e identidade.
desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem
desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-se ATIVIDADES
que a problemática apresentada ainda percorre a atu-
alidade: a não garantia de cidadania pela invisibilida- 01. A tese apresentada na dissertação é
de da falta de registro civil. A partir desse contexto, A) “Vidas secas”, obra literária do modernista Gra-
não se pode hesitar – é imprescindível compreender ciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma
os impactos gerados pela falta de identificação oficial situação degradante marcada pela miséria.”
da população. B) “Na trama, os filhos do protagonista não recebem
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil nomes, sendo chamados apenas como o “mais
repercute, sem dúvida, na persistente falta de per- velho” e o “mais novo”

71
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
C) “a não garantia de cidadania pela invisibilidade HABILIDADE: Selecionar obras do repertório ar�s-
da falta de registro civil é uma problemática que tico-literário contemporâneo à disposição segundo
persiste na atualidade.” suas predileções, de modo a constituir um acervo
D) “A partir desse contexto, não se pode hesitar – é pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir
imprescindível compreender os impactos gerados com autonomia e criticidade no meio cultural.
pela falta de identificação oficial da população.”
E) “é nítido que o deficitário registro civil repercute, OBJETIVOS DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A)
sem dúvida, na persistente falta de pertencimento Analisar o processo de desenvolvimento da arte
como cidadão brasileiro.” brasileira como fundamento da identidade ar�stica,
considerando o Romantismo e suas gerações (prosa
02. No trecho “...é nítido que o deficitário registro e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura
civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de como elementos fundamentais de mudança social
pertencimento como cidadão brasileiro.” Nota-se a para inserir com autonomia no meio cultural.
impessoalização a partir da
A) generalização do sujeito, colocando-o no plural.
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção com-
B) ocultação do agente.
posicional dos textos literários. Práticas de leitura
C) opção por um agente inanimado.
D) Utilização gramatical do sujeito indeterminado. branca e dramática de textos literários das mais
E) Utilização da voz passiva. diferentes tipologias e manifestações literárias. Re-
cursos linguísticos e semióticos que operam nos
03. No trecho “Além disso, a falta do sentimento de textos pertencentes aos gêneros literários. TDICs.
cidadania na população não registrada reflete, tam-
bém, na manutenção de uma sociedade historicamen-
te excludente.” Os conectivos destacados estabelecem PESQUISAR FILMES SOBRE ROMANTISMO.
à argumentação uma ideia de
A) explicação. Romantismo: Características e Contexto Histórico
B) alternância.
C) exclusão. O romantismo é um movimento ar�stico e cul-
D) acréscimo. tural que privilegia as emoções, a subjetividade e o
E) conclusão. individualismo.
Contrário ao objetivismo e as tradições clássicas
04. No trecho, “Portanto, ao entender que a falta de de perfeição, ele apresenta uma visão de mundo cen-
cidadania gerada pela invisibilidade do não registro trada no ser humano com destaque para as sensações
está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de humanas e a liberdade de pensamento.
combater esse grave problema.” A palavra destacada
O romantismo surgiu na Europa no século XVIII
estabelece a ideia de
no contexto da revolução industrial e do iluminismo,
A) explicação.
movimento intelectual e filosófico baseado na razão.
B) alternância.
Ele durou até meados do século XIX, quando começa
C) exclusão.
D) acréscimo. o realismo.
E) conclusão. Rapidamente, esse estilo chegou a outros países
inspirando diversos campos da arte: literatura, pintu-
05. No trecho “...desde a Independência do Brasil, ra, escultura, arquitetura e música.
não há a formação de um ideal de coletividade – ou No Brasil, o movimento romântico começa em me-
seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um ados do século XIX, anos depois da independência do
“Estado”. Em relação ao termo, “ou seja”, pode-se país (1822) com a publicação da obra Suspiros poéti-
afirmar que seu significado cos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.
A) nega o que foi apresentado anteriormente, indi-
cando uma não contradição no decorrer do texto. Principais características
B) marca uma relação de retificação, distorcendo o
enunciado anterior. Na literatura, as principais características do ro-
C) estabelece a progressão textual, ampliando o con- mantismo são:
teúdo semântico do enunciado. 1. Oposição ao modelo clássico;
D) delimita a relação entre os enunciados do texto, 2. Estrutura do texto em prosa, longo;
ocasionando uma redução de sentido à informa- 3. Desenvolvimento de um núcleo central;
ção posterior. 4. Narrativa ampla refletindo uma sequência de
E) introduz um argumento que produz efeitos de sen- tempo;
tidos contrários, alterando a informação anterior. 5. O indivíduo passa a ser o centro das atenções;

72
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
6. Surgimento de um público consumidor (folhe-
tim); Narrador Observador
7. Uso de versos livres e versos brancos;
8. Exaltação do nacionalismo, da natureza e da O próprio nome já indica que esse tipo de narra-
pátria; dor conhece a história de modo que observa e relata
9. Idealização da sociedade, do amor e da mulher; os fatos.
10. Criação de um herói nacional;
11. Sentimentalismo e supervalorização das emo- Narrador Onisciente
ções pessoais;
12. Subjetivismo e egocentrismo; O narrador onisciente é aquele que conhece toda
13. Saudades da infância; a história. Diferente do narrador observador, que con-
14. Fuga da realidade. ta os fatos por sua ótica, esse sabe tudo sobre os
outros personagens, inclusive seus pensamentos e
Romantismo no Brasil ideias.

No Brasil, duas publicações são consideradas o Tempo


marco inicial do Romantismo literário. Ambas foram
lançadas em Paris, por Gonçalves de Magalhães, no Toda narração tem um tempo que determina o
ano de 1836: a “Revista Niterói” e o livro de poesias período em que a história se passa.
“Suspiros poéticos e saudades”.
No país, o movimento foi dividido em três fases, Espaço
ou gerações:
Primeira geração romântica (1836 a 1852): gera-
O espaço da narrativa é o local onde ela se de-
ção nacionalista-indianista.
senvolve. Ele pode ser �sico ou mesmo psicológico.
Segunda geração romântica (1853 a 1869): gera-
ção ultrarromântica. Disponível em: h�ps://www.todamateria.com.br/
Terceira geração romântica (1870 a 1880): geração elementos-da-narrativa/ . Acesso em: 11 maio 2022.
condoreira.
Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI952 . As vozes de um texto
Acesso em: 11 maio 2022.

Todo texto traz a voz daquele que enuncia, que


Elementos da Narrativa
fala, mesmo quando sua presença não está textual-
mente marcada por um “Na minha opinião”, “Para
Os elementos da narrativa são essenciais numa
mim”, “Eu acho que”. As escolhas lexicais (verbos,
narração que, por sua vez, é um relato dos aconteci-
substantivos, adjetivos) e a organização textual já dão
mentos e ações de seus personagens.
Podemos citar como exemplos de textos narrati- indícios da caracterização, da formação e da opinião
vos um romance, uma novela, uma fábula, um conto do enunciador.
etc.
A estrutura da narrativa é dividida em: apresen-
tação, desenvolvimento, clímax e desfecho.

Enredo

O enredo é o tema ou o assunto da história que


pode ser contada de maneira linear ou não linear.

Narrador

O narrador, também chamado de foco narrativo,


representa a “voz do texto”. Dependendo de como
atuam na narração, eles são classificados em três tipos:

Narrador Personagem

O narrador personagem participa da história como


um personagem da trama. Ele pode ser o personagem
principal, ou mesmo um secundário.

73
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

h�ps://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTPVCVQ3ToxKPYD6YyaCMyl8qT20h-F8FeKpw&usqp=CAU

Tipos de discurso

Discurso direto

A produção se dá de forma integral, na qual os diálogos são retratados sem a interferência do narrador.
Trata-se de uma transcrição fiel da fala dos personagens, que, para introduzi-las, o narrador utiliza-se de alguns
sinais de pontuação, aliados ao emprego de alguns verbos de elocução, tais como: dizer, perguntar, responder,
indagar, exclamar, ordenar, entre outros.
A �tulo de exemplificação, apoiemo-nos no seguinte exemplo:
“Maurício saudou, com silenciosa admiração, esta minha vida avisada malícia. E imediatamente, para
meu príncipe:
- Há três anos que não te vejo Jacinto... Como tem sido possível, neste Paris que é um aldeola, e que tu
atravancas?”
Queirós, Eça de. A cidade e as serras. São Paulo: Hedra, 2006

Discurso indireto

O mesmo ocorre quando o narrador, ao invés de retratar as falas de forma direta, as reproduz mediante o
atributo de suas próprias palavras, colocando-se na condição de intermediário frente à ocorrência.
Observaremos a seguir um quadro em que são relatadas as mudanças ocorridas na passagem do discurso
direto para o indireto, enfatizando as particularidades relacionadas a tempos verbais, advérbios e pronomes.

Discurso direto Discurso indireto


Uso da primeira pessoa do discurso Terceira pessoa
Verbo no presente do indicativo Emprego do pretérito imperfeito do indicativo
Verbo no pretérito perfeito Pretérito mais que perfeito
Futuro do presente Futuro do pretérito
Modo imperativo Pretérito imperfeito do subjuntivo
Adjuntos adverbiais: aqui, cá, aí Adjuntos adverbiais: ali, lá
Ontem O dia anterior
Amanhã O dia seguinte

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Discurso indireto livre C) retrata a vida das comunidades indígenas do Brasil
do século XIX, a partir do esforço de se descrever
Como anteriormente mencionado, nesta modali- o homem brasileiro de maneira crítica e realista.
dade, as formas direta e indireta fundem-se por meio D) evidencia a preferência pela descrição de aspectos
de um processo em que o narrador insere discreta- psicológicos das personagens, em detrimento de
mente a fala ou os pensamentos do personagem em detalhes �sicos, que não têm relevância na obra.
sua fala. Embora ele não participe da história, insta- E) reconstrói a história do Brasil sob uma óptica ide-
la-se dentro de suas personagens, confundindo sua alizante, em que o índio representa a figura do he-
voz com a delas. rói nobre e completamente integrado à natureza.
Observemos um fragmento extraído do romance
Madame Bovary, do escritor francês Gustave Flaubert, 02. No fragmento da obra, pode-se considerar que
publicado em 1857: quando ao discurso temos
A) discurso direto.
“Olhava-a, abria-a e chegava mesmo a B) discurso indireto.
aspirar-lhe o perfume do forro, misto de ver- C) discurso indireto livre.
bena e de fumo. A quem pertenceria?... Ao D) ausência do discurso.
Visconde. Era talvez presente da amante.” E) ausência de narrador.

MOMENTO ENEM 03. A obra Iracema de José de Alencar tem como ca-
racterística ao Romantismo
ATIVIDADES A) idealização da mulher.
(UEA 2015) Leia o trecho de Iracema, de José de Alen- B) nostalgia e saudosismo.
car, para responda as atividades 01 a 03. C) indianismo heroico.
D) escapismo da realidade.
O Pajé vibrou o maracá* e saiu da cabana, porém E) engajamento social.
o estrangeiro não ficou só.
Iracema voltara com as mulheres chamadas para Leia o texto a seguir e responda as atividades 04 4 05.
servir o hóspede de Araquém e os guerreiros vindos
para obedecer-lhe. Canção do exílio
– Guerreiro branco, disse a virgem, o prazer em-
bale tua rede durante a noite e o Sol traga luz a teus Minha terra tem palmeiras,
olhos, alegria à tua alma. Onde canta o Sabiá;
E, assim dizendo, Iracema tinha o lábio trêmulo As aves, que aqui gorjeiam,
e úmida a pálpebra. Não gorjeiam como lá.
– Tu me deixas? perguntou Martim. Nosso céu tem mais estrelas,
– As mais belas mulheres da grande taba contigo Nossas várzeas têm mais flores,
ficam. Nossos bosques têm mais vida,
– Para elas a filha de Araquém não devia ter con- Nossa vida mais amores.
duzido o hóspede à cabana do Pajé. Em cismar, sozinho, à noite,
– Estrangeiro, Iracema não pode ser tua serva. É Mais prazer eu encontro lá;
ela que guarda o segredo da jurema e o mistério do Minha terra tem palmeiras,
sonho. Onde canta o Sabiá.
Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã. Minha terra tem primores,
O guerreiro cristão atravessou a cabana e sumiu- Que tais não encontro eu cá;
-se na treva. Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
* maracá: chocalho indígena usado em cerimônias Minha terra tem palmeiras,
religiosas e guerreiras. Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
01. Condizente com a estética do Romantismo brasi- Sem que eu volte para lá;
leiro, Iracema é um romance que: Sem que disfrute os primores
A) descreve o início da colonização do Brasil pelos Que não encontro por cá;
portugueses, sendo estes recebidos de maneira Sem qu’inda aviste as palmeiras,
extremamente hostil pelos nativos. Onde canta o Sabiá.
B) narra a história do amor impossível entre uma De Primeiros cantos (1847) Gonçalves Dias
índia e um branco que, por não se consumar, ter- Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPIV949
mina com a trágica morte dos protagonistas. .Acesso em: 09 maios 2022.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
04. No poema “Canção do Exílio” o eu lírico de forma decerto para abandoná-la ao mundo, não achas? ...
ufânica, manifesta em relação ao Brasil Também meu pai parece que cedeu às instâncias do
1. descrença patriótica. pai dela, que é um pobre galego, que por aí anda, e
2. tristeza em relação à sua Pátria. que pretende libertá-la; mas o velho pede por ela
3. recusa enaltecer as belezas da Pátria. tão exorbitante soma, que julgo nada dever recear
4. amor exagerado à Pátria. por esse lado. Vê lá, Henrique, se há nada que pague
5. desgosto patriótico. uma escrava assim? ...
Disponível em: h�ps://armazemdetexto.blogspot.
com/2017/04/literatura-escrava-isaura-com-gabarito.html
Releia a quarta estrofe de canção do exílio.
. Acesso em: 22 maio 2022.

“Não permita Deus que eu morra,


06. Pelo contexto da narrativa é possível entender
Sem que eu volte para lá;
que Isaura é a
Sem que disfrute os primores
A) esposa de Leôncio.
Que não encontro por cá;”
B) filha de Leôncio.
C) escrava do pai de Leôncio.
05. Nesta estrofe há uma an�tese representada pelos
D) empregada do pai de Leôncio.
advérbios “lá” e “cá, (Brasil x Portugal), indicando que
E) irmã de Leôncio.
o autor faz uma
1. alusão sobre os lugares.
07. O romance a escrava Isaura é uma literatura que
2. comparação entre os lugares.
aborda o contexto social no período do romantismo
3. explicação sobre os lugares.
caracterizado como o período
4. crítica sobre os lugares.
A) nacionalista.
5. negação sobre os lugares.
B) ultrarromântico.
C) condoreiro.
Leia o fragmento do Romance “A escrava Isaura” de
D) saudosista.
Bernardo Guimarães.
E) idealizador.
[...]
08. Observe a Piada que segue e julgue V ou F:
Só depois de casado Leôncio, que antes disso pou-
cas e breves estadas fizera na casa paterna, começou
A aula de Juquinha
a prestar atenção à extrema beleza e às graças incom-
paráveis de Isaura. [...]
Na aula sobre conjunções, a professora pede ao
No dia seguinte ao da chegada dos mancebos às
menino que exemplifique a diferença entre “portanto”
oito horas da manhã, Isaura, que acabava de espa-
e “entretanto”.
nejar os móveis e arranjar o salão, achava-se sentada
Ele pensa um pouco, lembra-se do que aprendeu
junto a uma janela e entretinha-se a bordar, à espera
e começa:
que seus senhores se levantassem para servir-lhes o
- Todo mundo me conhece onde moro, portanto
café. Leôncio e Henrique não tardaram em aparecer,
deveria ser chamado de Juquinha. Entretanto, como
e parando à porta do salão puseram-se a contemplar
aperto os botões do elevador quando desço e quando
Isaura, que sem se aperceber da presença deles con-
subo, sou conhecido como “sacana do décimo andar”.
tinuava a bordar distraidamente.
--- Então, que te parece? – segredava Leôncio a
( ) O emprego das pessoas do discurso, ora na 2ª ora
seu cunhado. – Uma escrava desta ordem não é um
na 3ª prejudica o efeito humorístico da piada.
tesouro inapreciável? Quem não diria, que é uma an-
( ) O efeito humorístico está apenas na fala de Juqui-
daluza de Cádiz, ou uma napolitana? ...
nha.
--- Não é nada disso; mas é coisa melhor, respon-
( ) Quando, na piada encontramos “Ele pensa um
deu Henrique maravilhado; é uma perfeita brasileira.
pouco, lembra-se do que aprendeu e começa:” os
--- Qual brasileira! é superior a tudo quanto há.
dois pontos (:) servem, nesse caso, marcam que
Aqueles encantos e aquelas dezessete primaveras em
vai se iniciar uma fala.
uma moça livre teriam feito virar o juízo a muita gen-
( ) As conjunções empregadas na fala do persona-
te boa. Tua irmã pretende, com instância, que eu a
gem, podem, respectivamente ser substituídas
liberte, alegando que essa era a vontade de minha de-
por Logo e Contudo.
funta mãe; mas nem tão tolo sou eu, que me desfaça
assim sem mais nem menos de uma joia tão preciosa.
A sequência CORRETA é:
Se minha mãe teve o capricho de cria-la com todo o
A) VFVF
mimo e de dar-lhe uma primorosa educação, não foi
B) FVVV

76
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
C) FFVV HABILIDADE: (EM13LP42) Acompanhar, analisar
D) FVFV e discutir a cobertura da mídia diante de aconte-
E) FVVF cimentos e questões de relevância social, local e
global, comparando diferentes enfoques e perspec-
09. Leia o texto a seguir. tivas, por meio do uso de ferramentas de curadoria
(como agregadores de conteúdo) e da consulta a
serviços e fontes de checagem e curadoria de in-
formação, de forma a aprofundar o entendimento
sobre um determinado fato ou questão, identificar
o enfoque preponderante da mídia e manter-se im-
plicado, de forma crítica, com os fatos e as questões
que afetam a coletividade.

OBJETIVOS DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP42A)


Examinar textos de diferentes gêneros do campo
jornalístico e midiático, utilizados com a finalida-
de de criar e mudar comportamentos e hábitos,
No texto, é correto afirmar que a considerando o uso de novas tecnologias digitais
1. pontuação não colabora para entendimento do de checagem de informação e da web 2.0, para o
diálogo. desenvolvimento de uma atitude analítica e crítica.
2. palavra “fogo” foi empregada em sentido figurado
em um discurso indireto. OBJETOS DE CONHECIMENTO: Leitura. Escuta. Pro-
3. a comunicação é caracterizada somente pela lin- dução de textos (orais, escritos, multissemióticos).
guagem não verbal. Análise linguística/semiótica. Práticas ar�sticas.
4. a palavra “fogo” empregada no sentido denotativo
em discurso direto. TEXTOS ARGUMENTATIVOS
5. pontuação é desnecessária neste texto para ter a
clareza do discurso direto. FATO X OPINIÃO

O leitor precisa identificar e diferenciar o que é


fato e o que é opinião relativa a esse fato.
Compreenda cada um deles a seguir:

O fato é um acontecimento, uma ocorrência,


aquilo que acontece em decorrência de eventos
exteriores.

Veja o exemplo:
A médica prescreveu um remédio ao paciente.

A opinião é um ponto de vista a respeito de um


fato. Ela não é, portanto, um fato. Trata-se de um
julgamento pessoal, de um pensamento em relação
a algo, é uma maneira de pensar.

Veja o exemplo:
A médica prescreveu um remédio muito caro ao
paciente.

Observe nesse último exemplo que a expressão


“muito caro” trata-se de uma opinião relativa ao fato
de a médica ter prescrito um remédio ao paciente.
Essa prescrição aconteceu, é um fato. Contudo, o au-
tor da frase tem uma opinião específica sobre o fato: o
remédio é muito caro. Outras pessoas podem ter opi-
niões diferentes a respeito desse mesmo fato, como:

77
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A médica prescreveu um remédio de preço aces- nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcía-
sível ao paciente. mos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da
ou enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando,
A médica prescreveu um remédio muito barato mal saltando da cama, íamos correndo para ver que
ao paciente. o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma
fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a
Observe nos dois exemplos anteriores que o fato cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído
é o mesmo, mas as opiniões a respeito deles são bem chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então
diferentes: no primeiro exemplo, a opinião é que o dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez
preço do remédio é acessível e, no segundo, muito crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior
barato. de todas as enchentes.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro:
Editora do Autor, 1962. p. 157.
ATIVIDADES

Leia o texto a seguir. 02. A expressão que revela uma opinião sobre o fato
“… vinham todos dormir em nossa casa”, é
A raposa e as uvas A) “Às vezes chegava alguém a cavalo…”
B) “E às vezes o rio atravessava a rua…”
Num dia quente de verão, a raposa passeava por C) “e se tomava café tarde da noite!”
um pomar. Com sede e calor, sua atenção foi captu- D) “Isso para nós era uma festa…”
rada por um cacho de uvas. E) “...íamos correndo para ver que o rio baixara...”
“Que delícia”, pensou a raposa, “era disso que eu
precisava para adoçar a minha boca”. E, de um salto, Leia o texto a seguir.
a raposa tentou, sem sucesso, alcançar as uvas.
Exausta e frustrada, a raposa afastou-se da videira, Adolescentes discutem maioridade penal
dizendo: “Aposto que estas uvas estão verdes.”
O suplemento jovem atitude reuniu oito adoles-
01. A frase que expressa uma opinião é centes, com idade entre 15 e 17 anos, para uma dis-
A) “a raposa passeava por um pomar.” cussão sobre a maioridade penal. Todos se mostraram
B) “sua atenção foi capturada por um cacho de uvas.” a favor da redução.
C) “a raposa afastou-se da videira.” O grupo acredita que, se um adolescente de 16
D) “aposto que estas uvas estão verdes.” anos pode votar também pode responder por atos
E) “a raposa afastou da videira...” criminosos. Porém, concordaram que essa medida
não irá resolver todos os problemas.
Leia o texto a seguir. Eles discutiram sobre a superlotação dos presí-
dios, o aumento do tempo da pena para jovens em
As enchentes de minha infância conflito com a lei e acham que os presídios adultos
devem ser separados dos juvenis.
Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma Se preocupam também com o que adolescentes
tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que mo- com menos de 16 anos sejam recrutados por adultos
ravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para praticar crimes, mas acreditam que esses ado-
para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos lescentes teriam mais medo de cometer crimes, para
Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa não seguir o exemplo dos jovens com mais de 16 anos
tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio. que vão presos.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda Além disso, eles não concordam que os pais sejam
manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a responsabilizados pelos atos dos filhos. Na opinião de
enchente. As águas barrentas subiam primeiro até Ana Luiza Santana, de 15 anos, melhorar a qualidade
a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, de educação no Brasil deveria ser a principal preocu-
vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais pação dos políticos.
Jornal dia, MG
de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu
tanto que a família defronte teve medo
03. ATIVIDADES DISCURSIVAS:
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso
(Pode-se também desenvolver um trabalho em grupo
para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas
a partir das atividades propostas e organizar uma roda
nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Pa-
de conversa sobre o assunto)
recia que as pessoas ficavam todas contentes, riam
a) Escreva um parágrafo, tendo como tema: Juven-
muito; como se fazia café e se tomava café tarde da
tude brasileira.
noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo
b) A impunidade de menores gera mais violência?

78
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
c) As punições atuais para menores são muito bran- juventude brasileira é que se posiciona a abordagem
das no Brasil? do documentário “Pro dia nascer feliz”.
d) Em sua opinião o mais eficiente é educar ou punir? De fato, pouco se fala de maneira comprometida
e) Em sua opinião reduzir a maioridade penal afas- sobre a situação da educação no país e, menos ainda,
tará crianças e adolescentes do crime? da condição do jovem. Além destes aspectos, o docu-
mentário mira no contexto da vida e oportunidades
Leia o texto a seguir. sob a óptica do próprio jovem, pois é nele que encon-
tramos importantes subsídios para esta análise. [...] A
escola é uma das principais áreas de socialização do
jovem, espaço de convivência e diálogo acessível aos
estudantes. Desta forma, o seu âmbito está sujeito a
vários conflitos, bem como os presentes em outros
meios sociais. É, por exemplo, o caso da violência (e
existem casos relatados no filme quanto a isso).
É interessante pontuar, inicialmente, quanto à for-
ma com que o jovem se enxerga, uma vez que esta
reflexão relaciona-se decisivamente com a constitui-
ção da experiência escolar do mesmo. Observa-se que
o jovem carrega da sociedade um estigma que não
é geral e constante, mas sutil e significante. Estigma
Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI953 . Acesso em:
11 maio 2022. este calcado em sensos comuns como o de que todo
jovem é irresponsável, desocupado, inconsequente
04. Sobre a charge podemos considerar que se trata ou, simplesmente, fútil. Atente-se, então, que tais
de uma concepções podem influenciar os jovens, levando-os
A) informação sobre menores infratores. a se desvalorizarem e não se sentirem sujeitos atuan-
B) crítica sobre a impunidade sobre menores infra- tes, pensantes e questionadores de suas realidades.
tores. Temos, então, como ponto de partida a constatação
C) reflexão sobre os menores em estado de rua. de que, algumas vezes, o próprio jovem se incom-
D) alegoria aos pais e menores delinquentes. preende. [...]
No atual panorama capitalista no qual tudo pa-
E) campanha sobre como combater a criminalidade
rece estar sujeito à lógica da mercadoria, a escola
juvenil.
também não escapa. Isto se revela no fato de que
o ensino toma faces de algo unicamente necessário
Leia o texto a seguir.
para a inserção do indivíduo no mercado de trabalho,
tornando-os produtivos, geradores de renda e, enfim,
consumidores. Em certa passagem do filme, isto fica
claro quando um pai afirma que sua filha deve estudar
para ser alguém na vida. E, neste caso, ser alguém
significa ter um emprego.

06. O texto opinativo apresenta uma sequência argu-


Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI954 . mentativa. Qual sentença apresenta um fato sobre o
Acesso em: 11 maio 2022.
tema abordado?
A) Na contramão das equivocadas perspectivas acer-
05. O cartum apresenta de forma irônica uma crítica
ca do universo escolar e, por consequência, ... é
sobre
que se posiciona a abordagem do documentário
A) crianças órfãs.
“Pro dia nascer feliz”.
B) falta de creches para crianças.
B) “...o documentário mira no contexto da vida e
C) autoritarismo às crianças. oportunidades sob a óptica do próprio jovem...”
D) redução da maior idade penal. C) “Observa-se que o jovem carrega da sociedade um
E) crianças abandona pelos pais. estigma que não é geral e constante, mas sutil e
Leia o texto a seguir. (Adaptado) significante.”
D) “Temos, então, como ponto de partida a consta-
Juventude em busca de tação de que, algumas vezes, o próprio jovem se
sentido e função da escola incompreende.”
E) “A escola é uma das principais áreas de sociali-
Na contramão das equivocadas perspectivas zação do jovem, espaço de convivência e diálogo
acerca do universo escolar e, por consequência, da acessível aos estudantes.”

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE: (EM13LP06) Analisar efeitos de senti- Intensidade. Modo. Tempo. Lugar. Negação. Afir-
do decorrentes de usos expressivos da linguagem, mação. Dúvida.
da escolha de determinadas palavras ou expressões
e da ordenação, combinação e contraposição de pa- Classificação dos Advérbios e exemplos
lavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades
de construção de sentidos e de uso crítico de língua. Veja como é a classificação dos advérbios e os
exemplos de cada tipo:
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP06A) • Advérbio de Modo: assim, mal, depressa, bem,
Empregar os recursos linguísticos de coesão (pre- devagar, palavras terminadas em mente, como
posições, conjunções, pronomes, advérbios), anali- tristemente.
sando textos de diferentes gêneros discursivos para • Advérbio de Intensidade: pouco, muito, bas-
permitir a produção crítica de relações lógico-dis- tante, depois, mais, menos, tão, entre outras.
cursivas em vários tipos de possibilidades textuais. • Advérbio de Lugar: aqui, lá, ali, atrás, dentro,
fora, além, entre outras.
• Advérbio de Tempo: agora, cedo, noite, tarde,
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Argumentação. Vo-
sempre, nunca, já, ainda etc.
zes do discurso. Polissemia. Fato e opinião. Língua
• Advérbio de Dúvida: possivelmente, talvez,
Portuguesa: Gêneros discursivos (poemas, contos, provavelmente, entre outras.
crônicas, tiras, charges, diários, propagandas, clas- • Advérbio de Afirmação: claro, realmente, efe-
sificados, receitas, reportagens). Elementos da co- tivamente, sim, entre outras.
municação. Funções da linguagem. Modalização. • Advérbio de Negação: nunca, não, jamais, de
Elementos expressivos da linguagem teatral: voz, jeito nenhum, de modo algum, de forma ne-
movimentos, gestos e ações. nhuma etc.

Graus dos advérbios


ADVÉRBIOS Há dois graus do advérbio:
• Comparativo: Pode ser de igualdade, como por
O que são Advérbios? exemplo a frase “ Ela é tão gentil quanto o me-
nino”
Os advérbios são palavras que tem a qualidade • Superlativo: Pode ser analítico, como por exem-
de modificar um verbo, um adjetivo ou até mesmo o plo a frase “Dormi muito tarde”, já o grau su-
advérbio. Eles são flexionados em grau (comparativo perlativo sintético contém a presença de um
e superlativo) e são separados em advérbios de: sufixo que mostra o grau, como “tardíssimo”.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADES 4 – (PUC-SP) – Assinale a alternativa em que somen-
te advérbios foram acrescentados à frase: “O tempo
1 – (UFV-MG) – Em todas as alternativas há dois ad- passou.”
vérbios, exceto em: (A) O sofrido tempo não passou muito rápido, infe-
(A) Ele permaneceu muito calado. lizmente.
(B) Amanhã, não iremos ao cinema. (B) O tempo passou bastante, majestoso.
(C) O menino, ontem, cantou desafinadamente. (C) Realmente, o tempo passou depressa demais.
(D) Tranquilamente, realizou-se, hoje, o jogo. (D) Sim, o curto tempo já passou.
(E) Ela falou calma e sabiamente. (E) O tempo passo, temos somente marcas do pas-
sado.
2 – (ITA-2003) – Leia o texto a seguir.
5 – (UNITAU-SP) – Indique a alternativa gramatical-
(…) As angústias dos brasileiros em relação ao mente incorreta
português são de duas ordens. Para uma parte da (A) A casa onde moro é excelente.
população, a que não teve acesso a uma boa escola e, (B) Disseram-me por que chegaram tarde.
mesmo assim, conseguiu galgar posições, o problema (C) Aonde está o livro?
é sobretudo com a gramática. É esse o público que (D) É bom o colégio donde saímos.
consome avidamente os fascículos e livros do pro- (E) O sítio aonde vais é pequeno.
fessor Pasquale, em que as regras básicas do idioma
são apresentadas de forma clara e bem-humorada. 6 – (NCE-UFRJ) – Em todos os advérbios terminados
Para o segmento que teve oportunidade de estudar em “–mente”, a seguir transcritos, vê-se claramente a
em bons colégios, a principal dificuldade é com cla- sua formação a partir da forma feminina do adjetivo,
reza. É para satisfazer a essa demanda que um novo exceto em:
tipo de profissional surgiu: o professor de português (A) predominantemente.
especializado em adestrar funcionários de empresas. (B) basicamente.
Antigamente, os cursos dados no escritório eram de (C) negativamente.
gramática básica e se destinavam principalmente a (D) diariamente.
secretárias. De uns tempos para cá, eles passaram (E) humanamente.
a atender primordialmente gente de nível superior.
Em geral, os professores que atuam em firmas são 7 – (UFABC) – Assinale a alternativa contendo palavras
acadêmicos que fazem esse tipo de trabalho esporadi- que pertencem à mesma classe gramatical.
camente para ganhar um dinheiro extra. “É fascinante, (A) Provisoriamente; abaixo; não.
porque deixamos de viver a teoria para enfrentar a (B) Amor; ódio; esse.
língua do mundo real”, diz Antônio Suárez Abreu, li- (C) Apenas; nosso; dos.
vre-docente pela Universidade de São Paulo (…) (D) Grande; amarelas; igrejas.
(JOÃO GABRIEL DE LIMA. Falar e escrever, eis a questão. (E) Depois; medrosas; de.
Veja, 7/11/2001, n. 1725)
8 – (UNIFESP) – Dizer “só no fim do mês recebe” é
O adjetivo “principal” (em a principal dificuldade é diferente de “no fim do mês recebe”, pois, no primeiro
com clareza) permite inferir que a clareza é apenas caso, é flagrante a ideia de
um elemento dentro de um conjunto de dificuldades, (A) intensidade.
talvez o mais significativo. Semelhante inferência pode (B) demora.
ser realizada pelos advérbios (C) tempo indefinido.
(A) avidamente, principalmente, primordialmente. (D) rapidez.
(B) sobretudo, avidamente, principalmente. (E) probabilidade.
(C) avidamente, antigamente, principalmente.
(D) sobretudo, principalmente, primordialmente. 9 – (Mackenzie) – Imagina um relógio que só tives-
(E) principalmente, primordialmente, esporadica- se pêndulo, sem mostrador, de maneira que não se
mente. vissem as horas escritas. O pêndulo iria de um lado
para outro, mas nenhum sinal externo mostraria a
3 – (CTA/Computação-SP) – Assinale a alternativa em marcha do tempo. Tal foi aquela semana da Tijuca.
que “meio” funciona como advérbio. Considerado o parágrafo transcrito, é correto afirmar:
(A) Achei-o meio triste. (A) A forma verbal no imperativo indica que o narra-
(B) Só quero meio metro. dor se dirige ao leitor tratando-o por “vós”.
(C) Parei no meio da avenida. (B) A expressão de maneira que expressa, no contex-
(D) Comprei um metro e meio. to, ideia de finalidade.
(E) Descobri o meio de acertar

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(C) Em de maneira que não se vissem as horas escri- 12 – (FGV) – “A prática de esportes é uma atividade
tas, se o verbo “ver” fosse substituído por “poder exclusivamente privativa dos sócios do clube.”
ver”, a correção gramatical exigiria a forma “pu- Nesta frase, o advérbio “exclusivamente” é supérfluo
desse ver”. ou redundante, uma vez que a ideia que ele expressa
(D) Se o segundo período fosse iniciado com Nenhum já está contida no adjetivo “privativa”. Esse tipo de
sinal externo, para que se mantivesse o sentido redundância pode ser apontado na seguinte expres-
original, a conjunção a ser empregada seria “po- são do texto:
rém”. (A) “desafio nada trivial”.
(E) Em Tal foi aquela semana da Tijuca, o termo des- (B) “bem escasso”.
tacado é um advérbio. (C) “técnicas narrativas”.
(D) “projetos bem-sucedidos”.
10 – (UFC) – A opção em que há um advérbio expri- (E) “vídeos interativos”.
mindo circunstância de tempo é
(A) Possivelmente viajarei para São Paulo.
(A) Maria tinha aproximadamente 15 anos.
(C) As tarefas foram executadas concomitantemente.
(D) Os resultados chegaram demasiadamente atrasados.
(E) Indubitavelmente irei.

11 – (Mackenzie) – Leia o texto a seguir.

Os encantos da gentil cantora eram ainda real-


çados pela singeleza, e diremos quase pobreza do
modesto trajar. Um vestido de chita ordinária azul-
-clara desenhava-lhe perfeitamente com encantadora
simplicidade o porte esbelto e a cintura delicada, e
desdobrando-se-lhe em roda em amplas ondulações
parecia uma nuvem, do seio da qual se erguia a can-
tora como Vênus nascendo da espuma do mar, ou
como um anjo surgindo dentre brumas vaporosas. (…)
Entretanto, abre-se sutilmente a cortina de cas-
sa de uma das portas interiores, e uma nova perso-
nagem penetra no salão. Era também uma formosa
dama ainda no viço da mocidade, bonita, bem feita
e elegante. (…) Mas com todo esse luxo e donaire de
grande senhora nem por isso sua beleza deixava de
ficar algum tanto eclipsada em presença das formas
puras e corretas, da nobre singeleza (…) da cantora.
Todavia Malvina era linda, encantadora mesmo, e
posto que vaidosa de sua formosura e alta posição,
transluzia-lhe nos grandes e meigos olhos azuis toda
a nativa bondade de seu coração.
Bernardo Guimarães

Assinale a alternativa correta.


(A) O advérbio ainda pressupõe que a graça da can-
tora era também realçada por outros detalhes.
(B) O adjetivo nova indica a faixa etária da persona-
gem.
(C) A conjunção posto que pode ser substituída, sem
prejuízo do sentido original, por “já que”.
(D) A expressão nem por isso introduz ideia de con-
sequência.
(E) A expressão parecia uma nuvem comprova que o
narrador prefere o uso de metáforas ao de com-
parações.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE: (EM13LP33) Selecionar, elaborar e Estrutura Dramática
utilizar instrumentos de coleta de dados e infor-
mações (questionários, enquetes, mapeamentos, Os autores desse tipo de texto são chamados de
opinários) e de tratamento e análise dos conteúdos dramaturgos, que junto aos atores (que encenam o
obtidos, que atendam adequadamente a diferentes texto), são os emissores, e por sua vez, os receptores
objetivos de pesquisa. são o público.
Assim, os textos dramáticos, além de serem cons-
OBJETIVOS DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP33A) tituídos de personagens (protagonistas, secundárias
Utilizar os aspectos metodológicos de análise e ou figurantes), são compostos pelo espaço cênico
pesquisa linguística, a partir do uso de período (palco teatral e cenários) e o tempo.
simples e composto, regência, concordância, de-
senvolvendo a concepção crítica do uso da língua Geralmente, os textos destinados ao teatro pos-
de acordo com a adaptação pela qual ela passa com suem uma estrutura interna básica, a saber:
cada situação de uso para desenvolver a capacidade 1. Apresentação: faz-se a exposição tanto dos per-
de análise de conteúdos e seus objetivos. sonagens quanto da ação a ser desenvolvida.
2. Conflito: o momento em que surge as peripé-
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção com- cias da ação dramática.
posicional dos textos literários. Práticas de leitura 3. Desenlace: Momento de conclusão, encerra-
branca e dramática de textos literários das mais mento ou desfecho da ação dramática.
diferentes tipologias e manifestações literárias. Re- Além da estrutura interna inerente ao texto dra-
cursos linguísticos e semióticos que operam nos mático, tem-se a estrutura externa do gênero dramá-
textos pertencentes aos gêneros literários. tico, tal qual os atos e cenas, de forma que o primeiro
corresponde à mudança dos cenários necessários para
a representação, enquanto o segundo, designa as mu-
GÊNERO DRAMÁTICO danças (entrada ou saída) dos personagens. Observe
que cada cena corresponde a uma unidade da ação
O Gênero Dramático (ou teatral) faz parte de um dramática.
dos três gêneros literários, ao lado do gênero lírico
e épico. Exemplos de Textos Dramáticos
No entanto, o gênero dramático, como o próprio 1. Tragédia: representação de acontecimentos
nome indica, são os textos literários feitos com o in- trágicos, geralmente com finais funestos. Os temas
tuito de serem encenados ou dramatizados. Do grego, explorados pela tragédia são derivados das paixões
a palavra “drama” significa “ação”. humanas, do qual fazem parte personagens nobres
e heroicas, sejam deuses ou semideuses.
Origem 2. Comédia: representação de textos humorísticos
que levam ao riso da plateia. São textos de caráter crí-
Desde a Antiguidade o gênero dramático, origi- tico, jocoso e sa�rico. A principal temática dos textos
nário na Grécia, eram textos teatrais encenados es- de comédia, envolvem ações cotidianas do qual fazem
sencialmente como culto aos deuses, os quais eram parte personagens humanos estereotipados.
representados nas festas religiosas. 3. Tragicomédia: união de elementos trágicos e
Entre os principais autores do gênero dramático cômicos na representação teatral.
(tragédia e comédia) na Grécia antiga estão: Sófo- 4. Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa
cles (496-406 a.C.), Eurípedes (480-406 a.C.) e Ésquilo designa uma curta peça teatral de caráter crítico, for-
(524-456 a.C.). mada por diálogos simples e representada por perso-
A encenação dos textos de gênero dramático tinha nagens caricaturais em ações corriqueiras, cômicas,
o objetivo de despertar emoções na plateia, fenôme- burlescas.
no chamado de “catarse”. 5. Auto: surgido na Idade Média, os autos são
textos curtos de temática cômica, os quais são geral-
Principais Características mente formados por um único ato.

• Encenação cênica (linguagem gestual e sono- Linguagem Teatral


plastia)
• Presença de diálogos e monólogos A linguagem teatral é aquela utilizada nos textos
• Predomínio do discurso em segunda pessoa (tu, teatrais (ou dramáticos), os quais são escritos para
vós) serem representados. Os gêneros teatrais mais co-
nhecidos são a comédia, a tragédia e a tragicomédia.

83
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A dramaturgia é o nome utilizado para as repre- são especialistas em compor os figurinos dos artistas
sentações teatrais e os dramaturgos são aqueles que envolvidos. Por isso, os figuristas estudam a história
escrevem os textos para serem encenados por atores. da trama, os quais possuem muitos conhecimentos
históricos e culturais. Isso porque eles precisam co-
nhecer os elementos da moda no tempo da peça,
por exemplo, numa peça em que o tempo dramático
é o século XIX.
7. Iluminação: como parte do cenário, tem-se a
iluminação cênica. É um elemento essencial realiza-
dos pelos produtores (iluminadores) responsáveis por
projetaram as luzes nos espaços e nas personagens,
além de criarem efeitos de luz, desde contrastes de
luz e sombra.
Máscaras da Tragédia e Comédia 8. Sonoplastia: além da iluminação, as encena-
ções teatrais envolvem a sonoplastia, ou seja, o uso
Os textos teatrais são geralmente divididos em de sons, seja uma música, um ruído, as falas, dentre
atos e cenas, apresentam diálogos e ausência de nar- outros. O sonorizador é a pessoa responsável pela
rador. sonoplastia cênica.

Elementos da Linguagem Teatral ATIVIDADES

Em cada encenação teatral podemos considerar 01. (Enem – 2009) - Gênero dramático é aquele em
alguns elementos essenciais, a saber: que o artista usa como intermediária entre si e o pú-
1. Tempo: é classificado de três maneiras segundo blico a representação. A palavra vem do grego drao
a função que exercem: tempo real, em que decorre (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma
a narrativa; tempo dramático, tempo em que acon- composição literária destinada à apresentação por
tecem os fatos da narrativa; e tempo da escrita, ou atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O
seja, quando a obra foi produzida. Nesse sentido, a texto dramático é complementado pela atuação dos
obra teatral pode ter sido escrita no século XX (tempo atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura
da escrita), mas abordar fatos do século XVII (tempo específica, caracterizada: 1) pela presença de persona-
dramático). gens que devem estar ligados com lógica uns aos ou-
2. Espaço: corresponde ao local ou locais em que tros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo),
decorrem os fatos. Nesse caso, podemos considerar o que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser
espaço real (cênico) e o espaço psicológico. Assim, o e de agir das personagens encadeadas à unidade do
real seria o espaço �sico que se desenvolvem os fatos, efeito e segundo uma ordem composta de exposição,
por exemplo, uma igreja, uma casa noturna, uma pra- conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situ-
ça. Já o espaço psicológico refere-se aos pensamentos ação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias
dos personagens que envolvem a trama. físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4)
3. Personagens: são as pessoas que envolvem a pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo)
história, podendo ser protagonistas (principais) ou co- deseja expor, ou sua interpretação real por meio da
adjuvantes (secundárias). Além disso, há os figurantes, representação.
que possuem um papel terciário, ou seja, somente COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro:
aparecem para preencher uma lacuna no espaço, por Civilização Brasileira, 1973. (Adaptado.)
exemplo, as pessoas que estão sentadas num restau-
rante, porém não participam da encenação. Considerando o texto e analisando os elementos que
4. Plateia: quando ocorrem as dramatizações te- constituem um espetáculo teatral, conclui-se que:
atrais há sempre uma plateia, ou seja, o público que 1. a criação do espetáculo teatral apresenta-se como
assiste à peça. Observe que os interlocutores são um um fenômeno de ordem individual, pois não é
dos elementos fundamentais da linguagem teatral. possível sua concepção de forma coletiva.
5. Cenário: o cenário corresponde ao conjunto de 2. o cenário onde se desenrola a ação cênica é con-
elementos que transformam o espaço que acontecerá cebido e construído pelo cenógrafo de modo au-
a representação, por exemplo, a cozinha de uma casa, tônomo e independente do tema da peça e do
a rua, a igreja. As pessoas especialistas em cenografia, trabalho interpretativo dos atores.
são os cenógrafos. 3. o texto cênico pode originar-se dos mais variados
6. Figurino: são as vestimentas utilizadas pelas gêneros textuais, como contos, lendas, romances,
personagens em determinadas cenas. Os figurinistas poesias, crônicas, no�cias, imagens e fragmentos
textuais, entre outros.

84
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
4. o corpo do ator na cena tem pouca importância na Dele se encante mais meu pensamento.
comunicação teatral, visto que o mais importante Soneto de fidelidade, Vinícius de Moraes
é a expressão verbal, base da comunicação cênica
em toda a trajetória do teatro até os dias atuais. II.
5. a iluminação e o som de um espetáculo cênico “Canta, ó Musa, a ira de Aquiles, filho de Peleu,
independem do processo de produção/recepção que incontáveis males trouxe às hostes dos aqueus.
do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens Muitas almas de heróis desceram à casa de Hades
ar�sticas diferentes, agregadas posteriormente à e seus corpos foram presa dos cães e das aves de
cena teatral. rapina,
enquanto se fazia a vontade de Zeus,
02. Leia o poema narrativo de Manuel Bandeira: a partir do dia em que se desavieram o filho de Atreu,
rei dos homens, e Aquiles, semelhante aos deuses.”
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL A ilíada, de Homero
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava
no morro da Babilônia num barracão sem número. III.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro DESDÊMONA - Quem está aí? Otelo?
Bebeu OTELO - Sim, Desdêmona.
Cantou DESDÊMONA - Não vindes para o leito, meu senhor?
Dançou OTELO - Desdêmona, rezastes esta noite?
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e DESDÊMONA - Oh, decerto, senhor!
morreu afogado. OTELO - Se vos lembrardes de alguma falta não per-
doada ainda pelo céu e sua graça,
De acordo com as suas características, o poema pode cuidai logo de tê-la redimida.
ser classificado como um texto DESDÊMONA - O meu senhor! Que pretendeis dizer
1. lírico. com isso?
2. épico OTELO - Bem; fazei o que vos disse e sede breve. Pas-
3. narrativo. sarei nesse em meio; não desejo
4. dramático. trucidar-vos o espírito manchado. Não pelo céu! Não
vos matarei a alma.
03. São características do gênero dramático: Otelo, William Shakespeare.
I. Representa sentimentos e emoções a partir da ex-
pressão individual e subjetiva. Nos textos dramáti- IV.
cos há a predominância de pronomes e verbos na 1ª Diz que era uma velhinha que sabia andar de lam-
pessoa e a exploração da musicalidade das palavras. breta. Todo dia ela passava na fronteira montada na
II. Nos textos dramáticos o poeta despoja-se do seu lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O
“eu” sentimental para atirar-se na direção dos acon- pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou
tecimentos que o rodeiam. O amor é uma temática, a desconfiar da velhinha.
mas na narrativa dramática ele é abordado em epi- Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco
sódios isolados. atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A ve-
III. Os textos dramáticos são produzidos para serem lhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
representados, pois a voz narrativa está entregue às - Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui
personagens, que contam a história por meio de diá- todo dia com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora
logos ou monólogos sem mediação do narrador. leva nesse saco?
IV. O auto, a comédia, a tragédia, a tragicomédia e a A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe res-
farsa integram-se ao gênero dramático. tavam e mais os outros, que ela adquirira no odon-
1. III e IV estão corretas. tólogo, e respondeu:
2. I e III estão corretas. - É areia.
3. I e II estão corretas. A velhinha contrabandista, Sérgio Porto - Stanislaw
4. I e IV estão corretas. Ponte Preta.
5. II, III e IV estão corretas.
Os fragmentos acima representam, respectivamente,
04. Leia os fragmentos a seguir para responder à os seguintes gêneros:
questão: 1. épico – lírico – dramático – narrativo.
I. 2. lírico – épico – dramático – narrativo.
De tudo, meu amor serei atento 3. narrativo – dramático – épico – lírico.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 4. lírico – épico – narrativo – dramático.
Que mesmo em face do maior encanto 5. dramático – narrativo – lírico – épico.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE: (EM13LP42) Acompanhar, analisar e discutir a cobertura da mídia diante de acontecimentos
e questões de relevância social, local e global, comparando diferentes enfoques e perspectivas, por meio
do uso de ferramentas de curadoria (como agregadores de conteúdo) e da consulta a serviços e fontes de
checagem e curadoria de informação, de forma a aprofundar o entendimento sobre um determinado fato
ou questão, identificar o enfoque preponderante da mídia e manter-se implicado, de forma crítica, com os
fatos e as questões que afetam a coletividade.

OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP42A) Examinar textos de diferentes gêneros do campo jornalístico


e midiático, utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos, considerando o uso
de novas tecnologias digitais de checagem de informação e da web 2.0, para o desenvolvimento de uma
atitude analítica e crítica.

OBJETOS DE CONHECIMENTO: Linguagem do gênero discursivo. Coesão sequencial, seleção lexical, subs-
tantivos abstratos e vocativos. Análise do discurso. Comparação entre textos.

ORALIDADE

Leia os textos a seguir.

TEXTO I

Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI955 . Acesso em: 11 maio 2022.

ANALISANDO O CONTEXTO.
a) Qual é o tema abordado?
b) O que o garoto quis dizer em “algumas propagandas são doidas!”
c) Qual a conclusão do garoto sobre o impacto dos meios de comunicação de massa?

TEXTO II

Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI956 . Acesso em: 11 maio 2022.

ANALISANDO O CONTEXTO
a) É comum as pessoas presentearem e serem presenteadas com livros?
b) É possível afirmar que a leitura amplia o conhecimento do leitor?
c) Como é o hábito de leitura dos estudantes?

PARA REFLETIR
As tirinhas estudadas apresentam coesão? Há coerência nas tirinhas quanto ao assunto abordado e a
forma que foram abordados?

86
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Coesão e Coerência refas, com exceção desta: arquivar a correspondência.
(Referência demonstrativa catafórica)
A Coesão e a Coerência são mecanismos funda- • Comparativa: utilização de comparações através
mentais na construção textual. de semelhanças.
Para que um texto seja eficaz na transmissão da Exemplo: Mais um dia igual aos outros… (Refe-
sua mensagem é essencial que faça sentido para o rência comparativa endofórica)
leitor.
Além disso, deve ser harmonioso, de forma a que Substituição
a mensagem flua de forma segura, natural e agradável Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal)
aos ouvidos. por outro é uma forma de evitar as repetições.
Exemplo: Vamos à prefeitura amanhã, eles irão
Coesão Textual na próxima semana.
Observe que a diferença entre a referência e a
A coesão é resultado da disposição e da correta substituição está expressa especialmente no fato de
utilização das palavras que propiciam a ligação entre que a substituição acrescenta uma informação nova
frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora ao texto.
com sua organização e ocorre por meio de palavras
chamadas de conectivos. No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais
É a conexão linguística que permite a amarração de Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia
das ideias dentro de um texto. as pessoas João e Maria, não acrescentando in-
Bem utilizada, a coesão permite a eficiência na formação adicional ao texto.
transmissão da mensagem ao interlocutor e, por con-
sequência, o entendimento. Elipse
Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida Um componente textual, quer seja um nome,
pelas relações linguísticas, como os advérbios, pro- um verbo ou uma frase, pode ser omitido através da
nomes, o emprego de conectivos, sinônimos, dentre elipse.
outros.
Exemplo: Temos ingressos a mais para o concerto.
Para ser melhor empregada, a coesão necessita de
Você os quer?
recursos, como palavras e expressões que têm como
(A segunda oração é percep�vel mediante o con-
objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos
texto. Assim, sabemos que o que está sendo oferecido
do texto. Esses recursos são chamados de elementos
são ingressos para o concerto.)
de coesão.
Quando o texto é incoerente, prejudica o processo
Conjunção
de comunicação.
A conjunção liga orações estabelecendo relação
Mecanismos de Coesão entre elas.
Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado,
A coesão pode ser obtida através de alguns me- mas ele sabe. (adversativa)
canismos: anáfora e catáfora.
A anáfora e a catáfora se referem à informação Coesão Lexical
expressa no texto e, por esse motivo, são qualificadas A coesão lexical consiste na utilização de palavras
como endofóricas. que possuem sentido aproximado ou que pertencem
Enquanto a anáfora retoma um componente, a a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos, hi-
catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a perônimos, nomes genéricos, entre outros.
harmonia textual. Exemplo: Aquela escola não oferece as condições
mínimas de trabalho. A instituição está literalmente
Algumas Regras caindo aos pedaços.
Confira abaixo algumas regras que garantem a
coesão textual: Coesão Sequencial

Referência A coesão sequencial é um recurso que colabora


• Pessoal: utilização de pronomes pessoais e pos- com a evolução textual apontando a passagem do
sessivos. Exemplo: João e Maria casaram. Eles são pais tempo.
de Ana e Beto. (Referência pessoal anafórica) Trata-se de um mecanismo coesivo que acontece
• Demonstrativa: utilização de pronomes de- por meio de marcadores verbais e conectivos os quais
monstrativos e advérbios. Exemplo: Fiz todas as ta- indicam essa progressão ao longo do texto.

87
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Dessa maneira, a coesão sequencial colabora com “Houve um silêncio, no qual o desgraçado parecia
a estrutura textual uma vez que auxilia na articulação arrancar de dentro uma frase que, no entanto, era
das palavras e frases dentro de um texto. Por sua vez, a única ideia que o levava a dirigir-se à mulher.
se não for utilizada de maneira correta, prejudicará o Afinal, depois de coçar mais vivamente a cabeça,
entendimento do texto. gaguejou com a voz estrangulada de soluços:”
Além da coesão sequencial, temos a “coesão refe-
rencial” que acontece por meios de elementos textu- Nos trechos acima, também extraídos da obra O
ais chamados de “referentes”. Estes são retomados no Cortiço, notamos a presença de diversos conectivos
texto e, da mesma forma que a sequencial, colabora que permitem a sequência de ideias no texto. Essa
com a articulação das frases e dos parágrafos. ligação ocorre por meio do uso de conjunções, ad-
vérbios e pronomes.
Exemplos Os termos “não obstante”, “mas” e, “no entanto,”
Para compreender melhor o conceito de coesão estabelecem uma relação de oposição e têm o objeti-
sequencial, leia o trecho abaixo extraído da obra O vo de opor ideias ou conceitos num período.
Cortiço de Aluísio Azevedo. Já o “e” estabelece uma relação de adição uma
vez que acrescenta algo ao texto. Por fim, o termo
“João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, “afinal” indica uma relação de temporalidade onde
empregado de um vendeiro que enriqueceu entre possui o objetivo de situar o leitor na sucessão dos
as quatro paredes de uma suja e obscura taverna acontecimentos ou das ideias.
nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto econo-
mizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, Tipos de Coesão Textual
que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou,
em pagamento de ordenados vencidos, nem só a Coesão Referencial
venda com o que estava dentro, como ainda um É o vínculo que existe entre palavras, orações e
conto e quinhentos em dinheiro. Proprietário e as diferentes par�culas do texto por meio de um re-
estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à ferente.
labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de Nesse tipo de coesão, os termos conetivos ou co-
tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado esivos anunciam ou retomam as frases, sequências e
as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da palavras que indicam conceitos e fatos.
própria venda, em cima de uma esteira, fazendo Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfo-
travesseiro de um saco de estopa cheio de palha.” ra. A anáfora faz referência a uma informação que já
fora mencionada no texto. Ou seja, ela retoma um
Nesse caso, essa evolução na narrativa é carac- componente textual, e também pode ser chamada
terizada por marcadores verbais que determinam a de elemento anafórico.
passagem do tempo no texto. A catáfora, por sua vez, antecipa um componente
João Romão foi... enriqueceu... economizou... textual, sendo chamada de elemento catafórico.
ganhara... retirar-se... estava... estabelecido... atirou- Os principais mecanismos da coesão referencial
-se... possuindo-se... afrontava... dormia... ocorrem por meio da elipse e reiteração. Exemplo de
coesão referencial por elipse:
Por esse motivo, a coesão sequencial é o elemen- Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha?
to que organiza os fatos do tempo no texto. E, como Entenda: neste tipo de coesão, um elemento do
é feita por marcadores verbais, é estabelecida pelas texto é retirado e evita a repetição. Vamos à praia no
conjugações no pretérito perfeito, pretérito mais-que- domingo. Você nos acompanha (à praia)?
-perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo.
A coesão sequencial também atua com o uso de Exemplo de coesão por reiteração:
conectivos. Sem ela, o texto não é linear e a mensa- Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar
gem pode não ser compreendida. o conhecimento todos os dias.
Entenda: neste tipo de coesão é possível repetir
“Não obstante, ao lado dele a crioula roncava, o elemento lexical ou mesmo usar sinônimos.
de papo para o ar, gorda, estrompada de serviço,
tresandando a uma mistura de suor com cebola Coesão Sequencial
crua e gordura podre. Mas João Romão nem dava É a maneira como os fatos se organizam no tempo
por ela; só o que ele via e sentia era todo aquele do texto. Para isto, são utilizadas relações semânticas
voluptuoso mundo inacessível vir descendo para que ligam as orações e os parágrafos à medida em que
a terra, chegando-se para o seu alcance, lenta- o texto é descrito.
mente, acentuando-se.” A coesão sequencial pode ocorrer por justaposi-
ção ou conexão.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo de coesão sequencial por justaposição:
Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além disso, conhece os meandros da empresa. Entenda: a
coesão sequencial por justaposição ocorre para dar sequência ao texto no ordenamento temporal, espacial
e de assunto.

Elementos coesivos

Também chamados de elementos de coesão, os elementos coesivos têm como função fazer uma ligação
lógica entre palavras e/ou frases de um texto ou de evitar que determinadas palavras que já foram mencio-
nadas sejam repetidas.

Classificação do Exemplos de elementos coesivos Frase de exemplo


elementocoesivo
Adição ademais, ainda mais, ainda por cima, além disso, e, Ele tem um dom natural para
outrossim, por outro lado, nem, não só... mas tam- cantar, mas também é muito
bém, não apenas... como também, não só... bem esforçado.
como, também, etc.
Afirmação sim, certamente, com certeza, decerto,efetivamente, Eles realmente cumpriram
indubitavelmente, inquestionavelmente, por certo, com o prometido.
realmente, seguramente, sem dúvida, etc.
Alternativa já... já, nem... nem, ou... ou, ora... ora, quer...quer, Quer você queira, quer não,
seja ... seja, etc. falarei com a diretora.
Causa assim, como, com efeito, como resultado, dado que, Ela teve uma crise de alergia
de fato, de tal forma que, de tal sorte que, em virtude por causa do pelo do cachor-
de, já que, logo, pois, porcausa de, por conseguinte, ro.
por consequência, por isso, porquanto, porque,
portanto, que, tão, uma vez que, visto que,
Certeza certamente, com toda a certeza, decerto,indubita- Decerto foi umafatalidade.
velmente, inquestionavelmente, inegavelmente, por
certo, sem dúvida
C o m p a r a ç ã o ; à medida que, à proporção que, assim como, assim À medida que a data da via-
conformidade também, bem como, como, como se, conforme, con- gem se aproximava,mais ner-
soante, da mesma forma, damesma maneira que, do vosos ficavam.
mesmo modo, do mesmo modo que, igualmente, não
só... como, tal qual, tal como, tal que, tanto quanto,
Conclusão assim, dessa forma, dessa maneira, em resumo, em Contou que sua avó tinha
síntese, em suma, logo, por isso, por consequência, deixado de atender seus te-
portanto lefonemas. Logo, deixou de
procurá-la.
Condição a menos que, a não ser que, caso, contanto que, com Posso ir com você ao teatro
tal que, desde que, eventualmente, exceto se, salvo contanto que você me dê ca-
se, se, sem que, suposto que, rona de volta pra casa.
Dúvida a caso, é provável, não é certo, por ventura,possivel- É provável que ele nãovenha
mente, provavelmente, quem sabe, se é que, talvez, por causa da chuva.
Esclarecimento aliás, a saber, em outras palavras, isto é, ou me- Você pode usar umaimagem,
lhor, ou por outra, ou seja, ou antes, por exemplo, por exemplo, para ilustrar um
quer dizer conceito.
Exclusão apenas, exceto, fora, menos, salvo, só, somente Todos aprovaram o nome
do bebê, exceto os avós.
Finalidade a fim de, a fim de que, com o fim de, com ointuito Estou poupando dinheiro
de, com o propósito de, com o objetivo de, para que a fim de viajar para visitar a
minha família.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplos: • Camila foi morar sozinha no Canadá. Sempre
1. Estou juntando dinheiro, pois quero comprar soube que minha prima era uma mulher inde-
um celular novo. pendente. (“Camila” = “minha prima”)
2. Carlos está cansado. Ele trabalhou muitas horas • Alok é um brasileiro famoso mundialmente. O
hoje. DJ é conhecido por sua dedicação às causas
humanitárias. (“Alok” = DJ”)
No exemplo 1, a palavra “pois” é um elemento
coesivo. Ela estabelece ligação entre as frases “es- Coerência Textual
tou juntando dinheiro” e “quero comprar um celular
novo” e preserva a coesão (conexão de ideias). A Coerência é a relação lógica das ideias de um
No exemplo 2, o elemento coesivo “ele” evita texto que decorre da sua argumentação - resultado
que a palavra “Carlos” seja repetida. Os elementos especialmente dos conhecimentos do transmissor da
coesivos podem ser divididos em duas classificações: mensagem.
• elementos coesivos sequenciais ou de continui- Um texto contraditório e redundante ou cujas
dade ideias iniciadas não são concluídas, é um texto inco-
• elementos coesivos referenciais erente. A incoerência compromete a clareza do dis-
curso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Elementos coesivos sequenciais Assim a incoerência não é só uma questão de
conhecimento, decorre também do uso de tempos
Os elementos coesivos sequenciais, também cha- verbais e da emissão de ideias contrárias.
mados de conectivos, são usados para estabelecer
ligações lógicas entre frases. Eles são responsáveis Exemplos:
por fazer com que a conexão de ideias de um texto • O relatório está pronto, porém o estou finali-
faça sentido. zando até agora. (processo verbal acabado e
Durante um processo de criação de texto, não inacabado)
basta apenas usar elementos coesivos para conectar • Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal
frases, mas sim saber qual elemento coesivo é ade- passado. (os vegetarianos são assim classifica-
quado para cada situação. dos pelo fato de se alimentar apenas de vege-
tais)
Observe a frase abaixo:
Fatores de Coerência
“Comprei uma mala maior, isto é, preciso levar
muitas coisas.”
São inúmeros os fatores que contribuem para a
coerência de um texto, tendo em vista a sua abran-
Essa frase não faz qualquer sentido, não é mes-
gência. Vejamos alguns:
mo? Isso acontece pois o elemento coesivo “isto é” é
usado para ilustrar, exemplificar, e não para indicar a
Conhecimento de Mundo
causa de algo. Uma alternativa para escrever a frase
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao
corretamente seria: “Comprei uma mala maior por-
longo da vida e que são arquivados na nossa memória.
que preciso levar muitas coisas.”
São os chamados frames (rótulos), esquemas
Confira abaixo uma tabela de conectivos para re-
(planos de funcionamento, como a rotina alimentar:
dação, que vai ajudar você a redigir os seus textos de café da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar
forma eficiente. algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts
(roteiros, tal como normas de etiqueta).
Elementos coesivos referenciais Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a
postos para o Carnaval!
Os elementos coesivos referenciais são utilizados
para fazer referência a palavras ou locuções que já Uma questão cultural nos leva a concluir que a
foram mencionadas em um discurso. oração acima é incoerente. Isso porque “peru, pa-
Assim, contribuem para que o texto fique fluído netone, frutas e nozes” (frames) são elementos que
e sem repetições. Observe as frases abaixo e veja tais pertencem à celebração do Natal e não à festa de
elementos destacados: carnaval.
• Tom Jobim é considerado um ícone da MPB.
Juntamente com Vinícius de Moraes, o com- Inferências
positor escreveu “Garota de Ipanema”. Através das inferências, as informações podem
• Faz três anos que não vejo a Paula. Ela mora ser simplificadas se partimos do pressuposto que os
em outra cidade. (“Ela” = “Paula”) interlocutores partilham do mesmo conhecimento.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo: Quando os chamar para jantar não es- (D) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais
queça que eles são indianos. (ou seja, em princípio, posse de bola”, ter dificuldade não é algo natural-
esses convidados não comem carne de vaca) mente esperado.
(E) por causa de indica consequência, porque as
Fatores de contextualização tentativas de ataque do Flamengo motivaram o
Há fatores que inserem o interlocutor na mensa- Botafogo a fazer um bloqueio.
gem providenciando a sua clareza, como os �tulos de
uma no�cia ou a data de uma mensagem. 02. (Enem-2011) – Leia o texto a seguir.

Exemplo: Cultivar um estilo de vida saudável é extremamen-


— Está marcado para às 10h. te importante para diminuir o risco de infarto, mas
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre também de problemas como morte súbita e derra-
o que está falando. me. Significa que manter uma alimentação saudável
e praticar atividade �sica regularmente já reduz, por
Informatividade si só, as chances de desenvolver vários problemas.
Quanto maior informação não previsível um texto Além disso, é importante para o controle da pressão
tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer o arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no san-
que é óbvio ou insistir numa informação e não desen- gue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar
volvê-la, com certeza desvaloriza o texto. a capacidade �sica, fatores que, somados, reduzem
as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com
Exemplo: O Brasil foi colonizado por Portugal. acompanhamento médico e moderação, é altamente
recomendável.
ATALIA, M. Nossa vida. Época . 23 mar. 2009.
MOMENTO ENEM
As ideias veiculadas no texto se organizam estabele-
(Enem-2010) – Leia o texto a seguir.
cendo relações que atuam na construção do sentido.
O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto
A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que
o Botafogo procurava fazer uma forte marcação no
(A) a expressão “Além disso” marca uma sequencia-
meio-campo e tentar lançamentos para Victor Simões,
ção de ideias.
isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com (B) o conectivo “mas também” inicia oração que ex-
mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha prime ideia de contraste.
grande dificuldade de chegar à área alvinegra por (C) o termo “como”, em “como morte súbita e derra-
causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente me”, introduz uma generalização.
da sua área. (D) o termo “Também” exprime uma justificativa.
(E) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o de colesterol e de glicose no sangue”.
gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvi-
negra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. 3. (Enem-2013) – Leia o texto a seguir.
Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do
goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas Gripado, penso entre espirros em como a palavra
da defesa e empurrou para o fundo da rede quase gripe nos chegou após uma série de contágios entre
que em cima da linha: Flamengo 1 a 0. línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe
Disponível em: h�p://momentodofutebol.blogspot.com
que disseminou pela Europa, além do vírus propria-
(adaptado).
mente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e
o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do
01. O texto, que narra uma parte do jogo final do
latim medieval influentia, que significava “influência
Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009,
dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a
contém vários conectivos, sendo que
forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Su-
(A) após é conectivo de causa, já que apresenta o
põe-se que fizesse referência ao modo violento como
motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de
o vírus se apossa do organismo infectado.
cabeça. RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov.
(B) enquanto tem um significado alternativo, porque 2011.
conecta duas opções possíveis para serem aplica-
das no jogo. Para se entender o trecho como uma unidade de sen-
(C) no entanto tem significado de tempo, porque tido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre
ordena os fatos observados no jogo em ordem seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída
cronológica de ocorrência. predominantemente pela retomada de um termo por

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em HABILIDADE: (EM13LGG703) Utilizar diferentes lin-
que há coesão por elipse do sujeito é guagens, mídias e ferramentas digitais em proces-
(A) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série sos de produção coletiva, colaborativa e projetos
de contágios entre línguas.” autorais em ambientes digitais.
(B) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe […]”.
(C) “O primeiro era um termo derivado do latim me- OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLGG703A)
dieval influentia, que significava ‘influência dos Analisar formas contemporâneas de publicidade
astros sobre os homens’.” em contexto digital, identificando valores e repre-
(D) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo sentações de situações, grupos e configurações so-
gripper […]”. ciais veiculadas para potencializar a compreensão
(E) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento da mensagem e ampliar atitudes críticas.
como o vírus se apossa do organismo infectado.”
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Peças de campa-
Leia o trecho extraído da música “Seja para mim” do nhas publicitárias e políticas (cartazes, folhetos,
grupo musical Maneva. “Seja para mim o que você anúncios, propagandas em diferentes mídias, spots,
quiser jingles).

Contanto que seja o meu amor


Estou indo te buscar, mas eu tô indo a pé Prende teu Leia o texto a seguir.
cabelo porque tá calor”

04. Os termos em destaque estabelecem uma relação


de:
(A) condição e oposição
(B) contraste e conclusão
(C) causa e consequência
(D) intenção e continuação
(E) dúvida e condição

5. Leia o trecho da obra “Dom Casmurro” de Machado


de Assis, e indique os marcadores verbais que auxiliam
na coesão sequencial da narrativa, sublinhando-os.
Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI958 .Acesso
.Acesso em: 12 maio 2022.
“Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho
Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui
Ao observarmos esta campanha publicitária pode-
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cum-
mos entender a possibilidade de recriação ao
primentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua
 Utilizar as diferentes linguagens, mídias e fer-
e dos ministros, e acabou recitando-me versos.”
ramentas de recriação.
 Promover a intertextualidade a partir da obra
(Enem-2011) Leia o texto a seguir.
“Criador e criatura” de Michelangelo.
 Incorporar de novos elementos de comunica-
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamen-
ção, o celular com finalidade de divulgação de
te importante para diminuir o risco de infarto, mas
uma marca.
também de problemas como morte súbita e derra-
me. Significa que manter uma alimentação saudável
Intertextualidade: a relação entre textos
e praticar atividade �sica regularmente já reduz, por
si só, as chances de desenvolver vários problemas.
Você já ouviu falar sobre intertextualidade? De
Além disso, é importante para o controle da pressão
maneira geral, a intertextualidade é a relação entre
arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no san-
textos. Sim, os textos se relacionam com outros tex-
gue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar
tos. Contudo, essa relação pode acontecer de diversas
a capacidade �sica, fatores que, somados, reduzem
formas. Um texto pode “dialogar” com um ou mais
as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com
outros textos. Então, antes de você estudar sobre es-
acompanhamento médico e moderação, é altamente
sas relações, é necessário refletir a respeito do que
recomendável.
ATALIA, M. Nossa vida. Época . 23 mar. 2009. é texto.

92
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
TEXTO – é o produto final de toda enunciação, fei- Intertextualidade implícita
ta em que linguagem for. Ex: gráfico, cartum, pintura, • Pode ser di�cil de ser identificada pelo leitor;
filme, escultura, poema… • Sua relação com o texto-base/original é indire-
ta, logo, pode não ser tão clara;
TEXTO VERBAL – é uma unidade linguística con- • Não é tão fácil encontrar elementos do texto-
creta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão -fonte;
(na escrita), que tem unidade de sentido e intencio- • Exige um conhecimento prévio sobre o conteúdo.
nalidade discursiva.
Os conceitos acima apresentam um conceito de
texto e de texto verbal. Perceba que texto vai além
de um aglomerado de palavras que produz sentido.
Texto é tudo aqui que significa dentro de um processo
comunicativo. Nesse sentido, uma pintura ou um filme
podem ser textos, porque eles atingem determinadas
intenções comunicativas.
A intertextualidade acontece, portanto, quando
um determinado texto faz referência a outro, ou a
situação e/ou acontecimento pré-existente. Essa re-
ferência pode ser explicita ou implícita, ou seja, pode
aparecer escrita no texto ou subentendida, nas en-
trelinhas dele.

Intertextualidade explícita
• É clara e fácil de ser identificada pelo leitor;
• Estabelece uma relação direta com o texto
original, ou seja, aquele em que o autor se Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI957 Acesso em:
inspirou para fazer referência; 11 maio 2022. Acessado em: <h�ps://s4.static.brasilescola.uol.
• O leitor não precisa fazer tanto esforço para com.br/img/2014/03/intertextualidade-implicita.jpg> Acesso
encontrar elementos do texto fonte; em 11.03.2021, às 18h04
• Não exige algum tipo de conhecimento prévio
do conteúdo. O exemplo acima é um pouco mais complexo, por-
que, para que se compreenda a relação intertextual, é
Veja o exemplo a seguir: necessário que o leitor tenha um conhecimento sobre
determinado produto cultural, que é uma música da
cantora brasileira Rita Lee. No anúncio há um elemen-
to verbal que permite a retomada do texto fonte, mas
essa inferência depende de um conhecimento prévio
do leitor: se ele não souber que há uma referência
à música “Mania de você”, da cantora Rita Lee, pro-
vavelmente o texto não será compreendido em sua
h�ps://institucional.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/ totalidade. Diferentemente do exemplo da Hortifruti,
hollywood/ Acesso em 11.03.2021, às 18h02 a propaganda da Nestlé não apresenta tantos elemen-
tos explícitos, sua relação com o texto base é mais
Observe que a campanha publicitária da Hortifruti indireta e exige mais do leitor para que se compreenda
dialoga explicitamente, isto é, de maneira bem clara, a mensagem de seu texto.
com o filme Shrek. O formato e cor do chuchu aliado
à roupa do personagem do filme é uma clara relação Veja os exemplos a seguir.
intertextual. O nome “Chuchurek” está escrito com a
mesma fonte e cor em que o nome do filme aparece Meus oito anos
em sua divulgação, inclusive com as orelhas do ogro Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha
acopladas na letra inicial do �tulo. Ao fundo da ima- vida, Da minha infância querida
gem, temos o desenho de um castelo, que remete ao Que os anos não trazem mais! Que amor, que so-
castelo do filme. Ainda, os dizeres comuns no filme nhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras
“tão, tão distante” está presente nessa peça publici- À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!
tária para promover o chuchu vendido no Hortifruti. (Casimiro de Abreu)
(ABREU, Casimiro de. As Primaveras.
São Paulo: Ática, 2007.)

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Meus oito anos Observe a utilização das mídias e ferramentas de
Oh que saudades que eu tenho Da aurora de mi- recriação a partir do App Top Imagens que possibi-
nha vida lita a reinvenção de imagens; permite você brincar
De minha infância querida Que os anos não tra- com a própria imagem. Neste caso o App teve como
zem mais Naquele quintal de terra base a obra Moraliza de Leonardo da Vinci, em que
Da Rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira percebemos a intertextualidade, incorporando novos
Sem nenhum laranjais (Oswald de Andrade) elementos: o celular, a coloração do cabelo e acessó-
(ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. 5 ed. Rio de rios como anel e colar.
Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.)
Você percebeu que vemos relações intertextuais
diariamente. Elas estão presentes em histórias escri-
Perceba que os dois poemas acima estão se rela- tas, em filmes, novelas, propagandas, músicas, pin-
cionando. O segundo poema, de Oswald de Andrade, turas, desenhos, conversas, nas redes sociais e em
retoma o texto-base de Casimiro de Abreu. Veja que tantos outros lugares. Sendo assim, agora é sua vez
os quatro primeiros versos são iguais, mas os demais de pesquisar relações entre textos acontecendo.
mudam e o segundo poema traz uma ideia oposta ao
primeiro. Enquanto o eu lírico do primeiro poema ide- Siga as orientações.
aliza, romantiza a infância, o eu lírico da segunda é bem 1º Pesquise em suas redes sociais (Facebook,
realista, olha para a infância de maneira oposta. Inde- Instagram, Twi�er, por exemplo) textos que indicam
pendente disso, os dois textos estão dialogando entre si. alguma relação com outros textos.
2º Registre em seu caderno (ou tire uma foto em
Alguns tipos de intertextualidade seu celular) esses textos que você encontrou. 3º Em
seguida, crie um texto que se relacione com algum
Paráfrase: intertextualidade temática, em que desses textos que você selecionou anteriormente.
o novo texto reafirma outro, com estrutura e estilo 4º Por fim, reflita: como eu construí o novo tex-
próprios; to? Quais elementos do texto-base estão presentes
Paródia: ocorre a alteração temática do texto no novo texto? Outras pessoas, ao lerem este texto,
base, recorrendo a ironia e sátira, geralmente; Refe- compreenderão a relação intertextual?
rência ou alusão: emprego de características secun-
dárias do texto-fonte, em que o novo texto sugere QUESTÃO 2
alguma interpretação, alude a algum acontecimento Sobre o conceito de intertextualidade, podemos afir-
ou personagem. mar:
I. Introdução de novos elementos no texto. Pode-se
Leia os seguintes exemplos: também retomar esses elementos para introduzir
Você é muito narcisista! novos referentes;
(Alusão ao Narciso, personagem da mitologia gre- II. Operação responsável pela manutenção do foco
ga conhecido por seu orgulho e beleza.) nos objetos de discurso previamente introduzidos;
Será que eu salguei a Santa Ceia para ser tão cri- III. Elemento constituinte do processo de escrita e
ticado assim por você? leitura, trata-se das relações dialógicas estabelecidas
(Referência à ceia que Jesus Cristo realizou com entre dois ou mais textos;
seus discípulos.) IV. Pode ocorrer de maneira implícita ou explícita;
V. Responsável pela continuidade de um tema e pelo
ATIVIDADE / PESQUISA: estabelecimento das relações semânticas presentes
em um texto.
MÍDIAS INTEGRADAS
Observe o texto a seguir. Estão corretas as proposições:
(A) Todas estão corretas.
(B) Apenas I, II e V estão corretas.
(C) Apenas III e IV estão corretas.
(D) III, IV e V estão corretas.
(E) I e II estão corretas.

QUESTÃO 3
(ENEM) Quem não passou pela experiência de estar
lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas
em outros? Os textos conversam entre si em um diá-
Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI959 .Acesso em: logo constante. Esse fenômeno tem a denominação
12 maio 2022. de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

94
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
I. Quando nasci, um anjo torto Desses que vivem na QUESTÃO 5
sombra Sobre a intertextualidade explícita, podemos afirmar
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida. que
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de (A) Ocorre de maneira velada, sem a citação expressa
Janeiro: Nova Aguilar, 1964)
do texto-fonte, cabendo ao leitor reativar infor-
mações em sua memória para perceber a inter-
II. Quando nasci veio um anjo safado O chato dum textualidade.
querubim (B) Ocorre, apenas, nos textos poéticos, não sen-
E decretou que eu tava predestinado A ser errado do admitida em outros gêneros, como o gênero
assim anúncio publicitário.
Já de saída a minha estrada entortou Mas vou até o (C) Ocorre somente por meio de paráfrase e paródia
fim. do texto-fonte.
(BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das
Letras, 1989) (D) Trata-se de um plágio do texto-fonte, ou seja, uma
transcrição integral do texto-fonte.
III. Quando nasci um anjo esbelto Desses que tocam (E) Ocorre a citação da fonte do intertexto, podendo
trombeta, anunciou: ser encontrada nas citações, nos resumos, rese-
Vai carregar bandeira. nhas e traduções, além de estar presente também
Carga muito pesada pra mulher Esta espécie ainda em diversos anúncios publicitários.
envergonhada.
(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara,
1986) HABILIDADE: (EM13LP42) Acompanhar, analisar
e discutir a cobertura da mídia diante de aconte-
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextu- cimentos e questões de relevância social, local e
alidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, global, comparando diferentes enfoques e perspec-
por tivas, por meio do uso de ferramentas de curadoria
(A) reiteração de imagens. (como agregadores de conteúdo) e da consulta a
(B) oposição de ideias. serviços e fontes de checagem e curadoria de in-
(C) falta de criatividade. formação, de forma a aprofundar o entendimento
(D) negação dos versos. sobre um determinado fato ou questão, identificar
(E) ausência de recursos. o enfoque preponderante da mídia e manter-se im-
plicado, de forma crítica, com os fatos e as questões
QUESTÃO 4 que afetam a coletividade.
(UFRN 2012) Observe a capa de um livro reproduzida
abaixo: OBJETIVOS DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP42A)
Examinar textos de diferentes gêneros do campo
jornalístico e midiático, utilizados com a finalida-
de de criar e mudar comportamentos e hábitos,
considerando o uso de novas tecnologias digitais
de checagem de informação e da web 2.0, para o
desenvolvimento de uma atitude analítica e crítica.

OBJETOS DE CONHECIMENTO: Estilo jornalístico:


características do gênero discursivo. Linguagem
do gênero discursivo. Estudo dos gêneros: no�cia,
reportagem, relato, sinopse, resenha, entrevista,
crônica, editorial. Ética e intencionalidade discur-
siva. Expressividade ar�stica, alienação e crítica
social. Verdade nos discursos. Análise do discurso.
Comparação entre textos.
A imagem é capa do livro Memórias Desmortas de Brás
Cubas, de Pedro Vieira. Editora Tarja Editorial

(A) uma metonímia.


(B) uma transcrição literal.
(C) uma paráfrase direta.
(D) um procedimento paródico.
(E) um plágio explícito.

95
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
 narrativo;
 descritivo;
 dissertativo-opinativo;
 injuntivo;
 expositivo.

Texto Informativo

Os textos informativos são um dos gêneros mais


presentes nos textos jornalísticos. Eles englobam as
produções textuais objetivas em prosa, baseadas na
linguagem clara e direta (linguagem denotativa). Tem
como objetivo principal transmitir informações.
TEXTO JORNALÍSTICO
Gêneros Jornalísticos
Os textos jornalísticos são os textos veiculados  editorial;
pelos jornais, revistas, rádio e televisão, os quais pos-  no�cia;
suem o intuito de comunicar e informar sobre algo.  reportagens;
Nos dias atuais, o texto jornalístico é provavel-  entrevistas;
mente o gênero textual mais lido, pois possui o maior  textos publicitários;
alcance nos diversos setores da sociedade.  classificados;
 artigos;
Estrutura do Texto Jornalístico  crônicas;
 resenhas;
A composição de um texto jornalístico é dividida  charges;
em:  cartas do leitor.
1. Pauta: escolha do tema ou assunto.
2. Apuração: recolha das informações, dados e Exemplos de Textos Jornalísticos
verificação da veracidade dos fatos.
3. Redação: transformação das informações num Medicamentos Genéricos
texto. Os medicamentos genéricos estão identificados
4. Edição: correção e revisão dos textos. com a sigla MG nas embalagens. Eles são aprovados
pela INFARMED, que disponibiliza uma lista de medi-
A Linguagem Jornalística camentos genéricos online. A cada medicamento é
atribuída uma A.I.M. (Autorização de Introdução no
A linguagem jornalística é em prosa e deve ser Mercado) com um respetivo número de registo. Se-
clara, simples, imparcial e objetiva de modo a expor gundo a lei, estes medicamentos podem unicamente
para o emissor as informações mais relevantes sobre ser comercializados depois do período de proteção de
o tema. patente do medicamento de referência ter expirado
O desenvolvimento textual baseado no critério (um período aproximado de 20 anos).
básico ao responder às perguntas:
Medicamentos de Marca
 “O quê?” (acontecimento, evento, fato ocorrido);
Os medicamentos genéricos podem ter, no en-
 “Quem?” (qual ou quais personagens estão
tanto, substâncias não ativas diferentes dos medica-
envolvidos no acontecimento);
mentos originais, como corantes, açúcares e amidos,
 “Quando?” (horário em que ocorreu o fato);
podendo diferir em tamanho, sabor ou forma destes.
 “Onde?” (local que aconteceu o episódio);
Apesar das substâncias ativas (os chamados excipien-
 “Como?” (modo que ocorreu o evento);
tes) distinguirem-se entre medicamentos de marca e
 “Por quê?” (qual a causa do evento).
medicamentos genéricos, as diferenças não acusam
normalmente no efeito terapêutico
No tocante à sua estrutura gramatical, normal-
Nem toda a medicação de marca tem um medi-
mente o texto jornalístico apresenta frases curtas e camento genérico equivalente.
ideias sucintas, as quais favorecem a objetividade do
texto. O jornal é um veículo portador de diferentes Medicamentos Genéricos ou Medicamentos de
gêneros textuais. Portanto, eles podem apresentar Marca?
uma linguagem conotativa (figurada), na medida em Ao adquirir medicamentos genéricos mais bara-
que desenvolve os diversos tipos de textos: tos, os utentes desfrutam de uma comparticipação

96
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
igual ou superior à que já tinham. Os utentes que Trata-se de um parágrafo em que todas as infor-
comprarem medicamentos mais caros, veem a sua mações que estarão contidas na no�cia deverão apa-
comparticipação ser reduzida. recer. É uma ferramenta muito importante, visto que
Pode simular na página da DECO os medicamentos desperta a atenção do leitor para a leitura da no�cia.
mais baratos entre medicamentos de marca e medi- Segue abaixo um exemplo:
camentos genéricos.
O Rio de Janeiro, sede dos jogos Olímpicos e Parao-
Gênero Textual No�cia límpicos de 2016, vem se preparando para receber
milhões de turistas no maior evento esportivo do
A No�cia é um gênero textual jornalístico e não planeta. Os Jogos Olímpicos ocorrerão entre os dias
literário que está presente em nosso dia a dia, sendo 05 e 21 de agosto e os Jogos Paraolímpicos, que
encontrada principalmente nos meios de comunica- contempla os atletas com necessidades especiais,
ção. acontecerão de 7 a 18 de setembro.
Trata-se, portanto de um texto informativo sobre
um tema atual ou algum acontecimento real, veicu- Corpo da No�cia
lada pelos principais meios de comunicação: jornais,
revistas, meios televisivos, rádio, internet, dentre Nessa parte, será apresentada a no�cia com descri-
outros. ções mais detalhadas. Segue abaixo um exemplo:
Segundo a página oficial do “Rio 2016”, os Jogos
Características da No�cia Olímpicos vão ocorrer durante 17 dias (05 e 21 de
As principais caraterísticas do gênero textual no- agosto) em quatro regiões da Cidade Maravilhosa,
�cia são: que totalizam 32 locais de competição: Copacaba-
 Texto de cunho informativo; na, Barra, Maracanã e Deodoro. As Modalidades
 Textos descritivos e/ou narrativos; Olímpicas incluem 42 esportes, onde participarão
 Textos relativamente curtos; 10.500 atletas de 206 países. Duas novas modali-
 Veiculado nos meios de comunicação; dades foram inclusas nos jogos Olímpicos de 2016:
 Linguagem formal, clara e objetiva; o Golfe e o Rugby.
 Textos com �tulos (principal e auxiliar); Já os Jogos Paraolímpicos, destinados para atletas
 Textos em terceira pessoa (impessoais); com necessidades especiais, acontecerão durante
11 dias (7 a 18 de setembro) nas mesmas regiões da
 Discurso indireto;
cidade (Copacabana, Barra, Maracanã e Deodoro),
 Fatos reais, atuais e cotidianos.
que no total contemplam 20 locais de competição.
São 23 modalidades esportivas, onde participarão
Estrutura e Exemplo de No�cia
4.350 atletas de 178 países. A novidade é a inclu-
Geralmente as no�cias seguem uma estrutura
são de duas novas modalidades: a Canoagem e o
básica classificada em:
Triatlo.
Título Principal e Título Auxiliar
Gênero Textual Reportagem
A no�cia é formada por dois �tulos, ou seja, um
principal, também chamado de Manchete, que sinteti-
O que é reportagem?
za o tema que será abordado, e outro um pouco maior,
A reportagem é um gênero textual jornalístico não
o qual auxilia o entendimento do �tulo principal, ou literário veiculado nos meios de comunicação: jornais,
seja, é um recorte do assunto que será explorado, revistas, televisão, internet, rádio, dentre outros.
por exemplo: Esse tipo de texto tem o intuito de informar, ao
mesmo tempo que prevê criar uma opinião nos lei-
tores. Portanto, ela possui uma função social muito
importante como formadora de opinião.
Embora a reportagem possa ser expositiva, infor-
mativa, descritiva, narrativa ou opinativa, ela não deve
ser confundida com a no�cia ou os artigos opinativos.
Assim, uma reportagem é expositiva e informati-
Lide va, pois tem o propósito de expor informações sobre
Na linguagem jornalística, a Lide corresponde à um determinado assunto para informar o leitor.
introdução da no�cia, portanto, trata-se do primei- Ela também pode ser descritiva e narrativa, uma
ro parágrafo que responderá as perguntas: O Que? vez que descreve ações e incluem tempo, espaço e
Quem? Quando? Onde? Como? Porque? personagens.

97
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Por fim, a reportagem é também um texto opina- Logo, podemos dizer que a no�cia faz parte do jor-
tivo, uma vez que apresenta juízos de valor sobre o nalismo informativo, enquanto as reportagens fazem
que está sendo discorrido. parte do chamado jornalismo opinativo.
Vale lembrar que o repórter é a pessoa que está
responsável por apresentar a reportagem que aborda Texto Editorial
temas da sociedade em geral.
O texto editorial é um tipo de texto jornalístico
Principais características da reportagem que geralmente aparece no início das colunas. Dife-
 Textos escritos em primeira e terceira pessoa; rente dos outros textos que compõem um jornal, de
 Presença de �tulos; caráter informativo, os editoriais são textos opinati-
 Foco em temas sociais, políticos, econômicos; vos.
 Linguagem simples, clara e dinâmica; Embora sejam textos de caráter subjetivo, eles
 Discurso direto e indireto; podem apresentar certa objetividade. Isso porque são
 Objetividade e subjetividade; os editoriais que apresentam os assuntos que serão
 Linguagem formal; abordados em cada seção do jornal, ou seja, Política,
 Textos assinados pelo autor. Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade,
Classificados, entre outros.
Estrutura da reportagem Os textos são organizados pelos editorialistas, que
expressam as opiniões da equipe e, por isso, não rece-
Embora apresente uma estrutura similar à da no- bem a assinatura do autor. No geral, eles apresentam
�cia, a reportagem é mais ampla e menos rígida na a opinião do meio de comunicação (revista, jornal,
estrutura textual. rádio, etc.).
Ela pode incluir as opiniões e interpretações do Tanto nos jornais como nas revistas podemos en-
autor, entrevistas e depoimentos, análises de dados e contrar os editoriais intitulados como
pesquisa, causas e consequências, dados esta�sticos, “Carta ao Leitor” ou “Carta do Editor”.
dentre outros.
Exemplos:
Estrutura básica da reportagem
TEXTO I - Editorial de jornal
A estrutura básica dos textos jornalísticos é divi-
dida em três partes:
Protestos no Brasil e a Crise Econômica
1. Título principal e secundário: as reportagens,
tal qual as no�cias, podem apresentar dois �tulos, um
Desde o ano passado nos deparamos com as
principal e mais abrangente (chamado de Manchete),
diversas manifestações que se espalham pelas ca-
e outro secundário (uma espécie de sub�tulo) e mais
pitais e cidades do país. Todas elas demostram a
específico.
insatisfação dos brasileiros com a política, econo-
2. Lide: na linguagem jornalística a lide correspon-
mia e os problemas sociais no geral.
de aos primeiros parágrafos dos textos jornalísticos,
O que mais ouvimos no café, no supermercado,
os quais devem conter as informações mais importan- nas paragens de ônibus ou mesmo no trânsito são
tes que serão discorridas pelo autor. Portanto, a lide frases do tipo: “Aonde vamos parar”, “Isso é culpa
pode ser considerada uma espécie de resumo, onde do PT”, “Estamos afundando” “O preço das coisas
as palavras-chave serão apontadas. aumentam e nosso salário nunca”.
3. Corpo do texto: desenvolvimento do texto, sem Essas frases proferidas pelos mais diversos ti-
perder de vista o que foi apresentado na Lide. Nessa pos de brasileiros nos indicam que a insatisfação e
parte, o repórter reúne todas as informações e as a crise econômica cresce cada vez mais no país, e
apresenta num texto coeso e coerente. os que tem possibilidades (mínima parcela) estão
deixando o Brasil para terem vidas melhores longe
Diferença entre reportagem e no�cia da nação verde e amarelo. [...]
Sabemos que a chave para a solução dos pro-
Geralmente, as reportagens são textos mais lon- blemas instaurados no país, de ordem social, polí-
gos, opinativos e assinados pelos repórteres. Por esse tica e econômica tem somente uma alternativa: o
motivo, a reportagem é um texto que precisa de mais investimento em políticas públicas voltadas para
tempo para ser elaborado pelo repórter. Nela, se de- o desenvolvimento educativo no país, sobretudo
senvolve um debate sobre um tema, de modo mais da implementação de disciplinas que abordem as
abrangente que a no�cia. questões sobre diversidade, pluralidade e gênero.
Já as no�cias são textos relativamente curtos e [...]
impessoais que possuem o intuito de somente infor- Disponível em: h�ps://brainly.com.br/tarefa/31491234.
mar o leitor de um fato atual ocorrido. Acesso em: 12 maio 2022.

98
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
TEXTO II – Editorial de revista. também pode aumentar a frequência e intensidade
de inundações e secas em algumas regiões do mun-
Editorial de revista do. [...]
O aumento das temperaturas também fez com
Neste mês de natal, celebramos o nascimento que as chuvas e inundações recordes na Alemanha e
do menino Jesus. Nada melhor que reunir a família na Bélgica, que deixaram mais de 200 mortos em julho
e curtir esse momento tão especial de encontro, do ano passado, fossem nove vezes mais prováveis.
amor, compreensão e tolerância. “A onda de calor que atingiu a Índia e o Paquistão, no
Por conta disso, a revista feminina nesse mês mês passado, ainda está sob análise”, informou O�o
apresenta um artigo sobre a “Origem e História do à AFP. “Mas o quadro geral é bastante assustador”,
Natal”, além de oferecer dicas de presentes nata- acrescentou o especialista.
linos para toda a família. Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI960
.Acesso em: 12 maio 2022.
Ademais, você não deve perder as novidades
sobre a moda nesse verão e, ainda, ficar
alerta no artigo sobre os “Melhores Concelhos 01. A mensagem principal do texto é sobre
para Economizar”. (A) mudanças climáticas intensificam as ondas de
Para além disso, apresentamos diversas dicas calor.
de viagem para esse final de ano em todas as regi- (B) cientistas ingleses descobrem as mudanças climá-
ões do Brasil e muitas receitas natalinas práticas, ticas.
rápidas e fáceis de preparar. (C) parcerias com o centro de pesquisas internacio-
Aproveite o final do ano para se divertir com nais.
toda a família e amigos e não se esqueça que o (D) aumento de inundações em algumas regiões do
espírito de natal deverá ser aproveitado para nos mundo.
tornar pessoas cada vez melhores. (E) mortes em inundações na Bélgica e Alemanha.
Encha seu coração de tudo que há de melhor:
amor, alegria, compreensão, harmonia e tolerância. 02. O texto tem a finalidade de
Desejamos-lhes boa leitura e um feliz natal! (A) opinar sobre as mudanças climáticas.
(B) argumentar sobre o aquecimento global.
Equipe Revista Feminina (C) informar sobre as mudanças climáticas.
(D) discutir sobre fenômenos naturais.
Disponível em: h�ps://brainly.com.br/tarefa/26830708 (E) refletir sobre questões climáticas globais.
. Acesso em: 12 maio 2022.
Leia o texto a seguir.
Características
Tal como vemos nos exemplos acima, as caracte-
rísticas dos editoriais jornalísticos que se destacam
são:
 Caráter objetivo e subjetivo;
 Linguagem simples e clara;
 Textos dissertativos-argumentativos;
 Temas da atualidade;
 Textos relativamente curtos.

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Disponível em: h�ps://tinyurl.com/GEPROMLPI591
Leia o texto a seguir: .Acesso em: 12 maio 2022.

Mudanças climáticas estão tornando 03. Quanto ao gênero textual, temos um/uma
ondas de calor cada vez mais intensas (A) no�cia, pois informa sobre as enchentes nas ci-
dades.
As mudanças climáticas tornaram mais intensas (B) tirinha, pois ela narra sobre o drama das chuvas.
as últimas ondas de calor que castigaram diversos pa- (C) editorial, pois opina sobre problemas sociais.
íses, mostram cientistas ingleses. Em um estudo feito (D) cartum, pois de forma irônica aborda sobre as
em parceria com o centro de pesquisa internacional enchentes.
World Weather A�ribution (WWA), os especialistas (E) artigo de opinião, pois argumenta sobre as en-
comprovaram que a elevação da temperatura global chentes.

99
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
TRABALHO EM GRUPO As pessoas gramaticais são também chamadas de
pessoas verbais ou pessoas do discurso.
Siga as orientações.
1º Pesquise e debata com seus colegas algum Primeira pessoa gramatical
problema local. A primeira pessoa gramatical é a pessoa que fala,
2º Registre em seu caderno de forma resumida sendo o falante, locutor ou emissor do discurso. No
um esquema sobre o assunto tratado. singular indica que há apenas uma pessoa que fala
3º Em seguida, elabore um texto, levando em (eu). No plural indica que há pelo menos duas pessoas
consideração as características do gênero textual re- que falam (nós).
portagem. • Eu comprei uma bicicleta.
4º Resuma o texto, escolha um represente do • Nós compramos uma bicicleta.
grupo para gravar a reportagem. Após a conclusão
os vídeos podem ser compartilhados na sala de aula, Segunda pessoa gramatical
redes sociais da escola e ou grupos de WhatsApp. A segunda pessoa gramatical é a pessoa a quem se
fala, sendo o ouvinte, receptor ou interlocutor do dis-
curso. No singular indica que há apenas uma pessoa a
HABILIDADE: (EM13LP06) Analisar efeitos de senti- quem se fala (tu ou você). No plural indica que há pelo
do decorrentes de usos expressivos da linguagem, menos duas pessoas a quem se fala (vós ou vocês).
da escolha de determinadas palavras ou expressões • Tu compraste uma bicicleta.
e da ordenação, combinação e contraposição de pa- • Vós comprastes uma bicicleta.
lavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades • Você comprou uma bicicleta.
de construção de sentidos e de uso crítico de língua. • Vocês compraram uma bicicleta.

OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP06B) Você é um pronome de tratamento informal que


Analisar as funções da linguagem como recursos se refere à segunda pessoa do discurso, indicando
expressivos da língua, considerando as diversas uma pessoa a quem se fala, mas que estabelece con-
situações textuais para conhecer as intencionali- cordância verbal com a terceira pessoa do discurso:
dades comunicativas. • você (2.ª pessoa) sabe (3.ª pessoa);
• você (2.ª pessoa) quer (3.ª pessoa);
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Vozes do discurso. • você (2.ª pessoa) pode (3.ª pessoa);
Gêneros discursivos (poemas, contos, crônicas, • você (2.ª pessoa) tem (3.ª pessoa).
tiras, charges, diários, propagandas, classificados,
receitas, reportagens).
Terceira pessoa gramatical
A terceira pessoa gramatical é a pessoa de quem
PESSOAS DO DISCURSO se fala, sendo o referente, o assunto ou objeto do
discurso. No singular indica que há apenas uma pes-
Pessoa gramatical soa de quem se fala (ele ou ela). No plural indica que
há pelo menos duas pessoas de quem se fala (eles
Existem três pessoas gramaticais no português: ou elas).
primeira pessoa, segunda pessoa e terceira pessoa. • Ele comprou uma bicicleta.
Variam em número, ocorrendo no singular e no plural, • Ela comprou uma bicicleta.
e são representadas principalmente por pronomes • Eles compraram uma bicicleta.
pessoais retos. • Elas compraram uma bicicleta.
1. ª pessoa do singular: eu
Como identificar as pessoas gramaticais?
2. ª pessoa do singular: tu
3. ª pessoa do singular: ele ou ela
Além dos pronomes pessoais retos, as pessoas
1. ª pessoa do plural: nós
verbais também podem ser definidas por outros pro-
2. ª pessoa do plural: vós
nomes, como os pronomes pessoais oblíquos e os
3. ª pessoa do plural: eles ou elas
pronomes possessivos, bem como pelas terminações
verbais, nomeadamente as desinências que indicam
As pessoas gramaticais indicam a posição que uma
o número e a pessoa a qual se refere a ação verbal
pessoa ocupa no discurso: se é falante, se é ouvinte
(desinência número pessoal).
ou se é o objeto do discurso
a 1.ª pessoa é a pessoa que fala;
a 2.ª pessoa é a pessoa com quem se fala; a 3.ª
pessoa é a pessoa de quem se fala.

100
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Pronomes que definem as pessoas gramaticais

Desinências que definem as pessoas gramaticais

101
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Discurso e Texto O que foi a Convenção de Copenhague?
A Convenção de Copenhague, ocorrida em de-
Intertexto e discurso: O uso da linguagem permeia zembro de 2009, em Copenhague, Dinamarca, foi o
todas as nossas atividades diárias. A linguagem é o ali- 15º encontro dos países signatários do acordo inter-
cerce da nossa comunicação e a utilizamos em nossas nacional que visa combater o aquecimento global.
conversas diárias, em propagandas, em anotações, Desde o início das atividades do acordo, firmado
no registro de conhecimentos e fatos históricos, etc. no Rio de Janeiro, em 1992, o mais fru�fero encontro
do grupo foi o de 1997, que elaborou o protocolo de
Intertexto e Discurso Kyoto.
• Servindo bebidas, o garçom diz: “Acabou o
Essa linguagem pode se apresentar como texto gelo”. Considerando o contexto e os papéis
e como discurso. Vem com a gente saber tudo sobre sociais dos envolvidos no ato comunicativo,
este assunto para gabaritar as questões de língua por- responda:
tuguesa no Enem e nos vestibulares! É cada vez maior 1. Por que todos ficam desconcertados com a
o número de questões que exigem a interpretação de afirmação do garçom? Porque, no contexto –
textos não verbais pelos candidatos. uma discussão sobre aquecimento global –, o
É preciso saber ‘ler’ e analisar imagens, gráficos, que mais se teme é justamente o fim das regi-
gráficos, mapas e outras formas de representação não ões frias do planeta.
verbal da linguagem. Confira agora um exemplo! 2. Essa frase, dita em outro contexto comuni-
cativo, causaria o mesmo mal-estar? Provavel-
Análise de Texto e discurso: mente não.
A charge a seguir retrata uma reunião internacio- • Segundo o teórico russo Mikhail Bakhtin, o
nal sobre aquecimento global em Copenhague (leia sentido dos enunciados está diretamente vin-
o boxe abaixo). Analise o texto e levante hipóteses. culado à situação em que são produzidos. Jean,
Em seguida, responda ao questionário logo abaixo. o autor da charge, levou em conta esse dado
para criar humor? Por quê? Sim, pois o autor
joga com os papéis sociais e com o contexto.
• As pessoas levam susto com a afirmação por-
que momentaneamente não percebem que é o
garçom quem está falando a frase, e não algum
representante do debate internacional.

A charge que você leu é um bom exemplo do uso


que se pode fazer da linguagem verbal e dos efeitos
de sentido criados em determinadas situações. Ela
retrata uma situação comunicativa em que as perso-
nagens interagem por meio da linguagem. O garçom,
que fala, é o locutor; as demais personagens são os
locutários. Nessa situação comunicativa, a fala cons-
titui o texto verbal.
Texto verbal é uma unidade linguística concreta,
percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na es-
crita), que tem unidade de sentido e intencionalidade
comunicativa.
1. Quem são as três personagens sentadas à
mesa? O que elas estão fazendo? Provavelmente são
representantes de países que participam do encon-
tro; elas discutem como solucionar o problema do
aquecimento global.
2. Quem está assistindo ao debate? Provavel-
mente são jornalistas de todo o mundo, que fazem a
cobertura do evento.
3. Por que todos estão com fones de ouvido? Ex-
plique. Como se trata de um encontro internacional,
os fones de ouvido permitem a tradução simultânea
do que é falado.

102
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Conclusão da Análise de Texto da Charge: formais e de conteúdo. Considerando o contexto em


Como você pôde notar na charge, o enunciado (a que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é
fala) não é o único elemento responsável pela produ- (A) definir regras de comportamento social pautadas
ção de sentido na interação verbal. no combate ao consumismo exagerado.
Além dos enunciados, há nas situações comu- (B) influenciar o comportamento do leitor, por meio
nicativas outros elementos que também auxiliam de apelos que visam à adesão ao consumo.
na construção do sentido: os papéis sociais que os (C) defender a importância do conhecimento de infor-
interlocutores desempenham (no caso da charge, o mática pela população de baixo poder aquisitivo.
papel de representantes dos países, o do garçom e (D) facilitar o uso de equipamentos de informática
o de repórteres), a intenção do locutor (no caso, a pelas classes sociais economicamente desfavore-
consciência do problema do aquecimento global), as cidas.
circunstâncias históricas ou sociais em que se dá a (E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente
comunicação (no caso, a convenção em Copenhague que a máquina, mesmo a mais moderna.
para propor soluções e medidas para frear o aqueci-
mento global), etc. Questão 02 (ENEM 2010) Câncer 21/06 a 21/07
Por outro lado, se considerarmos que Jean, o au-
tor, é o locutor do texto e que o texto pertence ao
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças
gênero charge, então percebemos que a intenção do
na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo
locutor e a finalidade central do texto são criar humor
indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a
e divertir.
área gástrica se ressentirá. O que ficou guardado virá
A esse conjunto de fatores que formam a situa-
à tona, pois este novo ciclo exige uma “desintoxica-
ção na qual o texto é produzido chamamos contexto
discursivo. E ao conjunto da atividade comunicativa, ção”. Seja comedida em suas ações, já que precisará
ou seja, à reunião de texto e contexto discursivo, cha- de energia para se recompor. Há preocupação com a
mamos discurso. família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lem-
Discurso é a atividade comunicativa – constituída bre-se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa.
de texto e contexto discursivo (quem fala, com quem Isso ajuda também na vida amorosa, que será testada.
fala, com que finalidade, etc) – capaz de gerar sentido Melhor conter as expectativas e ter calma, avalian-
desenvolvida entre interlocutores. do as próprias carências de modo maduro. Sentirá
vontade de olhar além das questões materiais – sua
ATIVIDADES confiança virá da intimidade com os assuntos da alma.
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009.
Questão 01 (ENEM 2010)
O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais,
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A seu contexto de uso, sua função específica, seu ob-
DE COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X jetivo comunicativo e seu formato mais comum rela-
SEM JUROS. cionam-se com os conhecimentos construídos socio-
Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006. culturalmente. A análise dos elementos constitutivos
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como desse texto demonstra que sua função é:
práticas de linguagem, assumindo funções específicas,

103
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(A) vender um produto anunciado. através de figuras que possibilitam a criação de ima-
(B) informar sobre astronomia. gens;
(C) ensinar os cuidados com a saúde. (D)expor a opi- III. Gênero que apresenta uma narrativa informal liga-
nião de leitores em um jornal. da à vida cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e
(E) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho. sua principal característica é a brevidade;
IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas persona-
Questão 03 gens, que geralmente se movimentam em torno de
Leia o texto a seguir para responder à questão: uma única ação, dada em um só espaço, eixo temático
e conflito. Suas ações encaminham-se diretamente
A outra noite para um desfecho;
V. Esse gênero é predominantemente utilizado em
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, manuais de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, re-
uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. ceitas, rótulos de produtos, entre outros.
Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo São, respectivamente:
e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em (A) texto instrucional, crônica carta, entrevista e carta
cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua argumentativa.
cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade (B) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica.
eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, (C) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucio-
alvas, uma paisagem irreal. nal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer (D) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucio-
aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim: nal.
– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir (E) texto instrucional, crônica entrevista, carta e carta
sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima? argumentativa.
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e en-
lamaçada e torpe havia uma outra – pura, perfeita
e linda. HABILIDADE: (EM13LP33) Selecionar, elaborar e
– Mas, que coisa… utilizar instrumentos de coleta de dados e infor-
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar mações (questionários, enquetes, mapeamentos,
o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando opinários) e de tratamento e análise dos conteúdos
mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador obtidos, que atendam adequadamente a diferentes
ou pensava em outra coisa. objetivos de pesquisa.
– Ora, sim senhor…
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP33A) Uti-
um “boa noite” e um “muito obrigado ao lizar os aspectos metodológicos de análise e pesqui-
senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu sa linguística, a partir do uso de período simples e
lhe tivesse feito um presente de rei. composto, regência, concordância, desenvolvendo
Rubem Braga
a concepção crítica do uso da língua de acordo com
a adaptação pela qual ela passa com cada situação
Analisando as principais características do texto lido,
de uso para desenvolver a capacidade de análise
podemos dizer que seu gênero predominante é:
de conteúdos e seus objetivos.
(A) Conto.
(B) Poesia.
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Recursos linguísticos
(C) Prosa.
e semióticos que operam nos textos pertencentes
(D) Crônica.
aos gêneros digitais. Construção composicional dos
(E) Diário.
textos literários. Recursos linguísticos e semióticos
que operam nos textos pertencentes aos gêneros
Questão 04
literários. TDICs. Leitura, apreciação e interpretação
Partindo do pressuposto de que um texto estrutura-se
de obras ar�sticas (quadros, música, performances,
a partir de características gerais de um determinado
espetáculos teatrais).
gênero, identifique os gêneros descritos a seguir:
I. Tem como principal característica transmitir a opi-
nião de pessoas de destaque sobre algum assunto de
interesse. Algumas revistas têm uma seção dedicada Gêneros digitais
a esse gênero;
II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado “Caro Sr. Potter, temos o prazer de infor-
para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira mar que foi aceito para a Escola de Magia e
particular, refletindo o momento, a vida dos homens Bruxaria de Hogwarts. Todos os alunos devem

104
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
estar equipados com um caldeirão de esta- mensagens de celular, hoje utilizamos as redes sociais
nho, tamanho padrão dois, e podem trazer, se para deixar um recado para nossos amigos. Contudo,
quiserem, uma coruja, um gato ou um sapo.” é importante observar que, embora os meios tenham
Disponível em: h�ps://exame.com/casual/10-cartas- sido modernizados, a estrutura da comunicação e a
inesqueciveis-que-o-cinema-eternizou/ . Acesso em: 12
forma com a qual nos expressamos continuam se-
maio 2022.
guindo parâmetros que estabelecem uma relação
dialógica com formas textuais preexistentes.
O avanço tecnológico provocou alterações nos
Até mesmo nas redes sociais somos capazes de
meios de comunicação e também na linguagem, o
adequar os níveis de fala de acordo com a necessidade
que deu origem aos gêneros digitais.
e com o interlocutor.
Embora novos gêneros textuais estejam surgindo,
entre eles os gêneros digitais, é interessante notar
que eles podem ser definidos porque apresentam
elementos que possibilitam isso, além de preserva-
rem características de gêneros já consagrados. Por
exemplo, ao escrever um e-mail, temos, ainda que
inconscientemente, a estrutura textual de uma carta
mentalmente preconcebida, pois é normal que inicie-
mos nosso texto utilizando elementos de uma carta
tradicional, como a identificação do remetente e a
despedida. Por isso, é incorreto pensar que a comu-
nicação virtual é uma verdadeira bagunça, que não
respeita tipologias ou gêneros, tampouco os níveis
da linguagem.
O advento da tecnologia mudou não apenas os Muitas pessoas relatam uma certa resistência à
meios de comunicação, mas também a linguagem comunicação virtual, como se esse fosse um espaço
O avanço tecnológico traz diversas novidades não desprovido de regras, sobretudo no que diz respeito
apenas para os meios de comunicação, mas também à linguagem, mas isso não é verdade. Somos falan-
para a linguagem. Você já parou para pensar o quanto tes habilidosos, sabemos quando e como utilizar os
a comunicação passou por diversas transformações diferentes níveis de fala até mesmo nos ambientes
graças ao advento da informática? Se você pensa que virtuais, compreendendo que há níveis distintos de
esse é um assunto apenas para estudiosos da linguís- formalidade e informalidade. É importante observar
tica, você está enganado, até porque essas transfor- também que, assim como existe a intergenericida-
mações estão mais próximas do que você imagina. de no meio virtual, sobretudo no nível informal de
fala, ela também ocorre fora dele, pois o hibridismo
manifesta-se na linguagem oral, misturando traços
característicos de fala e de escrita. A verdade é que
o mundo virtual e a comunicação estão intrinseca-
mente relacionados e certamente antigos gêneros
serão adaptados e outros novos surgirão, o que nos
proporcionará novas e ricas descobertas para o campo
da linguagem.

Sabemos que os gêneros textuais são incontáveis


e adaptáveis às diversas realidades e situações comu-
nicacionais. Sabemos também que eles podem ser
definidos graças a um conjunto de elementos fixos,
embora sejam mais flexíveis do que os tipos textuais.
A verdade é que a comunicação na internet acabou
criando novos gêneros e alterando outros, compro-
vando que eles estão a serviço dos falantes e às ne-
cessidades de seu tempo. Se antes enviávamos cartas,
Em uma definição simples, podemos dizer que o
hoje enviamos e-mail, que nada mais é do que uma
gênero digital se dá com o casamento entre a comu-
adaptação virtual que dispensa o papel e a caneta.
nicação e a tecnologia. Posts de Facebook, Instagram
Se em um passado não muito distante enviávamos

105
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ou Twitter configuram gêneros digitais. Vlogs, memes, Graphics Interchange Format (GIF)
gif e chats também. GIF é uma sigla que já foi eleita “a palavra do ano”
pelos dicionários Oxford. A sigla remete tanto à estru-
Chats tura do conteúdo quanto à extensão do arquivo digital.
Um bate papo em tempo real, conhecido pelas Trata-se de uma montagem de imagens que se
redes sociais. Um dos mais famosos é o TweetChat, sucedem automaticamente, criando uma espécie de
no qual é possível produzir minicontos ou emitir di- vídeo curto.
versas opiniões, com um limite de 280 caracteres. Geralmente, os GIFs aliam textos verbais e não
Atualmente, tem se usado muito o termo “thread”, verbais e tornam a comunicação rápida, eficiente e
que na prática, é uma sequência de tuítes, mensagens dinâmica.
publicadas na rede social Twi�er, informando uma Os arquivos em formato GIF tornaram-se popu-
situação ou mesmo contando uma história. lares porque são aceitos pela maioria dos programas
de edição e podem ser facilmente incluídos em redes
Podcasts sociais, blogs, sites, entre outros espaços virtuais.
É como um programa de rádio, porém sua dife-
rença e vantagem é o conteúdo direcionado. Você Fanfiction
pode ouvir o que quiser, na hora que bem entender. Essa é a comunicação preferida entre fãs e aficio-
Basta acessar a plataforma onde ele está guardado nados de literatura e cinema. Fanfiction ou simples-
(iTunes ou SoundCloud, por exemplo) e clicar no Play. mente fanfic é, na verdade, um novo gênero literário
É possível também baixar o episódio. Aí você pode desenvolvido por fãs de personagens de livros, qua-
dar o Play, e ouvir a hora que quiser, no computador drinhos, games, filmes ou séries, que escrevem seus
ou no celular. Esse gênero contempla diversas áreas roteiros a partir de narrativas já existentes.
do conhecimento. Um dos mais famosos no Brasil é o Traduzindo, uma fanfic é uma história de ficção
Escriba Café, que com uma excelente produção, fala criada por fãs que se tornaram eles mesmo autores de
de passagens históricas interessantes. novas tramas e argumentos para seus heróis favoritos.
Esse gênero, portanto, não nasceu em ambientes
Gifs digitais, mas foi neles que se popularizou e se desen-
É um formato de imagem de mapa de bits muito volveu. A imaginação desses autores apaixonados por
usado para imagens fixas e criar animações. É possível seus personagens não tem limites!
produzir gifs com o Scratch, um so�ware livre de lin-
guagem de programação por blocos, fácil e interativo. Vlog
Que tal criar gifs com seu filho? Ah, gifs com gatinhos Não é por acaso que vlog rima com blog. E sim,
são muito populares na web. você raciocinou corretamente: um gênero deriva do
outro!
Meme A grande diferença está no formato da publicação,
já que o conteúdo do vlog é geralmente um vídeo
O termo remete ao hu- publicado sobre um tema e não um texto escrito.
mor e é bastante conheci- O produtor de videoblogues ou simplesmente
do e utilizado no “mundo vlogs é conhecido como vlogger ou vlogueiro. Os
da internet”, referindo-se vlogueiros costumam publicar seus vídeos regular-
ao fenômeno de “viraliza- mente, procurando com essa assiduidade gerar certa
ção” de uma informação. expectativa entre seus seguidores que o acompanham
Qualquer vídeo, imagem, em canais pessoais ou em plataformas de comparti-
frase, ideia, música que se lhamento de vídeos como o Youtube.
espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançan-
do muita popularidade, se enquadra na definição de Wiki
viralização. O meme pode ser um instrumento muito A característica mais marcante das wikis é permitir
poderoso para falar sobre um assunto. Memes, ima- uma escrita colaborativa. Uma página wiki utiliza códi-
gens com frases engraçadas com Minions, como no go aberto, ou seja, um código passível de ser editado.
exemplo abaixo, são bastante comuns; Normalmente, todas as versões da página ficam
gravadas no histórico, fazendo com que quaisquer
Currículo web modificações sejam facilmente revertidas ou recu-
Essa é uma variação do currículo impresso. Sendo peráveis.
uma plataforma digital, conta com ferramentas que
tornam possível a inclusão de documentos suplemen- Trailer honesto
tares, fotos e, até mesmo, arquivos de voz e de vídeo. Assim como o trailer convencional, é um video-
clipe criado para anunciar um filme. No entanto, é

106
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
geralmente produzido por leigos ou fãs de cinema HABILIDADE: (EM13LP40) Analisar o fenômeno da
e não pela indústria, o que faz com que os aspectos pós verdade discutindo as condições e os meca-
negativos prevaleçam nos comentários e cenas. nismos de disseminação de fake News e também
exemplos, causas e consequências desse fenôme-
E-zine no e da prevalência de crenças e opiniões sobre
É um fanzine, com características de uma revista fatos, de forma a adotar atitude crítica em relação
temática e periódica, porém, distribuído pelos melos ao fenômeno e desenvolver uma postura flexível
digitais (e-mail ou pela publicação em um site ou canal que permita rever crenças e opiniões quando fatos
de vídeos). apurados as contradisserem.

Gameplay OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP40A)


Vídeo que mostra um ou mais jogadores intera- Relacionar procedimentos de checagem de fatos
gindo com um determinado game. Ele explora todas noticiados e demais informações veiculadas nos
as possibilidades do jogo e, em geral, traz orientações sistemas de comunicação e informação responsá-
aos iniciantes. veis pelo fenômeno da pós-verdade, apurando a
veracidade e identificando os interesses implícitos
Detonado nessas informações para ampliar as possibilidades
É uma variação do gameplay. Nesse caso, o vídeo de construção de sentidos e de uso crítico da língua.
mostra um passo a passo que ensina a vencer cada
uma das etapas do jogo, geralmente com legendas de OBJETOS DE CONHECIMENTO: Linguagem do gê-
texto ou texto e imagens (capturas de tela). nero discursivo. As pessoas gramaticais e os papéis
sociais. Coesão sequencial, seleção lexical, subs-
Pastiche tantivos abstratos e vocativos. Estudo dos gêne-
Caracteriza-se como um texto literário escrito con- ros: no�cia, reportagem, relato, sinopse, resenha,
forme o estilo de outro escritor consagrado. Porém, entrevista, crônica, editorial. Análise do discurso.
a função não é criticar o original, justamente o que Comparação entre textos.
diferencia o gênero da paródia. Um exemplo é o livro
Amor de Capitu, de Fernando Sabino, em que a histó-
ria do clássico de Machado de Assis Dom Casmurro é RELATO
recontada do ponto de vista da personagem Capitu.
Um relato é um conhecimento que se transmite,
Ciberpoema geralmente de forma pormenorizada, sobre um de-
Poemas construídos em meio digital, que suporta terminado assunto. O conceito, com origem no latim
animações e permite, em muitos casos, a interação relātus, diz respeito aos contos e às narrações não
com a produção do autor e até a criação de novos demasiado extensas.
textos. Em suma, o objetivo desse tipo de texto é trazer
a luz um acontecimento ou fato ou uma sequência
TRABALHO EM GRUPO de acontecimentos. E são vários os tipos de textos no
qual um relato pode ser inserido, como, por exemplo:
Siga as orientações. em diários, no�cias, notas informativas, entre outros.
1º Pesquise sobre Ciberpoema, memes e outros con- Posto isto, enquanto gênero literário, um relato é uma
teúdos que viralizam na rede. forma narrativa cuja extensão é inferior à da novela.
2º Reproduza no caderno o conteúdo pesquisado. Por isso, o autor de um relato deve sintetizar o que
3º Compartilhe no mural da escola; e ainda, produza é mais relevante e enfatizar aquelas situações que
um mural virtual. são essenciais para o desenvolvimento do mesmo. Se,
4º Compartilhe no grupo de WhatsApp de sua turma numa novela o escritor pode esmerar-se nas descri-
de sala de aula outros conteúdos: como vídeos etc. ções, num relato, deve apostar de modo a dar maior
impacto com uma quantidade mínima de palavras.
Os relatos podem ser fic�cios (como um conto ou
uma epopeia) ou pertencer ao mundo da não-ficção
(como as no�cias jornalísticas). Obviamente, escrever
(relatar) uma obra de ficção não é o mesmo que infor-
mar acerca de um facto verídico. Seja como for, o estilo
narrativo do relato mantém-se em ambos os universos.
Na rádio e na televisão, os relatos são especial-
mente populares devido ao futebol. Trata-se de re-

107
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
portagens transmitidas em direto, narradas à medida Nós, enquanto seres eminentemente sociais,
que o jogo vai avançando. Tudo vai sendo descrito somos contagiados pelo desejo de compartilhar
ao pormenor, dando a sensação ao ouvinte/espec- fatos decorrentes da nossa vivência com alguém
tador de estar a assistir presencialmente ao evento em que podemos confiar, seja um parente próximo
em questão. ou “aquele velho amigo”. Tais fatos tanto podem ser
Convém destacar que o relato transcende a lite- alegres, tristes, trágicos, horripilantes ou cômicos,
ratura e a palavra escrita. Quando uma pessoa conta o fato é que a todo o momento estamos relatando
algo a outra, está a relatar uma situação, ou seja, a sobre algo, embora às vezes passe despercebido.
construir um relato. Por se tratar de um procedimento corriqueiro, nem
Em resumo, o objetivo desse tipo de texto é trazer sempre nos damos conta da referida atitude.
a luz um acontecimento ou fato ou uma sequência de Quando nos referimos ao ato de narrar, tão
acontecimentos. E são vários os tipos de textos no logo nos remetemos à ideia de contar sobre algo,
qual um relato pode ser inserido, como, por exemplo: e como tal, todo e qualquer acontecimento se per-
em diários, no�cias, notas informativas, entre outros. faz de determinados elementos, entre os quais po-
O relato possui muitas vertentes. Por isso, ainda demos mencionar: personagens, tempo, narrador,
existem os conhecidos como “relatos pessoais”, quais espaço enredo. Aspectos esses que nos parecem
se trata de uma modalidade textual com o objetivo bastante familiares, semelhantes a algum tipo tex-
de narrar um acontecimento que marcou a vida de tual que já norteia nossos conhecimentos, não é
uma pessoa. verdade?
Nesse caso, é a própria pessoa quem relata o que Pois bem, parecemos estar convictos de que
lhe aconteceu. Ou seja, ele é quem protagoniza essa se trata de uma narração. Portanto, partindo desta
história. E aqui há essa pessoa pode transmitir seus prerrogativa, temos que o relato, por se tratar de
sentimentos e emoções a quem o lê. um discurso condizente a experiências pessoais,
Do mesmo modo que uma narração, um relato geralmente é narrado em 1ª pessoa, no qual os
pessoal possui elementos como tempo e espaço de- verbos se encontram no presente ou no pretéri-
finidos. to, e a linguagem pode variar, podendo adquirir
um caráter tanto formal quanto informal. Tudo
“Depois de sair de casa, estava eu preste a en- dependerá do grau de intimidade existente entre
trar no comboio, ouço um grito. Virei-me para ver narrador e seus respectivos interlocutores.
o que se estava a passar, vejo um homem a vir na
minha direção a correr com uma bolsa na mão e Tendo como foco o estudo do relato como gê-
uma mulher a gritar atrás dele. Aí, não pensei duas nero, atentamos para o fato de que este pertence à
vezes: fiz-lhe uma rasteira com a perna e o ladrão modalidade escrita da linguagem e, por assim dizer,
acabou por cair. Por sorte, chegou logo a polícia e o caracterizamos como sendo um gênero no qual al-
algemou-o. Como forma de agradecimento, a se- guém conta fatos relacionados à sua vida, cuja função
nhora ofereceu-me uns chocolates”: este pode ser é registrar as experiências pessoais no intento de que
um exemplo para ilustrar um relato oral em que estas possam servir como fonte de consulta ou apren-
uma pessoa transmite a outro indivíduo uma ex- dizado para outras pessoas.
periência quevivenciou. Ou seja, um relato pessoal. Entretanto, o relato pode materializar-se pela
oralidade, tendo como público expectador um ou
Há ainda o relato histórico que é um tipo de relato mais ouvintes. Comumente, ao participarmos de um
que tem como objetivo apresentar algum fato real que evento, no qual temos a oportunidade de assistirmos
ocorreu no passado, mediante o uso de documentos a palestras, seminários e conferências, percebemos
e usando uma narração cronológica. que o palestrante em um determinado momento alia
Os relatos ainda são usados para noticiar sobre ao seu discurso fatos que envolvem sua trajetória co-
algo comunicado por um político, por exemplo: o go- tidiana, os quais denotam verdadeiras lições de vida
vernador relatou que irá reformar as rodovias. e ensinamento.
Em todo o momento o ser humano está a desen- Sendo assim, para que o relato possa se tornar
volver relatos. Já que são muitas as vezes em que se passível de constatação por várias pessoas, ele po-
está narrando um acontecimento. derá ser gravado, seja em áudio ou vídeo e, poste-
Há diversos tipos de relatos, uma vez que é a nar- riormente, ser transcrito e publicado por inúmeros
ração de um acontecimento, seja ele bom ou ruim. Por meios de comunicação, dentre estes, jornais, revistas,
isso é bem comum vermos relatos de viagens, relatos livros, sites, entre outros, passando a se caracterizar
da infância, relatos de trabalho, relatos de agressões, com documentos históricos de notável importância.
entre outros.

108
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Vamos ler um relato: Tal qual uma narração o relato pessoal apresenta
um tempo e espaços bem definidos donde o narrador
GENTE É BICHO E BICHO É GENTE torna-se o protagonista da história.
Note que além de narrativo, o relato pessoal pode
Querido diário, não tenho mais dúvida de que ser descritivo, com a descrição do local, personagens
este mundo está virado ao avesso! Fui ontem à e objetos.
cidade com minha mãe e você não faz ideia do que De acordo com o grau de intimidade entre os in-
eu vi. Uma coisa horrível, horripilante, escabrosa, terlocutores (emissor e o receptor), a linguagem uti-
assustadora, triste, estranha, diferente, desuma- lizada no relato pessoal pode ser formal ou informal.
na... E eu fiquei chateada. Observe que o relato possui uma função comuni-
Eu vi um homem, um ser humano, igual a nós, cativa muito importante na construção das subjetivi-
remexendo na lata de lixo. E sabe o que ele es- dades podendo ser nas modalidades: escrito ou oral.
tava procurando? Ele buscava, no lixo, restos de Os relatos pessoais podem ser divulgados pelos
alimento. Ele procurava comida! Querido diário, meios de comunicação, por exemplo, jornal, revista,
como pode isso? Alguém revirando uma lata cheia livro, internet, redes sociais, dentre outros.
de coisas imundas e retirar dela algo para comer?
Pois foi assim mesmo, do jeitinho que estou con- Relato Oral e Relato Escrito
tando. Ele colocou num saco de plástico enorme
um montão de comida que um restaurante havia Ainda que sejam textos que possuam a mesma
jogado fora. Aarghh!!! Devia estar horrível! função comunicativa, ou seja, de relatar um episódio
Mas o homem parecia bastante satisfeito por relevante da vida do protagonista (narrador), os rela-
ter encontrado aqueles restos. Na mesma hora, tos pessoais podem surgir de maneira oral ou escrita.
querido diário, olhei assustadíssima para a ma- A grande diferença entre as duas modalidades é
mãe. Ela compreendeu o meu assombro. Virei para certamente a linguagem empregada em cada uma
ela e perguntei: “Mãe, aquele homem vai comer delas.
aquilo?” Mamãe fez um “sim” com a cabeça e, em Enquanto no relato oral notamos a presença da
seguida, continuou: “Viu, entende por que eu fico oralidade com uma linguagem mais descontraída, no
brava quando você reclama da comida?”. relato escrito, a linguagem formal é utilizada seguindo
É verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer as normas da língua como concordâncias, pontuação,
chuchu, quiabo, abobrinha e moranga. E larguei no ortografia, dentre outros.
prato, duas vezes, um montão de repolho, que eu É possível que um relato oral seja transformado
odeio! Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada! em escrito por meio da técnica de transcrição da fala
Vendo aquela cena, ainda me lembrei do Pó, do protagonista.
nosso cachorro. Nem ele come uma comida igual Nesse caso, faz se necessário organizar o texto
àquela que o homem buscou do lixo. Engraçado, e incluir pontuação, concordância e nalguns casos,
querido diário, o nosso cão vive bem melhor do substituir algumas expressões populares (por exem-
que aquele homem. plo, gírias) que marcam oralidade do discurso.
Tem alguma coisa errada nessa história, você
não acha? Características
Como pode um ser humano comer comida do As principais características do relato pessoal são:
lixo e o meu cachorro comer comida limpinha?  Textos narrados em 1ª pessoa;
Como pode, querido diário, bicho tratado como  Verbos no presente e em grande parte no pre-
gente e gente vivendo como bicho? Naquela noi- térito (passado);
te eu rezei, pedindo que Deus conserte logo este  Caráter subjetivo;
mundo. Ele nunca falha. E jamais deixa de atender  Experiências pessoais;
os meus pedidos. Só assim, eu consegui adormecer  Presença de emissor e receptor;
um pouquinho mais feliz.
(OLIVEIRA, Pedro Antônio. Gente é bicho e bicho é gen- Estrutura: Como Fazer um Relato Pessoal?
te. Diário da Tarde. Belo Horizonte, 16 out. 1999).
Ainda que não exista uma estrutura fixa, para pro-
duzir um relato pessoal é essencial estarmos atentos a
RELATO PESSOAL alguns pontos, por exemplo: quem? (narrador que pro-
duz o relato), o que? (fato a ser narrado), quando? (tem-
O Relato Pessoal é uma modalidade textual que po), onde? (local que ocorreu), como? (de que maneira
apresenta uma narração sobre um fato ou aconteci- aconteceu o fato) e porquê? (qual o causador do fato):
mento marcante da vida de uma pessoa. Nesse tipo • Título: ainda que não seja necessário em todos
de texto, podemos sentir as emoções e sentimentos os relatos, há alguns indicados com um �tulo
expressos pelo narrador. referente ao tema que será abordado.

109
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Tema: primeiramente é importante delimitar era um desenhista, desenhava muito bem, a minha
o tema (assunto) que será abordado no relato mãe, ela bordava, costurava e também tinha mui-
pessoal, seja um evento que ocorreu, uma fase to talento para desenho, eles sempre foram muito
da vida, uma conquista, uma superação, ou até ligados a essa parte ar�stica.”
mesmo uma história triste.
• Introdução: pequeno trecho em que aparecem ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
as principais ideias que se quer relatar. Nessa
parte é possível encontrar o local, tempo e per- 1. ENEM 2012
sonagens que fazem parte da narrativa. eu gostava muito de passeá... saí com as minhas cole-
• Contexto: observe em que contexto se passa gas... brincá na porta di casa di vôlei... andá de patins...
o relato que será narrado. Fique atento a uti- bicicleta... quando eu levava um tombo ou outro... eu
lização dos tempos verbais no presente e no era a::... a palhaça da turma... ((risos))... eu acho que
passado e ainda ao espaço (local) que ocorrem foi uma das fases mais... assim... gostosas da minha
os fatos. vida foi... essa fase de quinze... dos meus treze aos
• Personagens: observe no seu relato quais são dezessete anos...
A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino
as pessoas envolvidas e de qual maneira deve- fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG, 2010 (inédito).
mos mencioná-las no texto. Por exemplo se elas
são relevantes e fazem parte do acontecimento. Um aspecto da composição estrutural que caracteriza
• Desfecho: após apresentar a sequência de fatos o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada
(ordem dos acontecimentos), é extremamente da língua é
importante pensar numa conclusão para seu (A) predomínio de linguagem informal entrecortada
relato, seja uma questão que surgiu com a es- por pausas.
crita, ou mesmo uma sugestão para as pessoas (B) vocabulário regional desconhecido em outras va-
enfrentam tal problema. riedades do português.
(C) realização do plural conforme as regras da tradição
Exemplos de Relato Pessoal gramatical.
Segue abaixo exemplo de relato pessoal escrito: (D) ausência de elementos promotores de coesão
entre os eventos narrados.
Trecho de Relato Pessoal Escrito da Artista Plás- (E) presença de frases incompreensíveis a um leitor
tica Martha Cavalcanti Poppe iniciante.

“Meu nome é Martha Cavalcanti Poppe, nome 2. (Enem 2011)


de casada, eu nasci no dia 16 de abril de 1940 no
No Capricho
Rio de Janeiro. Meus pais se chamam Carmem Cor-
deiro Cavalcanti, de Pernambuco, e Fernando de
O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava
Lima Cavalcanti, também de Pernambuco, minha
pelo delegado, olhava para um quadro, a pintura de
família toda é de Pernambuco, eu é que nasci aqui uma senhora. Ao entrar a autoridade e percebendo
por acaso. que o cabôco admirava tal figura, perguntou: “Que
A família da minha mãe é Pernambuco, mas tal? Gosta desse quadro?” E o Adãozinho, com toda
ela tinha origens mais ancestrais, cearenses, mas a sinceridade que Deus dá ao cabôco da roça: “Mas
a família toda era de Pernambuco, e do meu pai, o pelo amor de Deus, hein, dotô! Que muié feia! Parece
meu pai era de uma família de usineiros pernam- fiote de cruis-credo, parente do deus-me-livre, mais
bucanos, e eles, quando vieram aqui para o Rio, horríver que briga de cego no escuro.” Ao que o de-
quando saíram de Recife vieram para o Rio para legado não teve como deixar de confessar, um pouco
tentar uma nova vida. secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em cima da
Nunca tive muito contato com os meus avós, bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é uma
por causa das idades, minha relação era muito ín- feiura caprichada.”
tima, muito ligada aos meus pais, e quando eu fiz BOLDRIN. R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São
Paulo: Andreato Comunicação e Cultura. n. 62. 2004
mais ou menos oito anos, desde seis anos de idade (adaptado).
que maior prazer sempre foi desenhar, eu comecei
a aprender a pintar com uma pintora impressionista Por suas características formais, por sua função e uso,
brasileira chamada Georgina de Albuquerque. o texto pertence ao gênero.
Quando eu fiz 17 anos é que eu fiquei muito, (A) anedota, pelo enredo e humor característicos.
fiquei interessada em fazer a Belas Artes e sempre (B) crônica, pela abordagem literária de fatos do co-
tive muito apoio dos pais em relação a isso, meu pai tidiano.

110
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(C) depoimento, pela apresentação de experiências 03. Após a leitura do texto, responder, em duplas, as
pessoais. perguntas a seguir.
(D) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos. a) Qual é o assunto do texto?
(E) reportagem, pelo registro impessoal de situações b) Em que pessoa o texto é narrado?
reais. c) Caracterize a avó da narradora, de acordo com a
opinião dela, que relata o fato.
Leia o texto a seguir. d) Que tipo de linguagem apresenta o texto?
e) Retire do texto trechos que apresentam a opinião
BOTANDO PRA FORA da neta em relação à sua avó ou um fato que é
narrado.
QUAL O LADO NEGATIVO DO MEU JEITO DE SER
E DO MEU OLHAR P/ O MUNDO?
Esta é uma pergunta que muita gente se faz quan- HABILIDADE: (EM13LP51) Selecionar obras do re-
do faz uma reflexão sobre sua própria imagem, seu pertório ar�stico-literário contemporâneo à dispo-
olhar para o mundo à volta, e indaga a si mesmo qual sição segundo suas predileções, de modo a cons-
o lado negativo disso, ou seja, quando se depara com tituir um acervo pessoal e dele se apropriar para
uma crise e se perturba, ajuda questionar sim qual o se inserir e intervir com autonomia e criticidade
lado negativo disso? no meio cultural.
O lado negativo?
Em geral, não penso no negativo, se ocorre, já OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A)
aconteceu, escapou. A minha espontaneidade, às ve- Analisar o processo de desenvolvimento da arte
zes é inconveniente, faço ou falo demais, ultrapassan- brasileira como fundamento da identidade ar�stica,
do o limite do conveniente. Sempre é di�cil responder considerando o Romantismo e suas gerações (prosa
coisas pessoais. A gente não pensa em si, a gente já é.
e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura
Pelo menos comigo se passa assim. O negativo disso
como elementos fundamentais de mudança social
é em situação social ou convencional, ou quando se
para inserir com autonomia no meio cultural.
está tratando com empregados. Com amigos pode até
ser positivo, pois é um livro aberto e passa confiança.
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção com-
Mas há negativos sim, principalmente com os fi-
posicional dos textos literários. Práticas de leitura
lhos, que ficam incomodados em eu não ser o que eles
branca e dramática de textos literários das mais
pensam que sou, ou contrastar com o que pensam que
diferentes tipologias e manifestações literárias. Re-
eu sou e, tal situação é um desconforto para ambos os
lados. É frequente a contestação e o descontentamen- cursos linguísticos e semióticos que operam nos
to mútuo. Essa atitude dos filhos, regra geral, impede textos pertencentes aos gêneros literários. Leitura,
que eles conheçam a verdadeira personalidade da mãe, apreciação e interpretação de obras ar�sticas (qua-
que poderia ser muito positiva para eles, mas cortam, dros, música, performances, espetáculos teatrais).
não aceitam o conhecimento, já são donos antigos de
“saber”. Mas eles vão me conhecer quando eu publicar
meu livro já escrito e em preparação para lançar. HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA: PE-
Socialmente, o lado negativo “disso” é que minhas RÍODO COLONIAL
amizades são boas quando feitas, mas não têm conti-
nuidade do conviver social e amistosamente. Eu não sei
seguir as regras do outro. Aliás não sigo regras, o que
também é negativo em parte, pois gera desorganização.
Negativo também é que não saco logo o que o outro
pensa ou quer dizer, em parte, como se não respeitasse
e como se ignorasse o outro e este reclama ou se afasta.
Como meu filho reclamou, repreende isso em mim. Que
não dou bola para o que o outro falou, e que o que faz
ou fez. Aí eu discordo. Talvez para ele seja conveniente
pensar assim. Só não sei por quê. Mas vejo aí que o
problema passa a ser dele ou do outro, e não meu.
Outro lado negativo meu é que o meu “isso’ ameaça A história da literatura brasileira
as pessoas. Só não sei por quê. Mas é o jeito que sou. é dividida considerando os diversos
Como a questão é complicada, vou parar por aqui. movimentos ou escolas literárias.
Será que as pessoas se detêm perguntando-se Ao estudar determinada época li-
“Qual o seu lado e negativo no modo de ser e de terária, percebe-se que há temas e
olhar para o mundo à sua volta?” formas de se expressar comuns aos
Mª Luiza Martins vários autores daquele período.

111
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Os períodos da literatura brasileira

A literatura brasileira tem sua história dividida  Quando Cabral “descobre” o Brasil inicia-se um
em duas grandes eras, que acompanham a evolução processo de colonização que entre seus objeti-
política e econômica do país: a Era Colonial e a Era vos estava o de impor a nova língua: Português.
Nacional, separadas por um período de transição, que  Então para podermos entender nossa literatura
corresponde à emancipação política do Brasil. As eras (brasileira) precisamos analisar de onde vem
apresentam subdivisões chamadas escolas literárias todo esse processo: Literatura Portuguesa.
ou estilos de época.  Para definir a forma de estudo da literatura,
A Era Colonial tem início em 1.500, quando os convencionou-se dividi-la em Períodos Literá-
portugueses chegaram aqui e começaram a produzir rios ou Escolas Literárias, ou Estilos de Época.
as primeiras obras escritas, que foram diários e docu-  Nas Escolas Literárias os autores têm uma apro-
mentos. A carta de Pero Vaz de Caminha é o marco ximação estilística e ideológica.
da literatura brasileira já que é considerada nossa
primeira produção literária. Dentro dessa Era, a qual Era Colonial
abrange o período em que o Brasil foi colônia de Por- • 1.500, portugueses
tugal, temos três escolas literárias: o Quinhentismo • A carta de Pero Vaz de Caminha
(de 1500, ano do descobrimento, a 1601), o Seiscen- • Brasil foi colônia de Portugal
tismo ou Barroco (de 1601 a 1768), o Setecentismo • Quinhentismo
ou Arcadismo (de 1768 a 1836). • Seiscentismo ou Barroco
A Era Nacional, em 1808, com a chegada da Corte • Setecentismo ou Arcadismo.
Portuguesa, começa um período de transição que pas-
sa pela Proclamação da Independência, em 1822, até Era Nacional
se encerrar em 1836, quando tem início a fase literária • 1808, com a chegada da Corte Portuguesa
que perdura até hoje, por sua vez, envolve o Roman- • período de transição que passa pela Proclama-
tismo (de 1836 a 1881), o Realismo-Naturalismo e o ção da Independência, em 1822, até se encerrar
Parnasianismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de em 1836
1893 a 1922), o Pré-Modernismo (de 1902 a 1922) e • Romantismo (de 1836 a 1881)
o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí, o que • Realismo-Naturalismo e o Parnasianismo (de
está em estudo é a contemporaneidade da literatura 1881 a 1893)
brasileira. • Simbolismo (de 1893 a 1922)
• Pré-Modernismo (de 1902 a
QUINHENTISMO 1922)
• Modernismo (de 1922 a 1945)
RELEMBRANDO... • Contemporaneidade da lite-
 Nossa literatura tem ratura brasileira.
origem na Literatura de
nosso colonizador: Por-
tugal.

112
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Portugal ta a visão, as ambições e as intenções do homem


• Classicismo (retorno às formas e temas da europeu mercantilista em busca de novas terras e
Antiguidade Clássica, ou seja, Grécia e Roma riquezas. As manifestações ocorridas se prenderam,
antigas). basicamente, à descrição da terra e do índio, ou a
• Contexto: Renascimento; Grandes Navegações; textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários
Pensamento Humanista. que aqui estiveram.
• 1527: Sá de Miranda – Medida Nova (soneto
decassílabo). LITERATURA INFORMATIVA
• Principais autores: Francisco de Sá de Miranda;
Luís Vaz de Camões; Bernardim Ribeiro; Anto-
nio Ferreira.

Características
 Imitação dos clássicos gregos e romanos;
 Mitologia dos deuses, uso de musas como ins-
piração;
 Racionalismo;
 Universalismo;
 Antropocentrismo;
 Perfeição formal; A Carta de Caminha inaugura o que se convencio-
 Pensamento humanista; nou chamar de Literatura Informativa sobre o Brasil.
 Diminuição da subjetividade: o que vale é a Este tipo de literatura, também conhecido como lite-
obra, não o que sente ou pensa o autor. O au- ratura dos viajantes ou literatura dos cronistas, como
tor deve desaparecer perante a obra; consequência das Grandes Navegações, empenha-se
 Separação das artes: os gêneros textuais não em fazer um levantamento da “terra nova”, de sua
se misturam, poesia lírica tem seu próprio mé- floresta e fauna, de seus habitantes e costumes, que
todo e características que não devem ser con- se apresentaram muito diferentes dos europeus.
fundidos com aqueles da poesia épica, ou da Daí ser uma literatura meramente descritiva e,
dramaturgia. como tal, sem grande valor literário. A principal ca-
racterística da carta é a exaltação da terra, resultante
Denominação genérica de todas as manifesta- do assombro do europeu diante do exotismo e da
ções literárias ocorridas no Brasil durante o século exuberância de um mundo tropical. Com relação à
XVI, quando a cultura europeia foi introduzida no linguagem, o louvor à terra transparece no uso exa-
país. Note que, nesse período, ainda não se trata de gerado de adjetivos.
literatura genuinamente brasileira, a qual revele vi- Original da Carta de Caminha, a literatura infor-
são do homem brasileiro: trata-se de uma literatura mativa satisfaz a curiosidade a respeito do Brasil nos
ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que deno- seus primeiros anos de vida, oferecendo o encanto

113
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
das narrativas de viagem. Para os historiadores, os tex- ver sobre os nativos, mas para eles. Esses textos de
tos são fontes obrigatórias de pesquisa. Mais adian- catequização, foram produzidos pelos religiosos que
te, com o movimento modernista, esses textos foram para cá vieram em busca de “novas almas”, em pleno
retomados pelos escritores brasileiros, como Oswald processo de retomada da fé católica, proposto pela
de Andrade, como forma de denúncia da exploração Contrarreforma, na Europa.
a que o país sofrera desde então. Veja os principais Entre os missionários jesuítas que escreveram
documentos que compõem a nossa literatura infor- durante o Quinhentismo destaca-se o Padre José de
mativa: Anchieta (1534-1597). Embora suas produções te-
1. Carta do descobrimento (Pero Vaz de Caminha): nham alcançado maior valor estético do que as escri-
foi escrita no ano de 1500 e publicada pela primeira tas pelas cronistas portugueses, nelas se percebe o
vez em 1817. objetivo bem claro: a catequese e o ensino. Procuran-
2. Tratado da terra do Brasil (Pero de Magalhães do atingir um público não letrado, Anchieta preocu-
Gândavo): foi escrito por volta de 1570 e impresso pou-se em escrever seus textos de forma simples, de
pela primeira vez em 1826. modo a transmitir ensinamentos básicos da Igreja aos
3. História da Província de Santa Cruz, a que povos considerados pagãos. Declamadas ou encena-
vulgarmente chamamos Brasil (Pero de Magalhães das, essas produções dirigiam-se aos indígenas já
Gândavo): foi editado em 1576. reunidos pelas missões jesuíticas.
4. Diálogo sobre a conversão dos gentios (Padre Além de Anchieta, outros padres, como o jesuíta
Manuel da Nóbrega): foi escrito em 1557 e impresso Manuela da Nóbrega (1517-1570), produziram obra
em 1880. catequética de relevo. Em 1549, Manuela da Nóbre-
5. Tratado descritivo do Brasil (Gabriel Soares de ga escreveu uma carta em que expôs os conflitos
Sousa): escrito em 1587 e impresso por volta de 1839. ocorridos em Salvador por
conta da chegada do pri-
UMA ESCRITA PARA CONVERSÃO meiro governador-geral do
Ao longo de seus estudos, vocês encontrarão mui- país, Tomé de Sousa. Esse
tos textos literários brasileiros que tratam dos indí- documento é considerado
genas como personagens. Alguns autores do início um marco da literatura je-
da colonização, entretanto, não objetivaram escre- suítica.

114
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
QUINHENTISMO (D) Trovadorismo.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM ATIVIDADES (E) Simbolismo.

1. São características da poesia do Padre José de An- 4. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro sé-
chieta: culo da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:
(A) Tinha como principal objetivo orientar os jovens (A) É formada principalmente de poemas narrativos
jesuítas que desembarcavam no Brasil com a mis- e textos dramáticos que visavam à catequese.
são de catequizar os índios. (B) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
(B) No teatro de José de Anchieta estão presentes a (C) É constituída por documentos que informam acer-
paródia, cujo objetivo é fazer rir dos tipos sociais ca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.
estereotipados, e a preocupação didático-reli- (D) Os textos que a constituem apresentam evidente
giosa, cuja intenção era transmitir a doutrina da preocupação ar�stica e pedagógica.
Igreja Católica. (E) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra
(C) função pedagógica; temática religiosa; expressão e o homem, ao relatar as condições encontradas
em redondilhas, o que permitia que fossem can- no Novo Mundo.
tadas ou recitadas facilmente.
(D) Em sua obra não é possível notar a predominân- 5. (PUC-MG) No processo de colonização do Brasil
cia de uma temática, porém, pode-se afirmar que (sécs. XVI - XVIII), os jesuítas tiveram papel de desta-
essa não apresenta qualquer função pedagógica que na difusão do catolicismo. Sobre eles é correto
ou catequética. afirmar, exceto:
(E) Seu talento dramático para criar personagens e (A) Detinham o monopólio da educação e, na segun-
situações permitiu-lhe criar formas teatrais diver- da metade do século XVI, fundaram colégios na
sas através da observação da sociedade. cidade de Salvador e na Vila de São Vicente.
(B) Sua tarefa missionária era a catequização dos ín-
2. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede: dios, convertendo-os à verdadeira fé e à recupe-
Dos vícios já desligados / nos pajés não crendo mais, / ração de fiéis.
nem suas danças rituais, / nem seus mágicos cuidados. (C) Construíram as missões para impedir a escravidão
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e dos indígenas pelos coloniais e manter o universo
adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]
de valores culturais dos índios.
p. 110)
(D) Foram expulsos de Portugal e das possessões colo-
niais pelo Marquês de Pombal, após 1750, devido
Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a es-
ao seu poder econômico e político.
trofe acima, pronunciada pelos meninos índios em
(E) Vieram ao Brasil na colonização, cuja missão seria
procissão:
salvar o nativos em trabalho catequético.
(A) Os meninos índios representam o processo de
aculturação em sua concretude mais visível, como
6. (UFJF/MG) – “Quando chega a época do amanho
produto final de todo um empreendimento do
da terra e da sementeira, (...) o padre dá a cada índio
qual participaram com igual empenho a Coroa
duas ou três juntas de boi para o amanho da roça (...).
Portuguesa e a Companhia de Jesus.
Pois o padre chegou a um índio, que lhe parecia ser
(B) A presença dos meninos índios representa uma
o mais aplicado. Que tinha ele feito dos bois, que o
síntese perfeita e acabada daquilo que se conven-
padre tinha lhe emprestado? (...) o coitado está com
cionou chamar de literatura informativa.
fome, desatrela o zebruno e o abate. (...) Desta ma-
(C) Os meninos índios estão afirmando os valores de
neira, o pobre boi do arado virou fumaça num único
sua própria cultura, ao mencionar as danças ritu-
almoço (...) Aos europeus isto parecerá incrível, mas
ais e as magias praticadas pelos pajés.
aqui entre nós é a pura verdade, que os índios deixam
(D) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja
estragar as espigas de milho maduras e amarelas, se
construção como personagens atende a todos
os padres não os ameaçam expressamente com 24
os requintes da dramaturgia renascentista.
pancadas de sova como castigo. Castigar desta ma-
(E) Os meninos índios representam a revolta dos na-
neira paternal tem resultado extraordinário, também
tivos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de
entre os bárbaros mais selvagens, de sorte que nos
quem querem libertar-se tão logo seja possível.
amam de verdade, como os filhos aos pais.”
(SEPP, Anton. (1655-1733). Viagem às missões jesuíticas e
3. Cronológica e estilisticamente, a obra do Padre José trabalhos apostólicos. São Paulo: Ed. Universidade de São
de Anchieta encontra-se dentro do Paulo, 1972, p. 87.)
(A) Quinhentismo.
(B) Barroco. (A) passagem acima se refere ao trabalho que os je-
(C) Classicismo. suítas desenvolviam junto aos índios do Brasil, nos

115
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
séculos XVI e XVII. Sobre esse contexto histórico, (A) João Paulo II.
aponte a alternativa correta: (B) Bento XVI.
(A) Os jesuítas desenvolveram a catequese junto aos (C) Francisco I.
índios, como forma de escravizá- los, aplicando (D) João XXIII
constantes castigos �sicos a quem não trabalhasse; (E) Pio XII.
(B) Os jesuítas pregavam que os índios selvagens não
tinham alma e que, portanto, era necessário con- 10. Entende-se por literatura informativa no Brasil:
vertê-los ao catolicismo, como forma de torná-los (A) a história dos jesuítas que aqui estiveram no sé-
mais dóceis para serem escravizados pelos senho- culo XVI.
res de terras; (B) as obras escritas com a finalidade de catequese
(C) As missões tinham como orientação integrar os do indígena.
índios nos princípios da civilização cristã, promo- (C) os poemas do Padre José de Anchieta.
vendo a educação religiosa e para o trabalho; (D) os sonetos de Gregório de Matos.
(D) O trabalho das missões foi interrompido, pois não (E) conjunto de relato de viajantes e missionários eu-
alcançava resultados práticos e muitos padres aca- ropeus, sobre a natureza e o homem brasileiros.
bavam adquirindo hábitos próprios dos índios, o
que contrariava os interesses da Igreja; 11. Todas as alternativas são corretas sobre o Padre
(E) Apesar de conseguirem muitos resultados positi- José de Anchieta, EXCETO:
vos nas atividades econômicas, pois castigavam (A) Foi o mais importante jesuíta em atividade no
os índios preguiçosos, no campo religioso não al- Brasil do século XVI.
cançaram resultados, sendo baixo o número de (B) Foi o grande orador sacro da língua portuguesa,
índios que se converteram ao cristianismo. com seus sermões barrocos.
(C) Estudou o tupi-guarani, escrevendo uma cartilha
7. A Ordem Jesuíta foi claramente inspirada em sua sobre a gramática da língua dos nativos.
forma de organização nas estruturas militares da Ida- (D) Escreveu tanto uma literatura de caráter informa-
de Moderna. Inclusive seu fundador foi um militar tivo como de caráter pedagógico.
ferido em combate, cujo nome era: (E) Suas peças apresentam sempre o duelo entre an-
(A) José de Anchieta. jos e diabos.
(B) Manoel da Nóbrega.
(C) António Vieira. 12. “Poética de Anchieta - Zuca Sardanga
(D) Inácio de Loyola. Anchieta escrevia na areia, / E a maré levava... / An-
(E) Marquês de Pombal. chieta escrevia na areia, / E a maré levava... / O bom
jesuíta havia assim criado / uma espécie de antecipa-
8. A Companhia de Jesus exerceu durante quase todo
ção / do computador ...”
o período colonial um importante papel na atuação
José de Anchieta faz parte de um período da história
conjunta à Coroa Portuguesa no processo de coloni-
cultural brasileira (século XVI) em que se destacaram
zação brasileira. Controlou a educação no período e
manifestações específicas: a chamada “literatura in-
realizou a assimilação de algumas tribos indígenas à
formativa” e a
nova sociedade que estava se constituindo. Porém,
em decorrência dos ideais iluministas e da influência
“literatura jesuítica”. Assinale a alternativa que apre-
que exercia sobre alguns governantes do século XVIII,
senta um excerto característico desse período.
a Companhia de Jesus foi suprimida dos territórios
(A) Fazer pouco fruto a palavra de Deus no mundo
portugueses:
(A) pelo Padre Antônio Vieira. pode proceder de um de três princípios: ou da
(B) pela Rainha Maria I. parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da
(C) por d. João IV. parte de Deus. (Pe. Antônio Vieira)
(D) pelo Marquês de Pombal. (B) Triste Bahia! ó quão dessemelhante / Estás e es-
(E) pelo papa Clemente XIV. tou do nosso antigo estado, / Pobre te vejo a ti,
tu a mim empenhado, / Rica te vi eu já, tu a mim
9. A Companhia de Jesus foi uma ordem religiosa fun- abundante. (Gregório de Matos)
dada por Inácio de Loyola no século XVI, que exerceu (C) Uma planta se dá também nesta Província, que
forte influência em diversas áreas coloniais controla- foi da ilha de São Tomé, com a fruita da qual se
das por europeus entre os séculos XVI e XVIII. Apesar ajudam muitas pessoas a sustentar a terra. (...) A
de ter sido uma ordem religiosa muito próxima aos fruita dela se chama banana. (Pêro de Magalhães
clérigos poderosos do Vaticano, somente no século Gândavo)
XXI conseguiu fazer com que um de seus membros (D) Vós haveis de fugir ao som de padre-nossos, /
se tornasse papa. Qual foi esse papa? Frutos da carne infiel, seios, pernas e braços, /

116
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
E vós, múmias de cal, dança macabra de ossos! Portanto, são características presentes em obras
(Alphonsus de Guimaraens) de Gregório de Matos e Pe. António Vieira, os princi-
(E) Os ritos semibárbaros dos Piagas, / Cultores de pais autores do Barroco brasileiro: culto ao contraste,
Tupã e a terra virgem / Donde como dum trono fusionismo, pessimismo, feísmo, cultismo, conceptis-
enfim se abriram / Da Cruz de Cristo os piedosos mo, além do uso de an�tese, paradoxo, hipérbole,
braços. (Gonçalves Dias) hipérbato e sinestesia.

13. Seu enredo trata da revolta índia de 1560, quando Contexto histórico do Barroco
os guerreiros da tribo, guiados por Aimbiré, se suble-
varam contra os portugueses. Conduzida em dois pla-
nos – o da guerra e o do amor –, a narrativa tem como
eixo a figura do padre Anchieta. Estamos falando de:
(A) A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de
Magalhães.
(B) O Uraguai, de José Basílio da Gama.
(C) Os Timbiras, de Gonçalves Dias.
(D) Guesa errante, de Sousândrade.
(E) Prosopopeia, de Bento Teixeira.

HABILIDADE: (EM13LP51) Selecionar obras do re-


pertório ar�stico-literário contemporâneo à dispo-
sição segundo suas predileções, de modo a cons- Devido ao conflito entre católicos e protestantes,
tituir um acervo pessoal e dele se apropriar para o cristianismo ganhou força no século XVI.
se inserir e intervir com autonomia e criticidade Dois fatos históricos, no século XVI, foram de
no meio cultural. grande influência nas obras dos autores barrocos: a
Reforma Protestante e a Contrarreforma. Essa última
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A) ocorreu como uma reação diante da perda de fiéis
Analisar o processo de desenvolvimento da arte devido ao protestantismo (luteranismo e calvinismo).
brasileira como fundamento da identidade ar�stica,
Características do Barroco
considerando o Romantismo e suas gerações (prosa
e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura O Barroco é um estilo de época marcado pela opo-
como elementos fundamentais de mudança social sição e pelo conflito, o que acaba revelando uma forte
para inserir com autonomia no meio cultural. angústia existencial. Dessa forma, as obras literárias
dessa época apresentam visões opostas (aproximação
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção com- de opostos), tais como:
posicional dos textos literários. Práticas de leitura  Antropocentrismo versus teocentrismo
branca e dramática de textos literários das mais  Sagrado versus profano
diferentes tipologias e manifestações literárias. Re-  Luz versus sombra
cursos linguísticos e semióticos que operam nos  Fé versus razão
textos pertencentes aos gêneros literários. Leitura,  Juventude versus velhice
apreciação e interpretação de obras ar�sticas (qua-
dros, música, performances, espetáculos teatrais). Além do culto ao contraste, o estilo possui tam-
bém estas características:
 Fusionismo: fusão entre a visão medieval e a
BARROCO renascentista;
 An�tese e paradoxo: refletem uma época de
Barroco é o nome de um estilo de época surgido contrastes;
no final do século XVI, na Itália, e caracterizado por  Pessimismo: a felicidade, impossível na Terra,
forte influência religiosa, devido ao contexto histórico só se realizaria no plano celestial;
marcado pela Reforma Protestante e pela Contrar-  Feísmo: fascinação pela miséria humana, cruel-
reforma. No entanto, ao lado de tanta religiosidade, dade, dor, podridão e morte;
havia também, na época, um forte apelo aos prazeres  Rebuscamento: ornamentação excessiva da
sensoriais. Desse modo, o estilo configura- se, basi- linguagem, atrelada a um apelo visual;
camente, na aproximação dos opostos.  Hipérbole: exagero;

117
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
 Sinestesia: apelo sensorial; Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o pro-
 Cultismo ou gongorismo: jogo de palavras (si- gresso e as ciências. Na América do Norte, ocorre a
nônimos, antônimos, homônimos, trocadilhos, Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo
figuras de linguagem, hipérbatos); caminho para vários movimentos de independência
 Conceptismo ou quevedismo: jogo de ideias ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil,
(comparações e argumentação engenhosa); que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências
 Morbidez; até a chegada da Família Real em 1808.
 Sentimento de culpa; Nesse período, aconteceu também a Revolução
 Carpe diem: aproveitar o momento; Francesa com a Queda da Bastilha, marco da história
 Emprego da medida nova: versos decassílabos; moderna no Ocidente. Em consequência a burguesia
 Principais temáticas: fragilidade humana, fu- fica em ascensão, o que muda o público que conso-
gacidade do tempo, crítica à vaidade, contra- me leitura. Outro grande momento foi a Revolução
dições do amor. Industrial, que põe em giro o maquinário e o capita-
lismo. Esses fatores influenciaram nas características
Barroco no Brasil do Arcadismo na Europa.
Nesse contexto, surgiu o Arcadismo, sugerindo
No Brasil, o Barroco (1601-1768) foi inaugura- que tudo deve ser pensado e questionado. A teoria é
do pelo livro Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira
que para tudo existe uma explicação através da razão.
(1561-1618). No entanto, os principais autores desse
estilo no país são Gregório de Matos (1636-1696) e
Arcadismo em Portugal
Pe. António Vieira (1608-1697).

Pe. António Vieira O Arcadismo em Portugal começou em 1756 com


Pe. António Vieira é conhecido pelos seus sermões a fundação da Arcádia Lusitana e terminou em 1825,
conceptistas, com argumentação engenhosa. Seus com a publicação do poema “Camões”, de Almeida
textos enaltecem a fé cristã e a monarquia portugue- Garre�, o qual inaugura uma nova fase: o Roman-
sa. Porém, foi perseguido pela Inquisição por defender tismo.
os cristãos-novos (judeus convertidos ao catolicismo). A Arcádia Lusitânia foi fundada pelos poetas Cruz
Sua principal obra é Os sermões, de 1679. e Silva, Manuel Nicolau Esteves Negrão e Teotónio
Gomes de Carvalho extinguindo-se em 1776. Em seu
Gregório de Matos lugar foi criada a Nova Arcádia, em 1790 em Lisboa.
Gregório de Matos compôs suas poesias exploran- O maior destaque na produção árcade portugue-
do as mais diversas temáticas, desde o amor à crítica sa foram os poemas, sendo Bocage um dos maiores
social. representantes.
Gregório de Matos, conhecido também como
Boca do Inferno, é o representante máximo da po- Características do Arcadismo
esia barroca brasileira. Sua poesia é assim dividida:
• Lírica ou filosófica: temática amorosa, oposição O Barroco era totalmente rebuscado ligado ao
entre espírito e matéria, fugacidade do tempo; conflito de sentimentos, exagero e religiosidade. Já
• Sacra: temática religiosa, fragilidade humana o Arcadismo oferta uma vida mais simples, com base
e medo da condenação divina; na natureza. Sendo assim o Conceptismo (estilo Bar-
• Sa�rica: crítica social, econômica e política. roco) representado pelo conflito, excesso e o forte
traço religioso começou a se dissolver. Com o novo
ARCADISMO estilo, passou a ser evidenciado:
• Busca da simplicidade, da razão e do equilíbrio
O Arcadismo, também conhecido como Setecen- • Inspiração na natureza
tismo ou Neoclassicismo, é o movimento que com- • Reprodução dos clássicos com base na cultura
preende a produção literária brasileira na segunda Greco-Romana
metade do século XVIII. O nome faz referência à Ar- • Eliminação da subjetividade, dos sentimentos
cádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi expressados com exagero
nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de
• Amor galante, a mulher passou a ser exaltada
Zeus e Calisto). Denota-se, logo de início, as referên-
e cortejada de forma muito elegante Além des-
cias à mitologia grega que perpassa o movimento.
ses pontos existem outros dois que são muito
fortes e são imprimidos nas características do
Contexto Histórico
Arcadismo. São eles o Bucolismo e o Pastora-
lismo. O primeiro, está relacionado à natureza
Profundas mudanças no contexto histórico mun-
e tudo que está ligado a ela: moradia, passeios,
dial caracterizam o período, tais como a ascensão do

118
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
forma de escrever, além das artes em geral. É a italiana (fundada em 1690) e cujos membros adota-
tradução do homem vivenciando a natureza. vam pseudônimos, isto é, nomes ar�sticos, de pasto-
res cantados na poesia grega ou latina. Por isso que
Era muito comum também a exploração do latim alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro
nos poemas e no cotidiano. Exemplos: publicavam suas obras com nomes inspirados na mi-
 Fugere Urbem: fugir do urbano; tologia grega e romana.
 Inutilia Truncat: abdicar do superficial da vida
e conviver com o essencial; Principais Autores Brasileiros
 Carpe Diem: aproveitar o dia, viver com alergia, O arcadismo no Brasil foi dividido em dois mo-
gostar do simples como apreciar a natureza; mentos de produção: épico e lírico.
 Pseudônimos pastoris: os poetas fingiam ou-  O épico foi marcado por Basílio da Gama com
tra identidade, se autointitulados pastores e a famosa obra “O Uraguai” e Frei Santa Rita
assinavam suas obras como tal. As obras eram Durão com a obra “Caramuru”.
marcadas ainda pela simulação de sentimentos  O lírico foi marcado por autores como Cláudio
inexistentes. Manuel da Costa com seus sonetos e poemas e
Tomás Antônio Gonzaga com os poemas “Ma-
O Arcadismo no Brasil rília de Dirceu” e “Cartas Chilenas”.

Como o Arcadismo surgiu com a proposta de con- Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) era ad-
trapor o Barroco, a transição foi lenta por causa da vogado e poeta, tendo destacado na poesia bem
quebra de paradigmas, em especial no Brasil. Isso elaborada. Morreu na prisão acusado de integrar a
porque a corrente foi trazida para o país através de Inconfidência Mineira ao lado de Tiradentes. Além
filhos de burgueses que viajavam para estudar em Lis- de Obras Poéticas, publicou também Vila Rica (1773).
boa, e depois retornavam, achando o cenário “brega”
e ultrapassado. José de Santa Rita Durão (1722-1784) foi grande
O Barroco estava em alta, e em Minas Gerais o orador e exímio poeta, com destaque para o clássico
minério era a atividade econômica mais forte do país. Caramuru (1781). Escreveu também> Pro Anmia Stu-
O Brasil passava por um forte período de colonização, diorum Instauratione Oratio (1778).
e paralelo a esse fator acontecia também a Inconfi-
dência Mineira, que gerou os primeiros movimentos José Basílio da Gama (1741-1795) escreveu um
de independência. poema clássico intitulado O Uraguai (1769). É um mar-
O arcadismo no Brasil ocorreu durante o ciclo do co da literatura no Brasil, posto que conta os conflitos
ouro em nosso país. Foi em Vila Rica, atual Outro Preto entre europeus, índios e jesuítas. Escreveu também
(MG), um dos principais centros comerciais brasilei- Epitalâmio às Núpcias da Senhora Dona Maria Amá-
ros na época, que se desenvolveu o maior volume de lia (1769), A Declamação Trágica (1772) e Quitúbia
obras árcades do país. Para além disso, alguns poetas (1791).
neoclássicos, como Tomás Antônio Gonzaga e Cláu-
dio Manuel da Costa, participaram da Inconfidência Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) foi advoga-
Mineira ao lado de figuras como Tiradentes. Após a do, político e poeta luso-brasileiro. Ele escrevia com
delação de Joaquim Silvério dos Reis, os poetas cita- o nome de Dirceu, tendo se destacado com o livro
dos foram presos sob a acusação de conspiradores. Marília de Dirceu (1792). Também foi preso na In-
Tomás Antônio Gonzaga foi exilado em Moçambique, confidência Mineira e deportado para a África, onde
e Cláudio Manuel da Costa, segundo fontes oficiais, morreu.
suicidou-se na prisão.
A Inconfidência Mineira contribuiu diretamente
para as características do Arcadismo, no que diz res-
peito à literatura.
O livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Cos-
ta, publicado em 1768 iniciou o Arcadismo no Brasil.
Também no mesmo ano foi fundada da Arcádia Ul-
tramarina em Vila Rica, Minas Gerais.

Arcádia Ultramarina

Trata-se de uma sociedade literária fundada na


cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia

119
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Disponível em: <h�ps://www.passeidireto.com/arquivo/69468226/mapa-mental-arcadismo>

ATIVIDADES brasileiro chamado Barroco. Uma característica muito


presente nesse período é a dualidade, transposta para
POESIA BARROCA o poema do autor por meio da figura de linguagem
paradoxo.
TEXTO: Comuns às questões: 01, 02 Assinale a alternativa em que há o verso que corres-
ponde a essa figura de linguagem.
Inconstâncias dos bens do mundo (A) “Como a beleza assim se transfigura?”
(B) “Como o gosto da pena assim se fia?
Gregório de Matos (C) “E, na alegria, sinta-se tristeza.”
(D) “enfim pela ignorância”
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, (E) “E tem qualquer dos bens por natureza:”
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura, Questão 02 - (ETEC SP)
Em con�nuas tristezas a alegria. No poema, a ideia que funciona como fio condutor
no desenvolvimento dos versos é a inconstância dos
Porém, se acaba o Sol, por que nascia? fatos e elementos da vida.
Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Tendo isso em vista, assinale a alternativa que contém
Como a beleza assim se transfigura? o verso que apresenta uma ideia oposta a essa assim
Como o gosto da pena assim se fia? como sua explicação.
(A) segundo, pois trata de uma sequência da atos,
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, exemplificada pelo fim do dia.
Na formosura não se dê constância, (B) terceiro, pois a ideia de sombra retrata a vida e
E na alegria sinta-se tristeza. tudo o que nela acontece.
Começa o mundo enfim pela ignorância, (C) sexto, pois o questionamento feito pelo eu lírico
E tem qualquer dos bens por natureza denota a dubiedade da realidade.
A firmeza somente na inconstância. (D) décimo segundo, pois trata do surgimento do
Disponível em h�ps://tinyurl.com/p�3yga. mundo e com ele o início de sua incultura.
Acesso em: 25.10.18
(E) décimo quarto, pois fala da única certeza do eu
lírico: a manutenção da mudança.
Questão 01 - (ETEC SP)
Gregório de Matos, conhecido como o primeiro poeta
brasileiro, fez parte do período de produção ar�stica

120
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Questão 03 - (UEL PR) TEXTO: um dos primeiros catequizadores que apoiaram
a escravidão dos silvícolas.
Descreve a vida escolástica (D) O estilo prolixo que adotava em seus sermões, �-
pico do gongorismo português, era estratégia para
Mancebo sem dinheiro, bom barrete, insinuar críticas contra o absolutismo monárquico
Medíocre o vestido, bom sapato, do século XVII.
Meias velhas, calção de esfola-gato, (E) Assim como Gregório de Matos, notabilizou-se
Cabelo penteado, bom topete. pelos versos sa�ricos e irreverentes, nas críticas
explícitas feitas aos representantes da aristocracia.
Presumir de dançar, cantar falsete,
Jogo de fidalguia, bom barato, Questão 2 (IFSP)
Tirar falsídia ao moço do seu trato, O texto a seguir constitui um trecho do Sermão de
Furtar a carne à ama, que promete; Quarta-Feira de Cinzas, escrito por padre Antônio
Vieira, e proferido em Roma no ano de 1672.
A putinha aldeã achada em feira,
Eterno murmurar de alheias famas, Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais: am-
Soneto infame, sátira elegante; bas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas
certas. Mas uma de tal maneira certa, e evidente, que
Cartinhas de trocado para a freira, não é necessário entendimento para crer; outra de
Comer boi, ser Quixote com as damas, tal maneira certa, e dificultosa, que nenhum enten-
Pouco estudo: isto é ser estudante. dimento basta para a alcançar. Uma é presente, outra
WISNIK, J. M. (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de futura: mas a futura veem-na os olhos, a presente não
Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 173. a alcança o entendimento.
E que duas coisas enigmáticas são estas? Pulvis es, et
Sobre o poema, considere as afirmativas a seguir. in pulverem reverteris. Sois pó, e em pó vos haveis de
I. O poema estabelece uma diferenciação entre o es- converter. Sois pó, é a presente; em pó vos haveis de
tudante rico, que tudo tem, e o estudante pobre, que converter, é a futura. O pó futuro; o pó em que nos
é obrigado a “furtar carne à ama”. havemos de converter, veem-no os olhos; o pó pre-
II. O poema tem início com uma distinção entre o sente, o pó que somos, nem os olhos o veem, nem o
bom e o mau estudante: “Mancebo sem dinheiro, entendimento o alcança.
bom barrete, /Medíocre o vestido, bom sapato [...]”. De vinte e quatro horas que tem o dia, por que se
III. O poema é construído a partir de pequenos qua- não dará uma hora à triste alma? Esta é a melhor
dros que denotam as várias práticas do estudante, devoção e a mais agradável a Deus que podeis fazer
sendo que quase nenhuma delas está associada ao nesta Quaresma. Tomar uma hora cada dia, em que
estudo. só por só com Deus e conosco, cuidemos na nossa
IV. A repetição de formas verbais no infinitivo indica morte e na nossa vida.
uma permanência das características negativas elen-
cadas a respeito do estudante. E porque espero da vossa piedade e do vosso juízo
Assinale a alternativa correta. que aceitareis este bom conselho, quero acabar, dei-
(A) Somente as afirmativas I e II são corretas. xando-vos quatro pontos de consideração: Primeiro,
(B) Somente as afirmativas I e IV são corretas. quanto tenho vivido? Segundo, como vivi? Terceiro,
(C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. quanto posso viver? Quarto, como é bem que viva?
(D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. (MENDES, João S. J. Padre Antônio Vieira. Editorial
(E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Verbo, 1972. Adaptado)

PROSA BARROCA Com base no texto selecionado, é correto afirmar que,


ao redigir seus sermões, padre Antônio Vieira
Questão 1 - (Mackenzie SP) (A) utilizava-se de an�teses, ou seja, da apresentação
Assinale a afirmação correta sobre Pe. Antônio Vieira. de ideias opostas.
(A) Representante do estilo barroco em Portugal e no (B) empregava vocabulário diversificado e não repetia
Brasil, serviu-se da prosa sermonística para ques- palavras.
tionar aspectos sociais e políticos de seu tempo. (C) centrava o discurso em seu ponto de vista e não
(B) Devido a sua ideologia revolucionária, é considera- propunha questionamentos aos ouvintes.
do pela crítica especializada a mais alta expressão (D) optava por uma linguagem ininteligível, pois não
do Barroco cultista em Portugal. expunha as ideias de forma gradativa e sequencial.
(C) Membro da Cia. De Jesus, atuou no Brasil no sé- (E) limitava a compreensão dos ouvintes ao citar fra-
culo XVI, ao lado do Pe. José de Anchieta, como ses em latim, língua que poucos conheciam.

121
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Questão 3 - (UESPI) REVISÃO
Os Sermões do Padre Antonio Vieira, enquanto gênero
sacro, se caracterizam por usar a palavra de maneira QUESTÃO 1 (UMCP-SP) O culto do contraste, pessi-
perspicaz e por dar a cada palavra a tensão necessária. mismo, acumulação de elementos, niilismo temático,
Para o crítico português Antônio José Saraiva, “não tendência para a descrição e preferência pelos aspec-
há nele palavras átonas, indiferentes, languescentes. tos cruéis, dolorosos, sangrentos e repugnantes, são
Cada uma parece ocupar o lugar que lhe é próprio, características do:
como um estado de alerta”. Ante o exposto, qual é, (A) Barroco.
dentro das opções elencadas abaixo, o processo retó- (B) Realismo.
rico que não caracteriza e, por sua vez, não compõe a (C) Rococó.
estrutura da extensa e erudita obra de Vieira? (D) Naturalismo.
(A) Cultor da oratória conceptista, os Sermões partem (E) Romantismo.
sempre de um fato real ou de algo observado.
(B) Construindo uma analogia entre o seu momento QUESTÃO 2 (F.C. Chagas-BA) Assinale o texto que, pela
presente e a “verdade” do texto bíblico, Vieira linguagem e pelas ideias, pode ser considerado como
seduz, por meio da palavra precisa, o ouvinte/ representante da corrente barroca.
leitor a refletir e a reagir sobre os temas da sua (A) “Brando e meigo sorriso se deslizava em seus lá-
pregação. bios; os negros caracóis de suas belas madeixas
(C) Seus Sermões, apesar da riqueza imagética, se brincavam, mercê do Zéfiro, sobre suas faces... e
caracterizam por um vocabulário pouco seleto e ela também suspirava.”
uma sintaxe previsível e pobre. (B) “Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus
(D) Orientado por objetivos morais, políticos ou reli- sobre ruas molhadas de pipilos nos arbustos dos
giosos, Vieira busca sempre atingir seu alvo com squares. Mas a abóbada de garoa desabava os
invulgar eloquência e força de persuasão. quarteirões.”
(E) Os Sermões de Vieira seguem, em quase totali- (C) “Os sinos repicavam numa impaciência alegre. Pa-
dade, a estrutura da retórica clássica tripartite: dre Antônio continuou a caminhar lentamente,
introito (ou exórdio), desenvolvimento (ou argu- pensando que cem vezes estivera a cair, cedendo
mento) e peroração. à fatalidade da herança e à influência do meio que
o arrastavam para o pecado.”
Questão 4 - (UESPI) (D) “De súbito, porém, as lancinantes incertezas, as
A partir das duas figuras proeminentes do barroco brumosas noites pesadas de tanta agonia, de tan-
brasileiro, identifique a que autor se refere cada uma to pavor de morte, desfaziam-se, desapareciam
das afirmações a seguir. completamente como os tênues vapores de um
1) Gregório de Matos letargo...”
2) Pe. Antônio Vieira (E) “Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa na-
( ) Satirizando a sociedade da época, este advogado/ tural irregularidade! A vossa bruteza é melhor que
poeta baiano do século XVII, abordou também em o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a
sua poesia temas sacros e líricos. Deus com as palavras: eu lembro-me, mas vós não
( ) Orador sacro famoso, na Bahia do século XVII, foi ofendeis a Deus com a memória: eu discorro, mas
também conselheiro do rei de Portugal. Em seus ser- vós não ofendeis a Deus com o entendimento:
mões, defendeu os índios e criticou os costumes dos eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a
colonos. vontade.”
( ) Com retórica bem trabalhada, usava uma linguagem
rebuscada, com silogismos e figuras de linguagem, QUESTÃO 3 (FUVEST-SP)
tendo sido predominantemente conceptista, abor- “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia. Depois da
dando questões morais e políticas. luz, se segue a noite escura, Em tristes sombras morre
( ) Foi denominado Boca do Inferno devido a seu hu- a formosura, Em con�nuas tristezas a alegria.”
mor cáustico e contundente, expresso nos poemas Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos
sa�ricos. Guerra, a principal característica do Barroco é:
(A) culto da Natureza.
A sequência correta é: (B) a utilização de rimas alternadas.
(A) 1, 2, 2, 1 (C) a forte presença de an�teses.
(B) 2, 2, 1, 1 (D) culto do amor cortês.
(C) 1, 1, 2, 2 (E) uso de aliterações.
(D) 2, 1, 1, 2
(E) 1, 2, 1, 2

122
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
QUESTÃO 4 (FUVEST-SP) O bifrontismo do homem, (B) a busca do exotismo e da aventura ultramarina,
santo e pecador; o impulso pessoal prevalecendo so- presentes nas crônicas e narrativas de viagem.
bre normas ditadas por modelos; o culto do contraste; (C) exaltação do heroico e do épico, por meio das
a riqueza de pormenores – são traços constantes da: metáforas grandiloquentes da epopeia.
(A) composição poética parnasiana (D) lirismo trovadoresco, caracterizado por figuras de
(B) poesia simbolista estilo passionais e místicas.
(C) produção poética arcádica de inspiração bucólica (E) Conceptismo, caracterizado pela utilização cons-
(D) poesia barroca tante dos recursos da dialética.
(E) poesia condoreirista
QUESTÃO 7 (FEBASP-SP)
QUESTÃO 5 (PUCC-SP)
“Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca,
“Que falta nesta cidade? Verdade. sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada,
Que mais por sua desonra? Honra. sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder
O demo a viver se exponha, faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres... O
Por mais que a fama a exalta, ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao infer-
Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha.” no: os que não só vão, mas que levam, de que eu trato,
são os outros - ladrões de maior calibre e de mais alta
Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório esfera... Os outros ladrões roubam um homem, estes
de Matos: roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo
(A) caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a de seu risco, estes, sem temor nem perigo; os outros
serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.”
moral da cidade da Bahia. (Sermão do bom ladrão, Pe. Antonio Vieira)
(B) caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa
do século XVI, sustentando piedosa lamentação Em relação ao estilo empregado por Vieira neste tre-
pela falta de fé do gentio. cho, pode-se afirmar:
(C) estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio (A) autor recorre ao Cultismo da linguagem com o
da qual o poeta se investe das funções de um intuito de convencer o ouvinte e por isto cria um
autêntico moralizador. jogo de imagens.
(D) caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, (B) Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é,
a serviço da expressão lírica do arrependimento através de fatos corriqueiros, cotidianos, procura
do poeta pecador. converter o ouvinte.
(E) estilo pedagógico da poesia neoclássica, susten- (C) Padre Vieira emprega, principalmente, o Concep-
tando em tom lírico as reflexões do poeta sobre tismo, ou seja, o predomínio das ideias, da lógica,
o perfil moral da cidade da Bahia. do raciocínio.
(D) pregador procura ensinar preceitos religiosos ao
QUESTÃO 6 (FUVEST-SP) ouvinte, o que era prática comum entre os escri-
tores gongóricos.
“Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem
a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que QUESTÃO 8 (USF-SP)
saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China,
ao Japão; os que semeiam sem sair são os que se con- “Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
tentam com pregar na pátria. Todos terão sua razão, Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em De pó te fez espelho, em que se veja
casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar A vil matéria, de que quis formar-te”.
a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura, e
hão-lhes de contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah! Conforme sugere o excerto acima, o poeta barroco
pregadores! Os de cá, achar-vos-ei com mais paço; não raro expressa:
os de lá, com mais passos...” (A) medo de ser infeliz; uma imensa angústia em face
da vida, a que não consegue dar sentido; a de-
Essa passagem é representativa de uma das tendên- silusão diante da falência de valores terrenos e
cias estéticas �picas da prosa seiscentista, a saber: divinos.
(A) Sebastianismo, isto é, a celebração do mito da (B) a consciência de que o mundo terreno é efêmero
volta de D. Sebastião, rei de Portugal, morto na e vão; o sentimento de nulidade diante do poder
batalha de Alcácer-Quibir. divino.

123
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(C) a percepção de que não há saídas para o homem; a b. retrata o conflito vivido pelo homem barroco, divi-
certeza de que o aguardam o inferno e a desgraça dido entre o senso do pecado e o desejo de perdão;
espiritual. c. expressa a consciência de que o poeta tem do efê-
(D) a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela mero da existência e o horror pela morte;
à vontade de fruir até as últimas consequências o d. revela a busca da unidade, por um espírito dividido
lado material da vida. entre o idealismo e o apelo dos sentidos;
(E) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses e. permite a manifestação do erotismo do homem,
imprimem a seu destino e à vida na terra. provocado pela crença na efemeridade dos predica-
dos �sicos da natureza humana.
QUESTÃO 9 (MACK-SP) Assinale a alternativa incor-
reta. QUESTÃO 12 (VUNESP-SP)
(A) Julgada em bloco, a literatura brasileira do qui-
nhentismo é uma �pica manifestação barroca. “Ardor em firme coração nascido;
(B) Na poesia de Gregório de Matos, percebe-se o Pranto por belos olhos derramado;
dualismo barroco: mistura de religiosidade e sen- Incêndio em mares de água disfarçado;
sualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos Rio de neve em fogo convertido:
e aspirações espirituais. Tu, que em um peito abrasas escondido;
(C) A literatura no Brasil colonial é clássica, tendo nas- Tu, que em um rosto corres desatado;
cido pela mão dos jesuítas, com uma intenção Quando fogo, em cristais aprisionado;
doutrinária. Quando cristal em chamas derretido.”
(D) Com Antônio Vieira, a estética barroca atinge o
seu ponto alto em prosa no Brasil. O texto pertence a Gregório de Matos e apresenta
(E) Não se deve dizer que a literatura seiscentista bra- todas as características seguintes:
sileira seja inferior por ser barroca, mas sim que é (A) trocadilhos, predomínio de metonímias e de sí-
uma literatura barroca de qualidade inferior, com miles, a dualidade temática da sensualidade e do
exceções raras. refreamento, an�teses claras dispostas em ordem
indireta.
QUESTÃO 10 (UFRS) Considere as seguintes afirma- (B) sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo que
ções sobre o Barroco brasileiro: o autor buscava imitar, predomínio das metáforas
I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualida- e das an�teses, temática da fugacidade do tempo
e da vida.
des, conflitos, paradoxos e contrastes, que convivem
(C) dualidade temática da sensualidade e do refrea-
tensamente na unidade da obra.
mento, construção sintática por simetrias sucessi-
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia
vas, predomínio figurativo das metáforas e pares
barroca, apresentam um imaginário bucólico, sempre
antitéticos que tendem para o paradoxo.
povoado de pastoras e ninfas.
(D) temática naturalista, assimetria total de constru-
III. A oposição entre Reforma e Contrarreforma ex-
ção, ordem direta predominando sobre a ordem
pressa, no plano religioso, os mesmos dilemas de que
inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.
o Barroco se ocupa.
(E) versificação clássica, temática neoclássica, sintaxe
preciosista evidente no uso das an�teses, dos ana-
Quais estão corretas:
colutos e das alegorias, construção assimétrica.
(A) Apenas I.
(B) Apenas II. QUESTÃO 13 (Santa Casa) A preocupação com a bre-
(C) Apenas III. (D)Apenas I e III. vidade da vida induz o poeta barroco a assumir uma
(E) I, II e III. atitude que:
(A) descrê da misericórdia divina e contesta os valores
QUESTÃO 11 (PUC) da religião (carpe diem);
(B) desiste de lutar contra o tempo, menosprezando
“Anjo no nome, Angélica na cara! a mocidade e a beleza (carpe diem);
Isso é ser flor, e Anjo juntamente: (C) se deixa subjugar pelo desânimo e pela apatia dos
Ser Angélica flor e Anjo florente, céticos (carpe diem);
Em quem, senão em vós, se uniformara?” (D) se revolta contra os insondáveis desígnios de Deus
(carpe diem);
Na estrofe acima, o jogo de palavras: (E) quer gozar ao máximo seus dias, enquanto a mo-
a. é recurso de que se serve o poeta para satirizar os cidade dura (carpe diem).
desmandos dos governantes de seu tempo;

124
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
QUESTÃO 14 (UEL-PR) Assinale a alternativa em que se QUESTÃO 17 (UFRS) Considere as afirmações abaixo:
considera a produção literária no Brasil do século XVI. I. Barroco literário, no Brasil, correspondeu a um pe-
(A) Uma literatura religiosa de cunho estritamente ríodo em que o incremento da atividade mineradora
indianista. proporcionou o desenvolvimento urbano e o surgi-
(B) Uma literatura brasileira, feita segundo padrões mento de uma incipiente classe média formada por
do classicismo português. funcionários, comerciantes e profissionais liberais.
II. Uma das feições da poesia barroca era o chama-
(C) Uma importante produção de poesia lírica e épica, do conceptismo – exploração de conceitos e ideias
a partir de temas brasileiros. abstratas através de evoluções engenhosas do pen-
(D) Uma literatura de viagem de grande valor estético samento.
e cultural. III. A ornamentação da linguagem, que caracterizou
(E) Uma literatura religiosa e informativa de fraco o Barroco brasileiro, pode ser identificada pelo uso
valor estético. repetido de jogos de palavras, pela construção frasal
e pelo emprego da an�tese.
QUESTÃO 15 (UEL)
Quais estão corretas?
“Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te, (A) Apenas I
Te lembra hoje Deus por sua Igreja; (B) Apenas II
De pó te fez espelho, em que se veja (C) Apenas III
A vil matéria, de que quis formar-te”. (D) Apenas II e III
(E) I, II e III
A estrofe acima enquadra-se no estilo da época
(A) arcádico, pela simplicidade da expressão coerente QUESTÃO 18 (UFRS)
com a idealização da natureza.
(B) simbolista, pela utilização de elementos do mun- “Três dúzias de casebres remendados,
do exterior para representação de um estado de Seis becos, de mentrastos entupidos,
espírito. Quinze soldados, rotos e despidos,
(C) romântico, pela frouxidão do verso e o desencanto Doze porcos na praça bem criados.
em relação à condição humana. Dois conventos, seis frades, três letrados,
(D) parnasiano, pela construção apurada do verso. Um juiz, com bigodes, sem ouvidos,
(E) barroco, pelo jogo de conceitos tradutor de an- Três presos de piolhos carcomidos,
gústia meta�sica e religiosa. Por comer dois meirinhos esfaimados.”

QUESTÃO 16 (UFV) Leia o texto: Sobre esses versos de Gregório de Matos Guerra são
“Goza, goza da flor da mocidade, feitas as seguintes afirmações:
que o tempo trota a toda ligeireza, I. O poema retrata criticamente a sociedade brasileira
e imprime em toda flor sua pisada. do século XVII, permitindo identificar um dos ramos
da poesia desse poeta.
Ó não aguardes que a madura idade II. O conteúdo sa�rico e a linguagem grosseira dos
te converta essa flor, essa beleza, versos associam o poema à lírica amorosa e religiosa
em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.” do autor.
(Gregório de Matos) III. Falando em primeira pessoa, em tom confessional,
o autor desses versos manifesta uma visão precon-
Os tercetos acima ilustram: ceituosa e unilateral da sociedade brasileira colonial.
(A) caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do
séc. XVI, sustentando uma crítica à preocupação Quais estão corretas?
feminina com a beleza. (A) Apenas I
(B) jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugaci- (B) Apenas II
dade da vida, exaltando gozo do momento. (C) Apenas III
(C) estilo pedagógico da poesia neoclássica, ratifi- (D) Apenas I e II
cando as reflexões do poeta sobre as mulheres (E) Apenas I e III
maduras.
(D) as características de um romântico, porque fala
ARCADISMO
de flores, terra, sombras.
(E) uma poesia que fala de uma existência mais ma-
QUESTÃO 01
terialista do que espiritual, própria da visão de
Sobre as características do Arcadismo, é correto afir-
mundo nostálgico-cultista.
mar, exceto:

125
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(A) Os poetas árcades defendiam o bucolismo como (B) Volta aos princípios clássicos greco-romanos e
estilo de vida no campo, longe dos centros urba- renascentistas (o belo, o bem, a verdade, a per-
nos. A vida pobre e feliz no ambiente campestre feição, a imitação da natureza).
contrasta com a vida luxuosa e triste na cidade. (C) Ornamentação estilística, predomínio da ordem
(B) Apego excessivo pela forma em detrimento do inversa, excesso de figuras.
conteúdo. O Arcadismo defendeu a “arte pela (D) Pastoralismo, bucolismo suaves idílios campes-
arte”, um retorno aos ideais literários clássicos. tres.
(C) Como expressão ar�stica da burguesia, o Arca- (E) Apoia-se em temas clássicos e tem como lema:
dismo veiculou também certos ideais políticos e inutilia truncat (“corta o que é inútil”).
ideológicos dessa classe, formulados pelo Ilumi-
nismo. QUESTÃO 04
(D) O desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é Indique a alternativa errada:
possível, também conhecido como carpe diem. (A) Cultismo e conceptismo são as duas vertentes
(E) A poesia árcade apresentou um convencionalis- literárias do estilo barroco.
mo amoroso: não há variações emocionais de um (B) O arcadismo afirmou-se em oposição ao estilo
poema para o outro nem de poeta para poeta, barroco.
importando mais escrever poemas como os poe- (C) O conceptismo correspondeu a um estilo funda-
tas clássicos escreviam. do em “agudezas” ou “sutilezas” de pensamento,
com transições bruscas e associações inesperadas
QUESTÃO 02 entre conceitos.
(UFSCar) - Texto 1 (D) O cultismo correspondeu sobretudo a um jogo
Eu quero uma casa no campo formal refinado, com uso abundante de figuras
do tamanho ideal de linguagem e verdadeiras exaltação sensorial na
pau-a-pique e sapê composição das imagens e na elaboração sonora.
(E) O Arcadismo tendeu à obscuridade, à complicação
Onde eu possa plantar meus amigos linguística e ao ilogismo.
meus discos
meus livros e nada mais Nas questões 05 e 06, assinale, em cada um, a(s)
(Zé Rodrix e Tavito) afirmação(ões) improcedente(s) sobre o Arcadismo.
(Podem ocorrer várias em cada questão).
Texto 2
Se o bem desta choupana pode tanto, QUESTÃO 05
Que chega a ter mais preço, e mais valia, A respeito da época em que surgiu o Arcadismo:
Que da cidade o lisonjeiro encanto; (A) o século XVIII ficou conhecido como “século das
Aqui descanse a louca fantasia; luzes”;
E o que té agora se tornava em pranto, (B) os “enciclopedistas” construíram os alicerces filo-
Se converta em afetos de alegria. sóficos da Revolução Francesa;
(Cláudio Manuel da Costa) (C) o adiantamento cien�fico é uma das marcas desta
época histórica;
Embora muito distantes entre si na linha do tempo, (D) a burguesia conhece, então, acentuado declínio
os textos aproximam-se, pois o ideal que defendem é em seu pres�gio;
(A) o uso da emoção em detrimento da razão, pois (E) em O Contrato Social, Rousseau aborda a origem
esta retira do homem seus melhores sentimentos. da Autoridade.
(B) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando
as riquezas naturais. QUESTÃO 06
(C) a dedicação à produção poética junto à natureza, Quanto à linguagem árcade:
fonte de inspiração dos poetas. (A) prefere a ordem indireta, tal como no latim lite-
(D) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, rário;
pois o tempo passa rapidamente. (B) tornou-se artificial, pedante, inatural;
(E) o sonho de uma vida mais simples e natural, dis- (C) procura o comedimento, a impessoalidade, a ob-
tante dos centros urbanos. jetividade;
(D) manteve as ousadias expressionais do Barroco;
QUESTÃO 03 (E) promove um retorno às “virtudes clássicas” da
Assinale o que não se refere ao Arcadismo: clareza, da simplicidade e da harmonia.
(A) Época do Iluminismo (século XVIII) – Racionalismo,
clareza, simplicidade.

126
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO (B) Pero Vaz de Caminha, José de Anchieta, Pero de
Magalhães Gândavo, Manuel da Nóbrega.
ATIVIDADES (C) Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel
Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Rachel
QUESTÃO 01 de Queiroz.
Sobre o Arcadismo é correto afirmar: (D) Bento Teixeira, Gregório de Matos, Manuel Bo-
I. É uma escola literária que, no Brasil, compreendeu o telho de Oliveira, Frei Vicente de Salvador, Frei
período entre 1768-1808, e antecede o Romantismo. Manuel da Santa Maria de Itaparica.
II. Também é conhecido como Setecentismo e Neo- (E) Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraens.
classicismo.
II. Fugere urbem, Locus amoenus e Carpe diem são ex- QUESTÃO 3
pressões em latim que expressam tendências árcades. O Arcadismo no Brasil surgiu em 1768. Que obra mar-
(A) Apenas III está correta. cou o seu início?
(B) Nenhuma está correta. (A) “Missal”, de Cruz e Souza.
(C) Apenas II está correta. (B) “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo.
(D) I e II estão corretas. (C) “Fanfarras”, de Teófilo Dias.
(E) Todas estão corretas. (D) “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de
Magalhães
QUESTÃO 02 (E) “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa.
Acerca do contexto histórico do Arcadismo, quais as
alternativas certas? QUESTÃO 4
(A) Teve início no contexto da Abolição da escravatura “Nise? Nise? onde estás? Aonde espera
e da Proclamação da República. Achar-te uma alma, que por ti suspira,
(B) Teve início durante a Revolução Industrial. Se quanto a vista se dilata, e gira,
(C) Teve início durante as Grandes Navegações. Tanto mais de encontrar-te desespera!”
(Trecho de Nise? Nise? Onde Estás? Aonde Espera)
(D) Teve início durante a transição do regime monár-
quico para o regime republicano.
(E) Teve início em meio ao Iluminismo. Era comum os escritores árcades adotarem pseudô-
nimos. Assim, o pseudônimo do precursor do Arca-
dismo era Glauceste Satúrnio, um pastor apaixonado
QUESTÃO 03
por Nise. De quem estamos falando?
São características do Arcadismo:
(A) Cláudio Manuel da Costa.
(A) Relato do cotidiano e nacionalismo.
(B) Santa Rita Durão.
(B) Idealização da arte pela arte.
(C) Aluísio de Azevedo.
(C) Bucolismo e idealização da mulher.
(D) Tomás Antônio Gonzaga.
(D) Dualismo e riqueza de detalhes.
(E) Bento Teixeira.
(E) Nacionalismo e pessimismo.
QUESTÃO 5
ARCADISMO BRASILEIRO (UM-SP) Entende-se por literatura árcade:
(A) a linha europeia de produção literária com lingua-
ATIVIDADES gem rebuscada.
(B) a linha europeia de produção literária que volta
QUESTÃO 1 aos padrões clássicos.
Qual das alternativas contém apenas obras do Arca- (C) a produção de poesia lírico-amorosa da geração
dismo? byroniana.
(A) Triste Bahia, Os Sermões, Prosopopeia. (D) a produção de poesia lírica nacional com retórica
(B) Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba aprimorada.
e Dom Casmurro. (E) a linha europeia que prega a “arte pela arte”.
(C) Os Sertões, Canaã, Urupês.
(D) Caramuru, O Uraguai, Marília de Dirceu. QUESTÃO 6
(E) Obras Poéticas, Auto da Compadecida, A Hora da (MACK-SP) Obra que apresentou os maiores ideais da
Estrela. poesia árcade brasileira, expondo aspectos bucólicos,
relacionados, em boa parte, ao carpe diem, foi:
QUESTÃO 2 (A) Uraguai.
Os escritores seguintes são os principais autores do (B) Caramuru
Arcadismo: (C) Vila Rica
(A) Cláudio Manuel da Costa, Santa Rita Durão, Basílio (D) Liras de Marília de Dirceu
da Gama e Tomás Antônio Gonzaga. (E) Mocidade e Morte.

127
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADE: Utilizado como técnica de estudo pessoal, e muito
(EM13LP33) Selecionar, elaborar e utilizar instru- útil como metodologia de pesquisa do TCC, também
mentos de coleta de dados e informações (ques- serve para organizar apresentações.
tionários, enquetes, mapeamentos, opinários) e de
tratamento e análise dos conteúdos obtidos, que Como fazer um fichamento?
atendam adequadamente a diferentes objetivos
de pesquisa. Para fazer um fichamento você deve ter o primeiro
contato com o texto através de uma leitura breve. Essa
OBJETIVOS DE ARPENDIZAGEM: leitura dinâmica servirá para você se situar e saber do
(GO-EMLP33A) Utilizar os aspectos metodológicos que se trata o conteúdo do texto que pretende fichar.
de análise e pesquisa linguística, a partir do uso de Depois dessa primeira impressão, faça várias lei-
período simples e composto, regência, concordân- turas. Enquanto faz isso, vá juntando as informações
cia, desenvolvendo a concepção crítica do uso da principais de forma organizada e retire citações com
língua de acordo com a adaptação pela qual ela as devidas indicações de onde as mesmas podem ser
passa com cada situação de uso para desenvolver encontradas nos textos
a capacidade de análise de conteúdos e seus ob-
A estrutura do fichamento é: cabeçalho, referên-
jetivos.
cia bibliográfica e texto, onde você deve escrever o
(EM13LP51) Selecionar obras do repertório ar�sti-
conteúdo principal.
co-literário contemporâneo à disposição segundo
O fichamento pode ser feito manualmente em
suas predileções, de modo a constituir um acervo
fichas, em blocos de anotações ou em suporte in-
pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir formático.
com autonomia e criticidade no meio cultural. Adote a forma que considera mais prática. Lem-
(GO-EMLP51A) Analisar o processo de desenvol- bre-se que se o fichamento for uma tarefa solicitada
vimento da arte brasileira como fundamento da por um professor, é importante seguir as normas da
identidade ar�stica, considerando o Romantismo e ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
suas gerações (prosa e poesia) e a relação do indi-
víduo e sua cultura como elementos fundamentais Tipos de fichamento
de mudança social para inserir com autonomia no
meio cultural. Há três tipos: fichamento de citação, fichamento
textual e fichamento bibliográfico.
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Fichamento. Re-
cursos linguísticos e semióticos que operam nos Fichamento de citação
textos pertencentes aos gêneros digitais. Métodos Fichamento que consiste na reunião das frases
de pesquisa. Construção composicional dos textos mais importantes citadas em um texto. Por isso devem
literários. TDICs. Leitura, apreciação e interpretação ser transcritas entre aspas.
de obras ar�sticas (quadros, música, performances, É preciso ter especial atenção para que as citações
espetáculos teatrais). façam sentido, especialmente quando partes das fra-
ses são omitidas. Neste caso, você deve utilizar reti-
cências entre colchetes [...] ou parênteses (...).
Fichamento

O que é fichamento?

O fichamento é um registro feito em fichas, onde


se pode simplesmente reunir citações ou incluir tópi-
cos e expor uma análise crítica de determinado texto.
No fichamento se resume as ideias principais de
um conteúdo - que pode ser um livro, ou parte dele,
um artigo de revista e uma reportagem jornalística,
por exemplo.
Como as ideias que você considera principais po-
dem não ser as mesmas para todos, se comparar com
o fichamento do mesmo texto feito por outra pessoa, Fichamento textual ou de resumo
notará que o resultado é um trabalho particular; afi- Fichamento em que são inseridas as ideias prin-
nal, o mesmo reflete os aspectos valorizados por cada cipais, mas com as suas próprias palavras, embora
pessoa individualmente. também possam ser usadas citações.

128
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
As ideias devem estar organizadas de acordo com OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção compo-
a ordem em que aparecem no texto. Você deve ex- sicional dos textos literários. Leitura, apreciação e
pressar sua opinião e, inclusive, fazer os seus próprios interpretação de obras ar�sticas (quadros, música,
esquemas. performances, espetáculos teatrais).
Esse tipo de fichamento também é chamado de
fichamento de leitura ou de conteúdo.
ROMANTISMO

O século XIX foi agitado por fortes mudanças so-


ciais, políticas e culturais causadas por acontecimen-
tos do final do século XVIII pela Revolução Industrial,
que gerou novos inventos com o objetivo de solucio-
nar os problemas técnicos decorrentes do aumento de
produção, provocando a divisão do trabalho e o início
da especialização da mão-de-obra, e pela Revolução
Francesa, que lutava por uma sociedade mais harmô-
nica, em que os direitos individuais fossem respeita-
dos, traduziu-se essa expectativa na Declaração dos
Direitos do homem e do Cidadão. Do mesmo modo,
a atividade ar�stica tornou-se mais complexa.
Um dos primeiros movimentos ar�sticos que sur-
ge em reação ao Neoclassicismo do século XVIII é o
Romantismo e historicamente situa-se entre 1820 e
Fichamento bibliográfico 1850. Os artistas românticos procuraram se libertar
Fichamento em que as ideias selecionadas, e que das convenções acadêmicas em favor da livre expres-
expressam opinião pessoal, são inseridas por temas são da personalidade do artista.
com a devida indicação da sua localização no texto. O termo romântico foi empregue pela primeira vez
na Inglaterra para definir o tema das novelas pastoris e
de cavalaria que existiam nessa época. Romântico signi-
ficava pitoresco: expressão de uma emoção que é defi-
nida e que foi provocada pela visão de uma paisagem.
O termo romântico passou depois a ser adotado
no movimento ar�stico-filosófico Romantismo, que
seguiu as ideias políticas e filosóficas do século das
luzes (liberdade de expressão e afirmação dos direitos
dos indivíduos) e também as ideias de um movimento
alemão chamado – Strürm und Drang (que tinha como
principais elementos o sentimento e a natureza).

Características do romantismo:
• Cultivo da emoção, da fantasia, do sonho, da
originalidade, evasão para mundos exóticos
onde se podia fantasiar e imaginar;
HABILIDADE: (EM13LP51) Selecionar obras do reper- • Exaltação da natureza;
tório ar�stico-literário contemporâneo à disposição • Gosto pela Idade Média (porque tinha sido o
segundo suas predileções, de modo a constituir um tempo de formação das nações);
acervo pessoal e dele se apropriar para se inserir e in- • Defesa dos ideais nacionalistas (liberdade indi-
tervir com autonomia e criticidade no meio cultural. vidual, liberdade do povo);
• Panteísmo (doutrina segundo a qual Deus não
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A) é um ser pessoal distinto do mundo, Deus e o
Analisar o processo de desenvolvimento da arte mundo seriam uma só substância);
brasileira como fundamento da identidade ar�stica, • Individualismo, visão de mundo centrada nos
considerando o Romantismo e suas gerações (prosa sentimentos do indivíduo.
e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura • Subjetivismo, o artista idealiza temas, exage-
como elementos fundamentais de mudança social rando em algumas das suas características (por
para inserir com autonomia no meio cultural. exemplo, a mulher é vista como uma virgem
frágil; a noção de pátria também é idealizada).

129
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
É na Alemanha que se manifesta pela primeira vez • Irregularidades nas estruturas espaciais e vo-
a estética da interioridade, que considera a arte como lumétricas;
um instrumento para se atingir o cerne da criação, • Preferência pelas geometrias mais complexas
para se entrar em contato com a natureza infinita, e pelas formas curvas;
através do sentimento sublime. • Efeitos de luz;
É o início da pintura moderna de paisagem, capaz • Movimentos dos planos;
de exprimir, melhor do que outro, certos aspectos da • Pitoresco de decoração (tudo o quer pode ser
sensibilidade do homem oitocentista. pintado ou representado em imagem).
No século XIX aparece um movimento de reação
que procura os fundamentos da arte nas antigas rea- Com a recuperação das formas ar�sticas medie-
lidades nacionais. O gosto pela arqueologia torna-se vais (românico e o gótico) acompanhada do gosto
extensivo à Idade Média e redescobre-se o românico pelo exótico contido nas culturais orientais (bizanti-
na, chinesa e árabe) evidenciando as características
e o gótico, que os artistas tentam fazer reviver em
de revivalismo, ecletismo, historicismo e exotismo.
suas obras. Dedicam-se à redescoberta das técnicas
construtivas desses dois estilos, chegando à conclusão
CONTEXTO HISTÓRICO
que as soluções técnicas da Idade Média eram tão Nossa literatura tem origem na Literatura de nosso
racionais como as clássicas greco-romanas. colonizador: Portugal.
O romantismo procura elementos rústicos e en- Quando Cabral “descobre” o Brasil inicia-se um
trega-se às realizações espontâneas, o que dá origem processo de colonização que entre seus objetivos es-
à incorporação, na nossa cultura, de vários conheci- tava o de impor a nova língua: Português.
mentos acumulados pelos povos primitivos ou que se Então para podermos entender nossa literatura
desenvolveram longe da Europa civilizada. Isto leva (brasileira) precisamos analisar de onde vem todo
ao estudo das artes chinesa, japonesa, indiana e a esse processo: Literatura Portuguesa.
africana. Para definir a forma de estudo da literatura, con-
Com o regresso à Idade Média, o romantismo vencionou-se dividi-la em Períodos Literários ou Es-
recusa as regras impostas pelas academias neoclás- colas Literárias, ou Estilos de Época.
sicas, pois estas eram inspiradas nos valores clássicos Nas Escolas Literárias os autores têm uma apro-
(ordem, proporção, simetria e harmonia). ximação estilística e ideológica.
Os arquitetos românticos preferem:

Teve início na Europa no final do século XVIII, na o surgimento de várias cidades industriais. Assim, a
Europa, obtendo maior destaque na França. Desenvol- burguesia começou a crescer econômica e politica-
veu-se em meio à Revolução Industrial e à Revolução mente e o proletariado (trabalhadores) começou a
Francesa. crescer em número. Da antiga sociedade de senho-
Acontece que a partir da segunda metade do sé- res e servos, passou-se à sociedade de operários e
culo XVIII começou a constituir-se na Inglaterra a so- empresários.
ciedade industrial. Passou-se bruscamente do sistema A Revolução Francesa, por sua vez, desencadea-
doméstico ao sistema fabril de produção, provocando da em 1789, acabou por levar a burguesia ao poder.

130
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Assim, ambas as revoluções incentivaram a livre-i- Além disso, o cenário do nascimento do Roman-
niciativa, o individualismo econômico e o liberalis- tismo em Portugal também era de disputa pelo poder.
mo político, estimulando também o nacionalismo. Depois de abdicar do trono brasileiro em favor do
Esse clima de valorização da liberdade e renovação filho, D. Pedro I volta para Portugal para disputar o
marcou muito a literatura romântica, afinal, princi- trono com seu irmão D. Miguel. Essa disputa foi vista
palmente baseados nessa liberdade, os poetas se como uma luta entre o liberalismo de D. Pedro e o
sentiram livres para expressar seus sentimentos na absolutismo de D. Miguel. Enfim, D. Pedro sai vitorio-
poesia, além de não se sentirem mais presos à métri- so e começam a ocorrer diversas mudanças sociais e
ca dos versos que as escolas anteriores valorizavam. políticas, apesar de as disputas entre conservadores
Nascia uma nova forma de escrever. Desse modo, e liberais ter perdurado por todo o século XIX.
o Romantismo é a escola da expressão dos senti- Assim, é nesse ambiente de lutas políticas e rei-
mentos, da liberdade de expressão. Por isso, alguns vindicações liberais que se desenvolve o Romantismo
escritores passaram a falar da natureza e do amor português.
num tom pessoal e melancólico, fazendo da literatu- Seu marco inicial foi em 1825 com a publicação do
ra uma forma de expressar seus sentimentos. Além poema Camões, de Almeida Garret, em que o autor
disso, voltaram-se para os tempos medievais, época faz uma espécie de biografia sentimental do poeta.
da formação de suas nações, valorizando os heróis O poema de Almeida Garre� possui característi-
e as tradições populares, exaltando o nacionalismo. cas como subjetivismo, nostalgia, melancolia e outros
E essa liberdade também fica evidente na forma de considerados como definidores do estilo. Além disso,
escrever, já que os escritores românticos abandona- o movimento prezava a originalidade, fazendo oposi-
ram o tom solene e adotaram um estilo simples e ção aos modelos ou às regras impostas.
comunicativo na escrita. Com o crescimento da burguesia, os autores do
estilo passam a ser pagos por suas obras. Por conta
AS PRINCIPAIS OBRAS ROMÂNTICAS NA EUROPA disso, o Romantismo em Portugal pode ser chamado
SÃO: de Arte da Burguesia. Isso faz com que a arte leve
 Contos e Inocência, de Willian Blake; em conta valores considerados importantes para essa
 Os Miseráveis, de Victor Hugo; classe.
 Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Começam a ser valorizados o amor e o casamento,
a religião ligada à espiritualidade e a Deus, e o amor
O Romantismo foi o principal movimento estético pela nação, o patriotismo. O escritor utiliza conteúdo
do eu lírico e sentimentalistas. Falava-se sobre o amor,
do final do século XVIII e início do século
sobre a vida e, algumas vezes, sobre a morte. A mulher
XIX. O romance Os sofrimentos do jovem Wer-
volta a ser exaltada nos textos. Histórias sobre a busca
ther, do alemão Goethe, é considerado a primeira
constante por amor, sobre a mulher dos sonhos ou
obra romântica publicada. Não obstante, o movimen-
sobre as perdas desses amores são constantes nesse
to espalhou-se por toda a Europa e pelas então colô-
período. A natureza também tem lugar de destaque
nias, tais quais o Brasil. Podendo ser definido como a
nas obras românticas de Portugal.
arte da nova burguesia, que ascendia ao poder, o Ro-
O Romantismo em Portugal ainda é caracterizado
mantismo foi uma arte complexa, diversificada e rica.
pelo escapismo. Isso marca uma tentativa de escapar
da realidade, novamente apelando mais para a emo-
ROMANTISMO EM PORTUGAL
ção mais do que para a razão. Os autores constante-
mente escreviam seus textos com foco nos sonhos,
Em Portugal o Roman- na natureza, no passado e na morte.
tismo surgiu em meio a uma
grande agitação política. Em O Romantismo português é subdividido em três
1808 a corte de D. João VI se fases:
transfere para o Brasil, ame-  Prisão ao Neoclassicismo: ainda havia traços
açada pelas tropas de Napo- presos ao Neoclassicismo (ou Arcadismo), como a po-
leão Bonaparte. A partir daí é esia de Almeida Garret e Alexandre Herculano.
organizado um movimento de  Início dos Exageros: os poetas se assumem
resistência que consegue ex- inteiramente românticos, deixando a escola anterior
pulsar o invasor e, em 1820, para trás. É o caso de Soares de Passos e Camilo Cas-
ocorre na cidade de Porto uma telo Branco.
rebelião que se espalha por  Início dos Traços Realistas: os poetas já estão
todo o país, combatendo a monarquia absolutista, deixando o Romantismo para trás e inserindo traços
forma de governo em que o rei exerce o poder abso- da escola posterior em suas obras: o Realismo. Os
luto, superior ao poder de outros órgãos do Estado. poetas de destaque são João de Deus e Júlio Dinis.

131
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Liberdade de criação e expressão;
Individualismo / subjetivismo; Valorização das emoções; Nacionalismo;
Escapismo / fuga da realidade; Pessimismo;
Valorização da natureza; Religiosidade / Cristianismo; Idealismo.

ATIVIDADES

MOMENTO ENEM (A) Sentimento trágico da vida; desilusão e sofrimen-


to.
01. (FMU-FIAM-FAAM-SP) O homem de todas as (B) Visão da natureza como refúgio acolhedor; atra-
épocas se preocupa com a natureza. Cada período ção por ambiente noturno.
a vê de modo particular. No Romantismo, a natureza (C) Projeção na natureza do estado de espírito do
aparece como: poeta; religiosidade cristã.
(A) Um cenário cientificamente estudado pelo ho- (D) Nacionalismo; liberdade; desejo de reformas so-
mem: a natureza é mais importante que o ele- ciais.
mento humano. (E) Idealização da mulher; morte encarada como li-
(B) Um cenário estático, indiferente; só o homem se bertação.
projeta em busca de sua realização.
(C) Um cenário sem importância nenhuma; é apenas 03. (ENC-SP) As duas obras-primas do romantismo
um pano de fundo para as emoções humanas. português – Frei Luís de Sousa e Eurico, o Presbítero
(D) Confidente do poeta, que compartilha seus sen- – gêmeas no tempo e nos motivos, saparam-se tanto
timentos com a paisagem; a natureza se modifica quanto Garre� se afasta e diverge de Herculano. Um
de acordo com o estado emocional do poeta. é a constante pessoal do português aberto à ordem
(E) É um cenário idealizado onde todos são felizes e clássica, o português lúcido e sensível da saudade e
os poetas são pastores. do pecado de delícia numa equação de tragédia, com
sentimentos de Bermardim em formas de Camões;
02. (FEI-SP) São características comuns aos movimen- outro, o do português de cerne, que peca sobriamente
tos romântico e modernista: e supera com dureza o seu pecado, sentindo a Sá de

132
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Miranda e falando com ásperos soluços. Ambos bem relé desprezou-as. Saía de casa raras vezes, ou só, ou
nossos. com a irmã mais nova, sua predileta. O campo, as
Vitorino Nemísio. árvores e os sítios mais sombrios e ermos eram o seu
Tendo por base o texto crítico abaixo e, sobretudo, a recreio. Nas doces noites de estio demorava-se por
leitura de Frei Luís de Sousa e Eurico, o Presbítero, é fora até ao repontar da alva. Aqueles que assim o viam
correto afirmar que: admiravam-lhe o ar cismador e o recolhimento que o
(A) O “português aberto à ordem clássica” difere de sequestrava da vida vulgar. Em casa encerrava-se no
“português de cerne”, porque se deixa levar mais seu quarto, e saía quando o chamavam para a mesa.
profundamente pela emoção, devido às influên- D. Rita pasmava da transfiguração, e o marido,
cias da tragédia clássica. bem convencido dela, ao fim de cinco meses, consen-
(B) O problema do celibato, no drama de Garre�, tiu que seu filho lhe dirigisse a palavra.
serve para criar intenso conflito entre as perso- Simão Botelho amava. Aí está uma palavra única,
nagens, que adotam o hábito forçadas pela situa- explicando o que parecia absurda reforma aos dezes-
ção; já, em Eurico, o Presbítero, supera-se a ideia sete anos.
do pecado, porque a personagem veste o hábito Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze
movida pela autêntica fé cristã e pelo desejo de anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nas-
combater os infiéis. cida. Da janela do seu quarto é que ele a vira pela
(C) Frei Luís de Sousa insere-se na linha da rigorosa primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela in-
construção clássica, que supõe a recuperação de cólume da ferida que fizera no coração do vizinho:
�picos expedientes dramáticos da tragédia, en- amou- o também, e com mais seriedade que a usual
quanto que a construção mais livre, em Eurico, o nos seus anos.
Presbítero, implica a atualização em grande escala Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do
de expedientes comuns ao Romantismo, como o amor da mulher aos quinze anos, como paixão peri-
da expansão sentimental. gosa, única e inflexível. Alguns prosadores de roman-
(D) Há influência clássica tanto em Frei Luís de Sousa ces dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O amor dos
quanto em Eurico, o Presbítero, presente na cons- quinze anos é uma brincadeira; é a última manifesta-
trução rigorosa das duas obras, que obedecem ção do amor às bonecas; é a tentativa da avezinha que
aos cânones da estética seiscentista. ensaia o voo fora do ninho, sempre com os olhos fitos
(E) O sentimento da emoção, muito mais presente em na ave-mãe, que a está de fronte próxima chamando:
Herculano do que em Garre�, é autenticamente tanto sabe a primeira o que é amar muito, como a
português. Enquanto que a construção trágica não segunda o que é voar para longe.
passa de influência estranha a Portugal. Teresa de Albuquerque devia ser, porventura, uma
exceção no seu amor.
04. (UNIVERSITÁRIO-SP) Leia com atenção o trecho O magistrado e sua família eram odiosos ao pai
abaixo, extraído do último capítulo de Amor de Per-
de Teresa, por motivo de li�gios, em que Domingos
dição, de Camilo Castelo Branco.
Botelho lhe deu sentenças contra. Afora isso, ainda no
ano anterior dois criados de Tadeu de Albuquerque
Viram-na um momento, bracejar, não para resistir à
tinham sido feridos na celebrada pancadaria da fonte.
morte, mas para abraçar-se ao cadáver de Simão, que
É, pois, evidente que o amor de Teresa, declinando
uma onda lhe atirou aos braços. O comandante olhou
de si o dever de obtemperar e sacrificar-se ao justo
para o sítio donde Mariana atirara, e viu, enleado no
azedume de seu pai, era verdadeiro e forte.
cordame, o avental, e à flor da água, um rolo de pa-
[...]
péis, que os marujos recolheram na lancha. CASTELO BRANCO, Camilo. Amor de perdição. São Paulo:
a) Que relação há, em Amor de Perdição, entre as Ática, 2001.
personagens Simão e Mariana?
b) No trecho citado, o narrador menciona um “rolo VOCABULÁRIO
de papéis”. Que papéis são esses? alva: primeira claridade da manhã. cismador: pen-
c) Considerando as respostas dadas aos itens a e b, sativo.
analise a função desempenhada pela personagem declinar: eximir-se, recusar. ermo: deserto.
Mariana na estrutura do romance. estio: verão.
incólume: ileso, livre de dano ou perigo. li�gio: ques-
05. Leia e responda: tão judicial.
obtemperar: obedecer, pôr-se de acordo. pasmar:
Amor de perdição - Capítulo II admirar-se de algo.
relé: ralé; a camada mais baixa da sociedade.
[...] No espaço de três meses fez-se maravilhosa transfiguração: transformação na maneira de pensar
mudança nos costumes de Simão. As companhias da e proceder.

133
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
a) Segundo o texto, que grande transformação o mal – esta peculiaridade possibilitou a mistura dos
amor provocou em Simão? gêneros literários e o consequente abandono da hie-
rarquia clássica que os presidia. Como consequência,
b) O que essa alteração de comportamento revela no Brasil:
sobre o novo estado de espírito de Simão? (A) Observa-se um detrimento da poesia em favor da
prosa.
c) Leia: (B) Registra-se o abandono total do soneto.
(C) Verifica-se a interpenetração dos gêneros, o que
“[...] O campo, as árvores e os sítios mais sombrios muito enriqueceu os já existentes, possibilitando
e ermos eram o seu recreio. Nas doces noites de o aparecimento de novos.
estio demorava-se por fora até ao repontar da (D) Ampliou-se o alcance da poesia, o que já não se
alva. [...]” pode dizer quanto ao romance e ao teatro.
O espaço é fundamental em uma narrativa não (E) Usou-se, quase abusivamente, o verso livre, o que
só porque determina muitas das ações das per- muito contribuiu para o desenvolvimento de nos-
sonagens, mas porque pode revelar seu estado sa poesia.
de espírito. Por que os novos espaços por onde
circula Simão são coerentes com sua transforma- 09. (UCP-PR) Coube a atingir o ponto mais alto do
ção? teatro romântico brasileiro. Numa
linguagem simples e correta, retratou os variados ti-
d) Explique o que é, segundo o narrador, o amor dos pos da sociedade do século XIX:
15 anos. (A) Martins Pena.
(B) Procópio Ferreira.
f) Por que Teresa de Albuquerque é uma exceção (C) Joaquim Manuel de Macedo.
em seu amor? (D) Machado de Assis.
(E) Cornélio Pena.
06. (UM-SP) O gosto pela expressão dos sentimentos,
dos sonhos e das emoções que agitam seu mundo (PUCCAMP) Para responder às questões, você vai usar
interior, numa atitude individualista e profundamente o texto abaixo.
pessoal, marcou os autores do:
(A) movimento realista Texto crítico
(B) movimento árcade
(C) movimento romântico “Embora seja importante indagar das razões por
(D) movimento barroco que público brasileiro dos anos de 1870 avidamente
(E) movimento naturalista leu e com entusiasmo aplaudiu “A Escrava Isaura”, ra-
zões que encontram o principal motivo em onda então
07. (ITA-SP) O tema do excerto abaixo relaciona-se à crescente de sentimento abolicionista – convenhamos
representativa tendência de um determinado estilo em que muito mais importante o comportamento des-
literário. Assinale, então, a opção cujos autores per- se público é, para a crítica, a natureza desse romance.
tencem à tendência e ao estilo em questão: Mesmo lido com simpatia, “A Escrava Isaura” não
“Amei-te sempre: – e pertencer-te quero / Para sem- resiste à crítica. Seu enredo resulta em ser inveros-
pre também, amiga morte. / Quero o chão, quero a símil, tais e tantos são os expedientes primários do
terra - esse elemento / que não se sente dos vaivéns Autor, usados para conduzir por determinados cami-
da sorte.” nhos e para desenlace preestabelecido: em frequen-
(A) Casimiro de Abreu, Visconde de Taunay, José de tes ex-abruptos, mudam os sentimentos dos protago-
Alencar. nistas com relação à bela e desditosa Isaura, e assim
(B) Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, Junqueira de protetores se transformam de pronto em pérfidos
Freire. algozes, servindo à linha dramática premeditada pelo
(C) Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, ficcionistas; não menos precipitada e artificialmente
Basílio da Gama. se engendram e desenrolam as situações ou episó-
(D) Castro Alves, Gonçalves Dias, Manuel Antônio de dios concebidos sempre com a intenção de marcar
Almeida. “passus” da vida “crucis” da desgraçada heroína, que,
(E) Gregório de Matos, Padre Vieira, Bernardo Gui- por fim, mais arrastada pelo autor que pelas forças do
marães. drama que vive, encontra no alto do seu calvário, ao
invés do sacri�cio final (o que teria dado ao romance
08. (UFPA) A liberdade de inspiração, pregada pelos verossimilhança e força), a salvação e a felicidade de
românticos, correspondia, também, à liberdade for- extrema. Tão primário e artificial quanto enredo que

134
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
domina a obra, dando-lhe �pica estrutura novelesca (C) em “A Escrava Isaura” o Autor vive um drama cujas
ou romanesca, é, não digo a concepção, mas o modo forças o arrastam a um calvário onde encontra,
de conduzir personagens: Isaura, Malvina, Rosa, Le- em vez do sacri�cio final, a sua felicidade;
ôncio, Álvaro, Belchior, André, o Dr. Geraldo, Martim e (D) a bela e desditosa Isaura muda os sentimentos
Miguel, se têm peculiaridades �sicas e morais que os dos protagonistas, levando-os ao sacri�cio final,
caracterizam suficientemente e os individualizam na no alto do calvário;
galeria das personagens da ficção romântica, se ocu- (E) para a heroína é muito mais importante encontrar
pam posições bem “marcadas” no palco dos aconteci- a salvação e a felicidade extrema do que o sacri-
mentos, decomposto em dois cenários (uma fazenda �cio final, no alto do Calvário.
de café da Baixada Fluminense e o Recife), não che-
gam contudo, a receber suficiente estofo psicológico: 13. (PUCCAMP) O texto afirma que:
daí a impressão que deixam, não apenas de símbolos (A) as personagens Isaura, Malvina, Rosa, Leôncio,
dramáticos quase vazios, senão que também �teres Álvaro, Belchior, Dr. Geraldo, Martim e Miguel
(vá lá a cansada imagem) conduzidos pelo autor, para são suficientemente caracterizados �sica, moral
esta ou aquela ação indispensável, a seu ver, às suas e psicologicamente;
principais intenções”. (B) uma falha comparável no primarismo e artificia-
(Antônio Soares Amora, “O Romantismo”, vol. II da A lidade do enredo é a concepção das personagens
Literatura Brasileira).
de “A Escrava Isaura’;
(C) as personagens �teres cansam o leitor, à medida
10. (PUCCAMP) Antônio Soares Amora diz-nos, no que o Autor as conduz a esta ou àquela ação in-
texto, que: dispensável ao enredo;
(A) a crítica, ao avaliar um romance, baseia-se na na- (D) as personagens, conduzidas de modo primário e
tureza da obra e não simplesmente nas reações artificial, sem profundidade psicológica, são como
do público leitor; fantoches nas mãos do Autor;
(B) a crítica ataca os romances que cativam a simpatia (E) sem o artificialismo das personagens, “A Escrava
e o entusiasmo dos leitores; Isaura” teria resistido à crítica.
(C) Bernardo Guimarães, ao escrever seu romance “A
Escrava Isaura”, não se preocupou com a crítica e,
sim, com a Abolição; HABILIDADE: (EM13LP51) Selecionar obras do
(D) é muito di�cil a crítica avaliar romances de grande repertório ar�stico-literário contemporâneo à
popularidade e aceitação; disposição segundo suas predileções, de modo a
(E) romance da natureza é para a crítica muito mais constituir um acervo
importante do que o comportamento do público
leitor. pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir
com autonomia e criticidade no meio cultural.
11. (PUCCAMP) Ainda, de acordo com o texto:
(A) enredo inverossímil de “A Escrava Isaura” resulta OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A)
de um autor primário que se perde nos caminhos Analisar o processo de desenvolvimento da arte
escolhidos para um fim determinado; brasileira como fundamento da identidade ar�stica,
(B) os protetores de Isaura transformam-se em seus considerando o Romantismo e suas gerações (prosa
algozes, crucificando-a no final do romance; e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura
(C) os recursos empregados pelo Autor forçam um como elementos fundamentais de mudança social
defeso preestabelecido; para inserir com autonomia no meio cultural.
(D) a parte mais inverossímil do romance é a que as-
sinala os “passus” da “via crucis” de Isaura; OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção compo-
(E) embora reconhecesse a inverossimilhança do sicional dos textos literários. Leitura, apreciação e
drama, o autor via nela a salvação e felicidade interpretação de obras ar�sticas (quadros, música,
extrema da heroína. performances, espetáculos teatrais).
12. (PUCCAMP) De texto concluímos que: CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
(A) de tal modo os episódios de “A Escrava Isaura” são O Romantismo foi um movimento ar�stico que sur-
dominados pela precipitação e artificialidade, que giu na Europa no século XVIII, mais especificamente
a ação resulta muito mais da inserção do Autor na década de 1770, e durou até o século XIX. Esse
do que das forças do conflito; movimento influenciou a literatura, a pintura, a
(B) a �pica estrutura novelesca de “A Escrava Isaura” arquitetura e a música.
caracteriza-se pelo desenvolvimento do enredo,
pela concepção das personagens e pelo desfecho;

135
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Qual foi o principal objetivo do romantismo? Assim, os artistas românticos eram idealistas e
frequentemente se retratavam como heróis rebeldes,
No romantismo, a sociedade evidenciou o espírito à margem da sociedade passaram a ver seu trabalho
romântico – atitude e visão de mundo centrada no como uma forma de promover a mudança. Por esse
indivíduo – com o objetivo de se diferenciar dos pen- motivo, era comum que a arte romântica também
samentos do Iluminismo, que colocava a razão como retratasse as injustiças sociais e as opressões políticas
centro do mundo e pregava a objetividade. da época.
Movidos por esse ideal de mudança, os artistas
românticos começaram a mudar a teoria e a prática Individualismo
de suas artes. Além disso, a forma como essas pesso-
as enxergavam o mundo também começou a mudar. Os autores do Romantismo consideravam que eles
Tais transformações ultrapassaram o campo ar- e seus sentimentos estavam no centro do universo. Na
�stico e teve imenso impacto na filosofia e em toda visão dos romancistas, seus desejos, paixões e frustra-
a cultura ocidental, que passou a aceitar a emoção e ções são mais importantes do que os acontecimentos
os sentidos como uma forma válida de experimentar externos.
a vida. Eles davam grande ênfase às suas características e
A influência das revoluções pode ser percebida experiências pessoais, que geralmente eram definidas
nas características de idealismo e rebeldia, que foram por sentimentos e emoções. Dessa forma, as obras
marcantes nas obras produzidas no período. românticas eram também marcadas por um forte
Da mesma forma, o escapismo e o subjetivismo, subjetivismo que retratava de forma fiel a visão de
que valorizavam mais os sentimentos individuais do mundo dos autores.
que os coletivos, como consequência do desgosto com
a situação social, também podem ser apontados como Nacionalismo
uma influência do período histórico no Romantismo.
O individualismo, que era outro aspecto do des- Muitas obras do Romantismo exaltam os feitos
se movimento, era uma característica da burguesia dos heróis nacionais, resgatando o passado das na-
da época, que se tornou mais evidente a partir das ções, principalmente o período medieval. Também é
revoluções do final do século XVIII. comum a valorização da pátria.
Liberdade de expressão e de criação
Valorização da Natureza
As regras externas não importam no Romantismo.
Para os romancistas, a natureza consistia em uma
As obras desse movimento têm como principal ob-
força incontrolável e transcendental. O autor român-
jetivo retratar e valorizar o “eu”. Por esse motivo, os
tico é fascinado pela natureza. Ele descreve as paisa-
autores sentem que têm total liberdade para expres-
gens exóticas e usa, também, essa característica para
sarem seus sentimentos e visão de mundo da forma
exaltar sua nação.
como desejam.
Além disso, o autor romântico transforma a natu-
É importante considerar também que os pensado-
reza em uma personagem que reflete o “eu”. Portan-
res e artistas românticos frequentemente recorriam à
imaginação na produção das suas obras. Na literatura, to, ela assume as emoções, como tristeza, e esbanja
por exemplo, o objetivo não era descrever o mundo exuberância diante da alegria e das conquistas do
como ele é, mas sim como ele poderia ser. indivíduo.

Rebeldia e Idealismo Pessimismo e Escapismo

Os autores do Romantismo tinham uma visão de Os romancistas, frequentemente, ficam impossi-


mundo completamente idealizada. A realidade para bilitados de realizar os desejos do seu “eu”. Isso acaba
esses autores era considerada desesperadora, já que gerando angústia, frustração, desespero, tristeza, en-
eles enxergavam as regras do mundo moderno como tre outras emoções que acabam caracterizando esse
limitações ao crescimento pessoal, político e ar�sti- estado de espírito como o “mal do século”.
co. Para eles, a pátria, a mulher e o amor são vistos Um fator gerado por esse pessimismo existente é
não da forma como são, mas como eles acreditam a fuga da realidade que o autor não consegue supor-
que deveriam ser. Por esse motivo, a pátria é sempre tar. A causa dessa frustração vem do contexto histó-
perfeita. A mulher é sempre retratada como virgem, rico: a Revolução Francesa promoveu mudanças, mas
frágil, bela e submissa e além dessas características, essas mudanças não deixaram os homens satisfeitos
está o inatingível. O amor é espiritual, geralmente e nem realizou seus desejos. Dessa forma, ele sente
inalcançável e a causa de grande sofrimento. a necessidade de escapar da realidade.

136
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Devido a isso, o final de muitas obras do período Um marco que aponta para o início do Roman-
do Romantismo traz a saída encontrada pelos autores tismo no Brasil foi o livro “Suspiros Poéticos e Sau-
para essa tristeza e para fugir da realidade. Morte, sui- dades” de Gonçalves de Magalhães, no ano de 1836.
cídio, fuga para a natureza ou a pátria são os escapes Veja o trecho inicial do prefácio, que expõe como o
possíveis para esse mal. Romantismo não está ligado a um lugar ou vertente
específica, mas principalmente ao compromisso do
Sentimentalismo escritor consigo, não podendo ser as obras julgadas
pela forma e, sim, sentidas pelo leitor.
A ênfase nas emoções pessoais é uma das princi-
pais características do Romantismo. O autor expres- “Lede
sa não só os sentimentos dos personagens, mas sua Pede o uso que se dê um prólogo ao livro, como
própria percepção das situações e da vida. um pórtico ao edi�cio; e como este deve indicar por
sua construção a que divindade se consagra o templo,
O que foi o Romantismo no Brasil assim deve aquele designar o caráter da obra. Santo
uso de que nos aproveitamos para desvanecer alguns
O impulso do Romantismo surgiu como um con- preconceitos, que talvez contra este livro se elevem
traponto da intensa racionalização e mecanização em alguns espíritos apoucados. É um livro de poe-
provenientes da revolução industrial. Ele é marca- sias escritas segundo as impressões dos lugares; ora
do por um ambiente intelectual de grande rebeldia, sentado entre as ruínas da antiga Roma, meditando
oposição à realidade social e inconformismo às regras sobre a sorte dos impérios; ora no cimo dos Alpes, a
que determinavam o fazer ar�stico, principalmente na imaginação vagando no infinito como um átomo no
literatura. Para explicar o que foi o Romantismo no espaço; ora na gótica catedral, admirando a grandeza
Brasil, primeiro vamos entender suas origens. de Deus e os prodígios do cristianismo; ora entre os
Com foco nas emoções e expressão da subjetivi- ciprestes que espalham sua sombra sobre túmulos;
dade, o Romantismo literário abriu espaço para que ora, enfim, refletindo sobre a sorte da pátria, sobre
o artista criasse livremente, o que também refletia o as paixões dos homens, sobre o nada da vida. São
cenário externo, aquilo que acontecia na esfera social. poesias de um peregrino, variadas como as cenas da
Originalmente surgido na Alemanha, que estava se natureza, diversas como as fases da vida, mas que se
formando como nação, o Romantismo teve bases na- harmonizam pela unidade do pensamento e se ligam
cionalistas e se mostrou como espaço para a religação como os anéis de uma cadeia; poesias d’alma e do
à natureza e também à essência humana. coração, e que só pela alma e o coração devem ser
Como você verá a seguir, esse contexto foi um julgadas ”
marco em comum para o Brasil, que passava justa-
mente pelo processo de independência de Portugal.

CONTEXTO HISTÓRICO DO ROMANTISMO NO


BRASIL

A melhor forma de conhecer uma escola literária


é acompanhando o cenário da época. Com o contexto
histórico do Romantismo no Brasil, você percebe que
ele foi uma necessidade que caminhou ao encontro
da independência do nosso país. Após o grito da in-
dependência em 1822, surge uma nova mentalidade
no povo brasileiro, que deseja reforçar a nova reali-
dade, negando tudo o que tinha origem na cultura
portuguesa.
Além disso, o país atravessava um momento
marcado por reformas políticas, ânimo de liberda-
de, necessidade de construção dessa nova nação
e, principalmente, destaque para o nacionalismo e
valorização da nossa pátria. Semelhante ao contex-
to histórico do Romantismo europeu, a situação, ao
mesmo tempo em que criava uma certa insegurança
em relação ao novo modelo, também inspirava com
os novos ares.

137
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO NO BRASIL 02. A questão versa sobre aspectos do Romantismo,
enquanto “estado de alma” e “estilo literário”. Marque
Com relação aos aspectos que marcam a literatura (C) para certo, e (E) para errado.
desse movimento, podemos destacar como principais
características do Romantismo no Brasil: Texto: “Nenhuma força virá me fazer calar / Faço no
 o rompimento com a cultura precedente, a es- tempo soar minha sílaba / Canto somente o que pede
cola literária do Arcadismo com o predomínio para se cantar / Sou o que soa / Eu não douro pílula.
da racionalidade, ciência e cultura pagã; / Tudo o que eu quero / É um acorde perfeito, maior
 a subjetividade e valorização das expressões / Com todo mundo podendo brilhar / Num cântico /
dos sentimentos e manifestações do eu; Canto somente o que não pode mais se calar / Nou-
 a arte voltada para o povo, surgimento de um tras palavras, sou muito romântico.” (Caetano Veloso
público consumidor da cultura (com o surgi- / “Muito Romântico”)
mento de tecnologias que agilizavam a produ-
ção, surgiram os folhetins); a. ( ) É comum encontrar traços de Romantismo até
 a liberdade e originalidade, com a criação da na literatura dos nossos dias, a exemplo destes
forma livre de regras; versos, em que o “eu lírico” mostra seu “estado
 a idealização da mulher, muitas vezes culmi- de alma” romântico.
nando no amor platônico; b. ( ) Enquanto “estado de alma”, o Romantismo
 o indianismo, no qual o índio é apresentado encontra-se unicamente concentrado na literatura
como herói; da primeira metade do século XIX. ( )
 a evasão, ou um escape (escapismo) do mundo c. ( ) Pela temática explorada, Caetano Veloso in-
real; tegra o “estilo de época” chamado Romantismo.
 o patriotismo, com expressões de nacionalis- d. ( ) Não há qualquer distinção entre Romantismo,
mo chegando à sua forma exacerbada, que é como “estado de alma”, e Romantismo, como “es-
o ufanismo; tilo de época”.
 a religiosidade, na qual o escritor ou poeta se e. ( ) A fuga da realidade através da imaginação, o
sustenta como resposta para a insegurança e comportamento baseado na liberdade, na emo-
incerteza, além do contraponto ao cientificismo ção e na idealização da realidade definem o “es-
presente no Neoclassicismo (ou Arcadismo); tado de alma” romântico.
 a exaltação da natureza. f. ( ) Hoje em dia, a palavra “romântico” designa
um rótulo, não raro comercial, demonstrando
ATIVIDADES imaginação e sentimentalismo.
g. ( ) Como “estilo de época”, o Romantismo resgata,
01. Complete o texto com as palavras: Maniqueísta, grosso modo, posturas medievais.
mal-do-século, idealizados, Trovadoresco, burguesa.
03 - (UEL) Assinale a alternativa que completa ade-
O Romantismo é a primeira estética cultural quadamente a asserção:
_____________ . Privilegia a subjetividade, a liber-
dade de expressão, o sentimentalismo e a idealiza- O Romantismo, graças à ideologia dominante e a um
ção – grosso modo, resgata os traços medievais do complexo conteúdo ar�stico, social e político, carac-
período ________________, demonstrando nacio- teriza-se como uma época propícia ao aparecimento
nalismo (formação estado nacional burguês) e reli- de naturezas humanas marcadas por
giosidade (Teocentrismo). De origem alemã e ingle- (A) teocentrismo, hipersensibilidade, alegria, otimis-
sa, o Romantismo se difunde através dos ideais da mo e crença.
Revolução Francesa (1789). Seu universo ficcional se (B) etnocentrismo, insensibilidade, descontração,
constitui como o avesso do mundo real e, de manei- otimismo e crença na sociedade.
ra _________________, expressa a vitória do bem (C) egocentrismo, hipersensibilidade, melancolia,
sobre o mal. Em 1774, na Alemanha, Goethe publica pessimismo, angústia e desespero.
Werther e lança as bases do sentimentalismo e do (D) teocentrismo, insensibilidade, descontração, an-
escapismo; em 1781, Schiller publica Os salteadores e gústia e desesperança.
recupera o passado histórico medieval. Na Inglaterra, (E) egocentrismo, hipersensibilidade, alegria, descon-
George Byron se destaca com a poesia impregnada tração e crença no futuro.
de pessimismo (___________________/ “spleen”),
e W. Sco� exalta o passado com romances históri- 04- (FUVEST) Leia os versos a seguir.
cos medievais, do tipo Ivanhoé. Na França, autores I - “Ah! enquanto os destinos impiedosos Não voltam
como Alfred Musset, Alexandre Dumas, Victor Hugo, contra nós a face irada, Façamos, sim façamos, doce
e outros difundem enredos _____________________. amada, Os nossos breves dias mais ditosos

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
II -”É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da ma- HABILIDADE: (EM13LP51) Selecionar obras do re-
nhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, pertório ar�stico-literário contemporâneo à dispo-
Airosa rompe, arrasta presumida.” sição segundo suas predileções, de modo a cons-
tituir um acervo pessoal e dele se apropriar para
III- “E quando eu durmo, e o coração ainda Procura se inserir e intervir com autonomia e criticidade
na ilusão da lembrança, no meio cultural.
Anjo da vida, passa nos meus sonhos E meus lábios
orvalha de esperança!” OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A)
Analisar o processo de desenvolvimento da arte
Associe os trechos acima com os respectivos movi- brasileira como fundamento da identidade ar�stica,
mentos literários, cujas características estão enun- considerando o Romantismo e suas gerações (prosa
ciadas: e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura
Romantismo: evasão e devaneio na realização de um como elementos fundamentais de mudança social
erotismo difuso. Arcadismo: aproveitamento do mo- para inserir com autonomia no meio cultural.
mento presente (“carpe diem”).
Barroco: efemeridade da beleza �sica, brevidade en- OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção compo-
ganosa da vida. sicional dos textos literários. Leitura, apreciação e
interpretação de obras ar�sticas (quadros, música,
(A) I-romantismo; II- arcadismo; III- barroco; performances, espetáculos teatrais).
(B) I-barroco; II- arcadismo; III- romantismo;
(C) I-arcadismo; II- romantismo; III- barroco;
(D) I-arcadismo; II- barroco; III- romantismo; GERAÇÕES DO ROMANTISMO
(E) I-barroco; II- arcadismo; III- romantismo.
TEXTO I
05 – (FEI) Numere a coluna, tendo em vista a poesia
romântica brasileira: Versos de “I-Juca Pirama”

1. primeira geração “Meu canto de morte,


2. segunda geração Guerreiros, ouvi:
3. terceira geração Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci,
( ) abolicionismo Guerreiros, descendo
( ) condoreirismo Da tribo tupi.
( ) autocomiseração exacerbada
( ) obsessão pela morte Da tribo pujante,
( ) indianismo Que agora anda errante
( ) nacionalismo Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci,
Agora, escolha a alternativa que apresenta a sequên- Sou bravo, sou forte,
cia correta dos numerais: Sou filho do Norte;
(A) 2 - 3 - 2 - 1 - 2 - 1; Meu canto de morte,
(B) 1 - 3 - 2 - 1 - 2 - 3; Guerreiros, ouvi.”
(C) 3 - 2 - 2 - 1- 2 - 2; (Gonçalves Dias)
(D) 2 - 1 - 2 - 2 - 1 - 1;
TEXTO II:
(E) 3 - 3 - 2 - 2 - 1 – 1.
Se eu morresse amanhã!

Se eu morresse amanhã, viria ao menos


Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!


Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu pendera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

139
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Que sol! que céu azul! que dove n’alma Segunda Geração
Acorda a natureza mais loucã!
Não me batera tanto amor no peito, A segunda geração é o período conhecido como
Se eu morresse amanhã! Ultrarromântico, em que o mal do século tem papel
de destaque e as obras acabam sendo mais pesadas.
Mas essa dor da vida que devora Suas características marcantes são o exagero no
A ânsia de glória, o dolorido afã... subjetivismo e emocionalismo. As menções ao tédio
A dor no peito emudecera ao menos e desejo de morte são frequentes.
Se eu morresse amanhã! O poema de Alvares de Azevedo retrata muito
(Alvares de Azevedo) bem segunda geração. O verso” se eu morresse ama-
nhã” nos dá essa visão da geração melancólica, do
TEXTO III conhecido mal do século (uma visão depressiva das
coisas; culto da noite; doenças psíquicas; angústia e
morbidez) e a fuga da realidade (através de sonhos,
Marieta
da morte, loucura, embriaguez)
Como o gênio da noite, que desata
Terceira Geração
o véu de rendas sobre a espada nua,
ela solta os cabelos... bate a lua Nesse período os escritores quebraram regras da
nas alvas dobras de um lençol de prata. literatura. Os poemas começaram a ser escritos de
maneira diferente e na prosa começam a aparecer
O seio virginal que a mão recata, palavras que antes não eram da literatura, ou seja,
embalde o prende a mão... cresce, flutua... palavras mais usadas pelo povo.
Sonha a moça ao relento... Além na rua No poema de Castro Alves percebemos a figura
preludia um violão na serenata. feminina denotando um amor mais real, despertando
a sensualidade e a concretização do contato �sico.
Furtivos passos morrem no lajedo... Diferente das donzelas virginais e inacessíveis repre-
Resvala a escada do balcão discreta... sentadas pela segunda geração, a mulher se entrega
matam lábios os beijos em segredo... aos encantos de seu admirador, levando-nos a crer
que o encontro amoroso foi realmente consumado.
Afoga-me os suspiros, Marieta! Nessa geração os autores também começaram a
Oh surpresa! Oh! Palor! Oh! Pranto! Oh! Medo! falar de questões sociais. Foi o primeiro passo para o
Ai! Noites de Romeu e Julieta!... realismo, próximo movimento literário.
(Castro Alves)
POESIA
O Romantismo pode ser dividido em 3 gerações
que possuem algumas características que as diferem. AS TRÊS GERAÇÕES ROMÂNTICAS BRASILEIRAS

Primeira Geração 1ª Geração: Nacionalista / Indianista


O Romantismo no Brasil, primeira geração, está
muito ligado ao ufanismo, uma vez que o país tinha se
Quando o Romantismo surgiu os autores ainda
tornado independente recentemente. Outra temática
mantinham em seus textos algumas características
muito explorada nessa época é o indianismo, apre-
clássicas, seguindo regras da produção literária refe-
sentando o índio como elemento de ligação à pátria
rentes ao período.
e à natureza (e riquezas naturais) próprias do Brasil.
As obras desse período abordam a natureza, o O foco foi um resgate da essência história e cultural
país e idealizam tudo maravilhoso, por isso alguns do país.
estudiosos chamam essa geração de nacionalista. Em
Portugal, os temas mais frequentes eram o nacionalis-  Índio como herói. Figura do “bom selvagem”;
mo, o romance histórico e o medievalismo. No Brasil,  Exaltação de nossas paisagens naturais e de
esse apego ao passado era visto no indianismo. nossa pátria;
Os versos de Gonçalves Dias ilustram bem a pri-
meira geração romântica que tem como principais Principais poetas: Gonçalves de Magalhães e Gon-
características a referência ao índio, aos negros, à çalves Dias, sendo este último o autor da clamada
natureza brasileira. obra Canção do Exílio.

140
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
2ª Geração: Ultrarromântica / Mal do Século Condor (águia, falcão), que tem uma visão mais am-
A segunda geração do Romantismo no Brasil, tam- pla, simbolizando que nessa etapa os poetas haviam
bém conhecida como mal do século, recebeu grande alcançado a maturidade e liberdade fundamentais
influência da poesia de George Gordon Byron, ou Lord para suas produções.
Byron. A melancolia e o pessimismo ganham desta- Historicamente, o Brasil estava vivendo um mo-
que e o medo, o sofrimento e os vícios são temas mento de pensamentos em favor de um Brasil repu-
abordados nessas produções. A fuga da realidade se blicano (consequentemente, o fim da monarquia) e
apresenta com um saudosismo à infância, exaltação com foco no abolicionismo, promovendo o final da
da morte e no medo do amor. escravidão (que começou em 1850, se concretizando
Também conhecida como Ultrarromantismo, nessa em 1888). Dessa forma, o nacionalismo brasileiro dei-
fase do movimento romântico os autores já não tinham xa de ser representado apenas pela cultura europeia
tanta afinidade com o nacionalismo. Houve maior exa- e indígena, integrando-se também o reconhecimento
cerbação dos sentimentos, levando a um egoísmo. pela identidade negra.
Com relação à mulher, que até então era retratada Por um lado, a poesia do Romantismo no Brasil,
de forma respeitosa (com o amor puro e cortês — 3ª geração, estava empenhada em denunciar as con-
presente desde o Trovadorismo), agora tem um novo dições de trabalho dos escravos e a realidade social e
papel. A partir de então, o poeta demonstra certa econômica no país e, por outro, surgiu também uma
sensualidade em relação à mulher, para a qual ele nova representação da mulher. Agora, ela deixa de ser
sugere ter desejos sexuais, mas percebe que não é algo puro, quase divino como na primeira geração ou
digno de tocá-la. apenas sensual, como na segunda, para uma relação
erótica e a consumação do amor.
 Individualismo / Egocentrismo;
 Morte como refúgio;  Abordagem das questões sociais, principal-
 Idealização do amor perfeito; mente acerca da abolição da escravatura;
 Pessimismo;  Linguagem enfática;
 Saudade da infância;  Defesa dos escravos;
 Erotismo;
Principais poetas: Álvares de Azevedo e Casimiro
de Abreu, sendo este último autor da renomada obra Principal poeta: Castro Alves, “o poeta dos escra-
Meus Oito Anos. vos”, tendo como obra de destaque O Navio Negreiro.

3ª Geração: Social / Libertária ATIVIDADES


Entre 1870 e 1881 manifestou-se a terceira gera-
ção do Romantismo no Brasil. Inspirada nas produções 01 – Que visão de pátria é apresentada no poema?
do escritor francês Vitor Hugo, essa fase também foi Confirme sua resposta transcrevendo dois versos do
nomeada como Geração Condoreira, em atribuição ao texto em seu caderno.

141
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
02 – No poema, as palavras “lá” e “cá” aparecem repe- (C) escapismo.
tidamente. O que elas representam para o eu poético? (D) crítica social.
(E) liberdade.
03 – Apesar de se referir ao próprio país, o Brasil, po-
demos considerar universal a maneira como o poeta 14 – Apresenta um apelo o verso
vive seu sentimento em relação à pátria. Por quê? (A) “Minha terra tem palmeiras”.
(B) “Que tais não encontro eu cá”.
04 – Como você interpretaria a repetição da expressão (C) “Nosso céu tem mais estrelas”.
“Minha terra tem...”? (D) “Não permita Deus que eu morra”.
(E) “Onde canta o sabiá”
05 – Transcreva, em seu caderno, os versos do poema
que podem ilustrar os seguintes sentimentos: 15 – Revela-se no poema um tom de
a) Desilusão. (A) lamento.
b) Encantamento. (B) humor.
(C) ironia.
06 – Alguns versos do poema de Gonçalves Dias po- (D) rancor.
dem ser relacionados a trechos do “Hino Nacional (E) indignação.
Brasileiro”, escrito 63 anos depois, em 1909. Identifi-
que esses versos e transcreva-os. 16 – A distância e a saudade provocam a distorção da
imagem da terra natal, cuja natureza é minuciosamen-
te comparada com a da terra do exílio.
07 – O que é exílio?
a) A oposição e a distância são marcadas por dois
advérbios insistentemente repetidos ao longo do
08 – Caracterize o eu lírico do poema.
poema. Quais são eles e o que cada um representa?
b) Entre os diversos elementos da natureza, dois se
09 – No poema, o eu lírico compara a terra natal com a destacam e se tornam símbolos da pátria distante.
terra onde está exilado. Que elementos são utilizados Quais são eles?
nessa comparação?
(A) Sociais. ATIVIDADE
(B) Naturais.
(C) Econômicos. 1. Leia o poema o conhecido poema “Meus oito anos”,
(D) Políticos. do poeta romântico Casimiro de Abreu:
(E) Históricos.
Meus oito anos
10 – A distância da terra natal provoca no eu lírico:
(A) Tristeza. Casimiro de Abreu (1839-1860)
(B) Desespero.
(C) Angústia. Oh! Que saudades que tenho / Da aurora da mi-
(D) Saudade. nha vida, / Da minha infância querida /Que os anos
(E) Pessimismo. não trazem mais! /Que amor, que sonhos, que flores, /
Naquelas tardes fagueiras, / À sombra das bananeiras,
11 – Ao se referir à terra natal, o eu lírico apresenta / Debaixo dos laranjais!
uma imagem Como são belos os dias / Do despontar da exis-
(A) realista. tência! / – Respira a alma inocência / Como perfumes
(B) racional. a flor; / O mar é – lago sereno, / O céu – um manto
(C) idealizada. azulado, / O mundo – um sonho dourado, / A vida –
(D) imparcial. um hino d’amor!
(E) indiferente. Que auroras, que sol, que vida, / Que noites de me-
lodia / Naquela doce alegria, / Naquele ingênuo folgar!
12 – Quais os principais temas característicos do Ro- / O céu bordado d’estrelas, / A terra de aromas cheia,
mantismo apresentados nesse poema? / As ondas beijando a areia / E a lua beijando o mar!
Oh ! dias da minha infância! / Oh ! meu céu de
primavera! / Que doce a vida não era / Nessa risonha
13 – Nos versos “Em cismar, sozinho à noite/ Mais
manhã! / Em vez das mágoas de agora, / Eu tinha
prazer encontro eu lá”, destaca-se a característica
nessas delícias / De minha mãe as carícias / E beijos
romântica de
de minha irmã!
(A) exaltação da natureza.
Livre filho das montanhas, / Eu ia bem satisfeito,
(B) valorização da cultura popular.
/ Da camisa aberta o peito, / – Pés descalços, braços

142
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
nus – / Correndo pelas campinas / À roda das cacho- Comparando os dois poemas, é correto afirmar:
eiras, / Atrás das asas ligeiras / Das borboletas azuis! A - ( ) Ruth Rocha faz um plágio do poema de Casimiro
Naqueles tempos ditosos / Ia colher as pitangas, / de Abreu, ou seja, uma cópia fraudulenta do primeiro
Trepava a tirar as mangas, / Brincava à beira do mar; / texto, apresentando assim uma “imitação ou cópia
Rezava às Ave-Marias, / Achava o céu sempre lindo, / de obra intelectual ou ar�stica alheia como sendo de
Adormecia sorrindo / E despertava a cantar! própria autoria” (Dicionário Caldas Aulete).
........................................... B - ( ) Ruth Rocha faz uma paródia do poema de Casi-
Oh ! Que saudades que tenho / Da aurora da mi- miro de Abreu, já que promove não só “a introdução
nha vida, / Da minha infância querida / Que os anos de um novo sentido ao texto primeiro, mas sim uma
não trazem mais! / Que amor, que sonhos, que flores, completa alteração do significado do primeiro texto.”
/ Naquelas tardes fagueiras, / À sombra das bananei- (FERRAZ, Salma).
ras, / Debaixo dos laranjais! C - ( ) Ruth Rocha faz um pastiche do poema de Ca-
simiro de Abreu, uma vez que imita seu estilo com
Agora leia o poema “Ai que saudades”, de escritora finalidade estética e lúdica, confirmando o sentido
de literatura infanto-juvenil Ruth Rocha: original do poema por meio processos de adaptação,
apropriação e colagem de trechos do texto original.
AI QUE SAUDADES...
ATIVIDADES
Ruth Rocha (1931- )
Ai que saudades que tenho / Da aurora da minha O texto que segue, a parte IV de “O navio ne-
vida / Da minha infância querida / Que os anos não greiro”, é a descrição do que se via no interior de
trazem mais... / Me sentia rejeitada, / Tão feia, de- um navio negreiro. Perceba a capacidade de Castro
sajeitada, / Tão frágil, tola, impotente, / Apesar dos Alves em nos fazer ver a cena, como se estivéssemos
laranjais. num teatro.
Ai que saudades que eu tenho / Da aurora da mi-
nha vida, / Não gostava da comida / Mas tinha que “O navio negreiro”
comer mais... Espinafre, beterraba, / E era �gado e
era fava, / E tudo que eu não gostava / Em porções Castro Alves
industriais.
Como são tristes os dias / Da criança escravizada, Era um sonho dantesco... O tombadilho,
/ Todos mandam na coitada, / Ela não manda em nin- Que das luzernas avermelha o brilho,
guém... / O pai manda, a mãe desmanda, / O irmão Em sangue a se banhar.
mais velho comanda, / Todos entram na ciranda, / E
Tinir de ferros... estalar do açoite...
ela sempre diz amém...
Legiões de homens negros como a noite,
Naqueles tempos ditosos / Não podia abrir a boca,
Horrendos a dançar...
/ E a professora era louca, / Só queria era gritar. /
Senta direito, menina! / Ou se não, tem sabatina! /
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Que letra mais horrorosa!
Magras crianças, cujas bocas pretas
/ E pare de conversar!
Rega o sangue das mães:
Oh dias da minha infância, / Quando eu ficava do-
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
ente, / Ou sentia dor de dente, / E lá vinha tratamento!
No turbilhão de espectros arrastadas,
/ Era um tal de vitamina... / Mingau, remédio, vacina,
Em ânsia e mágoa vãs.
/ Inalação e aspirina, / Injeção e linimento!
E sem falar na tortura: / Blusa de gola engomada,
/ Roupa de cava apertada, / Sapatinho de verniz... / E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E as ordens? Anda direito! / Diz bom dia pras visitas! E da ronda fantástica a serpente
/ Que menina mais sem jeito! / Tira o dedo do nariz! Faz doudas espirais...
Que aurora! Que sol! Que nada! / Vai já guardar Se o velho arqueja... se no chão resvala,
os brinquedos! / Menina, não chupe os dedos! / Não Ouvem-se gritos... o chicote estala.
pode brincar na lama! / Vai já botar o agasalho! / Vai E voam mais e mais...
já fazer a lição! / Criança não tem razão! / É tarde,
vai já pra cama! Presa nos elos de uma só cadeia,
Vê se penteia o cabelo! / Menina se mostradeira! A multidão faminta cambaleia,
/ Menina novidadeira! / Está se rindo demais! / — E chora e dança ali!
Que amor, que sonhos, que flores, / Naquelas tardes Um de raiva delira, outro enlouquece...
fagueiras, / À sombra das bananeiras, / Debaixo dos Outro, que de mar�rios embrutece,
laranjais! Cantando, geme e ri!

143
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
No entanto o capitão manda a manobra. HABILIDADE: (EM13LP51) Selecionar obras do re-
E após, fitando o céu que se desdobra pertório ar�stico-literário contemporâneo à dispo-
Tão puro sobre o mar, sição segundo suas predileções, de modo a cons-
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: tituir um acervo pessoal e dele se apropriar para
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros! se inserir e intervir com autonomia e criticidade
Fazei-os mais dançar!...” no meio cultural.

E ri-se a orquestra irônica, estridente... OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A)


E da ronda fantástica a serpente Analisar o processo de desenvolvimento da arte
Faz doudas espirais! brasileira como fundamento da identidade ar�stica,
Qual num sonho dantesco as sombras voam!... considerando o Romantismo e suas gerações (prosa
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura
E ri-se Satanás!... como elementos fundamentais de mudança social
para inserir com autonomia no meio cultural.
açoite: chicote.
arquejar: ofegar. OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção compo-
dantesco: relativo às cenas de horríveis narradas sicional dos textos literários. Leitura, apreciação e
por Dante Alighieri em sua obra Divina comédia, na interpretação de obras ar�sticas (quadros, música,
parte em que descreve o inferno. performances, espetáculos teatrais).
luzernas: clarões.
tombadilho: alojamento do navio. PROSA
turbilhão: redemoinho.
vãs: inúteis, sem valor.

1. O texto revela grande força expressiva em razão de


sua plasticidade, criada a partir das fortes imagens e
das sugestões de cor, som e movimento que envolvem
a cena. Com relação a esses recursos, responda:
a) A que se referem as metáforas “a orquestra” e “a
serpente” na 3ª e na 6ª estrofes?
b) Duas cores são postas em contraste na 1ª e na 2ª
estrofes. Quais são elas e o que representam?
c) Observe a 1ª, 3ª, 4ª e 5ª estrofes e destaque delas
palavras ou expressões que sugiram movimento.
d) Observe a 1ª e a 3ª estrofes e destaque delas pala-
vras ou expressões que se associem a sonoridade.

2. Acentuando a plasticidade do texto, por duas ve-


zes o poeta aproxima as ideias de som e movimento,
empregando as palavras orquestra e dança, como se
houvesse uma dança dos escravos ao som da orques- Surgimento dos folhetins, a partir da implanta-
tra. De acordo com o texto, explique que tipo de dança ção da imprensa no Brasil, que veio com a chegada
os escravos realizam. da família real, em 1808. Esses folhetins eram o que
chamamos hoje de telenovelas.
3. Além de an�teses, também hipérboles foram em-  Herói idealizado.
pregadas nesse poema de Castro Alves. A hipérbole  A literatura passar a ter um público alvo, vi-
é uma figura de linguagem que se caracteriza pelo sando à lucratividade.
exagero na expressão. Destaque da 1ª estrofe três hi-  Exaltação do Brasil / nacionalismo
pérboles e indique que efeito de sentido têm no texto.  Flashbacks: recordações utilizadas para expli-
car acontecimentos do presente.
4. O poema “O navio negreiro” tem uma finalidade po-  Sentimentalismo explícito.
lítica e social evidente: a erradicação da escravidão no
Brasil. De que modo o poeta procura atingir o público Tipos de romance Indianista
e convencê-lo de suas ideias: com argumentos racio-
nais ou com a exploração das emoções? Justifique. Exaltação da cultura e costumes indígenas; Índio
representado como herói; Representação da paisa-
gem brasileira;

144
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Principais obras: Iracema e O Guarani, ambas de Uma das palmeiras da cabana estendia-se por
José de Alencar. cima do precipício e apoiava-se a trinta palmos de
distância sobre um dos galhos da árvore que os ai-
Histórico morés tinham abatido durante o dia que tiraram aos
Exposição dos costumes do passado; Mescla de habitantes da casa a menor esperança de fuga.
ficção e realidade; Peri, apertando Cecília nos braços, firmou o pé so-
Principais obras: As Minas de Prata e A Guerra dos bre essa ponte frágil, cuja face convexa tinha quando
Mascates, ambas também de José de Alencar. muito algumas polegadas de largura.
Quem lançasse os olhos nesse momento para
Urbano aquela banda da esplanada veria ao pálido clarão do
Exposição dos costumes no ambiente urbano, incêndio deslizar-se lentamente por cima do precipí-
principalmente na cidade do Rio de Janeiro; cio um vulto hirto, como um desses fantasmas que,
Principais obras: A Moreninha, de Joaquim Ma- segundo a crença popular, atravessam à meia-noite
nuel de Macedo, Memórias de um Sargento de Mi- as velhas ameias de algum castelo em ruínas.
lícias, de Manuel Antônio de Almeida, Senhora, de A palmeira oscilava, e Peri, embalando-se sobre o
José de Alencar. abismo, adiantava-se vagarosamente para a encosta
oposta. Os gritos dos selvagens repercutiam nos ares
Sertanejo de envolta com o estrépito dos tacapes que abalavam
as portas da sala e as paredes do edi�cio.
Aborda temas e situações que se passam longe Sem se inquietar com a certa tumultuosa que
dos ambientes urbanos, focando no povo do interior deixava após si, o índio ganhou a margem oposta, e
e em seus costumes; segurando com uma mão nos galhos da árvore, con-
Principal obra: O Sertanejo, de José de Alencar. seguiu tocar a terra sem o menor acidente.
Então, fazendo uma volta para não aproximar-se
ATIVIDADES do campo dos aimorés, dirigiu-se à margem do rio;
aí estava escondida entre as folhas a pequena canoa
O GUARANI que serviria outrora para os habitantes da casa atra-
vessarem o Paquequer.
José de Alencar Durante a ausência de uma hora que Peri tinha
feito, quando deixava Cecília adormecida, ele havia
Os gritos e bramidos dos selvagens, que continu- tudo preparado para essa empresa arriscada que de-
avam com algumas interrupções, foram- se aproxi- via salvar sua senhora.
mando da casa; conhecia-se que escalavam o rochedo Graças à sua atividade espantosa, armou com o
nesse momento. auxílio da corda a ponte pênsil sobre o precipício, cor-
Alguns minutos se passaram numa ansiedade reu ao rio, amarrou a canoa no lugar que lhe pareceu
mais propício, e em duas viagens levou esse barquinho
cruel. D. Antônio de Mariz depositou um último beijo
que ia servir de morada a Cecília durante alguns dias,
na fronte de sua filha; D. Lauriana apertou ao seio a
tudo quanto a menina podia crescer.
cabeça adormecida da menina e envolveu-se numa
manta de seda.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Peri, com o ouvido atento, o olhar fito na porta,
esperava. Ligeiramente apoiado sobre o espaldar da
1 - O texto, sem deixar dúvidas, é legítimo represen-
cadeira às vezes estremecia de impaciência e batia
tante do tipo de romance do Romantismo. Que afir-
com o pé sobre o pavimento da sala.
mação NÃO comprovaria essa tese?
De repente um grande clamor soou em torno da
(A) A tendência a desenvolver um discurso comovente
casa; as chamas lamberam com as suas línguas de fogo
e emocionante.
as frestas das portas e janelas; o edi�cio tremeu desde (B) A configuração, pelos seus atos, da personagem
os alicerces com o embate da tromba de selvagens como herói.
que lançava nomeio do incêndio. (C) A narrativa marcada por situações que conduzem
Peri, apenas ouviu o primeiro grito, reclinou so- ao suspense, técnica essa que prendia o leitor aos
bre a cadeira e tomou Cecília nos braços; quando o acontecimentos.
estrondo soou na porta larga do salão, o índio já tinha (D) O emprego estilístico da hipérbole, denunciando a
desaparecido. maneira sentimentalmente exagerada de conduzir
Apesar da escuridão profunda que reinava em a narrativa.
todo o interior da casa, Peri não hesitou um momento; (E) O apego ao descritivismo da realidade imediata
caminhou direto ao quarto onde habitara sua senhora, com a finalidade de dar verossimilhança aos fatos
e subiu à janela. narrados.

145
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
2 – De que modo podemos ver a presença da persona- Referem-se à obra Memórias de um sargento de mi-
gem Peri como personagem �pica da criação poética lícias os trechos:
do Romantismo? (A) 1,2 E 3 apenas.
(B) 2 e 4 apenas.
3 – Qual o ponto de vista da narrativa? (C) 1 e 4 apenas.
(D) 2, 3 e 4 apenas. (E) 1, 2, 3 e 4.
4 - (UFPR 2009) Memórias de um sargento de milícias,
de Manuel Antônio de Almeida, tem merecido aten- 5 - (UTFPR) Em relação à obra Memórias de um Sar-
ção dos críticos literários há bem mais de um século. gento de Milícias, marque a alternativa correta;
Identifique, entre os trechos de críticas literárias a (A) o tempo dos acontecimentos que envolvem Le-
seguir, quais se referem a essa obra. onardo Pataca e seu filho, Leonardo, é o mesmo
1. Essa obra é, dos seus primeiros livros, o que mais em que o narrador escreve no romance.
possui o ar de modernidade a que se referiu Barreto (B) a linguagem do romance é bem romântica, idea-
Filho, “deslocando o interesse do acontecimento lizando muito e sempre os fatos que se revelam
objetivo para o estudo dos caracteres”, na linha sob um prisma enaltecedor.
portanto do romance psicológico a que se entrega- (C) a instituição familiar, especialmente, a família
ria definitivamente, rompendo com a tendência ao composta por Leonardo Pataca, Maria e o herói
romanesco tão em voga. (Adaptado de: COUTINHO, da narrativa é sobretudo burguesa, ordeira e só-
Afrânio. Estudo Crítico. p. 26.) lida.
2. Essa obra difere da maioria dos romances român- (D) a igreja, sobretudo a Católica, passa por um pro-
ticos, pois apresenta uma série de procedimentos cesso de idealização, emergindo como instituição
que fogem ao padrão da prosa romântica. O pro- inabalável, piedosa e principalmente voltada para
tagonista não é herói nem vilão, mas um malandro a vida espiritual.
simpático que leva uma vida de pessoa comum; (E) o cotidiano fluminense, simultaneamente devoto
não há idealização da mulher, da natureza ou do e profano, revela-se a partir de uma linguagem
amor, sendo reais as situações retratadas; a lin- prosaica em que as festas religiosas são pintadas
guagem se aproxima da jornalística, deixando de em parte como folias carnavalescas.
lado a excessiva metaforização que caracteriza a
prosa romântica. (Adaptado de: CEREJA, William 6 - (UFPR) Sobre o romance Memórias de um Sargento
Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, assinale
Linguagens, vol II, p. 182.) a alternativa correta.
3. [...] o distanciamento cronológico dessa obra é de (A) o pretérito imperfeito da frase que dá início ao
poucos anos, o que autoriza classificá-la antes de romance – “Era no tempo do rei”- fornece uma
novela de memórias que histórica. Donde o ar- referência temporal equivalente à das lendas e
gumento, que o escritor ouviu de um colega do histórias da carochinha, sem verossimilhança his-
“Correio Mercantil”, de ostentar características de tórica.
documento de uma fase histórica do Rio de Janeiro, (B) a divisão em capítulos revela a dificuldade da lite-
porventura ainda vigente na altura em que a narra- ratura da época para encadear em uma narrativa
tiva foi elaborada. Desse teor documental nasce o con�nua as ações de uma grande quantidade de
realismo que perpassa [...] toda a obra: um realismo personagens.
instintivo, quase de reportagem social, a que faltam (C) localizamos boa parte do humor da narrativa na di-
apenas arquitraves cien�ficas para se transformar ferença existente entre as pretensões do padrinho
no Realismo ortodoxo da segunda metade do sécu- e da madrinha para o futuro do afilhado Leonardo
lo XIX. (Adaptado de: MOISÉS, Massaud, A literatura Pataca e a realidade das trapalhadas e peripécias
brasileira através dos textos. p. 173.) realizadas por ele.
4. É supérfluo encarecer o valor documental da obra. (D) os desatinos do protagonista são justificados na
A crítica sociológica já o fez com a devida minúcia. narrativa pelo abandono paterno e materno, de-
Essa obra nos dá, na verdade, um corte sincrônico monstrando o aprofundamento psicológico que
da vida familiar brasileira nos meios urbanos em sustenta a construção da personagem.
uma fase em que já se esboçava uma estrutura não
mais puramente colonial, mas ainda longe do qua- (E) a ênfase na denúncia da violência contra os es-
dro industrial-burguês. E, como o autor conviveu cravos permite afirmar que Memórias de um Sar-
de fato com o povo, o espelhamento foi distorcido gento de Milícias é um romance social.
apenas pelo ângulo da comicidade. Que é, de longa
data, o viés pelo qual o artista vê o �pico, e sobre- 7 - (UFPR) Considere as seguintes afirmações sobre
tudo o �pico popular. (Adaptado de: BOSI, Alfredo. Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel
História concisa da literatura brasileira. p. 134.) Antônio de Almeida:

146
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
I – publicado originalmente como folhetim, alcançou o exacerbado e grande melancolia. Entretanto,
patamar de cânone da literatura brasileira por inaugu- foi considerado como um poeta inocente, por
rar no Brasil e escola realista-naturalista, muito afeita retratar mais o saudosismo à infância;
a denúncias sociais.  Junqueira Freire: poeta também da segunda
II – a personagem principal, Leonardo Pataca, filho, fase do Romantismo, tinha como marca a gran-
embora tendo nascido em uma família desestrutu- de angústia e relação com a morte;
rada, dá mostras de superação pessoal no longo es-  Fagundes Varela: inspirado na poesia de Lord
forço que lhe custou alcançar o cargo de Sargento de Byron, abordava a angústia, a melancolia e o
Milícias. desengano;
III – na passagem do jornal para o livro, foram manti-  Castro Alves: conhecido como Poeta dos Es-
dos os elementos folhetinescos do original. cravos, foi da 3ª geração do Romantismo. Ele
IV – como personagem José Dias, de Dom Casmurro, contribuiu tanto com a denúncia em relação
Leonardo Pataca, filho, é um exemplo de agregado, aos escravos, quanto escreveu poemas que
figura �pica presente nas grandes famílias brasileiras, apresentam a nova representação da mulher;
que ganham teto e comida em troca de pequenos  Tobias Barreto: poeta também da 3ª fase do
favores. Romantismo, abordava a escravidão e defendia
Assinale a alternativa correta. a liberdade religiosa;
(A) Apenas a afirmativa III é verdadeira  Bernardo Guimarães: boêmio e defensor do
(B) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras byronismo, contribuiu principalmente para a
(C) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras prosa romântica;
(D) Apenas as afirmativas I, II e IV são verdadeiras  José de Alencar: um dos principais escritores
(E) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras em prosa do Romantismo brasileiro;
 Franklin Távora: importante escritor da prosa
romântica, foi responsável por introduzir o Ro-
HABILIDADE: (EM13LP51) Selecionar obras do re- mantismo regionalista no nordeste;
pertório ar�stico-literário contemporâneo à dispo-  Machado de Assis: escritor que pertenceu ao
sição segundo suas predileções, de modo a cons- final do Romantismo e início do movimento
tituir um acervo pessoal e dele se apropriar para literário subsequente, o Realismo.
se inserir e intervir com autonomia e criticidade
no meio cultural. O Romantismo no Brasil representou historica-
mente três grandes momentos que foram: o fim do
OBJETIVO DE ARPENDIZAGEM: (GO-EMLP51A)
Brasil Colônia e início do Brasil Império, a luta contra
Analisar o processo de desenvolvimento da arte
a escravidão e a favor do
brasileira como fundamento da identidade ar�stica,
considerando o Romantismo e suas gerações (prosa
Brasil República. Marcado pelo sentimentalismo
e poesia) e a relação do indivíduo e sua cultura
exacerbado e fim da preocupação com a forma.
como elementos fundamentais de mudança social
para inserir com autonomia no meio cultural.
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS ROMÂNTICOS
OBJETOS DE CONHECIMENTO: Construção compo-
GONÇALVES DIAS
sicional dos textos literários. Leitura, apreciação e
interpretação de obras ar�sticas (quadros, música,
Gonçalves Dias (1823-1864) foi um poeta, pro-
performances, espetáculos teatrais).
fessor, jornalista e teatrólogo brasileiro. É lembrado
como o grande poeta indianista da Primeira Geração
AUTORES DO ROMANTISMO NO BRASIL Romântica. Deu romantismo ao tema índio e uma fei-
 Gonçalves de Magalhães: poeta responsável ção nacional à sua literatura. É lembrado como um
por trazer o Romantismo para o Brasil; dos melhores poetas líricos da literatura brasileira.
 Gonçalves Dias: importante poeta indianista e É Patrono da cadeira nº. 15 da Academia Brasileira
nacionalista, da primeira geração do Roman- de Letras.
tismo brasileiro; Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, Ma-
 Álvares de Azevedo: representante da segunda ranhão, no dia 10 de agosto de 1823. Filho de um
fase do Romantismo, expressava a angústia e comerciante português e uma mestiça viveu em um
melancolia da geração; meio social conturbado. Durante os anos da infância,
 Casimiro de Abreu: assim como Álvares de Aze- ajudou seu pai no comércio, ao mesmo tempo, que
vedo, também apresentava um subjetivismo recebeu educação de um professor particular.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Em 1838, viajou para Coimbra e ingressou no Co- O Indianismo: Gonçalves Dias é o mais célebre
légio das Artes, onde concluiu o curso secundário. poeta indianista. Exaltou a coragem e a valentia do
Em 1840 matriculou-se na Universidade de Direito índio, que passa a ser o personagem principal, o herói.
de Coimbra, onde teve contato com escritores do Entre os principais poemas indianistas destacam-se:
romantismo português, entre eles, Almeida Garre�, “Marabá”, “O Canto do Piaga”, “Leito de Folhas Verdes”
Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho. e principalmente, “I-Juca Pirama” – considerado o mais
Durante sua permanência em Coimbra, escreveu perfeito poema épico indianista da literatura brasileira.
a maior parte de suas obras, inclusive a famosa “Can- O Amor: A parte amorosa contida em seus versos
ção do Exílio” (1843), onde expressa o sentimento da foi inspirada por Ana Amélia Ferreira do Vale. O poe-
solidão e do exílio. Em 1845, depois de formado em ta amou a jovem, cujo casamento não foi permitido
Direito, Gonçalves Dias retornou para o Maranhão, pela família. A recusa causa-lhe penosos sofrimen-
indo no ano seguinte morar no Rio de Janeiro procu- tos, por ele registrados nos poemas: “Se se morre
rando integrar-se ao meio literário. de amor”, “Ainda Uma Vez – Adeus” e “Minha Vida e
Em 1847, com a publicação de “Primeiros Cantos”, Meus Amores”.
conseguiu sucesso e o reconhecimento do público. Re- A Natureza: Como poeta da natureza, Gonçalves
cebeu elogios de Alexandre Herculano, poeta român- Dias canta as florestas e a imensa luz do sol. Seus
tico português. Ao apresentar o livro, Gonçalves Dias poemas sobre os elementos naturais conduzem seu
confessa: “Dei o nome Primeiros Cantos às poesias pensamento a Deus. Sua poesia sobre a natureza se
que agora publico, porque espero que não sejam as entrelaça com o saudosismo. Sua nostalgia o remete à
últimas”. Em 1848 publica o livro “Segundos Cantos”. infância, Na Europa sente-se exilado e é levado até sua
Em 1849, é nomeado professor de Latim e História terra natal através da “Canção do Exílio” um clássico
do Brasil no Colégio Pedro II. Durante esse período es- de nossa literatura.
creveu para várias publicações, entre elas, o Jornal do
Comércio, a Gazeta Mercantil e para o Correio da Tar- Obras de Gonçalves Dias
de. Nessa época funda a Revista Literária Guanabara.  Canção do Exílio, 1843
Em 1851, Gonçalves Dias publica o livro, “Últimos  Primeiros Cantos, 1847
Cantos”. Regressa ao Maranhão e conhece Ana Amélia  Segundos Cantos, 1848
Ferreira do Vale, por quem se apaixona, mas por ser  Sextilhas do Frei Antão, 1848
 Últimos Cantos, 1851
mestiço não tem o consentimento da família dela que
 I - Juca Pirama, 1851
proíbe o casamento. Mais tarde casa-se com Olímpia
 Os Timbiras,1857 (inacabado)
da Costa.
 Dicionário da Língua Tupi, 1858
Gonçalves Dias exerceu o cargo de oficial da Se-
 Liria Varia, 1869 (obra póstuma)
cretaria de Negócios Estrangeiros, foi várias vezes à
 Canção do Tamoio
Europa e em 1854, em Portugal, encontra-se com Ana
 O Canto do Guerreiro
Amélia, já casada. Esse encontro inspira o poeta a
escrever o poema “Ainda Uma Vez — Adeus!”.
ÁLVARES DE AZEVEDO
Em 1862, Antônio Gonçalves Dias vai à Europa
para tratamento de saúde. Sem resultados embarca
Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um poeta,
de volta no dia 10 de setembro de 1864, porém o na- escritor e contista, da Segunda Geração Romântica
vio francês Ville de Boulogne em que estava, naufraga brasileira.
perto do Farol de Itacolomi, na costa do Maranhão, Suas poesias retratam o seu mundo interior. É
onde o poeta falece. conhecido como “o poeta da dúvida”.
Gonçalves Dias faleceu na costa do Maranhão, no Faz parte dos poetas que deixaram em segundo
dia 3 de novembro de 1864. Gonçalves Dias é consi- plano, os temas nacionalistas e indianistas, usados
derado o grande poeta romântico brasileiro. A história na Primeira Geração Romântica, e mergulha fundo
do Romantismo no Brasil se confunde com a própria em seu mundo interior. É Patrono da cadeira n.º 2,
história política da primeira metade do século XIX. A da Academia Brasileira de Letras.
Independência política, em 1822, despertou a cons- Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em
ciência de se criar uma cultura brasileira identificada São Paulo no dia 12 de setembro de 1831. Era filho
com as raízes históricas, linguísticas e culturais. do Doutor Inácio Manuel Alvares de Azevedo e Dona
Gonçalves Dias fez parte da Primeira Geração de Luísa Azevedo. Aos dois anos de idade, junto com sua
“poetas” românticos brasileiros. Sua obra poética família, muda-se para o Rio de Janeiro.
apresenta os gêneros lírico e épico. Na lírica, os te- Em 1836 morre seu irmão mais novo, fato que o
mas mais comuns são: o índio, o amor, a natureza, a deixou bastante abalado. Foi aluno brilhante, estudou
pátria e a religião. Na épica, canta os feitos heroicos no colégio do professor Stoll, onde era constantemen-
dos índios. te elogiado. Em 1845 ingressou no Colégio Pedro II.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Em 1848, Álvares de Azevedo voltou para São Pau- deixaram em segundo plano os temas nacionalistas
lo e iniciou o curso de Direito na Faculdade do Largo e indianistas e mergulharam no seu mundo interior.
de São Francisco, onde passou a conviver com vários Seus poemas falam constantemente do tédio da
escritores românticos. vida, das frustrações amorosas e do sentimento de mor-
Nessa época fundou a revista da Sociedade En- te. A figura da mulher aparece em seus versos, ora como
saio Filosófico Paulistano, traduziu a obra Parisina, de um anjo, ora como um ser fatal, mas sempre inacessível.
Byron e o quinto ato de Otelo, de Shakespeare, entre Álvares de Azevedo deixa transparecer em seus
outros trabalhos. textos, a marca de uma adolescência conflitante e di-
Álvares de Azevedo vivia em meio aos livros da lacerada, representando a experiência mais dramática
faculdade e se dedicava a escrever suas poesias. Toda do Romantismo brasileiro.
sua obra poética foi escrita durante os quatro anos Em alguns poemas, Álvares de Azevedo surpre-
que cursou a faculdade. O sentimento de solidão e ende o leitor, pois além de poeta triste e sofredor,
tristeza, refletidos em seus poemas, era de fato a sau- mostra-se irônico e com um grande senso de humor,
dade da família, que ficara no Rio de Janeiro. que ri da própria poesia romântica. Álvaro de Azevedo
Morte não teve nenhuma obra publicada em vida. O livro Lira
Em 1852, Álvares de Azevedo adoece e abando- dos Vinte Anos foi a única obra preparada pelo poeta.
na a faculdade, um ano antes de completar o curso
de Direito. Vitimado por uma tuberculose e sofrendo Livros de Álvares de Azevedo
com um tumor, Álvares de Azevedo é operado, mas  Macário, obra dramática, (1850)
não resiste.  Lira dos Vinte Anos, poesia (1853)
Álvares de Azevedo faleceu no dia 25 de abril de  A Noite na Taverna, prosa (1855)
1852, com apenas 20 anos de idade. Sua poesia Se Eu  O Conde Lopo, poesia (1866)
Morresse Amanhã!, escrita alguns dias antes de sua
morte, foi lida, no dia de seu enterro, pelo escritor FAGUNDES VARELA
Joaquim Manuel de Macedo.
Fagundes Varela (1841-1875) foi um poeta brasi-
O Ultrarromantismo leiro. Sua poesia apresenta características da segunda
Álvares de Azevedo é o nome mais importante e da terceira geração de poetas românticos do Brasil.
do “Ultrarromantismo”, também conhecido como Além de apresentar temas sobre a natureza, a angús-
a “Segunda Geração Romântica”, quando os poetas tia, a solidão, a melancolia e o desengano, apresenta

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
também temas sociais e políticos. É patrono da cadeira do Calvário”, dedicado ao filho e publicado na obra
n.º 11 da Academia Brasileira de Letras. “Cantos e Fantasias”. Sua alma solitária é retratada
Fagundes Varela (Luís Nicolau Fagundes Varela) no poema “Tristeza”.
nasceu na Fazenda Santa Clara, em Rio Claro, no Rio - Natureza: Fagundes Varela destacou-se por suas
de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1841. Filho do Ma- poesias de cunho lírico associado à natureza, como
gistrado e fazendeiro Emiliano Fagundes Varela e de nos poemas da obra “Cantos Meridionais”, como no
Emília de Andrade passou a infância junto à natureza. poema “Flor do Maracujá”.
Em 1860, muda-se para São Paulo, ingressa na Fa- - Religiosidade: o espírito religioso de Fagundes
culdade de Direito no Largo São Francisco e participa Varela quase atinge a contemplação mística como
da vida boêmia da cidade. na obra “Anchieta ou O Evangelho na Selva” onde se
Em 1861, Fagundes Varela publica seu primeiro observa a mais pura inspiração bíblica. Nela, Varela
livro de poesias “Noturnas”, com apenas 32 páginas, relata a narração feita pelo missionário aos índios,
com influência de Byron e dos poetas românticos que sobre a vida e a paixão de Cristo. É dele o poema “A
lhe antecederam como no poema “Arquétipo”. Dança de Salomé”.
Em 1862, Fagundes Varela conhece Alice Guilher-
mina Luande, filha do proprietário de um circo que Obras de Fagundes Varela
estava instalado em São Paulo. Segue até Sorocaba e  Noturnos (1861)
lá casa-se com ela, no dia 28 de maio.  Cântico do Calvário (poema 1863)
Em 1863 nasce seu filho Emiliano, que morre em  O Estandarte Auriverde (1863)
dezembro, com apenas três meses de vida. A morte
do filho lhe inspira seu mais famoso poema “Cântico  Vozes da América (1864)
do Calvário”, um dos momentos mais sublime de sua  Cantos e Fantasias (1865)
produção literária.  Cantos Meridionais (1869)
Em 1865, Fagundes Varela muda-se para o Recife
e ingressa na Faculdade de Direito, onde presencia a CASTRO ALVES
onda de nacionalismo ali desencadeada. Nesse mes-
mo ano, com a morte da esposa, volta para São Paulo. Castro Alves (1847-1871) foi um poeta brasilei-
Em 1866 retorna para a Faculdade de Direito de ro, representante da Terceira Geração Romântica no
São Paulo, mas pouco frequenta as aulas. Nessa oca- Brasil. O Poeta dos Escravos expressou em suas po-
sião, Fagundes renuncia aos estudos definitivamente esias a indignação aos graves problemas sociais de
e volta para a sua casa paterna. seu tempo. É patrono da cadeira n.º 7 da Academia
Em 1869 casa-se com a prima Maria Beliscaria Brasileira de Letras.
Lambert. Da união nasceram duas filhas, Lélia e Rute. Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na vila
Seu terceiro filho, também chamado Emiliano, não de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, Bahia, em
sobreviveu. Fagundes leva uma vida boemia e era visto 14 de março de 1847. Era filho de Antônio José Alves,
muitas vezes embriagado. médico e também professor, e de Clélia Brasília da
Fagundes Varela faleceu precocemente, na cidade Silva Castro.
de Niterói, Rio de Janeiro, no dia 18 de fevereiro de Em 1854, sua família mudou-se para Salvador, pois
1875. seu pai foi convidado para lecionar na Faculdade de
Medicina. Em 1858 ingressou no Ginásio Baiano onde
Geração Romântica foi colega de Rui Barbosa.
Fagundes Varela é considerado o poeta da natu- Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela
reza, é o autor que melhor a reproduz nos versos da poesia. Em 1859 perdeu sua mãe. No dia 9 de setem-
literatura brasileira. Sua obra é repleta de um lirismo bro de 1860, com 13 anos, recitou sua primeira poesia
bucólico. em público em uma festa na escola.
Sua obra poética, embora ainda presa a certas No dia 24 de janeiro de 1862, seu pai se casa com
atitudes ultrarromânticas, da segunda geração, como a viúva Maria Ramos Guimarães. No dia 25, o casal,
o pessimismo, a solidão e a morte, aponta novos ru- o poeta e seu irmão José Antônio partem no vapor
mos, que conduzem à geração seguinte. Oiapoque para a cidade do Recife onde o jovem iria
A poesia de Fagundes Varela além de ser um la- fazer os preparatórios para ingressar na Faculdade
mento sentimental ou uma queixa amorosa passa a de Direito.
ser também um grito de protesto ou de reivindicação Castro Alves chegou ao Recife numa época em
social. É considerado o precursor da poesia social e que a capital pernambucana efervescia com os ideais
abolicionista. abolicionistas e republicanas. Cinco meses depois de
A obra de Fagundes Varela pode ser separada de chegar, publicou o poema “A Destruição de Jerusa-
acordo com os temas abordados: lém”, no Jornal do Recife, recebendo muitos elogios.
- Sofrimento: a dor confere a Fagundes Varela uma Na tentativa de entrar na Faculdade de Direito, Castro
notável inspiração poética, como no poema “Cântico Alves foi reprovado duas vezes.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

No Teatro Santa Isabel, que se tornou quase um Pernambuco, escreve o poema “Pedro Ivo”, exaltando
prolongamento da faculdade, realizavam-se verdadei- o revolucionário da Praieira e o ideal republicano.
ros torneios entre os estudantes. Nesse ambiente, No dia 11 de agosto de 1865, na abertura solene
em março de 1863, durante uma apresentação da das aulas, a sociedade pernambucana se reunia no
peça Dalila, de Octave Feuillet, Castro Alves se encanta salão nobre da faculdade para ouvir os discursos e
com a atriz Eugênia Câmara. Em 17 de maio publica saudações das autoridades, professores e alunos.
no jornal “A Primavera”, sua primeira poesia sobre a Castro Alves é um deles: “Quebre-se o cetro do
escravidão. Papa, / Faça-se dele uma cruz! / A púrpura sirva ao
Um mês depois, enquanto escrevia uma poesia povo/ Para cobrir os ombros nus. (...)”. Os mais velhos
para Eugênia, os sintomas da tuberculose começa- olhavam admirados e os mais jovens deliravam.
ram a aparecer. Em 1864 morre seu irmão. Mesmo No dia 23 de janeiro de 1866 morre seu pai, dei-
abalado, é finalmente aprovado no curso de Direito. xando cinco filhos menores de 14 anos. A responsa-
Castro Alves participa ativamente da vida estudan- bilidade ficou com a viúva e com Castro Alves, agora
til e literária. Publica suas poesias no jornal “O Futuro”. com 19 anos.
No 4.º número, publica uma sátira à academia e aos Nessa época, Castro Alves inicia um intenso caso
estudos jurídicos. No dia 7 de outubro, prova o gosto de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha
da morte. Uma dor no peito e uma tosse incontrolável que ele. Em 1867 partem para a Bahia, onde ela iria
o faz lembrar, da mãe e dos poetas que morreram com representar um drama em prosa, escrito por ele “O
a doença. No ímpeto, escreve “Mocidade e Morte”. Gonzaga ou a Revolução de Minas”.
Nesse mesmo ano, volta para a Bahia, faltando Em seguida, Castro Alves parte para o Rio de Ja-
aos exames e perdendo o ano na faculdade. Em Sal- neiro onde conhece Machado de Assis, que o ajuda
vador, na casa da Rua do Sodré procura repousar. Em a ingressar nos meios literários. Em seguida, vai para
março de 1865 ele retorna ao Recife e ao curso de São Paulo e conclui o Curso de Direito na Faculdade
Direito. Isolado no bairro de Santo Amaro, vive com de Direito do Largo do São Francisco.
a misteriosa Idalina. Em 1868 rompe com Eugênia. De férias, numa
Ao visitar o amigo Maciel Pinheiro, condenado caçada nos bosques da Lapa, fere o pé esquerdo com
à prisão escolar, no térreo do Colégio das Artes, por um tiro de espingarda, resultando na amputação do
haver criticado a academia em um artigo no Diário de pé. Em 1870 volta para Salvador onde publica Espu-

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
mas Flutuantes, único livro editado em vida, onde Poesias de Castro Alves
apresenta uma poesia lírica, exaltando o amor sensual  A Canção do Africano
e a natureza, como no poema Boa Noite.  A Cachoeira de Paulo Afonso
Castro Alves faleceu em Salvador, no dia 6 de julho  A Cruz da Estrada
de 1871, vitimado pela tuberculose, com apenas 24
anos de idade.  Adormecida
 Amar e Ser Amado
Características da Obra de Castro Alves  Amemos! Dama Negra
Castro Alves é a maior figura do Romantismo. De-  As Duas Flores
senvolveu uma poesia sensível aos problemas sociais  Espumas Flutuantes
de seu tempo e defendeu as grandes causas da liber-  Hinos do Equador
dade e da justiça. Denunciou a crueldade da escravi-  Minhas Saudades
dão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo  O “Adeus” de Teresa
um sentido social e revolucionário que o aproximava  O Coração
do Realismo. Sua poesia era como um grito explosivo  O Laço de Fita
a favor dos negros, sendo por isso denominado “O  O Navio Negreiro
Poeta dos Escravos”. Sua poesia é classificada como  Ode ao Dois de Julho
“Poesia Social”, que aborda o tema do inconformismo  Os Anjos da Meia Noite
e da abolição da escravatura, através da inspiração  Vozes d’África
épica e da linguagem ousada e dramática como nos
poemas: Vozes d’África e Navios Negreiros, da obra JOSÉ DE ALENCAR
Os Escravos (1883), que ficou inacabada.
Com “Poeta do Amor” ou “Poeta Lírico”, a mulher José de Alencar (1829-1877) foi um romancista,
não aparece distante, sonhadora, intocada como em dramaturgo, jornalista, advogado e político brasilei-
outros românticos, mas uma mulher real e sensual. ro. Foi um dos maiores representantes da corrente
Foi também o “Poeta da Natureza”, como se observa literária indianista e o principal romancista brasileiro
nos versos de “No Baile na Flor” e “Crepúsculo Serta- da fase romântica. Entre seus romances destacam-se
nejo”, onde enaltece a noite e o Sol, como símbolos “Iracema” e “Senhora”.
da esperança e liberdade.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Seu romance “O Guarani”, publicado em forma de nha uma abolição gradativa da escravatura. Embora
folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, alcançou enor- D. Pedro II não simpatizasse com Alencar, não se opôs
me sucesso e serviu de inspiração ao músico Carlos a sua escolha para o Ministério da Justiça do Império.
Gomes que compôs a ópera O Guarani. Foi escolhido Em 1870 foi eleito senador pelo Ceará, porém,
por Machado de Assis para patrono da Cadeira nº. 23 com os conflitos com o Ministro da Marinha não foi
da Academia Brasileira de Letras. o escolhido. Voltou para a Câmara, onde permaneceu
até 1877, porém rompido com o partido Conservador.
Infância e Juventude Mesmo no auge da carreira política, José de Alen-
José Martiniano de Alencar Júnior nasceu no sítio car não abandonou a literatura. Em 1864, casou-se
Alagadiço Novo, Mecejana, Ceará, no dia 1 de maio de com Georgina, com quem teve quatro filhos, entre
1829. Era filho de José Martiniano de Alencar, senador eles, Mário Alencar, que seguiria a carreira de letras
do império, e de Ana Josefina. Em 1838 mudou-se do pai. Viu suas obras atacadas por jornalista e críticos
com a família para o Rio de Janeiro. que faziam campanha sistemática contra o roman-
Com 10 anos, José de Alencar ingressou no Colé- cista.
gio de Instrução Elementar. Durante a noite, presen- Triste e desiludido publicou sob o pseudônimo
ciava os encontros políticos de seu pai. Em sua casa, de Sênio. Porém, a maioria o louvava. Durante toda
tramou-se a maioridade de D. Pedro II, decretada em sua vida procurou trazer para os livros as tradições, a
1840. Com 14 anos, José de Alencar foi para São Paulo, história, a vida rural e urbana do Brasil. Famoso, a pon-
onde terminou o secundário e ingressou na Faculdade to de ser aclamado por Machado de Assis, como “o
de Direito do Largo de São Francisco. chefe da literatura nacional”. José de Alencar morreu
Em 1844, ao ver o sucesso do livro “A Moreninha” aos 48 anos no Rio de Janeiro vítima da tuberculose.
de Joaquim Manuel de Macedo, resolveu que seria José de Alencar faleceu no Rio de Janeiro, no dia
escritor de romances. Entregou-se à leitura dos auto- 12 de dezembro de 1877.
res mais influentes da época, como Alexandre Dumas,
Balzac, Byron, entre outros. Características da Obra de José de Alencar
Em 1847, com 18 anos, iniciou seu primeiro ro- Como romancista, José de Alencar escreveu uma
mance “Os Contrabandistas”, que ficou inacabado. Em variedade de obras em diferentes gêneros. Deixou
1848 foi para Pernambuco, onde continuou seu curso romances indianistas, históricos, regionalistas e ur-
na Faculdade de Direito de Olinda, concluído em 1851. banos.
De volta a São Paulo levou o esboço de dois romances As principais realizações indianistas em prosa de
históricos: “Alma de Lázaro” e “O Ermitão da Glória”, nossa literatura são os três romances de José de Alen-
que só seriam publicados no fim da vida. car: “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”.
Ainda em 1851, José de Alencar voltou para o Rio Como poeta, José de Alencar escreveu o poema
de Janeiro onde exerceu a advocacia. Em 1854, in- indianista “Os Filhos de Tupã”.
gressou no Correio Mercantil, na seção “Ao Correr da Como teatrólogo destacam-se as comédias “Verso
Pena”, onde comentava os acontecimentos sociais, as e Reverso”, “O Demônio Familiar” e “As Asas de um
estreias de peças teatrais, os novos livros e as ques- Anjo”.
tões políticas.
Em 1855 assumiu as funções de gerente e redator- Obras de José de Alencar
-chefe do “Diário do Rio”, onde publicou, em folhetim,  Cinco Minutos, romance, 1856;
seu primeiro romance “Cinco Minutos” em 1856. No  Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios,
dia 1 de janeiro de 1857 começou a publicar o roman- crítica, 1856;
ce “O Guarani”, também em forma de folhetim, que  O Guarani, romance, 1857;
alcançou enorme sucesso e logo foi editado em livro.  Verso e Reverso, teatro, 1857;
Em 1858, José de Alencar abandonou o jornalismo  A Viuvinha, romance, 1860;
para ser Chefe da Secretaria do Ministério da Justiça,  Lucíola, romance, 1862;
chegando a Consultor com o �tulo de Conselheiro, ao  As Minas de Prata, romance, 1862-1864-1865;
mesmo tempo em que lecionava Direito Mercantil.  Diva, romance, 1864;
Em 1860, com a morte do pai, se candidatou a de-  Iracema, romance, 1865;
putado pelo Ceará, pelo partido Conservador, sendo  Cartas de Erasmo, crítica, 1865;
reeleito em quatro legislaturas. Na visita a sua terra  O Juízo de Deus, crítica, 1867;
Natal se encanta com a lenda de “Iracema” e a trans-  O Gaúcho, romance, 1870;
forma em livro.  A Pata da Gazela, romance, 1870;
Em 1865, sob um pseudônimo, publicou “Cartas  O Tronco do Ipê, romance, 1871;
de Erasmo”, dirigidas ao imperador onde descrevia a  Sonhos d’Ouro, romance, 1872;
situação do país. Defendia um governo forte e propu-  Til, romance, 1872;

153
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
 Alfarrábios, romance, 1873; Com 20 anos, Machado de Assis já frequentava
 A Guerra dos Mascate, romance, 1873-1874; os círculos literários e jornalísticos do Rio de Janeiro,
 Ao Correr da Pena, crônica, 1874; capital política e ar�stica do Império.
 Senhora, romance, 1875; Em 1960, Machado de Assis foi chamado por Quin-
 O Sertanejo, romance, 1875. tino Bocaiúva para trabalhar na redação do “Diário do
Rio de Janeiro”, que estava sendo preparado para re-
MACHADO DE ASSIS aparecer sob a direção política de Saldanha Marinho.
Além de escrever sobre todos os assuntos e man-
Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor bra- ter uma coluna de crítica literária, Machado tornou-se
sileiro, um dos nomes mais importantes da literatura o representante do jornal no Senado.
do século XIX. Escreveu poesias, contos e romances. Machado também escrevia no “Jornal das Famí-
Foi também jornalista, teatrólogo, crítico de teatro e lias”, onde suas histórias inconsequentes e açucaradas
crítico literário. eram lidas nos serões familiares.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na Chá- Em 1864, Machado de Assis publicou “Crisálidas”,
cara do Livramento no Rio de Janeiro, no dia 21 de uma coletânea de seus poemas. O livro foi dedicado
junho de 1839. Foi o primeiro filho de Francisco José a seus pais, Maria Leopoldina e a Francisco, que mor-
de Assis, um decorador de paredes, e da imigrante rera naquele ano. Em 1867, o Imperador concedeu a
Machado o grau de “Cavaleiro da Ordem da Rosa”,
portuguesa Maria Leopoldina.
por serviços prestados às letras nacionais. No dia 8
Machado de Assis passou sua infância e adoles-
de abril Machado foi nomeado ajudante do diretor
cência no bairro do Livramento. Seus pais viviam na
do Diário Oficial, iniciando sua “carreira burocrática”.
propriedade do falecido senador Bento Barroso Pe-
Em 1868 ele conheceu Carolina Xavier de Novais,
reira e D. Leopoldina era a protegida de D. Maria Jose
uma portuguesa culta, irmã do poeta português Faus-
Pereira. tino Xavier de Novais, que lhe revelou os clássicos
Machado fez seus primeiros estudos na escola lusitanos.
pública do bairro de São Cristovão. Tornou-se amigo No dia 12 de novembro de 1869, o casamento de
do padre Silveira Sarmento, o ajudava nas missas, fa- Machado e Carolina é realizado, tendo como teste-
miliarizava-se com o latim. munhas, Artur Napoleão e o Conde de São Mamede,
Quando tinha dez anos perdeu sua mãe. Viúvo, em cuja residência se realizou a cerimônia.
seu pai saiu da Chácara e foi morar em São Cristovão. Em 1872, Machado de Assis publicou seu primei-
Logo passou a viver com Maria Inês da Silva, só vindo ro romance, “Ressurreição”. No dia 30 de janeiro de
a casar-se em 1854. 1873, a capa do décimo número do “Arquivo Contem-
Sua madrasta trabalhava como doceira em uma porâneo”, periódico do Rio de Janeiro, coloca lado a
escola e levava o enteado para assistir algumas aulas. lado as fotos de José de Alencar, até então o maior
À noite, Machado ia para uma padaria, local onde romancista do Brasil, e a de Machado de Assis.
aprendia francês com o forneiro. Ainda em 1873, ele foi nomeado primeiro oficial
À luz de velas, Machado lia tudo que passava em da Secretaria da Agricultura e, três anos depois assu-
suas mãos e já escrevia suas primeiras poesias. miu a chefia da seção.
Em busca de um emprego, com 15 anos, conheceu Em 1881, Machado de Assis publica o romance
Francisco de Paula e Brito, dono da livraria, do jornal “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que marca o
e da tipografia. início da fase acentuadamente realista de sua obra.
Daí por diante não parou de escrever na Marmo- A obra havia sido publicada, no ano anterior, em fo-
ta e de fazer amizades com os políticos e literatos, lhetins na Revista Brasileira.
frequentadores da livraria, onde o assunto principal Em 1896, fundou com outros intelectuais, a Aca-
era a poesia. demia Brasileira de Letras. Nomeado para a cadeira
Em 1856, Machadinho, como era conhecido, en- n.º 23, tornando-se, em 1897, seu primeiro presiden-
trou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipó- te, cargo que ocupou até sua morte.
grafo, mas além de mau funcionário, escondia-se para Na entrada do prédio há uma estátua de bronze do
ler tudo que lhe interessava. escritor. Em sua homenagem, a academia chama-se
O diretor decidiu incentivar o jovem e o apresen- também “Casa de Machado de Assis”.
Em outubro de 1904 morreu sua esposa, Carolina,
tou a três importantes jornalistas: Francisco Otaviano,
companheira de 35 anos, que além de revisora de suas
Pedro Luís e Quintino Bocaiúva.
obras era também sua enfermeira, pois Machado de
Otaviano e Pedro dirigiam o Correio-Mercantil e
Assis tinha a saúde abalada pela epilepsia.
para lá foi Machado de Assis, em 1858, como revisor
Após a morte da esposa o romancista raramente
de provas. Colaborava também para outros jornais,
saía de casa, em homenagem à sua amada, escreveu
mas ganhava pouco e estava sempre sem dinheiro.
o poema “À Carolina”.

154
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro, no dia do da monotonia da eternidade escrevendo suas me-
29 de setembro de 1908. Em seu velório, comparece- mórias, livre das convenções sociais, pois está morto.
rem as maiores personalidades do país. Rui Barbosa, O narrador fala não só da vida, mas de todos os
um dos juristas mais aplaudidos da época, fez um dis- que com ele conviveram, revelando a hipocrisia das
curso de despedida com elogios ao homem e escritor. relações humanas.
Levado em uma carreta do Arsenal de Guerra,
só destinada às grandes personalidades, um grande As personagens femininas
cortejo fúnebre saiu da Academia para o cemitério As grandes “personagens femininas” das obras de
de São João Batista, onde foi enterrado. Machado de Assis ou são adúlteras ou estão a pon-
to de ser como Virgília de Memórias Póstumas que
Fases da obra de Machado de Assis repele Brás Cubas quando podia casar-se com ele,
mas torna-se sua amante depois que está casada com
Machado de Assis teve uma carreira literária inin- outro homem mais importante na escala social.
terrupta, produziu de 1855 a 1908. Escreveu poesias, Sofia, protagonista de Quincas Borba, fica no li-
romances, contos, crônicas, críticas e peças de teatro. miar do adultério, tentando o pobre Rubião até levá-lo
O ponto alto de sua produção literária é o romance e à loucura, para tirar dele seu último centavo e assim
o conto, onde se observa duas fases: enriquecer seu esposo. Capitu, sua heroína mais fa-
mosa, personagem de Dom Casmurro, é o protótipo
Primeira fase de mulher dissimulada, que engana vilmente o marido
A primeira fase das obras de Machado de Assis – ou parece enganá-lo. Apenas Fidélia, de Memorial
apresenta-se presa a algum aspecto do “Romantis- de Aires, é a mulher honesta e fiel, como seu próprio
mo”, com uma história cheia de mistérios, com final nome sugere.
feliz ou trágico e uma narrativa linear.
Apresenta também traços inovadores, como uma Contos de Machado de Assis
linguagem menos descritiva, menos adjetivada e sem  Papéis Avulsos (1882)
o exagero sentimental. As personagens têm um com-  Histórias Sem Data (1884)
portamento não só movido pelo amor, mas também  Várias Histórias (1896)
pela ambição e pelo interesse. São dessa fase os ro-  Páginas Recolhidas (1899)
mances:  Relíquias da Casa Velha (1906)
 Ressurreição (1872)
 A Mão e a Luva (1874) Alguns dos melhores contos “realistas” contidos
 Helena (1876) nesses livros e que abordam os mais diversos temas,
 Iaiá Garcia (1878) são:
 Cantigas de Exponsais – a desesperada busca
Segunda fase (Realismo) da expressão,
A segunda fase das obras de Machado de Assis  Noites de Almirantes – análise de uma desilu-
inicia-se com “Memórias Póstumas de Brás Cubas” são amorosa,
(1881), onde retrata a miséria humana, indo até seu  Trio em Lá Menor – o anseio da perfeição,
último romance, “Memorial de Aires” (1908) - o livro  O Alienista – o problema da loucura,
da saudade, escrito após a morte de Carolina.  Missa do Galo – o despertar do adolescente
É nesse período que se encontram suas mais ricas para o amor,
criações literárias. Diferente de tudo quanto havia sido  Teoria do Medalhão – como vencer na vida
escrito no Brasil, Machado inaugura o “Realismo”. sem fazer força,
O estilo realista de Machado de Assis difere de  O Espelho – a dualidade da alma humana.
seus contemporâneos, porque ele aprofunda-se na
análise psicológica dos personagens desvendando O escritor Machado de Assis é uma figura tão
a fragilidade existencial na relação consigo mesmo importante para o nosso país que a sua biografia foi
e com os outros personagens. São dessa fase os ro- escolhida para figurar no artigo A biografia das 20
mances: pessoas mais importantes para a história do Brasil.
 Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
 Quincas Borba (1891)
 Dom Casmurro (1899)
 Esaú e Jacó (1904)
 Memorial de Aires (1908)

Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o narrador


era um defunto que resolveu distrair- se um pouco sain-

155
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

VISCONDE DE TAUNAY O romance tornou-se um clássico do fim do ro-


mantismo, obteve extraordinária popularidade e foi
Visconde de Taunay (1843-1899) foi um escritor, traduzido para diversas línguas.
militar e político do império brasileiro. Monarquista
e grande admirador de D. Pedro II, com ele manteve Vida política
uma longa correspondência quando o ex-imperador
foi exilado do país. Em 1872, o Visconde de Taunay ingressou na
Em 1863 formou-se em Ciências Físicas e Matemá- vida política. Foi deputado por Goiás. Em 1876, foi
tica na Escola Militar. Em 1864 casou- se com Cristina nomeado presidente da província de Santa Catarina.
Entre 1881 a 1884 foi deputado por Santa Catarina.
Teixeira Leite, filha do Barão de Vassouras. Ingressou
Foi presidente da província do Paraná de 1885 a 1886.
no curso de Engenharia Militar.
Taunay presidiu a Sociedade Central de Imigração
Em 1871, Visconde de Taunay publica uma de suas
que promoveu a chegada dos primeiros imigrantes
principais obras: “A Retirada da Laguna”, onde em uma alemães e italianos para o sul do Brasil. Em seguida,
narrativa forte, e dramática, evidencia os problemas foi senador por Santa Catarina na vaga do Barão de
militares, o sofrimento dos combatentes e o naciona- Laguna. Foi um dos mais dedicados partidários da
lismo durante os anos na guerra. abolição da escravatura.
Terminado o curso de Engenharia, Taunay passa Dedicado às suas múltiplas atividades, Visconde
a lecionar História, Línguas, Mineralogia, Biologia e de Taunay destacou-se também como jornalista músi-
Botânica no Colégio Militar. co e pintor, além de ter sido administrador da floresta
da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Inocência
Títulos e honrarias
O romance “Inocência” publicado em 1872 é
considerado o melhor romance sertanejo do Ro- Foi um dos fundadores da Academia Brasileira
mantismo, onde retrata a vida rústica do sertanejo: de Letras e da Academia Brasileira de Música, onde
a paisagem, os hábitos, os costumes, a naturalidade ocupou a cadeira n.º 13.
dos diálogos, os tipos humanos com pouca dose de Taunay foi oficial da Ordem da Rosa, Cavaleiro da
idealização e fantasia. Ordem de São Bento, da Ordem de Aviz e da Ordem
de Cristo.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
No dia 6 de setembro de 1889, recebeu de D. Pe- vejo e sinto, só com muita paciência se pode deslindar
dro II o �tulo de “Visconde, com Grandeza”. Neste e seguir em tão embaraçada meada”. Eis como o autor
mesmo ano, com a queda da Monarquia, afasta-se vê sua obra, dentro da qual faz reflexões como esta: “o
do Senado, mas permanece fiel ao ex-imperador, por povo, o povo está são: os corruptos somos nós os que
quem mantinha a mais profunda admiração. cuidamos saber e ignoramos tudo.” Trata-se da obra
Durante o exílio de D. Pedro, Taunay manteve far- (A) Portugal, de Miguel Torga.
ta correspondência com ele, que posteriormente foi (B) Quincas Borba, de Machado de Assis.
reunida e publicada por seu filho Affonso de E. Taunay, (C) Os maias, de Eça de Queirós.
no livro “Visconde de Taunay: Pedro II”. (D) Vidas secas, de Graciliano Ramos.
Visconde de Taunay faleceu no Rio de Janeiro, no (E) Viagens na minha terra, de Almeida Garre�.
dia 25 de janeiro de 1899.
4. (FUVEST)
ATIVIDADES I - Autor que levava no palco a sociedade portuguesa
da primeira metade do século XVI, vivenciando, na
MOMENTO ENEM
expressão de Antônio José Saraiva, o reflexo da crise.
II - Atuou na linha do teatro de costumes, associou o
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
burlesco e o cômico em dramas e comédias ao retra-
tar flagrantes da vida brasileira, do campo à cidade.
1. (USP) O índio, em alguns romances de José de Alen-
car, como Iracema e Ubirajara, é: Os enunciados referem-se, respectivamente, aos te-
(A) retratado com objetividade, numa perspectiva atrólogos:
rigorosa e cien�fica. (A) Camilo Castelo Branco e José de Alencar.
(B) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da (B) Machado de Assis e Miguel Torga.
qual é o herói épico. (C) Gil Vicente e Nelson Rodrigues.
(C) pretexto episódico para descrição da natureza. (D) Gil Vicente e Martins Pena.
(D) visto com o desprezo do branco preconceituoso, (E) Camilo Castelo Branco e Nelson Rodrigues
que o considera inferior.
(E) representado como um primitivo feroz e de maus 5. (PUCCAMP) “Cantor das selvas, entre bravas matas
instintos. / Áspero tronco da palmeira escolho, / Unido a ele
soltarei meu canto, / Enquanto o vento nos palmares
2. (SANTA CASA) No conto “Um Homem Célebre”, zune, / Rugindo os longos, encontrados leques.”
ocorre o falecimento da esposa do Pestana, perso- Os versos acima, de Os Timbiras, de Gonçalves Dias,
nagem central, compositor que não logra concluir um apresentam características da primeira geração ro-
réquiem para a missa da mulher. “Contentou-se da mântica:
missa rezada e simples, para ele só. Não se pode dizer (A) apego ao equilíbrio na forma de expressão; pre-
se todas as lágrimas que lhe vieram sorrateiramente sença do nacionalismo, pela temática indianista
aos olhos foram do marido, ou se algumas eram do e pela valorização da natureza brasileira.
compositor.” (B) resistência aos exageros sentimentais e à forma
Conforme o excerto lembra, na obra de Machado de de expressão subordinada às emoções; visão da
Assis é comum que o narrador: poesia a serviço de causas sociais, como a escra-
(A) ponha em dúvida o significado aparente da reali- vidão.
dade, muitas vezes enganoso.
(C) expressão preocupada com o senso de medida;
(B) interfira emocionalmente no texto, tornando-o
“mal do século”; natureza como amiga e confi-
dramático, sentimentalista e ultrarromântico.
dente.
(C) busque revelar a profunda hipocrisia e bondade
(D) transbordamento na forma de expressão; valori-
que, a um tempo, caracterizam o comportamento
dos seres humanos. zação do índio como �pico homem nacional; apre-
(D) busque revelar o aspecto mais piedoso do caráter sentação da natureza como refúgio dos males do
das personagens construindo uma narrativa emi- coração.
nentemente moralista. (E) expressão a serviço da manifestação dos estados
(E) construa um texto fortemente espiritualizado, de espírito mais exagerados; sentimento profundo
em que importa pouco o significado material das de solidão.
ações.
6. (F.C.CHAGAS) “O critério de apresentação da obra,
3. (FUVEST) “Neste despropositado e inclassificável colocando em primeiro lugar a parte referente ao in-
livro (...), não é que se quebre, mas enreda-se o fio das dígena, está de acordo com a busca do exotismo que
histórias e das observações por tal modo, que, bem o era moda na época.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
“A moda que o juízo crítico acima transcrito menciona, 10. (VUNESP) Baseando-se na leitura do texto de Álva-
a propósito da obra A Viagem Pitoresca e Histórica ao res de Azevedo, assinale a única alternativa incorreta.
Brasil, do pintor Jean-Baptiste Debret, era vigente no “Junto a meu leito, com as mãos unidas, / Olhos fitos
período ..... no céu, cabelos soltos, / Pálida sombra de mulher
da literatura. formosa / Entre nuvens azuis pranteia orando. / É
(A) barroco; um retrato talvez. Naquele seio / Porventura sonhei
(B) arcádico doiradas noites. / Talvez sonhando desatei sorrindo /
(C) romântico; Alguma vez nos ombros perfumados / Esses cabelos
(D) realista; negros, e em delíquio / Nos lábios dela suspirei tre-
(E) naturalista. mendo. / foi-se minha visão. E resta agora / Aquela
vaga sombra na parede / – Fantasma de carvão e pó
7. (USC) A respeito do Romantismo no Brasil, pode-se cerúleo, / Tão vaga, tão extinta e fumarenta / Como
afirmar que: de um sonho o recordar incerto.”
(A) sua ação nacionalista deu origem às condições (AZEVEDO, Álvares de. VI Parte de “Ideias Íntimas”. In:
políticas que propiciaram a nossa Independência; CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A. Presença da Literatura
(B) coincidiu com o momento decisivo de definição Brasileira, vol. II,
da nacionalidade e colaborou para essa definição; São Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1968, p. 26).
(C) espelhou sempre as influências estrangeiras, em Considerando os aspectos temáticos e formais do
nada aproveitando os costumes e a cor locais; poema pode-se vinculá-lo ao segundo momento do
(D) foi decisivo para o amadurecimento dos sentimen- movimento romântico brasileiro, também conhecido
tos nativistas que culminaram na Inconfidência como “geração do spleen” ou “mal do século.”
Mineira; (A) A presença da mulher amada torna-se o ponto
(E) ganhou relevo apenas na poesia, talvez por falta central do poema. Isso é claramente manifestado
de talentos no cultivo da ficção. pelas recordações do eu-lírico, marcado por um
passado vivido, que sempre volta em imagens e
8. (F.C.CHAGAS) O movimento romântico, cujas ori- sonhos.
gens estão na Alemanha e na Inglaterra, adquiriu na (B) texto reflete um articulado jogo entre o plano
literatura brasileira um reflexo extraordinário porque: do imaginário e o plano real. Um dos elementos,
(A) nossas letras contavam, à época, com artistas do entre outros, que articula essa contradição é a
talento de um Machado de Assis e de um Raul alternância dos tempos verbais presente/passado.
Pompéia; (C) Realidade e fantasia tornam-se a única realidade
(B) coincidiu com o momento decisivo de definição no espaço da poesia lírica romântica, gênero pri-
vilegiado dentro desse movimento.
da nossa nacionalidade e de valorização do nosso
passado histórico;
(D) Apesar de utilizar decassílabo, esse poema possui
(C) prosperavam, entre nós, os sentimentos nativistas
o andamento próximo ao da prosa. Esse aspecto
elevados ao mais alto plano estético, como de-
formal é importante para intensificar certo pro-
monstram os poemas “O Uruguai” e “Caramuru”;
saísmo intimista da poesia romântica.
(D) nosso complexo cultural de colonizadores en-
contrava na prosa intimista sua expressão mais
11. (PUC) Considerado pela crítica brasileira o escritor
adequada e natural;
mais bem dotado de sua geração, Álvares de Azeve-
(E) nossos homens de letras e de ciências criaram
do, além das poesias, deixou-nos que obra de prosa
teorias em que se demonstrava a flagrante supe-
narrativa?
rioridade do pensamento anglo-germânico sobre (A) Conde Lopo;
o de outros povos. (B) Macário;
(C) Espumas Flutuantes;
9. (F.C.CHAGAS) “Em cismar, sozinho, à noite, / Mais (D) Noite na Taverna;
prazer encontro eu lá; / Minha terra tem palmeiras / (E) Pedro Ivo.
Onde canta o sabiá.”
Nestes versos de Gonçalves Dias, escritos em Portugal, 12. (U.FORTALEZA) “Eu deixo a vida como deixa o tédio
o poeta vive um momento marcado por / Do deserto, o poento caminheiro / Como as horas
(A) solidão, devaneio e idealização nacionalista. de um longo pesadelo / Que se desfaz ao dobre de
(B) melancolia, tédio e ironia; um sineiro.”
(C) amor a Portugal, devaneio e idealização naciona- Os versos acima exemplificam:
lista; (A) a utilização de metáforas grandiosas para expres-
(D) saudades, ânimo sa�rico e pessimismo; sar a indignação com as injustiças sociais que ca-
(E) alívio, expectativa e otimismo. racteriza a obra de Castro Alves;

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(B) a temática a procura da morte como solução para / é o mesmo: cana e algodão.”
os problemas da existência em que se encontra Esse ideal de liberdade repete, de certa forma, a te-
em Álvares de Azevedo; mática da poesia social de
(C) tratamento ao mesmo tempo irônico e lírico a que (A) Castro Alves;
Carlos Drummond de Andrade submete o cotidiano; (B) Fagundes Varela;
(D) a presença da natureza como cenário para o en- (C) Casimiro de Abreu;
contro do pastor com sua amada, como ocorre (D) Álvares de Azevedo.
em Tomás Antônio Gonzaga; (E) Gonçalves Dias.
(E) a exploração de ecos, assonâncias, aliterações em
busca de uma sonoridade válida por si mesma, 16. (FUVEST) Lucíola e Senhora; O Gaúcho, Sertanejo;
como se vê na obra de Cruz e Sousa. e o Guarani e As Minas de Prata representam na obra
de Alencar, de acordo com os seus conteúdos e seus
13. (F.C.CHAGAS) A poesia confessional e fantasia de cenários, romances de tipos, respectivamente:
Álvares de Azevedo pertence a uma geração român- (A) urbanos, regionalistas e pré-históricos;
tica situada entre a de (B) documentais, sociais e histórico-indianistas;
(A) Gonçalves Dias e a de Cláudio Manuel da Costa (C) europeus, nacionais e indianistas;
(B) Gonçalves de Magalhães e a de Gonçalves Dias; (D) psicológicos, documentais e folclóricos;
(C) Castro Alves e a de Cruz e Sousa; (E) realistas, impressionistas e românticos.
(D) Gonçalves Dias e a de Castro Alves;
(E) Cláudio Manuel da Costa e a de Tomás Antônio 17. (PUC) Nos romances Senhora e Lucíola, José de
Gonzaga. Alencar dá um passo em relação à crítica dos valores
da sociedade burguesa, na medida em que coloca
14. (F.C.CHAGAS) A palavra de Castro Alves seria, no como protagonistas personagens que se deixam cor-
contexto em que se inseriu, uma palavra aberta à rea- romper por dinheiro. Entretanto, essa crítica se dilui
lidade da nação, indignando-se o poeta com o proble- e ele se reafirma como escritor romântico, nessas
ma do escravo e entusiasmando-se com o progresso obras, porque
e a técnica que já atingiam o meio rural. Esse último (A) pune os protagonistas no final, levando-os a um
aspecto permite afirmar que Castro Alves casamento infeliz;
(A) identifica-se aos poetas da segunda geração ro- (B) justifica o conflito dos protagonistas com a socie-
mântica no que se refere à concepção da natureza dade pela diferença de raça: uns, índios idealiza-
como refúgio. dos; outros, brasileiros com maneiras europeias;
(B) afasta-se, nesse sentido, de outros poetas, como (C) confirma os valores burgueses, condenando os
Fagundes Varela, que o consideram o campo um protagonistas à morte;
an�doto para os males da cidade; (D) resolve a contradição entre o dinheiro e valores
(C) trata a natureza da mesma forma que o poeta morais tornando os protagonistas ricos e podero-
árcade que o antecedeu; sos;
(D) antecipa o comportamento do poeta parnasiano (E) permite aos protagonistas recuperarem sua dig-
que se entusiasma com a realidade exterior; nidade pela força do amor.
(E) idealiza a natureza da pátria, buscando preservar
a sua simplicidade e pureza, tal como Gonçalves ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Dias.
Leia os fragmentos de Inocência para responder as
15. (AFA - Adaptado) Observe o ideal de liberdade, questões 18 a 22:
preconizado por Cecília Meirelles em “Romanceiro da
Inconfidência: “Agora, peço a você. / Ó caboclo brasi- Texto I:
leiro, / caboclo ainda cativo, / ler o ‘Navio Negreiro’ /
para ficar informado / do passado cativeiro. / Era um O dia 15 de julho de 1860 era dia claro, sereno e
navio maldito, / uma ave de rapina / voando a flor do fresco, como costumam ser os chamados de inverno
oceano, / no bojo a gana a assassina / conduzia ouro no interior do Brasil.
humano: / a rapa negra era a mina. / Caboclo, não Ia o Sol alto em seu percurso, iluminando com
chore não, / não chora quando o poema / apertar-lhe seus raios, não muito ardentes para regiões intertro-
o coração; / se não puder impe ou gema / ou grite de picais, a estrada, cujo aspecto há pouco tentamos
indignação. / caboclo, este o dilema. / Depois leias descrever e que da Vila de Sant’Ana do Paranaíba vai
as Vozes d’África / com a mesma indignação / contra ter aos campos de Camapuã.
os senhores de escravos, / ó caboclo do sertão, / o A essa hora, um viajante, montado numa boa
cativeiro de hoje besta tordilho-queimada, gorda e marchadeira, se-

159
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
guia aquela estrada. A sua fisionomia e maneiras de 21. Destaque as expressões que realçam a meiguice
trajar denunciavam de pronto que não era homem de de Inocência:
lida fadigosa e comum ou algum fazendeiro daquelas
cercanias que voltasse para casa. Trazia na cabeça um 22. Os protagonistas do romance pertencem a gru-
chapéu-do-chile de abas amplas e cingido de larga fita pos sociais distintos. Comente em que este aspecto
preta, sobre os ombros um poncho-pala de variegadas interfere no relacionamento deles.
cores e calçava botas de couro da Rússia bem feitas e
em bom estado de conservação. 23.(UNICENTRO) Relativamente ao romance Inocên-
Tinha quando muito vinte e cinco anos, presença cia, de Taunay, todas as afirmativas abaixo são pro-
agradável, olhos negros e bem rasgados, barba e ca- cedentes, EXCETO
belos cortados quase à escovinha e ar tão inteligente (A) O autor desenvolve toda a história em cenário e
quanto decidido. meio tipicamente sertanejo.
(B) Numa atmosfera agreste e idílica, a gente rústica
Texto II: do sertão de Mato Grosso vive seus conflitos.
(C) Pereira decide casar a filha com Manecão, homem
—Está aqui o doutor, disse-lhe Pereira, que vem honrado e rude tal como o pai de Inocência.
curar-te de vez (D) Órfã de mãe desde o nascimento, Inocência é cria-
—Boas-noites, dona, saudou Cirino. da pelo pai, Pereira, mineiro afetuoso mas turrão.
Tímida voz murmurou uma resposta, ao passo que (E) Inocência, que vivia, desde menina, apaixonada
o jovem, no seu papel de médico, se sentava num pelo prático Cirino, deixa de aceitar o noivado im-
escabelo junto à cama e tomava o pulso à doente. posto pelo pai.
Caía então luz de chapa sobre ela, iluminando-lhe
o rosto, parte do colo e da cabeça, coberta por um 24. (UFRN) O romance Inocência (1872), de Viscon-
lenço vermelho atado por trás da nuca. de de Taunay, é reconhecido pela crítica como uma
Apesar de bastante descorada e um tanto ma- das mais populares narrativas da Literatura Brasileira.
gra, era Inocência de beleza deslumbrante. Do seu Nessa obra, o leitor pode identificar valores do Ro-
rosto irradiava singela expressão de encantadora in- mantismo regionalista por meio da
genuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno (A) Caracterização do modo de vida urbano como
que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos sendo perverso.
a franjar- lhe as pálpebras, e compridos a ponto de (B) Assimilação dos costumes do homem branco pelo
projetarem sombras nas mimosas faces. caboclo.
Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca (C) Reprodução do linguajar �pico do interior brasi-
pequena, e o queixo admiravelmente torneado. leiro.
Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o (D) Intervenção reflexiva do narrador protagonista.
lençol, descera um nada a camisinha de crivo que (E) Descrição da cidade que se passa o romance.
vestia, deixando nu um colo de fascinadora alvura,
em que ressaltava um ou outro sinal de nascença. 25. Observe a sequência abaixo, do penúltimo capítulo
Razões de sobra tinha, pois, o pretenso facultativo de Inocência, de Visconde de Taunay:
para sentir a mão fria e um tanto incerta, e não poder
atinar com o pulso de tão gentil cliente. “Vinha a morte desdobrando as suas sombras
no rosto de Cirino. Ia-se-lhe empanando o brilho dos
18. A denominação romance regionalista aplica-se ao olhos; ficara a língua trôpega, afilara-se-lhe o nariz e
livro em que o autor identifica par o leitor a paisagem, sinistro palor mais realçava a negra cor dos seus cabe-
os costumes, a linguagem de uma região específica do los e barbas. Sentara-se Cesário no chão para segurar
interior do Brasil. Reconheça do primeiro fragmento com mais jeito o corpo do moribundo. Duas lágrimas
elementos que permitem identificar a paisagem rural vinham-lhe sulcando as másculas faces. Ligeiro estre-
de Inocência: mecimento agitava o corpo de Cirino.
—Agora, acrescentou com voz muito sumida, che-
19. Identifique no primeiro fragmento os aspectos gou… o meu dia… Mas… eu lhe peço… nada diga… à
que apresentam Cirino como elemento estranho à sua afilhada… Não consinta… que case com… Mane-
paisagem. cão.
—Então, interrompeu Cesário, foi ele quem?…
20. O segundo fragmento apresenta ao leitor a moça, —Não, não, contestou Cirino, mas… ela havia de
Inocência. Ela está doente, com febre brava, de cama. ser… infeliz… Ouviu? Promete-me?
Em sua descrição, porém, o narrador destaca que as- —Prometo, respondeu Cesário com firmeza. Juro
pectos da moça? até…

160
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
—Pois bem, suspirou o agonizante, agora… agra- 26. “Inocência” é um romance rico de registros cul-
deço a morte. Quero apegar-me… às Santas do Para- turais, pois contrapõe, além de diferentes estilos de
íso… e chamo por… vida, o estrangeiro ao brasileiro e o homem da cidade
E com esforço, no último alento, murmurou mais ao sertanejo. Com base na obra, escreva S diante dos
e mais baixo: costumes do sertanejo; C diante das atitudes do cita-
—Inocência! dino; E diante dos comportamentos do estrangeiro.
Na tarde deste dia, o viajante que passasse por ( ) Acatamento ao desejo dos familiares mais velhos;
aquele sitio poderia ver uma cova coberta de fresco, casamento apalavrado; respeito à palavra empe-
sobre a qual se erguia uma cruz tosca feita de dois nhada; especulações sobre vidas alheias.
grossos paus amarrados com cipós. ( ) Casamento do homem na maturidade; preserva-
Eram mostras da caridade do mineiro Antônio ção da castidade feminina até o casamento; pro-
Cesário. teção rigorosa da família; respeito às tradições.
( ) Códigos morais tolerantes; flexibilidade ética;
A cena da morte de Cirino revela: combinação do saber acadêmico com o popular;
(A) Que o livro é adepto de uma visão barroca da confiança na mulher.
realidade, baseando-se no paradoxo que consiste ( ) Rigor cien�fico e interesse por pesquisas; des-
na paixão vivida por Cirino e, ao mesmo tempo, crição objetiva e utilização de dados esta�sticos;
a negação disso em nome dos valores religiosos respeito às diferenças de sexo e de classe.
(e da noção de honra) que ele cultiva. Manecão ( ) Deveres de hospitalidade; divisão peculiar da ha-
o mata sem que ele tenha tido (em virtude desse bitação; gosto por devassar novas terras; ridicu-
seu impasse) qualquer envolvimento com Inocên- larização de comportamentos exóticos.
cia.
(B) Que Taunay, autor realista, explora criticamente a 27. (UFRN) O romance Inocência (1872), de Viscon-
temática dos conflitos de classe. O pano de fundo de de Taunay, é reconhecido pela crítica como uma
da batalha de Manecão com Cirino (que resulta das mais populares narrativas da Literatura Brasileira.
na morte deste último) é o envolvimento de Ino- Nessa obra, o leitor pode identificar valores do Ro-
cência – comprometida com Manecão, homem mantismo regionalista por meio da
pobre e honrado – com Cirino, um galanteador (A) caracterização do modo de vida urbano como
rico e esnobe. A vingança de Manecão é um modo sendo perverso.
de ele resistir à força de atração do dinheiro em (B) assimilação dos costumes do homem branco pelo
caboclo.
seu meio social.
(C) reprodução do linguajar �pico do interior brasi-
(C) Que o romance carrega marcas �picas do Roman-
leiro.
tismo por mostrar o sofrimento (e o sacri�cio)
(D) intervenção reflexiva do narrador protagonista.
do protagonista Cirino como decorrência de sua
(E) idealização da vida do campo “fugere urbe.”
oposição aos valores estabelecidos, uma vez que
ele morre por reivindicar o direito de viver seu
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164
Ciências da
Natureza e suas
Tecnologias
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
BIOLOGIA nho (fãs de Jurassic park entenderão). Vários meca-
nismos de adaptação evoluíram em uma variedade
ASTROBIOLOGIA de espécies microbianas, ao longo de milhões de
anos, para permitir que esses microrganismos ha-
Habilidade da BNCC bitassem as zonas mais diferentes e inóspitas do
(EM13CNT209) Analisar a evolução estelar asso- planeta!
ciando-a aos modelos de origem e distribuição O termo extremófilo se refere aos microrganismos
dos elementos químicos no Universo, compreen- que possuem ótimas taxas de crescimento em con-
dendo suas relações com as condições necessárias dições ambientais severas, as quais normalmente
ao surgimento de sistemas solares e planetários, são inviáveis para outras formas de vida. O modo
suas estruturas e composições e as possibilidades como esses organismos conseguem viver tão bem
de existência de vida, utilizando representações e nesses ambientes é uma boa fonte de exploração
simulações, com ou sem o uso de dispositivos e cien�fica e de oportunidades biotecnológicas.
aplicativos digitais (como so�wares de simulação Existem várias classes de extremófilos de acordo
e de realidade virtual, entre outros). com o tipo de situação ambiental (temperaturas
muito altas ou baixas, presença de metais, valores
Objetivo de aprendizagem extremos de pH, entre outros). Em muitos casos os
(GO-EMCNT209B) Explicar a formação do sistema extremófilos são tão adaptados aos seus ambientes
solar, considerando a composição química, �sica e que eles nem sequer são capazes de sobreviver em
biológica e estrutura de seus planetas para verificar condições normais.
as possibilidades de condições de existência de vida
como a conhecemos. Termófilos
São microrganismos que conseguem sobreviver e
Objeto de conhecimento se multiplicar em altas temperaturas, geralmente
Astrobiologia em uma faixa entre 40 a 70 ˚C. Grande parte dos
membros desse grupo vivem em águas quentes
associadas a atividades vulcânicas ou fontes hi-
Sempre nos perguntamos acerca de como a vida drotermais.
surgiu em nosso planeta. A astronomia é o campo que
cuida dos saberes sobre o universo: sua origem, leis
e curiosidades. Entretanto, para responder a muitas
perguntas, esse campo precisou se desmembrar em
outras áreas complementares. Para responder sobre
a questão do surgimento da vida, a astrobiologia sur-
giu como uma forma de reunir os estudos e pesquisa
sobre o assunto.
A astrobiologia é uma área de pesquisa recente;
o departamento de astrobiologia da Agência Espacial
Americana (NASA) completou 50 anos em 2015. De
modo geral, a astrobiologia busca compreender a ori-
gem, evolução, futuro e distribuição da vida tanto na Bactérias e algas em uma fonte termal nos EUA. A coloração
Terra como em outras partes do Universo. é devido pigmentos microbianos. Fonte: Brian W. Schaller/
Ao longo dos anos, pesquisadores vêm encontran- WIkimedia.
do indícios de como a vida se estabeleceu e evoluiu
na Terra e algumas dicas de como ela sobreviveria em Halófilos
outras partes do Universo. Algumas espécies terrestres, Uma célula microbiana comum perderia água até
chamados de extremófilos, vivem em condições de am- secar se estivesse em um ambiente muito salino.
bientes extremos e quase insuportáveis como à beira Porém, para um seleto grupo de microrganismos
de vulcões ou debaixo de extensas calotas de gelo. Es- chamados halófilos, viver sob alta salinidade não
ses animais ajudam os pesquisadores a entender como é um problema. Halófilos possuem mecanismos
seria a adaptação da vida em planetas muito quentes de adaptação que impedem os efeitos maléficos
como Mercúrio ou a locais muito gelados como Plutão. do excesso de sais.

SAIBA MAIS Psicrófilos


Microrganismos extremófilos são ótimos exemplo Vivem no extremo oposto dos termófilos. São mi-
de que a vida, de fato, sempre encontra um cami- crorganismos que se reproduzem em baixas tem-

166
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
peraturas, de no máximo 20 ˚C, e que possuem que produziu a partir de compostos simples vários
uma temperatura ótima de crescimento de até aminoácidos – moléculas orgânicas que servem como
15 ˚C. Muitas espécies vivem em regiões com frio tijolos básicos das proteínas.
abaixo de zero. Desde então, diversos outros experimentos pare-
cidos conseguiram mostrar os incríveis malabarismos
Acidófilos que moléculas simples fazem para compor química
São microrganismos que, como o nome sugere, complexa, dadas as condições apropriadas.
vivem em ambientes ácidos. Ambientes com pH A receita completa, contudo, continua nos esca-
menor que 4 são muito ácidos para a maioria dos pando. Por isso, os cientistas que procuram enten-
seres vivos, e em geral existem devido à atividade der como (e onde) a vida surge por ora se mantêm
vulcânica ou à mineração, embora haja exceções. abertos a muitas possibilidades e trabalham apenas
com uma lista básica de ingredientes: são eles água
Muitas pessoas confundem astrobiologia com em estado líquido, moléculas complexas baseadas
exobiologia. Apesar da definição quase semelhante, em carbono e uma fonte de energia para alimentar
uma é mais abrangente e a outra é mais específica e reações químicas.
limitada, respectivamente. Exobiologia diz respeito Esse é o ponto de partida fundamental para a vida
à busca da vida fora da Terra e como os ambientes como a conhecemos. Há quem especule a possibilida-
extraterrestres surtem efeitos em tais seres vivos. A de de que existam outros caminhos para o surgimen-
astrobiologia busca as origens da vida na Terra e busca to da biologia, baseados em substâncias alternativas
compreender a ligação da vida com o Universo, além (digamos, amônia como solvente, e silício no lugar de
de se perguntar como encontrar e entender a vida carbono), mas são apostas exóticas.
em outros planetas e luas. Fato é que água é o melhor e mais abundante sol-
Para estudar todas as questões referentes a vida vente que existe, carbono é o elemento químico mais
e sua origem e adaptação na Terra e no Universo, a versátil da tabela periódica inteira, além de ser muito
astrobiologia conta com a ajuda de outras áreas como comum, e sempre será preciso alguma forma de ener-
biologia, astronomia, �sica, geografia, ciências plane- gia para alimentar reações químicas. Então, essa pode
tárias etc. além de cálculos teóricos especialmente não ser a única fórmula para a vida, mas certamente
criados para responder a essas perguntas e a simula- é a mais promissora e a mais comum. De concreto,
ção experimental de diversos ambientes. A simulação podemos dizer que, pelo menos uma vez, ela deu certo.
pode ocorrer tanto em laboratórios especiais quanto Para isso, um fator fundamental é compreender
em ambientes da própria natureza como as áreas mais como exatamente substâncias simples progridem até
geladas do Planeta. gerar moléculas capazes de se autorreplicar e passar
Até agora, as pesquisas têm encontrado grandes por evolução darwiniana. Nos últimos cem anos de
respostas para o surgimento de vida na Terra, mas con- pesquisas sobre nossas próprias origens, encontramos
tinua buscando por similares do tipo de vida terrestre várias pistas. Famoso, por exemplo, é o experimento
em outros locais ou por coisas totalmente novas. A Urey-Miller, de 1953, que produziu a partir de com-
Nasa é uma das agências que lidera esses esforços e postos simples vários aminoácidos – moléculas orgâ-
sempre traz resultados incríveis. nicas que servem como tijolos básicos das proteínas.
Desde então, diversos outros experimentos pare-
A vida no cosmos cidos conseguiram mostrar os incríveis malabarismos
que moléculas simples fazem para compor química
A vida é provavelmente o mais fascinante fenôme- complexa, dadas as condições apropriadas.
no da história do nosso – quiçá de qualquer – Univer- A receita completa, contudo, continua nos esca-
so. Sabemos que ela surgiu pelo menos uma vez, aqui pando. Por isso, os cientistas que procuram enten-
na Terra, mas as evidências sugerindo que ela pode der como (e onde) a vida surge por ora se mantêm
ser um processo comum em outras partes do cosmos abertos a muitas possibilidades e trabalham apenas
só começaram a se empilhar no século 21. A missão com uma lista básica de ingredientes: são eles água
da nascente ciência de astrobiologia é justamente dar em estado líquido, moléculas complexas baseadas
conta de colocar a vida nesse contexto mais amplo. em carbono e uma fonte de energia para alimentar
Para isso, um fator fundamental é compreender reações químicas.
como exatamente substâncias simples progridem até Esse é o ponto de partida fundamental para a vida
gerar moléculas capazes de se autorreplicar e passar como a conhecemos. Há quem especule a possibilida-
por evolução darwiniana. de de que existam outros caminhos para o surgimen-
Nos últimos cem anos de pesquisas sobre nossas to da biologia, baseados em substâncias alternativas
próprias origens, encontramos várias pistas. Famoso, (digamos, amônia como solvente, e silício no lugar de
por exemplo, é o experimento Urey-Miller*, de 1953, carbono), mas são apostas exóticas.

167
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Fato é que água é o melhor e mais abundante to de maré gerado pelos planetas gigantes em torno
solvente que existe, carbono é o elemento químico dos quais orbitam.
mais versátil da tabela periódica inteira, além de ser
muito comum, e sempre será preciso alguma forma
de energia para alimentar reações químicas. Então,
essa pode não ser a única fórmula para a vida, mas
certamente é a mais promissora e a mais comum. De
concreto, podemos dizer que, pelo menos uma vez,
ela deu certo.
Boa parte do esforço dos astrobiólogos agora se
volta para mostrar que a natureza repete essa receita
com alguma frequência. Ao longo do século 21, des-
cobertas fantásticas ajudaram a dar ânimo à busca.

A origem da vida na Terra e fora dela

Em 2009, a Nasa lançou ao espaço o satélite Ke-


Jipe robótico Opportunity. Fonte: Nasa.
pler, destinado a descobrir planetas localizados fora
O grande desafio dos próximos anos é buscar evi-
do Sistema Solar. Durante quatro anos, ele permane-
dências telescópicas de que há vida em algum dos
ceu apontado fixamente para um pedacinho de céu,
mundos fora do Sistema Solar e explorar com espa-
tentando flagrar pequenas reduções de brilho das
çonaves nossa própria vizinhança, em busca de uma
estrelas que indicassem a passagem de um planeta
“segunda origem” para formas biológicas. Caso isso
à frente delas.
venha a acontecer, a astrobiologia promete ser uma
das ciências mais revolucionárias do século 21.

Zonas habitáveis

Uma série de fatores foram importantes para o


desenvolvimento da vida na Terra. Mas para muitos
cientistas, a existência de água líquida é a condição
mais importante para possibilitar a existência de vida.
A presença de água líquida e as condições que a per-
mitam existir nesse estado �sico são utilizadas como
parâmetros para a definição de zonas habitáveis.
Satélite Kepler. Fonte: Getty Images. A zona habitável de um sistema planetário, por-
tanto, é a região ao redor de uma estrela cuja radia-
A estratégia resultou em milhares de descobertas, ção emitida permita temperaturas suficientes para
e o experimento demonstrou que mundos rochosos, que a água seja encontrada no estado líquido. Nesse
como o nosso, na zona habitável de seus sistemas sentido, os planetas localizados em zonas habitáveis
planetários, são abundantes no cosmos. Em resumo: podem conter água líquida, e, consequentemente,
há muitas Terras por aí onde o fenômeno da vida pode abrigar vida.
ter florescido. É o que sugere a Equação de Drake, Veja a zona habitável do Sistema Solar representa-
formulada pelo astro�sico Frank Drake para estimar da na ilustração a seguir. Apenas o planeta Terra está
a prevalência de vida no Universo. localizado nesta faixa de habitualidade. Observe qual
Ao mesmo tempo, a exploração do próprio Siste- seria a zona habitável de outros possíveis sistemas
ma Solar ampliou o número de possíveis habitats na planetários que tivessem estrelas de massa superior
nossa vizinhança. Em 2004, o jipe robótico Opportu- ou inferior a do Sol.
nity encontrou em Marte as primeiras evidências em
solo de que o planeta vermelho já teve mares, há 4
bilhões de anos.
Ao mesmo tempo, análises dos dados das sondas
americanas Galileo e Cassini revelaram que entre as
luas de Júpiter e Saturno há duas especialmente ami-
gáveis à vida: Europa, em Júpiter, e Encélado, Saturno,
possuem, sob sua crosta de gelo, oceanos globais de
água líquida, mantidos aquecidos pelo poderoso efei-

168
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADES b) Em qual dos sistemas planetários existe maior
probabilidade de se identificar a presença de vida?
Questão 1 - O que é uma zona habitável? Justifique sua resposta.

Questão 2 - Quais condições foram primordiais para c) As estrelas de ambos os sistemas planetários (Ke-
o desenvolvimento de vida na Terra? pler-1649 e GJ 422) são anãs-vermelhas. Realize uma
pesquisa de algumas características das anãs-verme-
lhas e registre-as em seu caderno.

Questão 3 - Analise as representações dos sistemas


planetários a seguir.
Referências
Sistema planetário Kepler-1949:
GODOY LP, DELL’ AGNOLO RM, DE MELO WC. Multi-
versos: Ciências da Natureza: Origens: Ensino Médio.
1ª ed. São Paulo: FTD, 2020.

NOGUEIRA S. Entenda em 3 minutos: o que é Astro-


biologia? Superinteressante. Disponível em: h�ps://
super.abril.com.br/ciencia/entenda-de-uma-vez-o-
-que-e-astrobiologia/. Acesso em 11 mar 2022.

SOUZA YL. Astrobiologia. Infoescola. Disponível em:


h�ps://www.infoescola.com/ciencias/astrobiologia/.
Sistema planetário GJ 422: Acesso em 11 mar 2022.

Com base nas representações e de seus conhecimen-


tos, responda.
a) Cite algumas características dos planetas Ke-
pler-1649 b, Kepler-1649 c e GJ 422 b.

169
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS Carolus Linnaeus

Habilidade da BNCC O �sico e botânico sueco Carolus Linnaeus (1707-


(EM13CNT202) Analisar as diversas formas de 1778), considerado o pai da taxonomia moderna, de-
manifestação da vida em seus diferentes níveis de senvolveu o sistema de nomenclatura binomial, no
organização, bem como as condições ambientais qual os organismos são designados de acordo com
favoráveis e os fatores limitantes a elas, com ou sem gênero e espécie.
o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como Nesse sistema, o nome deve ser escrito em la-
so�wares de simulação e de realidade virtual, entre tim, sendo que o primeiro nome, escrito com letra
outros). maiúscula, representa o gênero, e o segundo nome,
escrito com letra minúscula, o epíteto específico. Esse
Objetivo de aprendizagem sistema de nomenclatura ainda é utilizado na atuali-
(GO-EMCNT202C) Comparar diferentes grupos de dade. Além disso, Linnaeus estabeleceu um sistema
seres vivos, considerando os conhecimentos atuais hierárquico de táxons: Reino, Filo, Classe, Ordem, Fa-
da sistemática e taxonomia para estabelecer suas mília, Gênero e Espécie, os quais detalharemos mais
relações evolutivas. adiante.
Em seguida, o avanço da tecnologia permitiu a
Objeto de conhecimento descoberta de novos organismos, e, diante dessas no-
Classificação dos seres vivos vas descobertas, em 1866, o alemão Ernst Haeckel
A classificação biológica é um sistema utilizado (1834-1919) propôs a existência de três grupos de
para organizar os seres vivos por meio de critérios seres vivos: os animais, as plantas e os protistas. Em
preestabelecidos. A taxonomia é a área da biologia 1936, o norte-americano Herbert Faulkner Copeland
responsável por identificar, nomear e classificar os incluiu um quarto grupo, o dos moneras, no qual es-
seres vivos. A sistemática é uma área que também tariam os organismos procariontes, antes incluídos
auxilia nesse processo, já que estuda as relações em protistas.
evolutivas entre os organismos, sendo cada vez O norte-americano Robert Harding Whi�aker
mais utilizada nesse processo, assim como a bio- (1920–1980) foi o responsável pela elaboração do sis-
logia molecular. tema de classificação em cinco reinos, ainda presente
em muitos livros didáticos. Nesse sistema os seres
vivos estão classificados em Reino Monera, Protista,
Histórico da classificação biológica Fungi, Animalia e Plantae, como veremos em detalhes
mais adiante.
Aristóteles Com o avanço da biologia molecular e da siste-
mática filogenética, novas formas de classificação
A classificação dos seres vivos é um processo an- surgiram, dentre elas podemos destacar a proposta,
tigo, e diversos sistemas de classificação foram elabo- no ano de 1977, pelo microbiologista norte-americano
rados ao longo do tempo. O filósofo grego Aristóte- Carl Richard Woese (1928-2012). Por meio de seus
les (384-322 a.C.), ao qual se remetem os primeiros estudos filogenéticos, ele concluiu que os seres vivos
registros sobre classificação biológica, considerava poderiam ser agrupados em três grupos, aos quais
que as espécies não sofriam mudanças, sendo assim chamou de Domínio, uma categoria acima de Reino.
unidades fixas, e que poderiam ser organizadas em Além disso, Woese propôs uma nova classificação em
uma escala com ordem crescente de complexidade, reinos, desta vez apresentando seis reinos, que tam-
posteriormente denominada de scala naturae (escala bém serão explicados mais adiante.
da vida).
Aristóteles foi o primeiro a agrupar os animais Nomenclatura binomial de Lineu
em invertebrados e vertebrados, além de descrever O naturalista sueco Lineu foi, e ainda é, muito
cerca de 500 espécies e classificá-las em diferentes importante para a sistemática: parte da biologia que
categorias, como mamíferos e aves. Como suas ob- estuda a diversidade biológica. Foi ele quem propôs
servações ocorriam apenas a nível macroscópico, classificar os seres vivos em categorias taxonômicas,
os seres vivos eram classificados em dois grandes a partir da análise de semelhanças entre grupos de
grupos: animais (seres que se moviam) ou plan- indivíduos. Assim, definiu espécie como o taxa mais
tas (seres que não se moviam), e essa classificação específico, sendo procedido do gênero, família, or-
perdurou por muito tempo até que, com o avanço dem, classe, filo e reino.
da tecnologia, permitiu-se descobrir os seres mi- Cada espécie possui um ou mais nomes vulgares,
croscópicos. e que podem variar de cultura para cultura; e a um
mesmo grupo de animais, pode ser atribuído um único

170
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
nome. Por exemplo: mosquito, carapanã, pernilongo Categorias taxonômicas
e muriçoca são nomes que se dão indivíduos de inse-
tos Subordem Nematocera. Considerando este fator, Como mencionado, Linneu estabeleceu um sis-
Lineu propôs um sistema de nomenclatura biológica, tema hierárquico de táxons, também chamado de
com a finalidade de padronizar a forma de nomear categorias hierárquicas, são elas:
espécies, facilitando a comunicação entre os cientistas • Reino: a maior das categorias, é constituída por
e público interessado. Assim, cada espécie possui um um conjunto de filos;
nome cien�fico específico, sendo este utilizado uni- • Filo: constituído por um conjunto de classes;
versalmente, em qualquer lugar do planeta. • Classe: constituída por um conjunto de ordens;
Este sistema, denominado nomenclatura bino- • Ordem: constituída por um conjunto de famí-
mial, ou sistema lineano; sugere que: lias;
• Todo nome cien�fico deve possuir duas pala- • Família: constituída por um conjunto de gêne-
vras; ros;
• A primeira palavra do nome cien�fico se refere • Gênero: constituído por um conjunto de espé-
ao gênero do indivíduo; cies;
• A segunda palavra do nome cien�fico é o epí- • Espécie: grupo de organismos capazes de re-
teto específico: um nome que caracteriza a produzir-se e originar descendentes férteis.
espécie. Este pode ser alguma característica
específica de seus indivíduos, ou mesmo uma
homenagem, do cientista que registrou a espé-
cie, a alguém ou a alguma coisa;
• A primeira letra da primeira palavra do nome
cien�fico deve estar em maiúsculo. As demais,
em minúsculo, assim como o epíteto específico;
• O nome cien�fico deve ser escrito em itálico. Em
casos em que escrever assim, de forma legível,
é inviável, deve ser utilizada a escrita a grifo; Classificação biológica da espécie “Vulpes vulpes”, também
• Se o mesmo nome for escrito mais de uma vez conhecida como raposa-vermelha. Fonte: Biologianet.com
em um mesmo documento, a partir da segunda
pode-se abreviar o gênero: Helicobacter pylori Classificação em cinco reinos
(...) H. pylori;
• Algumas espécies podem possuir três nomes, A classificação em cinco reinos proposta por Whit-
como é o nosso caso: Homo sapiens sapiens. O taker, embora seja considerada ultrapassada, ainda
primeiro nome se refere ao gênero. O primeiro persiste em muitos materiais didáticos de Ensino Fun-
e o segundo, à espécie; e todos eles, à subes- damental e Médio. Nesse sistema os organismos são
pécie. Nestes casos, valem as mesmas regras. classificados em cinco reinos:

Fonte: h�ps://www.iberdrola.com/

171
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Reinos: Segundo as classificações mais recentes, o Reino
Monera e o Reino Protista deixam de existir, sendo
Monera: organismos procariontes unicelulares. apenas utilizados como coletivo para organismos
Exemplos: bactérias e cianobactérias. procariontes e eucariontes unicelulares, respectiva-
mente.
Protista: organismos eucariontes, unicelulares,
autotróficos ou heterotróficos. Classificação em três domínios
Exemplos: protozoários e algas
A classificação em três domínios foi também pro-
Fungi: organismos eucariontes, unicelulares ou posta por Woese e é a mais aceita na atualidade.
multicelulares, heterotróficos. • Domínio Bacteria: constituído por organismos
Exemplos: cogumelos e leveduras. unicelulares procariontes, tendo como repre-
sentantes as bactérias.
Plantae: organismos eucariontes, multicelulares • Domínio Archea: constituído por organismos
e autotróficos (fotossintetizantes). unicelulares procariontes, também conhecidos
Exemplos: algas multicelulares e vegetais inferio- como arqueobactérias, encontrados em am-
res e superiores (apesar de alguns autores classifi- bientes considerados extremos, apresentando,
carem algas como protistas, classificações recentes por exemplo, temperaturas muito elevadas e
incluem algas multicelulares no Reino Plantae). altas concentrações de metano ou enxofre.
• Domínio Eukarya: constituído por todos os or-
Animalia: organismos eucariontes, multicelulares ganismos eucariontes.
e heterotróficos.
Exemplos: animais invertebrados e animais ver- Relações Filogenéticas
tebrados.
O naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882),
Classificação em seis reinos contribuiu com o desenvolvimento da classificação
dos seres vivos através da sua teoria evolutiva e da
A classificação em seis reinos foi proposta por noção de ancestral comum que originou as espécies
Woese e diferencia-se da classificação de Whi�aker atuais.
pela extinção do Reino Monera e a criação do Reino Ele criou “genealogias de seres vivos”, diagramas
Bacteria e do Reino Archea. representando as relações de parentesco evolutivo
• Reino Bacteria: organismos procariontes unice- entre as espécies, que hoje são chamadas de árvores
lulares. Exemplos: bactérias e cianobactérias. filogenéticas.
• Reino Archea: organismos procariontes, auto- A forma de classificar os organismos se modificou
tróficos ou heterotróficos, e que habitam am- muito nas últimas décadas devido ao desenvolvimen-
bientes extremos, por exemplo, apresentando to de áreas como a genética e a biologia molecular.
As relações de parentesco são definidas não somente
altas temperaturas e concentração de metano
pelas características externas, mas também por seme-
ou enxofre. Esses organismos assemelham-se,
lhanças genéticas e bioquímicas.
em termos evolutivos, mais aos eucariontes do
Atualmente, alguns cientistas tem utilizado a cla-
que às bactérias.
dística para determinar as relações filogenéticas en-
• Reino Protista: organismos eucariontes, unice-
tre as espécies. Desse modo, é investigada a história
lulares, autotróficos ou heterotróficos. Exem-
evolutiva dos organismos para classificá-los.
plos: protozoários e algas.
Os cladogramas são semelhantes às árvores filo-
• Reino Fungi: organismos eucariontes, unicelu-
genéticas, que apresentam as relações de parentes-
lares ou pluricelulares, heterotróficos, sendo
co. Grupos de espécies que descendem de ancestral
que sua nutrição ocorre por absorção. Exem-
comum único são chamadas monofiléticas e grupos
plos: cogumelos e leveduras. que possuem diferentes ancestrais na sua origem são
• Reino Plantae: organismos eucariontes, mul- polifiléticos.
ticelulares e autotróficos (fotossintetizantes).
Exemplos: algas multicelulares e vegetais infe- Sistemática
riores e superiores.
• Reino Animalia: organismos eucariontes, mul- A Sistemática é uma área da Biologia que estuda
ticelulares e heterotróficos. Exemplos: animais a biodiversidade através de um sistema sintético de
invertebrados e animais vertebrados. classificação, chamado taxonomia. Ele utiliza hierar-
quias para agrupar os organismos formando grupos
e subgrupos.

172
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Dessa forma, por exemplo, dentro do grupo das Questão 7 - A classificação biológica, também chama-
plantas há o subgrupo das plantas com frutos e outro da de taxonomia, é um sistema que agrupa os seres
das plantas sem frutos. vivos de acordo com:
Os objetivos da sistemática são: (A) O ancestral mais próximo e padrões observados
• Conhecer melhor os seres vivos e, para tal, são (B) O maior número de espécies e o ecossistema
agrupados em categorias taxonômicas ou tá- (C) A forma como se alimentam e o habitat
xons. Já foram identificadas mais de 1,5 milhão (D) Características comuns e relações de parentesco
de espécies e acredita-se que ainda haja muitas evolutivo
desconhecidas;
• Usar a taxonomia para identificar, descrever, Referências
nomear e catalogar as espécies;
• Identificar os processos determinantes da bio- dos SANTOS HS. Classificação Biológica (Taxonomia).
diversidade ou diversidade biológica; Biologia Net. Disponível em h�ps://www.biologianet.
• Investigar as relações de parentesco evolutivo com/biodiversidade/classificacao-biologica-taxono-
entre as espécies atuais e seus antepassados, mia.htm. Acesso em 21 de mar de 2022.
usando conhecimentos de outras áreas da bio- Classificação dos seres vivos. Toda Matéria. Disponível
logia como genética e biologia molecular. em: h�ps://www.todamateria.com.br/classificacao-
-dos-seres-vivos/. Acesso em 27/03/2022.
Atividades

Questão 4 - (Unicamp-SP) De acordo com o sistema TEORIAS EVOLUCIONISTAS


binomial de nomenclatura estabelecido por Linnaeus,
o nome cien�fico Felis catus aplica-se a todos os gatos Habilidade da BNCC
domésticos, como angorás, siameses, persas, abissí- (EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias
nios e malhados. O gato selvagem (Felis silvestris), o e leis propostos em diferentes épocas e culturas
lince (Felis lynx) e o puma ou suçuarana (Felis conco- para comparar distintas explicações sobre o surgi-
lor) são espécies relacionadas ao gato. mento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo
(A) A que gênero pertencem todos os animais men- com as teorias cien�ficas aceitas atualmente.
cionados?
(B) Por que todos os gatos domésticos são designados Objetivo de aprendizagem
por um mesmo nome cien�fico? (GO-EMCNT201I) Compreender as contribuições
(C) Qual dos nomes a seguir designa corretamente a dos naturalistas J. B. Lamarck (lamarckismo) e
família a que pertencem esses animais: Felinace-
Charles Darwin (darwinismo) para a construção
ae, Felidae, Felini, Felinus ou Felidaceae? Justifi-
da teoria evolucionista atual (teoria sintética da
que.
evolução), considerando o cenário histórico e cien-
�fico no qual tais cientistas desenvolveram seus
Questão 5 - Indique a ordem decrescente de classi-
trabalhos, bem como as contribuições de outros
ficação biológica.
pesquisadores de diferentes áreas das Ciências da
(A) Reino ⇒ Ordem ⇒ Classe ⇒ Filo ⇒ Gênero ⇒
Natureza para interpretar as evidências da evolução
Família ⇒ Espécie
dos seres vivos.
(B) Reino ⇒ Filo ⇒ Classe ⇒ Ordem ⇒ Família ⇒ Gê-
nero ⇒ Espécie
Objeto de conhecimento
(C) Reino ⇒ Família ⇒ Ordem ⇒ Classe ⇒ Filo ⇒ Gê-
Ideias evolucionistas
nero ⇒ Espécie
(D) Reino ⇒ Filo ⇒ Gênero ⇒ Ordem ⇒ Família ⇒
Classe ⇒ Espécie
O que são teorias evolucionistas?
Questão 6 - Uma espécie pode ser definida como:
(A) Um ser vivo com diferenciação morfológica. Teorias evolucionistas são explicações sobre a
(B) Um tipo de animal ou vegetal. forma como a vida (as diferentes espécies de seres
(C) Um conjunto de organismos semelhantes, que vivos) evoluiu ao longo de milhões de anos, desde a
compartilham características exclusivas entre si. origem da vida.
(D) Uma comunidade de seres vivos que habita num E assim como a vida, as próprias teorias evoluíram,
mesmo lugar. conforme vários cientistas foram fazendo observações
e descobertas, principalmente a partir do século XIX
(anos 1800).

173
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Porque antes disso a ideia dominante era a de Teorias evolucionistas cien�ficas
que os seres vivos não mudavam e, portanto, não
evoluíam. “A crença de que as espécies eram produtos
Esta ideia predominou durante a maior parte da imutáveis era quase inevitável enquanto se
nossa história: primeiro, porque não se pesquisava considerou ser de curta duração a história do
sobre o assunto, mas depois por um motivo bem mais mundo [...] A principal causa de nossa relu-
simples. tância a admitir que uma espécie originou
espécies claras e distintas é que sempre so-
Teoria criacionista mos lentos para admitir grandes mudanças as
quais não vemos as etapas”. (Charles Darwin,
Teoria criacionista e evolucionista não pertencem A origem das espécies)
ao mesmo mundo, porque a chamada teoria criacio-
nista não tem base cien�fica. Ao contrário, se baseia O primeiro Darwin a estudar a evolução não foi
na fé religiosa para afirmar que os seres vivos seriam Charles, mas sim Erasmus, seu avô. Ele achava que as
produto da criação divina e, assim, imutáveis. espécies se adaptavam ao meio, por uma espécie de
Seja como for, este pensamento religioso esta- esforço consciente. A teoria dos caracteres adquiridos.
beleceu uma forma básica de entendimento da vida, Mas foi seu contemporâneo Jean-Baptiste Lamarck
como fruto da ação divina, que prevaleceu por muitos que ficou mais famoso defendendo uma teoria seme-
séculos. lhante, a do “Uso e Desuso”.
Mas, a partir dos anos 1800, pesquisas cien�ficas Segundo ele os órgãos se aperfeiçoavam com o
começaram a apontar para um novo entendimento, uso e se enfraqueciam com a falta de uso. Mudanças
baseado em evidências. Sobretudo, a partir das ob- que são preservadas e transmitidas a prole. O exemplo
servações de dois grandes pensadores da humanida- mais �pico seria do pescoço da girafa, que cresceria a
de, começando por Jean-Baptiste de Lamarck (1744- medida que ela o estica para alcançar as folhas mais
1829). altas das árvores. Confira na figura abaixo.

174
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A teoria de Lamarck era uma espécie de Darwinis- cendentes – eis a seleção natural. Considerando que
mo ao contrário, com os organismos controlando seu os ancestrais são diferentes entre si e suas caracterís-
próprio desenvolvimento. Suas ideias eram bastante ticas são herdáveis, ao longo do tempo a população
intuitivas e mais cativantes por se adaptarem mais irá mudar e a evolução irá ocorrer.
facilmente ao senso comum. Suas teorias sofriam de Então, segundo Darwin e Wallace, os organismos
um problema de seleção das observações e sua abor- mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de
dagem de carência de comprovação cien�fica. sobrevivência do que os menos adaptados, deixando
Comprovação essa que ele se recusou a apresentar um número maior de descendentes. Os organismos
(e nem conseguiria). Claro, se amarrarmos o braço de mais bem adaptados são, portanto, selecionados para
um bebe junto ao seu corpo, e o mantivermos assim aquele ambiente.
por 30 anos, os músculos não iram se desenvolver, e
com o tempo vão atrofiar perdendo a capacidade de se
desenvolver. Esse adulto terá os braços com tamanhos
desiguais. Mas ao contrário do que Lamarck previa, os
filhos desse homem não nascerão com braços peque-
nos. Assim como as cicatrizes que adquirimos durante
nossa vida não são transmitidas a nossos filhos.
O homem e seu antropocentrismo: mesmo quan-
do as evidências de um planeta que era mais velho
do que a bíblia descrevera se acumulavam, ainda era
di�cil aceitar que a o homem já teria sido “menos
que um homem”.

A teoria de Darwin Naturalistas ingleses Alfred Russel Wallace e Charles Robert


Darwin. Fonte: www.avvenire.it
Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês,
desenvolveu uma teoria evolutiva que é a base da Os princípios básicos das ideias de Darwin e Walla-
moderna teoria sintética: a teoria da seleção natural. ce podem ser resumidos assim:
Em 1831, Darwin iniciou uma viagem de cinco • Os indivíduos de uma mesma espécie apre-
anos ao redor do mundo e, durante essa viagem, sentam variações em todos os caracteres, não
desenvolveu a hipótese de que a diversidade de or- sendo portanto idênticos entre si.
ganismos existentes na natureza seria resultado de • Todo organismo tem grande capacidade de re-
um longo processo evolutivo, o qual seria conduzido, produção, produzindo muitos descendentes.
principalmente, por um mecanismo que chamou de Entretanto, apenas alguns dos descendentes
seleção natural. Darwin começou a escrever uma ver- chegam à idade adulta.
são detalhada de sua teoria em 1850 e passou anos • O número de indivíduos de uma espécie é man-
trabalhando nela. Em 1858, foi surpreendido por uma tido mais ou menos constante ao longo das ge-
carta de Wallace acompanhada de um manuscrito que rações.
continha ideias muito similares às suas. Neste mesmo • Assim, há grande “luta” pela vida entre os des-
ano, Darwin e Wallace fizeram uma publicação conjun- cendentes, pois apesar de nascerem muitos in-
ta de seus artigos no Journal of the Linnean Society of divíduos poucos atingem a maturidade, o que
London. No ano seguinte Darwin publicou a primeira mantém constante o número de indivíduos na
edição do seu livro A Origem das Espécies, no qual espécie.
trabalhou a ideia de descendência com modificação • Na “luta” pela vida, organismos com variações
por meio de seleção natural. favoráveis ás condições do ambiente onde vi-
Ambos naturalistas chegaram às mesmas ideias vem têm maiores chances de sobreviver, quan-
independentemente e influenciados por uma obra do comparados aos organismos com variações
do economista Thomas Malthus sobre populações menos favoráveis.
humanas. Basicamente, Malthus defendia que as • Os organismos com essas variações vantajosas
populações não crescem indefinidamente por conta têm maiores chances de deixar descendentes.
de fatores que impõem limites ao seu crescimento, Como há transmissão de caracteres de pais para
como escassez de recursos, doenças, guerras e outras filhos, estes apresentam essas variações vanta-
catástrofes. Darwin e Wallace entenderam que esse josas.
princípio também era aplicável a outras espécies. O
crescimento populacional acentua a competição por Assim, ao longo das gerações, a atuação da sele-
recursos e quem sobrevive a essa disputa acaba am- ção natural sobre os indivíduos mantém ou melhora
pliando suas chances de reproduzir e deixa mais des- o grau de adaptação destes ao meio.

175
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividades Questão 10 - (Fuvest) Uma ideia comum às teorias da
evolução propostas por Darwin e por Lamarck é que
Questão 8 - (G1 2014) Em 1831 a bordo do navio Be- a adaptação resulta
agle, Charles Darwin, naturalista inglês, iniciou uma (A) do sucesso reprodutivo diferencial.
viagem de exploração cien�fica pelo mundo, durante (B) de uso e desuso de estruturas anatômicas.
a qual fez importantes observações dos seres vivos (C) da interação entre os organismos e seus ambien-
que resultaram na publicação do livro A origem das tes.
espécies por meio da seleção natural. Nesse livro, (D) da manutenção das melhores combinações gêni-
considerado um dos mais importantes da história da cas.
Biologia, Darwin apresentou sua teoria sobre a evo- (E) de mutações gênicas induzidas pelo ambiente.
lução das espécies – o darwinismo –, que se baseia
principalmente nas seguintes ideias: Todos os seres Questão 11 - O meio ambiente cria a necessidade de
vivos descendem, com modificações, de ancestrais uma determinada estrutura em um organismo. Este
comuns. Os indivíduos com características mais van- se esforça para responder a essa necessidade. Como
tajosas são selecionados naturalmente para a repro- resposta a esse esforço, nota-se modificação na es-
dução. Entre as muitas evidências apontadas como trutura do organismo. Tal modificação é transmitida
provas da evolução dos seres vivos, Darwin destacou aos descendentes. O texto sintetiza as principais idéias
os fósseis que encontrou em vários países por onde relacionadas ao
passou. Na Argentina, por exemplo, descobriu o fóssil (A) a) fixismo.
de um bicho preguiça gigante com mais de 3 metros (B) darwinismo.
de comprimento. Essas descobertas, entre outras, aju- (C) mendelismo.
daram a concluir que nosso planeta foi habitado por (D) criacionismo.
organismos diferentes dos atuais e que muitas espé- (E) lamarckismo.
cies recentes têm semelhanças com esses organismos,
o que é um forte indício de parentesco evolutivo. De Questão 12 - UFRGS-RS. Os princípios abaixo relacio-
acordo com o texto, é correto afirmar que: nados referem-se à teoria da evolução das espécies:
(A) a descoberta de fósseis foi um fator que dificultou I. Adaptação ao meio
a comprovação da teoria evolucionista de Darwin. II. Seleção natural
(B) o darwinismo se baseou no estudo de espécies III. Mutuação
que contradizem, até hoje, a teoria da seleção IV. Lei do uso e desuso
natural. V. Herança dos caracteres adquiridos.
(C) a teoria da origem das espécies, ao contrário do Lamarck, em sua teoria considerou:
que Darwin esperava, não teve repercussão nos (A) I, II e III.
estudos da Biologia. (B) II, III e IV.
(D) as características dos indivíduos são imutáveis ao (C) I, IV e V.
longo das gerações, pois eles são cópias idênticas (D) II, IV e V.
dos seus ancestrais (E) II, III e V.
(E) os indivíduos não são exatamente iguais, apresen-
tando diferenças que os tornam mais adaptados Referências
ou menos adaptados ao ambiente.
“Teorias Evolucionistas” em Só Biologia. Virtuous Tec-
Questão 9 - A teoria da evolução proposta por Darwin, nologia da Informação, 2008-2022. Consultado em
assim como outras teorias evolucionistas, baseia-se 27/03/2022 às 21:31. Disponível na Internet em ht-
no fato de que organismos sofrem modificações ao tps://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/
longo do tempo, não sendo, portanto, formas fixas. Ciencias/bioselecaonatural.php
Para escrever sua teoria, Darwin inspirou-se em um
estudo em que se dizia que o aumento da população Teoria evolucionista: tudo o que você PRECISA SABER
poderia levar todos à miséria e fome e aplicou esse AQUI | Stoodi - Blog do Stoodi. Disponível em: h�ps://
conhecimento para analisar populações de plantas e www.stoodi.com.br/blog/historia/teoria-evolucionis-
animais. O estudo no qual Darwin inspirou-se pode ta/. Acesso em 27/03/2022.
ser atribuído a que autor?
(A) Hooker. Teorias evolucionistas - Biologia – InfoEscola. Dispo-
(B) Wallace. nível em: h�ps://www.infoescola.com/biologia/teo-
(C) Malthus. rias-evolucionistas/. Acesso em 27/03/2022.
(D) Lamarck.
(E) Cuvier.

176
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
TEORIA SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO Observando as diferentes populações de indiví-
duos com reprodução sexuada, pode-se notar que
Habilidade da BNCC não existe um indivíduo igual ao outro. Exceções a
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias essa regra poderiam ser os gêmeos univitelínicos, mas
e leis propostos em diferentes épocas e culturas mesmo eles não são absolutamente idênticos, apesar
para comparar distintas explicações sobre o surgi- de o patrimônio genético inicial ser o mesmo. Isso
mento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo porque podem ocorrer alterações somáticas devidas
com as teorias cien�ficas aceitas atualmente. às ações do meio. A enorme diversidade de fenótipos
(características) em uma população é indicadora da
Objetivo de aprendizagem variabilidade genética dessa população, podendo-se
(GO-EMCNT201I) Compreender as contribuições notar que esta é geralmente muito ampla.
dos naturalistas J. B. Lamarck (lamarckismo) e A compreensão da variabilidade genética e feno-
Charles Darwin (darwinismo) para a construção �pica (das características) dos indivíduos de uma po-
da teoria evolucionista atual (teoria sintética da
pulação é fundamental para o estudo dos fenômenos
evolução), considerando o cenário histórico e cien-
evolutivos, uma vez que a evolução é, na realidade,
�fico no qual tais cientistas desenvolveram seus
a transformação esta�stica de populações ao longo
trabalhos, bem como as contribuições de outros
pesquisadores de diferentes áreas das Ciências da do tempo, ou ainda, alterações na frequência dos
Natureza para interpretar as evidências da evolução genes dessa população. Os fatores que determinam
dos seres vivos. alterações na frequência dos genes são denomina-
dos fatores evolutivos. Cada população apresenta
Objeto de conhecimento um conjunto gênico, que sujeito a fatores evoluti-
Teoria Sintética da Evolução vos, pode ser alterado. O conjunto gênico de uma
população é o conjunto de todos os genes presentes
nessa população. Assim, quanto maior é a variabili-
A Teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo dade genética.
foi formulada por vários pesquisadores durante anos Os fatores evolutivos que atuam sobre o conjunto
de estudos, tomando como essência as noções de gênico da população podem ser reunidos duas cate-
Darwin sobre a seleção natural e incorporando noções gorias:
atuais de genética. • Fatores que tendem a aumentar a variabilidade
A mais importante contribuição individual da Ge- genética da população: mutação gênica, mu-
nética, extraída dos trabalhos de Mendel, substituiu o tação cromossômica, recombinação;
conceito antigo de herança através da mistura de san- • Fatores que atuam sobre a variabilidade gené-
gue pelo conceito de herança através de par�culas: os
tica já estabelecida: seleção natural, migração
genes. A teoria sintética considera, conforme Darwin
e oscilação genética.
já havia feito, a população como unidade evolutiva.
A população pode ser definida como grupamento de
indivíduos de uma mesma espécie que ocorrem em A integração desses fatores associada ao isola-
uma mesma área geográfica, em um mesmo inter- mento geográfico pode levar, ao longo do tempo,
valo de tempo. ao desenvolvimento de mecanismos de isolamento
Para melhor compreender esta definição, é im- reprodutivo, quando, então, surgem novas espécies.
portante conhecer o conceito biológico de espécie:
agrupamento de populações naturais, real ou poten- Atividades
cialmente intercruzantes e reprodutivamente isola-
dos de outros grupos de organismos. Quando, nesta Questão 13 - (UFC-2007) Um problema para a teoria
definição, se diz potencialmente intercruzantes, sig- da evolução proposta por Charles Darwin no século
nifica que uma espécie pode ter populações que não XIX dizia respeito ao surgimento da variabilidade sobre
cruzem naturalmente por estarem geograficamente a qual a seleção poderia atuar. Segundo a Teoria Sinté-
separadas. Entretanto, colocadas artificialmente em tica da Evolução, proposta no século XX, dois fatores
contato, haverá cruzamento entre os indivíduos, com que contribuem para o surgimento da variabilidade
descendentes férteis. genética das populações naturais são:
Por isso, são potencialmente intercruzantes. A
(A) mutação e recombinação genética.
definição biológica de espécie só é válida para orga-
(B) deriva genética e mutação.
nismos com reprodução sexuada, já que, já que, no
(C) seleção natural e especiação.
caso dos organismos com reprodução assexuada, as
semelhanças entre características morfológicas é que (D) migração e frequência gênica.
definem os agrupamentos em espécies. (E) adaptação e seleção natural.

177
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Questão 14 - Quando Darwin propôs sua teoria, o (E) A falta de luz nas cavernas induziu mutações su-
conhecimento em Genética era precário, o que dei- cessivas que ao longo de muitas gerações levaram
xou várias lacunas em seu trabalho. Após alguns anos à regressão dos olhos.
com conhecimentos mais avançados nessa área da
Biologia, complementou-se a teoria de Darwin com os Questão 17 - (Fuvest) Explique, de acordo com a teoria
conhecimentos adquiridos em Genética, sendo pos- Sintética da Evolução, as adaptações mencionadas nos
sível explicar os fatores evolutivos. Essa teoria ficou textos a seguir:
conhecida como: a) Durante o longo inverno da região ártica, a pluma-
(A) Darwinismo. gem de certas aves e a pelagem de certos mamíferos
(B) Fixismo. tornam-se brancas, voltando a adquirir coloração es-
(C) Gradualismo filético. cura no início da primavera.
(D) Neodarwinismo.
(E) Equilíbrio pontuado.

Questão 15 - (Mack)

b) Algumas espécies de an�bio e de inseto apresen-


tam cores e desenhos marcantes que, ao invés de
escondê-las, as destacam do ambiente e chamam a
atenção de possíveis predadores.

O esquema acima apresenta os princípios básicos da


teoria evolucionista. Trata-se da teoria:
(A) darwinista, pois Darwin já possuía conhecimentos
sobre mutação e recombinação gênica. Referências
(B) lamarckista, pois Lamarck já tinha conhecimentos Evolucionismo: a teoria darwinista e seu desenvolvi-
sobre seleção natural. mento - Toda Matéria. Disponível em: h�ps://www.
(C) neodarwinista, que acrescenta os conceitos de todamateria.com.br/evolucionismo/. Acesso em
mutação e recombinação gênica para explicar a 27/03/2022.
ocorrência de variabilidade.
(D) neodarwinista, que acrescenta o conceito de se-
leção natural à teoria darwinista. SELEÇÃO NATURAL E ADAPTAÇÃO
(E) neodarwinista, que acrescenta o conceito de se-
leção natural e adaptação à teoria darwinista.
Habilidade da BNCC
Questão 16 - (Fuvest) Um estudante levantou algumas (EM13CNT202) Analisar as diversas formas de
hipóteses para explicar porque em alguns rios de ca- manifestação da vida em seus diferentes níveis de
verna os peixes são cegos. Qual delas está de acordo organização, bem como as condições ambientais
com a Teoria Sintética da Evolução? favoráveis e os fatores limitantes a elas, com ou sem
(A) No ambiente escuro das cavernas, os olhos se o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como
atrofiaram como consequência da falta de uso. so�wares de simulação e de realidade virtual, entre
(B) Os olhos, sem utilidade na escuridão das cavernas, outros).
se transformaram ao longo do tempo em órgãos
táteis. Objetivo de aprendizagem
(C) No ambiente escuro das cavernas, os peixes cegos (GO-EMCNT202B) Compreender os mecanismos
apresentaram vantagens adaptativas em relação de adaptação dos seres vivos considerando os
aos não cegos. ecossistemas locais e intervenções antrópicas que
(D) A falta de luz nas cavernas induziu mutação de- os modificam para relacionar essas adaptações à
letéria drástica que levou à regressão dos olhos sobrevivência deles no meio ambiente.
num curto espaço de tempo.

178
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Objeto de conhecimento e que possuem pouca capacidade de transporte de
Teoria Sintética da Evolução oxigênio. Apesar de ser uma doença grave, por que
ela foi selecionada em algumas partes da África?
A resposta está no fato de que na África existem
Para entender o que é seleção natural segundo muitos casos de malária, outra doença grave. Entre-
a teoria evolucionista de Charles Darwin, é preciso tanto, pessoas com esse tipo de anemia são imunes à
lembrar que a noção de “seleção artificial” já existia malária e, por isso, a anemia falciforme acabou sendo
no século XIX. Basta que você pense nos cachorros. selecionada. Observe que, em condições normais, a
Ao longo do tempo, nós incentivamos o cruza- doença não seria selecionada, mas em um ambiente
mento entre raças diferentes de cachorros, porque em que a malária podia causar a morte, a anemia era
queríamos obter resultados específicos, como animais uma característica favorável. Lembre-se de que a se-
mais fortes, mais ágeis ou mais inteligentes. leção natural age selecionando indivíduos adaptados
A seleção natural seria um processo similar, mas a um ambiente.
que ocorreria aleatoriamente, na própria natureza, É importante destacar que a seleção natural atua
sendo que as pequenas diferenças entre os seres de a todo o momento e em todos os seres vivos, desde
uma mesma espécie fariam com que alguns indivíduos bactérias até humanos, sendo constante, portanto, a
fossem mais aptos a sobreviver. luta pela sobrevivência.
Ou seja, a longo prazo, sobreviveriam apenas os
indivíduos de uma determinada espécie, que possu- Exemplos de características adaptativas dos seres
íssem aquelas pequenas diferenças que lhes davam vivos
alguma vantagem.
Podia ser uma pelagem um pouco mais grossa, Camuflagem
um bico um pouco mais comprido ou qualquer outro No Reino Animal, todos os animais podem servir
detalhe. de presa para outro na luta constante pela sobrevivên-
Com o tempo, estes indivíduos mais bem adap- cia. Diante disso, animais que possuem características
tados se tornavam mais numerosos porque tinham que diminuem a predação sobrevivem e passam essa
mais chances de procriar, com seus filhos herdando característica aos seus descendentes.
as mesmas características, até que se tornassem do- Uma das adaptações que favorecem a sobrevivên-
minantes, dando origem à uma nova espécie. cia e diminuem a predação é a camuflagem. Isso acon-
Esta é a forma como a teoria evolucionista explica tece quando um organismo se assemelha bastante ao
a adaptação das espécies, ou seja, a seleção natu- meio em que vive, tornando di�cil sua localização.
ral favorece a sobrevivência dos mais adaptados ao Essa semelhança pode ser pela coloração e até mesmo
ambiente, até que as suas características se tornem pela forma do seu corpo e sua textura.
dominantes. O bicho-pau é um exemplo clássico de camufla-
Vale destacar que não é o mais forte que sobre- gem. Seu corpo fino, lembrando um graveto, e sua
vive, e sim o mais apto. Isso quer dizer que apenas coloração amarronzada fazem com que esse animal
aqueles que possuem características favoráveis para seja confundido facilmente com galhos de plantas.
sobreviver em um determinado ambiente conseguem A dificuldade em localizar esse animal em meio aos
reproduzir-se e passar suas características aos seus galhos complica sua predação e garante um maior
descendentes. tempo de vida.
Um exemplo �pico da seleção natural e visto nos
dias de hoje é o caso das bactérias resistentes a certos
tipos de antibióticos. Ao contrair uma doença bac-
teriana, logo somos instruídos a tomar antibióticos.
Como as bactérias sofrem mutações constantemente,
algumas vezes surgem indivíduos capazes de resistir a
determinado medicamento. Elas podem reproduzir-se
e passar sua característica aos seus descendentes. É
aí que surge um problema: bactérias resistentes. Per-
ceba que o meio é o nosso corpo e o antibiótico agiu
como um agente externo que selecionou os indivíduos
mais aptos, no caso as bactérias resistentes.
Outro exemplo muito importante de seleção na-
tural diz respeito à anemia falciforme. Essa anemia é
uma doença hereditária que tem por principal carac- O bicho-pau assemelha-se a um graveto, dificultando, assim, a
terística a presença de hemácias em formato de foice ação de predadores. Fonte: BiologiaNet.

179
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Outro exemplo de camuflagem diz respeito aos Além de garantirem beleza às espécies, eles estão
animais que vivem em ambientes com neve, tais como relacionados também com aspectos como a defesa. O
as raposas, alguns coelhos e os ursos-polares. A pela- mimetismo, por exemplo, é quando um animal imita
gem branca de algumas espécies desses animais faz o padrão de coloração ou o comportamento de outro
com que eles se tornem quase invisíveis diante de organismo como uma forma de proteção.
todo o gelo.
Observe a seguir exemplos de alguns animais que
se escondem facilmente no ambiente em que vivem:

A falsa-coral oferece pouco perigo, mas normalmente é


confundida com as corais-verdadeiras, que são peçonhentas.
Fonte: BiologiaNet.

Observe essa borboleta no tronco. Quase não é possível percebê-la


Um dos exemplos mais clássicos de mimetismo
de longe. Fonte: BiologiaNet.
ocorre entre a coral-verdadeira e a falsa-coral. A
coloração das duas espécies é bastante semelhante,
entretanto, apenas a coral-verdadeira é peçonhenta.
Observe que, nesse caso, a falsa-coral “imita” a outra
espécie a fim de causar medo em seus pedradores.
Essa característica, oriunda do processo de seleção
natural, trouxe grandes bene�cios à espécie que teve
seu padrão passado de geração a geração.
No exemplo citado, percebe-se que uma espécie
inofensiva apresenta características de uma espécie
que é relativamente perigosa. Sendo assim, um ser
vivo que possui uma espécie de defesa natural foi
copiado por outro que não possui tal defesa. Quando
O linguado é facilmente confundido com o substrato. Fonte: isso acontece, estamos falando de um mimetismo
BiologiaNet. batesiano, um tipo de mimetismo que foi proposto
no século XIX pelo naturalista Henry Walter Bates.
No mimetismo batesiano, o predador é enganado,
pois acredita estar diante de uma presa indesejável.
Algumas vezes, o mimetismo também ocorre em
espécies em que ambas possuem defesas. Esse é o
caso das várias espécies de corais-verdadeiras, que
apresentam padrões de coloração bem semelhantes
e todas são peçonhentas. Quando o ser vivo imita um
padrão de outro organismo que também é perigoso,
dizemos que o mimetismo é mülleriano. Esse tipo de
mimetismo foi proposto pelo naturalista Fritz Müller,
em 1864, e geralmente ocorre em espécies próximas
e que sofreram com as mesmas pressões seletivas
Observe como esse dragão-marinho pode ser facilmente
confundido com algas no fundo do mar. Fonte: BiologiaNet. do meio.
Vale destacar que a dificuldade em descobrir se
Mimetismo um ser vivo é ou não é palatável complica a diferencia-
Os diferentes padrões de coloração animal, sem ção entre mimetismo batesiano e mülleriano. Apesar
dúvida nenhuma, impressionam todas as pessoas. de ter sido considerado por muitos anos como mime-
tismo batesiano, o caso da borboleta-monarca e da

180
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
vice-rei, por exemplo, está sendo discutido. Pesquisas Questão 20 - (UFPR) Certos insetos apresentam um
recentes revelaram que a borboleta vice-rei imita a aspecto que os assemelha bastante, na cor e às vezes
borboleta-monarca, porém ela também possui sabor até na forma, com ramos e folhas de algumas plantas.
desagradável, o que as torna exemplos de mimetismo Esse fato é de extremo valor para o inseto, já que o
mülleriano. protege contra o ataque de seus predadores. Esse
fenômeno, analisado à luz da Teoria da Evolução, pode
ser explicado:
(A) Pela lei do uso e desuso, enunciada por Lamarck.
(B) Pela deriva genética, comum em certas popula-
ções.
(C) Pelo isolamento geográfico, que acontece com
certas espécies de insetos.
(D) Pela seleção natural, que favorece características
adaptativas adequadas para cada ambiente espe-
cífico.
(E) Por uma mutação de amplo espectro, que ocorre
em uma determinada espécie.

A borboleta-monarca possui sabor desagradável e é imitada pela Questão 21 - (IFTM) A tecnologia do DNA recombi-
borboleta vice-rei. Fonte: BiologiaNet.
nante tem usado bactérias para fabricar substâncias
úteis ao homem, como a insulina e alguns tipos de
Muitas pessoas confundem mimetismo com ca-
antibióticos. As indústrias farmacêuticas lutam para
muflagem, entretanto, nessa última forma de defesa,
criar antibióticos cada vez mais potentes e eficazes
o animal não apresenta semelhanças com outro ser
vivo. Na camuflagem, o animal assemelha-se muito contra diversos tipos de infecções. No entanto, o em-
com o ambiente em que vive, dificultando a sua loca- prego de antibióticos de maneira indiscriminada, não
lização pelos predadores. O bicho-folha, por exemplo, controlada, tem sido a causa da incidência cada vez
é um animal que apresenta essa forma de defesa. Sua maior de patologias infecciosas resistentes ao uso dos
cor e forma fazem com que os predadores confun- antibióticos. Tal fato se deve:
dam-no com os vegetais. (A) À ação dos antibióticos sobre o organismo infec-
tado, reduzindo sua resistência natural.
Atividades (B) A adição de antibiótico induziu o aparecimento
de bactérias mais fortes.
Questão 18 - Charles Darwin estruturou sua teoria (C) O antibiótico provoca o aumento da parede celular
da evolução bacteriana, tornando-a resistente.
baseado na idéia de que, na competição pela vida, (D) Há uma tendência das bactérias de se habituarem
sobreviveriam os mais aptos. Esse processo denomi- aos antibióticos.
na-se: (E) Ocorreu seleção de linhagens de bactérias resis-
(A) lei do uso e desuso. tentes aos antibióticos.
(B) seleção natural.
(C) miscigenação racial. Referências
(D) migração diferencial.
(E) mutação. Seleção natural - Teoria Evolutiva de Darwin – Info-
Escola. Disponível em: h�ps://www.infoescola.com/
Questão 19 - Sabemos que a seleção natural é um evolucao/selecao-natural/. Acesso em 27/03/2022.
importante mecanismo da evolução. De acordo com
essa teoria, podemos afirmar que: Seleção natural. O que é a seleção natural? - Biolo-
(A) os organismos mais fortes de um ambiente sobre- gia Net. Disponível em: h�ps://www.biologianet.
vivem. com/evolucao/selecao-natural.htm. Acesso em
(B) os organismos vivem em uma luta constante pela 27/03/2022.
sobrevivência, assim, somente o melhor predador
sobrevive. Mimetismo. Mimetismo e camuflagem são a mesma
(C) os organismos mais aptos sobrevivem e reprodu- coisa? - Biologia Net. Disponível em: h�ps://www.
zem-se. biologianet.com/ecologia/mimetismo.htm. Acesso
(D) os organismos mais aptos morrem, e os mais for- em 27/03/2022.
tes sobrevivem.
(E) os organismos que apresentam melhores técnicas
de luta sobrevivem.

181
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO BIOLÓGICA Os fósseis dos ves�gios são frequentemente denomi-
nados de icnofósseis.
Os fósseis são extremamente di�ceis de serem
Habilidade da BNCC formados e, por isso, não são fáceis de serem en-
(EM13CNT206) Discutir a importância da preserva- contrados. Para que um fóssil forme-se, uma série de
ção e conservação da biodiversidade, considerando eventos �sicos, químicos e biológicos deve ocorrer.
parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os Inicialmente é importante que o cadáver ou resto seja
efeitos da ação humana e das políticas ambientais isolado do meio para que não haja a ação de agentes
para a garantia da sustentabilidade do planeta. decompositores e erosivos. Após esse momento, é
necessário que ocorra o soterramento rápido, no caso
Objetivo de aprendizagem daqueles preservados em rochas sedimentares.
(GO-EMCNT206B) Constatar as modificações da Normalmente os fósseis são partes duras, como
biodiversidade ao longo da história evolutiva do ossos e dentes, sendo raros os exemplos de preser-
planeta Terra, considerando processos ecológicos vação de partes moles. Como exemplo desse último
e evolutivos, como o de especiação, de extinção e caso, podemos citar insetos presos em âmbar (resina)
e mamutes congelados. Em razão da dificuldade de
de adaptação para medir quantitativamente e qua-
preservação, os fósseis inteiros são muito raros. Em
litativamente as alterações ambientais ocasionadas
grande parte dos casos, encontram-se apenas partes
por interferências antrópicas ou não.
de organismos, como ossos, dentes, carapaças, folhas
e espículas.
Objeto de conhecimento
Os fósseis exercem um importante papel para a
Evidências da evolução biológica ciência, sendo o material de estudo da Paleontologia.
Além de serem o principal indício da evolução bio-
Fósseis lógica, com os fósseis podemos compreender como
era o planeta há milhares de anos, o que possibilita
Os fósseis são estruturas importantes para a reconstruções ambientais e o reconhecimento de es-
compreensão da história do planeta, bem como da pécies atualmente extintas.
evolução dos seres vivos.
Curiosidade: A Paleontologia, ciência que estuda
os fósseis, é subdividida em áreas de acordo com
os registros fósseis analisados. A Paleozoologia, por
exemplo, estuda os fósseis de animais; a Paleobo-
tânica estuda os fósseis de plantas; e a Micropale-
ontologia estuda os microfósseis.

Órgãos análogos e homólogos

Algumas semelhanças entre os organismos são


usadas como evidências do processo evolutivo, como
é o caso dos órgãos análogos e homólogos.

Os fósseis de partes duras são encontrados com maior frequência.


Fonte:BiologiaNet.

Os fósseis são restos ou ves�gios de vida que fi-


caram preservados em rochas ou outros materiais na-
turais, como gelo e âmbar, e possuem idade superior
a onze mil anos. O termo fóssil vem do latim fossilis
e significa extraído da terra, em razão de serem en- Apesar de ambas servirem para o voo, as asas de morcegos e
contrados principalmente em rochas sedimentares. borboletas não apresentam a mesma origem embrionária. Fonte:
BiologiaNet.
Apesar do que muitos pensam, os fósseis não
são apenas ossos de animais. Qualquer resto ou até
Ao observar o corpo de diversos animais de espé-
mesmo marcas de uma atividade de ser vivo são con-
cies diferentes, percebeu-se que algumas característi-
siderados como um fóssil. Denominamos de restos
cas anatômicas e fisiológicas são comuns entre eles.
quando partes de um ser vivo são preservadas e de
Essas características são consideradas evidências da
ves�gios as evidências da existência de um organismo,
evolução, uma vez que, segundo essa teoria, os seres
como moldes, pegadas e até mesmo fezes (coprólitos).
vivos apresentam ancestrais em comum.

182
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Durante o processo de evolução, diversas carac- similar, que acabou selecionando essas característi-
terísticas foram selecionadas e mantidas porque elas cas. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu uma
favoreciam a sobrevivência de um ser em determina- convergência evolutiva.
do ambiente. A semelhança entre diversas estruturas
anatômicas, por exemplo, evidencia que essas carac- Resumindo:
terísticas foram selecionadas e, consequentemente, • Órgãos análogos: Mesma função e diferente
passadas às futuras gerações. origem embrionária.
Ao observar o desenvolvimento embrionário de • Órgãos homólogos: Mesma função ou não e
diversos grupos de animais, percebemos que existem mesma origem embrionária.
poucas diferenças no início do crescimento. Essa tam-
bém é uma evidência de que, em algum ponto, todos Evidências celulares e moleculares
possuíam um ancestral comum.
A análise das células e a bioquímica dos organis-
mos têm revelado que existe muita semelhança entre
todos os seres vivos. Esse fato sugere que, em algum
ponto da história evolutiva, tivemos um ancestral
comum.
Quando analisamos as células, é possível perceber
que as espécies são bastante semelhantes entre si. A
semelhança também é grande entre o código gené-
tico, uma vez que o DNA e o RNA possuem apenas
quatro bases diferentes. Essas bases são as respon-
sáveis pelas características de todos os seres vivos
existentes no planeta.
Observe a semelhança entre os embriões de diferentes vertebrados. Percebe-se, portanto, que a teoria da evolução
Fonte: BiologiaNet. é sustentada por diversos pilares e cada dia é mais
evidente que os seres vivos sofrem mudanças através
Quando organismos de espécies diferentes apre- do tempo.
sentam órgãos que possuem a mesma origem em-
brionária e desempenham a mesma função ou não, Atividades
dizemos que os órgãos são homólogos.
Um exemplo de órgão homólogo é a nadadeira Questão 22 - (UDESC/2018) Um tubarão e um golfi-
dos golfinhos e as asas dos morcegos. Apesar de pos- nho possuem muitas semelhanças morfológicas, em-
suírem origem embrionária semelhante e esqueletos bora pertençam a grupos distintos. O tubarão é um
com o mesmo plano estrutural, as duas estruturas peixe que respira por brânquias, e suas nadadeiras são
apresentam funções bastante distintas. Enquanto a suportadas por cartilagens. O golfinho é um mamífero,
nadadeira ajuda na natação, as asas auxiliam no voo. respira ar atmosférico por pulmões, e suas nadadeiras
Os órgãos homólogos são bastante usados nos escondem ossos semelhantes aos dos nossos mem-
estudos para estabelecer uma relação de parentesco bros superiores. Portanto, a semelhança morfológica
entre os organismos, uma vez que é sugerido que es- existente entre os dois não revela parentesco evoluti-
ses seres apresentam um ancestral comum. Quando vo. Eles adquiriram essa grande semelhança externa
as estruturas acabam assumindo diferentes funções pela ação do ambiente aquático que selecionou nas
em resposta ao modo de vida de cada ser vivo, dize- duas espécies a forma corporal ideal ajustada à água.
mos que houve uma divergência evolutiva. Esse processo é conhecido como
Existem ainda órgãos que desempenham a mes- (A) isolamento reprodutivo.
ma função, mas não possuem a mesma origem em- (B) irradiação adaptativa.
brionária. Esses órgãos são chamados de análogos. (C) homologia.
Como exemplo, podemos citar as asas do morcego (D) alopatria.
em comparação às asas de insetos. Apesar de ambas (E) convergência adaptativa.
ajudarem no voo, as asas citadas apresentam origens
embrionárias distintas. Questão 23 - (UDESC) “Órgãos que exercem as mes-
Os órgãos análogos, diferentemente dos homólo- mas funções em espécies diferentes, mas que pos-
gos, não são utilizados em estudos que estabelecem suem origem embrionária distinta; e órgãos ou estru-
as relações filogenéticas entre os organismos, uma turas atrofiadas, sem função evidente”, são chamados,
vez que eles não revelam a descendência desses seres respectivamente, de:
vivos. Eles são resultados de uma pressão evolutiva (A) órgãos análogos e órgãos homólogos.

183
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(B) órgãos vestigiais e órgãos homólogos. Questão 26 - (UNCISAL) Analise as afirmativas a seguir
(C) órgãos homólogos e órgãos vestigiais. e assinale a alternativa correta.
(D) orgãos análogos e órgãos vestigiais. I. Mimetismo é um tipo de adaptação no qual o indi-
(E) órgãos homólogos e órgãos análogos. víduo de uma espécie mostra-se totalmente diferente
de outro indivíduo da outra espécie.
Questão 24 - (UFSCar) O programa “Fantástico”, exi- II. Camuflagem é um tipo de adaptação em que a es-
bido pela Rede Globo em 01.08.2004, apresentou em pécie revela a mesma cor do meio em que vive.
um de seus quadros um provável animal do futuro, III. Adaptações morfológicas implicam alterações ana-
uma possível espécie de ave que poderá existir daqui tômicas ou estruturais das espécies.
a alguns milhões de anos. Por essa época, o encontro IV. Adaptações fisiológicas acontecem somente em
entre massas continentais provocará o aparecimento animais.
de imensas cordilheiras, muito mais altas que as atu- (A) II e III estão erradas
almente existentes. Segundo o programa, nesse am- (B) I e II estão erradas
biente possivelmente existirão aves portadoras de 2 (C) I e IV estão erradas
pares de asas, o que lhes garantiria maior sustentação (D) II e IV estão erradas
em condições de ar rarefeito. Essas aves seriam as des- (E) Todas estão erradas
cendentes modificadas de espécies atuais nas quais
há apenas um par de asas. Se isso realmente ocorrer, Referências
e considerando que o par de asas das aves atuais é
homólogo aos membros anteriores de mamíferos e Fósseis. Formação e importância dos fósseis - Bio-
répteis, é mais provável que esse novo par de asas logia Net. Disponível em: h�ps://www.biologianet.
(A) seja homólogo ao par de pernas das aves atuais. com/evolucao/fosseis.htm. Acesso em 27/03/2022.
(B) seja análogo ao par de pernas das aves atuais.
(C) seja homólogo ao par de asas das aves atuais. Principais evidências da evolução - Biologia Net.
(D) apresente os mesmos ossos das asas atuais: úme- Disponível em: h�ps://www.biologianet.com/evolu-
ro, rádio e cúbito (ulna). cao/principais-evidencias-evolucao.htm. Acesso em
(E) apresente novos ossos criados por mutação, sem 27/03/2022.
similares dentre os das aves atuais.

Questão 25 - (UNIVAG/2015) As setas nas imagens EVOLUÇÃO HUMANA


indicam a probóscide de uma borboleta e o bico de
um beija-flor.
Habilidade da BNCC
(EM13CNT208) Aplicar os princípios da evolução
biológica para analisar a história humana, consi-
derando sua origem, diversificação, dispersão pelo
planeta e diferentes formas de interação com a
natureza, valorizando e respeitando a diversidade
étnica e cultural humana.

Objetivo de aprendizagem
Tendo em vista os conceitos evolutivos atuais, é corre- (GO-EMCNT208A) Reconhecer as etapas da evolu-
to afirmar que as estruturas indicadas pelas setas são ção humana, considerando teorias e conhecimen-
(A) análogas e convergentes, pois desempenham a tos das áreas da genética, antropologia, arqueolo-
mesma função. gia e linguística para valorizar a diversidade étnica
(B) homólogas e divergentes, pois apresentam a mes- e cultural humana.
ma composição química.
(C) homólogas e convergentes, devido à mesma ori- Objeto de conhecimento
gem embrionária. Evolução humana
(D) análogas e divergentes, pois desempenham dife-
rentes funções.
(E) homólogas e convergentes, devido à mesma com- Os seres humanos possuem também uma ori-
posição química e à mesma função. gem biológica?

Contrapondo-se ao criacionismo, o evolucionismo


proposto por Darwin também pode ser aplicado aos
seres humanos.

184
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A descoberta de fósseis são evidências de uma cadeia evolutiva da família dos hominídeos (hominidae).
São integrantes dessa família os grandes primatas, dos quais fazem parte: os chimpanzés, os gorilas, os oran-
gotangos e os seres humanos.
As mutações que deram origem a diferenciação entre as espécies de primatas teriam ocorrido há cerca de
5 milhões de anos. Já a espécie humana (homo sapiens sapiens) teria surgido há 300 mil anos.
A figura a seguir apresenta uma possível explicação filogenética para a origem dos mamíferos antropoides.

Fonte: bp.blogspot.com

Evolução humana e suas etapas nética. Este tipo de esquema nos permite compre-
ender as relações familiares das espécies no âmbito
A evolução humana corresponde ao processo de da evolução.
mudanças que originou os seres humanos e os dife-
renciou como uma espécie. Classificação da espécie humana:
As características próprias da espécie humana fo-
ram construídas ao longo de milhares de anos, com a Reino Animalia
evolução dos primatas. Charles Darwin foi o primeiro Filo Chordata
a propor a relação de parentesco da espécie humana
Subfilo Vertebrata
com os grandes macacos, os antropoides.
Classe Mammalia
SAIBA MAIS! Ordem Primata
Filogenética trata-se de um ramo da biologia que Subordem Antropoidea
estuda a evolução das espécies de forma global. Família Hominidea
O objetivo desta disciplina é conhecer a história
Gênero Homo
evolutiva dos organismos vivos. Para conhecer a
filogenia das espécies é necessário determinar as Espécie Homo sapiens
semelhanças e as diferenças existentes quanto à Subespécie Homo sapiens sapiens
sua morfologia, anatomia e embriologia.
A evolução das espécies é um processo muito lento Atualmente, os cientistas acreditam que esses an-
e por esta razão os cientistas utilizam uma série de tropoides e a espécie humana tiveram um ancestral
premissas para estabelecer de que maneira ocorreu comum, cerca de 8 a 5 milhões de anos atrás. A evi-
a diversidade morfológica de todos os organismos. dência desse fato é a grande semelhança entre os hu-
Os especialistas nesta disciplina explicam as rela- manos e os macacos antropoides, como o chimpanzé.
ções evolutivas de todas as espécies através de um A evolução da espécie humana foi iniciada há pelo
modelo explicativo conhecido como árvore filoge- menos 6 milhões de anos. Nesse período, uma po-

185
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
pulação de primatas do noroeste da África se dividiu Foram os primeiros hominídeos a dominar o fogo,
em duas linhagens que passaram a evoluir indepen- o que permitiu sua expansão para outros territórios.
dentemente. Além da redução da musculatura da face, pois podiam
O primeiro grupo permaneceu no ambiente da cozinhar os alimentos, amaciando-os.
floresta tropical e originou os chimpanzés. O segundo
grupo se adaptou a ambientes mais abertos, como as • Australopithecus africanus: O primeiro fóssil de
savanas africanas, dando origem ao Homo sapiens. australopiteco encontrado. Provavelmente, ha-
Por isso, o continente africano é chamado de berço bitou a Terra há 2,8 a 2,3 milhões de anos atrás.
da humanidade.
Outros fósseis de australopitecos foram encontra-
Ancestrais humanos dos. Algumas espécies são: A. afarensis, A. robustus
e A. boisei.
Os pré-australopitecos Acredita-se que muitos australopitecos tenham
Essas primeiras espécies viveram logo após a se- coexistido e competido entre si. Todas as espécies
paração do grupo que originou os hominídeos e os foram extintas.
chimpanzés. Porém, uma delas teria sido a ancestral do gênero
Sua principal característica era o modo de vida Homo.
arborícola.
O registro fóssil remonta algumas das espécies O gênero Homo
desse período: A extinção da maioria dos australopitecos possi-
• Sahelantropus tchadensis: Fóssil encontrado bilitou o surgimento de uma nova linhagem.
no continente africano, pertencente a uma O gênero Homo se destaca pelo desenvolvimento
espécie de primata. Essa espécie já possuía a do sistema nervoso e da inteligência. Além disso, apre-
postura bípede. É o mais antigo ancestral da sentava adaptações evolutivas, como o bipedalismo.
linhagem humana.
• Orrorin tugenensis: Fóssil encontrado no Qu- • Homo habilis: Atualmente, com o estudo dos
ênia. Também já apresentava indicações da fósseis, o mais aceito é considerá-lo como aus-
postura bípede. Os cientistas acreditam que a tralopiteco, sendo Australopithecus habilis. A
espécie viveu há 6 milhões de anos atrás. espécie viveu por volta de 2 milhões de anos a
• Ardipithecus ramidus e Ardipithecus kadabba: 1,4 milhões de anos atrás.
Fóssil encontrado na Etiópia. Nessas espécies • Homo erectus: Essa espécie se destacou pela
permanece a postura bípede. Os cientistas fabricação de instrumentos e utensílios de pe-
acreditam uma espécie do gênero Ardipithecus dra, madeira, pele e ossos. O grupos saiu da
foi a ancestral dos australopitecos. África e alcançou a Europa, a Ásia e a Oceania.
• Homo ergaster: Seria uma sub-espécie do H.
Os australopitecos erectus que teria migrado para a Europa e parte
Os primeiros hominídeos pertenciam ao gênero da Ásia, onde deu origem a várias linhagens,
Australopithecus. uma delas o Homo neanderthalensis.
Constituíram um grupo diversificado e bem su- • Homo neanderthalensis: Conhecido por nean-
cedido. dertais, tinham o corpo adaptado ao frio, au-
As principais características desse grupo eram: a sência de queixo, testa baixa, pernas arqueadas
postura ereta, a locomoção bípede, a dentição pri- e cérebro maior do que os dos seres humanos
mitiva e a mandíbula mais semelhante à da espécie atuais.
humana.
Os neandertais apresentavam comunicação ver-
bal rudimentar, organização social e sepultamento de
mortos.
Esse grupo conviveu com os primeiros homens
modernos. Atualmente, acredita-se que o homem mo-
derno surgiu na África entre 200 mil a 150 mil anos
atrás, a partir das linhagens de H. ergaster.

O homem moderno
O Homo sapiens sapiens é a denominação cien�-
Representação do australopiteco em museu de história natural.
fica do homem moderno, sendo uma subespécie do
Font: Andrea Izzotti / 123RF Homo sapiens.

186
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A principal característica do homem moderno, Segundo o evolucionismo social, a sociedade ten-
comparado aos seus ancestrais, é o cérebro bem de- de a uma evolução civilizacional, que em seu curso
senvolvido. Além disso, observa-se a capacidade de natural, culminará numa sociedade de indivíduos
raciocínio, comunicação e inteligência pelo desenvol- plenamente livres e autônomos. Não necessitando
vimento do sistema nervoso. sequer da intervenção do Estado.
O principal responsável por fazer essa relação
SAIBA MAIS! entre as ciências biológicas e as sociais foi o biólogo
A filogênese do cérebro e antropólogo inglês Herbert Spencer (1820-1903).
As primeiras criaturas marítimas já tinham o germe Spencer foi contemporâneo e estudioso do pensa-
biológico de um cérebro, já que o seu sistema ner- mento de Darwin. É atribuído a ele a ideia de “darwi-
voso simples contava com células especializadas nismo social”, em que os mais adaptados as mudanças
capazes de transmitir mensagens elétricas. Nos ani- econômicas se sobreporiam aos mais fracos. Entre-
mais superiores mais complexos foi desenvolvido tanto, essa associação é negada pelos especialistas
um sistema neural mais sofisticado e com ele se no autor.
formou o cérebro no reino animal. Segundo sua teoria, os indivíduos formam um
Quando os peixes se transformaram em an�bios organismo social que tende à evolução. Desde seu
e por sua vez em répteis, o cérebro teve um salto princípio, pré-contrato social, até a complexificação
qualitativo. Neste sentido, os dinossauros possuíam das estruturas sociais e dos mecanismos de liberdade
um cérebro reptiliano e assim todos os répteis e dos indivíduos.
mamíferos são herdeiros desta estrutura cerebral.
Os mamíferos desenvolveram uma nova estrutura, Atividades
o córtex
Com o aparecimento evolutivo do córtex os mamí- Questão 27 - (UNESP) Apesar do acúmulo dos estu-
feros já podiam fazer frente às exigências do meio dos sobre evolução dos seres vivos e de uma série
natural e melhorar suas possibilidades de sobrevi- de evidências coletadas desde a época de Darwin,
vência. Neste processo de transformação evolutiva, observa-se uma onda de posicionamentos contrários
o cérebro dos hominídeos incorporou numa nova às teorias evolucionistas.
estrutura, o neocórtex. Em vários estados dos EUA e em um estado do Brasil,
Com ele era possível adquirir novos conhecimentos por exemplo, foi incluído o ensino do criacionismo,
e armazenar dados. O primeiro cérebro com estas por decisão governamental. Um dos professores que
características surgiu há cinco milhões de anos e ensinará o criacionismo em uma destas escolas brasi-
pesava pouco mais de meio quilo. Com o passar do leiras afirmou: Tenho certeza de que minha avó não
tempo, os hominídeos aprenderam a utilizar ferra- era macaca (“Ciência Hoje”, outubro de 2004).
mentas e por este motivo se fala de Homo habilis. No entanto, a partir dos estudos de evolução dos pri-
Posteriormente, apareceu o Homo erectus e se des- matas, em particular, podemos afirmar que
cobriu o fogo. Aproximadamente há 100.000 anos (A) macacos originaram-se tanto na América quanto
surgiu o homem como conhecemos na atualidade, na África, assim como os humanos, o que reforça
o homo sapiens. a hipótese da existência de um ancestral comum.
(B) humanos e macacos têm um mesmo ancestral,
uma vez que o tamanho do cérebro dos macacos
é muito próximo do tamanho do cérebro dos hu-
manos.
(C) geneticamente, alguns macacos são muito próxi-
mos dos humanos, o que se considera como uma
evidência em termos de ancestralidade comum.
(D) humanos e macacos têm um ancestral comum,
Modificações do volume craniano ao longo do pro- pois em suas regiões de origem apresentam há-
cesso evolutivo. bitos alimentares muito semelhantes.
(E) o fato de apenas macacos e humanos apresenta-
As regras de evolução das espécies podem ser rem as mãos com cinco dedos é a maior evidência
aplicadas a um evolucionismo social? de ancestralidade comum.

Com base nas teorias darwinianas de evolução Questão 28 - (FESPSP-SP) A sequência hierárquica das
e adaptabilidade, alguns teóricos buscaram estabe- categorias taxonômicas do homem é:
lecer essa relação às questões das estruturas sociais (A) Primata, Mammalia, Hominidae, Chordata, Homo
humanas. sapiens, Homo.

187
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(B) Homo sapiens, Homo, Hominidae, Chordata, (A) Homo neanderthalensis.
Mammalia, Primata. (B) Australopithecus habilis.
(C) Chordata, Mammalia, Primata, Hominidae, Homo, (C) Australopithecus erectus.
Homo sapiens. (D) Australopithecus sapiens.
(D) Homo sapiens, Hominidae, Homo, Mammalia, (E) Homo erectus.
Chordata, Primata.
(E) Chordata, Primata, Mammalia, Hominidae, Homo, Referências
Homo sapiens.
Filogenética - Conceito, e o que é (conceitos.com).
Questão 29 - (PUC Minas) Recentes análises do DNA Disponível em: h�ps://conceitos.com/filogenetica/.
de chimpanzés permitiram concluir que o homem é Acesso em 27/03/2022.
mais aparentado com eles do que com qualquer outro
primata. Isso permite concluir que: Evolução humana: resumo e etapas - Toda Matéria.
(A) o chimpanzé é ancestral do homem. Disponível em: h�ps://www.todamateria.com.br/
(B) o chimpanzé e o homem têm um ancestral co- evolucao-humana/. Acesso em 27/03/2022.
mum.
(C) o homem e o chimpanzé são ancestrais dos gori-
las.
(D) a evolução do homem não foi gradual.
(E) os chimpanzés são tão inteligentes quanto o ho-
mem.

Questão 30 - (PUC RS) Registros encontrados na Áfri-


ca de ossadas fósseis de Australopithecus (do latim:
australis = do sul + pithecus = macaco) são evidências
de que o homem teve sua origem evolutiva nesse
continente. A teoria da origem africana propõe que o
ser humano moderno (Homo sapiens) surgiu há cerca
de 130 mil anos na África e dispersou-se por outros
continentes há cerca de 100-60 mil anos.

(1) Australopithecus anamensis


(2) Australopithecus afarensis
(3) Australopithecus boisei
(4) Australopithecus robustus
(5) Australopithecus garhi
(6) Homo habilis
(7) _____________
(8) Homo sapiens

Evidências cien�ficas indicam atualmente a árvore


flogenética da linhagem do homem moderno con-
forme a representação anterior, na qual o número 7
corresponde à espécie:

188
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
FÍSICA no Sistema Solar e no Universo com base na análise
das interações gravitacionais, com ou sem o uso de
Recado para o(a) mediador(a) dispositivos e aplicativos digitais (como so�wares
A Biologia, de acordo com a Base Nacional Comum de simulação e de realidade virtual, entre outros).
Curricular (BNCC), é uma disciplina que tem como
objetivo promover o entendimento da vida em todas Objetivo de aprendizagem
as suas formas e manifestações. Ela é uma ciência que (GO-EMCNT204C) Aplicar as Leis de Newton anali-
estuda os seres vivos, sua estrutura, funcionamento, sando situações de movimento uniforme e unifor-
interação com o ambiente e evolução ao longo do memente variado para investigar diversas situações
tempo. do cotidiano.
Na BNCC, a Biologia é uma das áreas do conhe-
cimento que compõe o componente curricular de Objetivos de conhecimento
Ciências da Natureza. O estudo da Biologia permite Leis de Newton
o desenvolvimento de habilidades e competências
importantes para a vida, como a observação, a inter- Descritor Saeb
pretação de dados, a análise crítica, o pensamento Reconhecer características, grandezas e represen-
cien�fico e a tomada de decisões baseadas em evi- tações associadas ao movimento dos corpos.
dências.
A Biologia é uma disciplina fundamental para o
entendimento da vida em todas as suas formas e Leis de Newton
manifestações. No primeiro ano do Ensino Médio,
o estudo da Biologia tem como objetivo apresentar 1ª Lei de Newton (Lei da Inércia)
aos alunos as bases conceituais e metodológicas da
disciplina, possibilitando o desenvolvimento de uma “Inércia é a tendência dos corpos de permanece-
compreensão ampla e integrada dos seres vivos e seus rem em repouso ou em movimento retilíneo uniforme
processos biológicos. (MRU).
O estudo da Biologia permitirá aos alunos desen-
volver habilidades importantes para a vida, como a Essa lei diz que, ao menos que haja alguma for-
observação, a interpretação de dados, a análise crítica ça resultante não nula sobre um corpo, esse deverá
e a tomada de decisões baseadas em evidências cien- manter-se em repouso ou se mover ao longo de uma
�ficas. Compreender a Biologia é essencial para uma linha reta com velocidade constante. A Lei de Inércia
compreensão mais ampla do mundo em que vivemos também explica o surgimento das forças inerciais, isto
e para a tomada de decisões conscientes e informadas é, as “forças” que surgem quando os corpos estão
sobre questões biológicas relevantes para a sociedade sujeitos a alguma força capaz de produzir neles uma
e para o meio ambiente. aceleração. Por exemplo: ao pisar no acelerador do
carro, um motorista pode sentir-se comprimido em
UNIDADE 1 seu banco, como se houvesse uma força puxando-o
para trás. Na verdade, o que ele sente é a expressão
Habilidade específica de sua inércia, ou seja, a tendência que seu corpo tem
(EM13CNT204) Elaborar explicações, previsões e cál- de permanecer parado ou em velocidade constante.
culos a respeito dos movimentos de objetos na Terra, Veja os exemplos:

h�p://3.bp.blogspot.com/-1PrcL9W28Z0/Tpi1NPBnlgI/AAAAAAAAAn8/McGZ_6PfHas/s1600/tirinha7.jpg

189
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Além disso, quanto maior for a massa de um corpo, maior será sua inércia. Assim, alterar o estado de
movimento de um corpo de massa grande requer a aplicação de uma força maior. Corpos de massa pequena
têm seu estado de movimento alterado facilmente com a aplicação de forças menos intensas.

h�p://1.bp.blogspot.com/-upG5ZHTLBjs/Ui5Vb4ZS_rI/AAAAAAAAADY/0PzUki4u4Rc/s1600/dinamica+(segunda+lei).jpg

2ª Lei de Newton (Lei Fundamental da Dinâmica) Observe a figura:

A resultante das forças que atuam em um corpo


é igual ao produto da massa vezes sua aceleração.

Observe que Força e aceleração são grandezas ve-


torias, ou seja, possui direção, sentido e intensidade.

Vetor
A ação é realizada sobre a bola enquanto a reação
É um elemento matemático que a �sica utiliza é realizada sobre o pé. Assim, como ação e reação
para representar grandezas vetoriais e possui as se- agem em corpos diferentes elas nunca se anula e são
guintes características: simultâneas.
Característica de um vetor: módulo, direção e
sentido. ATIVIDADES
Características de uma grandeza vetorial: inten-
sidade (sinal, módulo e unidade), direção e sentido. 01. Um estudante conclui que o burro e a carroça não
deveriam se mover, pois a força que a carroça faz
Sentido no burro é igual em intensidade à força que o burro
Para direita faz na carroça, mas com sentido oposto. Sob as
Horizontal
Para esquerda luzes do conhecimento da Física, pode-se afirmar
Para cima ou ascendente que a conclusão do estudante está errada porque:
Vertical
Para baixo ou descendente a) ele esqueceu-se de considerar as forças de atri-
Direção
Para direita e para cima to das patas do burro e das rodas da carroça
Para direita e para baixo com a super�cie.
Diagonal b) considerou somente as situações em que a
Para esquerda e para cima
Para esquerda e para baixo massa da carroça é maior que a massa do bur-
ro, pois se a massa fosse menor, ele concluiria
que o burro e a carroça poderiam se mover.
c) as leis da Física não podem explicar este fato.
d) o estudante não considerou que mesmo que as
duas forças possuam intensidades iguais e sen-
tidos opostos, elas atuam em corpos diferentes.

02. (ENEM) Para um salto no Grand Canyon usan-


do motos, dois paraquedistas vão utilizar uma
3ª Lei de Newton (Lei da Ação e Reação) moto cada, sendo que uma delas possui massa
três vezes maior. Foram construídas duas pistas
Toda ação corresponde a uma reação de mesma idênticas até a beira do precipício, de forma que
intensidade, direção e sentidos contrários. Observe no momento do salto as motos deixem a pista
que quem faz a ação sofre a reação vice versa. horizontalmente e ao mesmo tempo. No instan-
te em que saltam, os paraquedistas abandonam

190
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
suas motos e elas caem praticamente sem resis- justamente como o Sol. Mas foi Galileu Galilei
tência do ar. que, em 1632, baseando-se em experiências, re-
As motos atingem o solo simultaneamente por- bateu a crítica aristotélica, confirmando assim o
que sistema de Copérnico. Seu argumento, adaptado
a) possuem a mesma inércia. para a nossa época, é: se uma pessoa, dentro de
b) estão sujeitas à mesma força resultante. um vagão de trem em repouso, solta uma bola,
c) têm a mesma quantidade de movimento inicial. ela cai junto a seus pés. Mas se o vagão estiver
d) adquirem a mesma aceleração durante a queda. se movendo com velocidade constante, a bola
e) são lançadas com a mesma velocidade hori- também cai junto a seus pés. Isto porque a bola,
zontal. enquanto cai, continua a compartilhar do movi-
mento do vagão.
03. (ENEM) Durante uma faxina, a mãe pediu que o O princípio �sico usado por Galileu para rebater
filho a ajudasse, deslocando um móvel para mu- o argumento aristotélico foi
dá-lo de lugar. Para escapar da tarefa, o filho disse a) a lei da inércia.
ter aprendido na escola que não poderia puxar o b) ação e reação.
móvel, pois a Terceira Lei de Newton define que c) a segunda lei de Newton.
se puxar o móvel, o móvel o puxará igualmente de d) a conservação da energia.
volta, e assim não conseguirá exercer uma força e) o princípio da equivalência.
que possa colocá-lo em movimento.
Qual argumento a mãe utilizará para apontar o 06. (UEG GO/2019) Leia a tirinha a seguir.
erro de interpretação do garoto?
a) A força de ação é aquela exercida pelo garoto.
b) A força resultante sobre o móvel é sempre
nula.
c) As forças que o chão exerce sobre o garoto se
anulam.
d) A força de ação é um pouco maior que a força
de reação.
e) O par de forças de ação e reação não atua em
um mesmo corpo.

04. I. O cinto de segurança, item de uso obrigatório


no trânsito brasileiro, visa aplicar aos corpos do
motorista e dos passageiros forças que contribu-
am para vencer sua inércia de movimento.
II. Um cachorro pode ser acelerado simplesmente
puxando com a boca a guia presa à coleira atada
em seu pescoço.
III. O movimento orbital da Lua ao redor da Terra
ocorre por inércia.
Estão corretas:
a) I, II e III;
b) Somente II e III;
c) Somente I.
d) Somente I e II;
e) Somente I e III;

05. (ENEM) Em 1543, Nicolau Copérnico publicou


um livro revolucionário em que propunha a Terra
girando em torno do seu próprio eixo e rodan-
do em torno do Sol. Isso contraria a concepção
aristotélica, que acredita que a Terra é o centro
do universo. Para os aristotélicos, se a Terra gira
Folha de São Paulo, 10/01/2004
do oeste para o leste, coisas como nuvens e pás- Disponível em: <h�p://fisicaantoniovaladares.blogspot.
saros, que não estão presas à Terra, pareceriam com/2011/06/tiras-de-humor-envolvendo-as-leis-de.
estar sempre se movendo do leste para o oeste, html>. Acesso em: 21 set. 2018.

191
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A ordem dada por Garfield está diretamente li- b) Quando um tenista acerta uma bola com sua
gada a concepção da raquete, exerce nela uma força de mesma di-
a) inércia reção e intensidade da que a bola exerce na
b) gravidade raquete, mas de sentido oposto.
c) aceleração c) Em uma colisão entre duas bolas de bilhar, a
d) força de atrito quantidade de movimento do sistema formado
e) ação e reação por elas imediatamente depois da colisão é
igual à quantidade de movimento do sistema
imediatamente antes da colisão.
07. (CEFET MG/2015) A imagem mostra um garoto d) Em um sistema de corpos onde forças não
sobre um skate em movimento com velocidade conservativas não realizam trabalho, só pode
constante que, em seguida, choca-se com um ocorrer transformação de energia potencial
obstáculo e cai. em cinética ou de energia cinética em poten-
cial.
e) Se a força resultante que atua sobre um carri-
nho de supermercado enquanto ele se move
tiver sua intensidade dobrada, a aceleração
imposta a ele também terá sua intensidade
dobrada.
A queda do garoto justifica-se devido à(ao)
a) princípio da inércia. 09. (IF-GO) Um nadador, conforme mostrado na fi-
b) ação de uma força externa. gura, imprime uma força com as mãos na água
c) princípio da ação e reação. (F1) trazendo-a na direção de seu tórax. A água,
d) força de atrito exercida pelo obstáculo. por sua vez, imprime uma força no nadador (F2)
para que ele se mova para frente durante o nado.
08. (Unicastelo SP/2014)

Assinale a resposta correta:


a) Esse princípio obedece à Lei da Inércia, uma
vez que o nadador permanece em seu estado
de movimento.
b) Obedecendo à Lei da Ação e Reação, o nadador
imprime uma força na água para trás e a água,
por sua vez, empurra-o para frente.
c) O nadador puxa a água e a água empurra o na-
dador, obedecendo à Lei das Forças (segunda
(Bill Wa�erson. Calvin e Haroldo.) Lei de Newton).
d) Nesse caso, é o nadador que puxa seu corpo,
Assinale a alternativa que contém um exemplo aplicando uma força nele próprio para se mo-
de aplicação da Primeira Lei de Newton. vimentar sobre a água.
a) Um livro apoiado sobre uma mesa horizontal e) O nadador poderá mover-se, pois a força que
é empurrado horizontalmente para a direita ele aplica na água é maior do que a resultante
com uma força de mesma intensidade da força das forças que a água aplica sobre ele.
de atrito que atua sobre ele, mantendo-o em
movimento retilíneo e uniforme.

192
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Força Peso 11. (UNIFOR CE/2015) Ao chegar no consultório mé-
dico, a paciente Gabrielle é orientada pela aten-
É a força com que a Terra atrai um corpo. A massa dente a fazer algumas medidas prévias, como
de um corpo, por sua vez, é constante, ou seja, não altura e peso. Após aferir sua altura, ela é levada
varia. Podemos encontrar o valor da força peso por até uma balança digital colocada no piso do con-
meio da fórmula: sultório. Antes a jovem Gabrielle observou que o
mostrador da balança marcava 0,00 kg. Ao subir
no dispositivo de medição de massa, verificou a
leitura de 45,80 kg. Ao descer zerou o mostrador.
Sendo a aceleração da gravidade g = 9,8m/s² ≅ A razão destas duas leituras deu-se pela força:
10m/s² a) Peso.
Uma unidade muito utilizada pela indústria, prin- b) Normal.
cipalmente quando tratamos de força peso, que é o c) Tração.
kilograma-força, que por definição é: d) Elástica.
1kgf é o peso de um corpo de massa 1kg subme- e) Centrípeta.
tido a aceleração da gravidade de 9,8m/s².
12. (IFGO/2014) Um corpo de massa 20 kg é colocado
Força Normal sobre uma mesa plana e horizontal em um local
onde a aceleração da gravidade tem magnitu-
É uma força de contato que possui as seguintes de de 10 m.s–2 e permanece em repouso. Sendo
características: sobre ele aplicada uma força F , cuja direção é
1º) é perpendicular a super�cie de contato vertical e de sentido para cima, então podemos
2º) possui sentido na direção da super�cie para afirmar corretamente sobre essa situação que:
o corpo. a) o peso desse corpo é de 20 kg.
b) a magnitude da força normal

será menor do
ATIVIDADES que 150 N, caso a força F tenha intensidade
superior a 50 N.
10. (FIEB SP/2016) Sobre uma mesa, plana e hori- c) a força peso e a força normal formam um par
zontal, o computador, em repouso, fica sujeito de ação e reação, em conformidade com a ter-

à ação de duas forças verticais, a força peso P , ceira lei de Newton.
 d) a magnitude da força normal será maior do
exercida pela Terra, e a força normal N , exercida que a da força peso,independentemente da
pela mesa. magnitude da força F .
e) a magnitude da força que a mesa aplica sobre
o corpo será tanto menor

quanto menor for a
magnitude da força F .

13. (UFPel RS/2014) “Em muitos momentos histó-


ricos, os pensadores se aproximam da natureza
com o objetivo de compreender as partes para
entender o todo, não só em suas funções, mas
também em seu significado. A natureza, por sua
vez, parecia responder a essas indagações de
forma bastante „racional‟ – como as peças de
um relógio, que se encaixam perfeitamente e ga-
(h�p://partilho.com.br/author/marcosmcl/page/7/. rantem a contagem precisa do passar do tempo.
Adaptado)
Como a grande maioria das coisas que acontecem
ao nosso redor é baseada em leis, definições e
Essas duas forças têm intensidades corolários, podemos transpor que aquilo que ob-
a) iguais, não nulas e constituem um par ação- servamos está de acordo com as leis de Newton.”.
-reação. Máximo & Alvarenga – 1a edição – São Paulo, 2014.
b) diferentes e constituem um par ação-reação.
c) iguais, não nulas e não constituem um par Considerando as Leis de Newton, analise as afir-
ação-reação. mativas abaixo.
d) diferentes e não constituem um par ação-re- I. Pela primeira lei de Newton, afirmamos que se
ação. nenhuma força atua sobre um corpo, ele estará
e) iguais a zero e constituem um par ação-reação. em equilíbrio, ou seja, repouso.

193
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
II. A aceleração adquirida por um corpo é direta- II. A tração que sustenta o lustre, aplicada no
mente proporcional à resultante das forças que ponto em que o lustre se prende ao fio.
atuam sobre ele, e tem a mesma direção e o mes- III. A tração exercida pelo fio no teto da sala, apli-
mo sentido dessa força. cada no ponto em que o fio se prende ao teto.
III. As forças do par ação e reação têm mesmo IV. A força que o teto exerce no fio, aplicada no
módulo, mesma direção e sentidos opostos. Não ponto em que o fio se prende ao teto.
se equilibram porque atuam em corpos diferen-
tes. Dessas forças, quais configuram um par ação-re-
IV. As forças que atuam sobre um corpo, quando ação, de acordo com a Terceira Lei de Newton?
ele está em repouso sobre uma super�cie hori- a) I e II.
zontal, são o peso e a normal, que formam um b) II e III.
par de ação e reação. c) III e IV.
d) I e III.
Estão corretas e) II e IV.
a) apenas a I e a II.
b) apenas a I e a IV.
c) apenas a II e a III. Força de Tração
d) apenas a III e a IV.
e) apenas a II, a III e a IV. É a força exercida por meio de fios, correntes,
cordas etc.
14. (UEA AM/2014) Ao ser colocado sobre uma Podemos medir a tração em qualquer ponto de
mesa, um livro permanece em repouso, o que uma corda por meio de um dinamômetro. O dina-
significa que a força resultante sobre ele é nula. mômetro é um aparelho utilizado para medir força.
A força que forma o par ação-reação com a força
peso do livro é a força
a) gravitacional exercida pelo livro sobre a Terra.
b) gravitacional exercida pela Terra sobre o livro.
c) de apoio exercida pelo livro sobre a mesa.
d) de apoio exercida pela mesa sobre o livro.
e) de apoio exercida pelo piso sobre a mesa.

15. (PUC RJ/2013) Um objeto de 3,10 kg é liberado


por um astronauta, a partir do repouso, e cai em
direção à super�cie do planeta Marte.
Calcule a força peso em Newtons atuando sobre
o objeto, expressando o resultado com o número
de algarismos significativos apropriado. 17. Sobre um corpo de massa igual a 20 kg atuam
Considere a aceleração da gravidade gMarte = 3,69 duas forças de mesma direção e sentidos opostos
m/s2 que correspondem a 60 N e 20 N. Determine a
a) 31,0 aceleração em que esse objeto movimenta-se.
b) 11,439 a) 1 m/s2
c) 11,44 b) 2 m/s2
d) 11,4 c) 4 m/s2
e) 6,79 d) 6 m/s2
e) 8 m/s2
16. (UNIFESP SP/2008) Na figura está representado
um lustre pendurado no teto de uma sala. 18. Duas forças de 30 N e 40 N atuam perpendicu-
larmente sobre um corpo de 20 kg. A aceleração
obtida por esse corpo após a aplicação das forças
é de:
a) 5,0 m/s².
b) 1,5 m/s².
c) 2,5 m/s².
d) 3,0 m/s².
Nessa situação, considere as seguintes forças:
I. O peso do lustre, exercido pela Terra, aplicado 19. (UFRGS/2019) Na figura abaixo, duas forças de
no centro de gravidade do lustre. intensidade FA = 20 N e FB = 50 N são aplicadas,

194
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
respectivamente, a dois blocos A e B, de mesma 21. (Fac. Santo Agostinho BA/2018) Uma pessoa de
massa m, que se encontram sobre uma super�cie massa M sobe numa balança que está dentro
horizontal sem atrito. A força FB forma um ângulo de um elevador em repouso. A balança registra
θ com a horizontal, sendo sen θ = 0,6 e cos θ = 0,8 . o módulo P0 do peso dessa pessoa. O elevador
sobe com aceleração de módulo a, e o módulo do
peso registrado é Ps (Figura A). O elevador então
diminui a velocidade, para e, em seguida, inicia
a descida com aceleração de mesmo módulo a
(Figura B), momento em que a balança registra
o módulo Pd do peso da pessoa. O módulo da
A razão aB/aA entre os módulos das acelerações aceleração da gravidade no local é g.
aB e aA, adquiridas pelos respectivos blocos B e
A, é igual a
a) 0,25.
b) 1.
c) 2.
d) 2,5.
e) 4.

20. (UEG GO/2019) Pedro, ao se encontrar com João


no elevador, inicia uma conversa, conforme a
É CORRETO afirmar que:
charge a seguir.
a) P0 = Ps = Pd.
b) P0 > Ps, P0 < Pd.
c) P0 < Ps, P0 = Pd.
d) P0 < Ps, P0 > Pd.

22. Uma motocicleta de 500 kg encontra-se em re-


pouso e passa a acelerar a uma taxa constante
de 0,2 m/s², durante um intervalo de tempo de
5,0 segundos. Determine a intensidade da força
exercida sobre essa motocicleta.
a) 250 N
b) 2500 N
c) 100 n
d) 100 N
e) 25 N

23. Qual a massa de um bloco puxado por um carro


com força de 1500 N que adquire aceleração de
Disponível em: <h�ps://pbs.twimg.com/media/DsFho_ 10 m/s2?
cWoAElwkl.jpg>. Acesso em: 05 abr. 2019. (Adaptado). a) 1500 kg
b) 15 kg
De acordo com as informações da charge, verifi- c) 1,5 kg
ca-se que João d) 150 kg
a) mudará sua massa no movimento ascendente e) 0,15 kg
do elevador.
b) diminuirá seu peso quando o elevador descer 24. Uma família está fazendo sua mudança e precisou
acelerado. mover uma caixa de massa 40 kg para dentro
c) terá seu peso inalterado pelo movimento ace- do caminhão. Ela foi movida por seus dois filhos
lerado do elevador. simultaneamente, sendo que o primeiro aplicou
d) terá o peso indicado pela balança quando o uma força de 60 N e o segundo aplicou uma força
elevador estiver parado. de 20 N. Assim, encontre o valor da força resul-
e) aumentará sua massa quando o elevador es- tante e a aceleração da caixa.
tiver subindo acelerado. a) 1 m/s2
b) 2 m/s²
c) 3 m/s²

195
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
d) 4 m/s² d) O pote representado pela figura 2 irá acelerar
e) 5 m/s² no sentido do eixo positivo de x.

25. (UniRV GO/2018) A figura mostra duas forças 27. (FCM PB/2017) Qual a intensidade da Força F,
atuando sobre uma caixa que desliza com velo- representada na figura abaixo, se ela produz uma
cidade constante sobre uma super�cie sem atrito. aceleração de 5 m/s2?
De acordo com seus conhecimentos sobre força
resultante e movimento, julgue as afirmativas a
seguir em V para verdadeiras ou F para falsas.

a) 6 N
b) 0,16 N
c) 1,6 N
d) 0,6 N
e) 150 N
 
a) Se F1 = 100 N e F2 = 50 N , podemos afirmar que
28. (Mackenzie SP/2017) Quando o astronauta Neil
o ângulo .
Armstrong desceu do módulo lunar e pisou na
 
b) Se F1 = 100 N e F2 = 50 N , podemos afirmar que Lua, em 20 de julho de 1969, a sua massa total, in-
o ângulo . cluindo seu corpo, trajes especiais e equipamento
 de sobrevivência era de aproximadamente 300
c) Se reduzirmos o ângulo θ de F1 sem alterar- kg. O campo gravitacional lunar é, aproximada-
mos seu módulo, para mantermos a caixa des- mente, 1/6 do campo gravitacional terrestre. Se
lizando com velocidade constante, devemos a aceleração da gravidade na Terra é aproxima-
aumentar o módulo de θ . damente 10,0 m/s2, podemos afirmar que
 a) a massa total de Armstrong na Lua é de 300
d) Se reduzirmos o ângulo θ de F1 sem alterar-
kg e seu peso é 500 N.
mos seu módulo, para mantermos a caixa des-
b) a massa total de Armstrong na Terra é de 50,0
lizando com velocidade constante, devemos
 kg e seu peso é 3000 N.
diminuir o módulo de F2 . c) a massa total de Armstrong na Terra é de 300
kg e seu peso é 500 N.
26. (UniRV GO/2018) Dois potes de bolachas foram d) a massa total de Armstrong na Lua é de 50,0
colocados sobre uma mesa plana, onde um plano kg e seu peso é 3000 N.
cartesiano pode ser traçado. As figuras abaixo e) o peso de Armstrong na Lua e na Terra são
mostram forças horizontais que atuam nos dois iguais.
potes. Em relação à segunda lei de Newton e às
figuras, julgue as afirmativas a seguir em V para Força de Atrito
verdadeiras ou F para falsas.

É isto que caracteriza a força de atrito:


• Se opõe ao movimento;
• Depende da natureza e da rugosidade da su-
a) O pote representado pela figura 1 não irá ace-
per�cie (coeficiente de atrito);
lerar.
b) O pote representado pela figura 2 não irá ace-
lerar.
c) O pote representado pela figura 1 irá acelerar
no sentido do eixo positivo de y.

196
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Então:

Comparação entre os coeficientes de atrito es-


tático e dinâmico.

• É proporcional à força normal de cada corpo;


• Transforma a energia cinética do corpo em ou-
tro tipo de energia que é liberada ao meio.

A força de atrito é calculada pela seguinte relação:

Onde:
μ: coeficiente de atrito (adimensional) ATIVIDADES
N: Força normal (N)
29. (ENEM) Os freios ABS são uma importante medi-
Atrito Estático e Dinâmico da de segurança no trânsito, os quais funcionam
para impedir o travamento das rodas do carro
Devemos diferenciar dois tipos de atrito de acordo quando o sistema de freios é acionado, liberando
com o estado de movimento ou repouso. Para corpos as rodas quando estão no limiar do deslizamento.
em repouso dizemos que um corpo poderá sofrer ação Quando as rodas travam, a força de frenagem é
de uma força de atrito estático e para um corpo em governada pelo atrito cinético.
movimento uma força de atrito cinética ou dinâmica. As representações esquemáticas da força de
atrito fat entre os pneus e a pista, em função da
Atrito Estático pressão p aplicada no pedal de freio, para carros
É o atrito para corpos que permanecem em re- sem ABS e com ABS, respectivamente, são:
pouso.
A força de atrito estático máxima é igual a força
mínima necessária para iniciar o movimento de um
corpo.
Quando um corpo não está em movimento a força
da atrito deve ser maior que a força aplicada, neste
caso, é usado no cálculo um coeficiente de atrito es-
tático: μest.

Então:

Atrito Dinâmico (ou cinético)


É aquele que atua quando há deslizamento dos
corpos.
Quando a força de atrito estático for ultrapassada
pela força aplicada ao corpo, este entrará em movi-
mento, e passaremos a considerar sua força de atrito
dinâmico.
A força de atrito dinâmico é sempre menor que a
força aplicada, no seu cálculo é utilizado o coeficiente
de atrito cinético: μdin

197
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
30. (Fatec) O bloco da figura, de massa 5 kg, move- É CORRETO afirmar que o coeficiente de atrito
-se com velocidade constante de 1,0 m/s em um estático entre a parede vertical e a super�cie do
plano horizontal, sob a ação da força F, constante bloco, necessário para mantê-lo em repouso so-
e horizontal. bre a super�cie dessa parede rugosa, é de:
Dados: Aceleração local da gravidade é de 10 m/
s2.
a) 0,8
b) 1,2
Se o coeficiente de atrito entre o bloco e o plano c) 2,1
vale 0,20 e a aceleração da gravidade, 10 m/s², d) 1,3
então o módulo da força F, em Newtons, vale: e) 0,4
a) 25
b) 20 33. (UERJ-RJ) Uma pessoa de massa igual a 80 kg
c) 15 encontra-se em repouso, em pé sobre o solo,
d) 10 pressionando perpendicularmente uma parede
e) 5 com uma força de magnitude igual a 120 N, como
mostra a ilustração a seguir.

31. (UEG GO/2018) Considere uma caixa de peso F
em repouso sobre uma super�cie horizontal, que
apresenta rugosidades. Ao aplicarmos uma força

F horizontal na caixa, essa tende a deslocá-la na
direção horizontal. O gráfico a seguir descreve a
intensidade da força de atrito fat em função do

módulo dessa força F aplicada na caixa.

A melhor representação gráfica para as distintas


forças externas que atuam sobre a pessoa está
indicada em:

Com relação aos pontos marcados no gráfico, a


caixa em
a) 1 desloca-se em movimento retilíneo unifor-
me. 34. (Fac. Santo Agostinho BA/2018) Um bloco de
 massa M1 = 10 kg, que está sobre uma mesa, é
b) 2 recebe uma força F de módulo idêntico ao
preso por um fio inextensível (não se estica) e de
ponto 1.
massa desprezível a um outro bloco de massa M2
c) 2 e 4 está submetida à mesma intensidade da
 = 2,5 kg, que está suspenso (veja a figura). O fio
força F . passa por uma polia fixa, de massa desprezível,
d) 3 encontra-se na iminência do movimento. não há atrito entre o fio e a polia. Entre o bloco
e) 4 volta à situação de movimento retilíneo uni- de massa M1 e a super�cie da mesa há atrito,
forme.
sendo o coeficiente de atrito estático µ e = 0,30
32. (UNITAU SP/2018) Uma força F de 100 newtons e o coeficiente de atrito dinâmico µ d = 0,26 . Os
atua sobre um bloco de massa de 4 quilogramas, dois blocos estão em repouso. A aceleração da
conforme a figura abaixo. gravidade no local possui módulo igual a 10 m/
s 2.

198
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
É CORRETO afirmar que o módulo da força de 36. (UECE/2017) O caminhar humano, de modo sim-
atrito que atua sobre o bloco de massa M1 é plificado, acontece pela ação de três forças sobre
igual a o corpo: peso, normal e atrito com o solo. De
a) 30 N. modo simplificado, as forças peso e atrito sobre
b) 25 N. o corpo são, respectivamente,
c) 35 N. a) vertical para cima e horizontal com sentido
d) 26 N. contrário ao deslocamento.
b) vertical para cima e horizontal com mesmo
35. (UNESP/2017) Na linha de produção de uma fábri- sentido do deslocamento.
ca, uma esteira rolante movimenta-se no sentido c) vertical para baixo e horizontal com mesmo
indicado na figura 1, e com velocidade constante, sentido do deslocamento.
transportando caixas de um setor a outro. Para d) vertical para baixo e horizontal com sentido
fazer uma inspeção, um funcionário detém uma contrário ao deslocamento.
das caixas, mantendo-a parada diante de si por
alguns segundos, mas ainda apoiada na esteira Gravitação
que continua rolando, conforme a figura 2.
Leis de Kepler

1ª Lei de Kepler (Lei das Órbitas): em relação a


um referencial no Sol, os planetas movimentam-se
descrevendo órbitas elípticas, ocupando o Sol um dos
focos.

2ª Lei de Kepler (Lei das Áreas): as áreas varridas


No intervalo de tempo em que a esteira conti- pelo vetor posição de um planeta em relação ao cen-
nua rolando com velocidade constante e a caixa é tro do Sol são diretamente proporcionais aos respec-
mantida parada em relação ao funcionário (figura tivos intervalos de tempo gastos.
2), a resultante das forças aplicadas pela esteira
sobre a caixa está corretamente representada na
alternativa

a)

b)

c)

d)

e)

199
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Velocidade de Lançamento horizontal com entra-


da em órbita

V = 8 km/s

Obs.: O movimento será uniforme (V = const) no


caso particular de planetas descrevendo órbitas cir-
culares.

3ª Lei de Kepler (Lei dos Períodos): para qualquer


planeta do Sistema Solar, é constante o quociente do Gráfico g x (R+h)
cubo do raio médio da órbita, R³, pelo quadrado do
período de revolução (ou translação), T², em torno
do Sol.

de Kepler

x=R+h

Lei da Gravitação Universal

G= 6,67.10-11 Nm²/kg²
Gráfico F x d Velocidade de órbita
37. (Vunesp-SP) Um astronauta flutua no interior
de uma nave em órbita em torno da Terra. lsso
ocorre porque naquela altura:
a) nao ha gravidade.
b) a nave exerce uma blindagem a atração gravi-
tacional da Terra.
c) existe vácuo.
d) o astronauta e a nave tem aceleração igual a
da gravidade, isto é, estão numa espécie de
“queda livre”.
e) o campo magnético terrestre equilibra a ação
Velocidade areolar em um ponto da Elipse gravitacional.

200
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
38. Leia com atenção completa, T, bem como o raio médio, R, da órbita
do objeto, que supostamente se desloca, com boa
aproximação, em movimento circular uniforme.
Nessa situação, considere que a força resultante,
devido ao movimento circular, é igual, em mag-
nitude, à força gravitacional que o buraco negro
exerce sobre o objeto.
A partir do conhecimento do período de rotação,
da distância média e da constante gravitacional,
G, a massa do buraco negro é:
a)

b)

c)

d)

e)

40. (ENEM)A característica que permite identificar


um planeta no céu é o seu movimento relativo
às estrelas fixas. Se observarmos a posição de um
planeta por vários dias, verificaremos que sua
posição em relação às estrelas fixas se modifica
regularmente. A figura destaca o movimento de
Considere as proposições apresentadas a seguir: Marte observado em intervalos de 10 dias, regis-
(01) Num planeta em que a aceleração da gravi- trado da Terra.
dade for menor que a da Terra, o gato Garfield
apresentara um peso menor.
(02) Num planeta em que a aceleração da gravi-
dade for menor que a da Terra, o gato Garfield
apresentara uma massa menor.
(04) Num planeta de massa maior que ada Terra,
o gato Garfield apresentara um peso maior.
(08) Num planeta de raio maior que o da Terra,
o gato Garfield apresentara um peso menor.
(16) Num planeta de massa duas vezes maior
que a da Terra e de raio duas vezes maior que o
terrestre, o gato Garfield apresentara um peso
equivalente a metade do apresentado na Terra.
(32) 0 peso do gato Garfield será o mesmo, inde-
pendentemente do planeta para onde eleva. Qual a causa da forma da trajetória do planeta
De como resposta a soma dos números associa- Marte registrada na figura?
dos as proposições corretas. A maior velocidade orbital da Terra faz com que,
em certas épocas, ela ultrapasse Marte.
39. (ENEM)Observações astronômicas indicam que a) A presença de outras estrelas faz com que sua
no centro de nossa galáxia, a Via Láctea, provavel- trajetória seja desviada por meio da atração
mente exista um buraco negro cuja massa é igual gravitacional.
a milhares de vezes a massa do Sol. Uma técnica c) A órbita de Marte, em torno do Sol, possui
simples para estimar a massa desse buraco negro uma forma elíptica mais acentuada que a dos
consiste em observar algum objeto que orbite demais planetas.
ao seu redor e medir o período de uma rotação

201
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
d) A atração gravitacional entre a Terra e Marte A respeito dos estudiosos citados no texto, é cor-
faz com que este planeta apresente uma órbita reto afirmar que
irregular em torno do Sol. a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas,
e) A proximidade de Marte com Júpiter, em al- por serem mais antigas e tradicionais.
gumas épocas do ano, faz com que a atração b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocentris-
gravitacional de Júpiter interfira em seu mo- mo inspirado no contexto político do Rei Sol.
vimento. c) Copérnico viveu em uma época em que a pes-
quisa cien�fica era livre e amplamente incen-
41. (ENEM) tivada pelas autoridades.
d) Kepler estudou o planeta Marte para atender
às necessidades de expansão econômica e
cien�fica da Alemanha.
e) Kepler apresentou uma teoria cien�fica que,
graças aos métodos aplicados, pôde ser testa-
da e generalizada.

43.

Júpiter, conhecido como o gigante gasoso, perdeu


uma das suas listras mais proeminentes, deixando
o seu hemisfério sul estranhamente vazio. Observe
a região em que a faixa sumiu, destacada pela seta.
A aparência de Júpiter é tipicamente marcada por
duas faixas escuras em sua atmosfera — uma no
hemisfério norte e outra no hemisfério sul. Como
o gás está constantemente em movimento, o de-
saparecimento da faixa no planeta relaciona-se
ao movimento das diversas camadas de nuvens
em sua atmosfera. A luz do Sol, refletida nessas
nuvens, gera a imagem que é captada pelos te-
lescópios, no espaço ou na Terra.
O desaparecimento da faixa sul pode ter sido de-
terminado por uma alteração
a) na temperatura da super�cie do planeta.
b) no formato da camada gasosa do planeta.
c) no campo gravitacional gerado pelo planeta.
d) na composição química das nuvens do planeta.
e) na densidade das nuvens que compõem o pla- Considerando o texto e as leis de Kepler, pode-se
neta. afirmar que a frase dita pelo astronauta
a) se justifica porque o tamanho do telescópio
42. (ENEM) determina a sua massa, enquanto seu pequeno
peso decorre da falta de ação da aceleração da
gravidade.
b) se justifica ao verificar que a inércia do teles-
cópio é grande comparada à dele próprio, e
que o peso do telescópio é pequeno porque
a atração gravitacional criada por sua massa
era pequena.
c) não se justifica, porque a avaliação da massa e
do peso de objetos em órbita tem por base as
leis de Kepler, que não se aplicam a satélites
artificiais.
d) não se justifica, porque a força-peso é a força
exercida pela gravidade terrestre, neste caso,

202
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
sobre o telescópio e é a responsável por man- De como resposta a soma dos números associa-
ter o próprio telescópio em órbita. dos as proposições corretas.
e) não se justifica, pois a ação da força-peso im-
plica a ação de uma força de reação contrária, 46. Considere um satélite estacionário de massa m
que não existe naquele ambiente. A massa do descrevendo uma órbita circular de centro coin-
telescópio poderia ser avaliada simplesmente cidente com o centro da Terra, admitida esférica,
pelo seu volume. com raio R. Supondo conhecidas a massa do pla-
neta M e a constante G, determine:
44. (Fuvest-SP) O gráfico da figura a seguir representa a) a que altura em relação ao solo terrestre, em
a aceleração da gravidade g da Terra em função km, encontra-se o satélite;
da distância d ao seu centro. b) a velocidade de translação ao Iongo da órbita.

UNIDADE 2

Habilidade específica
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias
e leis propostos em diferentes épocas e culturas
para comparar distintas explicações sobre o surgi-
mento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo
Considere uma situação hipotética em que o valor
com as teorias cien�ficas aceitas atualmente.
do raio RT da Terra seja diminuído para R’, sendo
R’ = 0,8RT, e em que seja mantida (uniformemen-
Objetivo de aprendizagem
te) sua massa total. Nessas condições, os valores
GO-EMCNT201B) Entender a teoria do Big Bang
aproximados das acelerações da gravidade g1 dis-
comparando com as demais hipóteses de formação
tância R’ e g2 a uma distância igual a RT do centro
do Universo em diferentes épocas e culturas para
da “Terra Hipotética” são, respectivamente:
concluir a respeito da validade de cada uma delas.

Objetivo de conhecimento
Elementos químicos e Origem do universo

Descritor Saeb
Compreender o funcionamento de instrumentos e
os métodos utilizados para a realização de obser-
vações e medidas astronômicas.
45. O astrônomo alemão Johannes Kepler apresentou
três generalizações a respeito dos movimentos
planetários em torno do Sol, conhecidas ·como 1. BIG BANG
Leis de Kepler. Fundamentado nessas leis, analise
as proposições a seguir: Para iniciarmos essa magnifica teoria vamos com-
(01) O quociente do cubo do raio médio da 6rbita preender o que aconteceu no início da formação do
pelo quadrado do período de revolução e cons- universo até hoje.
tante para qualquer planeta do Sistema Solar. Big Bang que dizer, em tradução literal, Grande
(02) Quadruplicando-se o raio media da órbita, Explosão. Pressupõem-se que em uma explosão as
o período de revolução de um planeta em torno par�culas são lançadas para longe devido ao desloca-
do Sol fica octuplica. mento do material envolvido e ao que estiver próximo
(04) Quanto mais próximo do Sol (menor raio me- a ele.
dia de órbita) gravitar um planeta, maior será seu
período de revolução.
(08) No Sistema Solar, o período de revolução dos
planetas em torno do Sol cresce de Mercúrio para
Netuno.
(16) Quando a Terra estação mais próxima do Sol
(região do periélio), a estação predominante no
planeta é o verão.

203
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Fonte: h�ps://www.todoestudo.com.br/fisica/big-bang . Acesso em: 10/03/23.

Mas o que nos levou a acreditar que o Universo, sofreu uma explosão?

“Estamos acostumados com a ideia de que eventos são causados por eventos anteriores, que, por
sua vez, são causados por eventos ainda mais remotos. Uma cadeia de causalidade estende-se pelo
passado. Mas suponha que essa cadeia tenha um início. Suponha que houve um primeiro evento. O
que o causou?” (Stephen Hawking, O Universo numa casca de noz, p.79)

Como concluímos que o universo expandiu?

Com a analise do efeito doppler foi possível compreender as alterações na percepção de uma onda, seja
a luz ou o som, quando esta se aproxima ou se afasta de nós.

Fonte: h�ps://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-efeito-doppler.htm

204
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Quando uma onda sonora é emitida de uma fonte que se aproxima de uma pessoa parada ouvimos um
som mais agudo (alta frequência), quando da fonte se afasta de uma pessoa parada percebemos essa onda
mais grave.
O mesmo ocorre com a luz, contudo, luz não é uma onda sonora, logo não ouvimos, mas podemos perceber
a mudança de cor quando uma onda de luz é emitida por uma fonte que se afasta ou se aproxima. Como as
cores são determinadas pelas frequências, ao alterar a frequência será alterado a cor.

Fonte: h�ps://brasilescola.uol.com.br/fisica/espectro-eletromagnetico.htm

Observe que os extremos são as cores vermelho e azul, e que temos ondas maiores para o vermelho e
menores para o azul. O tamanho da onda, chamada de comprimento de onda, é inversamente proporcional a
frequência, ou seja, quanto maior a frequência menor o comprimento de onda e quanto menor a frequência
maior o comprimento de onda. Podemos, agora, apresentar os valores de frequência e comprimento de onda.

Vamos perceber primeiramente que 625-740 nm é o maior comprimento de onda que nossa visão consegue
perceber, para este comprimento de onda temos a menor frequência que nossos olhos percebem que vai de
480-405Hz e equivale a cor vermelha. Da mesma forma percebemos o comprimento de onda de 380-440 nm
que possui frequência de 790-680Hz, conforme falamos anteriormente: quanto maior a frequência menor o
comprimento de onda e quanto menor a frequência maior o comprimento de onda. Observe que a separação
entre as cores é sutil, por isso chamamos de con�nuo o que apresentamos no espectro.
Mas como o efeito doppler se aplica na astro�sica? Como este efeito nos ajuda a compreender que houve
um Big Bang e que estamos até hoje em expansão?

205
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Fonte: h�ps://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-sabemos-que-o-universo-esta-se-expandindo/

Ao afastar, uma galáxia emite luz branca, contudo, por estar se afastando o comprimento de onda se alonga
na escala dos nanômetros (10-9m) e tende a cor para o vermelho.
Ao aproximar, uma galáxia emite luz branca, contudo, por estar se aproximando o comprimento de onda
se comprime na escala dos nanômetros (10-9m) e tende a cor para o vermelho.
Desta forma pode-se saber quais as galáxias que se aproximam de nós e quais se afastam. O curioso é que
a grande maioria está se afastando.
O �sico Edwin Hubble (1989 - 1953), descobriu em 1929, analisando a luz de outras galáxias que quanto mais
longe de nós, mais rapidamente as galáxias se afastavam. Tal descoberta ficou conhecida como Lei de Hubble.

UNIDADE 3

Habilidade específica
EM13CNT209) Analisar a evolução estelar associando-a aos modelos de origem e distribuição dos elementos
químicos no Universo, compreendendo suas relações com as condições necessárias ao surgimento de siste-
mas solares e planetários, suas estruturas e composições e as possibilidades de existência de vida, utilizando
representações e simulações, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como so�wares de
simulação e de realidade virtual, entre outros).

Objetivo de aprendizagem
(GO-EMCNT209B) Explicar a formação do sistema solar, considerando a composição química, �sica e bioló-
gica e estrutura de seus planetas para verificar as possibilidades de condições de existência de vida como
a conhecemos.

Objetivos de conhecimento
Sistema Solar Astrobiologia

Descritor Saeb
Compreender a emissão de radiação com base nos modelos atômicos.

206
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
1. Sistema Solar

Na unidade 1 começamos a estudar o Sol, seus planetas e movimentos, contudo na unidade 2 observamos
que o universo está em expansão, logo será que nosso Sol está parado?

Fonte: h�ps://www.youtube.com/watch?v=LA_UqH7IwOg

Para termos uma ideia, a Terra tem pelo menos 16 tipos de movimentos, cada um dos plantas do nosso
sistema, assim como o Sol, terão movimentos específicos, contudo, mantendo suas trajetórias relativamente
estáveis.
Vamos compreender a características �sica dos planetas

207
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Composição das atmosferas dos planetas

Fonte: h�ps://web.facebook.com/universointerestelarphysic/photos/a.406002966487434/574116499676079/?type=3&_rdc=1&_rdr

Campo Magnético dos Planetas

Fonte: h�ps://astronomianowhats.wordpress.com/2014/11/19/campo-magnetico-de-outros-planetas-tema-de-hoje/

208
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
QUÍMICA A tomus
Sem divisão
CAPÍTULO 1
MODELOS ATÔMICOS Suas ideias não se propagaram porque outro filó-
sofo, mais influente na época, Aristóteles acreditava
na teoria dos 4 elementos:
Habilidade específica
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias Aristóteles
e leis propostos em diferentes épocas e culturas
para comparar distintas explicações sobre o surgi-
mento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo
com as teorias cien�ficas aceitas atualmente.

Objetivos de aprendizagem
(GO-EMCNT201C) Analisar os diferentes modelos
moleculares (Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr)
de diferentes épocas e culturas, descrevendo as
características gerais dos compostos orgânicos para
discutir a presença do conhecimento químico na Terra Fogo Água Ar
cultura humana.
(GO-EMCNT201D) Utilizar conhecimentos acerca
de modelos atômicos (Dalton, Thomson, Ruther-
ford e Bohr), comparando qualitativamente cada
um deles para propor explicações sobre a consti-
tuição da matéria e origem do Universo.

Objetos de conhecimento
• Evolução dos modelos atômicos.
• O modelo atômico de Bohr.
• Os subníveis.

Descritores Saeb
• D7 - Caracterizar os modelos atômicos de Dalton,
Semente séculos depois, na Inglaterra, as ideias
Thomson, Rutherford-Bohr e estabelecer compa-
de Leucipo e Demócrito seriam retomadas.
rações entre eles. (O).

John Dalton (1803)


MODELOS ATÔMICOS Nasceu na Inglaterra,
em 1766 e faleceu
A ideia de átomo surge aproximadamente 400 em 1844. Seu maior
anos antes de Cristo com os filósofos gregos Leucipo legado foi o desenvol-
e Demócrito. vimento da primeira
teoria atômica, rela-
Leucipo Demócrito cionando seus estu-
dos com os trabalhos
de Lavoisier.
Seu modelo:
É conhecido como
“Modelo da bola de
bilhar”.
O átomo seria uma es-
fera maciça, indivisível
e impenetrável.
Segundo eles, por observação da natureza, toda Não há nenhuma ideia
matéria seria formada por par�culas muito pequenas de cargas elétricas
indivisíveis. Dai surge o nome átomo. Em grego:

209
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Seu modelo foi proposto com base em experimen- Testando o modelo de Thomson, um novo modelo
tos cien�ficos e tem como fundamentos os seguintes acabou sendo proposto pelo seu aluno.
postulados*:
Ernest Rutherford (1911)
POSTULADOS DE DALTON:
Nasceu na Inglater-
I. Toda matéria é formada por átomos.
ra, em 1871 e fale-
II.Átomos de mesmo elemento são idênticos.
ceu em 1937. Foi
III.Compostos são a combinação de dois ou mais
aluno de Thomson
átomos diferentes.
e, através de expe-
IV.Reações são rearranjos de átomos.
rimentos com finas
Tudo que forma nosso universo pode ser dividido
folhas de ouro, pro-
em uma dessas definições:
pôs um novo mode-
Postulado*: afirmação ou fato admitido sem ne-
lo, diferente de seu
cessidade de demonstração.
professor.
Seu modelo continha falhas e um novo modelo Seu modelo:
surgiu. É conhecido como
“Modelo do átomo
nucleado”.
J. J. Thomson (1897)
O átomo seria forma-
Nasceu na Inglaterra, do por um núcleo pe-
em 1856 e faleceu em queno, denso e posi-
1940. Baseado em ex- tivo ao redor do qual
perimentos com cargas girariam os elétrons
elétricas, concluiu que o de carga negativa,
átomo não era uma es- em algum lugar na
fera indivisível, e que os eletrosfera.
raios catódicos eram, na
realidade, os elétrons. Para propor tal modelo, Rutherford utilizou as
Seu modelo: conclusões retiradas da observação do Experimento
É conhecido como “Pu- da lâmina de ouro.
dim de passas”, que con-
siderava que o átomo se-
ria uma esfera de carga
elétrica positiva, com elé-
trons distribuídos, geran-
do um equilíbrio elétrico.

Seu modelo foi proposto com base em experi-


mentos cien�ficos com as Ampolas de Crookes e le-
varam à descoberta do elétron, derrubando assim a
ideia de que o átomo seria uma par�cula indivisível.
É importante lembrar que Thomson é considerado o
Observação Conclusão
descobridor do elétron.
1. A maior parte das Deve haver um grande
par�culas α (que são espaço vazio no átomo
Ampolas de Crookes matéria) atravessa por onde as par�culas
a lâmina sem sofrer atravessaram: essa
desvio. parte é a eletrosfera
2. Poucas par�culas se Há uma parte do áto-
chocaram com algo mo que possui massa,
maciço e não atraves- porém essa parte é
saram a lâmina. muito pequena.

210
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
3. Algumas par�culas A parte maciça é den-
α, que já se sabia sa e positiva, uma
que eram positivas, vez que as par�culas
sofreram um desvio α, também positivas,
significativo em sua sofreram repulsão ao
trajetória ao atraves- passar próximo do
sar a lâmina. núcleo e acabaram se
desviando.

Rutherford pode concluir que o núcleo é de 10 James Chadwick (1932)


mil a 100 mil vezes menor que o átomo (104 a 105 Nasceu na Ingla-
vezes menor). terra, em 1891 e
Não conseguindo explicar algumas observações faleceu em 1974.
que não se alinhavam com os conceitos do eletro- Trabalhou com Ru-
magnetismo, o modelo de Rutherford foi melhorado. therford. Através de
experimentos com
Niels Bohr (1913) par�culas α chocan-
do-se contra uma
Nasceu na Dinamar-
amostra de Berílio,
ca, em 1875 e fale-
conseguiu provar a
ceu em 1962. Traba-
existência dos nêu-
lhou com Thomson e
trons.
Rutherford. Através
das análises dos es-
O ÁTOMO
pectros de emissão
de luz do átomo de
hidrogênio, propôs
seu modelo.
Seu modelo:

É conhecido como
“Modelo do sistema
planetário”.
O átomo seria forma-
do por um núcleo pe-
queno, denso e posi-
tivo ao redor do qual
girariam os elétrons
em níveis de energia
quantizados.

POSTULADOS DE BOHR
1. Os elétrons giram ao redor do núcleo em níveis
de energia quantizados.
2. Os elétrons não podem ocupar o espaço entre
um nível e outro.
3. Quando um elétron absorve energia, ele salta
de um nível de energia menor (mais interno) para
um de energia maior (mais externo e mais distante
do núcleo). QUADRO COMPARATIVO
4. Ao retornar para um nível mais interno, emite
a energia na forma de luz. Par�cula Carga Massa Representação
Próton +1 1u 1
1
p
Os postulados 3 e 4 dizem respeito ao salto ele- Nêutron 0 1u 0
1
n
trônico ou salto quântico. Elétron –1 (1/1840) u –1
0
e ou e–

211
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividades (D) 4 - 1 - 5 - 3 - 2
(E) 4 - 5 - 2 - 1 – 3
Atividade 01 –
Atividade 04 –
(UCDB-MT)No modelo atômico de Rutherford, os (UFU-MG) Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr são
átomos são constituídos por um núcleo com car- cientistas que contribuíram, significativamente, para
ga..........................., onde ........................ estaria con- o desenvolvimento da teoria atômica. Em relação à
centrada. Ao redor do núcleo estariam distribuídos estrutura atômica, assinale com (V) a(s) alternativa(s)
ao .................... . verdadeira(s) e com (F) a(s) falsa(s).
A alternativa que completa corretamente a frase é: 1. ( ) Dalton postulou, baseado em evidências expe-
(A) negativa – toda massa – elétrons. rimentais, que o átomo era uma “bolinha” extrema-
(B) positiva – metade da massa – elétrons. mente pequena, maciça e indivisível. 2. ( ) Os resulta-
(C) positiva – toda a massa – elétrons. dos dos experimentos de descargas elétricas e gases
(D) negativa – toda a massa – nêutrons. rarefeitos permitiram a Thomson propor um modelo
(E) positiva – toda a massa – nêutrons. atômico constituído de cargas negativas e positivas.
3. ( ) Experimentos de bombardeamento de uma placa
Atividade 02 – de ouro com par�culas α levaram Rutherford a propor
(UFSC) A palavra átomo é originária do grego e signi- um modelo atômico em que o átomo era constituído
fica indivisível, ou seja, segundo os filósofos gregos, de um núcleo e uma eletrosfera de iguais tamanhos.
o átomo seria a menor par�cula da matéria que não 4. ( ) A interpretação dos estudos com espectros do
poderia ser mais dividida. Atualmente, essa ideia não hidrogênio levou Bohr a propor que o átomo possui
é mais aceita. órbitas definidas por determinadas energias.
A respeito dos átomos, é verdadeiro afirmar que: 5. ( ) No modelo atômico de Bohr, os diversos estados
01. não podem ser desintegrados. energéticos, para os elétrons, foram chamados cama-
02. são formados por, pelo menos, três par�culas das ou níveis de energia.
fundamentais.
04. possuem par�culas positivas denominadas elé- Atividade 05 –
trons. O átomo de Rutherford (1911) foi comparado com o
08. apresentam duas regiões distintas, o núcleo e a sistema planetário:
eletrosfera. Eletrosfera é a região do átomo que:
16. apresentam elétrons, cuja carga elétrica é nega- (A) contém as par�culas de carga elétrica negativa.
tiva. (B) contém a par�cula de carga elétrica positiva. c)
32. contêm par�culas sem carga elétrica, os nêutrons. contém nêutrons.
O somatório das afirmativas verdadeiras é: (C) concentra praticamente toda massa do átomo.
(A) 56 (D) contém prótons e nêutrons.
(B) 58
(C) 62 PRIMEIRA ATIVIDADE PARA
(D) 63 O PORTFÓLIO DO BIMESTRE.

Atividade 03 – Esta atividade será realizada em pequenos grupos,


(PUC-RS) Dados modelos atômicos: cada grupo construirá um modelo dos modelos atô-
1. Átomo como par�cula descon�nua com eletrosfera micos estudados. A escolha dos modelos pode ser
dividida em níveis de energia. feita através de sorteios. Use a criatividade. Depois
2. Átomo como par�cula maciça indivisível e indes- de pronto, cada grupo irá socializar com a turma
tru�vel. seu modelo, apresentando seu teórico e as suas
3. Átomo como modelo probabilístico sem precisão características. Após a socialização pendure-os pela
espacial na localização do elétron. sala de aula.
4. Átomo como par�cula maciça com carga positiva
incrustada de elétrons. Bibliografia consultada:
5. Átomo formado por núcleo positivo com elétrons USBERCO, João; SALVADOR, Edgard; BENABOU, Joseph
girando ao seu redor na eletrosfera. Elias. Química e aparência. São Paulo: ed. Saraiva,
A alternativa que corresponde cronologicamente à 2004.
evolução do modelo atômico é
(A) 2 - 4 - 1 - 3 - 5 Professor Agamenom Roberto- Química- 2007. Dispo-
(B) 2 - 4 - 5 - 1 – 3 nível em: h�p://agamenonquimica.com/index.html.
(C) 3 - 1 - 5 - 4 - 2 Acesso em: 14 de mar. De 2023.

212
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 2 Matematicamente:
ESTRUTURA DO ÁTOMO

Habilidade específica
(EM13CNT103) Utilizar o conhecimento sobre as Representação:
radiações e suas origens para avaliar as potenciali-
dades e os riscos de sua aplicação em equipamen- Exemplos:
tos de uso cotidiano, na saúde, no ambiente, na
indústria, na agricultura e na geração de energia
elétrica. c. Número de nêutrons (N): indica a quantidade
de nêutrons que um átomo possui em seu núcleo.
Objetivo de aprendizagem
(GO-EMCNT103I) Diferenciar os modelos atômicos Matematicamente:
de Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr, descre-
vendo os níveis e subníveis de átomos e íons para
realizar a distribuição eletrônica de átomos e íons.

Objeto de conhecimento Exemplos:


• Estrutura do átomo

Descritor Saeb
• D8 – Reconhecer que o conceito de elemento d. Número de elétrons (e–): indica a quantidade
químico diz respeito ao número atômico, indepen- de elétrons que um átomo possui em sua eletrosfera.
dentemente de a espécie considerada possuir ou
não carga elétrica. D1. Para átomos neutros: o número de elétrons é
• (B) D9 – Representar, de acordo com as normas igual ao número atômico.
da IUPAC, um átomo qualquer a partir do seu sím-
bolo e das seguintes grandezas: número de massa,
número atômico, evitando, porém, a utilização de
exemplos hipotéticos do tipo: X, Y, Z, etc. (B) d2. Para íons:
• D10- Distribuir os elétrons dos átomos neutros e
íons (somente dos elementos representativos) de
acordo com o modelo de Rutherford- Bohr (cama-
das – K, L..). (B)

PARTÍCULAS FUNDAMENTAIS

Para designar as par�culas fundamentais do áto-


mo, alguns termos são designados:

d. Número atômico (Z): indica a quantidade de


prótons que um átomo possui. É o número atômico
que caracteriza um elemento químico.
Atividades
Deve ser representado do lado esquerdo na parte
Atividade 01 –
inferior do símbolo.
Indique o número de prótons, nêutrons e elétrons
Representação: que existem, respectivamente, no átomo de mercúrio
80
Hg200:
Exemplos: (A) 80, 80, 200.
(B) 80, 200, 80.
(C) 80, 120, 80.
(D) 200, 120, 200.
b. Número de massa (A): indica a soma dos pró-
(E) 200, 120, 80.
tons e nêutrons que um átomo possui em seu núcleo.

213
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 02 – IMPORTANTE: São do mesmo elemento químico.
Um íon de certo elemento químico, de número de
massa 85, apresenta 36 elétrons e carga +1. Qual é o
número atômico desse íon?
(A) 35.
(B) 36.
(C) 37.
(D) 49.
(E) 85. b. Isóbaros: Átomos que apresentam o mesmo
número de massa.
Atividade 03 –
O átomo de um elemento químico possui 83 prótons,
83 elétrons e 126 nêutrons. Qual é, respectivamente,
o número atômico e o número de massa desse átomo?
(A) 83 e 209.
(B) 83 e 43.
(C) 83 e 83. c. Isótonos: Átomos que apresentam o mesmo
(D) 209 e 83. número de nêutrons.
(E) 43 e 83. Matematicamente:
Atividade 04 –
(FUCMT-MT) O íon de 11²³Na+ contém:
(A) a)11 prótons, 11 elétrons e 11 nêutrons.
(B) b)10 prótons, 11 elétrons e 12 nêutrons.
(C) c)23 prótons, 10 elétrons e 12 nêutrons.
(D) d)11 prótons, 10 elétrons e 12 nêutrons.
(E) e)10 prótons, 10 elétrons e 23 nêutrons.

Atividade 05–
(Fuvest – SP) O número de elétrons do cátion X2+
d. Isoeletrônicos: Átomos que apresentam o mes-
de um elemento X é igual ao número de elétrons do
mo número de elétrons.
átomo neutro de um gás nobre. Este átomo de gás
nobre apresenta número atômico 10 e número de
massa 20. O número atômico do elemento X é:
(A) 8
(B) 10
(C) 12
(D) 18
(E) 20
Atividades
Referência
Atividade 01 –
FOGAÇA, Jennifer. Exercícios sobre número atômico e Com relação aos átomos abaixo:
número de massa. Canal do Educador UOL. Disponí-
vel em: h�ps://exercicios.mundoeducacao.uol.com.
br/exercicios-quimica/exercicios-sobre-numero-ato-
mico-numero-massa.htm#resposta-631. Acesso em
15 mar 2023. Podemos afirmar que:
(A) Y e R são isótopos.
(B) X e R são isóbaros.
RELAÇÕES ATÔMICAS (C) X e R são isótonos.
(D) X e R possuem o mesmo número de elétrons.
a. Isótopos Átomos que apresentam o mesmo (E) X e Y deveriam estar representados pelo mesmo
número atômico, ou seja, têm o mesmo número de símbolo químico.
prótons.

214
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 02 – ELETROSFERA
Considere as representações fornecidas para os áto-
mos A, B e C: Constituída por 7 níveis de energia (camada, ór-
bitas), numerados de 1 a 7 (IUPAC).
Cada nível permite um máximo de elétrons:

Sabendo que os átomos A e C são isóbaros, assinale


a alternativa que indica corretamente os números de
massa dos átomos A, B e C.
(A) 238, 238,238
(B) 235, 235, 235
(C) 235,235, 238
(D) 235, 238, 235 Os níveis são divididos em até 4 subníveis:
(E) 238, 235, 235
s, p, d, f
Atividade 03 –
(IFSP) Considere a tabela a seguir, que fornece carac- Cada subnível suporta um máximo de elétrons:
terísticas de cinco átomos (I, II, III, IV e V).

Distribuição eletrônica

Demonstra como os elétrons estão inseridos nos


níveis e subníveis do átomo.
Os elétrons são distribuídos nos níveis e subníveis,
São isótopos entre si os átomos segundo uma ordem crescente de energia descrita
(A) I e I I. num diagrama conhecido como Diagrama de Linus
(B) I I. e III. Pauling:
(C) I, I I. e III.
(D) III e IV.
(E) IV e V.

Atividade 04 –
(UCS) No organismo humano, alguns dos elemen-
tos químicos existem na forma de íons. Esses íons
desempenham um papel fundamental em vários
processos vitais, participando de reações químicas.
Os íons 11Na+ e 12Mg2+, por exemplo, estão, res-
pectivamente, envolvidos no equilíbrio eletrolítico e
no funcionamento dos nervos. Em relação aos íons
23Na+ e 24Mg2+, é correto afirmar que são
Para átomos neutros:basta seguir o diagrama de
(A) isótopos e isoeletrônicos.
Pauling na ordem das diagonais
(B) isoeletrônicos e isótonos.
(C) isótonos e isóbaros.
Fe: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6
(D) isóbaros e isótopos. 26

(E) isoeletrônicos e isóbaros.


Para íons:
Iniciar pelo átomo neutro e depois adicionar ou
REFERÊNCIA
retirar da C.V.
DIAS, Diogo Lopes. Exercícios sobre semelhanças en-
tre átomos. Canal do Educador UOL. Disponível em:
h�ps://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exer-
cicios-quimica/exercicios-sobre-semelhancas-entre-
-atomos.htm . Acesso em 15 mar 2023.

215
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
(B) 5
(C) 3
(D) 1
(E) 4

Atividade 05 –
(IFSP/2013) - O número de elétrons da camada de
valência do átomo de cálcio (Z = 20), no estado fun-
damental, é
(A) 1
(B) 2
(C) 6
(D) 8
(E) 10

Atividade 05 –
Faça a distribuição eletrônica dos seguintes elemen-
Atividades tos:
(A) 12Mg
Atividade 01 – (B) 35Br
(Mack-2003) Uma distribuição eletrônica possível para (C) 20Ca
um elemento X, que pertence à mesma família do (D) 56Ba
elemento bromo, cujo número atômico é igual a 35, é:
(A) 1s2, 2s2, 2p5 Referência
(B) 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p1
(C) 1s2, 2s2, 2p2 BATISTA, Carolina. 13 exercícios sobre distribuição
(D) 1s2, 2s2, 2p6, 3s1 eletrônica (com gabarito comentado). Toda Maté-
(E) 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d5 ria. Disponível em: 13 exercícios sobre distribuição
eletrônica (com gabarito comentado) - Toda Matéria
Atividade 02 – (todamateria.com.br). Acesso em 15 mar 2023.
O ferro é um elemento químico de número atômico
26. Na distribuição eletrônica do átomo de ferro no
estado fundamental, qual o subnível mais energético SEGUNDA ATIVIDADE PARA O PORTFÓLIO
e o subnível mais externo, respectivamente?
(A) 4s2 e 4s2 Essa atividade será realizada em conjunto. Deverão
(B) 3d6 e 4s2 construir o Diagrama de Linus Pauling de maneira
(C) 3p6 e 4s2 criativa e colocá-lo na sala. Poderão pesquisar na
(D) 3d6 e 3p6 internet e escolherem a melhor imagem. A seguir
mostrarei um modelo que também pode ser recria-
Atividade 03 – do caso gostem dele.
(UFF-2000) Conhece-se, atualmente, mais de cem ele-
mentos químicos que são, em sua maioria, elementos Modelo
naturais e, alguns poucos, sintetizados pelo homem.
Esses elementos estão reunidos na Tabela Periódica
segundo suas características e propriedades químicas.
Em particular, os Halogênios apresentam:
(A) o elétron diferenciador no antepenúltimo nível
(B) subnível f incompleto
(C) o elétron diferenciador no penúltimo nível
(D) subnível p incompleto
(E) subnível d incompleto

Atividade 04 –
(PUC) O número normal de subníveis existentes no
quarto nível energético dos átomos é igual a:
(A) 2

216
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 3 elementos químicos, prevendo as propriedades de
TABELA PERIÓDICA elementos que ainda não tinham sido descobertos.

Sua tabela:
Habilidade específica Era organizada em ordem crescente de massa
(EM13CNT104) Avaliar os bene�cios e os riscos à atômica. Continha espaços “vazios” deixados para
saúde e ao ambiente, considerando a composição, elementos ainda desconhecidos por ele, para os
a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais quais ele fazia previsões de propriedades com base
e produtos, como também o nível de exposição em periodicidade.
a eles, posicionando-se criticamente e propondo
soluções individuais e/ou coletivas para seus usos
e descartes responsáveis.

Objetivo de aprendizagem
(GO-EMCNT104A) Descrever as propriedades dos
elementos químicos, utilizando os critérios de or-
ganização destes na tabela periódica para avaliar
suas diferentes interações, utilidades e impactos
ambientais.
(GO-EMCNT104B) Identificar a composição, a toxi-
cidade e a reatividade dos objetos (metal, madeira,
vidro, plástico) que fazem parte do nosso dia a dia,
relacionando as propriedades �sicas e químicas,
com bene�cios e riscos trazidos ao ambiente por
esses materiais para propor soluções para seus usos
e descartes responsáveis.

Objeto de conhecimento
• Base da organização dos elementos.
• Propriedades periódicas e aperiódicas
Henry Moseley (1913)
Descritor Saeb
• D11 - Reconhecer que os elementos químicos
Nasceu na Inglaterra,
estão agrupados na tabela periódica de modo que
em 1887 e faleceu em
se pode prever como algumas de suas propriedades
(raio atômico, eletronegatividade, caráter metálico, combate durante a I Guerra
temperatura de fusão, temperatura de ebulição e Mundial em 1915. Sua
densidade) variam nos grupos e nos períodos. maior contribuição para a
• (O) D12 - Extrair dados a respeito dos elementos quí- evolução da classificação
micos por meio da utilização da tabela periódica. (O) periódica foi organizar a
• D13- Determinar a posição de um elemento quí- tabela através do número
mico na tabela periódica a partir de seu número atômico dos elementos.
atômico ou de sua configuração eletrônica. (B)
Sua tabela:
Era organizada em ordem crescente de número
HISTÓRICO atômico, que ele descobriu com base em espectros
de raio X. Foi graças a ele e seus estudos que a tabela
A Tabela Periódica passou por um longo processo adquiriu a forma que conhecemos hoje.
de evolução e mudanças até chegar ao que conhece-
mos hoje.

Dmitri Mendeleev (1869)

Nasceu na Rússia, em 1834


e faleceu em 1907. Seu maior
legado foi criar a primeira
versão da tabela periódica dos

217
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ORGANIZAÇÃO DA TABELA Principais famílias:

A tabela periódica está organizada em:

a. Períodos:
São as 7 linhas horizontais da tabela. Agrupam
elementos com o mesmo número de níveis energé-
ticos na eletrosfera.

20
Ca: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2
33
As: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p3

Por apresentarem o mesmo número de níveis (ca-


madas), cálcio e arsênio estarão localizados no mesmo
período (4º período).

Exemplo:
Todo elemento da família 1 (1A) reage com a água
produzindo H2(g) e calor.
Todo elemento da família 2 (2A) apresenta 2e– na
Camada de Valência.

DIVISÕES DA TABELA

a. Quanto ao subnível mais energético.

a1. Representativos: subnível mais energético s


ou p.
Antigamente, formavam os grupos “A”.
b. Famílias:
São as 18 linhas verticais da tabela, numeradas
de 1 a 18 (segundo orientação da IUPAC). Agrupam
elementos com propriedades semelhantes.

a2. Transição: subnível mais energético d ou f.


d ⇒ Transição externa
f ⇒ Transição interna
Antigamente, formavam os grupos “B”.

218
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA E TABELA PERIÓ-
DICA

A localização de um elemento na Tabela Periódica


está relacionada à sua configuração eletrônica.
- A Camada de Valência indica o período.
- O subnível mais energético pode indicar a família.

Distribuição terminada em s: elétron indica a fa-


mília.

Na: 1s2 2s2 2p6 3s1


11
Período: 3º Período
b. Quanto à classificação do elemento.
Metal: a imensa maioria dos elementos. Família: 1; metais alcalinos; (antiga família 1A)
Ametal (ou não metal): 16 elementos.
Gases nobres: 7 elementos da família 18. Distribuição terminada em p: e– p + 12 indica a
família.

S: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4


16
Período: 3º Período

Família: 16; calcogênios; (4ª família p); (antiga


família 6A)

Distribuição terminada em d: e– d + 2 indica a


família.

Fe: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6


26
Período: 4º Período

Família: 8 (6ª família d)


Obs.: o Hidrogênio não apresenta classificação.
Obs.: elementos com distribuição eletrônica ter-
c. Quanto ao estado �sico. minada em f, serão sempre da família 3.
Considerando CATP (condições ambientais de
temperatura e pressão): 25oC e 1 atm, temos:
Sólidos: a grande maioria dos elementos.
Líquidos: apenas 2 elementos
(mercúrio – Hg e bromo – Br).
Gasosos: apenas 12 elementos.

PROPRIEDADES PERIÓDICAS

São as propriedades que variam com certa regu-


laridade em função do aumento do numero atômico.

219
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Propriedade periódica Propriedade aperiódica RESUMINDO:

a. Raio atômico:

Definição: É a metade da distância entre os núcle-


os de dois átomos vizinhos, de um mesmo elemento.

Observação:
Raio iônico:
Ao ganhar ou perder elétrons, o raio do átomo
é alterado.

COMO VARIA NA TABELA? No Cátion:

- Na família: ANALOGIA:
Como exemplo, os elementos da família 1.
Imagine-se numa roda de pessoas de mãos dadas.
Aí, por algum motivo, você sai da roda. O que acon-
tecerá com ela? Ela irá diminuir devido à ausência de
uma parte da roda correto?
Ao perder elétron, torna-se menor que seu átomo
neutro.

Aumenta de Na: 1s2 2s2 2p6 3s1


11
Na+: 1s2 2s2 2p6
11

cima para
baixo devido
ao aumento
do número
de camadas.

Obs.: o hidrogênio não pertence à família 1. Na > Na+

- No período: Um cátion será sempre menor que o átomo que


Como exemplo, os elementos do período número o originou.
2.
No Ânion:

ANALOGIA:

Imagine-se que você voltou e quer entrar na roda


de pessoas. Para que você possa entrar, o que acon-
tecerá com a roda? Ela irá aumentar devido à sua
entrada na roda, correto?
Ao receber elétron, torna-se maior que seu átomo
Aumenta da direita para a esquerda devido à dimi- neutro.
nuição da atração núcleo-eletrosfera. A diminuição da
carga nuclear (nº de prótons) faz com que o núcleo te-
nha menos força para atrair pra dentro sua eletrosfera.

220
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

S: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 S2–: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 sucessivamente. Isso ocorre porque ao perder um
16 16
elétron (e tornar-se um cátion) o átomo fica menor e
seus elétrons se aproximam mais do núcleo, estando
mais fortemente atraídos por ele.

c. Afinidade eletrônica (Eaf):

É a energia liberada quando se adiciona um elé-


tron de um átomo neutro no estado gasoso.

X(g) + e–→ X–(g) + Eaf


S<S 2–

COMO VARIA NA TABELA?


Um ânion será sempre maior que o átomo que
o originou. Se assumirmos a Afinidade Eletrônica como a
“vontade de ter elétrons”, entendemos que átomos
b. Energia de ionização (Ei): menores tendem a atrair mais os elétrons, devido à
sua maior proximidade com o núcleo atômico.
É a energia necessária para se retirar um elétron Então, concluímos que a afinidade eletrônica varia
de um átomo neutro no estado gasoso. de forma contrária ao raio atômico:
• quanto menor o átomo, MAIOR é a Afinidade
X(g) + Ei → X+(g) + e– eletrônica (Eaf).
• quanto MAIOR o átomo, menor é a Afinidade
COMO VARIA NA TABELA? eletrônica (Eaf).

Quanto menor for o átomo, mais próximo do nú- RESUMINDO:


cleo estão seus elétrons. Assim, retirá-los exige bas-
tante energia.
Nos átomos maiores, com seus elétrons mais dis-
tantes do núcleo, a energia para retirar um elétron é
menor.
Então, concluímos que a energia de ionização va-
ria de forma contrária ao raio atômico:
• quanto menor o átomo, MAIOR é a Energia de
Ionização (Ei).
• quanto MAIOR o átomo, menor é a Energia de
Ionização (Ei).

RESUMINDO:
ATENÇÃO:
1. A Afinidade eletrônica não se aplica aos gases
nobres, pois sendo eles estáveis, não tendem a rece-
ber elétron.
2. O elemento de maior afinidade eletrônica é o
cloro, pois o flúor é pequeno demais e a entrada de
um elétron é dificultada pela grande repulsão que os
elétrons já presentes na eletrosfera imprimem sobre
o elétron que está sendo adicionado.

d. Eletronegatividade:

É a força com que um átomo atrai o par de elé-


Observação: trons de uma ligação.
A energia para retirar o segundo elétron (2ª Ener-
gia de ionização) é maior que a 1ª. Para retirar um
3º elétron, a energia será maior que a do 2º e assim,

221
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Pontos de fusão e ebulição:

COMO VARIA NA TABELA?

COMO VARIA NA TABELA?

Quanto menor for o átomo, mais próximo do nú-


cleo está o par de elétrons. Assim, maior atração ele
apresentará.
Então, concluímos que a eletronegatividade varia
de forma contrária ao raio atômico:
• quanto menor o átomo, MAIOR é a Eletrone-
O tungstênio (w) possui altos pontos de fusão e
gatividade.
ebulição:
• quanto MAIOR o átomo, menor é a Eletrone-
P.F. = 3387 oC
gatividade.
P. E. = 5420 oC
Fila de eletronegatividade dos principais elementos:
O carbono (C) está destacado por apresentar tam-
bém um alto ponto de fusão:
F O N Cl Br I S C P H
P.F. = 3700 oC

Atividades

OUTRAS PROPRIEDADES PERIÓDICAS

Densidade:

COMO VARIA NA TABELA?

O elemento mais denso da tabela é o Ósmio (Os)


com 22,58 g/cm3.

222
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 01 – A representação abaixo corresponde à parte superior
Com base nas informações a seguir, a respeito de da tabela periódica, na qual as letras não correspon-
alguns elementos e suas respectivas propriedades e dem aos verdadeiros símbolos dos elementos.
características, resolva as questões de 1 a 3.
4. Indique o calcogêneo de maior número atômico.
1. Mendeleev organizou os elementos com proprie-
dades semelhantes em colunas verticais, chama-
das grupos ou famílias, e em linhas horizontais,
chamadas períodos, em ordem crescente de MA
[massa atômica), em que as propriedades variam.
Agrupe os elementos do quadro da página ante-
rior de acordo com os critérios de Mendeleev. 5. Identifique o metal alcalino de menor número
atômico.

6. Qual elemento apresenta a configuração 2s2 2p3


na camada de valência?
2. Faça as distribuições eletrônicas em subníveis e
indique, na tabela periódica atual, a família e o
período a que cada elemento pertence.
Números atômicos: Li= 3; Be = 4; Ne = 10; Na=
11; Mg = 12; Ar= 18.
7. Escreva a configuração eletrônica, em subníveis,
da camada de valência do elemento E.

8. Qual elemento apresenta propriedades químicas


3. As respostas da questão 2 são coerentes com os semelhantes ao elemento P?
arranjos obtidos na questão 1? Explique

9. Indique o elemento de transição de menor nú-


mero atômico.

Responda às questões de 4 a 12, com base nas infor-


mações a seguir.

10. Identifique o estado �sico dos elementos D e Ta


25 ºC e a 1 atm.

223
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
11. Quais são os números atômicos dos elementos Um dos elementos usados para compor esta men-
R e C? sagem está presente no principal componente do
sal de cozinha. Esse elemento é o:
(A) Li
(B) O
(C) Ba
(D) Ca
(E) Na
12. Associe os diagramas I e II com os elementos E e
R. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Consulte, sempre que necessário, a tabela periódica


para resolver estas atividades.

1. Faça a associação correta:

2. Faça a associação entre as famílias e a configu-


ração eletrônica das respectivas camadas de va-
13. [Etec-SP) Recentes postagens em redes sociais lência:
chamaram a atenção pela criatividade, pois os
usuários utilizaram elementos químicos para se 3. Faça a associação seguinte:
comunicar. Um exemplo, denominado Amor Pe-
riódico, baseado na Tabela Periódica, expressava
um sentimento:

Os elementos usados na expressão são európio


[63), telúrio [52), amerício [95) e oxigênio [8).
Usando os símbolos químicos, também podemos 4. Indique a família e o período dos seguintes ele-
escrever a mensagem “Hélio bacana”. mentos:

5. O elemento químico cujas propriedades químicas


mais se aproximam daquelas apresentadas pelo

224
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
nitrogênio [Z = 7) será o elemento com número (D) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
atômico: (E) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
(A) 13
(B) 14 10. [UFPB) Dentre os diversos elementos da tabela
(C) 15 periódica, existem aqueles que possuem átomos
(D) 16 radioativos mui-
(E) 17 to utilizados na medicina, tanto para o diagnós-
tico quanto para o tratamento de doenças como
6. Determine Z e A do gás nobre pertencente ao o câncer. Ainda sobre esses átomos, é correto
4º período da tabela periódica, sabendo que ele afirmar:
apresenta 47 nêutrons. (A) O iodo é um calcogênio.
(B) O sódio é um metal alcalinoterroso.
(C) O ferro e o fósforo são elementos de transição.
(D) O fósforo é um ametal.
(E) O tecnécio é um elemento representativo.

7. Indique o nome, o símbolo, a família e o período


TERCEIRA ATIVIDADE PARA O PORTFÓLIO
dos seguintes elementos:
X [Ar] 4s1
Essa atividade será realizada em conjunto. Deverão
Y [Ar] 4s2 3d1º 4p5
construir a tabela com o nome das famílias. Essa
tabela deve ser grande e deverá ficar exposta na
8. [Udesc) Os elementos químicos A, B e C apresen-
pareda da sala. Faça bem colorida! Use a criativi-
tam para seu átomo, no estado fundamental, a
dade. Pesquisem mais modelos na internet.
seguinte configuração eletrônica:
Essa é a Tabela que deverá ser reproduzida
A • 1 s2 2s2 2p6 3s2 3p5
B • 1 s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d5
C • 1 s2 2s2 2p6 3s2 3p6

De acordo com as configurações eletrônicas des-


ses três elementos químicos, é correto classificá-
-los, respectivamente, como:
(A) halogênio, metal de transição e gás nobre.
(B) metal alcalinoterroso, metal de transição e
gás nobre.
(C) e) halogênio, halogênio e gás nobre.
(D) halogênio, metal de transição e halogênio.
(E) halogênio, halogênio e calcogênio.

9. [UFPR) A respeito da distribuição eletrônica e da


tabela periódica, considere as seguintes afirma-
tivas:
1. O elemento com configuração eletrônica 1s2
2s2 2p6 3s2 3p3 pertence à família 15 da tabela
periódica.
2. O elemento químico magnésio [Z = 12) perten-
ce ao terceiro período da tabela periódica.
3. O cátion trivalente do alumínio [Z = 13) possui
configuração eletrônica 1 s2 2s2 2p6 3s2 3p 1
4. O ânion bivalente do enxofre [Z = 16) possui
configuração eletrônica 1 s2 2s2 2p6 3s2 3p6

Indique a alternativa correta.


(A) Somente a afirmativa 4 é verdadeira.
(B) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(C) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

225
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 4 Afinal, quando colonizamos esse mundo, todos os
ELEMENTOS QUÍMICOS elementos químicos naturais já estavam aqui e, com
certeza, ainda estarão por aqui por muito tempo após
a nossa partida.
Habilidade específica Para começar a responder à pergunta que dá �tulo
(EM13CNT209) Analisar a evolução estelar asso- a esse texto, é importante, primeiramente, quantificar
ciando-a aos modelos de origem e distribuição esses elementos. Sabemos que na Terra encontramos,
dos elementos químicos no Universo, compreen- em maior ou menor quantidade, 90 elementos quími-
dendo suas relações com as condições necessárias cos representados na Tabela Periódica, do hidrogênio
ao surgimento de sistemas solares e planetários, ao urânio, pulando o Tecnécio e o Promécio que não
suas estruturas e composições e as possibilidades existem naturalmente por aqui, mas que já foram de-
de existência de vida, utilizando representações e tectados em estrelas.
simulações, com ou sem o uso de dispositivos e Os outros elementos, chamados de transurânicos,
aplicativos digitais (como so�wares de simulação são obtidos artificialmente nos aceleradores de par-
e de realidade virtual, entre outros). �cula. Apesar desses 90 elementos formarem todo
o arcabouço do nosso planeta e mesmo dos nosso
Objetivo de aprendizagem organismo, eles não foram criados na Terra.
(GO-EMCNT209A) Explicar o processo do surgimen-
to dos elementos químicos no Universo, descreven-
do reações de fusões nucleares, com ou sem o uso
de dispositivos e aplicativos digitais para analisar a
formação da matéria que forma os corpos.

Objeto de conhecimento
• Elementos Químicos

Descritor Saeb
• D3 - Diferenciar misturas de substâncias a partir
de suas propriedades �sicas e químicas; substân-
cias simples de substâncias compostas através de
análise de fórmulas moleculares e de processos de
decomposição. (O)
Seria interessante, então, saber como esses ele-
• D4 - Inferir que a constância de algumas proprie-
mentos estão distribuídos fora do nosso planeta. O
dades �sicas e químicas pode servir como critério
Modelo Cosmológico Padrão nos diz que o Universo
de pureza das substâncias. (G)
é formado por 68,3% de energia escura (energia que
ainda não se transformou em matéria – E=mc2 – mas
que é muito pouco conhecida), 26,8% da sua estrutura
Afinal, como se formaram os Elementos Quími- é composta por matéria escura fria (matéria identificá-
cos? vel pela sua gravidade, mas que não é visível, uma vez
que não emite luz) e 4,9% de matéria bariônica, que é
Prof. Márcio Basílio Departamento de Química CE- a matéria composta por prótons, nêutrons e elétrons,
FET-MG ou seja, os átomos dos nossos elementos químicos.
Por sua vez, esses 4,9% de matéria bariônica estão
A maioria absoluta dos químicos sabe de imediato assim distribuídos: hidrogênio e hélio gasoso oriundos
responder o que fazer com os elementos químicos. da formação primordial do Universo, 4%; hidrogênio
Conhecem de cor os seus símbolos, sabem de cabeça se transformando em hélio nos núcleos das estrelas,
o seu número atômico, sua massa, algumas densi- 0,5%; neutrinos, 0,3%; os demais 88 elementos na-
dades. São hábeis em misturar seus compostos sob turais mais pesados que o hélio representam apenas
diferentes condições para crias moléculas e dar uma 0,1% da composição do Universo. É pouco, muito
utilidade nobre ao composto formado. A final, os áto- pouco, mas, considerando que esses elementos se
mos são a matéria prima da Química. concentram em nuvens que, ao cabo, irão dar ori-
Mas, de onde essas unidades fundamentais vie- gem aos planetas, incluído aí a Terra, esse 0,1% é de
ram? Como os elementos químicos se formaram? importância fundamental!
Essa é uma pergunta não muito comum, ou mes- Todo esse processo de formação teve um início em
mo necessária, nas rodas de conversa dos químicos um momento único e singular, chamado Big Bang. A
em geral. proposta do modelo do Big Bang é de um padre, mate-

226
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
mático, filósofo e astrônomo belga chamado Georges sa formada apenas por par�culas elementares, entre
Lemaître. Esse modelo propõe que, num determinado elas, quarks e glúons, que constituem os prótons e
momento zero, toda a massa que compõe o nosso nêutrons. Essa sopa, chamada de “Plasma de Quarks
Universo estava concentrada em um único ponto de e Glúons” apresentava, portanto, as par�culas suba-
volume desprezível e de densidade máxima. As quatro tômicas necessárias à criação dos átomos.
forças que regem as interações do Universo – ele- Aos 10-11 segundo após o Big Bang, tem início
tromagnetismo, gravidade e as forças nuclear forte e a individualização das forças nuclear fraca e eletro-
fraca, responsáveis pela estabilidade do núcleo dos magnética e, com isso, ocorre a agregação das par-
átomos – estavam unidas. Nesse momento inicial, a �culas subatômicas. A temperatura chega a 1015 K.
temperatura atingiu a colossal marca de 1032 K. Obedecendo à equação de Einstein: E=mc², matéria e
antimatéria são criadas e aniquiladas em ritmo frené-
tico. Aos 10-9 segundo, os quarks em excesso se unem
formando os primeiros prótons e nêutrons estáveis.

O que aconteceu entre o momento zero e 10-43


segundo após o Big Bang, ninguém sabe ao certo, pois,
nesse intervalo, as teorias da Mecânica Quântica e da
Relatividade Geral não se entendem (e é o estabeleci-
mento da relação entres essas teorias nesse momen-
to singular que Teoria de Tudo, ou Teoria da Grande
Unificação – TGU, busca unificar matematicamente).
Esse primeiro momento recebe o nome de Era Plank
e o Universo tinha o tamanho do Comprimento de
Planck (1,6 x10-35 m).
Ao contrário do que a maioria das pessoas acredi-
ta, o Big Bang não foi uma grande explosão. Em uma
explosão, matéria é atirada para fora de algum lugar.
Ao contrário, em uma expansão não existe a ideia
de “para fora”, uma vez que nem o espaço, nem o
tempo existiam fora do Universo. Portanto, nos mo-
mentos seguintes ao Big Bang, todo o Universo se
expande, inclusive o espaço (e o tempo) entre os seus
constituintes. Pense em um bolo de passas assando
e crescendo. Se o Universo é o bolo, não existe bolo
fora do bolo e toda a massa se expande, diminuindo
sua densidade e afastando todas as passas umas das
outras.
Como o bolo, à medida que o Universo se expan-
diu, sua densidade diminuiu e, com ela, a temperatu-
ra. Passados 13,7 bilhões de anos desde o momento
inicial, a temperatura média do Universo caiu dos
1032 K para 3 K e a densidade despencou de máxima
para cerca de 2×10-29 kg.m-3. Passados 10-36 segun-
do do Big Bang, tem início o período conhecido como
Inflação do Universo. Nesse momento, o Universo era
composto por uma sopa extremamente quente e den-

227
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Entre 300.000 e 1 bilhão de anos, apesar da bai-
xíssima densidade média do Universo, os átomos de
H e He se aglomeram formando pontos mais densos,
as chamadas nuvens primordiais. Foi entre 1 Bilhão
de anos e a atualidade que as estruturas cósmicas,
como as galáxias e os enxames de galáxias, adquiri-
ram a sua forma atual, originadas a partir da evolução
dessas nuvens primordiais. A micro�sica dessa fase é
muito bem conhecida. A densidade das nuvens pri-
mordiais, cerca de 1012 par�culas por m3 , é alta o
suficiente para permitir que os átomos de hidrogênio Na maioria das estrelas de baixa massa, o proces-
se aglutinem em moléculas estáveis de H2 . Apesar so de nucleossíntese prossegue somente até a forma-
da alta densidade, a temperatura é baixa, cerca de ção do núcleo de carbono, em um processo chamado
10 K. A essa temperatura, a gravidade passa a ser Processo-alfa.
predominante, possibilitando o colapso das nuvens
primordiais sob um ponto central. É nesse momento
que tem início as reações de fusão nuclear que irão
acender as estrelas, as fornalhas que forjarão todos
os elementos químicos naturais presentes na nossa
tabela periódica. No Universo, existem estrelas de
todos os tamanhos e a sua classificação é feita tendo
como referência a massa do Sol, que é de 2 × 1030 kg.
São chamadas de estrelas de massa baixa as estrelas
que pesam menos do que 8 vezes a massa do Sol. Já
as estrelas maiores que 8 vezes a massa do Sol são
chamadas de estrelas massivas. Esses dois tipos de
estrelas têm ciclos evolutivos distintos.
As estelas de massa baixa, ao terminar seu com-
bus�vel nuclear, o H, inicialmente se expandem para
depois encolherem e apagarem, mantendo sua massa
em um núcleo denso e frio e rico em carbono chama- Nas estrelas massivas, esse processo segue por
do anã branca. Por sua vez, as estrelas massivas, ao fusão nuclear até a formação do núcleo do ferro. Dan-
fim de seu combus�vel nuclear, iniciam um movimen- do sequência ao processo alfa, o hélio combina com
to de expansão seguido de um colapso onde toda a carbono para produzir elementos mais pesados, mas
sua massa gigantesca precipita sobre o seu núcleo, apenas aqueles com um número par de prótons.
causando uma gigantesca explosão. Esse momento As combinações acontecem nessa ordem:
catastrófico é chamado de supernova. • O carbono funde com o hélio produzindo o oxi-
As estrelas de massa muito baixa produzem prati- gênio.
camente só He a partir da fusão do H pelo mecanismo • O oxigênio funde com o hélio produzindo o ne-
chamado “Ciclo do Próton”: ônio.
• O neônio funde com o hélio produzindo o mag-
nésio.
• O magnésio funde com o hélio produzindo o
silício.
No Ciclo do Próton, as duas primeiras reações • O silício funde com o hélio produzindo o enxofre.
ocorrem duas vezes. Seis prótons entram e o produto • O enxofre funde com o hélio produzindo o ar-
é um núcleo de hélio, dois prótons, um pósitron, um gônio.
neutrino e energia. Além do ciclo próton-próton, as • O argônio funde com o hélio produzindo o cálcio.
estrelas também podem produzir energia pelo ciclo • O cálcio funde com o hélio produzindo o titânio.
CNO. Nesse ciclo, átomos de carbono, nitrogênio e • O titânio funde com o hélio produzindo o cromo.
oxigênio, que já estavam presentes no núcleo estelar, • O cromo funde com o hélio produzindo o ferro.
atuam como os catalisadores em reações químicas:
sua composição não se altera ao longo da cadeia de Cada elemento forma uma camada concêntrica ao
reações. No ciclo CNO, há consumo prótons e produ- redor do núcleo da estrela, se ordenando de modo
ção de átomos de hélio. Os demais elementos per- decrescente em relação à densidade, do centro para
manecem inalterados. fora. Quando as estrelas pouco massivas iniciam a

228
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
formação do ferro, a energia gravitacional supera a
energia de expansão gerada pelas fusões nucleares.
Inicialmente, há uma expansão (gigante vermelha),
ejetando sua “casca” para o espaço, numa fase cha-
mada “nuvem planetária”.
Em seguida, seu núcleo se contrai. É nesse mo-
mento que a estrela se apaga na forma de um anã
branca. Já nas estrelas massivas, a gravidade compri-
me os elementos formados nas respectivas camadas
de tal forma que o núcleo estelar cai sob ele mesmo,
transformando-se em uma estrela de nêutrons, que
em seguida explode como uma supernova. Duran-
te essa explosão, como na fase da nuvem planetária
das estrelas menos massivas, há a ejeção do todos os
elementos formados até então para o espaço circun-
dante. Mas, mais do que isso. Durante o processo de
formação da supernova, todos os demais elementos
mais pesados que o ferro, são formados.

O Processo S funciona até a formação do núcleo


do elemento 209Bi. Os elementos mais massivos que
o Bi só são produzidos em ambientes onde o fluxo
de nêutrons é al�ssimo (da ordem de 1022 nêutrons
por cm² por segundo). Esse processo é chamado de
Processo R (R de rapid).
Nas estrelas, o Processo R ocorre apenas nos se-
gundos que ladeiam a explosão da supernova. Du-
rante a explosão, há um intenso processo de colisão
de elétrons e prótons resultando na formação das
gigantescas quantidades de nêutrons necessários no
Processo R. Uma vez ejetados para o espaço circun-
E qual o motivo do ferro ser a linha de borda para dante, essas nuvens formadas após as explosões de
o sustento de uma estrela? A resposta está na diferen- supernovas possuem todos os elementos que conhe-
ça da energia das ligações internucleares. O gráfico cemos hoje no nosso planeta. Esses elementos estão
abaixo mostra que energia gerada na fusão nuclear agora disponíveis para serem usados na formação de
para formar os núcleos é crescente até o ferro. Essa novas gerações de estrelas e, consequentemente, os
energia compete com a energia da gravidade e man- novos planetas que as orbitarão. Essa é a matéria pri-
tém o equilíbrio estável na estrela. ma que originou o nosso sistema solar há cerca de
O processo de formação dos núcleos dos elemen- 4,5 bilhões de anos e esse será, também, o processo
tos maiores que o ferro gera menos energia propor- que levará ao final do nosso Sol e, com ele o nosso
cionalmente à massa do elemento. A liberação de planeta, previsto para ocorrer daqui a 5 ou 6 bilhões
energias menores, portanto, quebra o equilíbrio, per- de anos. Quem viver, verá…
mitindo que a gravidade seja a força predominante
na estrela, gerando seu colapso.
Essa diferença de energia internuclear também é
responsável pela mudança no processo de formação
dos elementos maiores que o Fe. Enquanto os ele-
mentos menores do que o ferro são produzidos so-
mente por fusão nuclear, os elementos mais pesados
são formados por um processo que envolve captura
de nêutrons e posterior decaimento radioativo. Esse
processo é denominado Processo S (S de slow):

229
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 5
LEIS PONDERAIS

Habilidade específica
(EM13CNT101) Analisar e representar, com ou
sem o uso de dispositivos e de aplicativos digitais
específicos, as transformações e conservações em
sistemas que envolvam quantidade de matéria, de
energia e de movimento para realizar previsões
sobre seus comportamentos em situações coti-
dianas e em processos produtivos que priorizem
o desenvolvimento sustentável, o uso consciente
dos recursos naturais e a preservação da vida em
todas as suas formas.

Objetivo de aprendizagem
(GO-EMCNT101F) Descrever uma equação quími-
ca, comparando a quantidade de átomos dos rea-
gentes com a quantidade de átomos dos produtos
formados na reação química para estabelecer rela-
ções matemáticas que permitam efetuar o balan-
ceamento de uma equação química.

Objeto de conhecimento
• Leis Ponderais

Descritor Saeb
• D2 - Prever massas de reagentes e produtos en-
volvidos nas reações, por meio da aplicação das
leis de Lavoisier e Proust, utilizando dados obtidos
a partir de experimentos de laboratório, de ope-
rações industriais ou de eventos da natureza. (G)
ATIVIDADE

A partir da leitura do texto acima e com base nos LEIS PONDERAIS


conhecimentos construídos ao longo de sua forma-
ção, redija um texto dissertativo-argumentativo em São leis relacionadas às massas dos participantes
modalidade escrita formal da língua portuguesa so- de uma reação química.
bre o tema” Afinal, como se formaram os Elementos
Químicos?”. Selecione, organize e relacione, de forma Vamos tratar de duas delas:
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa do • Lei da Conservação das massas (Lavoisier)
seu ponto de vista. • Lei das Proporções definidas (Proust)

LEI DE LAVOISIER

Essa é a Lei da Conservação das Massas. Segundo


Lavoisier,

“Numa reação química que ocorre num siste-


ma fechado, a massa total antes da reação é
igual à massa total após a reação”.

De forma simplificada, já ouvimos falar desta lei


assim:

230
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
“Na natureza nada se perde, nada se cria. Tudo (A) 32 g.
se transforma.” (B) 48 g.
(C) 64 g.
Foi através de experimentos que ele chegou às (D) 80 g.
suas conclusões. Veja com os exemplos a seguir: (E) 96 g.

Atividade 03-
Observe a seguir uma tabela que relaciona certos da-
dos obtidos em algumas reações de síntese realizadas
em laboratório sem excessos de reagentes:

LEI DE PROUST

Esta Lei é chamada de Lei das Proporções defi-


nidas. Com base em experimentos, como Lavoisier,
Proust definiu que:

“As massas dos reagentes e as massas dos pro-


dutos que participam da reação obedecem
sempre a uma proporção constante.”
Com base na lei de Lavoisier, indique os valores das
Note, nos dados coletados para o experimento massas que substituiriam corretamente as letras A,
a seguir, as proporções entre as massas dos partici- B, C, D, E e F nessas reações:
pantes da reação sempre obedecem a uma mesma (A) 120 g, 56 g, 32 g, 500 g, 63 g, 23 g.
proporção, independente da quantidade que esteja (B) 36 g, 80 g, 71 g, 448 g, 56 g, 42 g.
sendo usada em cada experimento: (C) 36 g, 56 g, 32 g, 704 g, 7 g, 32 g.
(D) 36 g, 56 g, 32 g, 704 g, 7 g, 42 g.
(E) 228 g, 80 g, 192 g, 704 g, 119 g, 128 g.

Atividade 04-
Uma das alternativas para diminuir a quantidade de
dióxido de carbono liberada para a atmosfera con-
siste em borbulhar esse gás em solução aquosa de
hidróxido de sódio. A reação que ocorre pode ser re-
presentada da seguinte forma:
dióxido de carbono + hidróxido de sódio → carbonato
de sódio + água
Atividade
Sabendo que 44 g de dióxido de carbono reagem com
Atividade 01- o hidróxido de sódio, formando 106 g de carbonato
(FCMSC-SP) A frase: “Do nada, nada; em nada, nada de sódio e 18 g de água, qual é a massa de hidróxido
pode transformar-se” relaciona-se com as ideias de: de sódio necessária para que o gás carbônico seja
(A) Dalton. totalmente consumido?
(B) Proust. (A) 20 g.
(C) Boyle. (B) 62 g.
(D) Lavoisier. (C) 80 g.
(E) Gay-Lussac. (D) 106 g.
(E) 112 g.
Atividade 02-
(Fuvest-SP) Quando 96 g de ozônio se transformam
completamente, a massa de oxigênio comum produ-
zida é igual a:

231
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Bibliografia Consultada

SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos (coord.), Química &


Sociedade, vol. único, São Paulo: Nova Geração, 2005.

PERUZZO. F.M.; CANTO. E.L., Química na abordagem


do cotidiano, volume 1, 4ª edição, ed moderna, São
Paulo, 2006

USBERCO, João; Salvador, Edgard. Química Geral. 12ª.


ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 480 p.

232
TABELA DE CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS
GR PO

e
idrog nio élio
1,008
1,0078 - 1,0082 4,0026

PER O O
número atômico
Li Be s mbolo
B C N O F Ne
l tio ber lio boro carbono nitrog nio o ig nio úor neônio
6,94 10,81 12,011 14,007 15,999
6,938 - 6,997 9,0122 idrog nio nome 10,806 - 10,821 12,009 - 12,012 14,006 - 14,008 15,999 - 16,000 18,998 20,180

1,008 massa atômica


Na Mg Al Si P S Cl Ar
sódio magnésio alum nio sil cio ós oro en o re cloro argônio
24,305 28,085 32,06 35,45 39.95
22,990 24,304 - 24,307 26,982 28,089 - 28,086 30,974 32,059 - 32,076 35,446 - 35,457 39.792, 39.963

Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu n Ga Ge As Se Br r
potássio cálcio escândio titânio vanádio crômio mangan s erro cobalto n uel cobre inco gálio germânio ars nio sel nio bromo criptônio
79,904
39,098 40,078 4 44,956 47,867 50,942 51,996 54,938 55,845 2 58,933 58,693 63,546 3 65,38 2 69,723 72,630 8 74,922 78,971 8 79,901 - 79,907 83,798 2

Rb Sr r Nb Mo Tc Ru R Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe
rub dio estrôncio trio ircônio nióbio molibd nio tecnécio rut nio ródio paládio prata cádmio ndio estan o antimônio telúrio iodo enônio
85,468 87,62 88,906 91,224 2 92,906 95,95 101,07 2 102,91 106,42 107,87 112,41 114,82 118,71 121,76 127,60 3 126,90 131,29

-
Cs Ba Ta Re Os Ir Pt Au g Tl Pb Bi Po At Rn
césio bário lantan dios á nio tântalo tungst nio r nio ósmio ir dio platina ouro mercúrio tálio c umbo bismuto polônio astato radônio
204,38
132,91 137,33 178,49 2 180,95 183,84 186,21 190,23 3 192,22 195,08 196,97 200,59 204,38 - 204,39 207,2 208,98

-
Fr Ra R Db Sg B s Mt Ds Rg Cn N Fl Mc Lv Ts Og
râncio rádio actin dios rut er órdio dúbnio seabórgio bó rio ássio meitnério darmstádtio roentg nio copern cio ni ônio eróvio moscóvio livermório tennesso oganessônio

La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb D o Er Tm b Lu
lantânio cério praseod mio neod mio promécio samário európio gadol nio térbio disprósio ólmio érbio túlio itérbio lutécio

lantan dios
138,91 140,12 140,91 144,24 150,36 2 151,96 157,25 3 158,93 162,50 164,93 167,26 168,93 173,05 174,97

Ac T Pa U N Pu Am Cm B C Es Fm Md No Lr
act nio tório protact nio urânio netúnio plutônio amer cio cúrio ber uélio cali órnio einst nio érmio mendelévio nobélio laur ncio

actin dios
232,04 231,04 238,03

Hidrog nio
Metais alcalinos Metais de transição Actin deos Semi-metais Halog nios
Metais

Metais alcalino-terrosos Lantan deos Metais representativos Não-metais Gases nobres Semimetais

Ametais

n Sólido g L uido Ne Gasoso Sintético


Gases nobres
ESTRUTURA DO ÁTOMO CÁTIONS – TABELA DOS NÚMEROS DE OXIDAÇÃO SOLUÇÕES PRINCIPAIS RADICAIS ORGÂNICOS

(nox fixo)
Um íon estável
Mais de um íon
PROPRIEDADES PERIÓDICAS

estável (nox variável)


O sentido das setas indica o crescimento da propriedade.

Densidade Potencial de Ionização


Hélio ÁCIDOS NÃO OXIGENADOS
FÓRMULAS GERAIS DE ALGUNS
d= m Ácido Aníon COMPOSTOS ORGÂNICOS
Maior P.I.: He
V
Ósmio

Raio do Átomo Eletronegatividade ou


Caráter Não-Metálico
Flúor

Nulos
Mais Eletronegativo: F

Frâncio

EQUILÍBRIO QUÍMICO
Pontos de Fusão e Ebulição Afinidade Eletrônica RADICAIS ORIENTADORES
ÁCIDOS OXIGENADOS
1A 2A EM COMPOSTOS AROMÁTICOS
Flúor
Ácido Aníon

Nulos
MaiorEletronegativo: F
Orto-Para

Obs.: Eletropositividade ou caráter metálico possui variação Meta


inversa a eletronegatividade.

ELETRONEGATIVIDADES DOS PRINCIPAIS


TIPOS DE REAÇÕES ORGÂNICAS
ELEMENTOS QUÍMICOS
F O N Cl Br I S C Au Se Pt Te P H As B Cu Sb Si Ge Substituição
4,0 3,5 3,0 3,0 2,8 2,5 2,5 2,5 2,4 2,4 2,2 2,1 2,1 2,1 2,0 2,0 1,9 1,9 1,8 1,8 EQUILÍBRIO IÔNICO por radicais
Sn Pb Fe Co Ni Cr Zn Al Mn Be Mg Ca Sr Li Na Ba K Rb Cs Fr livres
1,8 1,8 1,8 1,8 1,8 1,6 1,6 1,5 1,5 1,5 1,2 1,0 1,0 1,0 0,9 0,9 0,8 0,8 0,7 0,7

Substituição
eletrófila
SOLUBILIDADE DE SAIS EM ÁGUA

REGRA GERAL: Sais com cátions 1A e com amônio, NH4+ são solúveis. Substituição
nucleófila

Sais solúveis Exceções Sais insolúveis Exceções Adição


eletrófila

Adição
nucleófila

Eliminação
Matemática e
suas Tecnologias
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
FUNÇÃO QUADRÁTICA Os coeficientes são,

Habilidade da BNCC
(EM13MAT402) Converter representações algébri-
cas de funções polinomiais de 2º grau em represen- Exemplo 03. (IBMEC SP Insper - ADAPTADO)
tações geométricas no plano cartesiano, distinguin-
do os casos nos quais uma variável for diretamente A deficiência de fósforo nos solos brasileiros se
proporcional ao quadrado da outra, recorrendo ou manifesta na baixa produtividade. Para reverter esse
não a so�wares ou aplicativos de álgebra e geome- problema, uma equipe de agrônomos acompanhou
tria dinâmica, entre outros materiais. a lavoura de um grupo de pequenos produtores, de
modo a obter uma relação entre a produção S(n) de
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM soja, em quilogramas por hectare (kg/ha), e a quanti-
(GO-EMMAT402A) Identificar uma função polino- dade n de P2O5 aplicada no solo, em kg/ha, e obteve
mial do 2º grau a partir de sua representação algé- a seguinte lei:
brica, observando o grau do polinômio que compõe
a função para construir o gráfico. S(n) = 900 + 24 ⋅ n – 0,05n2, com 0 ≤ n ≤ 300

Objetos de conhecimento Identifique os coeficientes da função S(n).


Definição de função quadrática
Os coeficientes são,

Função Quadrática

A função quadrática é uma função , defini- Atividades


da como , com , e números
reais e . Note que é o que multiplica a variável 1) (UCB DF - ADAPTADO) Um estudo epidemiológico
que está elevada ao quadrado, é o coeficiente que da propagação da gripe em uma pequena cidade
multiplica a variável que está elevada ao expoente 1 descobre que o número total P de pessoas que
e é chamado de termo independente. contraíram a gripe após t dias, em um surto da
doença, é modelado pela seguinte função:
Exemplos de funções quadráticas:
a) P(t) = – t2 + 13t + 130 com 1 ≤ t ≤ 6.
b)
c) Identifique os coeficientes da função P(t).
d)
e) 2) (UEG GO - ADAPTADO) Em um jogo de futebol,
f) um jogador chuta uma bola parada, que descreve
uma parábola até cair novamente no gramado.
Exemplo 01. Identifique os coeficientes da equa- Sabendo-se que a parábola é descrita pela fun-
ção . ção y = 20x − x 2 , identifique os coeficientes da
função y.

3) (UFT TO - ADAPTADO) Ao realizar o estudo de sua


produção diária, uma cozinheira que faz e vende
pamonhas, descobriu que o lucro em reais é cal-
culado pela função L( x ) = − x 2 + 30x − 200 , onde x é
Portanto
o número de pamonhas feitas e vendidas. Identi-
fique os coeficientes da função L(x).
Exemplo 02. (UFPR - ADAPTADO) Suponha que,
num período de 45 dias, o saldo bancário de uma
4) (IFMT - ADAPTADO) O gráfico da função
pessoa possa ser descrito pela expressão
1 2 3
h(t) = − t + t + 10
descreve a trajetória de um
S(t) = 10t2 – 240t + 1400 4 2
objeto em função do tempo t, dado em segundos,
sendo S(t) o saldo, em reais, no dia t, para t [1, que foi lançado de uma altura de 10 m.
45]. Identifique os coeficientes da função S(t).

238
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
GRÁFICO

Habilidade da BNCC
(EM13MAT402) Converter representações algébri-
cas de funções polinomiais de 2o grau em represen-
Identifique os coeficientes da função h(t). tações geométricas no plano cartesiano, distinguin-
do os casos nos quais uma variável for diretamente
proporcional ao quadrado da outra, recorrendo ou
não a so�wares ou aplicativos de álgebra e geome-
tria dinâmica, entre outros materiais.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


GO-EMMAT402B) Construir um quadro ou tabela
simples que relacione as variáveis de uma função
polinomial do 2º grau, atribuindo valores para a vari-
5) O esquema abaixo representa a vista superior de
ável independente e determinando o valor da variá-
um apartamento no formato retangular.
vel dependente para representar geometricamente,
no plano cartesiano, os pares ordenados obtidos.
Observando a figura descrita acima, determine
uma função, tendo por base a área da região retan-
Objetos de conhecimento
gular.
Gráfico da função quadrática

Gráfico

O gráfico da função quadrática é uma parábola.


Vamos construir o gráfico da função

Agora vamos construir o gráfico da função

239
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Perceba que o gráfico da função pos- RAÍZES DA FUNÇÃO
sui a concavidade voltada para cima e o gráfico da
função possui a concavidade voltada Habilidade da BNCC
para baixo. Quem determina essa concavidade é o (EM13MAT503) Investigar pontos de máximo ou
valor do coeficiente que multiplica x2. Se esse número de mínimo de funções quadráticas em contextos,
for positivo, concavidade voltada para cima e se for envolvendo super�cies, Matemática Financeira ou
negativo, concavidade voltada para baixo. Cinemática, entre outros, com apoio de tecnologias
digitais.
ATIVIDADES
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM
Esboce o gráfico das seguintes funções (GO-EMMAT503A) Representar graficamente fun-
ções polinomiais do 2º grau, observando o vérti-
1) ce, as raízes e o ponto de intersecção da parábola
x y=f(x) com o eixo y (x = 0), para resolver problemas do
-2 cotidiano.
-1
Objetos de conhecimento
0
Raízes da função quadrática – equação do 2º grau
1
2
Equação do 2º grau
2)
x y=f(x) Um polinômio da forma
-2
-1
0
1 é dito polinômio do 2º grau de uma variável x,
2 com a diferente de zero. Chamamos de equação do 2º
grau ou equação quadrática na incógnita x a igualdade
entre esse polinômio e o número zero.
3)
x y=f(x)
-2
-1
0 Uma equação do 2º grau na forma
1 é uma equação reduzida ou geral.
2
Elementos da equação
4)
Considere a equação do 2º grau
x y=f(x)
, com .
-1
Incógnita: x
0
Coeficientes: a, b e c
1
Termo independente: o coeficiente c
2
3 Exemplo 01.

5)
x y=f(x)
0
1
2
3
4

240
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Raiz e/ou solução de uma equação

Os elementos do conjunto solução de uma equa-


ção são chamados raízes da equação. Para verificar
se um número é raiz de uma equação, devemos fazer
3. Verificar a igualdade. Sendo uma sentença ver-
o seguinte processo:
dadeira, o número considerado é raiz da equação.
1. Substituir a incógnita por esse número.
2. Determinar o valor de cada membro da equa-
Portanto o número 5 é raiz da equação.
ção.
3. Verificar a igualdade. Sendo uma sentença ver- Logo o conjunto solução é dado por
dadeira, o número considerado é raiz da equação.
Fórmula de Bhaskara
Na equação , os valores 1 e 5
são raízes da equação. Vamos verificar essa afirmação Essa fórmula é muito famosa e por mais que ela
utilizando os três passos descritos anteriormente. receba o nome desse matemático, ele não a desen-
Vamos verificar para o número 1. volveu e sim um conjunto de matemáticos brilhantes
ao longo da História. Vamos conhecer essa fórmula,
1. Substituir a incógnita por esse número. tão famosa?
O número é denominado discriminante
e é simbolizado pela letra grega .A
Fórmula de Bhaskara pode também ser escrita como
2. Determinar o valor de cada membro da equa- e as raízes da equação como
ção. e . Fique tranquilo,
a resolução desse tipo de equação é muito fácil.

Exemplo 02. Resolver a equação


utilizando a Fórmula de Bhaskara.

1º passo: Identificar os coeficientes da equação

a = 1, b = - 6 e c = 5

2º passo: Calcular o discriminante

3. Verificar a igualdade. Sendo uma sentença ver-


dadeira, o número considerado é raiz da equação. 3º passo: Substituir na Fórmula de Bhaskara.

Portanto o número 1 é raiz da equação.

Vamos verificar para o número 5.

1. Substituir a incógnita por esse número.

2. Determinar o valor de cada membro da equa-


ção.

241
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Dessa maneira, o número de questões que Pablo
acertou é
(A) 2.
(B) 9.
ATIVIDADES (C) 11.
(D) 23.
1) (UTF PR) Dada a equação do segundo grau: (E) 26.

3x2 – 20x + 12 = 0
5) (ESPM SP) As soluções da equação x + 3 = 3x + 1
x −1 x+3
Assinale a alternativa que apresenta o conjunto são dois números:
solução da equação dada. (A) primos
(A) . (B) positivos
(C) negativos
(D) pares
(B) .
(E) ímpares

(C) .

(D) .

(E) .

2) (IFSC) Dada a equação quadrática 3x2 + 9x – 120


= 0, determine suas raízes. Assinale a alternativa
que contém a resposta CORRETA.
(A) –16 e 10
(B) –5 e 8
(C) –8 e 5
(D) –10 e 16
(E) –9 e 15

3) (IFSC) Pedro é pecuarista e, com o aumento da


criação, ele terá que fazer um novo cercado para
acomodar seus animais. Sabendo-se que ele terá
que utilizar 5 voltas de arame farpado e que o
cercado tem forma retangular cujas dimensões
são as raízes da equação x 2 − 45x + 500 = 0 , qual a
quantidade mínima de arame que Pedro terá que
comprar para fazer esse cercado?
Assinale a alternativa CORRETA.
(A) 545m
(B) 225m
(C) 200m
(D) 500m
(E) 450m

4) (IFG GO) Pablo participou, na sua escola, das Olim-


píadas de Matemática. A prova continha 35 ques-
tões. A soma dos valores reais de x que satisfazem
a equação do 2º grau

x2 – 9x + 8 = 0

expressa a quantidade de questões que Pablo er-


rou.

242
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
SOMA E PRODUTO DAS RAÍZES

Habilidade da BNCC
(EM13MAT503) Investigar pontos de máximo ou
de mínimo de funções quadráticas em contextos,
envolvendo super�cies, Matemática Financeira ou
Cinemática, entre outros, com apoio de tecnologias A soma é dada por,
digitais.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


(GO-EMMAT503A) Representar graficamente fun-
ções polinomiais do 2º grau, observando o vérti- O produto é dado por,
ce, as raízes e o ponto de intersecção da parábola
com o eixo y (x = 0), para resolver problemas do
cotidiano.

Objetos de conhecimento
Soma e produto das raízes da função quadrática.

Exemplo 01. Determine a soma e o produto das Alternativa correta: E


raízes da equação do segundo grau
ATIVIDADES

Resolução 1) (IFAL) Sendo x1 e x2 as raízes da equação x2 – 5x


Vamos identificar os coeficientes da equação + 6 = 0, o resultado do produto x1 x2 é:
(A) 2
(B) 3
(C) 4
(D) 5
(E) 6

2) (ESPM SP) Se as raízes da equação 2x2 – 5x – 4 =


1 1
A soma é dada por, 0 são m e n, o valor de m + n é igual a:

(A) − 5
4
3
(B) −
2
O produto é dado por,
(C) 3
4

(D) 7
4
5
Exemplo 02. Se 2 e 7 são as raízes da equação (E)
2

3) (PUC MG) A soma dos possíveis valores de x que


x −1 5
então o valor de é: verificam a igualdade = é:
4 x−2
(A) - 5 (A) um número par.
(B) - 1 (B) um múltiplo de 8.
(C) 0 (C) um divisor de 8.
(D) 1 (D) um número primo.
(E) 5 (E) um quadrado perfeito

Resoluçao 4) (Unifor CE) Um aluno resolveu corretamente a


Vamos identificar os coeficientes da equação equação do 2o grau x2 + px + q = 0 e encontrou

243
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
as raízes 1 e -3. Nessas condições, as soluções da COORDENADAS DO VÉRTICE
equação x2 + qx + p = 0 são
(A) -3 e -1 Habilidade da BNCC
(B) -2 e 1 (EM13MAT503) Investigar pontos de máximo ou
(C) -1 e 3 de mínimo de funções quadráticas em contextos,
(D) 1 e 2 envolvendo super�cies, Matemática Financeira ou
(E) 1 e -3 Cinemática, entre outros, com apoio de tecnologias
digitais.
5) (ETEC SP) Um grupo de amigos decidiu participar
de um jogo de escapada conhecido como “Escape Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM
room”. Nesse jogo, os participantes são trancados (GO-EMMAT503A) Representar graficamente fun-
dentro de uma sala e devem resolver uma série ções polinomiais do 2º grau, observando o vérti-
de enigmas para “escapar” (sair) da sala. ce, as raízes e o ponto de intersecção da parábola
Finalmente, no armário eles encontraram o enig- com o eixo y (x = 0), para resolver problemas do
ma final, que lhes daria um código de acesso para cotidiano.
sair da sala.
Objetos de conhecimento
ENIGMA FINAL Coordenadas do vértice da parábola
2x2 – 24x + 6 = 0
Código: SPSP
Coordenadas do vértice
Ao lado da porta de saída, havia um teclado nu- O vértice da parábola é o ponto onde a parábola
mérico com 10 dígitos de 0 a 9. Um dos amigos troca o seu ramo, e vamos representá-lo por (V). Os
entendeu que S significava a soma e P o produto pontos mínimo e de máximo são calculados pelas co-
das raízes da equação do 2º grau dada e calculou ordenadas do vértice.
os valores. Outro amigo decidiu então digitar no
teclado a sequência numérica equivalente a So-
ma-Produto-Soma-Produto (SPSP). Ao terminar
de digitar os 6 números, a porta se abriu! O código
que eles digitaram foi
(A) 123321.
(B) 123123.
(C) 312123.
(D) 321321.
(E) 312312.

Para determinarmos os valores de x e y do vértice


utilizaremos as seguintes fórmulas,
I.
II.

Portanto o vértice é dado pelas coordenadas,

Exemplo 01. Determine as coordenadas do vértice


da função .

Resolução

244
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Qual é o valor do coeficiente real b?
(A) – 4
(B) + 4
(C) + 7
(D) + 8
(E) + 10

5) (Fac. Cesgranrio RJ) O valor mínimo da função


polinomial de 2º grau , com
a > 0, ocorre quando .

Portanto as coordenadas do vértice da função Se o valor mínimo de


é (4, - 1). ocorre em x = –4,5, então k é igual a
(A) 9
ATIVIDADES (B) 18
(C) 26
1) Observe a função a seguir (D) –18
(E) –9

qual é a soma das coordenadas do vértice da pa-


rábola representada por ela?
(A) – 22
(B) – 26
(C) – 32
(D) 16
(E) 22

2) Dado que a coordenada da função

é 8, qual é a coordenada dessa mesma função?


(A) 64
(B) 32
(C) – 64
(D) – 32
(E) – 128

3) (ANGLO) O vértice da parábola

é o ponto
(A) (2, 5)
(B) (−1, 11)
(C) (-1, 11)
(D) (1, 3 )
(E) (1, 3)

4) (Fac. Cesgranrio RJ) A representação gráfica de


uma função polinomial de 2º grau é, sempre,
uma parábola. Desse modo, toda função poli-
nomial de 2º grau admite um valor máximo ou
um valor mínimo, dependendo da concavidade.
A função f, de domínio real, é definida pela lei
e admite valor mínimo no
ponto de abscissa – 4.

245
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
CONSTRUÇAO DA PARÁBOLA 2º passo – Encontrar as coordenadas do vértice

Habilidade da BNCC O vértice de uma parábola é o seu ponto de má-


(EM13MAT503) Investigar pontos de máximo ou ximo (se a < 0) ou de mínimo (se a > 0). Ele pode ser
de mínimo de funções quadráticas em contextos, encontrado pela substituição dos valores dos coefi-
envolvendo super�cies, Matemática Financeira ou cientes “a”, “b” e “c” nas fórmulas:
Cinemática, entre outros, com apoio de tecnologias
digitais.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


(GO-EMMAT503A) Representar graficamente fun-
ções polinomiais do 2º grau, observando o vérti-
ce, as raízes e o ponto de intersecção da parábola
Desse modo, o vértice V é dado pelos valores nu-
com o eixo y (x = 0), para resolver problemas do
méricos de e e pode ser escrito assim,
cotidiano.

Objetos de conhecimento
Construção da parábola.
3º passo – Se possível, determine as raízes

Para fazer um esboço do gráfico de uma função, é Quando existem, as raízes podem (e devem) ser
preciso avaliar qual elemento do contradomínio está incluídas no desenho do gráfico de uma função do
relacionado com cada elemento do domínio e mar- segundo grau. Para encontrá-las, faça y = 0 para obter
uma equação do segundo grau que possa ser resolvida
cá-los, um a um, em um plano cartesiano.
pela fórmula de Bhaskara.
Ë importante perceber que as funções polino-
A Fórmula de Bhaskara pode também ser escri-
miais do segundo grau, geralmente, são definidas
em um domínio igual a todo o conjunto dos números ta como e as raízes da equação como
reais. Esse conjunto é infinito e, por isso, é impossível e
marcar todos os seus pontos em um plano cartesiano.
Desse modo, a alternativa é esboçar um gráfico que 4º passo – Marcar todos os pontos obtidos no
possa representar em parte a função avaliada. plano cartesiano e ligá-los, de modo a construir uma
Diante disso, apresentamos quatro passos que parábola
tornam possível a construção de um gráfico de fun-
ção do segundo grau, exatamente como os que são Lembre-se de que o plano cartesiano é formado
exigidos no Ensino Médio. por duas retas numéricas perpendiculares. Isso sig-
nifica que, além de conter todos os números reais,
1º passo – Avaliar os coeficientes da função essas retas formam um ângulo de 90°.

Identificar o coeficiente “a” da função, pois ele


indica sua concavidade, ou seja, se a > 0, a parábola
será para cima e possuirá ponto de mínimo. Se a < 0, a
parábola será para baixo e possuirá ponto de máximo.
O primeiro ponto A do gráfico de uma parábola
pode ser facilmente obtido apenas observando o valor
do coeficiente “c”. Desse modo, A = (0, c). Isso ocorre
quando x = 0. O gráfico intercepta o eixo y no termo
independente.

ATIVIDADES

Construa o gráfico das seguintes funções


1)
2)
3)
4)
5)

246
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
MÁXIMO E/OU MÍNIMO ATIVIDADES

Habilidade da BNCC 01. A respeito da função f(x) = – 4x2 + 100, assinale a


(EM13MAT503) Investigar pontos de máximo ou alternativa que seja o resultado da soma entre as
de mínimo de funções quadráticas em contextos, coordenadas x e y do vértice.
envolvendo super�cies, Matemática Financeira ou (A) 50
Cinemática, entre outros, com apoio de tecnologias (B) 100
digitais. (C) 150
(D) 200
Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM (E) 250
(GO-EMMAT503B) Resolver problemas do cotidia-
no envolvendo máximos e mínimos, da função po- 02. (Unievangélica GO) A equação da trajetória pa-
linomial do 2º grau para propor soluções. rabólica do salto de uma pulga é dado por f(x) =
–x2 + 4x. Essa pulga salta no ponto de origem do
Objetos de conhecimento sistema de coordenadas cartesianas. Qual é, em
Resolver problemas envolvendo o ponto máximo decímetros, a altura máxima atingida pela pulga?
e/ou mínimos de uma função quadrática. (A) 4
(B) 1
(C) 3
Exemplo 01. (IF MG 2013). O gerente de um es- (D) 2
tabelecimento comercial observou que o lucro (L) de (E) 5
sua loja dependia da quantidade de clientes (c) que
frequentava o mesmo diariamente. Um matemático 03. (ENEM) Um estudante está pesquisando o desen-
analisando a situação estabeleceu a seguinte função: volvimento de certo tipo de bactéria. Para essa
pesquisa, ele utiliza uma estufa para armazenar
L(c) = – c² + 60c – 500 as bactérias. A temperatura no interior dessa es-
tufa, em graus Celsius, é dada pela expressão T(h)
Qual seria o número de clientes necessário para = –h2 + 22h – 85, em que h representa as horas do
que o gerente obtivesse o lucro máximo em seu es- dia. Sabe-se que o número de bactérias é o maior
tabelecimento? possível quando a estufa atinge sua temperatura
(A) 28 máxima e, nesse momento, ele deve retirá-las da
(B) 29 estufa. A tabela associa intervalos de temperatu-
(C) 30 ra, em graus Celsius, com as classificações: muito
(D) 32 baixa, baixa, média, alta e muito alta.
(E) 34

Resolução: Perceba que o exercício pede para de-


terminar a quantidade de clientes para que o lucro
seja máximo. Note ainda que o c está representando
o x e L(c) está representando o y. Basta calcularmos
o x do vértice.

Quando o estudante obtém o maior número pos-


sível de bactérias, a temperatura no interior da
estufa está classificada como
(A) muito baixa.
(B) baixa.
(C) média.
(D) alta.
(E) muito alta.

04. (UNISA SP) Em uma empresa, o número de uni-


dades diárias vendidas, x dias após o lançamento
de um produto, pode ser modelado pela fórmula
y = –x2 + 60x + 100, em que x = 0 é o dia do lança-
mento. Após atingir o maior número de unidades

247
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
vendidas desse produto em um único dia, a fór- LER E INTERPRETAR GRÁFICOS
mula deixa de ser válida e o número de produtos
vendidos a cada dia começa a diminuir até que o Habilidade da BNCC
produto deixa de ser vendido. O número de dias, (EM13MAT302) Construir modelos empregando as
incluindo o dia do lançamento, até que o produto funções polinomiais de 1º ou 2º graus, para resol-
atinja o maior número de unidades diárias vendi- ver problemas em contextos diversos, com ou sem
das é apoio de tecnologias digitais.
(A) 33.
(B) 31. Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM
(C) 34. (GO-EMMAT302A) Identificar informações oriundas
(D) 36. da relação entre grandezas em contextos diversos
(E) 38. (funções), lendo gráficos para resolver problemas
cotidianos relacionados à função polinomial do 1º
05. (UNISC RS) Uma indústria produz x unidades por ou segundo grau.
dia de um determinado produto que é vendido em
sua totalidade a um preço de R$ 80,00 a unidade. Objeto de conhecimento
O custo total para a produção diária de x unidades Leitura e interpretação de gráficos
é igual a C (x) = x2 + 20x + 500. Para que a indústria
tenha um lucro diário L máximo, qual deve ser o
número de unidades produzidas e vendidas por ATIVIDADES
dia?
(A) 20 1) (ENEM MEC) A receita R de uma empresa ao final
(B) 30 de um mês é o dinheiro captado com a venda de
(C) 40 mercadorias ou com a prestação de serviços nesse
(D) 300 mês, e a despesa D é todo o dinheiro utilizado
(E) 400 para pagamento de salários, contas de água e luz,
impostos, entre outros. O lucro mensal obtido ao
final do mês é a diferença entre a receita e a des-
pesa registradas no mês. O gráfico apresenta as
receitas e despesas, em milhão de real, de uma
empresa ao final dos cinco primeiros meses de
um dado ano.

A previsão para os próximos meses é que o lucro


mensal não seja inferior ao maior lucro obtido até
o mês de maio.
Nessas condições, o lucro mensal para os próxi-
mos meses deve ser maior ou igual ao do mês de
(A) janeiro.
(B) fevereiro.

248
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
(C) março. (A) 1
(D) abril. (B) 2
(E) maio. (C) 3
(D) 4
2) (ENEM MEC) A exposição a barulhos excessivos, (E) 5
como os que percebemos em geral em trânsitos
intensos, casas noturnas e espetáculos musicais, 4) (ENEM MEC) De acordo com a Organização Mun-
podem provocar insônia, estresse, infarto, perda dial da Saúde (OMS), o limite de ruído suportável
de audição, entre outras enfermidades. De acordo para o ouvido humano é de 65 decibéis. Ruídos
com a Organização Mundial da Saúde, todo e qual- com intensidade superior a este valor começam
quer som que ultrapasse os 55 decibéis (unidade a incomodar e causar danos ao ouvido. Em ra-
de intensidade do som) já pode ser considerado zão disto, toda vez que os ruídos oriundos do
nocivo para a saúde. O gráfico foi elaborado a par- processo de fabricação de peças em uma fábrica
tir da medição do ruído produzido, durante um ultrapassam este valor, é disparado um alarme
dia, em um canteiro de obras. sonoro, indicando que os funcionários devem co-
locar proteção nos ouvidos. O gráfico fornece a
intensidade sonora registrada no último turno de
trabalho dessa fábrica. Nele, a variável t indica o
tempo (medido em hora), e I indica a intensidade
sonora (medida em decibel).

Nesse dia, durante quantas horas o ruído esteve


acima de 55 decibéis?
(A) 5
(B) 8
(C) 10 Disponível em: www.crmariocovas.sp.gov.br.
Acesso em: 24 abr. 2015 (adaptado).
(D) 11
(E) 13
De acordo com o gráfico, quantas vezes foi ne-
cessário colocar a proteção de ouvidos no último
3) (ENEM MEC) Para garantir segurança ao dirigir,
turno de trabalho?
alguns motoristas instalam dispositivos em seus
(A) 7
carros que alertam quando uma certa velocida-
(B) 6
de máxima (vmáx), pré-programada pelo usuário
(C) 4
de acordo com a velocidade máxima da via de
(D) 3
tráfego, é ultrapassada. O gráfico exibido pelo dis-
(E) 2
positivo no painel do carro após o final de uma
viagem fornece a velocidade (km/h) do carro em
5) (ENEM MEC) Na intenção de ampliar suas fatias
função do tempo (h).
de mercado, as operadoras de telefonia apresen-
tam diferentes planos e promoções. Uma opera-
dora oferece três diferentes planos baseados na
quantidade de minutos utilizados mensalmente,
apresentados no gráfico. Um casal foi à loja dessa
operadora para comprar dois celulares, um para
a esposa e outro para o marido. Ela utiliza o tele-
fone, em média, 30 minutos por mês, enquanto
ele, em média, utiliza 90 minutos por mês.

De acordo com o gráfico, quantas vezes o disposi-


tivo alertou o motorista no percurso da viagem?

249
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
POLÍGONOS

Habilidade da BNCC
(EM13MAT506) Representar graficamente a varia-
ção da área e do perímetro de um polígono regu-
lar quando os comprimentos de seus lados variam,
analisando e classificando as funções envolvidas.

Objetivo de aprendizagem do DC-GOEM


(GO-EMMAT506C) Reconhecer a conservação ou
modificação de medidas dos lados, do perímetro e/
Com base nas informações do gráfico, qual é o ou da área de figuras, utilizando malhas quadricu-
plano de menor custo mensal para cada um deles? ladas para verificar se houve ampliação ou redução
(A) O plano A para ambos. dessas malhas.
(B) O plano B para ambos.
(C) O plano C para ambos. Objeto de conhecimento
(D) O plano B para a esposa e o plano C para o Polígonos regulares
marido.
(E) O plano C para a esposa e o plano B para o
marido. Polígonos na Malha Quadriculada e no Plano
Cartesiano

- Na malha quadriculada

Quando falamos em ampliação de uma imagem,


consideramos que as medidas de abertura dos ângu-
los dessa imagem são mantidas e que as medidas de
comprimento de suas dimensões são multiplicadas
por um mesmo número maior que 1. Do mesmo modo
na redução de uma imagem, neste caso as medidas
são divididas por um mesmo número maior que 1.

Exemplo:

Com base na malha quadriculada, nas medidas


das aberturas dos ângulos das três figuras e nas me-
didas de comprimento dos lados delas, podemos
afirmar, em relação à figura A, que a figura B é uma
ampliação e que a figura C é uma redução dela.

- No plano cartesiano

Além da malha quadriculada, podemos ampliar


ou reduzir uma figura utilizando o plano cartesiano.

250
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo: 2) O perímetro de um quadrado é 48 cm. Uma re-
dução desse quadrado tem lados cujas medidas
de comprimento são 1/3 das medidas de compri-
mento dos lados do quadrado original. Determine
o perímetro desse quadrado reduzido.

3) Na figura a seguir há um quadrado dividido em


2 quadrados com áreas diferentes e 2 retângulos
congruentes. O quadrado menor tem área igual
a 9 cm2, e a área do segundo maior quadrado é
64 cm2. Determine a medida de comprimento do
lado do quadrado maior, o seu perímetro e a sua
área.

4) Os desenhos a seguir representam o formato de


um jardim que será construído em uma praça da
cidade. Inicialmente pensou-se num jardim pe-
queno, mas, devido ao grande entusiasmo que
causou na população da cidade, o prefeito solici-
tou que fizessem um novo projeto, com desenho
Observe que os pares ordenados dos quatro vér- maior. O novo projeto terá área:
tices do trapézio ABCD são: A(2, 0), B(4, 4), C(8, 4),
D(10, 0). Ao dividir essas coordenadas por 2, obtemos
os seguintes pares ordenados: A’(1, 0), B’(2, 2), C’(4,
2), D’(5, 0). Ligando esses pontos no plano cartesiano,
obtemos o novo trapézio A’B’C’D’.

ATIVIDADES a) 2 vezes maior que o primeiro.


b) 3 vezes maior que o primeiro.
1) Qual das figuras a seguir é uma ampliação da fi- c) 4 vezes maior que o primeiro.
gura O? d) 6 vezes maior que o primeiro.
e) 7 vezes maior que o primeiro.

5) Luan entregou uma folha de papel quadrada de


25 de área para Luara e pediu a ela que con-
feccionasse em outra folha um quadrado com o
dobro da medida de comprimento do lado da
folha que recebeu. Quanto deverá ser a área do
quadrado de Luara?
a) 25
b) 50
c) 75
d) 100
e) 125

251
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
FILOSOFIA Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidia-
no e usadas continuamente por cada cidadão. Essas
SEMANA 01 regras orientam cada indivíduo, norteando as suas
ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar imoral, certo ou errado, bom (bom aqui é visto como
os fundamentos da ética em diferentes culturas, uma característica particular de uma sociedade ou
tempos e espaços, identificando processos que grupo, enquanto o bem é universal) ou mau.
contribuem para a formação de sujeitos éticos que No sentido prático, a finalidade da ética e da
valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, moral é muito semelhante. São ambas responsáveis
o empreendedorismo, a convivência democrática por construírem as bases que vão guiar a conduta
e a solidariedade. do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e
virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501A) se comportar em sociedade.
Fonte do texto: h�ps://www.significados.com.br/
Identificar a etimologia dos termos moral e ética na
etica-e-moral/
história da filosofia, selecionando casos concretos
que possam confirmar a necessidade de superação
do mero senso moral para a reflexão ética propria- Antiguidade: ética grega
mente dita.

Objeto de conhecimento: Ética, Moral e Cidadania.

Observação filosofia: trabalhar as visões de Sócra-


tes, Platão e Aristóteles e as influências helenís-
ticas na cultura filosófica romana. Desenvolver a
noção de cidadania moderna.

A diferença entre Ética e Moral


A preocupação com os problemas éticos iniciou-se
Muitas vezes nos confundimos de forma mais sistematizada na época de Sócrates,
nos termos ou áreas de atuação filósofo também conhecido como “o pai da moral”.
entre ética e moral, porque apesar Os sofistas afirmavam que não existem normas e
dessa separação ser feita de forma verdades universalmente válidas. Tinham, portanto,
intelectual, a mesma não sofre uma uma concepção ética relativista ou subjetivista.
divisão na questão prática, porque Ao contrário dos sofistas, Sócrates sustentou a
o ser humano em algum momento terá que refletir existência de um saber universalmente válido, que
sobre os seus atos, seja por uma cobrança externa decorre do conhecimento da essência humana, a
(regras sociais) ou interna (a consciência individual). partir da qual se pode conceber a fundamentação
E é justamente nesse ambiente em que a ética e a de uma moral universal. E o que é essencial no ser
moral são atuantes. humano, o que o diferencia dos demais animais? Sua
Mas qual é a diferença entre elas? Vamos analisar alma racional. O ser humano é essencialmente razão.
as origens etimológicas e os significados filosóficos E é na razão, portanto, que devem ser fundamentadas
de ambas as palavras. Ética vem do grego ethikos, as normas e costumes morais. Por isso, dizemos que
abreviada para ethos, que significa modo de ser, ca- a ética socrática é racionalista. O indivíduo que age
ráter ou comportamento. Enquanto a palavra moral conforme a razão age corretamente.
vem da palavra latina morales que significa normas Platão desenvolveu o racionalismo ético iniciado
que orientam o comportamento humano ou relativo por Sócrates, aprofundando a diferença entre corpo
aos costumes. Apesar de terem critérios parecidos, e alma. Argumentava que o corpo, por ser a sede de
a sua distinção se encontra em suas funções, então desejos e paixões, muitas vezes desvia o indivíduo de
é comum dizer que o papel da ética é pensar sobre seu caminho para o bem. Assim, defendeu a neces-
a moral, ou seja, a ética é uma disciplina teórica que sidade de uma depuração do mundo material para
trata da prática humana: alcançar a ideia de bem. Segundo Platão, o ser hu-
Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos mano não consegue caminhar em busca da perfeição
da investigação do comportamento humano ao tentar agindo sozinho. Necessita, portanto, da sociedade,
explicar as regras morais de forma racional, fundamen- da pólis. No plano ético, o indivíduo bom é também
tada, cien�fica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. o bom cidadão.

254
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Depois do período clássico grego, o estoicismo pois varia conforme a circunstância ou ocasião (onde,
desenvolveu uma ética baseada na procura da paz in- quando, quanto, com quem, com o quê, como “etc”).
terior e no autocontrole individual, fora dos contornos Por exemplo: não é exatamente coragem reagir em
da vida política. Assim, o princípio da ética estoica é a um assalto a mão armada. Ou seja, não é esse tipo
apatia (apatheia), atitude de entendimento de tudo o de atitude que garante a excelência moral de uma
que acontece, e o amor ao destino (amor fati), porque pessoa. Como explicou Aristóteles: [...] tanto o medo
tudo faria parte de um plano superior guiado por uma como a confiança, o apetite, a ira, a compaixão e, em
razão universal que a tudo abrangeria. Desse modo, geral, o prazer e a dor, podem ser sentidos em excesso
atingia-se a ataraxia, ou imperturbabilidade da alma. ou em grau insuficiente; e, num caso como no outro,
A ética do epicurismo, de forma semelhante, de- isso é um mal. Mas senti-los na ocasião apropriada,
fendia a atitude de desvio da dor e procura do prazer com referência aos objetos apropriados, para com as
espiritual, do autodomínio e a paz de espírito (ata- pessoas apropriadas, pelo motivo e da maneira con-
raxia). veniente, nisso consistem o meio-termo e a excelência
característicos da virtude. (Ética a Nicômaco, p. 273.)
Ética do equilíbrio Também é importante notar que, tanto em Platão
como em Aristóteles, a ética estava vinculada à vida
Aristóteles também desenvolveu uma reflexão política. Aristóteles refere-se mesmo à política como
ética racionalista, mas sem o dualismo corpo-alma um meio da ética, pois, sendo o ser humano, por na-
platônico. Procurou construir uma ética mais realista, tureza, um ser sociopolítico, necessitaria da vida em
mais próxima do indivíduo concreto. Para tanto, per- comum para alcançar a felicidade como plenitude de
guntou-se sobre o fim último do ser humano. Para o seu bem-estar.
que tendemos? e respondeu: para a felicidade. Todos Livro: Fundamentos de Filosofia. Gilberto Cotrim,
nós buscamos a felicidade. editora Saraiva, São Paulo, 2013. Página 333 e 334.
E o que entende Aristóteles por felicidade? Para o
filósofo, a felicidade não se confunde com o simples pra-
zer, o prazer das sensações ou o prazer proporcionado SEMANA 02
pela riqueza e pelo conforto material. A felicidade última
e maior se encontraria na vida teórica, que promove o HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar
que há de mais essencialmente humano: a razão. os fundamentos da ética em diferentes culturas,
O indivíduo que se desenvolve no plano teórico, tempos e espaços, identificando processos que
contemplativo, pode compreender a essência da fe- contribuem para a formação de sujeitos éticos que
licidade e, de forma consciente, guiar sua conduta. valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia,
. Mas isso, no contexto histórico da Grécia antiga, o empreendedorismo, a convivência democrática
seria privilégio de uma minoria. Segundo o filósofo, e a solidariedade.
a pessoa comum, aquela que não pode se dedicar
à atividade teórica, aprenderia a agir corretamente Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501B)
pelo hábito, isto é, por meio da prática constante e Compreender o papel histórico das instituições
reiterada de ações. sociais, políticas e econômicas, estudando a De-
Assim, agir corretamente seria praticar as virtu- claração Universal dos Direitos Humanos para as-
des. E o que seria a virtude? Em sua obra Ética a Nicô- sociar às práticas dos diferentes grupos e atores
maco, Aristóteles explica: A excelência moral [virtude sociais, aos princípios que regulam a convivência
moral], então, é uma disposição da alma relacionada em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania
com a escolha de ações e emoções, disposição esta e a justiça social.
consistente num meio-termo determinado pela razão.
Trata-se de um estado intermediário, porque nas vá- Objeto de conhecimento: Direitos Humanos e Po-
rias formas de deficiência moral há falta ou excesso lítica.
do que é conveniente tanto nas emoções quanto nas
ações, enquanto a excelência moral encontra e prefere Os regimes democráticos
o meio-termo. (p. 42)
A coragem, por exemplo, seria uma virtude situ- Os regimes democráticos
ada entre a covardia (a deficiência) e a temeridade são exceção no espaço e no
(o excesso). Assim, o filósofo propôs uma ética do tempo. Este fato fortalece o
meio-termo, na qual a virtude consistiria em procurar argumento de Montesquieu,
o ponto de equilíbrio entre o excesso e a deficiência. expresso no Espírito das Leis, de
Mas observe que esse ponto de equilíbrio não é que a natureza humana é indivi-
fixo, isto é, não pode ser estabelecido de antemão, dualista e egoísta. E, portanto,

255
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
democracia e república seriam regimes inatingíveis Por outro lado, é preciso admitir que estamos em
em termos práticos, porque exigem que os interesses meio a uma crise da representação política, que coloca
públicos estejam acima dos interesses privados. Logo, em questão o atual modelo das chamadas repúblicas
democracia e república só podem ser pensadas e efe- democráticas liberais.
tivadas a partir de uma educação intensiva e extensiva Vivemos uma era onde os direitos humanos e
capaz de superar o individualismo egoísta em prol da políticos conquistados a partir do século XVIII, não
cidadania ativa. garantem os direitos sociais mais elementares para a
Temos que reconhecer, porém, que a moderni- grande maioria das pessoas.
dade trouxe conquistas fundamentais como a valo- No plano das relações internacionais, os recen-
rização da subjetividade e da liberdade individual. tes acontecimentos, como guerras de invasão, ações
Contudo, ainda não conseguimos equacionar a liber- terroristas estatais ou não, desrespeito aos direitos
dade individual com a necessidade do exercício da humanos, nos demandam uma série de questões so-
cidadania e da constituição de uma esfera pública que bre o sentido do poder, da soberania, da democracia,
viabilize a coexistência entre ética e política. da liberdade e da tolerância.
Se, por um lado, o modelo da representação po- A Política em Maquiavel que apresenta a política
lítica foi a única forma encontrada para viabilizar o como ela é, construída pelos homens e indispensável
retorno da democracia nas sociedades modernas, que para a constituição do Estado. O pensamento maquia-
já não podiam ou não queriam sustentar os altos ní- veliano propõe uma “nova ética”, vinculada à ação
veis de envolvimento e participação na esfera pública, política e não ao ideal moral. Discutindo a questão do
tal qual os antigos atenienses, quer pela carência de poder e a importância fundamental da virtude política
formação, quer pelos novos interesses em jogo, quer e da ação, Maquiavel traz uma contribuição importan-
pela ascensão da importância da economia (reino da te para o pensamento político moderno.
necessidade) que passa a subordinar a vida política Fonte: Filosofia Ensino Médio, Secretaria do Estado de
Educação. Curitiba – Paraná, 2006.
(reino da liberdade).

MAQUIAVEL (1469 - 1527)

Imagem: O Livro da filosofia. Vários autores; São Paulo: Globo, 2011. Pág. 107

Nasceu em Florença, na Itália, foi filósofo político, Para Maquiavel a função da política é de regular os
historiador, estadista e escritor italiano, e também conflitos existentes entre os poderosos e o povo, logo
é considerado um dos primeiros cientistas políticos o objetivo da política é a manutenção do poder e
modernos, viveu no período do governo de Lourenço não o bem comum. A partir dessa ideia, é exposto
de Médici e defendeu a ideia da unificação da Itália. que existem duas formas de éticas, a da população
Participou ativamente da política, chegando a realizar comum e a da política (a política deve ser autônoma
missões diplomáticas. Mas em 1512 ele foi retirado e desvinculada das esferas religiosas e morais).
de seu cargo e recolheu-se ao exílio, devido que os Maquiavel rompeu com o pensamento político
Médici derrubaram a República e assumiram o poder. medieval, para ele os atos políticos devem ser avalia-
A obra “O Príncipe” foi escrita durante o período dos por suas consequências, ou seja, os fins justificam
de exílio de Maquiavel, em que ele descreve a lógica os meios, para manter o poder o governante deve
e artimanhas do poder político, que era diferente do fazer o que for necessário ao ponto em que a religião
que era idealizado e do que ocorria em sua prática. deve ser um instrumento político a serviço do Estado

256
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
e a ação política do governante não deve atender a Provavelmente muitos desses comportamentos
moralidade, mas a lógica do poder, como o mesmo políticos descritos por Maquiavel que vão contra o
afirmava “como é difícil para um povo acostumado ideal que imaginamos ser a política ou devido a uma
a viver sob o domínio de um príncipe preservar sua construção cultural de um povo que durante a forma-
liberdade!”. ção do processo histórico de seu país negou a partici-
Segundo Maquiavel o governante deve manter a pação da grande parte da sua população ao cenário
astúcia da raposa e a força do leão, logo o príncipe político e educacional, desenvolvendo um preconceito
deve-se recorrer a todos os recursos políticos que um contra debates e argumentos que envolvam a política
líder possui a seu alcance, seja do uso legitimo do po- em si.
der, da influência, da popularidade, do pres�gio, das
relações, da organização ou da pressão (econômica, Texto: Professor Gustavo Henrique José Barbosa
militar ou política).
Apesar das ideias de Maquiavel parecerem cruéis, Em O que é Política?, a pensadora Hannah Arendt
ele desejava a criação de um Estado em que unificas- escreve sobre a necessidade de avaliar os preconcei-
se toda a população italiana, já que naquele período tos que todos nós temos contra a política, decorren-
existia ainda uma separação entre cidades-Estado e tes, em grande medida, do fato de estarmos alienados
mantinham muitos conflitos internos que facilitavam da vida política e de não sermos políticos profissionais.
com que outros países invadissem. Maquiavel acredi- Arendt estabelece duas categorias de precon-
tava que Florença estava em tal agitação política que ceitos contra a política: no âmbito internacional – o
precisava de um governante forte para deixá-la em medo de um governo mundial totalitário e violento;
ordem. O príncipe representava as ideias genuínas no âmbito local ou interno – a política é reduzida a
de Maquiavel sobre como o soberano deve governar interesses mesquinhos, particularistas e à corrupção.
em tais casos; se principados são às vezes um mal Vamos ler e pensar sobre essa questão do precon-
necessário, melhor que sejam tão bem administrados ceito contra a política, a partir de um texto da autora:
quanto possível.
O preconceito contra a política
A diferença entre Virtù e Fortuna e o que é de fato política hoje

O perigo é a coisa política desaparecer do mun-


do. Mas os preconceitos se antecipam; ‘jogam fora
a criança junto com a água do banho’, confundem
aquilo que seria o fim da política com a política em
si, e apresentam aquilo que seria uma catástrofe
como inerente à própria natureza da política e sen-
do, por conseguinte, inevitável.
Por trás dos preconceitos contra a política, estão
hoje em dia, ou seja, desde a invenção da bomba
atômica, o medo da Humanidade poder varrer-se
da face da Terra por meio da política e dos meios de
violência colocados à sua disposição, e – estreita-
mente ligada a esse medo – a esperança da Huma-
nidade ter juízo e, em vez de eliminar a si mesma,
Virtù é a liberdade e capacidade do governante eliminar a política – por um governo mundial que
utilizar o seu livre-arbítrio para tomar decisões e/ou transforme o Estado numa máquina administrativa,
a capacidade de superar as adversidades e as contro- liquide de maneira burocrática os conflitos políti-
lando ao seu favor. A virtù é descrita também como a cos e substitua os exércitos por tropas da polícia.
capacidade estratégica do governante em lidar com Na verdade, essa esperança é totalmente utópica
ações imprevistas e determinar as condições e fatores quando se entende a política em geral como uma
para a sua vitória, habilidade para se manter no poder. relação entre dominadores e dominados. Sob tal
Fortuna diz respeito às circunstâncias, ao tempo ponto de vista, conseguiríamos, em lugar da aboli-
presente e às necessidades do mesmo: a sorte indivi- ção da política, uma forma de dominação despótica
dual, sendo a representação da deusa grega da sorte, ampliada ao extremo, na qual o abismo entre do-
logo para Maquiavel a sorte deve ser conquistada. minadores e dominados assumiria dimensões tão
As circunstâncias e imprevistos dos acontecimentos gigantescas que não seria mais possível nenhuma
sempre irão ocorrer em qualquer período histórico, rebelião, muito menos alguma forma de controle
mas quem detém da virtù faz a sua sorte. dos dominadores pelos dominados.(...) Mas, se se

257
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
entender por ‘político’ o âmbito mundial no qual SEMANA 03
os homens se apresentam sobretudo como atuan-
tes, conferindo aos assuntos mundanos uma du- HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar
rabilidade que, em geral, não lhes é característica, os fundamentos da ética em diferentes culturas,
então essa esperança não se torna nem um pouco tempos e espaços, identificando processos que
utópica. Na História, conseguiu-se frequentemente contribuem para a formação de sujeitos éticos que
varrer do mapa o homem enquanto ser atuante, valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia,
mas não em escala mundial – seja na forma da o empreendedorismo, a convivência democrática
tirania que hoje nos dá a impressão de estar fora e a solidariedade.
de moda, na qual a vontade de um homem ‘exige
pista livre’; seja na forma moderna de dominação Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501B)
total, na qual se deseja liberar os processos e ‘forças Compreender o papel histórico das instituições
históricas’ impessoais supostamente mais elevadas sociais, políticas e econômicas, estudando a De-
e escravizar os homens para elas. Na verdade, o, claração Universal dos Direitos Humanos para as-
a-político no sentido mais profundo dessa forma de sociar às práticas dos diferentes grupos e atores
dominação mostra-se juntamente na dinâmica que sociais, aos princípios que regulam a convivência
lhe é característica e que ela desencadeia, na qual, em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania
cada coisa e tudo antes tido como ‘grande’ hoje e a justiça social.
pode cair no esquecimento – se for para manter o
movimento em impulso, deve cair mesmo. O que Objeto de conhecimento: Roma antiga e o Direito
não pode servir para acalmar nossas preocupações Romano.
ao constatarmos que, nas democracias de massa,
sem nenhum terror e de modo quase espontâneo,
por um lado toma vulto uma impotência do ho- A CONTRIBUIÇÃO DE ROMA
mem e por outro aparece um processo similar de
consumir e esquecer, como se girando em torno
de si mesmo de forma con�nua, embora esses fe-
nômenos continuem restritos, no mundo livre e
não arbitrário, à coisa política em seu sentido mais
literal e à coisa econômica.
Mas o principal ponto do preconceito corrente
contra a política é a fuga da impotência, o deses-
perado desejo de ser livre na capacidade de agir,
outrora preconceito e privilégio de uma pequena
camada que, como lord Acton, achava que o poder
corrompe e a posse do poder absoluto corrompe
em absoluto. O fato dessa condenação do poder
corresponder por inteiro aos desejos ainda inarti-
culados das massas não foi visto por ninguém com
tanta clareza como Nietzsche, em sua tentativa de
reabilitar o poder – se bem que ele também con-
fundisse, ou seja, identificasse, bem ao espírito da Quando as Guerras Púnicas (264-146 a.C.), en-
época, o poder impossível de um indivíduo ter, visto tre Roma e Cartago, terminam, praticamente todo
ele surgir somente pelo agir em conjunto de muitos, o mundo dito “civilizado” encontra-se sob domínio
com a força cuja posse qualquer pessoa pode deter. romano. Através do Mediterrâneo, transformado em
(ARENDT, 1998, p. 25 a 28) mare nostrum (“nosso mar”, segundo os romanos),
Fonte: Filosofia Ensino Médio, Secretaria do Estado de as riquezas chegam a Roma, tornando-a próspera e
Educação. Curitiba – Paraná, 2006. luxuosa. Chegam também imigrantes de outras terras
— sírios, egípcios, hebreus, gregos — e com eles os
mais variados valores culturais, que, com a predomi-
nância do helenismo, iriam contaminar o modo de
vida e o pensamento romanos.
Os romanos descendem de vários povos latinos —
sabinos, équos, entre outros —, que por volta dos sécu-
los IX a VIII a.C. passaram a habitar a região do Lácio, na
península itálica. Com o tempo, esses povos organiza-

258
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ram-se numa federação e cercaram com fortificações o esvaziando as demais instituições políticas, repre-
território que lhes era comum, formando o núcleo inicial sentaria, de certa maneira, um alívio para as famílias
de Roma. Admite-se que isso tenha ocorrido por volta aristocráticas, já cansadas da onerosa participação no
de 753 a.C., e que o nome da cidade derive de Rumon negotium(negócio, que na época significava adminis-
(“cidade do rio”), termo que teria sido empregado por tração pública). Podiam agora gozar do otium (ócio),
etruscos que a dominaram entre 616 e 509 a.C. a vida sem trabalho proporcionada pela riqueza do
Sob a dominação etrusca, os romanos, que antes Império e pelo emprego da mão-de-obra escrava, e
viviam da agricultura e do pastoreio, passaram a de- assim dedicar-se à cultura e às artes.
dicar-se cada vez mais à manufatura e ao comércio.
Grandes obras públicas foram erguidas. Consolida- A filosofia de Cícero
ram-se também suas instituições políticas, como o
Senado, que reunia os representantes dos patrícios, O pensamento romano floresceu nesse ambiente
os grandes proprietários. Os senadores eram nome- de ócio. Mas, ao contrário do que ocorreu na Grécia,
ados pelo rei, mas tinham poderes para escolher o a atividade intelectual em Roma careceu de originali-
próprio rei. Em outras palavras, o poder real, limitado, dade. Na filosofia, os romanos elaboraram um pensa-
rivalizava com o dos patrícios, que, por fim, e segundo mento eclético, isto é, que mistura aspectos de várias
narra a tradição, depuseram e expulsaram o último rei correntes filosóficas, em que sobressaem as ideias
etrusco em 50 a.C. Roma tornou-se uma República. moralizantes. Além disso, esse pensamento não alcan-
ça um nível de abstração comparável ao dos gregos,
O desenvolvimento do Império a não ser num único terreno: o do direito. E só no
período final do Império surgiriam fatos culturais efe-
“Res” publica significa “coisa de todos”. Mas da tivamente novos: o cristianismo e o neoplatonismo.
República romana só participavam os patrícios, que O primeiro representante desse pensamento é
já detinham o poder econômico e militar e, agora, Tito Lucrécio Caro (c. 96-55 a.C.). De sua vida, pouco
também o político. A plebe — pequenos proprietários, conhecida, conta-se que ele alternava momentos de
comerciantes e artesãos — e os clientes (espécie de lucidez e de loucura e que, ao final, teria se matado.
agregados dos patrícios), para não falar dos escravos, Escreveu Da Natureza das Coisas, talvez o primeiro
não tinham acesso ao poder. A história da República texto filosófico em latim, mas que se limita a expor
é assim uma sucessão de revoltas da plebe, que aos em versos o pensamento de Epicuro, ressaltando sua
poucos foi conquistando direitos políticos, revertidos crítica à religião como causa dos temores do homem.
em bene�cios econômicos. A obra de Lucrécio, porém, só viria à luz após sua
Favorecer economicamente a plebe significava morte. Coube então a Cícero a primazia de fazer a
conceder-lhe terras — e isso requeria a expansão do filosofia falar latim.
território romano, pois os patrícios monopolizavam Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) foi um destacado
as propriedades. A necessidade da defesa de Roma, político de Roma, autor das famosas Catilinárias, peça
sempre ameaçada por povos vizinhos, também levou de oratória com que denunciou a conspiração de Lúcio
os romanos às guerras de conquista. O resultado foi Sérgio Catilina contra a República. Opositor de Júlio
um vasto Império, que, no auge, nos séculos I e II d.C., César, e por isso perseguido, exilou-se. A morte de
abrangeria quase toda a Europa ocidental, o norte da César levou-o de novo à cena política, mas ele se opôs
África e a Ásia Menor. também a Otaviano, sendo assassinado.
Essas conquistas repercutiram na política interna Seu pensamento, exposto em várias obras como
de Roma: o controle de todo o Império exigia uma Sobre os Fins, Sobre os Deveres e A Natureza dos Deu-
centralização maior de poder, também necessária ses, é um exemplo de ecletismo, em que se manifes-
para frear as con�nuas agitações sociais e conspira- tam as mais diversas influências: elementos da Acade-
ções. Assim, em 46 a.C., o Senado investiu Júlio César mia, do Liceu, do Jardim e da Stoa. Sua preocupação
(101-44 a.C.) das funções de imperator (comandante básica é a convivência dos homens em sociedade.
do Exército), com poderes sobre todos os cidadãos Assim, embora admita que o conhecimento da ver-
e aliados. Dois anos depois, o Senado proclamou-o dade é impossível, sustenta que deva existir alguma
ditador vitalício, mas ele seria assassinado logo em forma de conhecimento para assegurar o consenso.
seguida por Júnio Bruto e Caio Cássio. Sua ética, por outro lado, aproxima-se da dos es-
Mas a ideia de um governo forte e centralizado tóicos, mas sem o mesmo rigor. A virtude consiste em
na figura do imperador estava lançada. Em 27 a.C., permanecer indiferente ao mundo, mas também não
esse posto foi oficializado pelo Senado, que concedeu há mal em não desprezar os bens, já que assim agem
o �tulo de Augusto (“divino” ou “sagrado”) a Caio todos os homens. O mesmo tipo de raciocínio vale
Otaviano (63 a.C.-14 d.C.), sobrinho-neto de César. para a religião. Para Cícero, existe um único Deus; mas
Essa concentração de poderes em uma só pessoa, ele admite que para o povo é conveniente a crença

259
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
em vários deuses. O que lhe importa, em suma, não senhores do mundo. As discussões lógicas do perío-
é tanto o conhecimento das coisas por meio da razão, do grego desaparecem na Stoa romana e, quando se
mas o que é razoável e conveniente para os homens. teoriza sobre a natureza, essa questão nem sempre
aparece vinculada à preocupação ética — o que era
O surgimento do direito uma exigência do estoicismo original. Importa aos es-
tóicos romanos formular ideias morais, e é sobretudo
A grande obra do pensa- nesse sentido que se esforçam seus representantes
mento romano é o direito. Ao maiores. Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio.
contrário das leis da Grécia clás-
sica — objeto de discussão e vo- Sêneca e a arte de bem viver
tação, quase sempre ao sabor
das circunstâncias políticas —, o Nascido em Córdoba (Es-
direito romano tem um caráter panha), Lúcio Aneu Sêneca (c.
impessoal e técnico. Forma um 4 a.C.-65 d.C.) estudou direito
todo coerente e sistemático, de em Roma, onde se destacaria
modo que cada parte não con- como político, preceptor do
flita com as demais. Nesse senti- futuro imperador Nero (37-
do, porém, ele é de certo modo 68) e, mais tarde, seu con-
herdeiro do pensamento abstrato dos gregos, com seu selheiro. Mas, discordando
ideal de um todo harmonioso e bem-proporcionado. dos métodos arbitrários do
Antes do período republicano, a lei confundia-se antigo discípulo, foi obrigado
com preceitos religiosos e baseava-se nos costumes. por Nero a suicidar-se. Deixou
No início da República não diferiu, mas as con�nuas vários escritos, muitos deles
revoltas dos plebeus por mais direitos tornaram ne- em forma de diálogo (como
cessário o estabelecimento por escrito de leis básicas. Da Tranquilidade da Alma) e
O resultado foi a Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), que peças de teatro (como Medéia e Apocolocyntosis).
abrangia o direito civil, o privado, o penal e aspectos Sêneca, como os estóicos anteriores, divide a filo-
do direito público, e que de modo geral equiparava sofia em três partes: ética, �sica e lógica. Concentra
juridicamente os plebeus aos patrícios. seu interesse na ética, pois considera a filosofia um
No decorrer da República multiplicaram-se outras assunto eminentemente prático. Por isso, não hesita
leis. Desenvolveu-se também a jurisprudência (“ciên- em tomar de outras correntes filosóficas elementos
cia do direito”), que examina a aplicação de normas que possam contribuir para formular um pensamento
abstratas para casos concretos. Ao lado dos pretores, que ensine a viver bem. Tal ecletismo manifesta-se,
responsáveis pela aplicação da lei, surgiram os juris- por exemplo, em sua concepção de Deus. Embora
consultos, especialistas na área, que davam consultas concordando com o estoicismo tradicional de que o
públicas a quem recorresse à Justiça. universo na totalidade seja corpóreo, logos divino,
No período imperial, a iniciativa de propor as leis, ele admite também a existência de um Deus que o
antes compartilhada pelo Senado e pela Assembleia transcende, estando acima desse universo. Ao homem
da Plebe, passou a ser monopolizada pelo Senado. Na cabe praticar o bem, pois assim Deus o ajudará.
prática, porém, a função legislativa tornou-se prer-
rogativa do imperador. Essa concentração de poder, O ex-escravo e o imperador
tornando o direito menos um assunto político do que
de especialistas, talvez tenha facilitado a sistematiza-
ção das leis empreendida por Justiniano (482-565), o
imperador do Império do Oriente (Constantinopla).
Justiniano formou comissões de especialistas que por
anos compilariam as leis existentes, reduzindo-lhes o
número e tornando-as compa�veis entre si. O resul-
tado é Corpus Juris Civilis, coleção de quatro compi-
lações que até hoje constitui a base da legislação de
quase todos os países.

O ESTOICISMO MORAL DO IMPÉRIO


A ideia de um Deus transcendente é compartilha-
A versão romana do estoicismo sofre a marca do da por Epicteto (c. 50-130), um ex-escravo que, após
caráter pouco abstrato do pensamento dos então liberto, dedicar-se-ia ao ensino da filosofia. Para ele,

260
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
é preciso separar as coisas que dependem de nós e as Francis Wolff (1950 -)
que não dependem. “Dependem de nós”, afirma em
seu Manual, “a opinião, a tendência, o desejo, a aver- É um professor de Filosofia da Universidade de
são, em uma palavra, tudo o que é obra nossa; não Paris X e diretor–adjunto da Escola Normal Superior
dependem de nós o corpo, a riqueza, os testemunhos (Paris). Ele também lecionou, como professor con-
de consideração, os altos cargos, em uma palavra, o vidado, na Universidade de São Paulo (USP). Dentre
que não é obra nossa. ” Trata-se então de conduzir suas publicações mais importantes traduzidas para o
corretamente tudo o que depende de nós e perma- português estão: Aristóteles e a Política; Dizer o mun-
necer indiferente quanto ao resto. Nisso consistem a do; além dos ensaios: A invenção da política; quem
tranquilidade da alma e a felicidade. é bárbaro?
Marco Aurélio Antonino (121-180) foi imperador. No instigante ensaio A invenção da política, o fi-
Essa condição não deixa de se manifestar em sua ver- lósofo contemporâneo Francis Wolff argumenta que,
são do estoicismo: “Como um Antonino”, declara em para compreender a essência universal da política e
suas Meditações, escritas em grego, “minha cidade e sua ligação com o ser humano em geral, é preciso
minha pátria é Roma; como homem, o mundo. Logo, romper com certas imagens particulares da política.
só é um bem para mim o que for útil a essas duas Quais seriam essas imagens? Ora, são as ques-
cidades”. Por isso, para ele, o ideal estóico de apatia tões cotidianas na base do nosso entendimento mais
significa menos a indiferença com o que ocorre no imediato da política, citadas já no início deste texto.
mundo do que com o que poderia perturbar o Im- Mas, por que romper com elas? Por que evitar essas
pério: “Não te é lícito, ao bem, segundo a razão e os questões particulares ou específicas? Elas não são
interesses do Estado, opor seja o que for de natureza relevantes?
diversa, como o louvor da multidão, o poder, a riqueza, É claro que elas são muito importantes e devem
o gozo dos prazeres”. ser profundamente discutidas e elucidadas, porém,
Ao que parece, Marco Aurélio conciliou no que num segundo momento. Se enfrentarmos essas ques-
pôde as exigências da posição com a moral estóica de tões, antes de tentarmos responder aquelas que as
amor à humanidade. Diz-se que foi um bom impera- antecedem, elas não serão bem respondidas, além
dor. Mas, nesse período, o Império já começava a dar do que, poderão nos distanciar das questões funda-
sinais de decadência. Por isso, no final das Meditações mentais – a saber: O que é a política? Qual é a sua
ele não deixa de manifestar, por trás da apatia, uma essência? Por que ela existe em todas as culturas e
certa melancolia: “Homem, foste cidadão nesta gran- civilizações, ainda que de maneiras diferentes? Ética
de cidade. Que te importa se foi por cinco anos? (...) É e política já estiveram juntas algum dia?
como se o pretor despedisse do teatro o comediante Na busca da resposta, Wolff nos desafia: – é pre-
por ele contratado”. ciso um primeiro esforço no sentido de “imaginar o
Livro: A História da Filosofia, Autora Bernade�e que aconteceria sem a política.” (WOLFF, 2003, p. 27)
Siqueira Abrão, editora: nova Cultura, são Paulo, 2004. Ainda segundo Wolff (2003), a vida humana pode
Página 85 a 88 acontecer a partir das três possibilidades seguintes:
a) Em comunidade, organizada pela existência
SEMANA 04 de uma instância externa à sociedade (o Estado, por
exemplo), cuja função seria a efetivação e a manuten-
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar ção da unidade da sociedade. A política, neste caso,
os fundamentos da ética em diferentes culturas, seria coercitiva e o poder estaria localizado fora da
tempos e espaços, identificando processos que sociedade, mas agindo sobre ela.
contribuem para a formação de sujeitos éticos que b) Isolada, como a maioria dos animais, talvez em
valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, pequenos grupos ou famílias. Essa condição seria pra-
o empreendedorismo, a convivência democrática ticamente impossível.
e a solidariedade. c) Em comunidade, mas sem a necessidade da
política. A vida transcorreria em harmonia, sem dife-
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501D) Es- renças, sem conflitos, nem confrontos, sem a neces-
tudar a Constituição Cidadã de 1988 no Brasil, prio- sidade de leis ou limites.
rizando os textos relacionados aos direitos e garan- Retornemos às proposições de Wolff. A primeira é
tias fundamentais, como elemento na construção indesejável, afinal, quem gosta de viver sob coerção?
de sujeitos éticos e democráticos para problema- A segunda possibilidade, que é a ideia de viver isola-
tizar a nova formação política e social brasileira. damente, transita entre o romântico e o patético e é
anacrônica. A terceira, que propõe a vida sem política,
Objeto de conhecimento: Estado democrático de é uma utopia sem sustentação material. Sendo assim,
direito no Brasil. o que nos resta?

261
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Sabemos que vivemos juntos, em sociedade, e Sabemos pouco sobre as comunidades políticas
não isoladamente. Sabemos que temos diferenças e dos índios brasileiros, e isso se deve, na maioria, às
os confrontos e conflitos fazem parte da vida em socie- concepções eurocêntricas e etnocêntricas às quais
dade. Sabemos que existem profundas contradições nossa formação e nossa cultura foram e ainda são
sociais. Portanto, seja através do ideal de autogoverno submetidas.
ou de uma instância externa à sociedade e, portanto,
coercitiva (o Estado), a política é uma dimensão ne- A Vida Política dos Povos Indígenas do Brasil e a
cessária e constitutiva da existência humana; assim, Invasão dos Bárbaros
onde houver uma sociedade, haverá política.
Resta saber então: Que tipo de política temos?
Que tipo de política queremos? Que política podemos
construir?

O ideal Político

O ideal político se caracteriza pela existência de


uma comunidade e pela construção e manutenção de
uma unidade desta comunidade, sem que para isso
ela precise submeter-se a um poder externo (do tipo:
“eles” são o poder; eles fazem as leis que devemos
obedecer). Não se trata, contudo, de uma defesa da
anarquia. É importante registrar que não é possível a
vida em comum sem que haja regras e sanções muito
claras. Logo, uma comunidade política ideal deve esta-
belecer suas finalidades, suas regras, sua prioridade, Imagem: Thèodore de Bry – gravura do século XVI, sobre
enfim, deve autogovernar-se (nós somos o poder; nós a barbárie dos colonizadores na América
fazemos as leis que normatizam a vida na comunidade
e isso constitui a nossa liberdade). No entanto, a his- Vamos examinar, conforme anunciamos no iní-
tória testemunha o quão di�cil é a consecução desse cio deste texto, outra sociedade que, segundo Francis
ideal do político. Wolff, atingiu a essência do político – os indígenas do
Brasil, particularmente os tupis-guaranis, de antes da
“Se houvesse uma comunidade que, em lugar descoberta.
de manter-se por meio de um poder distinto Os indígenas não têm política, não têm Estado,
dela mesma (uma instância organizada para não têm leis – espantavam-se os colonizadores. Mas,
esse fim, um chefe todo-poderoso, um grupo as coisas não eram bem assim, pois, enquanto os in-
dirigente, uma classe dominante, um Estado), vasores europeus tinham uma ideia de Estado como
se conservasse em sua unidade apenas por poder externo e coercitivo da sociedade, os indígenas
sua própria potência, uma sociedade na qual viviam nas aldeias outra experiência política, na qual
o poder político só pudesse ser localizado na o Estado coercitivo dos europeus não fazia nenhum
comunidade política em seu conjunto, poderí- sentido.
amos dizer dessa sociedade que ela realizou a Não é exagero afirmar que, nesse aspecto, os
ideia do político. ” (WOLFF, 2003, p.31) indígenas estavam muito além dos invasores e co-
lonizadores em matéria de política – os indígenas
Wolff (2003) defende a tese de que apenas duas constituíram sua comunidade visando ao bem-estar
sociedades conseguiram realizar o ideal político, que é de todos e sabiam manter a sua unidade através do
a unidade da comunidade política, sem coerção exter- autogoverno.
na. Quais foram essas sociedades? Essas sociedades A história das colonizações das Américas é, ba-
foram, os atenienses da Antiguidade e os índios do sicamente, a história da barbárie, justificada pelos
Brasil, de antes da descoberta. invasores como sendo a vitória da civilização. Mas
Certamente você já ouviu falar da genialidade como definir civilização e barbárie?
dos gregos e da sua famosa invenção: a democracia Francis Wolff, em Quem é bárbaro?, apresenta
na Atenas da Antiguidade. Mas alguma vez já ouviu e critica a definição tradicional e conservadora que
falar que os índios brasileiros, particularmente os tu- define como civilizada a sociedade que: urbanizou-se,
pis-guaranis, também foram, de maneira diferente, que se libertou de costumes grosseiros; que refinou
bem sucedidos na aventura de construir uma comu- o espírito ar�stico, filosófico, cien�fico e é também
nidade política que garantisse uma vida boa aos seus mais desenvolvida tecnologicamente; que desenvol-
integrantes? veu normas, princípios morais que estabelecem regras

262
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
de conduta e de respeito ao outro. Para Wolff, essa SEMANA 05
ideia é conservadora, porque na história da humani-
dade existem culturas e civilizações que atendem boa HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e
parte desses requisitos e se demonstram violentas na avaliar o papel da indústria cultural e das culturas
relação com outras culturas. Portanto, diz o filósofo, de massa no es�mulo ao consumismo, seus im-
civilização e barbárie não estão vinculadas ao estágio pactos econômicos e socioambientais, com vistas
de desenvolvimento de uma cultura ou civilização, à percepção crítica das necessidades criadas pelo
“são bárbaros aqueles que acreditam na barbárie, consumo e à adoção de hábitos sustentáveis.
mas não no sentido de acreditarem que haja cultu-
ras inferiores (isso seria paradoxal, pois, como vimos, Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303B) Es-
existem culturas inferiores bárbaras), e sim no senti- tudar dados de consumo das sociedades, avaliando
do de acreditarem que sua própria cultura é a única informações, estudos, pesquisas, leituras de textos
forma de humanidade possível”. (WOLFF, 2004, p. 42) de Sociologia e Filosofia que explanam as causas e
Os tupi-guarani, de antes da descoberta, conse- consequências do consumismo da sociedade con-
guiram realizar a essência do político; no entanto, o temporânea para debater os impactos na sociedade
etnocentrismo dos colonizadores, presente também e no meio ambiente.
nos relatos dos viajantes, não permitiu que eles re-
conhecessem que aquelas comunidades viviam poli- Objeto de conhecimento: Problemas ambientais,
ticamente, e que não se organizavam a partir de um Globalização e Consumismo.
Estado (poder exterior à sociedade) simplesmente
porque não tinham a necessidade dele, pois haviam
conquistado algo que estava muito distante das pos- Escola de Frankfurt
sibilidades da civilização europeia: a capacidade de
autogoverno. Em 1922 foi criado o Instituto para Pesquisa Social
Clastres, em A sociedade contra o estado, de- da Universidade de Frankfurt, voltado para as inves-
monstra que as interpretações europeias das socie- tigações cien�ficas com uma base teórica marxista.
dades indígenas brasileiras as definiram como socie- Theodor Adorno (1903 – 1969) e Max Horkheimer
dades privadas de bens essenciais, sempre carentes (1895 – 1973) eram seus principais integrantes, além
de alguma coisa: sociedades sem escrita; sem Estado; de contar com a presença de Hebert Marcuse (1898 –
sem mercado e sem história. Parece mais correto afir- 1979), Walter Benjamim (1892 – 1940) e Erich Fromm
mar que a verdadeira carência estava na mentalidade (1900 – 1980), porém nesse período a ascensão do
etnocêntrica, dominadora e, portanto, bárbara dos nazismo começou a perseguir os membros da escola
invasores. de Frankfurt devido que a maioria dos representantes
era de origem judaica. Devido a esse fator a sede da
“Os índios, efetivamente, só dedicavam pouco escola foi transferida da Alemanha para Genebra, na
tempo àquilo que damos o nome de trabalho. Suíça, depois para Paris, na França e logo após para
E, apesar disso, não morriam de fome. Os cro- Nova York, nos Estados Unidos, mas em 1950 com o
nistas da época são unânimes em descrever a fim da Segunda Guerra Mundial retornou para o seu
bela aparência dos adultos, a boa saúde das país de origem. As ideias filosóficas da escola eram
crianças, a abundância e variedade dos recur- voltadas para a justiça social
sos alimentares. Por conseguinte, a economia
de subsistência é, pois, compatível com uma Max Horkheimer e a teoria crítica
considerável limitação do tempo dedicado às
atividades produtivas. Era o que se verificava Fez uma crítica a utilização da dúvida metódica
com as tribos sul-americanas de agricultores, cartesiana nas ciências humanas, para Horkheimer os
como, por exemplo, os tupis-guaranis, cuja fatos sociais e naturais são semelhantes e se corres-
ociosidade irritava igualmente os franceses pondem. Para ele o sujeito e o objeto se identificam
e os portugueses. ” (CLASTRES, 1998, p. 135) na área de pesquisa das ciências humanas, logo o ser
Fonte: Filosofia Ensino Médio, Secretaria do Estado de
humano, que é o objeto de investigação, também é
Educação. Curitiba – Paraná, 2006. o que conduz a investigação (o pesquisador pode in-
terferir no direcionamento da pesquisa).
A outra análise feita a ideia de justiça social era
sobre a possibilidade da emancipação social (através
do esclarecimento) e a criação de uma sociedade sem
exploração, para isso era analisado os acontecimentos
históricos, a formação e desenvolvimento da socie-

263
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
dade industrial e capitalista. A teoria crítica buscava tada pela primeira vez no livro “Dialética do Esclareci-
superar a teoria tradicional. mento”, escrito por dois sociólogos alemães: Theodor
Adorno e Max Horkheimer.
A crítica da razão

Segundo as ideias de Adorno e Horkheimer, a ra-


zão iluminista que tinha seus princípios voltados para
o progresso social e a emancipação dos indivíduos foi
desviada de seu percurso e promoveu a dominação
dos indivíduos em prol do desenvolvimento tecno-
lógico industrial. Segundo a ideia desses filósofos,
a expansão do conhecimento técnico promoveu a
ampliação das capacidades de manipulação dos in-
divíduos e por retirar a autonomia do ser humano,
porque o avanço dos recursos técnicos da informação
é acompanhado por um processo de desumanização.
Na obra dialética do esclarecimento de 1947, Imagem: h�ps://fia.com.br/blog/industria-cultural/
ambos filósofos expõem que a consciência dos indi-
víduos é deturpada e promove um desencantamento No capítulo “A Indústria Cultural: iluminação como
do mundo em que a razão crítica será prejudicada engano em massa”, os autores descrevem o uso de
pelas relações de produção capitalista e da indústria peças originalmente culturais para manipular a popu-
cultural, assim a consciência do indivíduo é abafada lação, disseminando a visão das elites.
por desejos de entretenimento e consumismo difun- Segundo Adorno e Horkheimer, a produção de
didos pelo sistema midiático para as massas, a razão livros, filmes, músicas e outros artigos culturais de
acaba por ser controladora e instrumentalizada. Se- maneira padronizada também contribui para perpe-
gundo Theodor Adorno, a própria liberdade de es- tuar a ideia de que a felicidade pode ser conquistada
colha é algo imposto devido à homogeneização dos através do consumo de bens e serviços. O termo In-
comportamentos. dústria Cultural surgiu em resposta à concepção de
que o uso das tecnologias na área cultural levaria as
Consumo alienado peças a uma quantidade maior de pessoas, democrati-
zando o acesso à cultura. Ou seja, seria uma forma de
Para se evitar o sentimento de exclusão, seja por incluir os indivíduos, compartilhando o conhecimento
estar fora da moda ou não seguir as tendências de um necessário para que se tornassem livres e capazes de
grupo; a posse de um objeto ou objeto que garante pensar de maneira crítica.
uma identidade. Assim, para evitar a insatisfação ou Porém, as peças culturais produzidas e difundidas
para poder adentrar em um determinado grupo social em massa acabaram perdendo a essência questiona-
o consumidor perde a noção da felicidade e a associa dora presente em artigos culturais únicos, propondo
a bens materiais e a desejos criados e impostos pelo ideias preconcebidas, em vez de elementos para a
sistema midiático. reflexão.
A própria questão do lazer fica alienado e vira ob- Atualmente, a expressão Indústria Cultural tem
jeto de consumo em que será fornecido pela indústria sido usada para se referir, em especial, às grandes
cultural, logo a relação dos indivíduos com a arte tam- corporações que produzem e distribuem produtos
bém é afetada. Adorno e Horkheimer entenderam que de entretenimento para o cinema, televisão, rádio,
havia dois tipos de cultura autêntica: a cultura erudita internet, entre outros meios.
e a cultura popular, enquanto a cultura de massa é
inautêntica por ser um recurso capitalista voltado para Qual o objetivo da Indústria Cultural?
a venda de uma arte inferior e reproduzida em grande
escala que mantém o controle sobre os indivíduos. Fundamentada na lógica capitalista, a Indústria
Texto: Professor Gustavo Henrique José Barbosa Cultural busca por maneiras de obter e aumentar o
lucro. Quando aplicada ao meio cultural, essa lógica
O que é Indústria Cultural? pede uma padronização nas obras produzidas, a fim
de que atendam ao gosto do maior número possível
Indústria Cultural é um conceito usado para desig- de pessoas. É o que acontece, por exemplo, quan-
nar a transformação de diferentes obras em produtos do uma banda ou estilo de música faz sucesso e, em
padronizados, devido à introdução da tecnologia no seguida, surgem vários outros grupos e canções se-
processo de produção cultural. Essa expressão foi ci- melhantes. Já que a “fórmula” da primeira banda ou

264
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
música deu certo, a ideia é repetir esse caminho para revistas nunca alcançaram tanta audiência quanto o
aumentar a popularidade e o consumo das canções rádio, televisão e internet – principais meios forma-
pelo público. dores da cultura de massa no país.
Outros propósitos menos evidentes da Indústria Para compreender o desenvolvimento da indús-
Cultural são a dominação de classes e a imposição dos tria cultural no Brasil, é essencial ter em mente que
ideais da elite. No entanto, a ideia que se popularizou ele foi impulsionado por governos que tinham claros
foi a razão instrumental, que busca a dominação da interesses na difusão de ideais específicos junto a
natureza interior do homem e da sociedade, resultan- produtos de entretenimento.
do em indivíduos alienados. Desse modo, a cultura
se tornou uma mercadoria a serviço daqueles que
dominam os meios de produção e, principalmente,
de distribuição.
Serve, ainda, para controlar as massas, difundindo
a visão de mundo e os preconceitos das elites que,
historicamente, prezam pela manutenção de sua ri-
queza e do capitalismo financeiro. Esse domínio é feito
de modo sutil, disfarçado em produtos de entreteni-
mento que promovem um estilo de vida consumista.
Conforme a teoria da Indústria Cultural, o consu-
mismo e a valorização de coisas materiais acima de
outras qualidades sustentam o capitalismo e impedem
que a classe trabalhadora consiga, de fato, ser livre. Imagem: h�ps://fia.com.br/blog/industria-cultural/
A ideia é que ela sempre mantenha um desejo pelos
bens de consumo, ainda que não necessite deles para Rádio
sobreviver.
Fonte: h�ps://fia.com.br/blog/industria-cultural/ Primeiro meio relevante de comunicação de
massa em território nacional, o rádio chegou a casas
brasileiras na década de 1920, mas ganhou força nos
SEMANA 06 anos seguintes. Isso porque anúncios publicitários só
foram permitidos a partir de 1930, e se tornaram,
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e rapidamente, a principal forma de arrecadação de
avaliar o papel da indústria cultural e das culturas receitas pelo rádio.
de massa no es�mulo ao consumismo, seus im- Esse meio viveu seu período áureo dos anos 1930
pactos econômicos e socioambientais, com vistas aos 1950, atingindo grande audiência e atraindo a
à percepção crítica das necessidades criadas pelo atenção do Governo Vargas.
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis. Tanto que, durante o Estado Novo, o presidente
usou o rádio para promover a cultura nacionalista.
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303B) Es-
tudar dados de consumo das sociedades, avaliando Televisão
informações, estudos, pesquisas, leituras de textos
de Sociologia e Filosofia que explanam as causas e Ainda na década de 1950, os lares ricos receberam
consequências do consumismo da sociedade con- os primeiros aparelhos de televisão, em que assis-
temporânea para debater os impactos na sociedade tiam programas da TV Tupi, graças a investimentos
e no meio ambiente. do jornalista e empresário Assis Chateaubriand. Ao
transmitir imagens, a TV revolucionou a comunicação
Objeto de conhecimento: Indústria Cultural, Con- e a Indústria Cultural brasileira, tomando a audiência
ferências, Ambientais e Problemas ambientais do do rádio nos anos 1960 e 1970.
cerrado. Desde então, a televisão adquiriu o status de ve-
ículo de comunicação de massa mais importante do
Indústria Cultural no Brasil país, e continua sendo extremamente valorizado entre
a população e anunciantes.
A Indústria Cultural brasileira se desenvolveu en- Para se ter uma ideia, em 2008, mais de 95% dos
quanto os meios de comunicação de massa foram lares brasileiros tinham pelo menos uma televisão.
enquadrados das pessoas e se popularizaram. Esse meio cresceu, na maioria, devido a investimentos
Embora tenham um papel importante para a for- do governo durante o regime militar, começando com
mação do pensamento crítico, mídias como jornais e a inauguração do sistema de micro-ondas, em 1968.

265
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Em 1974, foram criadas estações transmitidas via “Os consumidores assumem uma função pas-
satélite, e, em 1981, Globo e Bandeirantes puderam siva, cujo papel resume-se a escolher entre
ser assistidas em todo o país, devido a um acordo comprar ou não comprar. Em suma, as carên-
com a empresa Embratel. Até hoje, a concessão para cias culturais das massas são exploradas para a
administrar uma rede só pode ser dada pela União. obtenção de lucro e, consequentemente, para
Os programas exibidos ajudaram a criar uma ima- a manutenção do domínio das classes”
gem positiva do governo militar, sustentando, inclusi-
ve, que era fruto da democracia. Aliados aos avanços Favorecendo a integração entre classes, a cultura
econômicos, eles mantiveram a maioria da população de massa também se prestaria a ocultar as diferenças
brasileira distante quanto à violência e violação de existentes entre elas, incluindo desigualdades sociais
direitos de cidadãos durante o período que compre- e até injustiças.
endeu a ditadura. Fonte: h�ps://fia.com.br/blog/industria-cultural/
Ainda nos anos 1960, a Rede Globo – então aliada
do governo – lançou um dos produtos mais bem-su-
cedidos da Indústria Cultural brasileira: a telenovela.
Apesar de pautar temas relevantes e tabus, esses
programas deixavam de lado questões como a desi-
gualdade social.
Em 1985, o rádio voltou à cena através das emis-
soras FM e o fim da censura aos programas, perma-
necendo como meio relevante, mas com audiência
mais baixa que a TV. O controle do Estado sobre as
redes de televisão permaneceu até a década de 1980.
Com a redemocratização, nos anos 1990, a censura
foi retirada. Já a internet se popularizou, em especial,
na década de 2000, oferecendo uma alternativa mais
democrática por dar voz a diferentes atores.

Quais as consequências da Cultura de Massa?

Imagem: h�ps://fia.com.br/blog/industria-cultural/

Uma das consequências da cultura de massa é


a homogeneização cultural, que considera estranha
qualquer manifestação cultural que não incentive o
consumo exacerbado de bens e serviços.
Conteúdos veiculados por meios de comunicação
em massa também colaboram para a formação de
indivíduos incapazes de aprofundar análises sociais ou
desenvolver seu pensamento crítico, pois partem de
valores pré-concebidos. Em outras palavras, a cultura
de massa pode levar a um empobrecimento cultural
entre as camadas mais numerosas da audiência, com
pouco acesso a meios alternativos de informação e
entretenimento.
Veja o que dizem pesquisadores especialistas da
Universidade Estadual da Paraíba:

266
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
GEOGRAFIA O salário começou a se tornar mais comum duran-
te o período conhecido por Capitalismo Industrial (a
SEMANA 01 partir de meados do século XVIII). Até então, a servi-
dão e a escravidão eram os dois sistemas com maior
presença no mundo, refletindo os costumes pratica-
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e dos durante a Idade Média (Feudalismo)
avaliar o papel da indústria cultural e das culturas No sistema capitalista contemporâneo, os prole-
de massa no es�mulo ao consumismo, seus im- tários representam a grande maioria, que dependem
pactos econômicos e socioambientais, com vistas dos salários pagos fixamente pelos capitalistas (donos
à percepção crítica das necessidades criadas pelo das propriedades privadas).
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis. Os assalariados, por sua vez, usam este dinheiro
para adquirir produtos e serviços de outros capitalis-
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303A) tas, fazendo com que o sistema se movimente cons-
Aprender o que é indústria cultural e culturas de tantemente.
massa, lendo textos geográficos e sociológicos para
analisar como interferem no estilo de vida e no 3. Predominância da propriedade privada
consumismo na nova ordem econômica global (ca-
pitalismo/neoliberalismo). No sistema capitalista, os sistemas produtivos
pertencem a uma pessoa ou a um grupo, de maneira
Objeto de conhecimento: Sistema capitalista: a geral. Estes são bens particulares ou áreas de utiliza-
sociedade de consumo e suas características. ção individual.
Existe também dentro do sistema capitalista as
chamadas empresas estatais, que em tese são de ad-
Capitalismo é o sistema socioeconômico predo- ministração do Estado. Mas, devido às intensas crises
minante no mundo contemporâneo. O seu principal econômicas, muitas delas acabam por ser privatiza-
objetivo é obter lucros e o acúmulo de riquezas. das, ou seja, vendidas para empresas privadas.
O sistema capitalista surgiu em meados do século
XV, substituindo o Feudalismo que imperava duran- 4. Estado intervém pouco no mercado (Economia
te a Idade Média. Com este novo modelo, emergia de Mercado)
a burguesia, a produção de capital, a desigualdade
social, entre outras características que começaram a Esta é a livre iniciativa de regulamentar o mercado
marcar o capitalismo. capitalista, com pouca ou sem intervenção do Estado.
Confira alguns dos principais aspectos que defi- Este processo é realizado através da chamada lei da
nem este sistema político-econômico que domina o oferta e da procura, onde os preços dos produtos são
mundo era da Globalização: determinados de acordo com a procura pelos consu-
midores e a quantidade deste em oferta.
1. Obtenção de lucro e a acumulação de riquezas Para obter um melhor lucro, as empresas precisam
oferecer produtos de qualidade com preços acessí-
Este é o principal objetivo do capitalismo: obter veis. Neste sentido, a concorrência é outro fator resul-
riquezas. O lucro é proveniente dos valores acumula- tante desta lei da oferta e da procura, pois ela amplia
dos a partir do trabalho coletivo fornecido pelas em- as opções de compra, o que faz com que os preços
presas privadas e desempenhado pelo proletariado possam baixar.
(trabalhadores).
Para que o lucro seja sempre positivo, os donos 5. Divisão entre classes sociais
dos meios de produção (capitalistas) adotam medidas
de contenção de custos, como fornecedoras e maté- Considerada a característica mais polêmica do
rias-primas mais baratas. sistema capitalista, a divisão de classes determina,
dentro do processo de trabalho coletivo, o lado que
2. Trabalhadores são assalariados detém o poder e o lucro e o lado de quem trabalha
para a produção deste lucro.
O trabalho assalariado é outra das principais De um lado está uma minoria denominada capita-
características desse sistema socioeconômico. Os lista, representada pelos donos dos meios de produ-
trabalhadores (proletariado) tem o direito por lei de ção e de capitais e do outro lado a maioria chamada
receber uma remuneração em troca da sua força de proletários, pessoas que vendem sua força de trabalho
trabalho. em troca de um salário que garanta saúde, alimenta-
ção, transporte, lazer, etc.

267
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Este é o ponto principal da divisão de classes, pois O conceito de indústria cultural foi desenvolvido
nem sempre o capitalista oferece uma remuneração por Theodor Adorno e Max Horkheimer no final do
adequada e suficiente para atender todas as neces- século XIX e início do século XX. Os estudiosos anali-
sidades básicas dos trabalhadores. saram os impactos dos avanços tecnológicos propor-
cionados pela Revolução Industrial e o capitalismo no
6. Crescimento da desigualdade social mundo das artes.
O conceito desenvolvido por Adorno e Horkhei-
Por fim, a desigualdade entre as classes sociais mer se refere à ideia de produção em massa, comum
pode se tornar abissal, fazendo com que hajam gru- nas fábricas e indústrias, que passou a ser adaptada
pos detentores de muita riqueza, enquanto outros à produção ar�stica. É uma nova concepção de se
vivendo em extrema pobreza. fazer arte e cultura, utilizando-se técnicas do sistema
A desigualdade social é um dos frutos mais pro- capitalista.
blemáticos do capitalismo. Essa disparidade costuma Dessa maneira, músicas, filmes, espetáculos e ou-
estar associada ao desnivelamento na economia do tras obras, são desenvolvidos sob a lógica de produção
país, ou seja, quando este não consegue garantir con- em massa. Há um pensamento dominante que passa
dições básicas para a garantia de um padrão de vida a influenciar o modo como os artistas produzem e
de qualidade para todos. como os telespectadores consomem a cultura. Nesse
Disponível em: h�ps://www.significados.com.br/ conceito, um quadro ou uma música são reproduzidos
caracteristicas-do-capitalismo/. Acesso em: 28 de março
de 2022. de forma padronizada, mesmo que possuam cores e
estilos diferentes.
Caracteristicas do capitalismo Segundo os autores, o objetivo da indústria cul-
• Capital/lucro tural é o lucro e manutenção do pensamento domi-
• Divisão em classes sociais nante. Assim, a cultura passa a ser uma massa de
– Burguesia e proletariado manobra da população, que precisa ser mantida presa
• Economia de mercado: Sociedade de consumo na ideologia dominante.
– Consumo e consumismo
• Lei de oferta e procura Origem da Indústria Cultural

Os sociólogos alemães Adorno e Horkheimer


SEMANA 02 escreveram o livro “Dialética do esclarecimento”, o
qual um dos capítulos aborda a noção de Indústria
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e Cultural, no ano de 1944. Nesse período, o mundo
avaliar o papel da indústria cultural e das culturas testemunhava a consolidação dos regimes totalitários,
de massa no es�mulo ao consumismo, seus im- como o Nazismo. Os próprios estudiosos precisaram
pactos econômicos e socioambientais, com vistas se refugiar em outros países.
à percepção crítica das necessidades criadas pelo Todo esse cenário político influenciou os inte-
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis. lectuais a refletir como a cultura também pode ser
utilizada para legitimar determinados interesses. Os
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303A) autores acreditam que a Indústria Cultural trata as
Aprender o que é indústria cultural e culturas de pessoas como simples consumidores, acríticos, defi-
massa, lendo textos geográficos e sociológicos para nidos a partir dos produtos consumidos, incluindo a
analisar como interferem no estilo de vida e no produção ar�stica.
consumismo na nova ordem econômica global (ca- Nesse sentido, a Indústria Cultural define os
pitalismo/neoliberalismo). produtos culturais, a sua quantidade e o tipo a ser
consumido. Ela se encontra a serviço das classes do-
Objeto de conhecimento: Sistema capitalista: a minantes, por isso ela é gerenciada conforme as suas
sociedade de consumo e suas características necessidades e interesses. Assim, é promovido um
padrão no qual as manifestações culturais devem se
adequar para fazerem sucesso.
O que é Indústria Cultural?
Características da Indústria Cultural
Estudantes que se preparam para o Enem e outros
vestibulares devem saber o que é Indústria Cultural. Nesse cenário, a indústria cultural passa a ser um
O tema costuma aparecer nos exames, além de ser mecanismo de controle dos indivíduos. A sua impo-
importante para compreensão da produção ar�stica sição acontece de cima para baixo e visa padronizar,
contemporânea. homogeneizar e fortalecer os valores capitalistas de

268
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
consumo perante as grandes massas. Para isso, a Trazendo para uma realidade mais recente, pode-
própria indústria trabalha em prol da alienação das -se falar da internet e das redes sociais como novos
pessoas. Através dela é possível homogeneizar os gos- sujeitos da comunicação na atualidade. O fenômeno
tos e interesses pessoais para que os produtos sejam das Fake News - no�cias falsas - é um bom exemplo
consumidos sem uma reflexão a seu respeito. de como a comunicação, a depender do modo como
seja utilizada, pode ser prejudicial à sociedade.
Características da indústria cultural: Outro fator interessante é notar as características
• O lucro é a sua finalidade da produção ar�stica em massa na cultura brasileira.
• Padronização dos gostos e interesses dos con- Na música, por exemplo, é possível notar o surgimento
sumidores de novos cantores, com trabalhos que apresentam
• Massificação dos produtos batidas e melodias semelhantes.
Disponível em: h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/
• Produtos fáceis de serem consumidos educacao/dicas/o-que-e-industria-cultural. Acesso em 28
• Homogeneização dos produtos (filmes, mú- de março de 2022
sicas, novelas, peças, etc são semelhantes e,
por isso, acabam fazendo sucesso). Indústria Cultural no Brasil

Escola de Frankfurt A Indústria Cultural brasileira se desenvolveu en-


quanto os meios de comunicação de massa foram
inseridos no contexto das pessoas e se popularizaram.
Embora tenham um papel importante para a for-
mação do pensamento crítico, mídias como jornais e
revistas nunca alcançaram tanta audiência quanto o
rádio, televisão e internet – principais meios forma-
dores da cultura de massa no país.
Para compreender o desenvolvimento da indús-
tria cultural no Brasil, é essencial ter em mente que
ele foi impulsionado por governos que tinham claros
interesses na difusão de ideais específicos junto a
produtos de entretenimento.

Rádio
A Escola de Frankfurt foi um espaço de debate Primeiro meio relevante de comunicação de
criado por cientistas sociais que buscavam debater massa em território nacional, o rádio chegou a casas
diferentes questões da sociedade. Eles estudavam brasileiras na década de 1920, mas ganhou força nos
novas possibilidades que explicassem o desenvolvi- anos seguintes.
mento social da época, visto que acreditavam que a Isso porque anúncios publicitários só foram permi-
teoria marxista tradicional não dava conta de explicar tidos a partir de 1930, e se tornaram, rapidamente, a
o cenário das sociedades capitalista no século XX. principal forma de arrecadação de receitas pelo rádio.
Os pesquisadores, autores e sociólogos da Escola Esse meio viveu seu período áureo dos anos 1930
de Frankfurt criaram a Teoria Crítica, com bases na aos 1950, atingindo grande audiência e atraindo a
ideologia marxista. Além de ser uma oposição ao Ilu- atenção do Governo Vargas.
minismo, a Teoria Crítica revelava o direcionamento Tanto que, durante o Estado Novo, o presidente
das críticas da Escola de Frankfurt a uma ordem po- usou o rádio para promover a cultura nacionalista.
lítica e econômica do mundo.
Televisão
Indústria Cultural no Brasil
Ainda na década de 1950, os lares ricos receberam
os primeiros aparelhos de televisão, em que assistiam
Apesar de o conceito ter sido desenvolvido no
programas da TV Tupi, graças a investimentos do jor-
século passado, ele ainda pode ser plicado na atua-
nalista e empresário Assis Chateaubriand.
lidade. A consolidação da indústria cultural no Brasil
Ao transmitir imagens, a TV revolucionou a co-
aconteceu de forma tardia. Durante a década de 1970 municação e a Indústria Cultural brasileira, tomando
vários pesquisadores passaram a se interessar pelo a audiência do rádio nos anos 1960 e 1970.
tema e estudar os seus desdobramentos no país. Aqui Desde então, a televisão adquiriu o status de ve-
a televisão e a sua influência na sociedade brasileira ículo de comunicação de massa mais importante do
estiveram presentes em diversos estudos, inclusive país, e continua sendo extremamente valorizado entre
empíricos. a população e anunciantes.

269
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Para se ter uma ideia, em 2008, mais de 95% dos Junto aos meios de comunicação, ela sustenta a
lares brasileiros tinham pelo menos uma televisão. veiculação da cultura de massa, direcionada para o
Esse meio cresceu, na maioria, devido a investi- consumo pelo máximo de pessoas possível, em todas
mentos do governo durante o regime militar, come- as esferas sociais.
çando com a inauguração do sistema de micro-ondas, Ambas têm o mesmo propósito: padronizar valo-
em 1968. res, hábitos e tradições em favor de um estilo de vida
Em 1974, foram criadas estações transmitidas via consumista e, por vezes, desconectado da realidade
satélite, e, em 1981, Globo e Bandeirantes puderam e incapaz de questioná-la.
ser assistidas em todo o país, devido a um acordo com
a empresa Embratel. Quais as consequências da Cultura de Massa?
Até hoje, a concessão para administrar uma rede
só pode ser dada pela União. Uma das consequências da cultura de massa é
Os programas exibidos ajudaram a criar uma ima- a homogeneização cultural, que considera estranha
gem positiva do governo militar, sustentando, inclusi- qualquer manifestação cultural que não incentive o
ve, que era fruto da democracia. consumo exacerbado de bens e serviços.
Aliados aos avanços econômicos, eles mantiveram Conteúdos veiculados por meios de comunicação
a maioria da população brasileira distante quanto à em massa também colaboram para a formação de
violência e violação de direitos de cidadãos durante indivíduos incapazes de aprofundar análises sociais
o período que compreendeu a ditadura. ou desenvolver seu pensamento crítico, pois partem
Ainda nos anos 1960, a Rede Globo – então aliada de valores pré-concebidos.
do governo – lançou um dos produtos mais bem-su- Em outras palavras, a cultura de massa pode levar
cedidos da Indústria Cultural brasileira: a telenovela. a um empobrecimento cultural entre as camadas mais
Apesar de pautar temas relevantes e tabus, esses numerosas da audiência, com pouco acesso a meios
programas deixavam de lado questões como a desi- alternativos de informação e entretenimento.
gualdade social. Veja o que dizem pesquisadores especialistas da
Em 1985, o rádio voltou à cena através das emis- Universidade Estadual da Paraíba:
soras FM e o fim da censura aos programas, perma-
necendo como meio relevante, mas com audiência “Os consumidores assumem uma função pas-
mais baixa que a TV. siva, cujo papel resume-se a escolher entre
O controle do Estado sobre as redes de televisão comprar ou não comprar. Em suma, as carên-
permaneceu até a década de 1980. Com a redemocra- cias culturais das massas são exploradas para a
tização, nos anos 1990, a censura foi retirada. obtenção de lucro e, consequentemente, para
Já a internet se popularizou, em especial, na dé- a manutenção do domínio das classes.”
cada de 2000, oferecendo uma alternativa mais de-
mocrática por dar voz a diferentes atores. Favorecendo a integração entre classes, a cultura
de massa também se prestaria a ocultar as diferenças
A relação entre a Indústria Cultural e a Cul- existentes entre elas, incluindo desigualdades sociais
tura de Massa e até injustiças.

Principais exemplos da Indústria Cultural no


Brasil

Mencionamos, acima, um dos principais produtos


da Indústria Cultural no Brasil: as telenovelas.
Inicialmente veiculadas pela Rede Globo, elas con-
quistaram grande audiência, em especial até a década
de 2000, quando a internet começou a se popularizar
no país.
Embora serviços de streaming, como a Ne�lix,
estejam crescendo, as telenovelas continuam sendo
fonte de entretenimento, disseminação de padrões e
A massificação e a transformação da cultura em mercadoria
valores, principalmente entre as classes mais baixas.
Esses programas representam um momento de
Ao promover a massificação e a transformação da fuga da realidade e alívio depois de um dia de trabalho
cultura em mercadoria, a Indústria Cultural fomentou estressante, além de renderem conversas sobre os
o surgimento da cultura de massa. personagens no dia seguinte.

270
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
As novelas são difusoras de outro exemplo da In- funk figuram entre as de maior audiência no cenário
dústria Cultural: a música popular massiva. nacional, disseminadas pelo trabalho de artistas como
Fruto da cultura de massa, as canções reforçam Ani�a, Luan Santana, Thiaguinho e Gus�avo Lima.
valores estereotipados e servem para provocar di- Disponível em: h�ps://fia.com.br/blog/industria-
cultural/#:~:text=Ind%C3%BAstria%20Cultural%20no%20
ferentes sensações, desde a euforia até a tristeza e
Brasil,-Ind%C3%BAstria%20Cultural%20no&text=A%20
melancolia. Ind%C3%BAstria%20Cultural%20brasileira%20se,das%20
Fora as músicas estrangeiras, vindas de nações pessoas%20e%20se%20popularizaram. Acesso em 28 de
como os Estados Unidos, música sertaneja, pagode e março de 2022

A QUEDA
Gloria Groove
Canção de Gloria Groove Mas gosta muito mais de me ver sangrando, oh
Respeitável público, um show tão maluco A carapuça serviu, cadê você ninguém viu, hã
Essa noite vai acontecer, aqui a gente vai armar 'To dominando o Brasil, hã
Um circo, um drama com perigo E venha ver os deslizes que eu vou cometer
E nessa corda bamba quem vai caminhar sou eu E venha ver os amigos que eu vou perder
E venha ver os deslizes que eu vou cometer Não 'to cobrando entrada, vem ver o show na faixa
E venha ver os amigos que eu vou perder Hoje tem open bar pra ver minha desgraça
Não 'to cobrando entrada, vem ver o show na faixa Extra! Extra!
Hoje tem open bar pra ver minha desgraça Não fique de fora dessa
Extra! Extra! Garanta seu ingresso pra me ver fazendo merda
Não fique de fora dessa Extra! Extra!
Garanta seu ingresso pra me ver fazendo merda Logo logo o show começa
Extra! Extra! Melhor do que a subida, só mesmo assistir à queda
Logo logo o show começa Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na
Melhor do que a subida, só mesmo assistir à queda Na-na-na-na
Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na
Na-na-na-na Na-na-na-na
Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na Extra! Extra!
Na-na-na-na Não fico de fora dessa
Tampa de pá, ra-ta-ta-ta Já tenho o meu ingresso pra te ver fazendo merda
Podem tentar mas não vão me pegar Extra! Extra!
Terror nenhum, du-du-dum-dum Logo logo o show começa
Com meu poder derrubei um por um Melhor do que a subida, só mesmo assistir à queda
Vivem fazendo de tudo pra te atingir Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na
Eles agem como animais Na-na-na-na
Curiosidade matou o gatinho, mas essa gatona 'tá Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na
viva demais Na-na-na-na
Daqui do alto não 'to te escutando
'Cê vai falando, eu vou faturando
Sei que 'cê gosta de ouvir os aplausos

Fonte: LyricFind
Compositores: Abraao Lucas Guedes / Daniel Garcia Felicione Napoleão / Pablo Luiz Bispo / Ruan Claudio
Rebello Guimaraes
Letra de A QUEDA © Warner Chappell Music, Inc

h�ps://www.letras.mus.br/gloria-groove/a-queda/

271
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 03 Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303C) Ava-
liar as questões ambientais do cerrado e demais
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e biomas brasileiros analisando a biodiversidade por
avaliar o papel da indústria cultural e das culturas textos cien�ficos para problematizar o desenvolvi-
de massa no es�mulo ao consumismo, seus im- mento sustentável local e global.
pactos econômicos e socioambientais, com vistas
à percepção crítica das necessidades criadas pelo Objeto de conhecimento: Classificação e situação
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis. atual de biomas e formações vegetais.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303B) Es-


tudar dados de consumo das sociedades, avaliando Cerrado
informações, estudos, pesquisas, leituras de textos
de Sociologia e Filosofia que explanam as causas e O Cerrado é considerado o segundo maior bioma
consequências do consumismo da sociedade con- da América do Sul sendo conhecido também como
temporânea para debater os impactos na sociedade savana brasileira. Possui uma das formações vegetais
e no meio ambiente. com maior biodiversidade.
O Cerrado, segundo maior bioma da América do
Objeto de conhecimento: Globalização: cultura de Sul e segundo maior bioma do Brasil, é uma formação
massa e a busca por identidade. vegetal rica em biodiversidade.
• Dinâmica, identidade e identidade coletiva O Cerrado, segundo maior bioma da América do
• Os alunos responderão perguntas com signos e Sul e segundo maior bioma do Brasil, é uma formação
depois vão produzir um vídeo com a identidade vegetal rica em biodiversidade.
de sua turma O Cerrado é o segundo maior bioma da América
do Sul e o segundo maior bioma do Brasil, compreen-
dendo cerca de 22% do território brasileiro. Caracte-
SEMANA 04 riza-se por ser uma região de savana, estendendo-se
por cerca de 200 milhões de quilômetros quadrados.
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e Possui uma formação vegetal de grande biodiversida-
avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de e grande potencial aquífero, no entanto, é consi-
de massa no es�mulo ao consumismo, seus im- derado atualmente o segundo bioma do Brasil mais
pactos econômicos e socioambientais, com vistas ameaçado.
à percepção crítica das necessidades criadas pelo
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis. Características do Cerrado
→ Localização
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303B) Es-
tudar dados de consumo das sociedades, avaliando
informações, estudos, pesquisas, leituras de textos
de Sociologia e Filosofia que explanam as causas e
consequências do consumismo da sociedade con-
temporânea para debater os impactos na sociedade
e no meio ambiente.

Objeto de conhecimento: Globalização: cultura de


massa e a busca por identidade.
• Apresentação dos trabalhos produzidos pelos
alunos.

SEMANA 05

HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e


avaliar o papel da indústria cultural e das culturas
de massa no es�mulo ao consumismo, seus im-
pactos econômicos e socioambientais, com vistas O bioma Cerrado localiza-se no Brasil Central, compreen-
à percepção crítica das necessidades criadas pelo dendo dez estados brasileiros. (Fonte: IBGE)
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis.

272
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
O Cerrado é um bioma localizado no nordeste do O bioma Cerrado limita-se ao norte, com o bio-
Paraguai, leste da Bolívia e em grande parte do Brasil ma Amazônia; a leste e nordeste, com a Caatinga; ao
Central, constituindo cerca de 22% do território brasi- sudoeste, com o Pantanal; e a sudeste, com a Mata
leiro. No Brasil, a sua área compreende os estados de Atlântica. Isso confere ao bioma Cerrado uma carac-
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, terística única: é o único bioma na América do Sul a
Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Pa- ter tantos contatos biogeográficos. A região compre-
raná, São Paulo e Distrito Federal e alguns encraves endida por essa formação vegetal apresenta altitudes
(terreno ou território dentro do outro) no Amapá, que variam de 0 a 1800 metros. Essa área abrange
Amazonas e Roraima. Estima-se que a área abrangi- diferentes bacias hidrográficas, como a Bacia do Ama-
da pelo Cerrado no Brasil, segundo o IBGE, alcance zonas, Bacia do Tocantins, Bacia do Paraná, Bacia do
2.036.448 km² de extensão. São Francisco e Bacia do Parnaíba.

→ Vegetação e flora do Cerrado

A vegetação do Cerrado é caracterizada por árvores com troncos tortuosos, arbustos e gramíneas.

273
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
O Cerrado é reconhecido como a savana com Destacam-se no Cerrado as seguintes espécies
maior biodiversidade do mundo, abrigando cerca de de vegetação:
11.627 espécies de plantas nativas, sendo, aproxima-
damente, 4.400 espécies endêmicas (existentes ape- angico barbatimão aroeira ipê copaíba
nas nesse bioma). Em razão da sua extensão, o bioma canjerana pau-santo pequi pau-terra pau-jacaré
Cerrado não possui uma fitofisionomia (aspecto da
lobeira gravatá ingá mosquitinho jabuticaba
vegetação de uma região) única. A vegetação é bas-
tante diversificada, variando de formas campestres,
→ Clima do Cerrado
como os campos limpos, a formações florestais den-
sas, como os cerradões. Os fatores que possibilitam O bioma Cerrado é constituído predominante-
essa variedade de fisionomias estão relacionados com mente pelo clima tropical sazonal, caracterizado por
os tipos de solo, tipos de clima e tipos de relevo nas invernos secos e verões chuvosos, apresentando pre-
regiões que abrigam o Cerrado. cipitação média de 1.500 mm. Essa precipitação varia
No Cerrado, há onze principais tipos de vegetação, nos limites com outros biomas. Na região do Cerrado
que estão distribuídos em formações savânicas, flores- limitante com a Caatinga, por exemplo, o índice plu-
tais e campestres. Essas fitofisionomias possuem uma viométrico encontra-se entre 600 mm a 800 mm. Já no
grande variedade de espécies, apresentando plantas limite com o bioma Amazônia, a precipitação alcança
arbóreas, herbáceas, arbustivas e cipós. Essa varieda- entre 2.000 mm a 2.200 mm.
de de vegetação pode ser distribuída em dois estratos: A estação definida pelo período de seca geralmen-
• estrato lenhoso: composto por árvores longas te se inicia no mês de maio, finalizando-se no mês de
e arbustos; setembro. A estação chuvosa tem início em outubro,
• estrato herbáceo: composto por ervas e su- estendendo-se até o mês de abril. Nessa estação, é
barbustos. comum acontecer os chamados veranicos, que são
curtos períodos de seca. A temperatura média anual
Esses estratos possuem características diferentes, fica em torno de 22 °C, variando as médias ao longo
o que os torna competitivos, pois dependem de con- das estações do ano. Nos períodos de seca, a umidade
dições específicas para se desenvolverem, ou seja, o do ar pode chegar a 15%, geralmente nos meses de ju-
que beneficia um dos estratos acaba por prejudicar o lho e agosto. A insolação é bastante intensa e reduz-se
outro. A formação herbácea, por exemplo, caracteri- nos períodos chuvosos em razão da alta nebulosidade.
za-se pela ausência de sombra. Portanto, se ocorrer
o adensamento da formação lenhosa, a formação → Fauna do Cerrado
herbácea enfrentará problemas para se desenvolver,
pois o sombreamento não favorece o seu crescimento.
As árvores de estrato lenhoso que compõem o
Cerrado costumam apresentar troncos grossos e tor-
tuosos. Suas raízes podem atingir até 15 metros de
profundidade, garantindo que a vegetação encontre
água e consiga manter-se independentemente do pe-
ríodo de seca. Já as formações herbáceas possuem ra-
ízes menos profundas, chegando a aproximadamente
30 cen�metros de profundidade. Devido à pouca pro-
fundidade, os ramos das formações herbáceas secam
à medida que se estabelece o período de seca. Esses
ramos secos propiciam as queimadas recorrentes nes- O tamanduá-bandeira é uma espécie animal comum no
se tipo de bioma. Cerrado.
Em virtude da diversificação vegetal desse bioma,
há árvores que alcançam até 20 metros de altura e O Cerrado conta com uma grande variedade de
também cactos e orquídeas (estes são encontrados espécies animais, destacando-se o grupo de insetos.
em áreas de chapadões). Essa diversidade garante ao Apesar da grande variedade, a fauna do Cerrado é
Cerrado algumas tonalidades em sua paisagem. As pouco conhecida, especialmente o grupo dos inver-
principais cores encontrados nesse bioma são: verde, tebrados. A fauna apresenta cerca de 837 espécies
amarelo e tons amarronzados em razão do descora- de aves, das quais 29 são endêmicas; 185 espécies de
mento da vegetação ocasionado pela forte incidência répteis, das quais 24 são endêmicas; 194 espécies de
do sol. mamíferos, sendo 19 delas endêmicas; e 150 an�bios,
sendo 45 endêmicos. Alguns estudos indicam haver
cerca de 14.425 espécies de invertebrados.

274
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Os principais exemplos de animais vertebrados do Cerrado são:

→ Solo do Cerrado

Os solos do bioma Cerrado caracterizam-se pela sua profundidade, drenagem e por serem antigos, datados
no Período Terciário. Os solos, geralmente, possuem cor avermelhada, são porosos e permeáveis, portanto,
sofrem intensos processos de lixiviação (lavagem da camada superficial do solo pelo escoamento de águas
superficiais). Contudo, há regiões do Cerrado em que os solos apresentam formações de couraças, que acabam
por dificultar a entrada de água das chuvas, impedindo que nessas áreas formem-se vegetações exuberantes
e haja o desenvolvimento da agricultura.
A textura dos solos desse bioma é diversificada, com predomínio de areia, seguida por argila e silte. Pode-se
dizer então que os solos são predominantemente arenosos ou argilosos, resultando na baixa capacidade de
reter água. No que tange às características químicas, os solos do Cerrado apresentam bastante acidez, com
pH que varia entre 4 e 5 (pH neutro é 7). A acidez conferida a esses solos deve-se ao fato de apresentarem em
sua composição altos níveis de alumínio.
Nesse bioma, predominam os latossolos, caracterizados por excessiva acidez, e os podzólicos, que podem
ser chamados também de argissolos. Os latossolos apresentam coloração avermelhada e são pobres em nu-
trientes. Já os podzólicos apresentam coloração mais escura, com tonalidades vermelhas, e são bastante sus-
ce�veis a processos erosivos. A falta de nutrientes em alguns solos desse bioma dificultava o desenvolvimento
da agricultura. Isso foi corrigido com técnicas como a calagem, capaz de corrigir a acidez do solo.

Principais produtos agrícolas cultivados no Cerrado:


• Soja;
• Cana-de-açúcar;
• Milho;
• Algodão.

Quais são os “tipos de Cerrado”?

O uso da expressão “tipos de Cerrado” não é correto. Sabe-se que o bioma Cerrado, em razão de sua grande
extensão no território brasileiro e por fazer fronteira com diversos outros biomas, possui paisagens variadas
e uma grande biodiversidade. O termo correto para referir-se a essas variações paisagísticas é fitofisionomias
do Cerrado. Essas fitofisionomias variam conforme as regiões, características do clima, do solo e do relevo. A
classificação mais comum apresenta os seguintes tipos de fitofisionomia:

275
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
1. Campos Limpos: é um tipo de vegetação com- 8. Cerrado Rupestre: esse tipo de vegetação for-
posto por gramíneas, sem a presença de estrato le- ma-se em ambientes com características rochosas,
nhoso. Esse tipo de fitofisionomia é propício para o especialmente em serras. As principais espécies des-
deslocamento de animais como a onça-pintada, ema se tipo de fitofisionomia são o caju, papiro, murici e
e tamanduá-bandeira. mangaba.
2. Campo Sujo: é comumente conhecido como
Cerrado Ralo sendo constituído por plantas do estrato Importância do Cerrado
herbáceo, nos quais arbustos são poucos expressivos.
3. Cerrado Stricto Senso: representa a vegetação O Cerrado é um bioma que, em razão da sua
mais predominante nesse bioma. Constitui-se prin- grande biodiversidade, deve ser conservado. Estu-
cipalmente por espécies arbustivas, compostas por dos apresentam que cerca de 200 espécies nativas
árvores de pequeno porte com troncos tortuosos e desse bioma possuem, além de potencial econômi-
espessos. Esses arbustos não são densos, como em co, potencial medicinal. Algumas espécies de plan-
áreas de matas fechadas, e adaptam-se às condições tas já foram patenteadas por indústrias farmacêu-
do ambiente, apresentando raízes com bastante pro- ticas. São exemplos de espécies do Cerrado com
fundidade, que alcançam os lençóis freáticos. potencial medicinal de acordo com o Ministério
4. Mata Seca: esse tipo de fitofisionomia encon- do Meio Ambiente:
tra-se afastado de cursos d’água. Nela se localizam • barbatimão: é uma árvore do Cerrado cuja
árvores como ipê e aroeira, que ao longo da estação casca, folhas e raízes podem ser usadas como
seca perdem suas folhas em razão da baixa disponi- cicatrizante de feridas, úlceras e sangramen-
bilidade de água. tos;
• pacari: é uma árvore do Cerrado cujas folhas
e entrecascas podem ser utilizadas para cica-
trização, tratamento de úlceras e gastrites;
• rufão: é uma planta do Cerrado que cresce
entre moitas cujas raízes podem ser utilizadas
para fazer chás ou garrafadas. A raiz do rufão
é usada para tratar anemias e inflamaçõees
no estômago e intestino.

Outra relevância desse bioma é que ele com-


preende uma área habitada há centenas de anos,
principalmente populações indígenas. É do próprio
bioma que esses povos conseguem o seu susten-
to, extraindo dele recursos naturais, portanto é
O ipê é uma árvore característica da fitofisionomia conhe- necessário que esse bioma seja preservado para
cida como mata seca. que essas comunidades consigam manter a sua so-
brevivência. As principais comunidades indígenas
5. Cerradão: constitui uma vegetação de transição existentes no Cerrado são Karajás, Avá-Canoeiros
entre a mata seca e o cerrado strictu senso. Apre- e Xerentes.
senta árvores com muitas folhas e ramos, além de
características tortuosas. Nesse tipo fitofisionômico, Devastação do Cerrado
encontra-se uma vegetação com porte maior que os
arbustos, chegando a nove metros de altura. A perda da biodiversidade no bioma Cerrado já é
6. Matas de Galerias: também conhecidas como uma realidade. Bastaram apenas cinco décadas para
Matas Úmidas, são vegetações que acompanham os se reduzir o tamanho original desse bioma para 41%
cursos d’água. Apresentam árvores que podem atingir do total original, segundo o Ministério do Meio Am-
até 30 metros de altura, troncos lisos e folhas peque- biente. As principais atividades que comprometem
nas. Mantêm sua folhagem verde durante todo o ano a conservação desse bioma estão relacionadas com
graças à presença de água. o extrativismo e a expansão agrícola. Expandir a ati-
7. Veredas: conhecidas também como Áreas de vidade agrícola requer desmatar áreas, o que vem
Várzeas, estão localizadas em áreas de nascentes de acontecendo com frequência na região abrangida
diversas bacias hidrográficas. A vegetação é comu- pelo Cerrado.
mente formada pelo buriti e espécies de mata e cam- A pecuária também tem provocado inúmeros im-
po. Limitam-se com os campos limpos e campos sujos. pactos no bioma, pois o desmatamento para criação
A vegetação apresenta exuberância. de áreas de pastagem é intenso. Essas atividades,

276
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
além de descaracterizar o bioma no sentido paisa- Ameaças ao Cerrado
gístico, alteram também a manutenção da biodiver-
sidade, visto que muitos animais perdem seu habitat, Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecos-
correndo o risco de entrar em extinção, assim como sistema brasileiro que mais alterações sofreu com
espécias endêmicas de plantas. a ocupação humana. Um dos impactos ambientais
É válido lembrar que o Cerrado abrange uma mais graves na região foi causado por garimpos, que
grande área de bacias hidrográficas, possuindo um contaminaram os rios com mercúrio e provocaram o
potencial aquífero imenso, representando 8% da dis- assoreamento dos cursos de água (bloqueio por ter-
ponibilidade de água em nível nacional. Quando as ra). A erosão causada pela atividade mineradora tem
áreas são desmatadas para viabilizar atividades como sido tão intensa que, em alguns casos, chegou até
a agropecuária, além de degradar a natureza, propicia mesmo a impossibilitar a própria extração do ouro
também o assoreamento das áreas das bacias e pode rio abaixo. Nos últimos anos, contudo, a expansão da
provocar contaminação das águas devido ao uso de agricultura e da pecuária representa o maior fator de
agrotóxicos nas produções agrícolas. risco para o Cerrado.
As duas principais ameaças à biodiversidade do
Resumo Cerrado estão relacionadas a duas atividades econô-
micas: a monocultura intensiva de grãos e a pecuária
O Cerrado é considerado o segundo maior bio-
extensiva de baixa tecnologia. O uso de técnicas de
ma da América do Sul e o segundo maior bioma do
aproveitamento intensivo dos solos tem provocado,
Brasil. É conhecido como savana brasileira e possui
há anos, o esgotamento dos recursos locais. A uti-
uma grande biodiversidade. Sua vegetação possui
lização indiscriminada de agrotóxicos e fertilizantes
características predominantes, como árvores de
tem contaminado também o solo e a água. Os poucos
tronco grosso e tortuoso, além de gramíneas e
arbustos. O clima do Cerrado é tropical sazonal, blocos de vegetação nativa ainda inalterada no Cer-
apresentando duas estações definidas: uma seca rado devem ser considerados prioritários para imple-
e outra chuvosa. Os solos desse bioma são geral- mentação de áreas protegidas, já que apenas 0,85%
mente pobres em nutrientes, apresentam colora- do Cerrado encontra-se oficialmente em unidades de
ção avermelhada e alta porosidade. A fauna do conservação.
Cerrado, apesar de pouco conhecida, é bastante Mas o problema do Cerrado não se resume ape-
diversa, contando com espécies como onça-pinta- nas ao reduzido número de áreas de conservação ou
da e tamanduá-bandeira. Infelizmente, o Cerrado à caça ilegal, que já seriam questões suficientes para
é uma formação vegetal que vem sendo bastante preocupação. O problema maior tem raízes nas po-
devastada, principalmente pela expansão de ativi- líticas agrícola e de mineração impróprias e no cres-
dades agropecuárias, o que tem causado inúmeras cimento da população. Historicamente, a expansão
perdas de biodiversidade. agropastoril e o extrativismo mineral têm se caracteri-
zado por um modelo predatório. A ocupação da região
SOUSA, Rafaela. “Cerrado”; Brasil Escola. Disponível em: é desejável, mas desde que aconteça racionalmente.
h�ps://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado.htm. Acesso A destruição e a fragmentação de habitats con-
em 28 de março de 2022.
sistem, atualmente, na maior ameaça à integridade
desse bioma: 60% da área total é destinada à pecuária
e 6% aos grãos, principalmente soja. De fato, cerca
SEMANA 06
de 80% do Cerrado já foi modificado pelo homem
devido à expansão agropecuária, urbana e construção
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS303) Debater e
de estradas - aproximadamente 40% conserva parcial-
avaliar o papel da indústria cultural e das culturas
mente suas características iniciais e outros 40% já as
de massa no es�mulo ao consumismo, seus im-
perderam totalmente. Somente 19,15% corresponde
pactos econômicos e socioambientais, com vistas
à percepção crítica das necessidades criadas pelo a áreas nas quais a vegetação original ainda está em
consumo e à adoção de hábitos sustentáveis. bom estado.
Disponível em: h�ps://www.wwf.org.br/natureza_
brasileira/questoes_ambientais/biomas/bioma_cerrado/
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS303C) Ava- bioma_cerrado_ameacas/#:~:text=Depois%20da%20
liar as questões ambientais do cerrado e demais Mata%20Atl%C3%A2ntica%2C%20o,%C3%A1gua%20
biomas brasileiros analisando a biodiversidade por (bloqueio%20por%20terra). Acesso em 28 de março de
2022.
meio de textos cien�ficos para problematizar o de-
senvolvimento sustentável local e global.

Objeto de conhecimento: Classificação e situação


atual de biomas e formações vegetais.

277
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Impactos ambientais causados pela degradação • Mudanças climáticas (seca);
do Cerrado • Contaminação dos rios;
• Contaminação do solo e da água;
• Erosão;
• Esgotamento dos recursos naturais.

Principais medidas para proteção do Cerrado

O Ministério do Meio Ambiente está trabalhando


incansavelmente para desenvolver medidas para mi-
nimizar ou eliminar esse grave problema quem vem
acometendo o Cerrado. Em 2003, foi lançado o Gru-
po de Trabalho do Bioma Cerrado, a fim de elaborar
algumas propostas e medidas para a conservação,
proteção e o uso sustentável do bioma. Veja abaixo
© Depositphotos.com / lucianoqueiroz Segundo a ONG algumas das propostas apresentadas:
WWF-Brasil, cerca de 80% do Cerrado já foi modificado • Criação de unidades de conservação federais e
pelas ações humanas.
estaduais;
• Monitoramento e fiscalização do bioma;
Considerado o segundo maior bioma do Brasil,
• Apoio a projetos sustentáveis em assentamen-
o Cerrado corresponde a aproximadamente 22% do
tos da reforma agrária;
território nacional, se espalhando por oito estado
• Prevenção e combate aos incêndios florestais;
diferentes: Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia,
• Criação de planos de recursos hídricos para a
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí
e Distrito Federal. A região possui uma abundante preservação das bacias hidrográficas;
biodiversidade de fauna e flora, o que torna o local • Uso sustentável dos recursos naturais.
conhecido como “a savana mais rica do mundo”, abri-
h�ps://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/
gando 11 mil espécies de planas nativas, 320 mil es- os-impactos-ambientais-causados-pela-degradacao-
pécies de animais e 90 mil espécies de insetos. cerrado/
Apesar de seu tamanho e importância, o Cerrado
é um dos biomas menos protegidos atualmente, além
de ser o que mais sofre com as alterações ambien-
tais causadas pelas ações humanas. Desmatamento,
caça ilegal, queimadas e atividades econômicas (como
garimpo, monocultura, agricultura e pecuária) estão
entre os principais causadores da degradação do Cer-
rado.
De acordo com a ONG World Wide Fund for Natu-
re (WWF-Brasil), cerca de 80% da região foi modificada
pelo homem para expansão agropecuária, urbana e
construção de estradas. Dessa porcentagem, 40% pos-
suem conservadas parcialmente suas características
antigas, e os outros 40% já se degradaram totalmente.
Somente 19,15% da vegetação se encontra em bom
estado.
Com esses números, estima-se que em 30 anos
já não exista mais o Cerrado brasileiro. O processo de
degradação do Cerrado coloca em risco não apenas
a fauna e a flora, mas também os recursos hídricos e
naturais da região.

Impactos ambientais causados pela degradação


do Cerrado
• Aumento das emissões dos gases de efeito es-
tufa;
• Aumento das queimadas;
• Extinção de diversas espécies de plantas e ani-
mais;

278
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
HISTÓRIA

ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR.

O material didático desenvolvido nessa apostila


propõe aos professores(as) e estudantes um alinha- TEXTO I
mento com o Documento Curricular para Goiás- Eta-
pa Ensino Médio para a área de Ciências Humanas e O NASCIMENTO DA ÉTICA.
Sociais Aplicadas. Os CAPÍTULOS foram organizados
seguindo o DC-GOEM e a parte da bimestralização A Ética não se constitui num conjunto de pe-
desta área do conhecimento, respeitando as compe- quenas regras, mas em princípios que só podem
tências específicas, habilidades específicas, objetivos ser compreendidos no seio de uma comunidade, na
de aprendizagem e objetos de conhecimento deste complexidade de suas relações, de suas aspirações,
mesmo documento. Com maior ou menor intensi- etc. A história revela que as discussões sobre a ética
dade, ela também propõe um olhar interdisciplinar remontam o chamado período clássico.
integrando todos os 04 componentes curriculares da O berço da civilização ocidental, isto é, do modo
área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. ocidental de compreender a realidade que cerca o
Por fim, as sugestões de trabalho, apresentadas homem, é a Grécia. Foram os gregos que cunharam
neste material didático, refletem a constante busca da (moldaram) os termos, os conceitos e as palavras nos
promoção das competências de Ciências Humanas e seus significados, aos quais fazem referência os estu-
Sociais Aplicadas. Elas são indispensáveis ao enfren- dos do mundo ocidental. Também chamados de Hele-
tamento dos desafios sociais, culturais e profissionais nos, os gregos revelaram-se profundos investigadores
do mundo contemporâneo. e grandes cientistas, como é o caso de Aristarco1 que
viveu entre os anos 320-250 a.C.2 em um lugar cujo
CAPÍTULO 01 nome era Samos.
Eles, em suas pesquisas, apresentavam um pro-
fundo conhecimento e habilidade para investigação.
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar Curiosamente, a concepção que os gregos desenvol-
os fundamentos da ética em diferentes culturas, vem em relação ao seu estudo para com os planetas e
tempos e espaços, identificando processos que sua realidade �sica é projetada na realidade humana.
contribuem para a formação de sujeitos éticos que Em outras palavras, o que o grego chama de Kos-
valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, mos3 significa para ele não apenas universo, mas or-
o empreendedorismo, a convivência democrática dem, beleza, harmonia, o qual corresponde ou nosso
e a solidariedade. cosmo que também é chamado de universo e, assim,
como o observador encontrava tal equilíbrio para a
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501A) ordem das estrelas, considerava o grego que na órbita
Identificar a etimologia dos termos moral e ética na das relações humana deveria haver uma harmonia. Tal
história da filosofia, selecionando casos concretos harmonia seria, obviamente, movida por uma orien-
que possam confirmar a necessidade de superação tação interna, a qual, será mais tarde, chamada ética.
do mero senso moral para a reflexão ética propria- Foi com renomado filósofo chamado Sócrates que
mente dita. a preocupação moral instala-se de modo mais eviden-
te, a partir da ênfase ao debate ético-político a que
Objeto de conhecimento: Ética, Moral e Cidadania. dá início o referido filósofo. É importante considerar
que se trata do século V a.C., ou seja, no momento
em que se inicia um modelo de organização política
INTRODUÇÃO que hoje é chamada de democracia, na qual, há uma
atenção voltada para o homem enquanto cidadão, isto
Nesta semana identificaremos o conceito de Ética é, habitante de uma cidade como espaço comum de
do decorrer do processo histórico. Separamos textos, condutas diversas que precisam se harmonizar.
vídeos e atividades que cercam essa temática. Assim, a ética se materializa no diálogo entre o
público e o privado. Antes de falar de seu impacto
sobre as relações humanas, seja de um homem para
com o outro, seja do homem para consigo mesmo; é
necessário compreender a etimologia do termo, isto
é, seu significado primordial a ser encontrado na tra-
dição grega.

279
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Naturalmente que o início das interpretações
gregas da realidade remontam o século XI a.C. (1200
anos antes de Cristo), o que significa que muitos dos CONCEITO
termos podem se perder ou sofrer alterações em seus
significados ao longo do tempo. Daí a importância de TEXTO II:
se resgatar o primeiro significado, certamente mais
autêntico, que pode ter se perdido no distanciamento A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA
dos anos. DA CIDADANIA OCIDENTAL

Disponível em: h�p://www.simonsen.br/semipresencial/ Autores: Adriene Neves de Almeida e David Junior


pdf_etica/capi_1.pdf.Acesso em 28 fev.2023. de Souza Silva.

No capítulo III do livro Cidadania, Classe Social e


Status (1967), o sociólogo estadunidense Thomas H.
Marshall nos apresenta como a cidadania se consti-
SUGESTÃO DE ATIVIDADE tuiu na Europa a partir do século XVIII, dividindo-a
em três partes (ou elementos): o civil, o político e o
QUESTÃO 01: De acordo com o texto, podemos definir social. Utilizando estes elementos, o autor desenvolve
Ética como? uma análise através da história inglesa e trabalha a
cidadania a partir de uma construção de valor nacio-
nal (MARSHALL, 1967, p. 64), para nos mostrar como
está sendo alterado o padrão de desigualdade social.
O primeiro elemento, o civil, “é composto dos di-
reitos necessários à liberdade individual – liberdade
de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e fé, o
direito à propriedade e de concluir contratos válidos
e o direito à justiça.” (ibidem, p. 63).
O direito civil estava vinculado à “jurisdição dos
vários tribunais, dos privilégios da profissão de advo-
gado e, acima de tudo, da responsabilidade de arcar
QUESTÃO 02: Leia o trecho abaixo e responda: com as custas do li�gio” (ibid., p. 65-6). Este elemen-
to componente da cidadania inicia sua constituição a
”O berço da civilização ocidental, isto é, do modo partir do século XVIII e compreende a adição gradativa
ocidental de compreender a realidade que cerca o de novos direitos a um status existente (ibid., p. 68).
homem, é a Grécia. Foram os gregos que cunharam O segundo componente, o “elemento político, de-
(moldaram) os termos, os conceitos e as palavras nos ve-se entender o direito a participar no exercício do po-
seus significados, aos quais fazem referência os estu- der político, como um membro investido da autoridade
dos do mundo ocidental. Também chamados de Hele- política ou como um eleitor dos membros de tal orga-
nos, os gregos revelaram-se profundos investigadores nismo. Instituições correspondentes são o parlamento
e grandes cientistas, como é o caso de Aristarco1 que e conselhos de Governo local.” (ibid., p. 63). Este direito
viveu entre os anos 320-250 a.C.2 em um lugar cujo é estabelecido a partir do século XIX, mas não como um
nome era Samos.” direito novo e sim como acréscimo a outros setores da
Disponível em: h�p://www.simonsen.br/semipresencial/ população; visto que ele não atendia aos preceitos de
pdf_etica/capi_1.pdf. Acesso em 28 fev.2023. um estado democrático, o autor os considerava defi-
cientes “não em conteúdo, mas na distribuição” (ibid.,
O trecho abaixo reforça: p. 69) e também como monopólio de determinados
a) O Brasil como o Berço da Humanidade. grupos, mas caminhava para uma ideia aceitável pelo
b) A Grécia como o berço da civilização ocidental. capitalismo daquele século. No século XIX a cidadania
c) Roma como berço da Humanidade. com os direitos civis era universal, já os direitos políticos
d) Ressalta o mundo moderno. não eram considerados parte da cidadania pelo fato de
e) Nenhuma das alternativas abaixo. poucas pessoas os possuírem; só em 1918 os direitos
políticos passam a ser universais, o que não significa
completa igualdade política em termos de cidadania.
Marshall nos mostra como a cidadania é uma forte
aliada para a diminuição da desigualdade social, vis-
to que ela traz à tona preceitos de universalidade e
igualdade entre os cidadãos. A educação passa a ser
fator primordial para a liberdade civil e o exercício da

280
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
cidadania, era essencial ao cidadão saber ler e escre- CAPÍTULO 02
ver para ter acesso aos direitos.
Disponível em: file:///C:/Users/pedro.ivo/ HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar
Downloads/5830-21173-2-PB.pdf. Acesso em 28 fev.2023.
os fundamentos da ética em diferentes culturas,
tempos e espaços, identificando processos que
contribuem para a formação de sujeitos éticos que
valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia,
o empreendedorismo, a convivência democrática
MÍDIAS INTEGRADAS
e a solidariedade.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501B)


Compreender o papel histórico das instituições
sociais, políticas e econômicas, estudando a De-
claração Universal dos Direitos Humanos para as-
sociar às práticas dos diferentes grupos e atores
sociais, aos princípios que regulam a convivência
em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania
e a solidariedade.
Link do vídeo complementar: h�ps://www.youtube.com/
watch?v=meFxB9F74WE. Acesso em 28 fev.2023.
Objeto de conhecimento: Direitos Humanos e Po-
 Atividade extra: Faça um pequeno fichamento lítica.
compreendendo o conceito de ética.

INTRODUÇÃO

Nesta semana compreenderemos o que são direi-


tos humanos e políticos. Separamos textos, vídeos e
atividades que cercam essa temática.

CONCEITO

DIREITOS HUMANOS: DECLARAÇÃO


DA ONU COMPLETA 70 ANOS

Todos os seres humanos nascem livres e iguais


em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de
consciência, devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade.” O texto é o primeiro artigo
da Declaração Universal dos Diretos Humanos, da Or-
ganização das Nações Unidas (ONU). O documento
completa 70 anos em 10 de dezembro, Dia Interna-
cional dos Direitos Humanos. Adotada e proclamada
na Assembleia Geral da ONU, em 1948, a declaração
foi escrita em um período em que o mundo ainda es-
tava assombrado pelas barbáries da Segunda Guerra
Mundial – as bombas de Hiroshima e Nagasaki e o
Holocausto tinham acabado de acontecer.
E por que ela continua sendo importante hoje em
dia? A declaração é a base fundadora da democracia
moderna e garante os direitos de todas as pessoas,
“sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natu-
reza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento,
ou qualquer outra condição”.

281
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Viver livre de insegurança, não passar necessi- e ajudamos a livrar espécies vegetais – como a árvore
dade, ter liberdade de expressão, acesso à saúde e de ucuuba, ativo base de uma linha de produtos da
à educação e desfrutar dos bene�cios do avanço da marca Ekos – da extinção.
justiça econômica e social são alguns dos direitos ex- Disponível em: h�ps://www.natura.com.br/blog/mais-
natura/direitos-humanos-declaracao-da-onu-completa-70-
pressos nos 30 artigos da Declaração Universal dos
anos. Acesso em 28 fev.2023.
Direitos Humanos.

Pacto Global: responsabilidade empresarial


Assinada, no primeiro momento, por 58 nações, a
declaração demandou, ao longo dos anos, desdobra- SUGESTÃO DE ATIVIDADE
mentos que envolvessem setores específicos da so-
ciedade, como o empresariado. Nesse sentido, surgiu QUESTÃO 07: Leia o trecho abaixo e responda:
o Pacto Global, no ano 2000, como um conjunto de “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
esforços pragmáticos para não só não violar os direi- dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consci-
tos humanos no âmbito do trabalho como também ência, devem agir uns para com os outros em espírito
promovê-los. Somos membros desse pacto desde seu de fraternidade.” O texto é o primeiro artigo da Decla-
início. ração Universal dos Diretos Humanos, da Organização
Entre os dez princípios do Pacto Global estão: eli- das Nações Unidas (ONU). O documento completa
minar todas as formas de trabalho forçado ou com- 70 anos em 10 de dezembro, Dia Internacional dos
pulsório, erradicar o trabalho infantil de toda a cadeia Direitos Humanos.”
produtiva, estimular práticas que eliminem qualquer Disponível em: h�ps://www.natura.com.br/blog/mais-
tipo de discriminação no ambiente de trabalho, de- natura/direitos-humanos-declaracao-da-onu-completa-70-
senvolver iniciativas para promover maior responsa- anos. Acesso em 28 fev.2023.
bilidade ambiental, etc.
O trecho acima ressalta:
Desenvolvimento humano a) Os princípios do direito penal
Para nós, incentivar o desenvolvimento humano b) Os princípios do direito romano privado.
é uma das formas de promover esses direitos funda- c) O Estado autoritário na Europa.
mentais. Foi por isso que criamos o IDH-CN. Inspirado d) A Declaração Universal dos Direitos Humanos.
na metodologia do Índice de Desenvolvimento Huma- e) O mundo antigo na Europa.
no da ONU, o indicador surgiu, em 2014, como uma
forma de detectar o que poderíamos fazer em prol da Questão 08: Conforme o texto acima, podemos definir
qualidade de vida das Consultoras de Beleza Natura. direitos humanos como sendo?
Foi a partir dele que constatamos que as Con-
sultoras sofriam com a falta de acesso à saúde e à
educação, e por isso criamos os Bene�cios Saúde
e Educação. O primeiro proporciona desconto em
consultas médicas e exames. Já o segundo oferece
bolsas de estudo em cursos superiores, técnicos e de
idiomas. Ambos beneficiam nossas colaboradoras e
seus familiares.

Nosso papel na Amazônia CONCEITO


Uma das expressões do nosso compromisso com
o Pacto Global é o trabalho que desenvolvemos com
as comunidades amazônicas que fornecem as maté- O QUE É POLÍTICA?
rias-primas de muitos de nossos produtos desde 1999.
Na região, um dos problemas que enfrentamos “A palavra “política” provém do grego “politéia”.
firmemente são os chamados atravessadores – in- Tal palavra era usada para se referir a tudo relacionado
termediários que, muitas vezes, abusam das comu- a polis (Cidade-estado) e à vida em coletividade. Por-
nidades locais e ameaçam os recursos hídricos e a tanto, podemos chegar a um ponto em comum ao afir-
biodiversidade com o intuito de conseguir ativos pelo mar que a política está relacionada diretamente com a
menor preço possível. vida em sociedade, no sentido de fazer com que cada
Ao valorizar o conhecimento tradicional dos povos indivíduo expresse suas diferenças e conflitos sem que
da região, aliado a práticas sustentáveis de negócio, isso seja transformado em um caos social. Embora se
estabelecemos parcerias com mais de 5.300 famílias afirme que gregos e romanos tenham criado a política,

282
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
com destaque para a obra “Política” de Aristóteles,
não podemos negar a existência de relações de po-
der e autoridade em civilizações anteriores. De fato,
gregos e romanos desenvolveram as características MÍDIAS INTEGRADAS
de autoridade e poder no sentido político.
De certa forma, a política surgiu para garantir a
estabilidade social. O agente máximo que garante essa
estabilidade é o Estado. O poder político, exercido
pelo mesmo, está diretamente relacionado ao direi-
to de coerção e uso legítimo da força �sica. Assim,
para garantir os interesses da sociedade em geral, o
Estado pode, de forma única, utilizar a forma coer-
citiva. Em sua obra “O Príncipe”, Maquiavel afirmou
que o que move a política é a luta pela conquista e
Link do vídeo complementar: h�ps://www.youtube.com/
pela manutenção do poder, além disso, segundo ele,
watch?v=hGKAaVoDlSs.Acesso em 28 fev.2023.
os fins deveriam justificam os meios, isto é, para a
finalidade da ordem, soberania e bem-estar social, o
 Atividade Extra: Faça um pequeno vídeo através
Estado poderia usar a força �sica de forma legítima.
do celular compreendendo os fundamentos dos
A ciência política é uma área do pensamento
Direitos Humanos.
destinada a estudar os modelos de organização e
funcionamento estatal. No âmbito acadêmico, essa
área do conhecimento se institucionalizou particu-
larmente nos Estados Unidos, com desdobramentos CAPÍTULO 03
para a Europa Ocidental. Após a crise das democra-
cias representativas, a difusão da política como uma HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar
ciência ocorreu em vários países do Terceiro Mundo.” os fundamentos da ética em diferentes culturas,
Disponível em: h�ps://mundoeducacao.uol.com.br/ tempos e espaços, identificando processos que
politica. Acesso em 28 fev.2023. contribuem para a formação de sujeitos éticos que
valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia,
o empreendedorismo, a convivência democrática
e a solidariedade.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501B)
Compreender o papel histórico das instituições
Exercícios: sociais, políticas e econômicas, estudando o direi-
Questão 9) Qual é a origem da palavra “política”? to romano para associar às práticas dos diferentes
grupos e atores sociais, aos princípios que regulam
a convivência em sociedade, aos direitos e deveres
da cidadania e a justiça social.

Objeto de conhecimento: Roma antiga, Ética e o


Direito Romano.

INTRODUÇÃO
Questão 10) De que maneira o estado exerce sua
força? Por quê? Nesta semana compreenderemos os processos
históricos de Roma Antiga. Segue abaixo textos (con-
teúdos menores), vídeos e atividades que cercam essa
temática.

283
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ao maior Império da Antiguidade. Sobre o mito de
origem da cidade de Roma é correto afirmar que:
CONCEITO a) Foi fundada por Cícero e Tito Flávio, órfãos ama-
mentados por uma cabra.
b) Foi fundada pelos irmãos Tibério e Caio Graco,
ROMA ANTIGA criados por uma loba.
c) Foi fundada por Rômulo e Remo, abandonados
Introdução no rio Tibre e amamentados por uma loba.
d) Foi fundada por César e Otávio Augusto, após as
A história de Roma Antiga é fascinante em fun- vitórias militares na Gália.
ção da cultura desenvolvida e dos avanços conse- e) Nenhuma das alternativas acima.
guidos por esta civilização. De uma pequena cidade,
tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade.
Questão 12: Durante o período da Monarquia, o pri-
Dos romanos, herdamos uma série de características
meiro da história de Roma, a divisão social se dava
culturais. O Direito Romano está presente na cultura
entre três camadas da população. Sobre este período,
ocidental até os dias de hoje. De igual forma, o latim,
responda: Quais eram as três camadas sociais?
que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana
e espanhola.

Origem de Roma: explicação mitológica

Os romanos explicavam a origem de sua cidade


através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mito-
logia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre,
na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamen-
tou, foram criados, posteriormente, por um casal de
pastores. Quando se tornaram adultos, os gêmeos CONCEITO
retornaram a cidade natal de Alba Longa e ganharam
terras para fundar uma nova cidade, que seria Roma. DIREITO ROMANO
Origens de Roma: explicação histórica e Monar-
quia Romana (753 a.C. a 509 a.C.)

De acordo com os historiadores, a fundação de


Roma resulta da mistura de três povos que foram ha-
bitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e
italiotas. Na região, desenvolveu-se uma economia
baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A
sociedade, naquela época, era formada por patrícios
(nobres proprietários de terras) e plebeus (comercian-
tes, artesãos e pequenos proprietários). O sistema po-
lítico era a monarquia, já que a cidade era governada
por um rei de origem patrícia. A religião era politeísta
e adotava deuses semelhantes aos dos gregos, porém,
com nomes diferentes. Nas artes, destacava-se a pin-
tura de afrescos, murais decorativos e esculturas com
influências gregas. Um dos principais legados da Roma Antiga para
Disponível em: h�ps://www.professorfiorin.com/2012/03/ os tempos seguintes foi o Direito Romano. A legis-
roma-antiga.html. Acesso em 16 mai.2023. lação era uma das garantias da unidade territorial,
pois assegurava que as ordens do imperador fossem
cumpridas em todos os pontos do Império. Essa es-
trutura jurídica existe desde o surgimento da cidade
SUGESTÃO DE ATIVIDADE de Roma, em 753 a.C., e permaneceu até o final do
reinado de Justiniano, em 565 d.C. Na medida que os
romanos conquistavam novos territórios, as leis e os
Questão 11
princípios que valiam em Roma se estenderam para
Foi durante o período da Monarquia que a cidade de
as demais regiões dominadas.
Roma foi constituída, dando origem posteriormente

284
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Por ter uma longa história, o Direito Romano pode
ser dividido em fases. Cada uma delas, com suas ca-
racterísticas:

a) Período Régio (753 a.C. até 510 a.C.)


Este período corresponde ao surgimento de Roma
até a formação da República. As leis se baseavam no
costume. Prevalecia o Direito Sagrado.
Questão 14
b) Período Republicano (510 a.C. até 27 a.C.) Escolha um dos períodos da história do Direito Roma-
A influência de Roma se estendeu para além da no e aponte suas principais características.
Península Itálica e alcançou regiões mais distantes,
dando início ao Império Romano. Nesse momento, o
Direito Sagrado cedeu lugar para o Jus Gentium, sen-
do o direito comum a todos os povos dominados por
Roma. Surgiu também o conceito bonum et aequum,
ou seja, bom e justo.

c) Período do Principado
É um momento em que a jurisprudência predo-
minava no Direito Romana e permaneceu entre os
reinados de Augusto e Diocleciano. Os jurisconsultos,
aqueles que tinham notório saber jurídico, exerciam
influência na criação e julgamento das leis que vincu-
lavam em Roma e seus domínios.
MÍDIAS INTEGRADAS
d) Período da Monarquia Absoluta
O último período histórico do Direito Romano
atravessa a crise do império do ocidente e a ascensão
do império oriental. O imperador Justiniano, no século
IV d.C., fez uma compilação de toda a produção jurí-
dica da Roma Antiga no Código do Direito Romano. A
ascensão do Cristianismo fez com que as leis romanas
se adaptassem à religião cristã.
O Direito Romano se confunde com a História de
Roma, desde o seu surgimento até sua queda, pas-
sando pela expansão, durante o período do Império.
Apesar dos romanos concederem relativa liberdade
aos povos dominados, seu arcabouço jurídico sem
impunha na forma dessas sociedades se organiza- Link do vídeo complementar: h�ps://www.youtube.com/
rem, mantendo assim a ordem interna nas fronteiras watch?v=pSCYbJlx0NM. Acesso em 28 fev.2023.
romanas.
Disponível em: h�ps://www.professorfiorin.com/2012/03/  Atividade extra: Compreenda um Mapa Mental
roma-antiga.html. Acesso em 16 mai.2023. sobre o Direito Romano como tema central.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Questão 13
Explique o que é Direito Romano.

285
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
CAPÍTULO 04 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS501) Analisar Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
os fundamentos da ética em diferentes culturas, de Direito e tem como fundamentos (…)
tempos e espaços, identificando processos que Primeiramente, precisamos esclarecer algumas
contribuem para a formação de sujeitos éticos que confusões que podem surgir devido à similaridade
valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, deste termo com outros que também fazem parte
o empreendedorismo, a convivência democrática do vocabulário político. Nesse sentido, é importante
e a solidariedade. ressaltar que esses outros termos, apesar de similares
em sua composição, representam coisas diferentes.
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501D) Es- Por isso, vamos analisar esses termos similares para
tudar a Constituição Cidadã de 1988 no Brasil, prio- que, a partir destes, seja possível compreender exa-
rizando os textos relacionados aos direitos e garan- tamente o que é o Estado Democrático de Direito.
tias fundamentais, como elemento na construção Já citamos várias vezes em nosso texto a palavra
de sujeitos éticos e democráticos para problema- “Estado”, mas você realmente sabe o que isso signifi-
tizar a nova formação política e social brasileira. ca? Brevemente, Estado, para nós, é o que entende-se
por Brasil. Nesse sentido, é nele que o Poder Legislati-
Objeto de conhecimento: Estado democrático de vo criará as leis, o Poder Executivo fará valer as leis por
direito no Brasil. meio do governo e o Poder Judiciário julgará aqueles
que infringirem essas leis de maneira imparcial e de
acordo com o que está definido em nossa legislação.
INTRODUÇÃO Entretanto, as coisas não foram sempre assim. Ao
longo da história da humanidade, o Estado já teve
Nesta semana estudaremos o Estado democrático várias formas de organização, explicadas por diversos
de direito no Brasil. Segue abaixo textos (conteúdos pensadores, conhecidos por “teóricos do Estado”.
menores), vídeos e atividades que cercam essa te- Nesse contexto, um dos primeiros teóricos que
mática. tentou justificar a existência do Estado surgiu no pe-
ríodo das monarquias absolutistas. Thomas Hobbes
justificou a existência dessas formas de governo com
seu célebre livro chamado “O Leviatã”. Ele acreditava
CONCEITO que o ser humano em seu estado de natureza (antes
de civilizar-se) era absolutamente livre e, dessa for-
ma, não respeitava à lei alguma. Essa situação, para
Estado Democrático de Direito Hobbes, geraria conflitos entre as pessoas e instaura-
ria uma “guerra de todos contra todos”, situação em
que seria impossível o seu desenvolvimento pleno.
Dessa forma, para que essa situação fosse superada,
todos deveriam renunciar seus direitos a um sobera-
no incontestável, que lhes garantiria uma vida boa
por meio de um contrato social. Nesse sentido, esse
soberano seria o rei absolutista.
Entretanto, na prática, essa forma de governo
não foi bem sucedida, afinal, os poderes do sobera-
no eram ilimitados. Ele concentrava em suas mãos o
poder absoluto do Estado, não havendo, dessa for-
ma, separação entre os poderes estatais. Um bom
Provavelmente você já deve ter ouvido alguém exemplo de representação desse poder ilimitado do
citar a expressão “Estado Democrático de Direito” soberano está na ilustre frase dita pelo rei absolutista
em alguma conversa sobre política, certo? Mas você Luís XIV.
sabe o que isso significa? O Estado de Direito iniciou-se depois da Revolu-
Essa expressão é muito utilizada no vocabulário ção Francesa, que marcou o fim do absolutismo e a
acadêmico que, infelizmente, é tão complexo que instauração de um sistema de governo parlamenta-
pode ficar inacessível. Mesmo assim, é muito impor- rista. Durante o antigo regime – o absolutismo -, o
tante entender o que é o “Estado Democrático de governante detinha poder máximo e, dessa forma,
Direito“, afinal, segundo a Constituição Federal, é por não precisava respeitar nenhuma lei vigente. Contudo,
meio dessa forma de Estado que o Brasil se constitui: com o fim desse regime e com o advento do parla-

286
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
mentarismo, passou a vigorar o que chamamos de de Tancredo Neves para a Presidência da República.
Estado de Direito. Não foi uma votação direta, como exigida durante a
Disponível em: h�ps://www.politize.com.br/estado- campanha pelas Diretas Já, no ano anterior, mas o
democratico-de-direito/. Acesso em 28 fev.2023.
país voltava a ter um civil no poder depois de mais
de duas décadas de generais se sucedendo em elei-
ções com as cartas marcadas. A euforia pela eleição
de Tancredo virou frustração quando, às vésperas da
SUGESTÃO DE ATIVIDADE posse, ele foi internado para uma cirurgia de emer-
gência. Durante as semanas seguintes, a população
QUESTÃO 15 brasileira aguardou atônita o calvário do presidente
Leia o trecho abaixo e responda: eleito. Enquanto Tancredo estava hospitalizado, seu
vice José Sarney assumiu interinamente a Presidên-
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela cia. Nova frustração, pois o vice era aliado dos mili-
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis- tares poucos anos antes e aderiu à abertura política
trito Federal, constitui-se em Estado Democrático de no final da ditadura.
Direito e tem como fundamentos (…)” Com a morte de Tancredo Neves, em 21 de abril
Disponível em: h�ps://www.politize.com.br/estado- de 1985, a Nova República, como ficou conhecido o
democratico-de-direito/. Acesso em 28 fev.2023. período da redemocratização do Brasil, teve Sarney
como o primeiro presidente. Além dos problemas polí-
O artigo 01ª da Constituição Federal de 1988 ressalta: ticos, econômicos e sociais a serem enfrentados, outro
a) O Estado Democrático de Direito no Brasil. desafio era a convocação de uma Assembleia Nacional
b) O Estado Romano antigo. Constituinte para eleger os parlamentares que atua-
c) O Estado Europeu do século X. riam na elaboração da nova Constituição brasileira.
d) O Estado ditatorial. Aberto os trabalhos da assembleia em 1987, os
e) Nenhuma das alternativas acima. representantes do povo brasileiro se reuniram no Con-
gresso Nacional, em Brasília, para escrever mais uma
QUESTÃO 16
Constituição brasileira. Era a sexta em toda a nossa
Segundo o texto acima, qual a origem do Estado de
história, sendo a quinta apenas no período republi-
Direito?
cano. Os constituintes tinham em mente o período
anterior, de ditadura, arbitrariedade e censura, e tra-
taram de assegurar os direitos individuais, como as
CONCEITO liberdades e o voto direto. No Brasil democrático que
surgia naquele período não teria espaço para nenhum
A CONSTITUIÇÃO DE 1988 movimento golpista como cercear o direito de o elei-
tor escolher seu próximo governante.
Os trabalhos da Constituinte foram registrados
pelas lentes das câmeras de televisão e fotografias
dos jornais. A participação popular foi requerida para
que se fizessem propostas para o texto constitucional
em discussão. Apesar dos graves problemas sociais
enfrentados no final dos anos 1980 como inflação,
desigualdade social e dívida externa, o Brasil estava
decidido a fazer uma Constituição que garantisse di-
reitos para todos os brasileiros. Há quem critique os
artigos escritos em seu texto, afirmando haver direitos
demais e pouca fundamentação financeira.
A Constituição de 1988 foi promulgada em 5 de
outubro de 1988, tendo Ulysses Guimarães, presiden-
te da Constituinte, o responsável por fazer o discurso
no plenário da Câmara. Falando firme, defendendo
Ulysses Guimarães foi Presidente da Assembleia Nacional a nova Carta, Ulysses respondia àqueles que foram
Constituinte que promulgou a atual Constituição do Brasil. perseguidos pela ditadura e alertando àqueles que
ousassem rasgá-la ou descumpri-la: “Quanto a ela
Depois de vinte e um anos de ditadura, o Brasil (Constituição), discordar, sim! Discutir, sim! Descum-
voltou a ser uma democracia em 1985, com a eleição pri-la jamais! Afrontá-la, nunca!”

287
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Abaixo listamos algumas características da Cons- CAPÍTULO 05
tituição de 1988, que foi chamada de Constituição
Cidadã: HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS104) Analisar
• Direitos e garantias individuais (Artigo 5º); objetos e ves�gios da cultura material e imaterial
• Acesso ao Sistema Único de Saúde (Saúde Pú- de modo a identificar conhecimentos, valores,
blica); crenças e práticas que caracterizam a identidade
• Eleições gerais diretas; e a diversidade cultural de diferentes sociedades
• Direitos Trabalhistas; inseridas no tempo e no espaço.
• Organização os três Poderes republicanos (Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário). Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS104C) Ana-
lisar a relação entre senhores e servos no Mundo
Segue o link com o texto integral da nossa Cons- Antigo e Medieval, relacionando a escravidão, a
tituição para que você a conheça e saiba exigir seus servidão e o trabalho livre em diferentes tempo-
direitos: h�p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti- ralidades e espaços para pesquisar as práticas eco-
tuicao/constituicao.htm. Acesso em 28 fev.2023. nômicas destas diferentes sociedades.

Objeto de conhecimento: Idade Média e Feuda-


lismo.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Questão 17
INTRODUÇÃO
Faça uma pesquisa em seu caderno sobre o que é
Nesta semana analisaremos o mundo medieval,
Constituição e como ela é produzida.
também conhecido como feudalismo. Segue abaixo
textos (conteúdos menores), vídeos e atividades que
Questão 18
cercam essa temática.
Por que a Constituição de 1988 foi tão aguardada?
Que evento histórico anterior gerou essa expectativa?

CONCEITO

FEUDALISMO

O desenvolvimento do feudalismo na Europa oci-


dental teve uma longa duração. A sua gênese data do
século V, alcançando a sua plenitude durante o sécu-
lo XI e meados do século XII, sendo que durante os
séculos XIV e XV foi sacudido por crises e profundas
transformações. A base estrutural foi fornecida pela
articulação de elementos originários na crise da for-
mação escravista romana e no movimento migratório
MÍDIAS INTEGRADAS de povos germânicos. A sua característica básica foi o
domínio da relação de servidão, estabelecido entre
Link do video complementar: h�ps://www.youtube.com/
watch?v=T6VJlzj14qk. Acesso em 28 fev.2023. o produtor direto e proprietário da terra, e do prin-
cipal meio de produção, a própria terra. A relação de
Atividade extra: Faça uma pesquisa sobre a servidão na Europa ocidental permitiu a apropriação
importância de constituição de 1988 para o Brasil. do trabalho por três formas: renda-trabalho (corveia),
A pesquisa deve estar estruturada em: 01- Capa e renda-mercadoria e renda-dinheiro. Durante os sécu-
Introdução, 02-Desenvolvimento, 03- Conclusão, 04- los XI ao XIII, na Europa ocidental, aconteceu um surto
Bibliografia. de crescimento econômico movido pela expansão co-
mercial e urbana. Contraditoriamente, o crescimento
econômico apontou os limites de o modo de produção
feudal aceitar a expansão comercial e urbana, fenôme-
no que geraria uma forte crise estrutural, que, acopla-
da à conjuntura desfavorável ocorrida no século XIV,
provocaria uma forte desaceleração econômica, que só

288
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
teria recuperação com a expansão comercial do século Conseguimos compreender nesse trecho que o feu-
XVI. A crise estrutural do feudalismo anunciava alguns dalismo
elementos que ganhariam evidência no processo de (A) Será um sistema escravocrata.
instituição do capitalismo. É bom informar que caracte- (B) Era um sistema de assalariamento.
rística feudal não foi atributo único do mundo ociden- (C) Não era um sistema econômico.
tal europeu, pois foi encontrada em sociedades não (D) Era um sistema de servidão.
europeias como a japonesa e com sua periodização (E) Seria um modelo econômico atual.
não se enquadrando na aplicada a regiões da Europa
ocidental (Inglaterra), onde foi criada a condição para
o surgimento do modo de produção capitalista.
Disponível em: h�ps://cesad.ufs.br/ORBI/public/
uploadCatalago/10334206032012Temas_de_Historia_ MÍDIAS INTEGRADAS
Economica_Aula_4.pdf. Acesso em 16.mai.2023.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Questão 01 – (Fatec-SP)
– Uma das características a ser reconhecida no feu- Link do vídeo complementar: h�ps://www.youtube.com/
dalismo europeu é: watch?v=QjoHiK_luxw
a) A sociedade feudal era semelhante ao sistema de
castas. Atividade extra: Faça um pequeno relato analisando
b) Os ideais de honra e fidelidade vieram das insti- as principais características do Feudalismo.
tuições dos hunos.
c) Vilões e servos estavam presos a várias obrigações,
entre elas, o pagamento anual de capitação, talha
e banalidades.
d) A economia do feudo era dinâmica, estando vol-
tada para o comércio dos feudos vizinhos.
e) As relações de produção eram escravocratas.

Questão 02: Leia o trecho abaixo e responda:


“O feudalismo foi um sistema político, social e econô-
mico que surgiu na Idade Média, após a decadência do
Império Romano e das Invasões Bárbaras. A sociedade
feudal era composta pelos senhores feudais, clero,
nobreza, guerreiros e servos.”
Disponível em: h�ps://beduka.com/blog/exercicios/
historia-exercicios/resumo-e-exercicios-sobre-feudalismo/.
Acesso em 28 fev.2023.

Podemos identificar no trecho que o


(A) Feudalismo era idêntico ao capitalismo.
(B) Feudalismo surgiu na idade moderna.
(C) Feudalismo era composto por classes sociais.
(D) Feudalismo nasce na idade média.
(E) Feudalismo era apenas um sistema econômico.

Questão 03: Leia o trecho abaixo e responda:

Os servos eram obrigados a dar aos vassalos os produ-


tos obtidos até a sua morte, passando isso de geração
em geração, ou seja, essa relação de dependência e
proteção passava dos pais para os filhos.
Disponível em: h�ps://beduka.com/blog/exercicios/
historia-exercicios/resumo-e-exercicios-sobre-feudalismo/.
Acesso em 28 fev.2023.

289
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SOCIOLOGIA A cidadania está relacionada ao surgimento
da vida na cidade, a capacidade de os homens
Momento 1 exercerem direitos e deveres de cidadão. Na
O QUE É CIDADANIA? atuação de cada indivíduo, há uma esfera pri-
vada (que diz respeito ao particular) e uma
Professor Carlos César Higa (Seduc/Goiás) esfera pública (que diz respeito a tudo que é
comum a todos os cidadãos). (Covre, 2002)

O surgimento das cidades na Antiguidade favore-


ceu o surgimento da cidadania. O cidadão na Grécia
Antiga, lugar das pólis, era o homem livre que tinha
direito a participar das decisões da cidade. Em Roma,
os direitos dos cidadãos foram ampliados à medida
que o império também ampliava o seu domínio.
A cidadania também está relacionada à origem
do indivíduo, ou seja, a sua nacionalidade. Quem per-
manece em um país o faz de forma legal, respeitando
as regras pré-estabelecidas ou se adequando a ela,
1) Histórico no caso do estrangeiro que deseja residir em outro
país. A propósito, o Brasil, ao longo de sua história,
A palavra “cidadania” tem suas origens na Antigui- abriu suas portas para que diversos imigrantes aqui
dade Clássica. Oriunda do latim “civitas”, a cidadania morassem e reconstruísse a sua vida.
para os gregos antigos eram as pessoas que nasceram
na Grécia. Para os romanos, a cidadania estava asso- Atividades
ciada às pessoas que tinham direitos dentro do Impé-
rio Romano. Ao longo do tempo, essa palavra agregou 1) Reúna em grupo com seus colegas e discuta sobre o
novos sentidos e ampliou o seu raio de atuação. conceito de cidadania bem como a sua aplicabilidade
A Revolução Francesa de 1889 inaugurou os Direi- na realidade brasileira.
tos do Cidadão, ou seja, um documento que garantiria
os direitos de todos os cidadãos do mundo. Nela se 2) Faça uma pesquisa sobre os imigrantes no Brasil e
defendia a liberdade, a igualdade e a fraternidade, a situação legal deles atualmente.
palavras caras para os revolucionários. Apesar de o
encaminhamento da Revolução não ter seguido os A DEMOCRACIA NO BRASIL
ideais originários, os Direitos Humanos se tornou AO LONGO DO SÉCULO XX
valioso para a plena existência de um cidadão com
acessos aos direitos que lhe pertencem.
O final da Segunda Guerra Mundial trouxe a re-
flexão sobre esses direitos e, com o surgimento da
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948,
lançou-se uma noca carta reforçando o que eram os
Direitos Humanos.
No Brasil, a cidadania se aprofundou a partir de
1988, com a promulgação da atual Constituição. Por
isso, ela é conhecida como a “Constituição Cidadã”.
Depois de vinte e um anos de ditadura militar, os
constituintes elaboraram uma Carta que garantia os
direitos e as liberdades de todos os cidadãos brasilei- Em nossas aulas anteriores, comentamos a respei-
ros. Desde então, os direitos estão assegurados pela to da importância do estudo da Sociologia em conexão
Carta, mas a sua realização exige atenção e cobrança com outras disciplinas das Ciências Humanas como a
dos governantes para que, de fato, se efetive em nossa História. Para compreendermos uma sociedade, faz-se
realidade. necessário o uso de todas as contribuições das disci-
plinas de Humanas. No tema dessa aula, a compreen-
2) O que é Cidadania? são sobre o processo democrático no Brasil requer a
busca de uma compreensão histórica. Por isso, iremos
Ao longo do tempo, a Cidadania ampliou o seu também analisar alguns fatos históricos que atuaram
significado bem como quem são os cidadãos. decisivamente nesse processo.

290
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Escolhemos analisar agora a democracia no Bra- QUESTÕES SOBRE O TEXTO:
sil durante o século passado por conta da sua proxi-
midade temporal com o nosso tempo, bem como as Se alguém te perguntar o que é democracia, qual seria
consequências desse período ainda estão presentes a sua resposta?
em nossa realidade. A participação política da maioria
da população é algo recente no Brasil. Nos primeiros
anos da República no Brasil, essa participação era bem
restrita, pois mulheres, analfabetos e menores de 21
anos não poderiam votar. O voto feminino só foi ins-
tituído com a Constituição de 1934.
Outro fator que impediu a ampla participação po-
pular nas decisões políticas foi os períodos ditatoriais
no Brasil. O primeiro foi a ditadura do Estado Novo, De que forma o cidadão pode participar da política
que vigorou entre 1937 e 1945, e o segundo, de 1964 hoje em dia?
até 1985. Foram períodos de autoritarismo, persegui-
ção política e retrocesso. A centralização do poder no
Presidente da República inviabilizou a participação da
sociedade brasileira no processo decisório. O Congres-
so Nacional fechado, a extinção dos partidos políticos
e a censura da imprensa foram impeditivos para a
participação popular. Em ambas as ditaduras, essas
ações autoritárias do Poder Executivo aconteceram.
Essa participação se tornou real com a promul-
gação da Constituição de 1988, atualmente em vigor
no Brasil. Os direitos fundamentais que constam no Momento 2
Artigo 5º da Constituição asseguram a todos a liber- CAPITALISMO
dade individual, bem como as eleições diretas. É im-
portante lembrarmos que, no ano de 1988, o Brasil Capitalismo é o sistema socioeconômico predo-
recordava o centenário da abolição da escravidão e as minante no mundo contemporâneo. O seu principal
condições de vida dos negros na sociedade brasileira. objetivo é obter lucros e o acúmulo de riquezas.
Repare que questões históricas sempre aparecem em O sistema capitalista surgiu em meados do século
nossa realidade para lembramos do processo que nos XV, substituindo o Feudalismo que imperava duran-
levou até o Brasil atual. Muitos problemas sociais que te a Idade Média. Com este novo modelo, emergia
enfrentamos em tempos presentes tem o seu início a burguesia, a produção de capital, a desigualdade
no passado. É importante refletirmos sobre isso para social, entre outras características que começaram a
compreendermos que momento estamos vivendo. marcar o capitalismo.
É importante ressaltar que democracia não signi- Confira alguns dos principais aspectos que defi-
fica necessariamente apenas eleições gerais, ou seja, nem este sistema político-econômico que domina o
eleger o novo presidente ou o novo parlamentar. É um mundo era da Globalização:
regime que garante a liberdade de participação, mas
também desenvolvimento econômico com igualdade 1. Obtenção de lucro e a acumulação de riquezas
social.
Este é o principal objetivo do capitalismo: obter
“A democracia no Brasil é algo muito recente riquezas. O lucro é proveniente dos valores acumula-
e ainda está se consolidando. Ela continuará dos a partir do trabalho coletivo fornecido pelas em-
crescendo se as regras institucionais para as presas privadas e desempenhado pelo proletariado
eleições e o exercício do poder forem amplia- (trabalhadores).
das, para possibilitar a participação da popu- Para que o lucro seja sempre positivo, os donos
lação, e se os movimentos sociais tiverem dos meios de produção (capitalistas) adotam medidas
mais liberdade para lutar pela manutenção de contenção de custos, como fornecedoras e maté-
dos direitos fundamentais e a criação de novos rias-primas mais baratas.
direitos. Somente quando a maioria da popu-
lação tiver educação de qualidade, condições 2. Trabalhadores são assalariados
de se alimentar adequadamente e condições
decentes de vida social, poderemos ter de- O trabalho assalariado é outra das principais
mocracia no Brasil. Enquanto isso, temos uma características desse sistema socioeconômico. Os
democracia “capenga”. (TOMAZI, 2010)

291
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
trabalhadores (proletariado) tem o direito por lei de proletários, pessoas que vendem sua força de trabalho
receber uma remuneração em troca da sua força de em troca de um salário que garanta saúde, alimenta-
trabalho. ção, transporte, lazer, etc.
O salário começou a se tornar mais comum duran- Este é o ponto principal da divisão de classes, pois
te o período conhecido por Capitalismo Industrial (a nem sempre o capitalista oferece uma remuneração
partir de meados do século XVIII). Até então, a servi- adequada e suficiente para atender todas as neces-
dão e a escravidão eram os dois sistemas com maior sidades básicas dos trabalhadores.
presença no mundo, refletindo os costumes pratica-
dos durante a Idade Média (Feudalismo) 6. Crescimento da desigualdade social
No sistema capitalista contemporâneo, os prole-
tários representam a grande maioria, que dependem Por fim, a desigualdade entre as classes sociais
dos salários pagos fixamente pelos capitalistas (donos pode se tornar abissal, fazendo com que hajam gru-
das propriedades privadas). pos detentores de muita riqueza, enquanto outros
Os assalariados, no que lhe concerne, usam este vivendo em extrema pobreza.
dinheiro para adquirir produtos e serviços de outros A desigualdade social é um dos frutos mais pro-
capitalistas, fazendo com que o sistema se movimente blemáticos do capitalismo. Essa disparidade costuma
constantemente. estar associada ao desnivelamento na economia do
país, ou seja, quando este não consegue garantir con-
3. Predominância da propriedade privada dições básicas para a garantia de um padrão de vida
de qualidade para todos.
No sistema capitalista, os sistemas produtivos
pertencem a uma pessoa ou a um grupo, de maneira Caracteristicas do capitalismo
geral. Estes são bens particulares ou áreas de utiliza- • Capital/lucro
ção individual. • Divisão em classes sociais
Existe também dentro do sistema capitalista as – Burguesia e proletariado
chamadas empresas estatais, que em tese são de ad- • Economia de mercado: Sociedade de consumo
ministração do Estado. Mas, devido às intensas crises – Consumo e consumismo
econômicas, muitas delas acabam por ser privatiza- • Lei de oferta e procura
das, ou seja, vendidas para empresas privadas.
Atividade de Sociologia
4. Estado intervém pouco no mercado (Economia
de Mercado) 1) Explique em que momento histórico surgiu o Ca-
pitalismo.
Esta é a livre iniciativa de regulamentar o mercado
capitalista, com pouca ou sem intervenção do Estado. 2) Por que no Capitalismo o estado pouco intervém
Este processo é realizado através da chamada lei da na economia?
oferta e da procura, onde os preços dos produtos são
determinados conforme a procura pelos consumido- 3) Explique por que os trabalhadores são assalariados
res e a quantidade deste em oferta. no sistema capitalista.
Para obter um melhor lucro, as empresas precisam
oferecer produtos de qualidade com preços acessí-
veis. Neste sentido, a concorrência é outro fator resul-
tante desta lei da oferta e da procura, pois ela amplia
as opções de compra, o que faz com que os preços
possam baixar.

5. Divisão entre classes sociais

Considerada a característica mais polêmica do


sistema capitalista, a divisão de classes determina,
dentro do processo de trabalho coletivo, o lado que
detém o poder e o lucro e o lado de quem trabalha
para a produção deste lucro.
De um lado está uma minoria denominada capita-
lista, representada pelos donos dos meios de produ-
ção e de capitais e do outro lado a maioria chamada

292
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Momento 03 Todo esse cenário político influenciou os inte-
O QUE É INDÚSTRIA CULTURAL? lectuais a refletir como a cultura também pode ser
utilizada para legitimar determinados interesses. Os
autores acreditam que a Indústria Cultural trata as
pessoas como simples consumidores, acríticos, defi-
nidos a partir dos produtos consumidos, incluindo a
produção ar�stica.
Nesse sentido, a Indústria Cultural define os
produtos culturais, a sua quantidade e o tipo a ser
consumido. Ela se encontra a serviço das classes do-
minantes, por isso ela é gerenciada conforme as suas
necessidades e interesses. Assim, é promovido um
padrão no qual as manifestações culturais devem se
adequar para fazerem sucesso.

Características da Indústria Cultural


Estudantes que se preparam para o Enem e outros
vestibulares devem saber o que é Indústria Cultural. Nesse cenário, a indústria cultural passa a ser um
O tema costuma aparecer nos exames, além de ser mecanismo de controle dos indivíduos. A sua impo-
importante para compreensão da produção ar�stica sição acontece de cima para baixo e visa padronizar,
contemporânea. homogeneizar e fortalecer os valores capitalistas de
O conceito de indústria cultural foi desenvolvido consumo perante as grandes massas. Para isso, a
por Theodor Adorno e Max Horkheimer no final do própria indústria trabalha em prol da alienação das
século XIX e início do século XX. Os estudiosos anali- pessoas. Através dela é possível homogeneizar os gos-
saram os impactos dos avanços tecnológicos propor- tos e interesses pessoais para que os produtos sejam
cionados pela Revolução Industrial e o capitalismo no consumidos sem uma reflexão a seu respeito.
mundo das artes.
O conceito desenvolvido por Adorno e Horkhei- Escola de Frankfurt
mer se refere à ideia de produção em massa, comum
nas fábricas e indústrias, que passou a ser adaptada
à produção ar�stica. É uma nova concepção de se
fazer arte e cultura, utilizando-se técnicas do sistema
capitalista.
Dessa maneira, músicas, filmes, espetáculos e ou-
tras obras, são desenvolvidos sob a lógica de produção
em massa. Há um pensamento dominante que passa
a influenciar o modo como os artistas produzem e
como os telespectadores consomem a cultura. Nesse
conceito, um quadro ou uma música são reproduzidos
de forma padronizada, mesmo que possuam cores e
estilos diferentes.
Segundo os autores, o objetivo da indústria cul-
tural é o lucro e manutenção do pensamento domi- A Escola de Frankfurt foi um espaço de debate
nante. Assim, a cultura passa a ser uma massa de criado por cientistas sociais que buscavam debater
manobra da população, que precisa ser mantida presa diferentes questões da sociedade. Eles estudavam
na ideologia dominante. novas possibilidades que explicassem o desenvolvi-
mento social da época, visto que acreditavam que a
Origem da Indústria Cultural teoria marxista tradicional não dava conta de explicar
o cenário das sociedades capitalista no século XX.
Os sociólogos alemães Adorno e Horkheimer Os pesquisadores, autores e sociólogos da Escola
escreveram o livro “Dialética do esclarecimento”, o de Frankfurt criaram a Teoria Crítica, com bases na
qual um dos capítulos aborda a noção de Indústria ideologia marxista. Além de ser uma oposição ao Ilu-
Cultural, no ano de 1944. Nesse período, o mundo minismo, a Teoria Crítica revelava o direcionamento
testemunhava a consolidação dos regimes totalitários, das críticas da Escola de Frankfurt a uma ordem po-
como o Nazismo. Os próprios estudiosos precisaram lítica e econômica do mundo.
se refugiar em outros países.

293
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Indústria Cultural no Brasil que se trata de uma compulsão. Em alguns casos,
isso pode representar grandes perdas em termos
Apesar de o conceito ter sido desenvolvido no de relacionamento interpessoal e qualidade de vida.
século passado, ele ainda pode ser plicado na atua- Para ser considerado doentio, o consumismo precisa
lidade. A consolidação da indústria cultural no Brasil representar uma parcela significativa da vida e dos
aconteceu de forma tardia. Durante a década de 1970 pensamentos da pessoa, de forma que sua saúde
vários pesquisadores passaram a se interessar pelo emocional, psicológica ou mesmo social e financeira
tema e estudar os seus desdobramentos no país. Aqui estejam abaladas. Nesses casos, a cisão entre neces-
a televisão e a sua influência na sociedade brasileira sidade e motivação da compra é completa, ou seja, a
estiveram presentes em diversos estudos, inclusive pessoa definitivamente não precisa e, muitas vezes,
empíricos. nem se dá conta do que está comprando.
Trazendo para uma realidade mais recente, pode-
-se falar da internet e das redes sociais como novos Quais são as origens dessa tendência consumista?
sujeitos da comunicação na atualidade. O fenômeno
das Fake News - no�cias falsas - é um bom exemplo A origem da tendência de compulsão pelo ato de
de como a comunicação, a depender do modo como comprar tem suas origens na história da humanidade.
seja utilizada, pode ser prejudicial à sociedade. Após os eventos da Revolução Industrial, os processos
Outro fator interessante é notar as características de produção e circulação de bens foram agilizados.
da produção ar�stica em massa na cultura brasileira. Com o avanço da produção, houve um grande distan-
Na música, por exemplo, é possível notar o surgimento ciamento das pessoas e do conhecimento em relação
de novos cantores, com trabalhos que apresentam aos meios de produção. Para entender como isso se
batidas e melodias semelhantes. deu, basta pensar o quanto você conhece, por exem-
Disponível em: h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/
educacao/dicas/o-que-e-industria-cultural. Acesso em 28 plo, dos processos de produção das coisas que você
de março de 2022 compra. Você sabe como são fabricados os produtos
de higiene, alimentação, itens de decoração e outros?
O que é Consumismo? Conhece as formas de distribuição, importação e ex-
portação? É justamente esse desconhecimento que
As definições oficiais associam a palavra consumis- foi historicamente denominado alienação. A alienação
mo ao ato de comprar, ressaltando a especialidade da é a principal dimensão do consumismo, está na base
ausência de necessidade por parte do comprador na da compra desvinculada da necessidade e do desco-
maioria das negociações. Isso quer dizer basicamente nhecimento em relação ao valor de compra e de uso.
que a palavra consumismo, em suma, significa o ato Ainda discutindo a história da tendência consu-
de comprar muitas coisas que, em sua maioria, não mista, podemos destacar a vinculação da possibilida-
são necessárias. de de comprar ao poder, já que, por muitos anos, o
consumo era privilégio de classes mais ricas. Com o
Qual é a diferença entre Consumo e Consumismo? desenvolvimento econômico, da produção e da publi-
cidade, as distâncias foram sendo diminuídas. O que
No consumo, o ato de comprar está diretamen- se pode perceber na atualidade é um nivelamento
te relacionado à necessidade ou à sobrevivência. Já de desejos: crianças pobres e ricas querem os mes-
quando se trata de consumismo, essa relação está mos brinquedos, adultos de classes sociais distintas
rompida, ou seja, a pessoa não precisa daquilo que têm as mesmas vontades, reforçadas pelos modelos
está adquirindo. O consumismo está vinculado ao gas- e padrões de vida apresentados pela mídia, como os
to em produtos sem utilidade imediata, supérfluos. gostos e hábitos de celebridades.
Esse hábito vem sendo discutido por muitos auto- A criação e valorização social de padrões de com-
res em suas origens e dimensões. Alguns estudiosos portamento é outra dimensão importante do consu-
apontam a importância da publicidade na constru- mismo. Para atingir o padrão de sucesso e boa vida,
ção da obsessão pelo ato de comprar. Outros autores inúmeras pessoas investem seus esforços para adqui-
destacam a vinculação histórica da possibilidade de rir bens que não necessitam.
compra à vida boa, riqueza, saúde. Isso quer dizer que Fonte: h�ps://brasilescola.uol.com.br/psicologia/
ao longo dos anos, pessoas que tinham maior poder consumismo.htm
de compra eram consideradas melhores que pessoas
com menor poder de compra. Questão 1
Explique por que a Revolução Industrial influenciou
Consumismo é doença? na tendência de se comprar por compulsão.

Quando o ato de comprar está vinculado dire-


tamente à ansiedade e à satisfação, podemos dizer

294
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
os principais alvos das empresas que desejam fazer
seu produto conhecido e consumido. O espectador
associa a imagem do garoto propaganda à marca
anunciada.
No Brasil, a televisão surgiu em 1950, com a
inauguração da TV Tupi em São Paulo, e adentrou na
casa do brasileiro. O aparelho de televisão ganhou
Questão 2 um cômodo: a sala de TV, onde as pessoas se reuniam
Os meios de comunicação influenciam o consumo de para conversar sobre o que se passava na telinha. Ou
algum produto mesmo que o consumidor não neces- o aparelho era instalado na cozinha para entreter a
site deste produto? Por quê? família durante as refeições. Hoje em dia, a televisão
disputa com a internet um espaço da atenção do teles-
pectador. Os sites, redes sociais, canais de streaming
conquistam um número significativo em audiência,
chamando a atenção das empresas para atrelar sua
marca ou seu produto ao sucesso das séries e filmes.
Bem antes da internet e da televisão era o rádio
quem ocupava o coração dos brasileiros. Inaugurado
em 1922 durante os festejos do centenário da nos-
INDÚSTRIA CULTURAL sa independência, o rádio logo se tornou popular. A
princípio, Roque�e Pinto, responsável por trazer a
Professor Carlos César Higa inovação para o país, queria que o rádio fosse útil
na educação, principalmente para transmitir aulas de
A Indústria cultural é um conceito elaborado por alfabetização, diminuindo assim o analfabetismo, um
Theodore Adorno e Max Horkheimer, professores da dos grandes problemas sociais da época. Logo após a
Escola de Frankfurt, na Alemanha, em 1947, no livro Revolução de 1930 e sua chegada ao poder, Getúlio
“Dialética do Esclarecimento”. Nesta obra, discute-se Vargas viu no rádio um meio de comunicação eficiente
de que maneira o capitalismo adentra na produção para falar diretamente aos trabalhadores do Brasil.
cultural mediante a formação de um mercado de O “Voz do Brasil” é o programa de rádio mais antigo
consumo de bens culturais. A produção cultural se da história e, às 19 horas, ao som de “O Guarani” do
tornaria um objeto de consumo que geraria lucro. maestro Carlos Gomes, Vargas anunciava os bene�cios
Dessa maneira, o artista deveria produzir sua obra para os trabalhadores e se aproximava deles cons-
para atender as demandas do mercado e do grande truindo a imagem de “pai dos pobres”.
público, ou seja, das massas. É, de fato, uma produção Não foi apenas a política que se beneficiou do
industrial porque a cultura se tornando algo consu- rádio. A música se difundiu em todo o território na-
mido em grande escala exige-se uma intensidade na cional. Os astros do rádio começaram a ser alvo das
fabricação desse produto. fãs histéricas que aguardavam na porta da rádio o
A cultura se torna um meio de produção que ob- seu ídolo sair para tentar um autógrafo, um beijo ou
jetiva o lucro das grandes empresas. É uma produção algum objeto para guardar de recordação. O rádio
em massa que visa atender as demandas do mercado aproximou o ouvinte do seu cantor e surgiram revistas
e satisfazer os interesses do grande público. A pro- como a “Radiolândia” que contava a história de vida
dução cultural não é tão desenvolvida, não se exige dos cantores, se eram casados, se tinham filhos. O es-
muito esforço para a sua compreensão. Além disso, trelato não era consumido no rádio, mas a imprensa
busca-se a manutenção do pensamento dominante, também se aproveitava para vender mais exemplares
da hegemonia capitalista sobre a sociedade. Quanto de suas publicações. Não bastava o cantor ter ape-
maior o consumo dessa produção cultural, maior o nas uma voz afinada, era preciso mais atributos que
lucro das grandes empresas. chamassem a atenção do ouvinte, como o desejo de
Outro conceito diretamente ligado à indústria conhecê-lo e de consumir seus discos e os produtos
cultural é a cultura de massa. A cultura se tornou um dos quais vendia.
objeto de mercado para atender os interesses do Os estudos da Escola de Frankfurt colaboraram
capitalismo. O grande público consome a produção na crítica e na reflexão sobre a indústria cultural, bem
cultural, não interage, não reflete. Os grandes meios como apontar os interesses econômicos por trás dessa
de comunicação são os principais divulgadores dessa lógica que surgiu após a Segunda Guerra Mundial. No
cultura para a massa. Por isso o interesse na audiên- Brasil, o desenvolvimento da indústria cultural está
cia, no aumento significativo do público que acessa atrelado ao aprofundamento da industrialização ocor-
determinado canal. As novelas de maior audiência são rida entre as décadas de 1920 até 1990.

295
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Questão 3
Explique o que é indústria cultural.

Questão 4
Qual é a relação entre o lucro e a produção cultural?

296
Projeto
de Vida
PROJETO DE VIDA
Cara/o Estudante, AULA 12
Aptidões e pontos de atenção/Atividade 02
Convido você hoje a traçar o projeto mais impor-
tante da sua vida! O autoconhecimento ou conhecimento de si é a
A maioria dos grandes feitos começou com um investigação de si mesmo. Ele envolve o uso da au-
projeto traçado por alguém. Seus pais, seus avós e toconsciência e o desenvolvimento da autoimagem.
tios/as já traçaram alguns projetos também, talvez Também pode ser um projeto ético, quando o que se
até você mesmo já tenha planejado realizar alguma busca é a realização de algo que leve o sujeito a ser
coisa um dia. Pela definição do próprio dicionário, mestre de si mesmo e, consequentemente, um ser
um projeto nada mais é que um desejo, intenção de humano melhor.
fazer ou realizar (algo) no futuro. Antes de construir Para entender melhor esse conceito você irá as-
uma casa, antes de criar uma lei, antes de abrir uma sistir o vídeo com o tema AUTOCONHECIMENTO- O
empresa, projetos são pensados e criados para que que é, Bene�cios e Como Desenvolver h�ps://www.
os planos sejam realizados. youtube.com/watch?v=9OiWA0qawIo
É no projeto que você define suas metas, estabele- Depois desse vídeo é hora de participar de uma
ce etapas para alcançar aquilo que pretende, elabora rápida roda de conversa para que cada um possa falar
estratégias de atuação em cada uma dessas etapas, sobre a mensagem que ficou sobre o Tema da aula
estipula prazos, exercitando assim, sua determinação, de hoje!
perseverança e autoconfiança para realizar seus pro-
jetos presentes e futuros.
E sem dúvida essa é a melhor forma de se atin-
gir algo: planejando! Quando você planeja consegue
ampliar suas ideias e descobrir a melhor forma de
alcançar o que almeja, além de fazer as devidas corre-
ções e adaptações quando necessário. Deixar as coisas
acontecerem sozinhas, sem ter controle da situação
pode ser um grande risco, podendo ter bons ou maus
resultados.
Diante disso, você está convidado a pensar em um
projeto muito maior e mais importante do que qual-
quer outro que você possa imaginar. O seu PROJETO
DE VIDA! Exatamente isso! Você pode e deve planejar
sua vida. Ter um projeto de vida é justamente saber
o que você quer ser e ter, definindo o que você vai
precisar fazer para alcançar isso. Você deve e precisa
1. Registre aqui como você, no contexto da sua vida,
desejar sempre algo mais de sua vida. E saiba que
está lidando com a razão e a emoção.
isso é possível.
Assim, o seu Projeto de Vida como qualquer ou-
tro projeto, também, pode mudar, ao longo do seu
caminho, e isso realmente acontece com todo mun-
do. Hoje, você pode querer ser um/a engenheiro/a,
advogado/a, jogador/a de futebol, chefe de cozinha,
mas, daqui a alguns anos você pode mudar de ideia e
descobrir que adoraria, por exemplo, ser um/a profes-
sor/a. O importante mesmo é estar sempre aberto/a
e disposto/a pensar e repensar sobre seus sonhos,
anseios e desejos, que você quer para a sua vida.
A partir de agora você definirá objetivos para sua
vida pessoal, acadêmica, profissional e cidadã, plane-
jando, trabalhando e se esforçando para concretizar
seus sonhos, descobrindo-se o protagonista de sua
própria história.

Sucesso na sua Jornada!

298
PROJETO DE VIDA
AULA 13 mos uma leitura desses trechos da música fica
Como devo agir/Atividade 01 claro o desejo de ser visto pelo que ele acredita.
Hoje estamos discutindo sobre ÉTICA e MORAL.
Na Moral (Cidade Negra) Escreva uma situação que represente o conceito
Ah,ah, ah, ah, e ser imortal de ética e outra que represente moral.
Não é natural
Eu não sou capacho ÉTICA:
Eu sei os meus passos
Pra não vacilar

Ah, ah, ah, ah, e ser um mortal


Não é mole, não
Desculpa, meu chapa
Mas é que eu preciso me desabafar.

Há de se respeitar a minha moral


MORAL:
O meu visual
E tudo que eu digo
Pra alguém me escutar
Mesmo a tal cibernética
Ah, ah, ah, ah, e ser imortal
Não é natural
Eu não sou capacho
Eu sei os meus passos
Pra não vacilar

É que eu insisto transparecer


No que eu acredito,
Sem ressentimentos.
E há tanta gente pra convencer
E que sei que sentem
O mesmo o que eu sinto.

Com a certeza do meu destino


Sei que o universo
Vai conspirar comigo.
Estão precisando de amor
Estão precisando resolver
Estão precisando de carinho.
AULA 13
E o tempo passa,
Como devo agir/Atividade 02
E suas piadinhas já não têm mais graça
E não disfarça o mar de lama da sua piscina
No final dessa aula, use esse termômetro para
Pouca-vergonha que crescente contamina
medir seu conhecimento sobre o tema discutido, ÉTI-
Gente da tua laia, que vive no espaço paralelo
CA E MORAL.
Não sabe o que é salário, nunca pegou um trem
Se sua compreen-
Lá vai o trem lotado, babando de gente
são for em maior grau
E o surf de trem, e o torrado no chão
pintar em vermelho e se
E você vendo tudo, tudo na televisão...
a compreensão for em
h�ps://www.youtube.com/watch?v=-jN4_K9T35Q menor grau pintar em
azul. Lembre-se que no
1. Cidade Negra enfatiza o fato de que “Há de se termômetro o azul fica
respeitar a minha moral/E tudo que eu digo/ É na parte debaixo e o
que eu insisto transparecer/ No que eu acredito/ vermelho na parte de
E há tanta gente pra convencer”. Quando faze- cima.

299
PROJETO DE VIDA
AULA 14 Eu quero saber me querer
Minha Bandeira/Atividade 01 Com toda a beleza e abominação
Que há em mim
1. Você irá ouvir a música acompanhando a letra e
depois teremos algumas questões para que cada Isso nunca se desfaz
um possa refletir. E quanto a desejo, não há paz
Isso nunca se desfaz
A sombra (Pi�y) Album- Chiaroscuro; Deckdisk- E quanto a desejo, não há paz
-Polisom 2009
Eu quero saber me…
Pra quê dissimular
Se ela me segue aonde quer que eu vá?
Melhor encarar
E aprender com ela a caminhar
Não vou mais negar
Por todo caminho minha sombra está

Aprenda o Mito da Caverna (Platão) com a Turma do Piteco (Mauricio de Sousa)

Da mesma forma que ocorre na Alegoria apresentada por Sócrates no livro VII do livro A República (Pla-
tão escreve o livro, mas quem tá na história é Sócrates), os indivíduos socados no fundo da caverna (presos e
imobilizados desde a infância) só sabiam o que se passava fora da Caverna por causa das sombras projetadas
no fundo da Caverna (não podiam se mexer, apenas olhar pra frente), então eles entendem as sombras como
o “Mundo Real”.

300
PROJETO DE VIDA
Vamos refletir? Silvio Santos nome ar�sti-
Você ouviu a música que fala sobre A sombra co de Senor Abravanel (Rio
“Pra quê dissimular/Melhor encarar”. Também leu de Janeiro, 12 de dezem-
sobre a história de Piteco que fala sobre o Mito da bro de 1930), é um apre-
Caverna. Já ouviu falar? sentador de televisão e em-
O que seria viver olhando a vida passar? Ter presário brasileiro. Possui
uma vida totalmente virtual como no filme Matriz, mais de 60 anos de carreira.
ou viver como uma imagem de uma pessoa que Nasceu em Travessa Bemte-
você gostaria de ser? vi, no bairro da Lapa, na re-
gião central da cidade do Rio
de Janeiro, então capital do
Brasil e sede do então Distrito Federal. É filho primo-
AULA 14 gênito dum casal de imigrantes vindo em 1924 para
Minha Bandeira/Atividade 01 o Brasil, Alberto Abravanel (1897–1976), um imigran-
te grego sefardita de Tessalônica, e Rebeca Caro, ju-
1. Agora você irá usar esse porta-retrato para de- dia de Esmirna, parte do antigo Império Otomano.
senhar a sua sombra e junto ao desenho, fazer a
descrição de como ela é e como ela reflete você. William Henry Gates III
mais conhecido como Bill
Gates, é um magnata, em-
presário, diretor executivo,
investidor, filantropo e au-
tor americano, que ficou
conhecido por fundar junto
com Paul Allen a Microso�, a maior e mais conhecida
empresa de so�ware do mundo em termos de valor
de mercado.

Edson Arantes do Nascimen-


to, Três Corações, 23 de outu-
bro de 1940), mais conhecido
como Pelé, é um ex-futebo-
lista brasileiro que atuava
como atacante. Ele é ampla-
mente considerado como um
dos maiores jogadores de to-
dos os tempos.

Madre Teresa naturalizou-


AULA 15 -se indiana e até hoje é
Ser no Mundo/Atividade 01 um símbolo de caridade,
sendo beatificada e cano-
Meu mundo pessoal e o mundo lá fora nizada pela Igreja Católica.
Com 18 anos já era missio-
Em grupo, você irá dividir a cartolina ou papel nária na Irlanda, e quando
sulfite em dois lados, um lado para o desenvolvimen- estava perto dos 40 anos, fundou a congregação Mis-
to dessa primeira atividade e o outro lado será para sionárias da Caridade, destinada a ajudar pobres e ne-
desenvolver a segunda atividade. cessitados, especialmente na cidade indiana de Calcutá.
Apresentamos aqui para você algumas pessoas
que já deixaram sua história e outras que ainda re- Cora Coralina, pseudôni-
presentam um papel em nossa sociedade, ou na arte, mo de Anna Lins dos Gui-
esporte, ciência, economia, tecnologia ou empreen- marães Peixoto Bretas,
dedorismo. foi uma poetisa e contis-
ta brasileira. Considerada
uma das mais importan-

301
PROJETO DE VIDA
tes escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro AULA 15
publicado em junho de 1965, quando já tinha quase Ser no Mundo/Atividade 01
76 anos de idade, apesar de escrever seus versos des-
de a adolescência. 1. Nessa primeira atividade o grupo deverá repre-
sentar de forma livre, por meio de figuras, pala-
Steven Paul Jobs foi um inventor, vras, imagens, pessoas do seu meio social (famí-
empresário e magnata america- lia, amigos, vizinhos, dentre outros) que lembrem
no no setor da informática. No- ou que marcaram seu passado, seu presente e
tabilizou-se como co-fundador,
que podem influenciar de alguma maneira seu
presidente e diretor executivo da
futuro diante do seu projeto devida.
Apple Inc. e por revolucionar seis
indústrias: computadores pessoais,
2. Na segunda atividade, você irá utilizar figuras,
filmes de animação, música, telefo-
palavras, imagens, pessoas que fizeram parte do
nes, tablets e publicações digitais.
seu passado, pessoas presentes nesse momento
de sua vida e que podem influenciar de alguma
Mark Elliot Zuckerberg é um pro-
maneira seu futuro diante do seu projeto de vida.
gramador e empresário norte-a-
É importante você analisar, identificar valores em
mericano, que ficou conhecido
comum com os seus.
internacionalmente por ser um
dos fundadores do Facebook,
 Para quais pessoas você estende o tapete ver-
a rede social mais acessada do
melho.
mundo.

Os irmãos Richard
James “Dick” McDo-
nald e Maurice James
“Mac” McDonald fo-
ram os pioneiros nor-
te-americanos do fas-
t-food ao desenvolve-
rem e abrirem o primeiro restaurante McDonald’s em
1940. Dois irmãos, uma barraca de fast food e um
sonho. Richard e Maurice McDonald revolucionaram
a pequena cidade de Arcádia (Califórnia) ao abrirem
uma lanchonete que vendia hambúrgueres por 10
centavos cada, servidos de minuto a minuto, embru-
lhados em papel e sem necessidade de garçons: o
cliente fazia o pedido diretamente ao cozinheiro.

Paulo Renato Costa ocupou nu-  Liste palavras que definem característica im-
merosos cargos públicos e exe- portantes em uma pessoa:
cutivos no Brasil e no exterior
foi ministro da Educação du-
rante o governo Fernando Hen-
rique Cardoso de 01/01/1995
a 31/12/2002. Dentre as suas
maiores realizações à frente do
ministério da Educação, estão a Universalização do
acesso no Ensino Fundamental, o ENEM e o SAEB.

Stephen Hawking, respon-


sável por contribuições fun-
damentais ao estudo dos
buracos negros, ocupa a ca-
deira de Isaac Newton como
professor de matemática na
Universidade de Cambridge, e é considerado o mais
brilhante �sico teórico desde Albert Einstein.

302
PROJETO DE VIDA
AULA 16 6. Redes sociais só na hora marcada. ...
Ser Criativo/Atividade 01 7. Evite fazer várias coisas ao mesmo tempo.

1. Agora, depois dessas reflexões realizadas durante


Qual o poder do tempo em sua vida?
as atividades propostas na aula de hoje relate
como foi o seu dia. Como você gasta seu tem-
Sobre o tempo (Pato Fu)
po na execução de suas atividades? Você é uma
Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda
pessoa disciplinada? Que relação você vê entre a
eu sei
disciplina e a sua organização pessoal? No quadro
Pra você correr macio
abaixo você vai analisar sua rotina de amanhã e
Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda
preencher para trazer na próxima aula.
eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo mano velho CRONOGRAMA DE ATIVIDADE/
Tempo, tempo, tempo mano velho ROTINA DIÁRIA
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
Tempo amigo seja legal
DIA DA SEMANA
Conto contigo pela madrugada HORÁRIO
________________________
Só me derrube no final
Ah ahah, ah ah
Ahahah, ah ah Manhã
Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda
eu sei 7h-8h
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã 8h-9h
Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho 9h-10h
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
Tempo amigo seja legal 11h-12h
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final oh oh, oh oh ah Tarde
Uh uh ah au
Uh uh ah au 12h-13h
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
13h-14h
Fonte: LyricFind/ Compositores: Joao Daniel Ulhoa
14h-15h
Letra de Sobre o tempo © Universal Music PublishingGroup
15h-16h

AULA 16 16h-17h
Ser Criativo/Atividade 02
17h-18h
Conheça 07 técnicas para aproveitar melhor o
Noite
tempo.
1. Elimine a preguiça da rotina.
18h-19h
Esse é o primeiro passo, pois
com moleza, nada que venha
19h-20h
a fazer vai realmente adiantar
e haverá perda de tempo do
20h-21h
mesmo jeito. ...
2. Pratique alguma atividade �sica. ...
21h-22h
3. Acorde cedo. ...
4. Use a agenda. ... Após às 22h
5. Tenha uma “válvula de escape” ...

303
PROJETO DE VIDA
AULA 17 E o olhar do poeta
(Com)Viver/Atividade 01 Percebe na sua presença
O toque de Deus
Música: Diversidade A vela no breu
(Lenine)Fonte: Musixmatch

Foi pra diferenciar


Que Deus criou a diferença
Que irá nos aproximar AULA 17
Intuir o que ele pensa (Com)Viver/Atividade 02
Se cada ser é só um
E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum Conviver é aprender a parti-
Diversidade é a sentença lhar, a respeitar o outro, a esten-
O que seria do adeus der a mão diante das dificulda-
Sem o retorno? des, a gostar do outro a ponto de
O que seria do nu sentir sua breve ausência.
Sem o adorno?
O que seria do sim 15 dicas para conviver em sociedade
Sem o talvez e o não?
O que seria de mim 1. Respeite o espaço. Respeitar o espaço do
Sem a compreensão? outro, seja ele quem for, é um sinal de res-
A vida é repleta peito e de bom senso.
E o olhar do poeta 2. Usar a gentileza. Gentileza gera gentileza,
Percebe na sua presença não é mesmo?
O toque de Deus 3. Entender sobre os direitos. Todos nós temos
A vela no breu direitos e deveres perante a sociedade.
A chama da diferença 4. Pense antes de agir.
A vida é repleta 5. Busca de crescimento. O ser humano que
E o olhar do poeta procura crescimento pessoal e intelectual se
Percebe na sua presença abre a novas portas.
O toque de Deus 6. Não fale palavrões. Palavras de baixo calão
A vela no breu são desrespeitosas.
A chama da diferença 7. Conversar. A conversa, quando a mente está
A humanidade caminha mais lúcida, é o remédio para que se chegue
Atropelando os sinais a um acordo e seja capaz de entender todas
A história vai repetindo as partes envolvidas.
Os erros que o homem traz 8. Relacionar-se. Quem se relaciona, aprende
O mundo segue girando algo novo, por mínima que seja a experiên-
Carente de amor e paz cia.
Se cada cabeça é um mundo 9. Não acobertar injustiças.
Cada um é muito mais 10. Não caluniar. Falsas histórias são prejudiciais
O que seria do caos em toda relação humana, sejam elas sobre
Sem a paz? si mesmo ou sobre outras pessoas.
O que seria da dor 11. Cooperar. No mundo não estamos sós, então,
Sem o que lhe apraz? cooperar com aqueles que estão próximos a
O que seria do não nós, mesmo que apenas fisicamente, contri-
Sem o talvez e o sim? bui para uma reciprocidade de coisas boas.
O que seria de mim? 12. Aceitar a posição. Onde estamos nem sem-
O que seria de nós? pre é fácil.
A vida é repleta 13. Respeitar as regras. Regras existem e são
E o olhar do poeta extremamente necessárias para o bom con-
Percebe na sua presença vívio das pessoas.
O toque de Deus 14. Ouça mais. Ouça as pessoas e, somente
A vela no breu depois de muita confiança, exponha o que
A chama da diferença pensa
A vida é repleta 15. Respeitar as diferenças.

304
PROJETO DE VIDA
• Vamos autoavaliar? Abaixo tem duas caixas.
Agora é com você. Com base nas 15 dicas acima quais
você desenvolve com muita facilidade e quais você
precisa melhorar?

FACILIDADE

3. O que você valoriza numa amizade ou na relação


que estabelece com as pessoas?

DIFICULDADE

4. Qual é a sua opinião acerca das pessoas que, para


agradar a todos, não conseguem ser verdadeiras
em várias situações da vida?

Vamos finalizar a aula com as seguintes questões:

1. Respeitar as diferenças é algo essencial para que


a convivência com todas as pessoas seja a melhor
possível. Na música, Lenine diz “Se cada ser é A arte de viver é simplesmente a arte de conviver
só um. E cada um com sua crença”, como você … simplesmente, disse eu?
estudante, convive com as diferenças entre as Mas como é di�cil!
pessoas, tem dificuldade ou facilidade? Mario Quintana.

AULA 18
Lado esquerdo do peito/Atividade 01

Caros/as estudantes,

Quando falamos do lado esquerdo podemos já


2. Você já tentou encontrar alguma vez a melhor imaginar a ideia de nos percebermos como seres car-
maneira de contar a verdade? Como você acha regados de emoções. O coração simbolicamente re-
que se saiu nessa situação? presenta essas nossas emoções, nossos sentimentos.
As aulas de projeto de vida visam estabelecer
intimamente a nossa relação com nós mesmos, nos
conduzindo ao autoconhecimento. E assim, vamos

305
PROJETO DE VIDA
identificando nossos valores nossos gostos, nossas AULA 18
preferências, nossas qualidades e também nossas Do lado esquerdo/Atividade 01
fragilidades. E tudo isso é muito importante, pois
desta forma vamos construindo nossos caminhos e Para começo de conversa, vamos começar?
a nossa identidade.
É muito comum no dia a dia, dizermos que uma O que é empatia?
pessoa foi simpática conosco ou que teve muita em-
patia, como se ambas tivessem significados semelhan- 1º) Um estudante para fa-
tes. Mas será que a empatia e a simpatia são mesmo zer os registros;
parecidas? 2º) As anotações devem fi-
Ao avaliarmos nossas atitudes, podemos saber se car em um lugar visível
temos mais simpatia ou empatia pelo outro. São esses a todos;
aspectos que trabalharemos nessa aula 18, pensan- 3º) Ações cotidianas (relacionamentos no dia a
do sempre em nossas emoções, nas formas que nos dia);
relacionamos com o outro. 4º) observem as anotações;
Somos convidados a mergulhar nas nossas emo- 5º) Importantes que todos participem da atividade.
ções com um olhar generoso, solidário e amoroso pelo
próximo. Somos convidados a vivermos verdadeira-
mente uma fraternidade universal.
AULA 18
Consegue identificar se você é uma Do lado esquerdo
pessoa empática ou simpática?
Hora do vídeo.

O Poder da empatia.
AULA 18
Do lado esquerdo/Atividade 01 A empatia remete a uma conexão com o outro,
onde é possível, compreender as emoções alheias,
enxergar como o outro vê e sente. Já a simpatia se re-
fere a ter uma espécie de afeição por alguém, mesmo
Avaliar sua perspectiva em sem conhecer esta pessoa com mais afinco.
relação ao outro. Saber identificar o que o outro está sentindo e
reconhecer as emoções é um ponto importante para
identificar se você é uma pessoa empática ou sim-
pática.
Na empatia, gera-se uma conexão com a outra
Reconhecer as emoções. pessoa, que possibilita que você possa se colocar no
lugar do outro. Na simpatia, você observa do lado de
fora da situação, sem se envolver com o sentimento
ou com o que ocorre com o outro. Isto não quer dizer
Respeitar as opiniões que você não sinta absolutamente nada em relação
alheias. ao que o outro esteja sentindo, mas você tende a ter
sentimentos superficiais sobre aquilo.
É muito importante a reflexão sobre nossa ca-
pacidade de compreensão do outro. Quando somos
Avaliar sua disposição em empáticos, não significa que concordamos com a opi-
ajudar. nião da outra pessoa, mas buscamos respeitá-la e en-
tendê-la da melhor forma, sem qualquer julgamento.
Já quando somos simpáticos, temos uma tendên-
cia a nos aproximar mais do outro pelo que temos em
comum, o que pode fazer com que acabe distanciando
quem tenha posições e opiniões diferentes.
A disposição em ajudar o outro é sempre um fator
importante para identificarmos se somos empáticos
ou simpáticos. Normalmente, na empatia, temos a
habilidade de nos colocarmos na mesma perspectiva

306
PROJETO DE VIDA
da outra pessoa, de maneira que possamos sentir sua AULA 18
dor e ajudá-la a superar aquilo. Do lado esquerdo/Atividade 02
Na simpatia, enxergamos as coisas com um certo
distanciamento emocional, sem se comover demais
pelo que o outro está sentindo ou passando.
É importante que a gente consiga saber dizer ao
outro que reconhecemos suas emoções. As pessoas
empáticas fazem isso com mais naturalidade, sempre
buscando dizer palavras que transmitam carinho, cal-
ma e conforto. Já as simpáticas evitam dizer qualquer
coisa que demonstre um envolvimento maior com a
situação
Disponível em: h�ps://www.significados.com.br/dicas-
identificar-pessoa-empatica-ou-simpatica/ Acesso: 06 abril
2020.

AULA 18
Do lado esquerdo/Atividade 01

Vocês viram o vídeo: O poder da empatia

Observe as quatro qualidades necessárias para a


empatia acontecer segundo a pesquisadora Theresa
Wiseman.
1. o reconhecimento da perspectiva do outro
como uma verdade;
2. a isenção de julgamento;
3. o reconhecimento de emoções em outras pes-
soas;
4. a comunicação de emoções com as pessoas.

AULA 18
Do lado esquerdo/Atividade 03

Mão na Massa

Separe a turma em duplas ou trios (preferencial-


mente) e distribua pequenas fichas com imagens* de
situações cotidianas de conflitos. O objetivo nesse mo-
mento é que identifiquem o que está acontecendo e
se coloquem no lugar dos integrantes daquela ação.

307
PROJETO DE VIDA
É lá o nosso conforto, a nossa segurança e para onde
sempre vamos voltar, estejamos onde estivermos.
São as dificuldades que nos mostraram o verda-
deiro valor da família que temos. São eles que estão
sempre ali, com a mão estendida a me ajudar. Não há
como ser infeliz tendo tamanha ternura, compreen-
são, amor presentes em nossas vidas.
Em casa, somos todos loucos, felizes a nosso
modo, completos dentro do nosso amor e compre-
ensão. Cada um com seu jeitinho, mas todos unidos,
cheios de respeito, companheirismo e solidariedade.
E, a receita mágica para isso, é o amor incondicional, é
a amizade em cada um dos gestos e a paciência para
ensinar e aprender constantemente.

Já pensou sobre o valor da sua família?

Família é família.

AULA 19
Família é Família/Atividade 01

Concepção de família

As duplas ou trio receberão apenas uma imagem


de conflito e após 10 minutos deverão se reunir em
roda para trocar com toda a turma quais foram as
situações analisadas e em quais soluções chegaram,
promovendo uma troca rica, com diferentes perspec-
tivas entre os grupos que observaram a mesma cena.
Cada grupo escolherá, a partir de suas reflexões,
a melhor forma de apresentarem suas reflexões para
a sala.

AULA 19
Família é família

Caros/as estudantes,

Estamos iniciando mais uma aula de Projeto de


vida com um tema muito importante e que estará
sempre vinculado à nossa história de vida: Família
é família.
Não é possível jamais mensurar o valor, a impor-
tância da família nas nossas vidas. É nela que nos
Tela “A família” – Tarsila do Amaral.
apoiamos, é nela que temos nosso porto seguro. Sa-
bemos que é ela, a família, que sempre estará conosco
em todos os momentos das nossas vidas.
Família é de onde viemos, o lugar onde nos sen-
timos bem e o motivo pelo qual temos recordações
boas e aprendizados decorrentes de momentos ruins.

308
PROJETO DE VIDA
AULA 19 3º) Estudantes que apresentarem sobrenomes dife-
Família é Família /Atividade 01 rentes de todos os demais colegas. Neste caso,
junte todos estes estudantes em um só grupo.
Concepção de família 4º) Anote no quadro os sobrenomes mais comuns
nesta turma.
Roda de conversa: Sobre a obra de Tarsila do
Amaral. 5º) Conversem entre si, para descobrirem se alguns
deles sabem a origem do nome em comum.
 O que esta obra representa?
6º) Os estudantes que ficaram sozinhos por terem
 Quem são os indivíduos ilustrados? nomes únicos na turma, passe a mesma orien-
 Qual nome dariam para esta obra? tação, aquele que souber a origem do seu nome
falará em um próximo momento.
 Lembraram-se de algo particular ao observar a
imagem? O quê? 7º) Solicitar o retorno dos estudantes ao círculo ou
semicírculo.
 Quem seria você naquela imagem?
 Quais outras construções de família que conhe- 8º) Ler os nomes anotados no quadro e pedir para
cem a partir da mídia (revistas, rádio, internet, que levantem as mãos aqueles que possuem o
TV)? nome lido para que se vejam e se identifiquem.

9º) Explicar a origem dos sobrenomes, caso saibam.

AULA 19
Família é família/Atividade 03

Passado – presente - futuro

 Quando e onde nasceu?

 Como era sua família quando você nasceu e como


é agora?
AULA 19
Família é família/Atividade 02  O que mais te agrada em sua família?

História da minha origem  No futuro, caso construa sua própria família, o que
faria de igual ou diferente do que viveu até hoje?

 Solicite voluntários para apresentarem o que ou-


viram dos colegas.

Dinâmica:

1º) Formar um círculo.

2º) Andar pelo espaço interno da roda buscando co-


legas que tenham sobrenomes iguais.

309
PROJETO DE VIDA
Aula 19 Aula 20
Família é família/Atividade 03 Responsabilidade pelo Coletivo

Em duplas entregue um pequeno texto em resposta Caros/as estudantes,


à pergunta:
Estamos iniciando mais uma aula e será muito
“O que é família? oportuno verificarmos o que é de responsabilidade
pessoal e o que é de responsabilidade coletiva. Vale
lembrar que sempre estaremos vivendo em socieda-
de, começando pela família, primeiro grupo social e
estendendo-se aos demais grupos de convívio.
Desde Sócrates, uma frase ressoa forte: é melhor
sofrer o mal do que fazer o mal. Uma convicção difun-
dida de que não se resiste a todas as tentações, que
não se pode confiar em ninguém (na medida que não
resistiríamos num momento crítico) e que ser tentado
e forçado é o mesmo.
A responsabilidade coletiva se torna política, pois
a comunidade pode assumir responsabilidade dos
atos de um dos membros ou pode ser considerada
responsável pelo ato de um membro em seu nome.
Quando os padrões morais e políticos entram em con-
flito, a linha divisória entre responsabilidade política
(coletiva) ou legal (pessoal) se torna mais clara.
Uma dificuldade de discutir as questões propos-
tas se faz presente em razão dos termos que usamos
para moralidade (costumes) e a ética (maneiras), que
dizem respeito se a conduta do cidadão é boa para o
mundo, não se ele é bom.
Somos todos responsáveis uns pelos outros. A
fraternidade universal preservará a humanidade, a
sociedade e o nosso planeta. Todas as questões de-
verão ser pensadas de forma coletiva: a comunidade
em que vivemos, a nossa consciência ecológica, a so-
lidariedade e o mais importante o desenvolvimento
sustentável.
Disponível em: h�p://www.consciencia.org/
responsabilidade-pessoal-e-coletiva-em-hannah-arendt.
Acesso em: 07 abril 2020. (Adaptado).

Qual a minha responsabilidade vivendo em


sociedade?

AULA 20
Responsabilidade pelo
Coletivo/Atividade 01

Quem é Monja Coen?

Biografia de Monja Coen

Nascida em 1947, em São


Paulo, Monja Coen foi jorna-
lista profissional e, após uma
transferência a trabalho para
Los Angeles, Califórnia, ini-

310
PROJETO DE VIDA
ciou suas práticas regulares de zazen no Zen Center of cidade. Monja Coen não se incomoda com a popula-
Los Angeles, onde fez seus votos monásticos em 1983. ridade. Pelo contrário. “Tem gente que me chama de
O zazen é uma prática meditativa de observação, exibida, e acho que sou um pouco, sim”, confessa. “Sei
que busca o autoconhecimento do ser humano, onde que os veículos de comunicação são uma ferramenta
o praticante fica sentado, com o corpo bem alinhado, poderosa para que mais pessoas conheçam a doutrina
de frente para uma parede branca e, utilizando-se de Buda”. Por isso permitiu ter sua trajetória devas-
de técnicas respiratórias, aprende a observar suas sada: “Quero que as pessoas saibam que podem se
emoções. transformar e seguir para qual lado quiserem”.
Foi em 1973, nos cinco meses e vinte dias que Site oficial da Monja Coen: www.monjacoen.com.brZendo
Brasil: www.zendobrasil.org.br
passou presa em uma cela solitária no presídio de (Monja Coen)
Frövi, na Suécia, por traficar LSD, que a paulistana
Claudia Dias Batista de Souza descobriu a meditação.
Moça de classe média alta do Pacaembu, ex-aluna do
AULA 20
colégio de freiras Sione, filha de José Soares de Souza,
braço direito do ex-governador Adhemar de Barros, Responsabilidade pelo
Claudia sentia alívio ao repetir o mantraom. “Aquilo Coletivo / Atividade 01
me dava sensação de liberdade e trazia um pouco da
transcendência que eu buscava nas drogas”. Prima dos “Dinâmica do Nó Humano”
mutantes Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, ela levava
uma vida boêmia e já havia tentado o suicídio. Mas 1º) Formar um círculo de mãos dadas.
só viria a abandonar esse estilo de vida cinco anos 2º) Memorizar a pessoa que está à sua esquerda e à
depois de deixar a prisão. Em 1978, quando morava na sua direita.
Califórnia com um dos cinco maridos que teve – Paul 3º) Após o sinal (ao som de uma música) o grupo
deverá andar no círculo.
Weiss, ex- iluminador de palco do roqueiro Alice Co-
4º) Ao parar a música, permanecer no lugar e pro-
oper -, conheceu o zen, uma das vertentes japonesas
curar as pessoas que estavam à sua direita à sua
do budismo. Encantada, deixou o rapaz, mudou-se
esquerda, conectando-as pelas mãos.
para uma comunidade espiritual, raspou a cabeça e
5º) Obs. Permanecer no lugar onde parou e pegar
se converteu. Cinco anos depois ela se entregaria de
na mão da pessoa que estava à sua esquerda e
vez à vida monástica comum novo nome: Shin Guetsu
direita, sem mudar a posição.
ou monja Coen.
6º) Voltar à posição inicial.
Aos 62 anos, ela canaliza sua vitalidade para
uma agenda profissional cheia, que não exclui duas
aulas de Ioga semanais e exercícios com um grupo
de quarenta pessoas da terceira idade. Seus antigos
prazeres carnais nunca foram segredo para os cerca
de 120 devotos da Comunidade Zen Budista, templo
que funciona na casa em que vive (e na qual passou
a infância), diante do Estádio do Pacaembu. Exemplos Comentarem as dificuldades, os sentimentos
de sua vida privada também são citados naturalmente experimentados no início, no momento do nó e ao
nas palestras que faz em empresas, ao preço médio final, após desatá-lo.
de 3.000 reais cada uma.
A primeira mulher a ocupar a presidência das Sei-
tas Budistas no Brasil, no fim dos anos 90, acorda às 6 AULA 20
da manhã e dificilmente dorme antes da meia-noite. Responsabilidade pelo
Quem passeia pelo Parque da Água Branca, no terceiro Coletivo/Atividade 02
domingo de cada mês, já deve ter flagrado a senhora
careca vestida de samue, o manto dos monges, lide-
rando caminhadas meditativas. O hábito surgiu em Hora do vídeo:
2001, no Parque da Aclimação, depois que a religiosa
foi afastada do templo da Liberdade, por causa de um “A influência do individual
conflito com membros da comunidade japonesa tradi- no coletivo e vice-versa”
cional. Dona de duas cadelas, a akita Tora e Endora, da
raça dogue alemão, ela vai “cãominhadas”. Dirige seu Síntese Reflexiva
Gol cinza 2002 para participar de programas de TV e
cerimônias pela paz e inter-religiosas, normalmente Baseado nas informações da Dinâmica do “Nó Hu-
como representante de todas as linhas budistas da mano”, do vídeo “A influência do individual no coletivo

311
PROJETO DE VIDA
e vice-versa” e no conhecimento de cada um, faça
uma síntese reflexiva, em pequenos grupos, estipu-
lando tempo necessário para discutirem os seguintes
questionamentos:
 Que tipo de responsabilidade pelo coletivo é
necessária para criarmos um mundo melhor?

 De que maneira essa responsabilidade pelo


coletivo impacta no seu Projeto de Vida?

 Como vocês conciliam as metas pessoais com


as coletivas e vice-versa, para que sejam apri-
moradas à prática do seu Projeto de Vida?

AULA 20
Responsabilidade pelo
Coletivo/Atividade 02

S ÍN T E S E

Valeu galera!
Até a próxima!

AULA 21
Tudo Começa com o Respeito

Caros/as estudantes,

Estamos iniciando mais uma aula com uma refle-


xão sobre a importância do respeito. Respeitar uma
pessoa, além da demonstração de afeição, consiste
em superar preconceitos, ponderar as diferenças, os
gostos, as preferências e a forma de pensar e agir.
Vamos ouvir a música Diferenças da Banda Chi-
marruts acompanhando a letra.

A diferença, ah
A diferença
Eu me pareço muito com você
A diferença que me faz, me faz, me faz
Eu me pareço, aha, eu me pareço
Tanto faz se é preto, branco, rap log ou se é rock
demais
Eu me pareço muito com você
Temperamento varia preciso saber por que
Tanto faz se é rico ou pobre
Iluminado ou simplesmente sorte
Eu me pareço muito com você
Me importo com as no�cias que eles dizem na Tv
Eu me pareço muito com você

312
PROJETO DE VIDA
Fico alegre, fico triste Perceba que é muito fácil apresentar as características
Me pergunto porque que são comuns entre vocês!
A diferença é que me faz igual
A diferença é que me faz igual a você Atividade 02
A diferença é que me faz igual
A diferença é que me faz igual a você Chimarruts afirma “Admiro quem não discriminação
Tanto faz se é ser humano racial, social ... Aos olhos de Deus somos todos iguais
Ser humano demasiado demais ... Você que julga minha classe, minha cor, êh ... Não
Eu me pareço muito com você não percebe que temos o mesmo valor”
Me importo com as no�cias que eles dizem na TV
Eu me pareço muito com você Conviver com pessoas que pensam ou que gostam
Fico alegre, fico triste das mesmas coisas, das quais gostamos é fácil. Aceitar
Me pergunto porque pensamentos diferentes dos nossos ou ações diferen-
A diferença é que me faz igual tes das nossas, às vezes torna mais complexo essa
A diferença é que me faz igual a você convivência, mas permite um grande aprendizado. O
A diferença é que me faz igual importante é garantir o respeito e respeitar as dife-
A diferença é que me faz igual a você renças. Quais as maiores diferenças entre você e as
Faço minha história pessoas com as quais convive? Cite as 06 principais
Admiro quem não discriminação racial, social ou as que mais são divergentes:

Aos olhos de Deus somos todos iguais


Você que julga minha classe, minha cor, êh
Não não percebe que temos o mesmo valor
Que na realidade todo mundo quer ter
Respeito e igualdade pra poder viver
A diferença é que me faz igual
A diferença é que me faz igual a você
A diferença é que me faz igual
A diferença é que me faz igual a você
A diferença é que me faz, me faz, me faz
A diferença é que me faz igual a você, a você, a você
A diferença é
A diferença

Nesse link você poderá ouvir a música: h�ps://


www.youtube.com/watch?v=2-TX-0KEbGY Atividade 03
Nos meios de comunicação percebemos que em nossa
sociedade infelizmente nos deparamos com muitas
Atividade 01 situações de falta de respeito por não aceitar as dife-
renças. Como você define ou seja, como você explica
A Banda Chimarruts ressalta que a “diferença é que o que é respeito? Você sempre age com respeito com
me faz igual a você”. Convivemos com diversas pes- as pessoas em qualquer que seja a situação? Explique:
soas no dia a dia, sendo que algumas delas com uma
frequência maior que as outras. Já parou para pensar
o que você tem em comum com essas pessoas do
seu convívio familiar? Escreva no espaço abaixo seis
características comuns entre você e as pessoas com
quem reside.

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PROJETO DE VIDA
Referências PROCESSO DE
AVALIAÇÃO QUALITATIVO
[1] GARCIA, Luiz Fernando. Pessoas de Resultado: O
Perfil de Quem se Destaca Sempre. 4ª Ed. São Paulo: A disciplina Projeto de Vida está incluída como
Gente, 2003. parte obrigatória do currículo de ensino médio, sendo
a carga horária distribuída em uma hora/aula para a
[2] MACHADO, Nilson José. Projeto de vida. Entrevista 1ª, 2ª e 3ª séries. A organização pedagógica desse
concedida ao Diário na Escola-Santo André, em 2004. componente curricular tem o objetivo de estimular,
motivar e desenvolver o senso crítico e a percepção de
[3] MARCELINO, Maria Quitéria dos Santos; CATÃO, sua realidade, como de suas implicações nos aspectos
Maria de Fátima Fernandes Martins; LIMA, Claudia e contextos socioculturais, possibilitando a definição
de metas e estratégias para alcançar seus objetivos de
Maria Pereira de. Representações sociais do projeto de
vida, sendo um direcionamento, não cabe reprovação.
vida entre adolescentes no ensino médio. Psicologia: O Projeto de Vida parte de uma proposta interdi-
ciência e profissão, v. 29, n. 3, p. 544-557, 2009. mensional, aliando aspectos cognitivos e não cogni-
tivos em busca de uma educação com significado, de
[3] MORAN, José. Metodologias ativas para uma forma integral e tornando o estudante capaz de seguir
aprendizagem mais profunda. Metodologias ativas sua trajetória fazendo boas escolhas com consciência,
para uma educação inovadora: uma abordagem autonomia e responsabilidade.
teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018, 02-25. Para desenvolver essa metodologia é necessário
promover o acolhimento da diversidade constitutiva
[4] NOVOA, A. Professor se forma na escola. Nova em vocês, jovens estudantes e o desenvolvimento da
Escola. São Paulo, n. 142, p. 13-15, mai. 2001. sexta competência geral da BNCC na construção do
Projeto de Vida conectado ao Projeto de Protagonis-
[5] NOVOA, A. (Org.) Profissão professor. Portugal: mo Juvenil. Nessa perspectiva, com a orientação do
professor registra a contribuição das atividades inte-
Porto, 2. ed., 1995.
gradoras desenvolvidas em sala de aula e o que julgar
necessário para a construção de seu Projeto de Vida.
[6] WALLON, H. As origens do pensamento na criança. O processo de desenvolvimento será analisado a par-
São Paulo: Manole, 1999. tir da frequência e verificação de comportamentos obser-
váveis em relação ao investimento do quanto você está
[7] Youtu.be/fDZ5EnSxLTE. Acesso: 15 de fevereiro efetivamente se dedicando a essa construção cotidiana-
de 2020. mente, bem como ao desenvolvimento de habilidades,
como autoconhecimento, autonomia, autorregulação,
[8]Material do Educador: Aulas de Projeto de Vida. compromisso, iniciativa, planejamento, resolutividade,
1º e 2º Anos do Ensino Médio. ICE: Instituto de responsabilidade pessoal e social dentre outros.
Corresponsabilidade pela educação. A proposta de avaliação do Projeto de Vida não
tem atribuição de nota, pois trata-se de um modelo
de avaliação qualitativa, que por sua vez, refere-se ao
que não pode ser mensurável. O intuito do registro é
obter elementos complementares às observações a
respeito das motivações, comportamentos e necessi-
dades do estudante, bem como sua opinião e expec-
tativas. Nesse tipo de avaliação, os dados gerados não
são números, pois seu caráter é exploratório.
Estudantes o olhar atento do docente durante as
aulas de Projeto de Vida possibilitará o acesso a infor-
mações valiosas, que poderão alcançar o estudante de
forma individualizada, percebendo as potencialidades
(competências e habilidades), as evoluções ou regres-
sões, possibilidades de avanços, proposta de novos pla-
nejamentos e atividades, relacionamento com os cole-
gas, e muitas outras são alguns dos exemplos possíveis.
Por fim, a cada aula de Projeto de Vida você, estu-
dante, poderá realizar sua autoavaliação, percebendo
suas próprias dificuldades de forma mais concreta,
desenvolvendo seu autoconhecimento e entendendo
as relações construídas ao longo da vida, entenderá
que esses são fatores importantes para a realização
pessoal e profissional de todo ser humano.

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PROJETO DE VIDA

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PROJETO DE VIDA

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PROJETO DE VIDA

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PROJETO DE VIDA
ORIENTAÇÃO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO do que esse número/total poderá chegar a 100. Com
QUALITATIVA base nos valores dessa escala os estudantes poderão
perceber como estão evoluindo no decorrer de cada
O processo de avaliação do desempenho e da bimestre.
auto avaliação dos estudantes poderá ser realizado Acreditamos que o processo de avaliação de de-
a partir das três fichas propostas para os estudantes sempenho, a auto avaliação dos estudantes e a ava-
e uma ficha para o(a) professor(a). Cada estudante liação qualitativa dos mediadores sendo realizada de
deverá ter as três fichas de auto avaliação durante forma con�nua poderá contribuir significativamente
os 04 bimestres para que possam responder. No final no processo do autoconhecimento dos estudantes
da avaliação realizada pelos estudantes o mediador colaborando com a maturidade dos estudantes para
irá recolher as fichas e colocar num arquivo. A cada a construção do projeto de Vida.
bimestre o mediador poderá propor a ficha 1 com
outras questões e aplicar as fichas 2 e 3.

A FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCONHECIMEN-


TO/REVENDO SUA VIDA PESSOAL será utilizada por
todos os estudantes da turma para que eles possam
com base nas questões propostas se auto avaliar. Essa
ficha poderá ser usada para os quatro (04) bimestres,
com as mesmas questões ou com outras questões
que o mediador achar pertinente. Serão cinco (05)
questões para que os estudantes analisem como ele
está de acordo com os conceitos REGULAR, BOM e
ÓTIMO. Também poderão listar os pontos que preci-
sarão melhorar. Na parte que propõem a nota o estu-
dante irá se avaliar numa escala de 0 a 10, o intuito é
que cada estudante possa se auto avaliar dessa forma
será possível que cada um possa acompanhar se está
evoluindo ou não, de acordo com sua avaliação.

Na segunda FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCO-


NHECIMENTO há três questões de auto avaliação
para serem respondidas pelos estudantes utilizando
a escala de 0 a 10, sendo: SIM, SEMPRE com valor da
escala corresponde de 8 a 10; ÀS VEZES com valor
da escala corresponde de 4 a 7 e NÃO, NUNCA com
valor da escala corresponde de 0 a 3. O mediador irá
utilizar a mesma ficha no decorrer de cada bimestre,
dessa forma o estudante poderá perceber como está
seu desenvolvimento nas questões levantadas. Neste
caso é importante que os estudantes elenquem os
pontos de atenção que precisarão ficar atentos du-
rante a construção do Projeto de Vida.

Na terceira FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCO-


NHECIMENTO os estudantes irão avaliar sua assidui-
dade, disciplina, iniciativa, Responsabilidade, produ-
tividade e descrição. As seis questões também serão
respondidas com base na escala de 0 a 10 sendo: SIM,
SEMPRE com valor da escala corresponde de 8 a 10;
ÀS VEZES com valor da escala corresponde de 4 a 7
e NÃO, NUNCA com valor da escala corresponde de
0 a 3.

Ao finalizar a auto avaliação das três fichas, os


estudantes poderão somar todos os resultados, sen-

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