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Meu nome é Silvia, eu tenho 38 anos, me formei pela Puc Paraná, não lembro
exatamente o ano, eu ia fazer 22 anos quando eu me formei. Inicialmente eu trabalhei na
prefeitura municipal de Paranaguá, no órgão gestor, eu trabalhava bem na questão
administrativa, preenchendo os instrumentos, na época era da Setep, com toda a questão de
planejamento, de elaboração de projetos, trabalhei um tempo no creas também, fui
presidente do conselho da assistência social por 2 anos. Na época que estive, na prefeitura, o
creas ainda atendia de forma, melhor dizendo, apesar dele ter que atender integralmente eles
dividiam assim de manhã o atendimento era de idosos e a tarde atendia crianças e
adolescentes, então eu atendia violência de idosos e moradores de rua. Na sequencia eu
passei no concurso do tribunal de justiça, fiz o concurso para Paranaguá e me nomearam em
Curitiba, então em 2012 eu fui nomeada no tribunal de justiça, fui pra vara de família em
Curitiba, fiquei por 5 anos e pedi a re alguma coisa (não entendi essa parte) para Paranaguá,
onde eu estou a 5 anos na vara da infância e da família,
Aqui a gente não atende uma demanda espontânea, não é aquele atendimento como
do poder executivo que a população vem né buscar um atendimento, mas lógico que a gente
da as informações necessárias, mas um relatório, um atendimento formalizado só ocorre
através de uma determinação judicial. Geralmente a denuncia nós encaminhamos para o
ministério público, aí o ministério público que instaura um procedimento que é encaminhado,
ou para a vara, nesses casos de denuncia a vara da infância, na vara de família é através de
advogado, e a partir disso a juíza encaminha pra gente, aí nós fazemos o estudo.
Então nós não podemos atender, essa denuncia porque, como que nós mesmos vamos
atuar, seriamos nós que atenderíamos essa denúncia, fazemos essa denúncia para a juíza e
vamos atuar no caso, então isso teria que ser um atendimento imparcial, sempre pensando no
bem da criança e do adolescente. Nós não temos lado nesse processo.
O assistente social em qualquer local que ele trabalhe, vou falar especificamente aqui
do judiciário ele tem autonomia, fica a critério do profissional o que vai fazer. Os instrumentais
que eu costumo utilizar, primeiro é pesquisa bibliográfica, análise dos autos, escuta qualificada
das partes, entrevista individual, quando necessário fazemos também reunião com a rede
sócio assistencial, visita domiciliar e a partir disso elaboramos um relatório de estudo social, ou
um laudo social e é encaminhado para juíza. Nós trabalhamos para a juíza, por mais que o
ministério público emita seu parecer, o nosso trabalho é para a vara da infância, estamos
subordinados a vara da infância e da família.
Na questão da adoção o assistente social participa de toda a etapa. A criança para ficar
disponível para a adoção, também passa por todo um processo, ela é alvo de uma medida de
proteção, é retirada daquele núcleo familiar por algum motivo, quando é observado e definido
quando a família biológica dela não tem condições de cuidado, e o melhor para essa criança é
colocação em família substituta, então é feito um processo de destituição de poder familiar. A
partir do momento que a criança fica apta para a adoção, durante esse período ela também
tem que ser preparada para esse processo, então o assistente social em conjunto com a
equipe de acolhimento, preparam essa criança, para lidar com o luto dela pela família
biológica.
E, em relação aos pretendentes para adoção, o assistente social é quem faz essa
preparação deles, as pessoas quando tem interesse em adotar, independentemente de ser
casal ou de ser uma pessoa sozinha, qualquer que seja o arranjo familiar procura a vara, e
recebem as orientações necessárias. Relacionadas a questão da documentação, é feita uma
série de entrevistas, participam de um curso obrigatório, que no momento está ocorrendo
online, mas e a partir disso é emitido um relatório informando se esses postulantes estão
aptos ou não a adotar a criança ou o adolescente, conforme o perfil que eles desejarem.
Concluindo, é emitido uma sentença, e se for definido que eles estão aptos, é feito o cadastro
de adoção.
Quando aparece uma criança com o perfil que eles desejaram, o assistente social entra
em contato, com esses postulantes e é contada todo o histórico da criança, nada é omitido, é
verificado se eles têm interesse em conhecer a criança, então começa a aproximação. Se a
aproximação for positiva é iniciado o estágio de convivência, esse estágio de convivência pode
durar até 90 dias e isso tudo consta no estatuto da criança e do adolescente. Esse estágio de
convivência vai ser flexibilizado a partir da idade dessa criança ou adolescente em questão,
podendo ser diminuído ou prorrogado por mais 90 dias. A interrupção é possível quando não
se está atendendo os interesses da criança e do adolescente, e a adoção é irrevogável, os pais
não podem desistir, pois não estamos falando de um objeto. Se acontece, esses pais estão
completamente banidos do cadastro de adoção, se o motivo não for justificado, que há algo
que não tenha sido motivo fútil.
Geralmente a família de que a criança foi destituída, já é alvo do creas, e não fica na
responsabilidade da vara da infância de acompanhar, essa função fica a cargo dos órgãos do
executivo.
No fórum temos duas assistentes sociais e duas psicólogas, o ideal é que todos os
procedimentos fossem acompanhados de forma interdisciplinar, mas a demanda não permite
no momento, porém ambos têm a qualificação técnica para realizar qualquer um dos
procedimentos sozinhos. Todos os processos que envolvem criança e adolescente ocorrem em
segredo de justiça, onde temos a questão do sigilo.