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431/2017 e a
Escuta de Crianças e Adolescentes com Deficiência
Participantes: Convidados:
Rita de Cássia Cesarino Deusina Lopes da Cruz
Cláudia Gomes
Participação Especial: Lavínia Gomes
Edição: Cláudia Gomes
Tempo total verificado: 11:18
Olá,
Eu sou a Lavínia Gomes, tenho 11 anos, e no Podcast de hoje vamos falar
sobre a importância da proteção de crianças e adolescentes vítimas ou
testemunhas de violência. Apesar de já estar previsto no Estatuto da
Criança e do Adolescente, agora temos uma lei que cuida de maneira
especial da proteção de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas
de violência: a lei 13.431. Aprovada em 2017, ela nos protege quando
vamos contar para outra pessoa sobre a agressão que sofremos. É uma boa
ideia não ter que ficar repetindo toda vez a mesma história! Finalmente
uma lei para escutar o que crianças e adolescentes têm a dizer
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Rita Começa em: 00:52
00:44 Termina em: 01:36
Pois é Rita, a Lei 13.431 de 2017 ela veio ampliar o Sistema de Garantias
de Direitos das Crianças e dos Adolescentes no ordenamento jurídico
brasileiro, né. Nós já sabemos da importância do ECA, o Estatuto da
Criança e do Adolescente, e a Lei 13.431 de 2017 veio para ampliar ainda
mais o rol de direitos da criança e do adolescente, sobretudo no que se
refere a aqueles e aquelas que vivenciaram uma situação de violência, seja
como vítima ou como testemunha. A grande questão, então, da Lei 13.431
de 2017 é coibir os episódios de revitimização que, até então, né, eram
muito comuns.
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Rita Começa em: 02:54
00:05 Termina em: 02:59
Veja bem, eu vou exemplificar para ficar mais claro, tá. Antes da Lei 13.431
de 2017, uma criança, com seus 9/10 anos, ou até menor, que sofresse uma
violência sexual, ela repetia o relato da violência sofrida por diversas vezes
em depoimentos ou entrevistas. Às vezes essa repetição acontecia 7, 8
vezes ou até mais. A cada vez que ela repetia o relato, ela revivia o trauma,
os medos, as angústias, fazendo com que se tornasse vítima outra vez do
mesmo crime. A esse processo que damos o nome de revitimização, por
isso dizemos que ela é uma espécie de violência institucional.
Deusina, com todos esses dados que trouxemos, quais são os maiores
desafios na realização da escuta de crianças e adolescentes com deficiência
testemunha ou vítimas de violência?
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Deusina Começa em: 05:19
02:42 Termina em: 08:01
Eu começo por dizer, algumas crianças não escutam. Elas são surdas ou
são cegas ou têm autismo ou elas têm deficiência intelectual. Então a
grandeza dessa lei é a oportunidade que a gente possa ter de fazer uma
releitura sobre o que seria a compreensão de fenômenos e violências
com crianças. Como elas concebem essas violências distintas e como elas
conseguem falar sobre elas, ou não, ou como nós precisamos no nosso
trabalho criar mecanismos de verificar essa violação, essa violência que
estaria acontecendo com elas. Eu gostaria de dizer que essa discussão ela
não é diferente se você tiver falando de crianças que não têm deficiência.
Você também vai ter crianças pequenas que elas ainda não falam. Você vai
ter a questão de gênero, cultura, raça, que também vai fazer a diferença ali
no relacionamento, infeliz, né, com as situações de violência. Nós temos
questões complicadas que é a concepção de violência, e ainda suportável
como, por exemplo, educar por meio de correção, violência. Enfim, tido aí
como tolerável, absolutamente insuportável. Além disso, com relação às
crianças com deficiência, você vai ter outros elementos. Elas podem ficar
sem brincar? Elas podem ficar isoladas? Então com relação ao processo
de exclusão, estigma e preconceito, você vai encontrar sentimentos
muito perversos com o sentimento de propriedade, então, se eu cuido,
eu manipulo e abuso sexualmente. Então, é tão perversa essa condição
que nós encontramos até crianças privadas dessa liberdade e os pais
relatam que se ele seria medida de proteção, para evitar que elas saíssem,
porque elas são hiperativas, porque elas podem sair e se perder, porque
elas podem ser abusadas lá fora. Então eu acho que a lei da escuta, para
nós, da Assistência Social, ela vai dizer que a gente precisa fazer muitos,
muitas novas formas de pensar.
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Deusina Começa em: 08:10
Termina em: 10:10
02:00
Faça sempre serviços e espaços de acolhida com profissionais qualificados,
sensíveis e disponíveis para fazer várias percepções. Às vezes é o silêncio,
às vezes é a angústia, o choro, às vezes agride você, porque foi agredido,
principalmente as crianças autistas, aí elas vão fazer um movimento de
corpo, ali super complexo, ela tem hipersensibilidade: você não imagina
quando isso acontece.
A gente pode trabalhar nos casos mais gerais, e aí a gente vai ganhando
experiência para ir lidando, mas, é só na vinculação mesmo que você
consegue. Desenhando que você consegue, estando disponível que você
consegue, ouvir, consegue perceber manchas no corpo, marcas no corpo,
é que você vai conseguindo.