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1*
Universidade Federal da Bahia – UFBA, Escola Politécnica, Pós-Graduação em Engenharia Química,
Salvador-BA – gleicevp@ufba.br
2
Universidade Federal da Bahia – UFBA, Instituto de Química, Departamento de Química, Salvador-BA.
3
Universidade Federal da Bahia – UFBA, Faculdade de Farmácia, Departamento de Análises Bromatológicas,
Salvador-BA.
A goma xantana (GX) é um biopolímero, produzido por fermentação, empregando a bactéria Xanthomonas campestris.
O processamento de cerveja gera grande volume de levedura (biomassa residual) separada do processo fermentativo
com Saccharomyces cerevisiae. Este resíduo é composto de carboidratos, proteínas, vitaminas e microelementos,
podendo ser usados em meios fermentativos como nutrientes para microrganismos. O objetivo deste trabalho foi avaliar
a bioconversão de biomassa de levedura de cerveja (BLC) em GX, avaliando o rendimento de produção e características
reológicas da goma utilizando diferentes linhagens de X. campestris. Para produção da GX utilizou-se dois meios
fermentativos, o meio padrão usando sacarose ou glicose como fonte de carbono e o alternativo utilizando BLC
substrato fermentativo. A maior produção de GX foi de 15,06 g/L e viscosidade aparente de 20,05 mPa.s (0,5 % de GX,
25 s-1 à 25ºC). As GX obtidas apresentaram comportamento pseudoplástico característico do polímero com altos valores
de produção quando comparados com o meio padrão.
The xanthan gum (XG) is a biopolymer, produced by fermentation, using the bacterium Xanthomonas campestris. The
process generates large volumes of beer yeast (residual biomass) separated from the fermentation process in
Saccharomyces cerevisiae. This residue is composed of carbohydrates, proteins, vitamins and microelements, which can
be used in fermentative media as nutrients for microorganisms. The objective of this study was to evaluate the
bioconversion of biomass of yeast of beer (BLC) in XG, evaluating the efficiency of production and rheological
characteristics of the gum using different strains of X. campestris. Used for production of the GX is two half
fermentative, the standard way using sucrose or glucose as carbon source and the alternative substrate fermentation
using BLC. The increased production of GX was 15.06 g / L and apparent viscosity of 20.05 mPa.s (0.5% GX, 25 s-1 at
25°C). The XG obtained showed pseudoplastic behavior characteristic of the polymer with high production values when
compared with the standard medium.
Introdução
O Brasil produz atualmente uma grande quantidade de biomassa de levedura, como subproduto
das indústrias de cerveja e das destilarias produtoras de etanol. O setor de álcool tem uma produção
anual de aproximadamente 240 mil toneladas, enquanto que o setor cervejeiro contribui com cerca
de 4.000 toneladas/ano [5,6].
As células de levedura apresentam alto teor protéico, entre 45-65%, são ricas em vitaminas,
particularmente do complexo B, carboidratos, lipídios, minerais essenciais, tais como: Ca, P, K,
Mg, Cu, Fe, Zn, Mn e Cr, entre outros [2,3].
Experimental
Material e métodos
O teor de umidade, proteína bruta, lipídios totais, cinzas e carboidratos foram determinados
segundo metolodogia da AOAC [1].
Repicagem e inoculação
A produção de goma xantana foi realizada em meio fermentativo composto com um mínimo
de nutrientes necessários de acordo com citações [8], buscando obter um meio alternativo de baixo
custo. Portanto, utilizou-se uma fonte de Nitrogênio, uma de Fósforo e uma de Carbono, que são os
requerimentos nutricionais mínimos para a Xanthomonas produzir goma xantana. O meio
convencional foi composto de sacarose (2%) acrescido de 0,01% de Uréia e 0,1% de K2HPO4. No
meio alternativo, a sacarose (fonte de carbono) foi substituída por biomassa de levedura de cerveja
(substrato alternativo), acrescido de 0,01% de Uréia e de 0,1% de K2HPO4. Os meios foram
ajustados para pH = 7,0 e autoclavados a 121 °C por 15 minutos. Foram transferidos 16 mL do
inóculo para Erlemeyer de 250 mL contendo 80 mL do meio padrão (sacarose) ou do meio
alternativo (biomassa de levedura de cerveja). O cultivo em batelada foi realizado em incubadora
rotatória Tecnal com agitação de 250 rpm a 28°C por 120 horas.
Para a separação de goma xantana produzida, foi adicionado álcool etílico ao produto
fermentado na proporção de 3 partes de álcool para 1 parte do meio fermentativo. A goma
precipitada foi retirada com o auxílio de um bastão de vidro e transferida para placas de Petri,
previamente taradas, secada em estufa (30± 2°C) por 72 horas, moída e armazenada. O rendimento
de goma xantana por litro de meio fermentativo utilizado foi medido por gravimetria. O rendimento
da produção obtida variando-se as cepas foi calculado e os valores expressos em g.L–1 (g de goma
por litro de meio de cultivo).
Resultados e Discussão
Tabela 2 - Goma xantana obtida por fermentação com diferentes cepas de X. campestris em meio
alternativo e convencional.
50 20
A B 25°C
45°C
18
65°C
40
85°C
Viscosidade (mPa.s)
16
25ºC
Viscosidade (mPa.s)
45ºC 14
30 65ºC
85ºC 12
10
20
8
10 6
4
0
2
0 200 400 600 800 1000
0 200 400 600 800 1000
Dr (1/s)
Taxa de Cisalhamento (1/s)
70 9
25ºC
C 8
D 45ºC
60
65ºC
85ºC
Viscosidade (mPa.s)
7
50
Viscosidade (mPa.s)
25ºC
6
40 45ºC
65ºC
85ºC 5
30
4
20
3
10
2
0
0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000
Figura 1: (A) Viscosidade da goma obtida a partir de sacarose com a bactéria X. 2103. (B) Viscosidade da goma obtida a partir da biomassa de
levedura de cerveja com a bactéria X. 2103. (C) Viscosidade da goma obtida a partir de sacarose com a bactéria X. 1182. (D) Viscosidade da goma
obtida a partir de levedura de cerveja com a bactéria X. 1182 todas nas seguintes condições (25-85ºC, 25s-1-1000s-1 e 0,5% de xantana).
Vale ressaltar que a produção máxima de xantana com sacarose e cepa 1182 foi de 2,76 g/L,
e com a 2103 foi 4,21g/L, enquanto a produção da cepa 2103 com biomassa de levedura de cerveja
foi de 9,37 g/L, e da cepa 1182 foi de 15,06 g/L. As maiores produções com o substrato alternativo
pode ser justificado pelo fato do resíduo apresentar maior quantidade de alguns dos nutrientes e
principalmente de micronutrientes necessários a reprodução celular da bactérias, resultando em uma
maior bioconversão de goma xantana, ao contrário dos meios fermentativos composto com sacarose
ou glicose.
Comparando os resultados de produção de goma xantana e de viscosidade aparente pode-se
perceber que a bioconversão da levedura de cerveja com a cepa 1182 apesar de ter bioconverdido
um volume maior de goma xantana, apresentou uma menor viscosidade quando comparado a
25
20
Produção GX de Levedura
15
Viscosidade
10
0
1182 2103
Figura 2: Comparativo de viscosidade (25ºC, 25 s-1 e 0,5% GX) e produção de goma xantana com as cepas 1182 e 2103 de X. campestris utilizando o
meio alternativo de biomassa de levedura de cerveja a 2%.
Conclusões
Agradecimentos
Referências Bibliográficas