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Na terça-feira, a ex-primeira-dama Marisa Letícia  

foi internada no Hospital Sírio-Libanês,


em São Paulo, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico ocasionado
pelo rompimento de um aneurisma (dilatação anormal de um vaso sanguíneo). A mulher
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetida a uma cirurgia para estancar o
sangramento, mas ainda permanece na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital e
não se sabe se haverá sequelas.

Caraterísticas do AVC

O derrame é a obstrução (AVC isquêmico) ou ruptura (AVC hemorrágico) das artérias que
irrigam o cérebro. Entre os fatores de risco para o problema estão idade (pessoas com
mais de 50 anos correm maior risco), hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes,
tabagismo, colesterol alto e uso excessivo de bebidas alcoólicas.

Sintomas

Quanto mais rápido for o diagnóstico e início do tratamento de um derrame, menores as


probabilidades de complicações, risco de morte e desenvolvimento das sequelas. O
problema é que muitas vezes os sintomas passam despercebidos, porque as pessoas
acham que é uma simples dor de cabeça, tontura ou náusea, sem identificar esses
quadros como sinais de alerta do corpo. Outros sinais característicos de um AVC
são perda de força em metade do corpo, fala arrastada, face torta e dor de cabeça súbita e
muito intensa.
Diagnóstico

Os especialistas indicam alguns testes que podem ser feitos para ajudar a identificar o
derrame: pedir à pessoa que sorria com força (observar simetria e possíveis desvios da
face); pedir que levante os braços;  que responda com frases simples a comandos de
baixa complexidade. Caso se confirme a suspeita clínica de AVC, o paciente dever ser
imediatamente submetido a uma tomografia computadorizada (TC) ou ressonância
magnética (RM), que mostrarão se o AVC foi isquêmico ou hemorrágico. Esses
exames são fundamentais para o diagnóstico do AVC na fase aguda e determinação do
prognóstico e tratamento mais adequado.

AVC hemorrágico e aneurisma

Segundo Carlos Peixoto, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia


Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), o AVC sofrido por Marisa Letícia é menos
frequente (corresponde a cerca de 20% dos casos), mas também mais grave, “podendo
levar a risco de morte e, em caso de recuperação, grande possibilidade de gerar sequelas
graves e debilitantes”. Em cerca de 40% dos casos, o rompimento de aneurismas
cerebrais resultam em morte imediata.

O aneurisma cerebral é um problema genético e hereditário, caracterizado por uma


fraqueza da parede do vaso sanguíneo que ocasiona uma dilatação anormal. Segundo
Peixoto, no Brasil existem cerca de 2 milhões de casos por ano conhecidos de aneurisma
cerebral. “O principal sintoma de um aneurisma é uma dor de cabeça frequente e que não
cessa após a administração de analgésicos.” Mas, muitas vezes, o paciente não apresenta
nenhum sintoma e o problema não é identificado. Daí a importância de filhos cujos pais
tiveram um aneurisma detectado realizarem, a partir da puberdade, uma
angiorressonância para verificar a existência –  ou não – do problema. 
De acordo com Peixoto, só há recomendação para intervir no aneurisma de um paciente
sem queixa caso o aneurisma tenha mais de 5 milímetros de diâmetro. Se houver queixa
em pacientes com aneurismas menores, é preciso analisar a situação do paciente e fazer
um contraponto entre os riscos e benefícios do procedimento.
As opções disponíveis de tratamento seriam a cirurgia por clip ou a embolização por
micromolas. Por outro lado, se não houver necessidade de intervenção, é importante que o
paciente faça um acompanhamento anual da evolução do quadro por meio de
uma angiorressonância.
Entre os fatores de risco para o rompimento de um aneurisma estão idade, hipertensão,
tabagismo e stress. “A pressão alta também aumenta a pressão nas artérias do cérebro, o
que propicia a ruptura. Por isso não é recomendado que quem tem aneurisma viaje de
avião.”, explica Peixoto.

Se houve rompimento, as opções de tratamento são a cirurgia ou a embolização (caso da


mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva). O procedimento escolhido dependerá
da localização do aneurisma e do estado clínico do paciente. Os sintomas mais comuns de
um AVC hemorrágico são dor de cabeça, desfalecimento, mal-estar, pressão baixa e falta
de ar. As possíveis sequelas são alterações ou paralisação motora em um ou ambos os
lados do corpo, alteração da fala, dificuldade visual e coma.

AVC isquêmico
Já o AVC isquêmico, quando há obstrução de alguma artéria que nutre um território
cerebral, é mais comum e corresponde a cerca de 80% dos casos de derrame. Ele pode
ocorrer devido a um “entupimento” crônico do vaso sanguíneo ou por desprendimento de
uma placa ou fragmento (êmbolo) que pode se alojar em um local vascular mais distante.

Caso o AVC seja isquêmico, se o tempo decorrido do início dos sintomas ao diagnóstico
for de até três horas, o paciente poderá ser selecionado para a trombólise, que consiste na
desobstrução da artéria responsável pelo quadro

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