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Como é habitual, ao longo do segundo período realizaram-se as apresentações orais, para

espanto de todos, com tantos e diversos temas dois alunos acabaram por apresentar-nos as
suas interpretações acerca do mesmo poema, “Tabacaria” de Álvaro de Campos, contudo
através de métodos bastante distintos.

Umas das apresentações deste poema imenso surgiu logo no primeiro dia, consistiu num vídeo
idealizado, encenado e editado por uma aluna. Ao longo da declamação que a própria fez num
tom que considero adequado, acompanhou-se por uma guitarra aproveitando os seus dotes
musicais. Para além disso, achei bastante inteligente o facto de ir relatando uma história de
uma adolescente que não sabia o que seguir depois do secundário, pois assim, conseguiu não
só arranjar momentos de pausa que evitaram a dispersão do público devido à extensão do
trabalho, como conseguiu cativá-lo visto que grande parte da plateia se identifica com a
pequena jovem, para isso, solicitou de duas amigas que tiveram esse mesmo papel enquanto
personagens. Para além destas, o seu irmão e o seu cão também fizeram parte do elenco.
Assim concluo que aqueles doze minutos resultaram numa curta-metragem que marcou cada
um dos que estavam presentes naquela sala de aula.

Por coincidência, a outra apresentação foi a última de todas, tendo esta sido feita por um
aluno, não em vídeo, nem em teatro mas sim numa mistura entre uma e a outra coisa. Uma
autêntica performance. Inicialmente, o aluno transportou-nos para a Lisboa da época,
bastante distinta da de hoje em dia, através de um vídeo. Depois de já todos nos encontrarmos
em 1928, ele “diz” os primeiros versos, tendo na minha opinião um tom muito expressivo que
tanto o caracteriza. Algo que ambos tiveram em comum, foram os momentos de paragem,
porém, fizeram-no de forma bastante diferente e na minha opinião se a aluna anterior o fez de
forma inteligente, este acrescentou-lhe a originalidade que tanto me cativa. Desta vez, o aluno
contou com a ajuda de vários amigos que, por exemplo, encarnaram Ricardo Reis e Fernando
Pessoa e questionaram o próprio autor, Ramos, neste caso, o aluno Francisco. Desta forma,
posso dizer que gostei desta atuação em particular porque para além da interpretação conteve
também uma dimensão crítica que é essencial à vida, já dizia o mestre “Pensar incomoda como
andar à chuva” Caeiro.

Assim, embora o ponto de partida fosse o mesmo, estas apresentações divergiram muito no
seu conteúdo, forma, estilo e estrutura, contudo, ambas foram dignas de um título de
excelência. Parabéns aos autores.

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