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PROPÓSITO
Compreender a farmacoepidemiologia, métodos e práticas empregadas no âmbito do uso
racional de medicamentos e Sistemas de Informação em Saúde − tema de extrema
importância
para a sua formação e atuação profissional, por facilitar as atividades profissionais
em
diversas áreas farmacêuticas.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um dicionário de termos técnicos em
saúde.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A farmacoepidemiologia, no sentido de estudo das interações recíprocas entre medicamentos
e
populações, provavelmente, foi concebida muito antes de ser assim chamada. No entanto,
essa denominação começou em 1985, com o nascimento da Sociedade Internacional de
Farmacoepidemiologia e o desenvolvimento de abordagens metodológicas específicas e
grandes bancos de dados para suas finalidades.
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MÓDULO 1
PRIMEIRA ERA
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(VIGIPÓS)
É o monitoramento, a análise e a investigação dos eventos adversos e de queixas
técnicas
de produtos sob vigilância sanitária após sua liberação para o comércio.
Fonte: Bayer
AG/Archives of Bayer AG /Wikimedia commons/Licença CC BY-SA
Um exemplo brilhante é a aspirina, que só foi "testada" por Heinrich Dreier em duas rãs e
"clinicamente avaliada” pelo descobridor Felix Hoffmann em seu pai reumático e alguns de
seus parentes. Um desafio insuperável, mas bem-sucedido para um medicamento usado
intensivamente por milhões de pessoas logo após sua comercialização.
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SEGUNDA ERA
De fato, o comparativo
do ensaio
duplo-cego randomizado rapidamente se tornou o padrão
ouro para a avaliação científica e
regulatória de medicamentos após a Segunda Guerra
Mundial e passou a ser considerada a
fonte única da verdade. Um passo adiante nesse sentido
foi a introdução da
medicina
baseada em evidências (atualmente conhecida como saúde
baseada em evidências),
metanálises e revisões sistemáticas.
PACIENTE E/OU OBSERVADOR CEGO
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TERCEIRA ERA
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ORIGEM DA PALAVRA
FARMACOEPIDEMIOLOGIA
Na literatura, o termo farmacoepidemiologia foi utilizado pela primeira vez em 1984, na
Inglaterra, como podemos verificar nas palavras do professor David H. Lawson, um de seus
criadores:
[...] O CENTRO DE PESQUISA DE MEDICAMENTOS
REALIZOU UMA REUNIÃO DE UM DIA... ESSA
REUNIÃO LEVOU A OUTRA QUE LEVOU À FORMA UM
SEMINÁRIO RESIDENCIAL DE QUATRO DIAS EM
MINSTER LOVELL. SUA PRINCIPAL CONCLUSÃO FOI
QUE A VIGILÂNCIA DE MEDICAMENTOS REQUER
NADA MENOS DO QUE O RECONHECIMENTO E
PROMOÇÃO DE UMA NOVA DISCIPLINA:
FARMACOEPIDEMIOLOGIA.
ESSA DISCIPLINA JÁ
EXISTE EM
EMBRIÃO NA GRÃ-BRETANHA E NOS
ESTADOS UNIDOS, MAS É RARAMENTE
RECONHECIDA COMO TAL.
O NOME PARECE
EXTENSO, MAS É NECESSÁRIO PARA UMA
DEFINIÇÃO ADEQUADA DAS DUAS
DISCIPLINAS
ESSENCIAIS: FARMACOLOGIA, QUE DEFINE
OS
EFEITOS BENÉFICOS E ADVERSOS DO
MEDICAMENTO, E EPIDEMIOLOGIA, ESTUDANDO A
RESPOSTA
DA POPULAÇÃO A ESSES EFEITOS.
Para ser justo, deve-se homenagear outro pioneiro, Jan Venulet, que dez anos antes havia
usado o termo “Epidemiologia farmacêutica” em um artigo visionário. A primeira
reunião
anual e internacional especificamente dedicada a farmacoepidemiologia foi realizada
em
1985 em Minneapolis (EUA), seguida por quatro outras com
um crescente número de
participantes. Em 1989, o grupo se tornou a Sociedade Internacional de
Farmacoepidemiologia
(ISPE), com reuniões anuais agendadas, alternadamente nos EUA e na
Europa.
IMPORTÂNCIA E APLICAÇÕES
A avaliação clínica dos medicamentos antes de sua aprovação é baseada em uma metodologia
específica: desenho experimental do ensaio clínico comparativo com randomização
da
exposição. Assim, ensaios clínicos com suas três fases são realizados, como
qualquer
estudo
experimental, de acordo com uma metodologia muito rígida, seguindo critérios de
inclusão e
exclusão previamente definidos.
FASE I
Voluntários saudáveis.
FASE II
FASE III
Ensaios multicêntricos.
Os ensaios clínicos comparativos, que são a base da farmacologia clínica, continuam sendo
os
únicos que permitem a atribuição formal do fator de interesse ao medicamento
estudado.
Entretanto, estudos sobre medicamentos ainda são necessários após suas
comercializações,
exigindo estudos de farmacoepidemiologia.
DEFINIÇÃO DE FARMACOEPIDEMIOLOGIA
A FARMACOEPIDEMIOLOGIA É O ESTUDO DA
EFETIVIDADE,
DA SEGURANÇA E DA UTILIZAÇÃO DE
MEDICAMENTOS PÓS-COMERCIALIZAÇÃO NAS
POPULAÇÕES.
Monitoramento da automedicação.
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MÉTODOS EM FARMACOEPIDEMIOLOGIA
A farmacoepidemiologia aplica-se aos medicamentos e
suas
avaliações farmacológicas,
aos diferentes métodos de
epidemiologia. Sua metodologia é
observacional e geralmente
oposta ao método experimental usado nas fases I,
II ou III de
ensaios clínicos. A
farmacoepidemiologia desenvolve duas abordagens complementares:
abordagem descritiva
(não comparativa) e abordagem analítica (comparativa ou
etiológica), vejamos cada uma delas
a seguir.
EXEMPLO
CASO-CONTROLE
COORTES
METANÁLISE
Permite medir a associação entre um fármaco e um evento (desejável ou não)
indetectável
durante os ensaios clínicos. Os estudos de caso-controle incluem
primeiro os casos para a
análise. Eles permitem especialmente a detecção de eventos
raros ou de início tardio.
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CAMPOS DE APLICAÇÃO DA
FARMACOEPIDEMIOLOGIA
A farmacoepidemiologia, ao suplementar e expandir os dados de ensaios clínicos,
desenvolve
três áreas principais de interesse:
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Esses estudos mostram que a prescrição e o consumo dependem de múltiplos fatores, alguns
racionais (decorrentes de conclusões de ensaios clínicos) e outros irracionais (ligados
a
imagens simbólicas de medicamentos ou a fatores sociais, econômicos e educacionais). A
importância desses últimos fatores na prática diária está aumentando constantemente.
Esses
estudos sublinham várias inconsistências entre os dados farmacológicos
básicos, as
conclusões dos ensaios clínicos e a prescrição e o uso na realidade dos
medicamentos.
EXEMPLO
[1]
Diminuição da morbidade.
[2]
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
É importante entender que o uso de planos não experimentais (ou seja, o uso de métodos de
farmacoepidemiologia) também torna possível estudar o benefício dos medicamentos. Esses
estudos são importantes, pois avaliam o medicamento no cotidiano da sociedade, ou seja,
em
pacientes vindos de todo o mundo, tomando diversos medicamentos, muitas vezes, de
forma
descontínua e sofrendo de doenças em diferentes estágios.
EXEMPLO
Nesses exemplos, os ensaios clínicos comparativos surgiram apenas alguns anos mais tarde
para confirmar os resultados dos estudos não experimentais. O exemplo das vacinas é
ainda
mais claro, pois elas são comercializadas apenas após estudos usando critérios
intermediários
(virológicos). Esses estudos também revelam novos efeitos
favoráveis a
longo prazo e
permitem comparar os efeitos do medicamento com outras opções
terapêuticas
(medicamento ou não), não avaliados antes da
comercialização.
II
Repartição das doses durante o dia.
III
IV
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BIG DATA
Também chamados de megadados ou grandes dados, pode ser entendido como uma
área do
conhecimento relacionada com o tratamento, a análise e a obtenção de
informações a
partir de conjuntos de dados muito grandes e difíceis de serem analisados
por sistemas
convencionais.
ESCALONAMENTO TERAPÊUTICO
SAIBA MAIS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
MÓDULO 2
Listar
as estratégias de promoção do uso racional de medicamentos
ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DO USO
RACIONAL
DE MEDICAMENTOS
O manejo com medicamentos representa a maioria das intervenções terapêuticas com boa
relação custo-benefício reconhecida, sendo responsável por uma grande parcela do
orçamento
dos sistemas de saúde, variando entre 10% e 20% nos países desenvolvidos e
entre 20% e
40% nos países em desenvolvimento. Mais de 50% de todos os
medicamentos são
prescritos, dispensados ou vendidos indevidamente e 50% dos
pacientes não os
utilizam de
forma racional. O uso racional de medicamentos alcançou mais relevância
atualmente em
termos de caráter terapêutico, socioeconômico e lícito. Entretanto, a literatura
aponta
estudos com resultados bastante expressivos no que se refere ao uso inadequado e
irracional.
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Insistência do paciente.
Desperdício de recursos.
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Tipos de uso irracional, para que as estratégias possam ser direcionadas para
a mudança de
problemas específicos.
Indicadores de
Indicadores de prescrição atendimento ao
paciente
realmente dispensados
% encontra um antibiótico
prescrito
% medicamentos
% encontra uma injeção prescrita
devidamente rotulados
% medicamentos
prescritos da lista de medicamentos
%
pacientes com
essenciais ou
formulário
conhecimento das doses
corretas
Custo médio do
Disponibilidade de lista ou formulário de medicamentos
medicamento por
essenciais para
praticantes − Disponibilidade de
consulta
diretrizes clínicas
% prescrições de acordo
% principais medicamentos disponíveis
com as diretrizes clínicas
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
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DIRETRIZES CLÍNICAS
Diretrizes clínicas (diretrizes de tratamento padrão, políticas de
prescrição) consistem em
desenvolver sistematicamente orientações para
ajudar aos prescritores a tomar decisões sobre
tratamentos apropriados para
condições clínicas específicas. As diretrizes clínicas baseadas
em
evidências são fundamentais para a promoção do uso racional de
medicamentos.
Primeiramente, elas fornecem uma referência de diagnóstico
satisfatório e
tratamento, de
forma que a comparação com outros tratamentos
possa ser
feita. Em segundo lugar, elas são
comprovadas formas de promover o
uso mais
racional dos medicamentos, por serem:
Desenvolvidas de forma
participativa envolvendo usuários finais.
Fáceis de se ler.
Além das práticas já citadas, como meios para conter o uso inadequado de medicamentos,
também é possível pensar em:
Vejamos algumas organizações que possuem como objetivo principal promover a saúde e, com
isso, o uso racional de medicamentos:
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GOVERNO
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OMS
Estimula os países a
implementar uma divisão sobre o uso racional de medicamentos
dentro
do Ministério da Saúde.
Demonstra as necessidades
de recursos financeiro para ações sobre uso racional de
medicamentos.
MEDIR O IMPACTO/OBTER AS EVIDÊNCIAS
FORMAÇÃO DE ALIANÇAS
ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO
FORNECER MENSAGENS PRÁTICAS
ADVOCACIA E LOBBY:
ABORDAR A NÍVEL GLOBAL
LOBBY
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. PODEMOS CITAR COMO PRÁTICA ESSENCIAL PARA PROMOVER O
USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS:
A) Diretrizes clínicas.
A) Investigação situacional.
GABARITO
Muitos fatores sociais e do sistema de saúde, bem como profissionais, entre outros, contribuem
para estabelecer como os medicamentos são usados. Portanto, uma abordagem
multidisciplinar é necessária para desenvolver, implementar e avaliar intervenções para
promover um uso mais racional de medicamentos.
2. Qual das alternativas a seguir representa uma consequência para o uso irracional de
medicamentos?
A alternativa "E " está correta.
MÓDULO 3
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A cada ano, a base da pirâmide populacional fica mais estreita, enquanto a parte superior
se
alarga. As principais diferenças socioeconômicas e epidemiológicas regionais
impõem
um desafio às autoridades sanitárias. Devido ao crescimento da população
idosa, há um
aumento das doenças crônicas e degenerativas, como câncer, doenças cardíacas e diabetes.
As doenças circulatórias são responsáveis por quase 27% de todas as mortes. Apesar da
diminuição das doenças infecciosas, elas ainda são importantes, principalmente nas
regiões
Norte e Nordeste do país, onde podem representar até 13% das internações
hospitalares. Esse
cenário, porém, deve ser alterado com as estatísticas atualizadas por
causa da pandemia da
COVID-19.
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ATENÇÃO
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O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela constituição federal em 1988, foi
posteriormente
codificado sob duas leis federais: a Lei Orgânica de Saúde de 1990 (Lei
8.080) e a Lei 8.142 de
1990, esta última trata das questões sociais de monitoramento e
financiamento do setor de
saúde. Os municípios e os estados passaram a atuar com um
papel fundamental até mesmo
na geração e no uso dos dados necessários para o país, onde
vários subsistemas de
informação em saúde foram criados. Decisões relativas à
implementação e ao
desenvolvimento de Sistemas de Informação em Saúde também são
discutidos entre os
representantes dos entes federativos.
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Nos últimos anos, a necessidade de informações em saúde vem aumentando. O governo tem
desempenhado um papel importante, cobrando das autoridades municipais dados sobre o
atendimento e gestão do paciente, bem como perfis epidemiológicos ou informações sobre
Programas de Saúde específicos, como AIDS e Tuberculose, entre outras 40 doenças de
notificação compulsória.
A maioria dos sistemas existentes são aplicativos simples, escritos em Clipper ou, mais
recentemente, para o ambiente Windows / Linux. Ao mesmo tempo, à medida que aumenta o
número de conexões à internet e a rede chega a zonas distantes do país, a ideia de
trabalhar
com sistemas hospedados (ASP) torna-se não só viável, mas também muito
atrativo. O
entendimento de que a TI é uma ferramenta estratégica para o provedor e
administrador de
saúde está amadurecendo no país. Ciente da necessidade da construção de
uma infraestrutura
nacional que integre todos esses esforços, o DATASUS tem trabalhado
nesse sentido.
CLIPPER
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A década de 1970 marcou uma virada na história das estatísticas de saúde no Brasil. A
mudança ocorreu devido a dois eventos em particular:
II
DATASUS
O esquema a seguir ilustra o fluxo de informações em saúde, desde a unidade de saúde onde
o dado é coletado até a esfera federal, representada pelo Ministério da Saúde.
Fonte: EnsineMe.
Fluxo
de informação de saúde.
A Secretaria Estadual de Saúde agrega as informações de todo o estado por
meio de
softwares fornecidos pelo DATASUS ou desenvolvidos
localmente de
acordo com as normas
nacionais e envia pela rede as informações para o
DATASUS.
Além disso, todos podem acessar a página inicial do DATASUS para baixar gratuitamente o
software ou fazer consultas online ao banco de dados nacional.
Fonte: EnsineMe.
Modernização de
funcionalidades na avaliação das notificações.
Facilitação da tomada de
decisão e da divulgação de dados ao público externo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) VigiMed.
B) SINAN.
C) DATASUS.
D) SIH.
E) SIM.
2. ENTRE OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES COM FINALIDADES
EPIDEMIOLÓGICAS, QUAL DOS LISTADOS A SEGUIR TEM RELAÇÃO
COM OS MEDICAMENTOS?
A) SIH.
B) SINAN.
C) SINASC.
D) VigiMed.
E) SIM.
GABARITO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visitamos o histórico da epidemiologia aplicada à área dos medicamentos, bem como os
métodos aplicados na farmacoepidemiologia. Vimos, também, que a farmacoepidemiologia se
correlaciona com o uso racional de medicamentos e observamos as estratégias para o seu
alcance. Além disso, observamos os Sistemas de Informação em Saúde no Brasil e sua
importância para o sistema de vigilância epidemiológica.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BÉGAUD, B. A history of pharmacoepidemiology. Therapie, 2019, vol. 74,
n.2, p.175-179.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia os artigos científicos:
Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma prioridade?, de Daniela
Silva de
Aquino.
CONTEUDISTA
Eduardo Corsino Freire
CURRÍCULO LATTES