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Imunoterapia

Remédios estimulam defesa do organismo a detectar a doença,


mas ainda são caros.
Sobre vários aspectos 2016, não foi um ano bom para os tratamentos contra o
câncer, esteve entre o com maior registro. A FDA (agência que regula os
medicamentos nos Estados Unidos) aprovou oito novas terapias contra a doença
e 12 novos usos para outras já existentes.

Nessa avalanche de novidades, destaca-se a imunoterapia, considerada a


mais promissora em 2016 pela “Sociedade Americana de Oncologia Clínica”
(Asco, na sigla em inglês). Em resumo, trata-se de um grupo de drogas que, ao
invés de mirar o câncer, ajuda as nossas defesas a detectá-lo e agredi-lo.

Os primeiros estudos sobre o tema, curiosamente, foram feitos há mais de um


século: em 1881, cientistas usaram bactérias para impulsionar a resposta do
sistema imunológico contra tumores malignos. Mas foi só em 1980 que uma
medicação que se vale dessa lógica foi aprovada, e era bastante agressiva.

Hoje, as drogas imunoterápicas agem de diferentes maneiras, a principal


envolve os chamados inibidores de pontos de verificação imunológicos. Esses
“pontos” na verdade são moléculas especializadas que agem como freios no
sistema imune, assegurando que as células de proteção sejam utilizadas apenas
quando necessário.

O mecanismo é extremamente importante, porque tropas de defesa


descontroladas, que entram em cena sem a presença de um inimigo, podem
causar inflamações e doenças autoimunes.

O problema é que as células cancerosas conseguem enganar esses pontos de


verificação. Nesse contexto, o sistema imunológico não percebe a doença como
uma ameaça e a deixa evoluir. E é aí que entra a imunoterapia: ao bloquear esse
sistema, ela faz o próprio corpo consegue combater o tumor.

O que anima a comunidade científica é que, só no ano passado, foram


descobertos cinco novos usos para os inibidores de pontos de verificação
imunológicos. São eles: câncer de cabeça e pescoço, bexiga e pulmão e linfoma
de Hodgkin. Aliás, esse é o primeiro tratamento que surge contra nódulos
malignos originados na bexiga em três décadas.

Apesar disso, não são todas as pessoas com esses tumores que se beneficiam
dos medicamentos. Os estudos estão focados justamente em identificar quem
pode tirar mais proveito da imunoterapia, poupando os pacientes dos custos altos
e dos efeitos colaterais. Mas isso não é motivo para desanimar: a Asco liberou
um relatório com várias terapias que ganharam destaque em 2016.

ÚLTIMAS DE SAÚDE

Verificamos que a imunoterapia é uma revolução, não há dúvidas sobre isso.


Esta técnica estimula o organismo do paciente a identificar as células cancerosas
e atacá-las, por meio de drogas que modificam a resposta imunológica. Isto é, em
vez de mirar o câncer, os remédios imunoterápicos dão um “empurrão” nas
nossas defesas para que elas mesmas detectem a doença.

O que anima ainda mais a comunidade médica é a descoberta, de cinco anos


para cá, que muitos tipos de câncer podem ser tratados usando essa lógica. Além
disso, essa terapia representa esperança para pacientes que, antes dela, não
encontravam opções de tratamento — seja porque a doença está em estágio
avançado demais, seja porque já se espalhou por outros órgãos.

Apenas no ano passado, foram descobertas seis novas aplicações da


imunoterapia: para câncer de cabeça e pescoço, linfoma de Hodgkin, pulmão,
bexiga e câncer de mama triplo negativo, que era até então considerada uma
doença com alto risco de reincidir nos três primeiros anos após o diagnóstico
inicial.

Para os tumores malignos de bexiga, esse é o primeiro tratamento eficaz em


três décadas.Por causa disse, essa classe de remédios foi eleita, no início de
2017, o maior avanço do ano contra o câncer pela Sociedade Americana de
Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês).

Podemos considerar a imunoterapia como o grande progresso da oncologia


não só do último ano, mas dos últimos cinco anos. “Ela gera uma revolução na
forma como entendemos o tratamento do câncer”, ressalta Carlos Gil Ferreira,
diretor institucional do Grupo Oncologia D’Or. Mas devemos ter ciência de que, a
imunoterapia que conhecemos hoje é só o primeiro estágio de muitos outros que
estão surgindo para criação ainda mais potente de medicamentos.

Segundo Daniel Tabak, diretor médico do Centro de Tratamento Oncológico


(Centron), estudos mostram que 60% dos pacientes com linfoma de Hodgkin, por
exemplo, conseguiram resposta com tratamento imunoterápico. E se tornou de
conhecimento que um terço de todos os pacientes com câncer de pulmão
alcança a regressão da doença com imunoterapia.

Vemos que Pessoas que já passaram por transplantes e outros tratamentos


que falharam têm com essa oportunidade finalmente, uma nova chance. Isso é
extraordinário.
EFEITOS COLATERAIS GRAVES

Segundo Tabak, esta sendo estudado por que, enquanto para uns pacientes a
imunoterapia é eficaz e para outros com a mesma doença ela não provoca
qualquer resposta. O desafio atual é definir quais são os biomarcadores que
definem quais pacientes podem se beneficiar dessa terapia

Tem que se ter uma seleção criteriosa por dois motivos principais: a
possibilidade de efeitos colaterais graves e o alto custo. Diferentemente da
quimioterapia, o tratamento imunoterápico não provoca efeitos clássicos como
queda de cabelo e vômitos, mas erupções na pele e até inflamação no fígado e
doenças autoimunes, nos casos mais graves. E, conforme explica Tabak, o custo
mensal de um tratamento assim gira em torno de R$ 40 mil, um valor alto demais
para a maioria da população brasileira.

O fator econômico é uma das grandes barreiras para que essa terapia passe a
ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS). As drogas imunoterápicas
existentes hoje no Brasil estão exclusivamente na rede privada.

A lógica para o funcionamento desses remédios envolve, curiosamente, um


bloqueio de parte essencial do nosso sistema imunológico. O corpo humano tem
moléculas que agem como “freios”, assegurando que as células de defesa sejam
usadas apenas quando há inimigos para combater. Só que essas moléculas não
conseguem perceber as células de câncer e as deixam evoluir. Ao bloquear o
sistema de “freios”, o corpo é capaz de reconhecer e atacar o tumor.
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