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Resumo

O presente artigo tem por objetivo fazer uma abordagem da evolução histórica do
Direito do Trabalho, tanto em nível internacional como na esfera nacional, abordando o
início do mesmo e o seu desenvolvimento no decorrer do tempo, desde épocas remotas
nas quais os trabalhadores não tinham nenhuma garantia e segurança, chegando hoje aos
tamanhos benefícios dados ao trabalhador. Será abordado sobre às fases em que passou
por grandes mudanças em consequência de fatos históricos que influenciaram
grandemente a percepção de trabalho, como a Revolução Industrial em 1765, a
Revolução Francesa em 1789, as Grandes Guerras Mundiais e surgimento das primeiras
normas de garantia dos direitos dos trabalhadores.
Evolução histórica
O Direito do Trabalho, em seus primórdios, era visto como um instrumento de
tortura, pois, a primeira forma de trabalho foi a escravidão, em que os quais eram
considerados coisa, objeto de domínio de seu senhor. Os escravos não tinham direito,
apenas o dever de trabalhar e sem nenhum tipo de exigência que viria facilitar suas
atividades. Além disso, a palavra “trabalho” tem sua origem no vocábulo latino
Tripallium, denominação de um instrumento de tortura composto por três estacas, em
forma de pirâmides que eram cravadas no chão (MARTINS, 2011)
Para a cultura grega, no pensamento dos filósofos Platão e Aristóteles o trabalho
era entendido como algo ruim, entendia-se como trabalho a força física, porque o
homem só era considerado digno quando pudesse participar das atividades comercias na
cidade através da sua palavra.

Os escravos faziam o trabalho duro, enquanto os outros poderiam ser


livres. O trabalho não tinha o significado de realização pessoal. As
necessidades da vida tinham características servis, sendo que os
escravos é que deveriam desempenhá-las, ficando as atividades mais
nobres destinadas às outras pessoas, como a política (MARTINS,
2011, p.4)
Servos
Num segundo momento da história do trabalho, encontramos a servidão trazendo
então o feudalismo onde o servo não é mais tratado como res (coisa), ao contrário do
regime da escravatura. O direito da época lhe concedia determinados privilégios civis,
dentre eles poder se casar. Foi uma das primeiras mudanças históricas, que deu ao
trabalhador uma nova característica: passou a ser considerado indivíduo, muito embora
seus direitos fossem limitadíssimos. Essa relação está num dos primeiros degraus de
uma longa escada, que subiria lentamente, com muito sofrimentos até a libertação do
homem.
Entende MOTA (1997) que o Feudalismo foi um sistema social, político e
econômico caracterizado pela relação de dependência pessoal entre servos e senhores.
Sendo característico da Europa medieval, o sistema feudal estabeleceu uma hierarquia
de submissão entre o rei, o senhor feudal e o camponês. Este devia fidelidade ao seu
senhor, recebendo dele proteção contra invasores, e retribuindo com trabalho (corvéia) e
com o pagamento de taxas sobre o uso das instalações (moinhos, celeiros) e a terra. O
senhor feudal vivia no castelo fortificado para a guerra e centro econômico autônomo,
onde era feito o artesanato e guardados os alimentos. Além da nobreza guerreira, a
igreja também compunha o sistema feudal, exercendo cada mosteiro o senhorio sobre
um feudo, e devendo fidelidade ao rei. De acordo com VIANNA (1984) a servidão foi
um tipo muito generalizado de trabalho em que o indivíduo, sem ter a condição jurídica
do escravo, na realidade não dispunha de sua liberdade.
O feudalismo foi substituído por novo sistema econômico e social por volta do
século XVI, visto que na Inglaterra as classes superiores passaram a cercar os pastos,
preferindo explorá-los diretamente, pois, assim cercados, era muito pequeno o número
de pastores necessários, e na França a Revolução varreu os últimos vestígios da
servidão.

Corporações de oficio
Observamos num terceiro plano as corporações de ofício, em que existiam três
personagens, os mestres, os companheiros e os aprendizes. No início das corporações de
ofício só existiam dois graus dentro dessas organizações, chamados mestres e
aprendizes, só depois no século XIV surge o grau intermediário os companheiros.

Os mestres eram os proprietários de oficina, que chegavam a essa


condição depois de aprovados, segundo os regulamentos da
corporação, na confecção de uma “obra mestra”. Equivalem aos
empregados de hoje. Os companheiros eram trabalhadores livres que
ganhavam salários dos mestres. Os aprendizes eram menores que
recebiam dos mestres os ensinamentos metódicos de um ofício ou
profissão (NASCIMENTO, 2015, p. 49).

Verifica-se nessa fase histórica um pouco mais de liberdade do trabalhador,


porém visavam-se aos interesses das corporações mais do que conferir qualquer
proteção aos trabalhadores, inclusive quanto à duração do contrato de trabalho. Os
aprendizes trabalhavam a partir de 12 ou 14 anos, já se observando, em alguns países, a
prestação de serviços com idade inferior. Ficavam os aprendizes sob a responsabilidade
do mestre que, inclusive, poderia impor-lhes castigos corporais. Os pais dos aprendizes
pagavam taxas, muitas vezes elevadas, para o mestre ensinar seus filhos e se o aprendiz
superasse as dificuldades dos ensinamentos era promovido ao grau de companheiro.
O companheiro só passava a mestre se fosse aprovado em exame de obra-mestra,
prova que era muito difícil, além de ter de pagar taxas para fazer o exame.

Nesse período, havia uma espécie de contrato de trabalho entre os companheiros


e os mestres, porém inexistia garantia para a continuidade do referido pacto,
simplesmente porque não havia uma certeza de quanto tempo esse contrato duraria. O
mestre poderia terminar o acordo, sem que houvesse a necessidade de uma justificativa
ou o pagamento de uma indenização.

Na Idade Moderna, especificadamente, com a Revolução Francesa, em 1789, o


desenvolvimento do comércio e a liberdade contratual com o decreto d’ Allarde, que
considerava livres todos os cidadãos para o exercício de profissão, veio pôr fim às
corporações de ofício. A partir desse período foi reconhecido o primeiro dos direitos
econômicos e sociais, o Direito do Trabalho, segundo o qual cada cidadão tinha o
direito de ganhar a sua subsistência.
Revolução Industrial
No entanto, somente com a Revolução Industrial, no século XVII, considera-se o
marco histórico do Direito do Trabalho, o que se deve a diversas transformações, como:
o trabalho passar a ser chamado de emprego, o aparecimento da máquina a vapor, a
expansão da mão de obra assalariada, o surgimento das fábricas e da linha de produção
NASCIEMNTO, 2015, pp. 49-50).
Os trabalhadores, de maneira geral, passaram a trabalhar por salários e num
primeiro momento, o contrato de trabalho era celebrado mediante livre acordo entre as
partes. Entretanto, constatava-se que o empregador ainda era o senhor do trabalhador,
podendo terminar a relação a qualquer momento, sem qualquer responsabilidade.
Contudo, o Estado passou a intervir na relação de trabalho, uma vez que, a jornada de
trabalho era excessiva caracterizado por capitalismo selvagem, pois visava à
lucratividade empresarial, e, não à proteção da dignidade do trabalhador.

O Estado intervém na ordem econômica e social,


limitando a liberdade plena das partes da relação de
trabalho. Formas de intervenção foram o corporativismo e
o socialismo, caracterizando-se por uma presença
fortemente autoritária do Estado, que transfere a ordem
trabalhista para a esfera das relações de natureza pública
(NASCIMENTO, 2015, p. 50).

Nessas análises, os trabalhadores começaram a realizar reivindicações,


organizando-se em sindicatos, com isso o Estado passou a aceitar ainda de forma
restrita, o movimento sindicalista.
Com isto, o empregado passar a ser detentor de proteção jurídica e econômica.
Entretanto, passou-se a analisar alguns aspectos legislativos, por exemplo, a
Constituição do México de 1917, que foi a primeira constituição do Mundo a
posicionar-se sobre o direito do trabalho em seu artigo 123, disciplinando a jornada
diária de 8 horas, a jornada noturna de 7 horas, a barreira do trabalho de menores de 12
anos, bem como outros direitos.
Posteriormente, começaram a surgir as leis trabalhistas, principalmente na
Europa, isto porque, diante da falta das referidas leis, fazia-se necessário impedir os
abusos cometidos aos trabalhadores, ao proporcionarem de forma indigna um meio
ambiente laboral não apropriado às condições humanas e à exploração do trabalho dos
menores e das mulheres. Com isto, inicia-se o período de uma construção jurídica em
relação ao direito do trabalho, ou seja, a criação das leis constitucionais, códigos e leis
específicas. Em seguida, com a Constituição de 1946, a Justiça do Trabalho perde a sua
natureza administrativa, passando a ser um órgão do Poder Judiciário e restabelecendo o
direito de greve, porém com certa restrição, uma vez que não apoiou o direito do
trabalho. Para a Constituição de 1967, houve criação Fundo de Garantia de Tempo de
Serviços (FGTS) (NASCIMENTO, 2015, p.57).
Referencias
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do trabalho 2. 40. Ed. – LTr,
2015.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho, 27 ed. São Paulo: Altas, 2011
ALVES, Amauri Cesar. A eficácia dos direitos fundamentais no âmbito das relações
trabalhistas. Revista LTr. 75-10/ 1209. Vol. 75 nº 10, Outubro de 2011.

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